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Curso de Psicologia. Trabalho de Conclusão de Curso. Saúde e Risco de Adoecimento no Trabalho: ensino infantil ao ensino médio

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Universidade Católica de Brasília Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Psicologia Trabalho de Conclusão de Curso

Saúde e Risco de Adoecimento no Trabalho:

Uma pesquisa com professores de uma escola particular do ensino infantil ao ensino médio

Autor: Juliana Rafaela Plaza da Silva Orientador: MsC. Celso Aleixo de Barros

Brasília – DF 2013

Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Psicologia

Trabalho de Conclusão de Curso

Saúde e Risco de Adoecimento no Trabalho:

Uma pesquisa com professores de uma escola particular do

ensino infantil ao ensino médio

Autora: Juliana Rafaela Plaza da Silva

Orientador: MsC. Celso Aleixo de Barros

Brasília – DF

2013

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RESUMO

O objeto de estudo da Psicodinâmica do Trabalho é caracterizado pelo estudo das relações dinâmicas entre organização do trabalho e processos de subjetivação, que se manifestam nas vivências de prazer-sofrimento, nas estratégias de ação para mediar contradições da organização do trabalho, nas patologias sociais, na saúde e no adoecimento (MENDES, 2007). Assim, através da Psicodinâmica do Trabalho é possível investigar prazer e sofrimento como indicadores de saúde psíquica. Para esse estudo foi utilizado o Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), que é composto por quatro escalas interdependentes para avaliar quatro dimensões da inter-relação trabalho e riscos de adoecimento. Esse Inventário foi construído e validado por Ferreira e Mendes (2003), e tem como objetivo traçar um perfil dos antecedentes e efeitos do trabalho no processo de adoecimento (MENDES; FERREIRA, 2007). O estudo teve como público alvo 30 professores que trabalham em uma escola particular situada em Brasília, a fim de investigar o trabalho e os riscos de adoecimento por ele provocado em termos de representação do contexto de trabalho, exigências, vivências e danos.Os resultados apontaram tanto para vivências de prazer quanto para vivências de sofrimento no trabalho. O prazer se manifesta na realização profissional e na liberdade de expressão. O sofrimento surge pelas fortes cobranças por resultados e pelo alto custo cognitivo que esses professores vivenciam e, consequentemente, pelo estresse.

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I – Introdução teórica

1.1 – O significado do Trabalho

O trabalho está na base de toda sociedade, estabelecendo as formas de relação entre os indivíduos, entre as classes sociais, em que cria relações de poder e propriedade, determinando o ritmo do cotidiano (ALBORNOZ, 1986).

A palavra trabalho carrega muitos significados na linguagem cotidiana. O seu conteúdo oscila apesar de parecer compreensível que é uma das formas elementares de ação dos homens. De acordo com Albornoz (1986), a palavra trabalho às vezes traz significados carregados de emoção, que lembram dor, tortura, suor do rosto, fadiga. Mas pode trazer também outras significações, em que o trabalho é mais que aflição e fardo, pois designa a operação humana de transformação da matéria natural em objeto de cultura. É a ação do homem para garantir sua sobrevivência e sua realização, em que cria instrumentos e um novo universo, cujas vinculações com a natureza se tornam opacas.

Por meio da evolução histórica do termo “trabalho”, é possível verificar que sua origem vem do latim “tripalium” e está relacionado a castigo, pois designava um instrumento de suplício aplicado aos escravos que se recusassem a trabalhar. Esse termo após ser modificado ainda em latim para “tripalliare” significava torturar os escravos para que trabalhassem. (SOUZA, 2002)

Albornoz (1986) aponta que deste conteúdo semântico de sofrer passou-se ao de esforçar-se, laborar e obrar. O primeiro sentido teria perdurado até inícios do século XV.

O trabalho adquiriu significados diversos e assumiu formas de organização e materialidade peculiares no decorrer do processo civilizatório, variando em cada contexto histórico. Vários autores de diversos campos de conhecimento já mostraram como o trabalho ocupa um lugar central na vida das pessoas. Ao definir trabalho, Marx (1972, p. 153 apud SOUZA, 2002) pressupõe uma atividade exclusivamente humana, em que o processo de trabalho é a atividade orientada a um fim para produzir valores-de-uso, apropriação natural para satisfazer necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre o homem e a natureza, condição natural eterna da vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes, igualmente, comum a todas suas formas sociais.

Dejours (1998, p. 32-43 apud SOUZA, 2002, p.8) define trabalho de outra forma: “é a atividade coordenada desenvolvida por homens e mulheres para enfrentar

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aquilo que, em uma tarefa utilitária, não pode ser obtido pela execução estrita da organização prescrita”. É possível perceber com essa definição que a prescrição, ou seja, a tarefa ou modos operatórios prescritos, não pode ser integralmente respeitada, pois quando o indivíduo se esforça para alcançar os objetivos da tarefa é em função do real do trabalho. Essa definição aborda o conceito de trabalho real que consiste “naquilo que em uma tarefa não pode ser obtido pela execução rigorosa do prescrito”, e também o conceito sobre dimensão humana do trabalho que “é aquilo que deve ser ajustado, rearranjado, imaginado, inventado, acrescentado pelos homens e pelas mulheres para levar em conta o real do trabalho”. (SOUZA, 2002, p.8).

Zanelli (1996) mostra que o trabalho ocupa um inegável espaço na existência humana, pois ele coloca-se entre as atividades mais importantes e constitui-se na principal fonte de significados na constituição da vida de todos. O trabalho é o principal regulador da organização da vida humana do ponto de vista social, pois os horários, as atividades, os relacionamentos pessoais são determinados conforme as exigências do trabalho, o que dificulta às pessoas preocuparem-se consigo mesmas.

No dicionário filosófico é possível encontrar que o homem trabalha quando põe em atividade suas forças espirituais ou corporais para alcançar ou realizar um objetivo final. Assim, mesmo que não se produza nada imediatamente visível como o esforço do estudo, o trabalho de ordem intelectual corresponde àquela definição tanto quanto o trabalho corporal (ALBORNOZ, 1986). Seguindo essa linha de pensamento, Albornoz (1986) aponta que todo trabalho supõe tendência para um fim e esforço. Para alguns trabalhos, este esforço será preponderantemente físico; para outros, preponderantemente intelectual. Porém, esta classificação que divide trabalho intelectual e trabalho corporal parece interesseira, pois a maioria dos esforços intelectuais se faz acompanhar de esforço corporal.

Portanto, ao longo da história foram construídos vários significados para o trabalho e há várias situações no cotidiano que mostram que o trabalho é objeto de múltipla e ambígua atribuição de significados e/ou sentidos. No nosso cotidiano ouvimos frases como “primeiro trabalho, depois o prazer”. Essa frase, ao mesmo tempo em que exalta a importância do trabalho, tomando-o como uma prioridade de vida, supõe-no oposto ao prazer, como se estivesse apenas fora do trabalho (ZANELLI, 2004).

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1.2 – Saúde Mental e Trabalho

A atividade profissional desempenha um papel importante para nossas vidas. Para Souza (2002), o trabalho não é só um modo de ganhar a própria vida, é um status social ao qual se associam às vezes, uma roupa específica, um vocabulário particular. As pessoas passam a maior parte do tempo trabalhando ou em função do trabalho, e muitas vezes o tempo para o lazer pode ser determinado pelo próprio trabalho, o que faz com que ele represente parte da vida de uma pessoa.

Alguns autores vão tratar da relação que o trabalho tem com a saúde mental do trabalhador:

O trabalho na sociedade capitalista contemporânea tem assumido diversos sentidos para os trabalhadores, ora oferecendo condições emancipadoras, ora escravizantes. Nesse contexto, muitas vezes, o psíquico é envolvido no jogo e na trama da dominação social, associada às leis da racionalidade econômica, refletidas nos princípios da produtividade, da flexibilidade e do consumo, levando os trabalhadores a não ter saídas, prevalecendo a sujeição no lugar da resistência e da emancipação. [...] Dessa condição também faz parte a busca pelo prazer e pelo reconhecimento, uma vez que esses fatores se articulam com a estruturação psíquica e social dos sujeitos (MENDES, 2011, p.13).

“O trabalho é essa atividade tão específica do homem que funciona como fonte de construção, realização, satisfação, riqueza, bens materiais e serviços úteis à sociedade humana. Entretanto, o trabalho também pode significar escravidão, exploração, sofrimento, doença e morte”. Essa é a visão sobre a inter-relação saúde mental e trabalho de Seligmann-Silva (1994, p. 218 apud SOUZA, 2002, p.10).

A procura por melhores desempenhos produtivos leva o ser humano a ser vítima de seu trabalho. Sendo assim, o trabalho se torna e é definitivamente gerador de sofrimento. De acordo com a Psicodinâmica do trabalho, Dejours (1993), evidenciou que as pressões do trabalho, que abalam o equilíbrio psíquico e a saúde mental, são consequências da organização e das condições do trabalho. Assim, podem surgir estratégias defensivas, que visam aliviar o sofrimento e permitir a sobrevivência no trabalho.

A Psicodinâmica do Trabalho descreve o sofrimento como estando no centro da relação psíquica entre o homem e trabalho, onde os trabalhadores investem esforços impressionantes para lutar contra este sofrimento. As defesas individuais são utilizadas para lutar contra a doença mental e aliviar o sofrimento, e, como consequências, podem trazer consigo o surgimento de doenças do corpo. (SOUZA, 2002).

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Assim, de acordo com Souza (2002), apesar de toda a conotação de penosidade e sofrimento que o próprio conceito de trabalho traz, o mesmo é fundamental para a existência humana, e para determinar nossa relação com este mundo social e para toda a construção da nossa identidade e subjetividade.

1.3 – O trabalho docente e a Saúde Mental

É sempre um desafio e uma necessidade estudar as relações entre o processo de trabalho docente, as reais condições sob as quais ele se desenvolve e o possível adoecimento físico e mental dos professores. Isso é importante para entender o processo saúde-doença do trabalhador docente e se buscar as possíveis associações com o afastamento do trabalho por motivo de saúde.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, os professores são os responsáveis pelo preparo do cidadão para a vida e por isso definiu as condições de trabalho para eles ao reconhecer o lugar central que estes ocupam na sociedade. Essas condições buscam basicamente atingir a meta de um ensino eficaz (OIT, 1984).

Para Gasparini et al. (2005), as transformações sociais, as reformas educacionais e os modelos pedagógicos derivados das condições de trabalho dos professores provocaram mudanças na profissão docente. Assim, na atualidade, o papel do professor extrapolou a mediação do processo de conhecimento do aluno. O professor, além de ensinar, deve participar da gestão e do planejamento escolares, o que significa uma dedicação mais ampla, a qual se estende às famílias e à comunidade.

Os professores são compelidos a buscar por seus próprios meios, formas de requalificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado da jornada de trabalho. Isso porque a administração escolar não fornece os meios pedagógicos necessários à realização das tarefas, cada vez mais complexas (GASPARINI; BARRETO & ASSUNÇÃO, 2005).

No Brasil, a literatura científica sobre as condições de trabalho e saúde dos professores é ainda restrita. Entretanto, a partir da década de 90, observou-se um aumento no número de estudos conduzidos neste grupo ocupacional. Esses estudos exploram especialmente os efeitos do trabalho sobre a saúde mental, como estresse e a Síndrome de Burnout (CODO, 2000).

O trabalho docente é compreendido como uma atividade repetitiva, fragmentada em tarefas e submetida a intensos ritmos de trabalho. As análises sobre as condições de trabalho são fortemente marcadas pela autopercepção dos professores, sendo

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praticamente inexistentes os estudos empíricos sobre as reais condições de trabalho em escolas.

O mal-estar docente é um fenômeno social do mundo ocidental, que possui como agentes desencadeadores a desvalorização, constantes exigências profissionais; a violência; a indisciplina, entre outros fatores que acabam por promover uma crise de identidade em que o professor passa a se questionar sobre a sua escolha profissional e o próprio sentido da profissão (ESTEVE, 1999 apud SOUZA e LEITE, 2011).

Assim, de acordo com Esteve (1999), a expressão mal-estar docente descreve os efeitos permanentes de caráter negativo que afetam a personalidade do professor, resultado das condições em que exerce a docência. Desse modo, os docentes passam a manifestar sentimentos negativos intensos como angústia, alienação, ansiedade e desmotivação.

II – Objetivos 2.1 – Objetivo Geral

Investigar a situação de trabalho e os riscos de adoecimento num grupo de professores de uma escola particular e como o trabalho está envolvido na saúde mental desses professores.

2.2 – Objetivos Específicos

 Avaliar o Contexto de Trabalho;

 Identificar o Custo Humano no Trabalho;

 Identificar os Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho;

 Avaliar os Danos Relacionados ao Trabalho. III – Método

3.1 – Participantes

Participaram dessa pesquisa 30 sujeitos, sendo 19 do sexo feminino e 11 do sexo masculino com média de idade de 29 anos e, aproximadamente 2 anos de tempo no serviço. Os participantes são professores de uma escola particular situada no Centro Oeste brasileiro.

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3.2 – Instrumentos

Para a realização dessa pesquisa foi utilizado o Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), que é composto por 4 (quatro) escalas interdependentes para avaliar quatro dimensões da inter-relação trabalho e riscos de adoecimento, traduzidas em quatro escalas. Esse instrumento mensura distintas e interdependentes modalidades de representações dos respondentes, relativas ao mundo do trabalho (MENDES; FERREIRA, 2007).

A primeira escala é a Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT) e é composta por três fatores, sendo estes: Organização do Trabalho, que é composto por 11 (onze) itens que investigam o modo como as tarefas são dividas e realizadas, bem como as normas, controle e ritmo de trabalho; Condições de Trabalho, que é composto por 10 (dez) itens que abordam a qualidade do ambiente físico, o posto de trabalho, bem como os equipamentos e os materiais disponíveis para que o trabalho seja executado; Relações Socioprofissionais, que é composto por 10 (dez) itens que abordam a gestão do trabalho, a interação e a comunicação entre os profissionais. Essa primeira escala é composta por uma escala likert de 5 pontos, variando de “nunca” a “sempre”.

A segunda escala é a Escala de Avaliação do Custo Humano no trabalho (EACHT) e é constituída por três fatores, sendo estes: Custo Físico, que é composto por 10 (dez) itens que avaliam o dispêndio fisiológico e biomecânico que é exigido do trabalhador pelo contexto de trabalho; Custo Cognitivo, que é composto por 10 (dez) itens que investigam o empenho intelectual para a aprendizagem, a resolução de problemas e tomada de decisões no trabalho; Custo Afetivo, que é composto por 12 (doze) itens que abordam o empenho emocional que se refletem nas reações afetivas, sentimentos e estados de humor do profissional. Essa escala é composta por uma escala likert de 5 pontos, variando de “nunca” a “totalmente exigido”.

A terceira escala é a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST) e é composta por quatro fatores, sendo que dois avaliam prazer e dois avaliam sofrimento. Os fatores indicadores de prazer são: Realização Profissional, que contém 9 (nove) itens que versam sobre a vivência da gratificação profissional, orgulho e identificação com o trabalho; Liberdade de Expressão, que é composto por 8 (oito) itens que abordam a liberdade de pensamento, organização e expressão sobre o seu trabalho. Em contra partida os fatores indicadores de sofrimento são: Esgotamento Profissional, que contém 7 (sete) itens, que investigam a vivência de frustração, insegurança, inutilidade, desgaste e estresse no trabalho; Falta de Reconhecimento, que é composto

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por 8 (oito) itens, que abordam a vivência da injustiça, indignação e desvalorização relacionadas ao não reconhecimento do trabalho. Essa escala é composta por uma escala likert de 7 pontos, variando de “nenhuma vez” a “seis ou mais vezes”.

A quarta escala é a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) e é composta por três fatores, sendo estes: Danos Físicos, que contém 12 (doze) itens, que abordam dores no corpo e distúrbios biológicos; Danos Psicológicos, que é composto por 10 (dez) itens, que investigam os sentimentos negativos a si mesmo e a vida; Danos Socias, que contém 7 (sete) itens, que tem como tema o isolamento e as dificuldades relacionais (familiares e sociais). Essa última escala é composta por uma escala likert de 7 pontos, variando de “nenhuma vez” a “seis vezes”.

Para complementar, foi realizada uma entrevista semi-estruturada para obter algumas informações relevantes sobre os participantes, em que constaram as seguintes variáveis: idade, gênero, escolaridade, estado civil, tempo de serviço na instituição e o tempo que está no cargo de atuação.

3.3 – Procedimentos 3.3.1 – Coleta de dados

A coleta de dados se deu por meio de um contato prévio com a direção da escola, em que foram explicados os objetivos da pesquisa. Depois de selecionar os participantes, a pesquisa foi explicada e o termo de consentimento foi apresentado a eles, em que foi garantido o sigilo e o direito de desistência. Após esses contatos iniciais, a aplicação do ITRA foi realizada na própria escola, em que os professores responderam ao Inventário no horário de suas coordenações.

3.3.2 – Análise dos dados

Os dados obtidos com a aplicação do ITRA foram submetidos à análise estatística. Para isto, foi utilizado o software SPSS (Statistical Package for Social Science) versão 16.0. As médias dos fatores foram verificadas por meio de análises descritivas das variáveis.

De acordo com Mendes e Ferreira (2007) considera-se como resultado para o contexto de trabalho (EACT) e para custo humano (EACHT) os valores abaixo:

Acima de 3,7 = avaliação mais negativa, grave. Entre 2,3 e 3,69 = avaliação mais moderada, crítico. Abaixo de 2,29 = avaliação mais positiva, satisfatório.

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Já os resultados dos fatores da EISPT são avaliados separadamente. Assim, consideram-se como resultado para a vivência de prazer e de sofrimento os valores abaixo. Porém, para prazer, quanto mais altos, mais positivos os valores. Já, para o sofrimento, quanto menores os valores mais positivos são os resultados.

Acima de 4,0 = avaliação mais positiva, satisfatória. Entre 3,9 e 2,1 = avaliação moderada, crítico. Abaixo de 2,0 = avaliação para raramente, grave.

Já para os fatores da última escala, os resultados devem ser classificados em quatro níveis:

Acima de 4,1 = avaliação mais negativa, presença de doenças ocupacionais; Entre 3,1 e 4,0 = avaliação moderada para frequente, grave;

Entre 2,0 e 3,0 = avaliação moderado, crítico; Abaixo de 1,9 = avaliação mais positiva, suportável.

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IV – Resultado e Discussão

Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT)

Essa escala expressa a vivência dos trabalhadores quanto à organização do trabalho, das condições físicas, químicas e/ou biológicas para a realização do trabalho, bem como a qualidade das relações socioprofissionais.

Organização do Trabalho

Itens Médias

O ritmo do trabalho é excessivo 3,33

As tarefas são cumpridas sob pressão de prazos 3,60

Existe forte cobrança por resultados 3,83

As normas para execução das tarefas são rígidas 3,53

Existe fiscalização do desempenho 3,82

O número de pessoas é insuficiente para realizar as tarefas 1,93 Os resultados esperados estão fora da realidade 2,07 Existe divisão entre quem planeja e quem executa 2,40

As tarefas são repetitivas 2,89

Falta tempo para realizar pausas de descanso no trabalho 2,71 As tarefas executadas sofrem descontinuidade 1,63

Média Total 2,88

Esse fator é constituído pelos elementos prescritos (formal ou informalmente) que expressam as representações sobre a divisão do trabalho, as normas, o tempo e o controle exigidos para o desempenho das tarefas.

Os resultados obtidos no primeiro fator da primeira escala mostram dois itens que podem ser avaliados como graves, sendo estes: “Existe forte cobrança por resultados” e “Existe fiscalização do desempenho”. Podem ser indícios de que existe uma rigidez na organização do trabalho. Os itens “o ritmo de trabalho é excessivo” e “as tarefas são cumpridas sob pressão de tempo” tiveram uma média crítica, ou seja, demonstram que, se articulados aos itens críticos, contribuem para aumentar as adversidades da organização do trabalho. Como se trata de uma amostra de profissionais que são pagos para produzir algo que a instituição passou como responsabilidades deles, a rigidez da organização se mostra bem clara na cobrança por resultados. É um contrato de caráter consumista, onde a contratada tem o dever de fazer o trabalho (MENDES, 2007). Assim, de acordo com Ferreira e Mendes (2007) quando o resultado é grave há forte risco de adoecimento, requerendo providencias imediatas nas causas, visando eliminá-las e/ou atenuá-eliminá-las.

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Foram evidenciados também dois itens considerados como satisfatórios, sendo estes: “As tarefas executadas sofrem descontinuidade” e “O número de pessoas é insuficiente para se realizar as tarefas”, ou seja, há pessoas suficientes para realizar as tarefas e essas tarefas não sofrem descontinuidade. Quando um resultado é satisfatório significa um resultado positivo e produtor de prazer no trabalho, aspecto a ser mantido e consolidado no ambiente organizacional (FERREIRA; MENDES, 2007).

Relações Socioprofissionais

Itens Médias

As tarefas não estão claramente definidas 2,03

A autonomia é inexistente 1,87

A distribuição das tarefas é injusta 1,30

Os funcionários são excluídos das decisões 2,00 Existem dificuldades na comunicação entre chefia e

subordinados

1,53 Existem disputas profissionais no local de trabalho 1,93

Falta integração no ambiente de trabalho 1,57

A comunicação entre funcionários é insatisfatória 1,83 Falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento

profissional

1,60 As informações que preciso para executar minhas tarefas são

de difícil acesso

1,83

Média Total 1,74

O segundo fator da primeira escala é constituído pelos elementos interacionais que expressam as representações sobre a comunicação e a sociabilidade no trabalho, interação profissional com colegas, chefias e usuários/consumidores de serviços e produtos.

Já nesse fator não há nenhum resultado considerado como grave e crítico. Todos os itens podem ser avaliados como satisfatórios. Os dois itens que obtiveram as médias mais baixas, e assim considerados os mais satisfatórios, foram: “A distribuição de tarefas não é injusta” e “Não existem dificuldades na comunicação entre chefia e subordinados”. Podemos avaliar que esse fator obteve uma média satisfatória e segundo Dejours (2004 apud MENDES, 2007), a saúde mental não depende apenas de suas defesas individuais, mas, principalmente, da solidariedade, das estratégias coletivas de defesa. Para Ferreira e Mendes (2003) as estratégias operatórias e de mobilização coletiva mantém os trabalhadores mais próximos da saúde.

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Condições do Trabalho

Itens Médias

As condições de trabalho são precárias 1,53

O ambiente físico é desconfortável 1,20

Existe muito barulho no ambiente de trabalho 2,70 O mobiliário existente no local de trabalho é inadequado 1,60 Os instrumentos de trabalho são insuficientes para realizar as

tarefas

2,00 O posto/estação de trabalho é inadequado para realização das

tarefas

1,34 Os equipamentos necessários para realização das tarefas são

precários

1,73 O espaço físico para realizar o trabalho é inadequado 1,40 As condições de trabalho oferecem riscos à segurança das pessoas 1,20

O material de consumo é insuficiente 1,57

Média Total 1,62

O fator condições do trabalho é constituído pelos elementos estruturais presentes no lócus de produção e expressam as representações sobre o ambiente físico, equipamentos, material e apoio institucional voltados para o desempenho e desenvolvimento profissional.

Assim, no terceiro fator da primeira escala um item foi avaliado como crítico, sendo este: “Existe muito barulho no ambiente de trabalho”. Crítico é um resultado mediano. Indicador de “situação-limite”, potencializando o custo negativo e o sofrimento no trabalho. Sinaliza estado de alerta, requerendo providências imediatas a curto e médio prazo (FERREIRA; MENDES, 2007).

Os dois resultados nesse fator que se destacaram sendo considerados como satisfatórios foram: “O ambiente físico não é desconfortável” e “As condições do trabalho não oferecem riscos à segurança das pessoas”. Isso mostra uma forma de valorização do profissional, como se ele tivesse um valor para a organização. Esse sentimento de valia faz das condições de trabalho um elemento estruturante do trabalho. Portanto, esses baixos índices encontrados nas condições de trabalho podem estar sendo o lado prazeroso, o que impede que as defesas fracassem e levem estes trabalhadores ao adoecimento.

Escala de Avaliação do Custo Humano no Trabalho (EACHT)

A segunda escala expressa o que deve ser dispendido pelos trabalhadores (individual e coletivamente) nas esferas física, cognitiva e afetiva em face as

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contradições existentes no contexto de produção que obstaculizam e desafiam a inteligência dos trabalhadores.

Custo Afetivo

Itens Médias

Ter controle das emoções 4,07

Ter que lidar com ordens contraditórias 2,50

Ter custo emocional 2,50

Ser obrigado a lidar com a agressividade dos outros 3,23

Disfarçar os sentimentos 3,57

Ser obrigado a elogiar as pessoas 1,83

Ser obrigado a ter bom humor 2,43

Ser obrigado a cuidar da aparência física 2,60

Ser bonzinho com os outros 2,10

Transgredir valores éticos 1,93

Ser submetido a constrangimentos 1,32

Ser obrigado a sorrir 1,30

Média Total 2,44

Os itens desse fator expressam o custo afetivo imposto aos trabalhadores pelas características do contexto de produção em termos de dispêndio emocional sob a forma de reações afetivas, de sentimentos e de estado de humor.

No primeiro fator da segunda escala um item foi considerado como grave: “Ter controle das emoções”. Dois itens foram avaliados como críticos, sendo estes: “Disfarçar os sentimentos” e “Ser obrigado a lidar com a agressividade do outro”. Essas médias podem ser avaliadas dessa forma, porque ser professor, essencialmente, apresenta carga efetiva alta, pois é uma profissão que exige um relacionamento favorável com os alunos para que o processo pedagógico aconteça (CODO et al., 1999 apud FREITAS, 2006).

Custo Cognitivo

Itens Médias

Desenvolver macetes 2,97

Ter que resolver problemas 3,93

Ser obrigado a lidar com imprevistos 4,03

Fazer previsão de acontecimentos 3,47

Usar a visão de forma contínua 3,67

Usar a memória 4,13

Ter desafios intelectuais 4,07

Fazer esforço mental 4,20

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Usar a criatividade 4,47

Média Total 3,93

O segundo fator expressa o custo cognitivo imposto aos trabalhadores pelas características do contexto de produção em termos de dispêndio mental sob a forma de aprendizagem necessária, de resolução de problemas e de tomada de decisão.

Esse fator merece um pouco mais de atenção, pois é o fator que mostra mais resultados graves e também não possui nenhum resultado satisfatório. No total, são sete itens que apresentam uma média considerada grave, e por isso a média total do fator é também avaliada como grave, negativa. Os três itens que aparecem com maior destaque são: “Usar a criatividade”, “Ter concentração mental” e “Fazer esforço mental”.

O trabalho dos professores apresenta um custo cognitivo, tendo em vista que é um trabalho cansativo e que há desgaste. Os professores vivenciam desgaste pelo volume de trabalho que levam pra casa, assim como pela excessiva pressão dos pais e da direção dos estabelecimentos de ensino pela aprendizagem dos alunos. (FREITAS, 2006)

Custo Físico

Itens Médias

Usar a força física 1,80

Usar os braços de forma contínua 2,66

Ficar em posição curvada 2,33

Caminhar 3,33

Ser obrigado a ficar em pé 3,97

Ter que manusear objetos pesados 1,50

Fazer esforço físico 1,60

Usar as pernas de forma contínua 3,70

Usar as mãos de forma repetida 3,80

Subir e descer escadas 3,00

Média Total 2,76

Os itens desse fator expressam o custo corporal imposto aos trabalhadores pelas características do contexto de produção em termos de dispêndios fisiológico e biomecânico, principalmente, sob a forma de posturas, gestos, deslocamentos e emprego de força física.

Assim, o terceiro fator da segunda escala mostra três itens que são analisados como negativos, são eles: “Ser obrigado a ficar em pé”, “Usar as mãos de forma repetidas” e “Usar as pernas de forma contínua”. Para Dejours (p. 53, 1992), “a insatisfação resultante de uma inadaptação do conteúdo ergonômico do trabalho ao

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homem está na origem não só de numerosos sofrimentos somáticos de determinismo físico e direto, mas também de outras doenças do corpo mediatizadas por algo que atinge o aparelho mental”.

Em contrapartida, os dois itens que mais se destacam com média positiva são: “Não ter que manusear objetos pesados” e “Não fazer esforço físico”.

Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST)

Essa escala se divide em duas vivências. A primeira são as vivências de prazer. O prazer é uma vivência individual e/ou compartilhada por um grupo de trabalhadores de experiências de gratificação provenientes da satisfação dos desejos e de necessidades do trabalhador quando da mediação bem-sucedida dos conflitos e as contradições gerados em determinado Contexto de Produção de Bens e Serviços.

A segunda se refere às vivências de sofrimento. O sofrimento é uma vivência, muitas vezes inconsciente, individual e/ou compartilhadas por um grupo de trabalhadores de experiências dolorosas como angústia, medo e insegurança provenientes de conflitos e contradições originados do confronto entre desejo e necessidades do trabalhador e as características de determinado Contexto de Produção de Bens e Serviços.

Liberdade de Expressão (Prazer)

Itens Médias

Liberdade com a chefia para negociar o que precisa 4,43 Liberdade para falar sobre o meu trabalho com os colegas 4,83

Solidariedade entre os colegas 5,43

Confiança entre os colegas 4,27

Liberdade para expressar minhas opiniões no local de trabalho

4,37

Liberdade para usar a minha criatividade 5,37

Liberdade para falar sobre o meu trabalho com as chefias 5,07

Cooperação entre os colegas 4,90

Média Total 4,83

Esse fator é constituído por itens que falam de sentimentos de estar livre para pensar, organizar e falar sobre o seu trabalho.

O primeiro fator da terceira escala mostra que todos os resultados são considerados como positivos e satisfatórios. Os que mais se destacam são: “Solidariedade entre os colegas”, “Liberdade para usar a minha criatividade” e

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“Liberdade para falar sobre o meu trabalho com as chefias”. Isso mostra que os professores tem a liberdade necessária para realizar o seu trabalho, o que indica que eles têm vivências de prazer no ambiente do atual trabalho.

Observa-se nesse fator uma forte expressão das vivências de prazer e pode-se inferir que tais vivências são decorrentes de uma organização do trabalho contraditória, que se apresenta rígida em relação à cobrança de resultados, mas que tem elementos de flexibilidade, os quais se manifestam pela liberdade dos professores realizarem algumas tarefas e funções (DEJOURS; ABDOUCHELI e JAYET, 1994).

Realização Profissional (Prazer)

Itens Médias

Satisfação 4,53

Motivação 4,50

Orgulho pelo que faço 5,60

Bem-estar 5,07

Realização profissional 4,77

Valorização 3,70

Reconhecimento 3,67

Identificação com as minhas tarefas 5,33

Gratificação pessoal com as minhas atividades 4,53

Média Total 4,63

O segundo fator da terceira escala é constituído por itens que falam de sentimentos de valorização, realização e orgulho pelo trabalho que faz.

Assim, nesse fator aparecem dois itens que são avaliados como críticos, sendo estes: “Valorização” e “Reconhecimento”, o que mostra que precisa de uma atenção maior da instituição em relação a esses valores dos profissionais.

Todos os outros itens foram analisados como satisfatórios de acordo com as médias que foram obtidas. Porém, vale ressaltar que os trabalhadores, para enfrentar as pressões e exigências do trabalho e não adoecerem constroem estratégias de mediação que se caracterizam em estratégias de defesa, que se manifestam por meio de mecanismos de negação ou de racionalização, levando à eufemização da percepção da realidade que faz sofrer (FERREIRA; MENDES, 2003).

Esgotamento Profissional (Sofrimento)

Itens Médias

Esgotamento emocional 3,80

(18)

Insatisfação 1,90 Sobrecarga 2,07 Frustração 1,45 Insegurança 1,90 Medo 1,63 Média Total 2,41

O primeiro fator relacionado às vivências de sofrimento fala de sentimentos de desvalorização, indignação, injustiça e frustração diante das situações vivenciadas no trabalho.

Esse fator mostra que o item relacionado ao estresse é avaliado como negativo e grave. E também é importante ter uma atenção maior ao item “Esgotamento emocional”, pois apresentou uma média considerada como crítica. O estresse nesse caso pode estar relacionado a todos os itens que ate aqui se mostraram como graves e críticos, pois é um conjunto de fatores que pode levar o sujeito a se sentir estressado. Para Mendes (1999), o sofrimento funciona como um alerta ao indivíduo trabalhador de que algo não está bem.

Falta de Reconhecimento (Sofrimento)

Itens Médias

Falta de reconhecimento do meu esforço 1,43

Falta de reconhecimento do meu desempenho 1,07

Desvalorização 1,20 Indignação 1,23 Inutilidade 0,80 Desqualificação 0,47 Injustiça 0,67 Discriminação 0,37 Média Total 0,90

Esse fator é constituído por itens que falam de sentimentos de inutilidade, ansiedade e medo por não atender as expectativas de desempenho e produtividade.

Todos os itens desse fator foram avaliados como satisfatórios, pois apresentaram médias abaixo de 2,0. Os dois itens que mais se destacaram em não ter muita frequência foram: “Discriminação” e “Desqualificação”.

Assim, de acordo com Freitas (2006) pode-se afirmar que os elementos do contexto de trabalho, como as relações socioprofissionais, as condições de trabalho e o paradoxo da organização do trabalho permitem uma vivência moderada de

(19)

prazer-sofrimento. O contexto de trabalho estudado favorece a expressão da subjetividade, ao permitir que o sofrimento, mesmo permeando-o, seja neutralizado por meio da utilização de estratégias de mediação e, assim, prevalecer o prazer.

Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT)

A última escala expressa as disfunções físicas, psicológicas e sociais essencialmente provocadas pelo confronto com determinados contextos de trabalho.

Nessa escala, é importante destacar que a análise deve ser realizada de modo diferente das demais. Os itens propostos retratam situações muito graves relacionadas à saúde: a sua aparição num nível moderado já significa adoecimento (FERREIRA; MENDES, 2007).

Danos Físicos

Itens Médias

Dores no corpo 3,73

Dores nos braços 2,70

Dor de cabeça 3,70

Distúrbios respiratórios 0,97

Distúrbios digestivos 1,87

Dores nas costas 3,20

Distúrbios auditivos 1,27

Alterações do apetite 2,33

Distúrbios na visão 0,93

Alterações do sono 3,60

Dores nas pernas 3,80

Distúrbios circulatórios 1,38

Média Total 2,45

O primeiro fator é constituído por itens que apontam dores no corpo e distúrbios biológicos, causadas pelo confronto com determinado contexto de trabalho.

Esse fator apresenta cinco itens que foram considerados como graves: “Dores nas pernas”, “Dores no corpo”, “Dor de cabeça”, “Alterações no sono” e “Dores nas costas”. O que de acordo com Ferreira e Mendes (2207) já é considerado como adoecimento. Para Dejours (1992), quanto mais rígida for a organização do trabalho, menos ela facilitará estruturações favoráveis à economia psicossomática individual. Ou seja, quando a organização do trabalho bloqueia os esforços do trabalhador para adequar o modo operatório às necessidades de sua estrutura mental, ela é causa de uma fragilização somática.

(20)

Dois itens merecem destaque por apresentarem médias com uma avaliação mais positiva, sendo estes: “Distúrbios na visão” e “Distúrbios respiratórios”, o que faz com que esse fator não apresente uma média muito crítica.

Danos Sociais

Itens Médias

Insensibilidade em relação aos colegas 0,83

Dificuldades nas relações fora do trabalho 1,40

Vontade de ficar sozinho 1,93

Conflitos nas relações familiares 1,37

Agressividade com os outros 0,93

Dificuldade com os amigos 0,47

Impaciência com as pessoas em geral 1,43

Média Total 1,19

Esse fator é constituído por itens que falam da percepção negativa de si mesmo, alterações de humor e dificuldades nas relações familiares e sociais, decorrentes do confronto com determinado contexto de trabalho.

O segundo fator da última escala apresenta todos os resultados como satisfatórios. Os que mais se destacaram com menos frequência foram: “Dificuldade com os amigos” e “Insensibilidade em relação aos colegas”. Isso mostra que as estratégias de mediação estão exercendo bem o seu papel, mas é importante ter uma atenção maior ao custo cognitivo desses professores para não correr o risco de provocar uma falha nas estratégias de defesa e levar ao adoecimento (MENDES, 2007).

Danos Psicológicos Itens Médias Amargura 0,70 Sensação de vazio 1,00 Sentimento de desamparo 1,07 Mau-humor 2,10

Vontade de desistir de tudo 1,43

Tristeza 1,29

Irritação com tudo 1,30

Sensação de abandono 0,73

Dúvida sobre capacidade de fazer as tarefas 0,97

Solidão 0,87

(21)

O último fator da última escala apresenta um item que foi analisado como crítico, sendo este: “Mau-humor”. Os demais foram avaliados como satisfatórios, em que “Armagura” e “Sensação de abandono” tiveram as menores médias. De forma geral, esse fator mostra que para suportar as pressões e o sofrimento psíquico no trabalho, as pessoas constroem estratégias defensivas. Essas estratégias defensivas transformam o funcionamento psíquico da pessoa, alterando suas formas de existência. A banalização e a negação do sofrimento manifestam-se nas estratégias coletivas de defesa, mobilizadas diante do medo e da ameaça da própria integridade física e psíquica, num contexto de relações sociais de dominação (DEJOURS, 1999).

(22)

V – Considerações Finais

Essa pesquisa teve como objetivo investigar a situação de trabalho e os riscos de adoecimento num grupo de professores de uma escola particular. Os resultados apontam tanto para vivências de prazer quanto para vivências de sofrimento no trabalho. O prazer se manifesta na realização profissional e na liberdade de expressão. O sofrimento surge pelas fortes cobranças por resultados e pelo alto custo cognitivo que esses professores vivenciam.

Nota-se que o contexto de trabalho é satisfatório nesse ambiente institucional, pois as condições de trabalho e as relações socioprofissionais aparecem como positivas nos resultados.

É importante ter uma atenção maior ao custo cognitivo que está sendo demandado desses professores porque os resultados em relação a esse fator foram bastante agravantes.

Identifica-se a presença de estratégias defensivas construídas pelos professores quando eles mostram ter racionalização e compensação. A racionalização aparece quando os resultados mostram que os professores tem uma média baixa no fator relacionado aos danos psicológicos. E a compensação se manifesta pela relação satisfatória com os colegas e a chefia.

Assim, com base nos resultados, pode-se afirmar que o contexto de trabalho estudado apresenta indicadores de saúde e de adoecimento. Os indicadores de saúde surgem dos elementos relacionados às relações socioprofissionais e a liberdade que os professores têm de falar sobre o seu trabalho tanto com os colegas quanto com a chefia. Os indicadores de adoecimento aparecem pelo alto custo cognitivo e pela forte cobrança de resultados.

Portanto, a partir dessa pesquisa é possível perceber que é de suma importância a continuidade desse tipo de trabalho com os professores tanto de escolas particulares quanto de escolas públicas. Os riscos de adoecimento são visíveis nesse público e a continuação de pesquisas como essa podem dar uma atenção maior para esse fato. Seria interessante que outras pesquisas realizadas em escolas públicas e particulares fossem colocadas em prática para avaliar e investigar a saúde e o risco de adoecimento de outros professores da mesma cidade.

(23)

VI – Referências Bibliográficas

ALBORNOZ, S. O que é trabalho. São Paulo: Brasiliense, 2002. – (Coleção primeiros passos; 171)

CODO, W; VASQUES, I. Trabalho docente e sofrimento: burnout em professores. In: AZEVEDO, J.; GENTILI, P.; KRUG, A.; SIMOSN, C.; organizadores. Utopia e democracia na educação cidadã. Porto Alegre: Editora Universidade, 2000.

DEJOURS, C.; DESSORS, D.; DESRIAUX, F. Por um trabalho, fator de equilíbrio. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.33, n.3, p.98-104, mai./jun. 1993.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho. 5ª edição ampliada, São Paulo: Cortez-Oboré, 1992.

DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E.; JAYET, C. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação de prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.

DEJOURS, C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.

ESTEVE, J.M. O mal-estar docente: a sala de aula e a saúde dos professores. Bauru: EDUSC, 1999.

FERREIRA, M. C.; MENDES, A. M. Inventário sobre trabalho e riscos de adoecimento – ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: MENDES, A. M. (Org.). Psicodinâmica do trabalho: Teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.

FREITAS, L. G. Processo de saúde-adoecimento no trabalho dos professores em ambiente virtual. Tese de doutorado. Universidade de Brasília, 2006.

(24)

GASPARINI, S. M.; BARRETO, S. M.; ASSUNÇÃO, A. A. O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.31, n.2, mai./aug., 2005.

MENDES, A. M. Valores e vivências de prazer e sofrimento no contexto organizacional. Tese de doutorada. Universidade de Brasília, 1999.

MENDES, A. M. Trabalho & saúde – O sujeito entre emancipação e servidão. Curitiba: Juruá, 2011.

MENDES, A. M. Da psicodinâmica à psicopatologia do trabalho. In: MENDES, A. M. (Org.). Psicodinâmica do trabalho: Teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. A condição dos professores: recomendação Internacional de 1966, um instrumento para a melhoria da condição dos professores. Genebra: OIT/ Unesco, 1984.

SOUZA, R. M. B. Saúde Mental e trabalho: impactos no cotidiano. Londrina: Ed. UEL, 2002.

SOUZA, A. N.; LEITE, M. P. Condições de trabalho e suas repercussões na saúde dos professores da educação básica no Brasil. Educação e Sociedade, Campinas, v.32, n.117, out./dez. 2011.

ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

(25)

Anexo

Inventário de Trabalho e

Riscos de Adoecimento -

ITRA

Essa pesquisa tem um duplo objetivo: (a) coletar informações

sobre as dimensões do trabalho que constituem fatores de riscos

para saúde e qualidade de vida no trabalho; e (b) subsidiar o

planejamento de ações institucionais nos campos das condições, da

organização e das relações socioprofissionais de trabalho. É uma

pesquisa sob a responsabilidade técnico-cientifica dos grupos

“Grupo de Estudos e Pesquisas em Ergonomia Aplicada ao Setor

Público – ErgoPublic” e “Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde

e Trabalho – GEPSAT” da Universidade de Brasília – UnB.

As informações prestadas por você são sigilosas e serão

analisadas em conjunto com as informações fornecidas por seus

colegas.

É um questionário composto de quatro instrumentos e algumas

questões abertas. Ao responder o questionário, fique atento para as

instruções de respostas.

Sua participação é fundamental

(26)

Leia os itens abaixo e escolha a alternativa que melhor correspondeà avaliação que você faz do seu contexto de trabalho.

1 Nunca 2 Raramente 3 Às vezes 4 Freqüentemente 5 Sempre O ritmo de trabalho é excessivo 1 2 3 4 5 As tarefas são cumpridas com pressão de prazos 1 2 3 4 5 Existe forte cobrança por resultados 1 2 3 4 5 As normas para execução das tarefas são rígidas 1 2 3 4 5 Existe fiscalização do desempenho 1 2 3 4 5 O número de pessoas é insuficiente para se realizar as tarefas 1 2 3 4 5 Os resultados esperados estão fora da realidade 1 2 3 4 5 Existe divisão entre quem planeja e quem executa 1 2 3 4 5 As tarefas são repetitivas 1 2 3 4 5 Falta tempo para realizar pausas de descanso no trabalho 1 2 3 4 5 As tarefas executadas sofrem descontinuidade 1 2 3 4 5 As tarefas não estão claramente definidas 1 2 3 4 5 A autonomia é inexistente 1 2 3 4 5 A distribuição das tarefas é injusta 1 2 3 4 5 Os funcionários são excluídos das decisões 1 2 3 4 5 Existem dificuldades na comunicação entre chefia e subordinados 1 2 3 4 5 Existem disputas profissionais no local de trabalho 1 2 3 4 5 Falta integração no ambiente de trabalho 1 2 3 4 5 A comunicação entre funcionários é insatisfatória 1 2 3 4 5 Falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento profissional 1 2 3 4 5 As informações que preciso para executar minhas tarefas são de difícil acesso 1 2 3 4 5 As condições de trabalho são precárias 1 2 3 4 5 O ambiente físico é desconfortável 1 2 3 4 5 Existe muito barulho no ambiente de trabalho 1 2 3 4 5 O mobiliário existente no local de trabalho é inadequado 1 2 3 4 5 Os instrumentos de trabalho são insuficientes para realizar as tarefas 1 2 3 4 5 O posto/estação de trabalho é inadequado para realização das tarefas 1 2 3 4 5 Os equipamentos necessários para realização das tarefas são precários 1 2 3 4 5 O espaço físico para realizar o trabalho é inadequado 1 2 3 4 5 As condições de trabalho oferecem riscos à segurança das pessoas 1 2 3 4 5

(27)

Agora escolha a alternativa que melhor corresponde à avaliação que você faz das exigências decorrentes do seu contexto de trabalho.

1 nada exigido

2 pouco exigido

3

mais ou menos exigido

4

bastante exigido

5 totalmente

exigido Ter controle das emoções 1 2 3 4 5 Ter que lidar com ordens contraditórias 1 2 3 4 5 Ter custo emocional 1 2 3 4 5 Ser obrigado a lidar com a agressividade dos outros 1 2 3 4 5 Disfarçar os sentimentos 1 2 3 4 5 Ser obrigado a elogiar as pessoas 1 2 3 4 5 Ser obrigado a ter bom humor 1 2 3 4 5 Ser obrigado a cuidar da aparência física 1 2 3 4 5 Ser bonzinho com os outros 1 2 3 4 5 Transgredir valores éticos 1 2 3 4 5 Ser submetido a constrangimentos 1 2 3 4 5 Ser obrigado a sorrir 1 2 3 4 5 Desenvolver macetes 1 2 3 4 5 Ter que resolver problemas 1 2 3 4 5 Ser obrigado a lidar com imprevistos 1 2 3 4 5 Fazer previsão de acontecimentos 1 2 3 4 5 Usar a visão de forma contínua 1 2 3 4 5 Usar a memória 1 2 3 4 5 Ter desafios intelectuais 1 2 3 4 5 Fazer esforço mental 1 2 3 4 5 Ter concentração mental 1 2 3 4 5 Usar a criatividade 1 2 3 4 5 Usar a força física 1 2 3 4 5 Usar os braços de forma contínua 1 2 3 4 5 Ficar em posição curvada 1 2 3 4 5 Caminhar 1 2 3 4 5 Ser obrigado a ficar em pé 1 2 3 4 5 Ter que manusear objetos pesados 1 2 3 4 5 Fazer esforço físico 1 2 3 4 5 Usar as pernas de forma contínua 1 2 3 4 5 Usar as mãos de forma repetidas 1 2 3 4 5 Subir e descer escadas 1 2 3 4 5

(28)

Avaliando o seu trabalho nos últimos seis meses, marque o número de vezes em que ocorrem as vivências abaixo descritas.

0 Nenhuma vez 1 Uma vez 2 Duas vezes 3 Três vezes 4 Quatro vezes 5 Cinco vezes 6 Seis ou mais vezes

Liberdade com a chefia para negociar o que precisa 0 1 2 3 4 5 6 Liberdade para falar sobre o meu trabalho com os colegas 0 1 2 3 4 5 6

Solidariedade entre os colegas 0 1 2 3 4 5 6 Confiança entre os colegas 0 1 2 3 4 5 6 Liberdade para expressar minhas opiniões no local de trabalho 0 1 2 3 4 5 6 Liberdade para usar a minha criatividade 0 1 2 3 4 5 6 Liberdade para falar sobre o meu trabalho com as chefias 0 1 2 3 4 5 6

Cooperação entre os colegas 0 1 2 3 4 5 6 Satisfação 0 1 2 3 4 5 6

Motivação 0 1 2 3 4 5 6 Orgulho pelo que faço 0 1 2 3 4 5 6

Bem-estar 0 1 2 3 4 5 6 Realização profissional 0 1 2 3 4 5 6

Valorização 0 1 2 3 4 5 6 Reconhecimento 0 1 2 3 4 5 6 Identificação com as minhas tarefas 0 1 2 3 4 5 6 Gratificação pessoal com as minhas atividades 0 1 2 3 4 5 6 Esgotamento emocional 0 1 2 3 4 5 6 Estresse 0 1 2 3 4 5 6 Insatisfação 0 1 2 3 4 5 6 Sobrecarga 0 1 2 3 4 5 6 Frustração 0 1 2 3 4 5 6 Insegurança 0 1 2 3 4 5 6 Medo 0 1 2 3 4 5 6 Falta de reconhecimento do meu esforço 0 1 2 3 4 5 6 Falta de reconhecimento do meu desempenho 0 1 2 3 4 5 6

Desvalorização 0 1 2 3 4 5 6 Indignação 0 1 2 3 4 5 6 Inutilidade 0 1 2 3 4 5 6 Desqualificação 0 1 2 3 4 5 6 Injustiça 0 1 2 3 4 5 6 Discriminação 0 1 2 3 4 5 6

(29)

Os itens, a seguir, tratam dos tipos de problemas físicos, psicológicos e sociais que você avalia como causados, essencialmente, pelo seu trabalho. Marque o número que melhor corresponde à freqüência com a qual eles estiveram presentes na sua vida nos últimos seis meses.

0 Nenhuma vez 1 Uma vez 2 Duas vezes 3 Três vezes 4 Quatro vezes 5 Cinco vezes 6 Seis vezes Dores no corpo 0 1 2 3 4 5 6 Dores nos braços 0 1 2 3 4 5 6 Dor de cabeça 0 1 2 3 4 5 6 Distúrbios respiratórios 0 1 2 3 4 5 6 Distúrbios digestivos 0 1 2 3 4 5 6

Dores nas costas 0 1 2 3 4 5 6 Distúrbios auditivos 0 1 2 3 4 5 6 Alterações do apetite 0 1 2 3 4 5 6 Distúrbios na visão 0 1 2 3 4 5 6 Alterações do sono 0 1 2 3 4 5 6 Dores nas pernas 0 1 2 3 4 5 6 Distúrbios circulatórios 0 1 2 3 4 5 6 Insensibilidade em relação aos colegas 0 1 2 3 4 5 6 Dificuldades nas relações fora do trabalho 0 1 2 3 4 5 6 Vontade de ficar sozinho 0 1 2 3 4 5 6 Conflitos nas relações familiares 0 1 2 3 4 5 6

Agressividade com os outros 0 1 2 3 4 5 6 Dificuldade com os amigos 0 1 2 3 4 5 6 Impaciência com as pessoas em geral 0 1 2 3 4 5 6 Amargura 0 1 2 3 4 5 6 Sensação de vazio 0 1 2 3 4 5 6 Sentimento de desamparo 0 1 2 3 4 5 6

Mau-humor 0 1 2 3 4 5 6 Vontade de desistir de tudo 0 1 2 3 4 5 6 Tristeza 0 1 2 3 4 5 6 Irritação com tudo 0 1 2 3 4 5 6 Sensação de abandono 0 1 2 3 4 5 6 Dúvida sobre a capacidade de fazer as tarefas 0 1 2 3 4 5 6 Solidão 0 1 2 3 4 5 6

(30)

Para finalizar, preencha os seguintes dados complementares:

Idade: _____ anos Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino Escolaridade:

( ) Até segundo Grau ( ) Superior Incompleto ( ) Superior ( ) Pós-graduação

Estado Civil: ____________________________________________________ Cargo atual: ____________________________________________________ Lotação: _______________________

Tipo de Contrato de trabalho: _______________________ Tempo de serviço na instituição: ________ anos

Tempo de serviço no cargo: __________ anos Participou do último exame médico: SIM ( ) Não ( )

Afastamentos do trabalho por problema de saúde relacionado ao trabalho no ano: Nenhum ( )

Entre 1 e 3 ( ) Mais de 3 ( )

Obrigado Pela sua Participação!

Referências

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