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PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

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PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

OS ESTUDOS SOBRE O CURRÍCULO E A SINGULARIDADE DA ENFASE SAÚDE INDÍGENA PARA A FORMAÇÃO DOS RESIDENTES DE PSICOLOGIA

Elenita Sureke Abilio* (Psicóloga. Mestranda no Programa de Mestrado de Ensino em Saúde da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Dourados-MS, Brasil; Coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do HUGD); Prof. Dr. Conrado Neves Sathler (Psicólogo. Docente do curso de Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados, Tutor do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do HUGD); Profa. Dra. Maria José de Jesus Alves Cordeiro (Pedagoga. Docente do Programa de Mestrado de Ensino em Saúde da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Dourados-MS, Brasil.);

contato: elenitaabilio@ufgd.edu.br Palavras-chave: Saúde Indígena. Projeto Pedagógico. Psicologia da Saúde

Introdução

A Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) se caracteriza pelo ensino em serviço na modalidade especialização lato sensu, regida pela promulgação da Lei n° 11.129 de 2005 e orientada pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Desde sua implantação em 2010, o programa tem mostrado relevante impacto social a partir da inserção dos residentes tanto na rede hospitalar como na rede de atenção básica, que prevê a participação ativa dos residentes, sob a supervisão de profissionais da equipe técnica (preceptores) e docentes do programa de residência (tutores).

O interesse de acadêmicos e profissionais por esta especialização, a necessidade de qualificação na área da saúde e também a busca de incentivo ao desenvolvimento científico, tornam a implantação do Programa de Residência Multiprofissional uma estratégia importante para à Atenção a Saúde na região da Grande Dourados e para o Estado do Mato Grosso do Sul.

O processo de implantação do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) do HU/UFGD necessita de discussões pedagógicas nos novos cenários de prática que configuram a rede de atenção à saúde e remetem o profissional não apenas a formação generalista, dentro do seu núcleo de formação. Citado por CAMPOS (2000) um núcleo indica junção de saberes e de práticas, sem, contudo, indicar um rompimento radical com a dinâmica do campo, exigindo dos residentes uma postura crítico-reflexiva que compreenda, também, as relações humanas como parte do ensino.

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ações pedagógicas, pois este não é apenas um conjunto neutro de conhecimentos, ele é sempre parte de uma tradição seletiva, resultado da seleção de alguém, da visão de um grupo acerca do que seja conhecimento (APPLE, 2006).

O Programa de RMS do HUGD é dividido em duas ênfases, são elas: Atenção Cardiovascular e Atenção à Saúde Indígena e contempla as profissões de Enfermagem, Nutrição e Psicologia. A ênfase que destacamos neste trabalho é a Saúde Indígena e a profissão é a Psicologia pela complexidade que a formação exigiu e pela necessidade de uma reflexão crítica sobre o currículo prescrito.

Neste trabalho objetivamos tecer considerações sobre a formação em saúde dos psicólogos na RMS, pensar no contexto hospitalar como um desafio para a atuação, o que fez com que se ampliasse o campo de análise e dos espaços de discussão de tópicos específicos da profissão, portanto que transcende o currículo prescrito descrito por Sacristán (1998).

A metodologia se desenvolveu utilizando a pesquisa de referencial bibliográfico com análise qualitativa e descritiva.

Dourados contempla a segunda maior população indígena do Brasil (MARTINS, 2011). A natureza do programa de RMS é a formação multiprofissional que abre o campo de intervenção para a dimensão ampliada, envolvendo as questões socioculturais e políticas, sendo esta uma nova demanda a ser investida no currículo do programa para atender as habilidades e competências exigidas no Projeto Pedagógico.

Os resultados do trabalho apontam que as atividades de formação se desenvolvem no cenário hospitalar, perpassando por várias unidades de atendimento, contemplando a rede intra-hospitalar e a rede extra-hospitalar, tendo como demais cenários de prática, unidades básicas de saúde e da atenção especializada, as aldeias indígenas de Dourados, o Hospital indígena e os cenários de atuação da Secretaria Especial de Saúde .

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Alguns autores do campo do currículo explicitam as diferenças que se fazem presentes entre o currículo prescrito e o currículo como atividades nos diversos espaços educativos, que segundo Bagnato (2012) podem nos dizer de outras construções recriando, transformando, respondendo ou não a novas necessidades e demandas sociais.

A necessidade da vivência em toda a rede de Atenção à Saúde do município para que os residentes pudessem conhecer o atendimento na Atenção Básica e Especializada e na Atenção à Saúde Indígena, colaborou para a construção de um inovador e desafiante processo de trabalho em saúde. Com isso a possibilidade dos residentes conhecerem a rede de serviços de saúde, de suporte social, de gestão e de controle social.

Baseado nas pesquisas de Ceccim (2006) sobre o quadrilátero da formação reafirmamos a importância da formação em saúde para atender aos preceitos do SUS, marcada pelos encontros que fortalecem o trabalho em saúde, como o encontro da Saúde com a Educação, do Trabalho com a Gestão, o que marca a condução da formação dos psicólogos.

Consta no Projeto Pedagógico uma disciplina denominada Tópicos Especiais em cada uma das áreas de formação com o objetivo de discutir temas diversos relacionados ao núcleo da profissão. Para a Psicologia este foi o recurso utilizado para aprimorar as discussões inerentes à profissão, trazendo embasamento teórico para os tópicos relacionados às questões indígenas, além do investimento dos docentes em projetos de pesquisa e extensão para o aprimoramento da formação dos psicólogos residentes.

A partir dai formou-se o Grupo de Estudos Dirigidos em Psicologia (GEDSP) apresentando-se como uma contribuição fundamental para tais produções ao provocar o debate de temas complexos concernentes à atenção em saúde (Lopes;Sathler, 2014) não só na cultura indígena, porém este foi propulsor do mergulho dos residentes de psicologia no campo das políticas públicas, em temas da psicologia, principalmente na produção de subjetividade.

Segundo Bagnato (2012) o currículo é o resultado de um embate entre o prescrito nas legislações curriculares, o construído pela tradição cultural e o posto em prática a partir de referenciais teórico-práticos e das experiências dos sujeitos participantes.

Sobre as atividades planejadas pelos docentes da psicologia, dentre esta o GEDSP, como propulsor da pesquisa científica tão necessária para a atuação, entendemos que:

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subjetivas que possibilitem a Atenção em Saúde que respeite a diversidade sociocultural e se caminhe em busca de uma maior horizontalidade das relações (LOPES;SATHLER, 2014).

Assim, adaptações curriculares foram necessárias para atender a necessidade de formação e intervenção na saúde indígena para os psicólogos, como a inserção dos residentes em ações de controle social e a interlocução com a rede de atenção a saúde para além das formalidades burocráticas, para de fato experimentar a integralidade do cuidado em saúde como forma de conexão e fortalecimento da rede, resolubilidade e equidade, demandando então uma avaliação e uma readequação do Projeto Pedagógico que está em estudo.

Segundo Bagnato (2012) é possível mencionar que o currículo é o resultado de um embate entre o prescrito nas legislações curriculares, o construído pela tradição cultural e o posto em prática a partir de referenciais teórico-práticos e das experiências dos sujeitos participantes.

A universidade existe e tem vida através de pessoas e para pessoas que possuem histórias de vida concretas, biografias, com origens sociais, culturais diversificadas, com variados interesses e necessidades, condicionadas por um contexto. Há imbricados elementos do passado e do presente da história, dos sujeitos e da instituição delineando permanências e rupturas (BAGNATO, 2012).

Feuerwerker et. al, (2000) afirma que as mudanças na formação dos profissionais de saúde perpassam por uma construção, pois os cenários de pratica e as ações multiprofissionais devem estar em constante discussão, portanto conforme apontado por Koifan (1998), o currículo deve ser um processo de construção permanente e não apresentado de forma rígida como os currículos tradicionais.

Podemos finalizar citando que atualmente, o currículo faz parte da história do ensino e, inserido nas estruturas dos cursos de forma a amparar mudanças. No Projeto Pedagógico (RMS, 2009) está preconizado que ao final da formação, o residente de psicologia na Atenção à Saúde Indígena deva ter desenvolvido algumas habilidades necessárias para a atuação profissional, como o reconhecimento da diversidade e complexidade do contexto sócio-histórico-cultural dos povos indígenas, a atuação em equipe de forma interdisciplinar, o planejamento em saúde indígena, educação em Saúde, dentre outros.

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O currículo é um projeto, cujo processo de construção e desenvolvimento é interativo e abarca várias dimensões. “É uma prática pedagógica que resulta da interação e confluência de várias estruturas (políticas, administrativas, econômica, culturais, sociais, acadêmicas) na base das quais existem interesses concretos e responsabilidades compartilhadas”.

A formação dos psicólogos no programa assume o grande desafio de preparar profissionais com competência técnica e política, dotados de conhecimento não só técnico, mas de percepção e sensibilidade para as questões da vida e da sociedade, devendo estar capacitados para intervir em contextos de incertezas e complexidade, tendo então o currículo prescrito, o currículo real e o currículo oculto como interface para conciliar a amplitude da formação ideal proposta pelo Sistema Único de Saúde.

Referencias

APPLE, Michael W. Ideologia e currículo; tradução FIGUEIRA, Vinicius. 3 ed. PortoAlegre: Artmed, 2006.

BAGNATO, M. H. S. Recontextualização curricular no ensino da enfermagem. Curriculo sem fronteiras. Volume 12, nº 3, pag. 173-179, set/dez 2012.

CAMPOS, G. W. de S. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2000, vol.5, n.2, pp. 219-230. ISSN 1413-8123.

CECCIM, R.B.; FEUERWERKER, L.C.M. Mudança na graduação das profissões da saúde sob o eixo da integralidade.Cad. Saude Publica, v.20, n.5, p.1400-10, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v20n5/36.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2014.

LOPES, D. C.; SATHLER, C. N. Grupo de Estudos Dirigidos e Supervisão em Psicologia:

Contribuições à Pesquisa. Disponível em: http://eventos.ufgd.edu.br/enepex/

arquivos/273.pdf. Acesso: 20 de março de 2015.

MARTINS, Cátia. P. Considerações sobre o processo de humanização no HU de Dourados

MS. In: BRASIL. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/

cadernos_humanizasus_atencao_hospitalar.pdf. Acesso: 23 de março de 2015

PACHECO, J. A. Estudos curriculares para uma compreensão crítica da educação: Porto Ed., (2005).

PINHEIRO, R.; CECCIM, R.B.; MATTOS, R.A. (Orgs.). Ensinar saúde: a integralidade nos cursos de graduação na área da saúde. Rio de Janeiro: IMS/UERJ, CEPESQ, ABRASCO, 2005.

SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

TURDERA, G. B.O Contexto da Saúde e Doença Indígena Saúde Indígena: A Experiência da

Residência Multiprofissional de Dourados- MS. Disponível em:

Referências

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