• Nenhum resultado encontrado

O memorialismo e a produção do conhecimento sobre o território brasileiro: perspectivas para uma historiografia das ciências *

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O memorialismo e a produção do conhecimento sobre o território brasileiro: perspectivas para uma historiografia das ciências *"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

1

O memorialismo e a produção do conhecimento sobre o território brasileiro: perspectivas para uma historiografia das ciências*

Jean Luiz Neves Abreu**

A construção do conhecimento sobre o Brasil nos séculos XVIII e XIX esteve ancorado, em parte, no memorialismo. O propósito deste trabalho é apresentar uma análise dos significados das memórias para a escrita da história e, em particular, do valor que possuem para uma historiografia das ciências.

A produção de memórias foi um instrumento de conhecimento importante no âmbito das academias setecentistas do mundo luso-brasileiro no contexto da Ilustração. O programa historiográfico definido pela Academia Brasílica dos Renascidos (1759) estava orientado para a composição de memórias históricas que equivaliam a instrumentos de pesquisa ou dissertações críticas, ponto de partida para a escrita da “História Universal da América Portuguesa”.1

Já as memórias produzidas na Academia Real das Ciências de Lisboa (1779) tinham outros propósitos: estabelecer um inventário da natureza e dos povos, constituir um repertório de informações científicas sobre os territórios coloniais, delimitar fronteiras e informar sobre as potencialidades exploratórias das possessões.2 Conforme observa Oswaldo Munteal Filho, os “acadêmicos portugueses promoveram estudos memorialísticos, projetos de recuperação econômica da metrópole baseados nas riquezas naturais das colônias”. As memórias se transformaram em impressos, peça fundamental da cultura científica fomentada pelo governo luso.3

Segundo as instruções elaboradas pelos acadêmicos, os relatos deveriam ser concisos, de modo a estabelecer identidades e diferenças. Tais especificações estavam de acordo com os princípios da história natural setecentista, que procurava abordar a

* Esse texto é resultado parcial do projeto de pesquisa “Território e natureza nas memórias descritivas

sobre Minas no século XIX” (BIC-Fapemig/Univale).

** Professor de História/Univale, pesquisador do NEHT-Núcleo de Estudos Históricos e Territoriais da

Univale.

1 KANTOR, Iris. Esquecidos e renascidos: historiografia acadêmica luso-brasileira (1724-1759). São

Paulo: Hucitec, 2004.

2 Sobre as atividades da Academia Real das Ciências, consultar, entre outros: CARVALHO, Rômulo de.

A Atividade pedagógica da academia das Ciências de Lisboa. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa,

1981.

3 MUNTEAL FILHO, Oswaldo. A academia Real de Ciências de Lisboa e o Império Colonial

Ultramarino In: FURTADO, Júnia Ferreira (Org.) Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as novas

abordagens do Império Ultramarino português. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2001, p. 501.

(2)

2 natureza restringindo voluntariamente o campo de conhecimento.4 A Academia Real das Ciências publicou uma vasta gama de memórias elaboradas por cartógrafos, naturalistas, matemáticos, médicos que versavam sobre assuntos os mais diversos. Além da descrição e tentativa de classificação da natureza do mundo ultramarino, esses impressos tratavam de temas relevantes para as reformas econômicas, como a economia e a escravidão.5

Apesar de se constituírem em espaços institucionais diferenciados, as memórias históricas e científicas tinham como ponto comum a produção de conhecimento sobre o território. Além disso, entre a segunda metade do século XVIII e as primeiras décadas do XIX, a história natural era indissociável da escrita da história, oferecendo padrões de racionalidade para organização do saber histórico e geográfico.6

A produção da história natural como forma de saber ocorre em um contexto mais amplo, ligado à expansão dos Estados Absolutistas. A disciplina viabilizava a investigação da natureza e sua classificação, bem como possibilitava promover a riqueza do Estado, unindo ciência e utilitarismo. Nos séculos XVIII e XIX, o fortalecimento dos impérios coloniais esteve vinculado à produção de informações sobre os territórios, permitindo um controle da natureza. Tais informações estiveram atreladas, por sua vez, ás viagens exploratórias, que poderiam ter tanto aspectos administrativos, quanto científicos. 7

Vários estudiosos têm se dedicado a compreender o significado das viagens e os documentos produzidos pelas mesmas. Da contribuição da historiografia estrangeira sobre o tema cabe mencionar o estudo de Mary Louise Pratt, Os olhos do Império, que busca contextualizar a produção de informações sobre os territórios coloniais a partir do sistema de classificação da história natural no século XVIII. A autora aponta as inúmeras implicações das viagens científicas nas Américas e na África. A sistematização da natureza fez parte de um projeto europeu relacionada a uma nova forma de consciência planetária que busca apreender os conteúdos internos da superfície

4 RAMINELLI, Ronald. Viagens ultramarinas: monarcas, vassalos e governos a distância. São Paulo:

Alameda, 2008, p. 230-231.

5 Sobre as memórias em torno da escravidão ver o estudo de MARQUESE, Rafael de Bivar. Feitores do

corpo, missionários da mente: senhores, letrados e o controle dos escravos nas Américas, 1660-1680.

São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

6 ARAUJO, Valdei Lopes; MEDEIROS, Bruno Franco. A História de Minas como História do Brasil.

Revista do APM, Ano XLIII, n.1, 24-37, jan - jun. 2007, p. 26.

7 Para uma análise da tipologia das viagens ver: RAMINELLI, Ronald. Viagens e inventários: tipologia

(3)

3 do planeta. O mapeamento sistemático da superfície do mundo esteve relacionado à crescente busca de recursos comerciais exploráveis, mercados e terras para colonizar. 8

Pode-se mencionar ainda o trabalho organizado por Peter H. Reill, Visions of

Empire: voyages, botany, and representations of nature9, bem como o estudo de Emma

Spary, Utopia’s garden; the French natural history from Old Regime to Revolution10 ,

que apontam os vínculos existentes entre a produção de conhecimento de história natural e os Estados Nacionais como França e Inglaterra. Outro trabalho de referência é o de Lorelai Kury sobre a história natural e as viagens científicas na França entre 1780 e 1830. Nele a autora busca compreender as práticas científicas relacionadas às viagens, recuperando as principais discussões que marcaram a institucionalização da história natural e os parâmetros científicos de conhecimento que orientavam os naturalistas.11

A historiografia portuguesa também tem avançado sobre o tema. Rômulo de Carvalho, em A história natural em Portugal no século XVIII, estabelece um histórico dos estudos da natureza, os projetos fomentados pelo governo português, bem como analisa as principais viagens e memórias produzidas por naturalistas e homens de ciência.12 Ao comentar a cultura científica em Portugal na segunda metade do século das Luzes, Ângela Domingues chama atenção para o esforço empreendido pelo Estado na renovação do conhecimento dos territórios sob domínio lusitano Segundo essa autora, homens de ciência e funcionários, ligados a instituições como a Universidade de Coimbra e a Academia Real das Ciências, criaram e sustentaram “uma rede de informações”. O que possibilitou ao Estado português conhecer melhor seus domínios na Europa, Ásia, África e América.13

O historiador português José Luis Cardoso aprofundou as relações entre a história natural em Portugal e a economia. Este analisa em particular as Memórias econômicas da Academia Real das Ciências de Lisboa, mostrando como essas procuravam realizar

8 PRATT, Mary Louise. Os olhos do Império: relatos de viagem e transculturação. São Paulo: EDUSC,

1999.

9 REILL, Peter H. Reill (ed.), Visions of Empire: voyages, botany, and representations of nature,

Cambridge, Cambridge Un. Press, 1996.

10 SPARY, Emma. Utopia’s garden; the French natural history from Old Regime to Revolution Chicago:

Chicago University Press, 2000.

11 KURY, Lorelai. Histoire naturelle et voyages scientifiques (1780-1830). Paris: L.Harmattan, 2001. 12 CARVALHO, Rômulo de. A história natural em Portugal no século XVIII. Lisboa: Instituto de Cultura

e Lingual Portuguesa, Ministério da educação, 1987 (Biblioteca Breve, volume 112)

13 DOMINGUES, Ângela. Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição de redes

(4)

4 um inventário rigoroso e sistemático dos recursos naturais e matérias-primas tendo em vista sua utilização e exploração econômica.

Para além dos vínculos entre a ciência e a economia, o autor chama atenção para o fato de que a história natural corresponde a um novo “imperativo epistemológico”, tomando emprestada a noção de George Gusdorf. Dessa forma, não são apenas os critérios utilitários que comandam as viagens dos naturalistas e seus escritos, mas igualmente a tentativa de organizar um conhecimento racionalizado e sistemático, que envolve processos de descrição e classificação do mundo natural.14

Dialogando com esses estudos, a historiografia sobre o tema no Brasil tem se voltado para viagens no contexto luso-brasileiro. De maneira geral, as pesquisas insistem no vínculo entre conhecimento científico e utilitarismo. Exemplo disso são as pesquisas de Oswaldo Munteal Filho em torno da Academia Real de Ciências de Lisboa. O autor destaca as relações entre o Estado Português, a Academia de Ciências e o Reformismo Ilustrado. Suas conclusões apontam como as pesquisas em história natural tomaram um aspecto pragmático em acordo com os projetos do Estado Português. O fomentismo estatal possibilitou à Academia de Ciências produzir investigações coletivas por intermédio dos letrados que residiam em várias partes do Império Português.15

Recentemente, Ronald Raminelli publicou uma obra onde aborda vários aspectos das viagens ultramarinas entre fins do século XVIII e primeiras décadas do século XIX. Dialogando com a historiografia estrangeira e com base em ampla pesquisa empírica, o autor, além de problematizar as questões políticas e administrativas ligadas às viagens e reconstituir as relações dos homens de ciência com o poder, Raminelli mostra como a produção do conhecimento sobre as possessões coloniais, em particular a América Portuguesa, não esteve restrito aos propósitos pragmáticos. As coleções viabilizadas pelas viagens e divulgadas ao público transformavam a ciência também em fonte de

14 CARDOSO, José Luis. A história natural e a ciência econômica na obra de Domingos Vandelli In:

Memórias de História Natural. Porto: Porto Editora, 2002.

15 Ver a respeito os seguintes estudos: MUNTEAL FILHO, Oswaldo. A Academia e o Império:

racionalismo e sociabilidade intelectual no mundo luso-brasileiro In: Convergência Lusíada: revista do

Real Gabinete Português de Leitura. Rio de Janeiro, n. 17, p. 322-344, 2000; MUNTEAL FILHO,

Oswaldo. A academia Real de Ciências de Lisboa e o Império Colonial Ultramarino In: FURTADO, Júnia Ferreira (Org.) Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as novas abordagens do Império Ultramarino

português. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2001, p. 483-518; MUNTEAL FILHO, Oswaldo.

(5)

5 poder para as monarquias. Um aspecto significativo de seu trabalho é o de mostrar os interesses conflitantes que marcam a história natural no contexto do Reformismo Ilustrado e da crise do sistema colonial.16

O fim do domínio colonial não interrompeu o interesse pelas viagens e produção de memórias. Estas continuaram a ser um instrumento relevante de conhecimento ao longo do século XIX. Nesse sentido, Ermelinda Moutinho Pataca e Rachel Pinheiro sinalizam para o papel dos homens de ciência formados em Portugal na constituição de informações acerca do território brasileiro. Com base em estudo comparativo entre as Instruções das viagens filosóficas de fins do setecentos e a Comissão científica de exploração na década de 1850 enfatizam o estudo das instruções de viagem e das memórias como elementos para compreender as bases em que se constituiu a identidade física do Brasil no século XIX.17

É significativo ressaltar os vínculos entre o projeto de uma Comissão de exploração e o projeto historiográfico do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Afinal, a idéia surgiu em uma reunião realizada no Instituto em 1856, com a presença do Imperador D. Pedro II. A ciência produzida entre as décadas de 1820 e 1870 apresentava como característica comum ao projeto historiográfico a construção de uma identidade nacional. Do ponto de vista da prática científica, havia a necessidade de interpretação e compreensão da natureza por parte de naturalistas brasileiros, já que grande parte do conhecimento forjado cabia até então aos viajantes estrangeiros. 18

As conexões entre a escrita da história no século XIX e a história natural foram ressaltados por Manoel Luís Salgado Guimarães. Segundo aponta o autor, o apoio dado pelo IHGB às viagens poderia ser explicado pela, “diversidade de interesses possíveis de serem atendidos por expedições científicas desta natureza”.19 Lúcio Menezes Ferreira sublinhou de igual maneira como as viagens científicas integraram as propostas metodológicas do IHGB. Somente o conhecimento in loco poderia desfazer dúvidas e

16 RAMINELLI, Ronald. Viagens ultramarinas: monarcas, vassalos e governos a distância. Op. cit,

2008.

17PATACA, Ermelinda Coutinho; PINHEIRO, Rachel. Instruções de viagem para a investigação

científica do território brasileiro. Revista da SBHC, Rio de Janeiro, v.3, n.1, p. 58-79, jan/jun, 2005.

18 FIGUEIRÔA, Silvia F. de M. Ciência no torrão natal: a adaptação de modelos estrangeiros e a

construção de uma problemática científica nacional (1840-1870).In: GOLDFARB, Ana M. A.; MAIA, Carlos A. (Org.). História da ciência: o mapa do conhecimento. São Paulo: Edusp/ Expressão e Cultura, 1996.

19GUIMARÃENS, Manoel Luís Salgado. Nação e civilização nos trópicos: O Instituto Histórico e

(6)

6 erros de escritos anteriores sobre o Brasil, a exemplo da História da América

Portuguesa, de Sebastião da Rocha Pita. Outro objetivo era conhecer, por intermédio

das viagens exploratórias, o território e a população. Nesse sentido, a etnografia e a arqueologia adquiriam um significativo papel para estabelecer o conhecimento da população indígena.20 Desse ponto de vista, o estudo das memórias oferece a oportunidade de compreender as relações entre a ciência e a historiografia do século XIX.

Outra abordagem é a que procura situar as idéias dos memorialistas em relação às concepções científicas do período. Exemplo de estudo dessa natureza é o de Clarete Paranhos em conjunto com Silvia Figueirôa, no qual as autoras procuram situar as idéias que marcaram a produção de memórias sobre a mineração no Brasil na transição para o século XIX .21 Conforme chama atenção Silvia Figueirôa, as memórias, relatórios e estudos dos “cientistas” no período das reformas ilustradas em Portugal e no contexto pós-independência fornecem pistas das teorias e perspectiva das ciências e das técnicas.22

Várias memórias e correspondências enviadas a Portugal tinham como elemento central a constituição de informações sobre a região de Minas Gerais, o que se deve ao lugar estratégico da Capitania para a economia. Além da ênfase nas atividades mineradoras, o conjunto da documentação espelha os esforços em esquadrinhar a natureza, com informações sobre a fauna, a flora entre outros elementos do mundo natural mineiro.23

Quando ainda sob o domínio Português, a região foi objeto de investigações de vários letrados, muitos deles nascidos no Brasil, a exemplo de José Vieira Couto. A memória de José Vieira Couto sobre Minas, na qual informa acerca do “território, clima e produções metálicas”, insere-se no contexto das viagens científicas ocorridas no Brasil entre 1802 e 1822.

20 FERREIRA, Lúcio. Menezes Ferreira. Ciência nômade: o IHGB e as viagens científicas no Brasil

imperial. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 13, n. 2, 271-92, abr.-jun. 2006.

21 FIGUEIRÔA, Silvia Fernanda de Mendonça; SILVA, Clarete Paranhos da. Garimpando idéias: a “arte

de mineirar” no Brasil em quatro memórias na transição para o século XIX. Revista da SBHC, Rio de Janeiro, v.2, n.1, 32-53, jan/jun.2004.

22 FIGUEIRÔA, Silvia F. de M. Mineração no Brasil: aspectos técnicos e científicos de sua história na

Colônia e no Império (séculos XVIII-XIX). América latina em la historia econômica, n.1, 41-55, jan - jun. 1994.

23 As fontes disponíveis podem ser consultadas na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e no Arquivo

Histórico Ultramarino, bem como as encontradas no Arquivo Público Mineiro. Algumas dessas fontes foram publicadas em: Minas Gerais e a história natural das colônias: política colonial e cultura

científica no século XVIII (Organização e estudo crítico de MUNTEAL FILHO, Oswaldo e MELO,

(7)

7 Embora publicada originalmente quando o Brasil ainda se encontrava sob o domínio de Portugal, a mesma memória seria reeditada, em 1842, pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. É significativo observar que instituições do governo brasileiro do século XIX retomariam como ponto de partida várias descrições e investigações publicadas anteriormente.24

Sobre a memória citada, Júnia Ferreira Furtado realizou um estudo crítico, onde procura sublinhar as relações entre o Reformismo Ilustrado e as idéias do mineralogista sobre a exploração dos recursos naturais.25 Um estudo mais detido sobre o pensamento de Vieira Couto foi realizado por Clarete Paranhos. Além de reconstituir o contexto em que as memórias foram escritas, a autora se detém sobre as idéias e conceitos científicos que marcaram o pensamento do naturalista.26

Em pesquisa em andamento a partir das memórias descritivas do século XIX, procuramos estabelecer de que maneira o memorialismo forjou um saber sobre a natureza e o território mineiro no período. Nesse sentido, partimos inicialmente de algumas fontes já conhecidas, a exemplo da Memória sobre a Capitania de Minas

Gerais: seu território, clima e produções metálicas (1801), de José Vieira Couto; bem

como Breve Descrição Geográfica, Física e Política da Capitania de Minas Gerais (1807), de Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos.

Além desses textos mais conhecidos, a Revista do Arquivo Público Mineiro publicou muitas memórias e corografias até então pouco estudadas. Uma delas é a

Memória dos trabalhos estatísticos e topográficos das margens do Rio Doce, e seus principais confluentes, tratados pelo alferes Francisco de Paula Mascarenhas, na viagem que fez ao Arraial do Cuietê (1832).

Além desse testemunho, outras memórias e corografias indicam um padrão de conhecimento acerca do mundo natural próprias dessa forma de narrativa. Seus autores, homens de ciência ou funcionários administrativos, procuram fornecer um inventário dos lugares e das populações. Descrevem a paisagem, os caminhos, as potencialidades econômicas, as indústrias, artes e ofícios. Nesse sentido, saberes como a estatística, a geografia espelham a ênfase nos objetivos classificatórios necessários ao enquadramento do território.

24 PATACA, Ermelinda Coutinho; PINHEIRO, Rachel. Op. cit. p. 58-79.

25 FURTADO, Júnia Ferreira. Estudo Crítico. In: COUTO, José Vieira. Memória sobre a Capitania das

Minas Gerais; seu território, clima e produções metálicas. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,

1994, p. 13-35.

26 SILVA, Clarete Paranhos da. O desvendar do grande livro da natureza: um estudo da obra do

(8)

8 Para além dos sentidos que as corografias, memórias e outros documentos ganham no interior do projeto do Arquivo Público Mineiro na afirmação da identidade de Minas Gerais no início da República,27 a investigação desses documentos possibilita a compreensão das representações constituídas em torno da natureza mineira do oitocentos.

Referências

Documentos relacionados

In order to increase the shelf life and maintain the quality and stability of the biological compounds with antioxidant activity present in Castilla blackberry fruits, a

O candidato poderá obter informações e orientações sobre o Simulado Virtual, tais como Editais, processo de inscrição, horário de prova, gabaritos, ranking e resultados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

As resistências desses grupos se encontram não apenas na performatividade de seus corpos ao ocuparem as ruas e se manifestarem, mas na articulação micropolítica com outros

Assim, Andrade (2009), concebe o princípio da proteção social, como forma de fazer com que o direito do trabalho abarque a as relações de trabalho contemporâneas em

A Fraternidade, assim, aplicada às questões de identidade de gênero, e em especial às identidades “trans” funcionará como uma possibilidade real de reconhecimento

Sua obra mostrou, ainda, que civilização e exploração do trabalho andam juntas e que o avanço histórico do oeste brasileiro se fez com a carne e o sangue dos

O novo acervo, denominado “Arquivo Particular Julio de Castilhos”, agrega documentação de origem desconhecida, mas que, por suas características de caráter muito íntimo