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A Pandemia da COVID-19 e as Perturbações do Comportamento Alimentar: uma Revisão Narrativa

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Academic year: 2021

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A Pandemia da COVID-19 e as

Perturbações do Comportamento

Alimentar: uma Revisão Narrativa

The COVI-19 Pandemic and Eating

Disorders: a Narrative Review

Mariana Isabel Lemos de Magalhães

ORIENTADO POR: Mestre Helena Trigueiro COORIENTADO POR: Prof. Doutor Pedro Graça REVISÃO TEMÁTICA

1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE CURRICULAR ESTÁGIO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO

TC

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Resumo e Palavras-Chave

As medidas de confinamento e distanciamento social impostas pela pandemia causaram um impacto brutalmente negativo na população em geral, mas especialmente em populações mais vulneráveis, nomeadamente em doentes com uma PCA. As PCA são distúrbios psiquiátricos graves de etiologia complexa, que interferem significativamente com a qualidade de vida dos doentes.

Os fatores psicológicos associados à sintomatologia de uma PCA são exacerbados por todo o contexto pandémico. Isto leva ao agravamento da sintomatologia específica da PCA, colocando estes doentes em grande risco. Estudos observaram um aumento dos níveis de ansiedade, da preocupação pela alimentação e exercício físico, e também de comportamentos alimentares restritivos, compulsivos e purgativos. Fatores que podem contribuir para o despoletar destes sintomas são: os períodos de confinamento e isolamento social, a mudança na rotina diária, as dificuldades no acesso a alimentos, as restrições no acesso a cuidados de saúde, e a alteração do modo de tratamento.

Este é ainda um problema recente, que requer mais atenção do ponto de vista clínico e de saúde pública. Dados mais aprofundados sobre a condução do tratamento destes doentes são necessários, de forma a perceber como correu a adaptação às novas condições, e criar estratégias de futuro que permitam um acompanhamento adequado. De referir também a importância de investir mais na prevenção, destigmatização, e tratamento destes doentes.

Palavras-chave: Comportamento Alimentar; Distúrbios Psicológicos; Pandemia COVID-19; Confinamento.

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Abstract and Keywords

The measures of confinement and social distancing imposed by the pandemic have had a brutally negative impact on the general population, but especially on more vulnerable populations, namely patients with an eating disorder. EDs are severe psychiatric disorders of complex etiology, which significantly interfere with patients' quality of life.

The psychological factors associated with the symptomatology of an ED are exacerbated by the whole pandemic context. This leads to the worsening of ED-specific symptomatology, putting these patients at great risk. Studies have observed increased levels of anxiety, preoccupation with food and exercise, and also restrictive, compulsive, and purgative eating behaviors. Factors that may contribute to the onset of these symptoms are: periods of confinement and social isolation, change in daily routine, difficulties in access to food, restrictions in access to health care, and change in the mode of treatment.

This is still a recent problem that requires more attention from a clinical and public health perspective. More in-depth data on the treatment of these patients is needed, in order to understand how they have adapted to the new conditions, and to create strategies for the future, that will allow for adequate follow-up. It is also important to invest more in prevention, destigmatization, and treatment of these patients.

Keywords: Eating Behavior; Psychological Distress; COVID-19 Pandemic; Confinement.

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AN - Anorexia Nervosa BN – Bulimia Nervosa

CAC - Comportamento Alimentar Compulsivo

DSM-V - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders V

ICD-10 - International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems

OMS - Organização Mundial da Saúde ON - Ortorexia Nervosa

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Sumário

Resumo e Palavras-Chave ... i

Abstract and Keywords ... ii

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos ... iii

1. Introdução ... 1

2. Objetivos ... 2

4. As Perturbações do Comportamento Alimentar ... 3

4.1. Caraterização e Comportamento ... 3

4.2. Os Principais Tipos de PCA e o seu Diagnóstico ... 4

4.3. Fatores de Risco das PCA ... 5

4.4. Etiologia das PCA ... 6

5. A Pandemia da COVID-19 e as Perturbações do Comportamento Alimentar 7 5.1. A Pandemia da COVID-19: Breve Contextualização ... 7

5.2. As PCA durante a Pandemia da COVID-19: Qual o Impacto? ... 7

5.3. Consequências da Pandemia na Sintomatologia associada às PCA ... 8

5.4. Implicações da Pandemia no Tratamento de PCA ... 11

6. Análise Crítica ... 12

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1. Introdução

Em março de 2020, o surto da COVID-19 foi declarado como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), afetando a economia, os cuidados de saúde, e o bem-estar da população(1). A elevada morbilidade e a rápida disseminação do vírus levaram à ativação de medidas de saúde pública de vários graus, que incluíram medidas de confinamento e de distanciamento social em muitos países. Estas impactaram a interação social, o trabalho e a economia mundial(2), pelo que a pandemia teve um impacto brutalmente negativo, quer no indivíduo, quer na comunidade(3). Apesar de ter afetado toda a população em geral, pessoas com um problema de saúde mental podem ser desproporcionalmente afetadas(4), nomeadamente doentes com uma perturbação do comportamento alimentar (PCA)(5).

As PCA são distúrbios psiquiátricos graves, que afetam milhões de indivíduos em todo o mundo, independentemente da raça, idade, nacionalidade ou género(6). A sua prevalência é elevada, tendo sido estimado que 1 em cada 7 homens e 1 em cada 5 mulheres terão experienciado um distúrbio alimentar até aos 40 anos(7). Este distúrbio está associado a uma menor qualidade de vida e a elevadas taxas de mortalidade(8-10). Numa revisão recente(10), van Hoeken e Hoek estimaram que, em 2017, mais de 3,3 milhões de anos de vida saudáveis, em todo o mundo, foram perdidos devido às PCA (“years lived with disability”1 (YLD)(11)). Apesar dos

1 Para estimar o YLD numa base populacional, o número de casos de incapacidade é multiplicado pela duração média da

doença e um fator de peso que reflete a gravidade da doença numa escala de 0 (saúde perfeita) para 1 (morto). A fórmula básica (sem aplicação de preferências sociais) para um evento incapacitante é: YLD = I x DW x L, onde: YLD = anos vividos com deficiência; I = número de casos de incidentes; DW = peso por invalidez; L = duração média da incapacidade (anos).

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avanços no tratamento, as taxas de mortalidade para a anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN) continuam elevadas.

Os fatores psicológicos associados à sintomatologia de uma PCA, como ansiedade, sensação de falta de controlo, e problemas com a regulação de emoções, são exacerbados pelo contexto de pandemia e confinamento(12). A literatura reporta um aumento da sintomatologia e da severidade da condição de saúde destes doentes(5). Estudos mostram um aumento dos níveis de ansiedade (13-17), com um simultâneo aumento da preocupação pela alimentação e exercício físico(14, 16, 18, 19), e de comportamentos alimentares restritivos, compulsivos e purgativos(14, 16-20). Aspetos que influenciaram o comportamento alimentar durante a pandemia incluem: o impacto emocional das restrições(5), o aumento do uso da internet e das redes sociais(5), a insegurança alimentar, o stress gerado pelas notícias diárias e pela incerteza, e a alteração do acesso a apoio profissional(3).

A literatura sobre o impacto da pandemia da COVID-19 nos doentes com PCA tem sido crescente, contudo o tema ainda requer mais atenção, não só do ponto de vista clínico, como de saúde pública(12). Estes doentes já estão em grande risco físico e psicológico devido à PCA, pelo que o risco de consequências agudas e a longo-termo é elevado(21). Por isso, é urgente perceber a dimensão do problema, de forma a poder tomar medidas de apoio e preventivas.

2. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo averiguar o impacto da pandemia da COVID-19 nas perturbações do comportamento alimentar, nomeadamente se e como afetou as pessoas com uma PCA, e em que medida poderá influenciar o seu desenvolvimento e agravamento.

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3. Metodologia

Para o desenvolvimento desta revisão temática, fez-se uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados PubMed e Science Direct, entre abril e julho de 2021. Os termos de pesquisa utilizados foram uma combinação dos seguintes:

“eating disorders”, “eating behavior”, “COVID-19 pandemic”, “quarentine”,

“health impact”. A relevância dos artigos selecionados foi, numa primeira fase, baseada nos títulos e resumos destes. Ao todo, foram referenciados 72 artigos com datas que variam entre 1998 e 2021. Adicionalmente, foram consultadas algumas fontes bibliográficas, nomeadamente o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders V (DSM-V).

4. As Perturbações do Comportamento Alimentar

4.1. Caraterização e Comportamento

As PCA são distúrbios psiquiátricos marcados por perturbações graves no comportamento alimentar(22) que prejudicam dramaticamente a saúde física e o funcionamento psicossocial(23). Estão associadas às taxas mais elevadas de mortalidade por causa específica, entre os distúrbios mentais(24, 25). Podem afetar pessoas de todas as origens étnicas, pesos corporais, género, e idades, embora apareçam mais frequentemente na adolescência e na idade adulta(22). Estão, por norma, associadas à preocupação drástica com a comida, peso ou forma corporal, e com a ansiedade de comer certos alimentos, ou das consequências desse ato.

Alguns comportamentos relacionados com uma PCA incluem: restrição alimentar, evicção de alimentos, comportamento alimentar compulsivo, e purga, seja ela através do vómito, uso indevido de laxantes, e/ou exercício. Estes

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comportamentos podem ter uma dimensão aditiva(26). O tratamento tipicamente inclui intervenção psicológica e terapêutica medicamentosa(27). Importa referir que a recuperação completa de uma PCA é possível, e no caso de não ocorrer a remissão total da doença, a qualidade de vida e a condição somática dos pacientes pode ser melhorada e estabilizada(6, 28). Um diagnóstico e intervenção precoce melhoram o prognóstico de remissão total da doença(6).

4.2. Os Principais Tipos de PCA e o seu Diagnóstico

Atualmente, há seis principais PCA reconhecidas em sistemas de diagnóstico (DSM-V e no International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems (ICD-10)). São elas a anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN), comportamento alimentar compulsivo (CAC, binge eating), comportamento alimentar restritivo evasivo (avoidant restrictive food intake disorder), pica e ruminação(23). Embora sejam feitas distinções no diagnóstico entre os distúrbios alimentares, vários sintomas são partilhados(29).

Quando os sintomas não vão exatamente ao encontro de todos os critérios de diagnóstico para AN, BN ou CAC, mas existe um distúrbio alimentar nessa esfera, estamos perante um diagnóstico que pertence à categoria de “outros distúrbios e comportamentos alimentares especificados”. Alguns exemplos desta categoria são AN atípica, BN de baixa frequência ou duração limitada, CAC de baixa frequência ou duração limitada, distúrbio purgativo (caracterizado por utilizar a purga como forma de influenciar o peso sem episódios compulsivos), e night eating syndrome (caracterizado por um consumo excessivo de comida ao final do dia, ou durante a noite). Também se reconhece o diagnóstico de “distúrbios e comportamentos alimentares não especificados”, quando existe um comportamento alimentar perturbado que leve a perturbações clínicas

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significativas, mas que não vai ao encontro de todos os critérios de diagnóstico de uma PCA em específico(26, 30). Por sua vez, o termo “comportamento alimentar perturbado” pode ser usado para descrever uma gama de comportamentos alimentares irregulares, que podem ou não ter um diagnóstico. Estas atitudes podem ser definidas como disrupções no comportamento alimentar, pensamentos, e emoções dos indivíduos que as experienciam(31, 32).

A ortorexia nervosa (ON), caracterizada por uma obsessão patológica com aquilo que o doente considera como uma alimentação saudável(33), não é oficialmente reconhecida como um distúrbio alimentar ou classificação obsessivo-compulsiva no DSM-V ou no ICD-10. Todavia, foram já publicados e propostos critérios de diagnóstico(34). Indivíduos com ON apresentam uma fixação pela qualidade dos alimentos e pela sua preparação(35), levando-os a dedicarem cada vez mais tempo e esforço na compra, planeamento, e preparação de refeições saudáveis, o que acaba por interferir com outros domínios da sua vida familiar, profissional, e social(36).

4.3. Fatores de Risco das PCA

Tanto em amostras clínicas, comunitárias, como epidemiológicas, as PCA são frequentemente associadas a outras perturbações psiquiátricas, como distúrbios de humor, ansiedade, uso de substâncias, personalidade, e controlo-impulsivos(37-40). Num estudo realizado por Udo e Grilo(40), foi encontrada uma associação significativa entre indivíduos com AN, BN e CAC, e distúrbios de humor, de personalidade, ansiedade, e consumo de substâncias aditivas, sendo que nas três PCA estudadas, o distúrbio mais prevalente foi a depressão, seguido do alcoolismo. Para além disso, a AN foi significativamente associada com algumas

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complicações somáticas, tais como fibromialgia, cancro, anemia e osteoporose, e a CAC foi significativamente associada com a diabetes, hipertensão, colesterol alto e triglicerídeos(40). As complicações médicas causadas pelas PCA envolvem quase todos os sistemas de órgãos, integrando possíveis consequências a nível do sistema cardiovascular, gastrointestinal, neurológico, endócrino e, também, problemas hidro eletrolíticos(30, 41, 42). Segundo Rome et al.(43), estas complicações podem ser vistas como consequências da fome, da purga, e de um comportamento alimentar compulsivo, derivados da PCA.

4.4. Etiologia das PCA

Os mecanismos subjacentes ao aparecimento dos distúrbios alimentares são objeto de investigação ativa(23). Culbertet al.(29) sugerem que a etiologia das PCA envolve, provavelmente, uma interação complexa entre fatores biopsicossociais, salientando que as influências genéticas e ambientais, nos distúrbios alimentares, não funcionam isoladamente. Fatores de risco confirmados para o desenvolvimento de uma PCA, incluem: influências socioculturais, como a exposição aos media e a internalização, pressão e expectativas pelo corpo magro; bem como fatores de personalidade, não específicos, tais como o perfecionismo e um estado emocional negativo. É provável que as interações entre fatores genéticos e ambientais, num período crucial de desenvolvimento, acrescentem à complexidade da modelação destas perturbações(23).

Os traços de personalidade e os processos neuro-cognitivos estão parcialmente enraizados nos genes e circuitos neurais, partilhando assim influências etiológicas com a patologia alimentar. Em maio de 2015, a Academy of Eating Disorders publicou "nove verdades sobre distúrbios alimentares" (anexo 1), e mais tarde, um artigo que explica a lógica científica por trás de cada uma

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delas(23), com a intenção de melhorar a perceção e a compreensão dos pacientes, famílias, profissionais, e público em geral sobre as PCA(6). O diagnóstico de uma PCA é difícil devido à falta de especialistas no tema, e também de consciência pública destas doenças. Por isso, é crucial educar tanto profissionais de saúde como o público em geral sobre o assunto(44).

5. A Pandemia da COVID-19 e as Perturbações do Comportamento Alimentar

5.1. A Pandemia da COVID-19: Breve Contextualização

A COVID-19 é uma infeção viral altamente transmissível, causada pelo vírus zoonótico SARS-CoV-2(45). Sintomas típicos da COVID-19 incluem febre, tosse e fadiga(46), e a transmissão do vírus ocorre essencialmente no contacto próximo com um indivíduo infetado, pela exposição a tosse, espirros, gotículas respiratórias, e aerossóis. As medidas de isolamento social implementadas por todo o mundo afetaram seriamente a atividade socioeconómica, traduzindo-se em implicações nas cadeias globais de comércio, viagens, e abastecimento(46). Para além disso, a pandemia da COVID-19 afetou todas as dimensões da segurança alimentar, uma vez que ameaça a acessibilidade dos alimentos através de efeitos sobre os custos e infraestruturas alimentares, incluindo alterações na distribuição da assistência alimentar, acesso ao trânsito público, e escassez de determinados produtos(47).

5.2. As PCA durante a Pandemia da COVID-19: Qual o Impacto?

A separação dos entes queridos, perda de liberdade, incerteza sobre a doença, quebra na rotina diária, e aborrecimento devido aos períodos de

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confinamento refletem-se em consequências dramáticas nas pessoas(48). A solidão e o isolamento social estão associados a aumento da mortalidade(49), e em surtos anteriores, foram reportado casos de suicídio(50). Vários estudos explicitam efeitos psicológicos negativos do confinamento(48). Uma vez que a sintomatologia psicopatológica está associada à sintomatologia específica das PCA(40), estes efeitos têm um grande impacto nestes doentes. Na população geral, com o decorrer da pandemia tem sido reportado o aumento dos níveis de ansiedade, depressão, stress, preocupação do próprio ou de os membros da família ficarem infetados, preocupação financeira, stress pós-traumático, e alterações no padrão nutricional e de atividade(51). Além disso, os períodos de isolamento podem levar ao aparecimento de sentimentos de confusão, isolamento emocional, insegurança e estigma(1, 3), sendo de referir que indivíduos com uma perturbação na saúde mental pré-existente são mais vulneráveis a experienciar estes efeitos(5). Isto pode traduzir-se numa variedade de reações emocionais e comportamentos não saudáveis, como distúrbios psiquiátricos e comportamentos alimentares mal adaptativos(3).

5.3. Consequências da Pandemia na Sintomatologia associada às PCA

Monteleone et al.(17) compararam a sintomatologia psicopatológica e

específica numa população clinicamente diagnosticada com uma PCA antes, durante, e após o confinamento. Observaram o agravamento dos sintomas psicopatológicos, como ansiedade, depressão, comportamentos obsessivo-compulsivos, pânico e insónia, durante e após o confinamento. Observaram também que a sintomatologia específica das PCA diminuiu após o confinamento, mas permaneceu mais elevada comparativamente à fase pré-confinamento. Isto parece indicar uma recuperação lenta deste período mais stressante e/ou uma

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maior vulnerabilidade dos doentes com PCA no recomeço das atividades sociais(52, 53). Nisticò et al.(13), num estudo realizado em Itália, obtiveram resultados semelhantes. Comparativamente ao grupo controlo, pacientes com PCA revelaram maiores níveis de stress, ansiedade, e depressão, que permaneceram elevados na fase de desconfinamento. Também reportaram um aumento da sintomatologia das PCA, que por sua vez melhorou após o confinamento.

Castellini et al.(14) observaram um aumento de comportamentos de

atividade física compensatória em pacientes com BN e AN. Nos pacientes com BN, a fase confinamento interferiu com o tratamento da doença, e consequente melhoria da sintomatologia. Isto traduziu-se num aumento dos episódios de compulsão alimentar durante e após este período, sendo que conflitos familiares e medo pela segurança dos entes queridos foram preditivos do aumento dos sintomas. Por outro lado, pacientes com AN mostraram uma melhoria da sintomatologia associada, e um ganho de peso progressivo. Este resultado pode ser explicado pela eficácia do tratamento e acompanhamento que se encontravam a receber.

Termorshuizen et al.(19) observaram também um agravamento da

sintomatologia específica das PCA desde o início da pandemia, numa população de pacientes americanos e holandeses com uma PCA auto reportada. A maioria dos participantes reportou um aumento dos níveis de ansiedade desde o final de 2019, e mais de um terço revelou um agravamento da restrição alimentar e de comportamentos compensatórios. Indivíduos com AN reportaram um aumento da restrição e do medo de não encontrar os alimentos que constam na sua rotina alimentar. Já indivíduos com BN e CAC reportaram um aumento de impulsões

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alimentares e da necessidade de o fazer. A falta de rotina diária e de apoio social, estar num ambiente possivelmente desencadeador, e não ter acesso a alimentos específicos, foram reportados como fatores de preocupação para agravamento da PCA, por mais de metade dos participantes. No estudo de Scharmer et al.(54), os resultados indicaram que maiores níveis de ansiedade pelo COVID-19, e de intolerância da incerteza causada por este, estavam associados a maior gravidade da PCA, mas não com exercício compulsivo. No estudo COLLATE, Phillipou et al.(16) encontraram um aumento de comportamentos de restrição e compulsão alimentar, purga, bem como de exercício físico, no grupo de indivíduos com PCA. Na população em geral, também se observou um aumento de comportamentos de restrição e compulsão alimentar, mas uma diminuição do exercício físico.

Numa unidade hospitalar portuguesa especializada, Machado et al.(55) encontraram uma correlação entre um maior impacto do confinamento sentido, com a sintomatologia das PCA e sintomas psicopatológicos associados, impulsividade, dificuldades na regulação de emoções, e distúrbios clínicos. A maioria dos pacientes reportou um impacto moderado a severo nas suas rotinas diárias, sendo que os que sentiram um impacto maior, experienciaram também maior stress psicológico. Num outro estudo, a deterioração dos sintomas foi associada a uma baixa auto-eficácia na gestão do seu dia-a-dia(56). Em Clark et al.(18), verificou-se que a repentina desestruturação da rotina diária levou muitos pacientes com AN a sentirem-se inquietos e sem um propósito. Vários reportaram falta de motivação no tratamento devido ao período de incerteza resultante da pandemia.

Em crianças e adolescentes com PCA, o impacto da pandemia também se fez sentir, apontando para uma exacerbação da sintomatologia(57-63). Um estudo de

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coorte conduzido por Spettigue et al.(61) comparou dois grupos de adolescentes com PCA, de momentos diferentes: um pré pandemia COVID-19 (abril-outubro de 2019) e outro durante (abril-outubro de 2020). Observaram que no grupo que experienciou a pandemia, cerca de 40% reportou uma exacerbação da PCA, sendo que nestes a probabilidade de estarem clinicamente comprometidos era maior. Adicionalmente, no período pandémico, a probabilidade de instabilidade médica e necessidade de hospitalização foi significativamente maior. Num estudo qualitativo realizado por Zeiler et al.(63), em adolescentes com AN, observaram dois tipos de resposta. Adolescentes e pais tanto reportaram um agravamento de comportamentos alimentares (restrição e compulsão), e da psicopatologia (ansiedade e depressão), como melhorias na condição (alimentação mais regular e flexível, melhor humor e menos stress).

5.4. Implicações da Pandemia no Tratamento de PCA

Estudos reportam dificuldades no acesso aos cuidados de saúde(18, 55), e a suspensão de tratamentos contribuiu para o aumento da ansiedade e de sentimentos de abandono(2, 12, 18). Em Machado et al.(55), cerca de metade dos pacientes revelou dificuldades no acesso a cuidados de saúde, principalmente no âmbito da saúde mental. Clark et al.(18) verificaram uma disparidade evidente no acesso aos cuidados de saúde por pacientes com AN. Estes relataram que o reduzido acesso foi um fator desafiador durante o confinamento. No entanto, o aumento do apoio à distância por parte dos serviços de PCA permitiu a continuação dos recursos, e de estratégias de autogestão e tratamento da doença. Ainda assim, enquanto alguns pacientes se mostraram satisfeitos com o tratamento à distância, também houve relatos de comunicação inconsistente, que levou à sensação de

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abandono pelos serviços. Em Termorshuizen et al.(19), pacientes em serviço de telemedicina reportaram uma diminuição da qualidade do tratamento.

Estudos que avaliaram a transição do tratamento tradicional para o virtual em crianças e adolescentes com PCA, também verificaram respostas díspares(1, 60, 63-68). Shaw et al.(60) identificaram como experiências positivas a continuidade da qualidade do serviço, uma melhoria ao seu acesso, e o aumento do conforto dos pacientes. Experiências negativas, como o aumento do isolamento devido à falta de contacto físico, dificuldades na relação paciente-médico devido à distância e mau acesso à internet, e maior pressão por parte dos pais, foram também relatados pelos pacientes. Ainda assim, a satisfação pelo serviço prestado manteve-se, apesar da preferência pelo tratamento em modo presencial. Stewart

et al.(68) apontam na mesma direção, no entanto, jovens que fizeram a transição

para o tratamento virtual, pontuaram este como menos eficaz, comparativamente ao tradicional. Num estudo de caso controlo sobre a eficácia do tratamento em telemedicina, em 4 adolescentes com AN, um tratamento multidisciplinar à distância mostrou melhorias na condição de três dos quatro adolescentes, que estavam integrados num ceio familiar organizado(1).

6. Análise Crítica

Por um lado, a pandemia da COVID-19 e as medidas de confinamento estão associadas ao desenvolvimento/agravamento de distúrbios psicológicos, que por sua vez são sintomas associados à sintomatologia de uma PCA. Por outro lado, verifica-se um agravamento desta, como o aumento da restrição alimentar, alimentação compulsiva, e comportamentos compensatórios, tais como purga e exercício físico. Estes sintomas podem ser gerados por todo o contexto de

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confinamento, mudança na rotina, dificuldades no acesso a alimentos, restrições no acesso aos cuidados de saúde, e alteração do modo de tratamento.

A mudança na rotina diária e o aumento do tempo passado em casa, num ambiente potencialmente desencadeador, pode se mostrar mais desafiador para estes doentes(55). Têm sido sugeridas possíveis causas para o agravamento dos sintomas. A falta de atividade durante o dia pode ser suscetível ao aumento da preocupação obsessiva por comida, imagem corporal e peso(69), e ser também propício a passar mais tempo nas redes sociais(70), reforçando a fixação e desejo pela imagem corporal ideal, bem como aumentar a exposição à publicidade de alimentos(15, 71). O aumento da exposição a conteúdo sobre exercício físico e receitas, que surgiu em grande quantidade em resposta aos períodos de confinamento, poderá contribuir para agravar a sintomatologia das PCA(12). Há também uma maior oportunidade para visitar websites que promovam/encorajem comportamentos alimentares perturbados(69).

Além disso, a ansiedade é também gerada devido ao acesso limitado a “comida segura”(18). Muitos dos doentes com PCA têm um comportamento inflexível face à alimentação, permitindo-se a comer apenas alguns tipos de alimentos e de marcas específicas. Numa fase em que a sua disponibilidade é mais escassa, a possibilidade de escolha será menor, aumentando o risco de perda de peso nestes doentes(72). Por outro lado, poderá levar a um grande armazenamento de comida em casa por receio da sua escassez(21, 72), e levar a consequentes comportamentos alimentares compulsivos e compensatórios(21).

No que toca ao tratamento destes doentes, alguns estudos já relatam e avaliam o uso de telemedicina(18, 19), principalmente em crianças e adolescentes(1, 60, 63-68).

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Observam-se opiniões distintas relativamente à sua eficácia, entre os pacientes. No entanto, um contacto regular com estes parece ajudar no seguimento do tratamento e melhoria dos sintomas(1, 18, 60, 68). O acompanhamento médico destes doentes é muito importante, dado a instabilidade da sua saúde física e mental. Numa fase inicial do tratamento, e em fases de risco agudo, o contacto presencial com o paciente é essencial. Shaw et al.(60) sugere que uma combinação entre tratamento presencial e à distância poderá ser mais eficaz nos jovens. O apoio aos médicos é essencial para manter a qualidade do serviço(60), e a inclusão das famílias/cuidadores no tratamento deve ser uma prioridade(1, 60).

Relativamente ao acesso a apoio social e familiar, no estudo de

Termorshuizen et al.(19), os pacientes reportaram um aumento deste, o que os

motivou e ajudou a lidar com a PCA. Semelhantemente, em Machado et al.(55), a maioria dos pacientes não reportou dificuldade no acesso ao apoio social e familiar. Clark et al.(18) reportaram o aumento da proatividade na recuperação da PCA, motivados pela pandemia e confinamento. Esta motivação resultou da consciência da gravidade da COVID-19 e da PCA, que levou os pacientes a querer melhorar a sua saúde física. Mostraram-se também motivados a arranjar estratégias para lidar com a doença, como hobbies e trabalho de voluntariado.

Durante a elaboração desta revisão, verificaram-se algumas limitações. Primeiro, em alguns estudos o diagnóstico da PCA era auto reportado e informação específica não foi recolhida. Segundo, muitos participantes dos estudos foram recrutados online, o que pode limitar a confiança em alguns dados. Terceiro, houve alguma discrepância entre o momento dos estudos relativamente ao desenvolvimento da pandemia, o que interfere na comparação de resultados. Por último, alguns estudos beneficiariam de incluir grupos de controlo, e outros de

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considerar PCA menos estudadas, como a pica e a ruminação. Por outro lado, a análise de estudos com variadas populações, e que avaliaram a associação dos sintomas com o contexto pandémico, foram pontos fortes desta revisão. Também integrou alguns estudos com pacientes já diagnosticados, e que procuraram compreender as implicações no tratamento dos doentes. Além disso, foram incluídos estudos com grupos de controlo saudáveis para comparação. Perceber como correu a adaptação dos serviços de saúde e dos doentes durante este período, bem como a sua eficácia, é essencial para criar estratégias de futuro que permitam um acompanhamento adequado.

7. Conclusão

A pandemia da COVID-19 teve um impacto significativo em indivíduos com PCA. Todo o contexto psico-socio-alimentar influência esta população mais vulnerável, contribuindo para o despoletar das PCA, ou exacerbação da sua sintomatologia específica. As medidas de restrição/isolamento social têm um impacto psicológico forte nestes doentes, sendo grandes preditores do desenvolvimento e agravamento das PCA. Apesar de a literatura sobre o tema não ser rara, este é ainda um problema recente e que necessita de mais investigação. Dados mais aprofundados sobre a condução do tratamento destes doentes são necessários. Adicionalmente, são necessários mais estudos em populações específicas, como crianças, adolescentes, idosos e atletas. As PCA são perturbações de etiologia complexa, que podem afetar qualquer pessoa. É vital que haja mais investimento na prevenção, destigmatização, e tratamento destes doentes.

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Anexo 1 - Nine Truths About Eating Disorders (Academy for Eating Disorders, 2015)

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Referências

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