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Open Correlatos valorativos das atitudes frente à aposentadoria

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Academic year: 2018

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CORRELATOS VALORATIVOS DAS ATITUDES FRENTE À APOSENTADORIA

Rômulo Lustosa Pimenteira de Melo

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CORRELATOS VALORATIVOS DAS ATITUDES FRENTE À APOSENTADORIA

Rômulo Lustosa P. de Melo, Mestrando

Valdiney Veloso Gouveia, Orientador

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CORRELATOS VALORATIVOS DAS ATITUDES FRENTE À APOSENTADORIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Psicologia social da Universidade Federal da Paraíba, por Rômulo Lustosa Pimenteira de Melo, sob a orientação do Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia social.

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M528c Melo, Rômulo Lustosa Pimenteira de.

Correlatos valorativos das atitudes frente à aposentadoria / Rômulo Lustosa Pimenteira de Melo.-- João Pessoa, 2013. 226f. : il.

Orientador: Valdiney Veloso Gouveia Dissertação (Mestrado) - UFPB/CCHLA

1. Psicologia social. 2. Valores humanos. 3.Aposentadoria. 4. Atitudes positivas. 5. Aposentadoria - razões.

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CORRELATOS VALORATIVOS DAS ATITUDES FRENTE À APOSENTADORIA

Rômulo Lustosa Pimenteira de Melo

BANCA AVALIADORA

_________________________________________________________ Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia (UFPB, Orientador)

_________________________________________________________ Profa. Dr. Maria do Carmo Eulálio (membro externo)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente à Deus, por ter me dado oportunidade, a saúde e os desafios que me motivaram e me deram esperança de seguir meu caminho e finalizar este trabalho.

Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia, por ter me acolhido no seu núcleo Bases Normativas do Comportamento Social (BNCS), com quem tenho aprendido muito mais do que lições de metodologia e psicologia. Exemplo de vida dedicada ao ensino superior e à pesquisa, com paixão e dedicação que não havia visto em outra pessoa. Sem suas orientações tão importantes não teria desenvolvido este trabalho. Deixo aqui meu imenso agradecimento.

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ensinamentos e confiança que sempre depositou em mim, deixo aqui minha admiração pela senhora.

Aos professores do programa de Pós-Graduação de Psicologia Social que tive oportunidade de conhecer ao longo da caminhada como mestrando, que contribuíram imensamente, partilhando seus conhecimentos.

Aos professores que aceitaram participar da Banca Avaliadora desta dissertação, Prof. Dr. Josemberg Moura de Andrade e, em especial Profa. Dra. Maria do Carmo Eulálio, que desde o início da minha jornada como postulante a pesquisador sempre me apoiou e me ajudou de maneiras que vão muito além da relação de professor e aluno, relação que se transformou com o tempo em grande amizade e admiração.

Aos colegas do mestrado que me ajudaram, apoiando e contribuindo para o desenvolvimento desta pesquisa.

Aos secretárioas(as) Fabiana e Arthur pelo apoio dado nos momentos em que os procurei, meu muito obrigado.

A todos os participantes deste estudo, pela disponibilidade de aceitar participar desta pesquisa, além da confiança em mim depositada. Meu obrigado!

Aos meus pais, Paulo Pimenteira de Melo e Lucianita Lustosa de Sousa, que me deram a vida e os ensinamentos éticos e morais que levo comigo. Obrigado minha mãe pela paciência e aceitação incondicional que sempre demonstrou e demonstra por mim.

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Agradeço ao meu avô Deltrudes Pereira de Melo, que me apoiou e confiou em mim, se preocupando comigo mesmo na hora que foi ocupar um lugarzinho no céu. Obrigado vô, é principalmente pelo senhor que hoje estou conquistando mais esta etapa da minha vida.

Aos amigos que trago comigo desde a infância, entre eles Altamir Souto Dias que com nossas discussões me motivou a seguir na área da ciência.

Aos meus amigos do Grupo de estudo em pesquisa e envelhecimento humano por suas contribuições na coleta de dados, em especial à Rita Gadelha, Kalina Lima, Rafael Pereira e Edivan Gonçalves.

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“Cuidado com seus pensamentos, pois eles se tornam palavras. Cuidado com suas palavras, pois elas se tornam ações. Cuidado com suas ações, pois elas se tornam hábitos. Cuidado com seus hábitos, pois eles se tornam seu caráter. E cuidado com seu caráter, pois ele se torna o seu destino! ...”.

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CORRELATOS VALORATIVOS DAS ATITUDES FRENTE À APOSENTADORIA

RESUMO. Esta dissertação teve como objetivo principal verificar se os Valores Humanos poderiam explicar as atitudes frente à aposentadoria por meio das razões para se aposentar. Para isso, adotaram-se as técnicas da Teoria Clássica dos Testes (TCT) e da Teoria de Resposta ao Item (TRI) para adaptar e conhecer evidências de validade de duas medidas de Atitudes frente à aposentadoria, sendo uma de diferencial semântico (método Osgood) e outra de intervalos aparentemente iguais (método de Thurstone) e um questionário de Razões para se aposentar. Foi utilizado ainda o Questionário dos Valores Básicos e um questionário demográfico. Para responder aos objetivos propostos, foram realizados dois estudos. O primeiro contou com uma amostra de 200 pessoas, com mais de 50 anos de idade [média = 57,37 anos (DP = 7,51)], sendo 63% do sexo feminino, 61,3% casados(as) ou convivente com média de anos de escolaridade de 14,01 anos (DP = 9,71), sendo 65,80% aposentados. Os resultados evidenciaram uma estrutura unifatorial para as duas escalas de atitudes, sendo que a de diferencial semântico [(22 itens) (α = 0,97)] apresentou média de discriminação dos itens de 2,50 (DP = 0,85) e média de informação psicométrica de 8,41 (DP = 3,81). A escala de intervalos aparentemente iguais [(30 itens) (α = 0,87)] apresentou média de discriminação dos itens de 1,36 (DP = 0,56) e média de informação psicométrica de 1,36 (DP = 0,11). No que se refere aos correlatos, verificou-se correlação positiva das subfunções Interativa e Normativa com as atitudes frente à aposentadoria, assim como correlação positiva entre Mais tempo livre e Atitudes. A explicação dos valores interativos nas atitudes foi mediada por Mais tempo livre. O segundo estudo além de tentar replicar os correlatos encontrados, testou versões reduzidas das medidas de Atitudes. A amostra foi composta por 230 participantes, com mais de 50 anos [média = 57,56 anos (DP = 5,48)], sendo 62,3% do sexo feminino, 65,1% casados(as) ou convivente com média de anos de escolaridade de 15,5 anos (DP = 9,75) e 56,8% aposentados. A Análise Fatorial Confirmatória admitiu uma estrutura unidimensional para a escala de Atitudes de diferencial semântico [6 itens (χ2 /gl = 2,14, GFI = 0,97, AGFI = 0,94, CFI = 0,98 e RMSEA = 0,068)], não sendo observado diferenças significantes entre as pontuações de discriminação das duas versões da escala [p = 0,49; IC 99% (LI - 0,48) (LS - 0,50)]. O mesmo não foi verificado para a escala de Atitudes de intervalos aparentemente iguais (10 itens), pois a medida não apresentou evidências de adequação amostral para análise fatorial (KMO = 0,58), baixos índices de ajuste (χ2 /gl = 2,37, GFI = 0,86, AGFI = 0,81, CFI = 0,60 e RMSEA = 0,078) e índices de escalonabilidade inadequados (Hs) que variou de 0,02 a 0,11. Quanto aos correlatos, a medida de Atitude de diferencial semântico novamente apresentou correlação significante e positiva com a subfunção Existência (r = 0,15, p < 0,05) e Interativa (r = 0,15, p < 0,05), porém neste estudo não foi observado correlação significante com a variável Mais Tempo Livre e as subfunções Realização, Suprapessoal e Normativa. Por fim, confia-se que estes resultados possam subsidiar programas de preparação para aposentadoria que utilizem os Valores Humanos para melhorar as atitudes positivas frente à aposentadoria.

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VALUE CORRELATES OF ATTITUDES TOWARD RETIREMENT

ABSTRACT. This dissertation aimed to verify if Human Values could explain attitudes towards retirement through the reasons for retiring. Were adopted the techniques of Classical Test Theory (CTT) and Item Response Theory (IRT) to adapt and validate two measures of Attitudes towards retirement. One of them is semantic differential (Osgood method) and the other is method of equal appearing intervals (Thurstone method). Were also used a questionnaire about Reasons to retire, the Basic Values Questionnaire and a demographic questionnaire. To meet the proposed objectives, two studies were conducted. The first involved a sample of 200 people over 50 years of age [mean = 57.37 years (SD = 7.51)], 63% are female, 61.3% are married or have a partner, average years of schooling of 14.01 years (SD = 9.71) and 65.80% retired. The results showed a unifactor structure for the two scales of attitudes. The semantic differential [(22 items)

(α = 0.97)] had a mean item discrimination of 2.50 (SD = 0.85) and average

psychometric information of 8.41 (SD = 3.81).The scale of apparently equal intervals

[(30 items) (α = 0.87 )] had a item discrimination mean of 1.36 (SD = 0.56) and a

psychometric information mean of 1.36 (SD = 0 ,11). With regard to the correlateds, there was a positive correlation of the subfunctions Interactive and Normative with the attitudes toward retirement, as well as positive correlation between More free time and Attitudes. The explanation of the interactive values on attitudes was mediated by More free time. The second study, besides trying to replicate the correlates found, tested reduced versions of Attitudes measures. The sample comprises of 230 participants, over 50 years [mean = 57.56 years (SD = 5.48)], 62.3% female, 65.1% married living with a partner, with an average years of schooling of 15.52 years (SD = 9.75) and 56.80 % retired. A Confirmatory Factor Analysis admitted a one-dimensional structure for the

semantic differential Attitude Scale [6 items (χ2 / df = 2.14 , GFI = 0.97, AGFI = 0.94,

CFI = 0.98 and RMSEA = 0.068)]. No significant differences were observed between the scores of discrimination of the two scale versions [p = 0.49, CI 99 % (LI - 0.48) (LS - 0.50)] .The same was not observed for the equal appearing intervals Attitude Scale (10 items) intervals, because the measure did not show evidence of sampling adequacy for

factor analysis (KMO = 0.58), had low levels of fit (χ2 / df = 2 , 37, GFI = 0.86 , AGFI

= 0.81, CFI = 0.60 and RMSEA = 0.078) and inadequate levels of scalability (Hs) ranged from 0.02 to 0.11 . According to the correlates, the semantic differential attitude measure showed, again, a significant positive correlation with the subfunction Existence

(r = 0.15, p ≤ 0.05) and Interactive (r = 0.15, p ≤ 0.05), but in this study, no significant correlation was observed between the variable More free time and the subfunctions Achievement, Suprapersonal and Normative. Finally, we trust that these results can subsidize retirement preparation programs that uses the Human Values to enhance positive attitudes toward retirement.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 18

CAPÍTULO 1. CONTEXTUALIZANDO O SITEMA DE SEGURIDADE SOCIAL E A APOSENTADORIA... 23

1.1 Trajetória histórica da previdência social no mundo... 24

1.1.1 História da previdência social no Brasil... 25

1.2 Modalidades de aposentadorias no Brasil: aposentadoria por contribuição e por idade... 28

1.3 O que é a aposentadoria: aspectos psicológicos e sociais... 31

1.3.1 Sentido do trabalho e a fase da aposentadoria... 33

1.3.2 Envelhecimento populacional e aposentadoria... 37

1.3.3 Aspectos psicológicos da aposentadoria: fase de passagem, transformação e adaptação... 40

CAPÍTULO 2. ATITUDES... 46

2.1. Definição de Atitudes... 47

2.2. Estrutura das Atitudes... 49

2.3. Funções das Atitudes... 53

2.4. Principais Teorias... 55

2.5. Mensuração de Atitudes... 57

2.5.1. Medidas explícitas de atitudes... 58

2.5.2. Medidas implícitas de atitudes... 60

2.6. Atitudes frente à aposentadoria... 62

CAPÍTULO 3. VALORES HUMANOS... 66

3.1. Modelos Culturais dos Valores... 68

3.2. Modelos Psicológicos dos Valores... 70

3.3. Teoria Funcionalista dos Valores Humanos... 74

PARTE 2: ESTUDO EMPÍRICO... 85

CAPÍTULO 4. MEDIDAS E CORRELATOS DAS ATITUDES... 86

4.1. Objetivos e hipóteses... 87

4.2. Método... 89

4.2.1. Delineamento... 89

4.2.2. Participantes... 89

4.2.3. Procedimento... 90

4.2.4. Instrumentos... 91

4.2.5. Análise dos dados... 93

4.3. Resultados... 95

4.3.1. Escala de atitudes frente à aposentadoria: método Osgood... 95

4.3.2. Escala de atitudes frente à aposentadoria: método Thurstone... 102

4.3.3. Questionário dos Valores Básicos... 108

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4.3.5. Correlatos entre as medidas de Atitudes frente à aposentadoria,

Valores Humanos Básicos e Razões para se aposentar... 117

4.3.5.1. TCT x TRI: variância compartilhada entre as pontuações das medidas... 118

4.3.5.2 Relação das variáveis demográficas com as medidas de atitudes, valores e razões para se aposentar... 119

4.3.5.3 Testando as Hipóteses: correlato das atitudes com valores e razões para se aposentar... 120

4.4. Discussão parcial... 124

CAPÍTULO 5. PARÂMETROS PSICOMÉTRICOS DAS ESCALAS REDUZIDAS E CORRELATOS VALORATIVOS... 130

5.1. Objetivos... 131

5.2. Método... 131

5.2.1. Delineamento... 131

5.2.2. Participantes... 132

5.2.3. Procedimento... 132

5.2.4. Instrumentos e análise dos dados... 133

5.3. Resultados... 134

5.3.1. Escala de atitudes frente à aposentadoria: método Thurstone (versão reduzida)... 134

5.3.2. Escala de atitudes frente a aposentadoria: método Osgood (versão reduzida)... 138

5.3.3. Parâmetros psicométricos do Questionário dos Valores Básicos... 139

5.3.4. Confirmação da estrutura da escala de Razões para se Aposentar... 146

5.3.5. Confirmação dos correlatos entre as medidas de Atitudes frente à aposentadoria, Valores Humanos Básicos e Razões para se aposentar... 147

5.3.5.1 TCT x TRI: variância compartilhada entre as pontuações das medidas... 148

5.3.5.2 Relação das variáveis demográficas com as medidas de atitudes, valores e razões para se aposentar... 148

5.3.5.3 Confirmando as Hipóteses: correlato das atitudes com valores e razões para se aposentar... 150

CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO FINAL... 152

6.1. Limitações potenciais do estudo... 153

6.2. Resultados principais... 154

6.2.1 Discussão das medidas e dos parâmetros psicométricos... 155

6.2.2 Discussão dos correlatos entre as medidas... 158

6.3. Direções futuras... 160

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REFERÊNCIAS... 163

Anexo 1 - Escala de Atitudes frente à Aposentadoria: método Thurstone... 184

Anexo 2 - Escala de Atitudes frente à Aposentadoria: método Osgood... 186

Anexo 3 – Questionário dos Valores Básicos... 187

Anexo 4 – Escala de Razões para se Aposentar... 188

Anexo 5 - Escala de Atitudes frente à Aposentadoria: método Thurstone (versão reduzida)... 189

Anexo 6 - Escala de Atitudes frente à Aposentadoria: método Osgood (versão reduzida)... 190

Anexo 7 – Questionário de Informações Demográficas... 191

Anexo 8 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido... 192

Anexo 9 - Curvas Característica do Item e Curvas de Informação... 193

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE FIGURAS

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19 No período de 2000 a 2008, segundo dados do Sistema de Seguridade Social (INSS, 2011), o número de benefícios concedidos pela Previdência Social Brasileira cresceu em mais de 40%. Em dezembro de 2012 o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) divulgou que existiam 17 milhões de aposentadorias, sendo que apenas neste ano foram emitidas aproximadamente cinco milhões de aposentadorias (Brumano, 2013). Esse indicador é explicado, em grande medida, pelo aumento da espectativa de vida associado à redução da taxa de fecundidade, fenômeno conhecido por transição demográfica.

Essa transformação demográfica impõe a necessidade de entender o momento de chegada da aposentadoria, os valores e os hábitos de vida relacionados a este período. Para o trabalhador a aposentadoria pode ser sentida como perda de um ponto de referência na organização da vida. Isso porque o trabalho determina horários, atividades, relacionamentos, reconhecimento social, padrão de vida, etc. No entanto, a percepção da aposentadoria apresenta uma ambivalência, pois se pode ser apreendida como um período de decadência e dificuldades econômicas, também pode ser sentida como uma conquista, oportunizando atividades, antes escassamente contempladas, como: maior dedicação à família, busca por Hobby, realização de atividades de lazer e trabalhos voluntários (Tavares, 2007).

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20 Considerando essa dicotomia de representações e sentimentos e que esse momento pode vir acompanhado por alterações na condição de saúde do idoso, salienta-se que o fenômeno da aposalienta-sentadoria requer permanentes pesquisas visando a qualidade das aposentadorias e o bem-estar psicossocial dos ex-trabalhadores (Alvarenga, Kiyan, Bitencourt, & Wanderley, 2009).

Frente a este momento, destaca-se a importância de se pensar em medidas que amparem os trabalhadores de elaboração de fatores de proteção e no desenvolvimento de medidas que possam favorecer o ajustamento à aposentadoria. Isso pode trazer algumas consequências benéficas para os aposentados, como evitar o adoecimento físico e psicológico, evitar dificuldades no relacionamento conjugal e familiar, crise de identidade decorrente do afastamento do trabalho, angustias e incertezas devido às mudanças, ociosidade e sentimentos de inutilidade e solidão (França, 2010).

Incialmente, parece importante considerar que a ambivalência de atitudes frente à aposentadoria está ligada à histária de vida do trabalhador, suas relações com a sociedade, sobretudo com o papel profissional, seu modo de enfrentar perdas e adaptar-se às novas situações, demonstrando um processo subjetivo de notável relevância para os valores humanos (Rodrigues, Ayabe, Lunardelli, & Canêo, 2005). Nessa trajetoria está a escolha pela temática da presente dissertação, que mais do que descrever acerca das atitudes frente à aposentadoria, pretendeu aprofundar questões referentes a essa fase.

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21 aposentadoria e uma de razões para se aposentar, e depois foi verificado se os valores humanos poderiam explicar as atitudes frente à aposentadoria por meio de variáveis situacionais como as razões para se aposentar.

Estruturalmente, além desta introdução, esta dissertação é composta por seis capítulos divididos em duas partes principais. A Parte I (Marco Teórico) se compõe de três capítulos. Capítulo 1. Contextualizou-se o Sistema da Seguridade Social e a aposentadoria, procurando aprofundar os conhecimentos acerca da trajetória histórica do Sistema de Seguridade Social, definindo a aposentadoria enquanto seus aspectos psicológicos e sociais e suas ambivalências de significado e percepções. Por sua vez, o Capitulo 2 apresenta as proposições a respeito das atitudes, entendendo que estas se caracterizam como a avaliação de um objeto psicossocial que apresenta dimensionalidade opostas. Além disso, são apresentadas sua estrutura, suas principais funções e teorias, assim como as formas de mensurá-las. Finalmente, o Capítulo 3 descreve os Valores Humanos, enfatizando seu poder preditivo das ações humanas, trazendo ainda, às principais teorias e, por fim, destacando a Teoria Funcionalista dos Valores Humanos, que embasará este estudo.

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23 CAPÍTULO 1. CONTEXTUALIZANDO O SITEMA DE SEGURIDADE

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24 Inicialmente, buscou-se descrever a trajetória histórica que levou a edificação do que se conhece por seguridade social no mundo e no Brasil. Entende-se que o conhecimento dessas bases históricas propicia compreender sua importância, seu conceito e seus objetivos. Posteriormente, é apresentada a aposentadoria enquanto fenômeno psicossocial, que apresenta ambivalência de sentidos, afetos e percepções e, portanto, proporcionando atitudes diferentes em função de variáveis situacionais e psicológicas.

1.1. Trajetória histórica da previdência social no mundo

Ao descrever a história do que hoje se conhece por seguridade social é imperativo que se remeta à Alemanha de Otto Von Bismarck, o Chanceler de Ferro. Pois, em 17 de novembro de 1881 se estabelece o que é conhecido como a primeira norma protetiva dirigida aos trabalhadores acometidos por desordens como: doenças, velhice, invalidez e acidentes que causassem afastamento das atividades laborais (Simões, 2009). Neste sentido, Andreucci (2010) considera que esse regulamento foi a primeira iniciativa organizada e sistematizada de proteção social que o estado obrigatoriamente concedeu, embora estivesse dirigida a grupos específicos de trabalhadores de empresas públicas. De qualquer forma, essa medida teve forte influência na Europa, pois ela deu origem aos modelos de previdência social vigentes em grande parte do mundo contemporâneo, entre eles o Brasil.

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25 segurança social dos trabalhadores. Entre elas, destaca-se o Social Security Act, programa de seguro social destinado ao pagamento de aposentadorias a trabalhadores com 65 anos ou mais e um auxilio desemprego. Ainda nos EUA, em 1941, Lorde

Willian Beveridge institui um plano denominado de “Do Berço ao Túmulo” (Social

Security from the cradle to the grave), que unificava os seguros sociais vigentes da época e visava a universalidade da proteção social para todos os cidadãos (Carmel & Papadopoulos, 2003).

No final da Segunda Guerra Mundial (1939-1940), diante da necessidade de reconstrução do mundo e da forma como se percebe o ser humano, cria-se a Organização das Nações Unidas (ONU), objetivando estabelecer paz, respeito e vínculos de solidariedade entre os homens, sendo estes os princípios para se garantir a seguridade social e galgar justiça e bem estar social. Para operacionalizar essas intenções, a ONU aprova a resolução nº 217 da Assembléia Geral da ONU, Declaração Universal dos Direitos Humanos, afirmando a preocupação com o homem como função principal da instituição. Em seu art. 85 se verifica a finalidade de proteção integral ao ser humano (ONU, 2013):

Artigo 85. Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si mesmo e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços indispensáveis, o direito à segurança social no caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez e velhice, ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstância fora de seu controle.

É preciso destacar também a criação, em 1952, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Designando a convenção n. 102 intitulada de Norma Mínima de Seguridade Social, assegurando o princípio da Universalidade e prescrevendo a efetivação de uma proteção mínima a todos os membros da sociedade (Bismarck, 2010).

(27)

26 Kunzler (2009) relata que a primeira medida de proteção social no Brasil se deu em 26 de março de 1888, por meio do decreto 9.912-A, que atribuiu aos funcionários dos correios o direito à aposentadoria, estabelecendo em 30 anos o tempo de serviço e em 60 anos a idade mínima para se aposentar. Após isso, começaram a surgir algumas outras formas de seguridade, porém ainda de grupos específicos. No Rio de Janeiro, trabalhadores das linhas férreas começaram a adquirir direito à aposentadoria, advindas principalmente do número de acidentes no trabalho. Outros grupos, como os da Imprensa Nacional, Empregados do Ministério da Fazenda e operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro começaram a criar fundos de pensão, com o fim de assegurar pensões aos seus ex-trabalhadores e/ou familiares.

Em 1923 com o Decreto-Lei 4.682, de 24 de janeiro, conhecido como Lei Eloy Chaves, inaugura-se o Sistema Previdenciário Brasileiro. Essa lei deixava sob responsabilidade de cada empresa a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões que teriam como destinação beneficiar os trabalhadores e seus familiares, por meio da garantia de alguns seguros. A crescente adesão dos profissionais a estes institutos fez com que o estado buscasse assumir uma postura mais ativa na gestão, administração e controle dos sistemas, levando-o a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio, na década de 1930 (Bismarck, 2010).

Com essas Caixas de aposentadorias independentes a taxa de contribuição variava em função de cada empresa responsável, sendo assim para unificar as

contribuições dos funcionários foi promulgada em 26 de agosto de 1960 a “Lei

Orgânica da Previdência Social” (LOPS). Seis anos depois, em 21 de novembro de

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27 inclusão no INPS, entre elas estavam: Trabalhadores rurais e empregadas domésticas (1972) e trabalhadores autônomos (1973) (Médici, 1997).

O crescente aumento do número de categorias profissionais reivindicando sua inserção no INPS parece aumentar a importância desse setor na seguridade social. Essa realidade fez com que em 1974 houvesse o desmembramento do Ministério do Trabalho e Previdência Social, em Ministério do Trabalho e outro intitulado de Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), o qual tinha como objetivo elaborar executar as políticas de previdência, assistência médica e social da população Kunzler (2009).

Em 1977 o governo cria o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), recomendando a divisão das funções dos aparelhos em órgãos individuais determinados. Assim, foram criados alguns institutos como, por exemplo: o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS), que tinha como objetivo prestar assistência médica a trabalhadores urbanos e rurais; o Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS) que tinha como função conduzir a gestão administrativa, financeira e patrimonial do sistema; a Legião Brasileira de Assistência (LBA) tinha o papel de direcionar a assistência social às populações carentes. Com a criação do Programa de Desenvolvimento de Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde dos Estados (SUDS) as atividades do INAMPS passam a ser descentralizadas, com cada estado da Federação planejando o seu sistema de saúde (Médici, 1997).

Em 1988 com a nova Constituição Federal, a Seguridade Social passa a ser

caracterizada como “um conjunto integrado de ações de iniciativas dos poderes públicos

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28 que estabeleceram a Seguridade Social como um acordo coletivo, sinônimo de cidadania, fez majorar as dificuldades no seu padrão de gerenciamento e financiamento, levando-o a mergulhar, atualmente, em uma ampla crise previdenciária (Kunzler, 2009). Na constituição Federal de 1988 no artigo 194 esta a definição do que se entende

por seguridade social: “A seguridade social compreende um conjunto integrado de

ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e a assistência social” (pp. 93). Esta definição demonstra a concepção de que a seguridade social deve buscar pela justiça e paz social, com a redução das desigualdades, promoção da dignidade da pessoa humana e proteção do homem frente as demandas do homem e da sociedade (Andreucci, 2010).

Em 1991 por meio da Lei 8.212 e 8.213, instituiu-se a intenção de direcionar mais atenção ao homem do campo, sendo incluído o pagamento dos benefícios a todos os trabalhadores rurais e a redução em cinco anos para suas aposentadorias, essa medida se estendeu a todos os homens e mulheres do campo sem exceção (Brasil, 1988).

Entre as mudanças que aconteceram mais recentemente, esta a reforma da previdência Social que estipulou que a idade mínima para se aposentar é de 65 anos para homens e 60 anos para as mulheres. Na década de 2000, uma mudança importante ocorrida foi a revisão dos valores recebidos na aposentadoria, que estabeleceu novo teto para os benefícios, limitando-os e os adaptando para fundos complementares (Brasil, 2003, Emenda Constitucional 41).

1.2. Modalidades de aposentadorias no Brasil: aposentadoria por contribuição e por idade.

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29 especificamente, serão tratadas as que se regularizam por tempo de serviço e por idade. Pois, entende-se, que para explicar as atitudes frente à aposentadoria dos motivos de invalidez e especial seria necessário considerar algumas variáveis específicas a este grupo.

A aposentadoria por tempo de serviço e por idade foi estabelecida no Brasil com a lei Eloi Chaves, decreto n. 4.682 de 24 de novembro de 1923, nessa época utilizava-se a terminologia aposentadoria ordinária para ambas as formas de aposentadoria. Foi com a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) Lei n. 3.807/1960 que o termo aposentadoria por tempo de serviço passou a ser utilizada. Porém, mesmo o trabalhador apresentando o tempo mínimo de serviço estipulado, a saber de 35 anos, era necessário que tivessem mais que 55 anos de idade. Esse requisito, de idade mínima foi eliminada em 1962 (Leite, 1994; Andreucci, 2010).

Em 1967 com a constitucionalização, efetivou-se a necessidade de tempo de serviço entre homens e mulheres, sendo declarado que:

Art. 158 – A constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que nos termos da lei, visem à melhoria, de sua condição social:

(...)

XX – aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral;

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30 Esse estilo tipo de aposentadoria pode ser integral, quando o trabalhador homem possui pelo menos 35 anos de contribuição e a mulher possui no mínimo 30 anos de tributo. O outro tipo de aposentadoria integral é a proporcional, esta como o próprio nome já sugere, o calculo do bônus a ser recebido varia em função do tempo trabalhado, não podendo ocorrer antes dos 53 anos para o homem e dos 48 anos para a mulher (Previdência Social, 2013). Em 2012, das 17 milhões de aposentadorias virgentes no Brasil sob a responsabilidade do INSS, 29% eram por tempo de contribuição (Brumano, 2013).

Já para a aposentadoria por idade, a Lei Eloi Chaves 1923, em seu artigo 12, estabelecia que o trabalhador precisava ter um mínimo de 60 anos e ter trabalhado pelo menos 30 anos. Sendo que, a diferenciação no tempo de serviço necessário para a aposentadoria entre os sexos só veio no ano de 1960 com a Lei Orgânica Social (LOPS). A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 201, inciso I descrevia que a previdência iria cobrir os episódios derivados da velhice. Porém, com a emenda n. 20, foi substituído o termo velhice por idade avançada, pois se entendeu que a palavra velhice estava carregada de uma conotação negativa (Leite, 1996), segue o art. 201, inciso I:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observado os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos a lei a:

I – cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada.

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31 completado 70 (setenta) anos de idade se do sexo masculino ou 65 (sessenta e cinco) anos se do sexo feminino.

Considerando o que foi apresentado, espera-se que tenha ficado visível a função a ser desempenhada pela seguridade social e consequentemente pela previdência social, que por meio de funções determinadas e políticas públicas, objetivam promover a proteção do sujeito, assegurando o bem estar e a justiça social. O próximo tópico do capitulo trará um enfoque mais psicológico e social da aposentadoria, caracterizando e evidenciando seus efeitos no comportamento, emoções e percepção das pessoas que estão perto ou que já são aposentadas.

1.3. O que é a aposentadoria: aspectos psicológicos e sociais.

Temas e estudos relacionados à aposentadoria vêm demandando discussões nos diversos ambitos sociais. Não apenas devido ao aumento da parcela etária da população que mais participa da aposentadoria, os idosos, mas também devido a uma série de consequências que a aposentadoria traz para o aposentado, para a sociedade e para a economia (Carvalho & Garcia 2003; IBGE, 2000). É importante perceber que o trabalhador antes socializado e transformado por rituais que constituíram em grande medida sua identidade e lhe atribuía valor e posição social, passa muitas vezes de maneira abrupta pelo rompimento do cotidiano construído durante a maior parte de sua vida (Dumazedier, 1979).

Para Zanelli, Silva e Soares (2010) a aposentadoria possui como sinônimo “por a

parte”, “de lado”, “recolher-se aos aposentos” ou considerando a expressão para a

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32 dessa etapa da vida, depois de anos de trabalhos, pode fazer com que ela seja vivenciada com um vazio existencial e perda da percepção do sentido da vida (Rodrigues, Ayabe, Lunardelli, & Canêo, 2005). Denton e Spencer (2009) argumentam que a heterogeneidade de representações e significados da aposentadoria, dificulta o entendimento do que é a aposentadoria em um sentido psicossociológico, principalmente porque ela se transforma ao longo do tempo.

Outras autoras como França (2010) corroboram estas idéias, enfatizando que a aposentadoria é um fenômeno multidimensional que apresenta aspectos ambivalentes, pois pode ser concomitantemente entendida como conquista de tempo livre se observada na perspectiva da família e do lazer, mas pode ser percebida como momento de marginalização social sob a ótica do trabalho. De fato, alguns estudos mostram que parte das pessoas que se aposentam representam a aposentadoria como um prêmio e um momento de justo descanso resultado de um ciclo de trabalho produtivo e oportunidade de realização de novos projetos, porém outra parcela de pessoas considera a aposentadoria como um momento de improdutividade e condição social de inatividade e isolamento social (Graef, 2002; Amarilho & Carlos 2005).

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33 Provavelmente, as diferentes atitudes frente á aposentadoria estão ligadas á história de vida dos trabalhadores, as suas relações com a sociedade e com seu trabalho, sobretudo com o papel profissional e com o sentido que este trabalho possui e seu modo de enfrentar perdas e de se adaptar ás novas situações determinadas pelo envelhecimento (Rodrigues, Ayabe, Lunardelli, & Canêo, 2005). Sendo assim, os próximos tópicos trazem algumas considerações referentes ao trabalho e a sua importância na vida dos trabalhadores, posteriormente descreve algumas características do grupo etário no qual o momento da aposentadoria mais incide, seja por tempo de serviço e/ou por idade e por fim, evidencia a aposentadoria como uma fase de passagem, transformação e adaptação.

1.3.1. Sentido do trabalho e a fase da aposentadoria

As pesquisas e discussões sobre o trabalho evidenciam uma ampla rede de sentidos e significados que o tema trabalho suscita (Zanelli, Silva, & Soares, 2010). Para Aranha (1997), o trabalho é essencial para o processo de socialização humana e é entendido como uma criação humana, como uma mercadoria cujos valores e significados variam entre culturas e períodos históricos.

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34 Ao longo do tempo o trabalho parece ter adquirido diferentes representações, algumas vezes assumindo uma visão mais negativa, outras vezes positiva e atualmente parece existir uma permutação entre estas duas. Ribeiro e Leda (2004) contam que na Grécia Antiga os cidadãos livres não queriam trabalhar, sendo atribuído aos escravos esse papel, os gregos livres se dedicavam ao lazer, conhecimento, arte e a guerra. Com o fortalecimento das tradições cristãs, o trabalho foi assumindo cada vez mais um sentido negativo e como atividade inerente a necessidade humana, pois por meio dele o homem seria punido por suas transgressões. Esta perspectiva começaria a mudar com o surgimento do renascimento e o resultante questionamento dos dogmas de alguns princípios difundidos pela igreja católica. O trabalho gradativamente começava a ser entendido como forma de construção da identidade, meio pelo qual o homem estabelece sua posição na sociedade (Vaz, 2011).

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35 criativo, autônomo, com valorização na criação e não necessariamente na quantidade da produção, passa a ser caracterizado pela repetição, com os tempos sendo mensurados e

“controlados”.

Independente de como é percebido, o trabalho resulta em uma atividade transformadora da realidade. Muitos autores enfatizam o trabalho como elemento que possibilita, e ao mesmo tempo representa, a relação do homem com o meio social e/ou natural. Na perspectiva Marxista, o trabalho pode ser compreendido genericamente com uma atividade pela qual o homem transforma a natureza para satisfazer suas necessidades (Marx, 1996). Codo (1995) ratifica este ponto quando coloca que o trabalho implica em uma transformação mútua entre homem e natureza, resultando na significação do meio onde o homem esta inserido.

Neste sentido, o trabalho adquiri uma função bem maior do que a de prover os recursos necessários para a sobrevivência. Ele é um elemento essencial na configuração da identidade humana, pois é nele que o homem pode expressar sua capacidade de planejar, de criar, de revelar-se para o mundo. Isso parece acontecer mesmo quando o trabalho tem pouca possibilidade de criação e de decisão (Codo & Sampaio, 1995). As discussões sobre a importância do trabalho para o homem é longa e parece ainda não existir um consenso entre os pesquisadores sobre seu papel. Antunes (1995) e Harvey (2000) ratificam a relevância do trabalho para o homem e para a sociedade, ainda que o entendimento e sentido que este trabalhador possui precisem ser redimensionados.

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36 é necessário que a pessoa se sinta produtiva mesmo depois da aposentadoria, para isso enfatizam a importância do trabalho, mesmo durante a fase onde o processo de envelhecimento se intensifica, pois isso o ampararia na manutenção de sua identidade.

O trabalhador que foi preparado, exigido social e economicamente para cumprir suas funções laborais e que seguiu uma vida repleta de atividades que assumiram rituais, se vê durante a aposentadoria na necessidade de resignificar uma serie de hábitos que foram construídos ao longo de muitos anos. Sendo preciso redescobrir o cotidiano, buscar modos de conduta que rompam com o isolamento, tentando se sentir útil, por meio de novas ocupações que mantenham o corpo e a mente ativos (Dumazedier, 1979). É possível resignificar algumas representações negativas derivadas desse período. Bitencourt, Gallon, Batista e Piccinini (2011), em pesquisa realizada no Rio Grande do Sul com funcionários de uma empresa pública, relataram que durante um programa de preparação para a aposentadoria, que objetivava o enfrentamento ao que o fim da rotina ligada ao trabalho significava, os trabalhadores apresentaram reações positivas frente à aposentadoria, descrevendo que estes se sentiam preparados para enfrentar a nova fase da vida. Os autores ainda acrescentam que a aposentadoria traz bastantes expectativas e ansiedades devido ao fim do trabalho, mas que uma preparação pode reduzir estes sentimentos e ajuda a vislumbrar a possibilidade de que os grupos sociais provenientes do trabalho podem ser substituído por outros como os formados em atividades de artesanato, trabalho voluntário ou esportes.

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37 pela percepção do próprio significado da aposentadoria. A seguir, discute-se algumas características desse grupo etário que representa a maioria da população aposentada e que apresenta algumas especificidades nas áreas sociais, psicológicas e fisiológicas.

1.3.2. Envelhecimento populacional e aposentadoria

A relação cronológica entre aposentadoria e envelhecimento é destacada pelos dados do IBGE (2000). No Brasil, a pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos de idade, principal período de ocorrência de concessão das aposentadorias. Em ambas as condições, potencializam-se as fases de mudança, percepção de envelhecimento e surgimento ou agravamento de doenças. O envelhecimento do trabalhador resulta, quase sempre, na saída do trabalho e na entrada da aposentadoria.

Os dados censitários divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE indica que o processo demográfico de envelhecimento populacional irá se intensificar nos próximos anos, sugerindo significativos aumentos da população brasileira com 60 anos ou mais de idade. Em 1991 existia no Brasil um contingente de 10,9 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando em termos percentuais 7,49% da população brasileira. O Censo Demográfico de 2000 revelou que a população idosa do país já ultrapassava a casa dos 14,5 milhões de pessoas e que em 2010 o patamar de 20,6 milhões, representando 10,79% do total da população do país (IBGE, 2011).

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38 colocava-se em posição de destaque. Era o terceiro estado da Federação, com um percentual de 10,02% de pessoas na faixa etária de 60 anos ou mais de idade, sendo superado apenas pelos Estados do Rio de Janeiro (10,70%) e Rio Grande do Sul (10,46%). No senso de 2010, verificou-se que na Paraíba viviam 451.385 pessoas idosas, correspondendo a 11, 98% do total da população do Estado, o que manteve o Estado da Paraíba na terceira posição no ranking nacional, apresentando o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro os percentuais de 13,65% e 13,01%, respectivamente (IBGE, 2000, 2011).

Os registros de elevados percentuais de população idosa na Paraíba parecem estar associados a três fenômenos, a intensidade da queda na taxa fecundidade e o processo migratório, sendo este ultimo bastante peculiar a sua população jovem ocorrido e a taxa de migração de retorno (emigração), ou seja, os contingentes populacionais jovens que em décadas passadas deixaram a Paraíba em busca de melhores condições de trabalho e de vida, retornam às suas origens. Assim, hoje, significativa parcela dessas pessoas contribui para a chamada migração de retorno, fato que vem contribuindo para o aumento do percentual da população idosa do Estado (Carvalho & Garcia 2003; IBGE, 2011).

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39 maior de membros familiares, uma vez que os filhos se encontram desempregados ou demoram a ingressarem no mercado de trabalho.

Para Schnorr (1998), devido à falta de condições dos filhos gerirem seu próprio sustento, tem-se originado novas estruturas familiares com diferentes gerações, motivando novos arranjos domésticos originados mais por questões econômicas que culturais. Neste sentido, os proventos derivados da aposentadoria ou pensão são responsáveis pelo sustento de grande parte da família, assim a aposentadoria, que poderia representar um período de descanso, pode se tornar um período de mais preocupações. Diante disso, o idoso deixa em segundo plano, projetos pensados para essa fase da vida. Dados do IBGE demonstram que o número de pessoas com mais de 65 anos que se declaram responsáveis pelo sustento da família tem aumentado, passando de 4,3 milhões de idosos em 1991 para 6,4 milhões em 2000, um aumento de 47,5%.

A esse respeito, Oliveira e Silva (2012) desenvolveram um estudo, com a finalidade de analisar a função dos aposentados na transferência de recursos econômicos entre gerações familiares mais jovens. Neste estudo, os pesquisadores verificaram que as mulheres (63,7%) costumam emprestar mais dinheiro ao filhos quando comparados aos homens (30,7%), além disso, os filhos costumam devolver com maior frequência o empréstimo quando este foi oferecido pelo pai, com26,7% dos filhos relatando esta intenção, contra apenas 14,3% de intenção de pagamento quando este foi feito a mãe.

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1.3.3. Aspectos psicológicos da aposentadoria: fase de passagem, transformação e adaptação.

Considerando a importante função que o trabalho exerce na formação e manutenção da identidade humana, assim como as perdas e alterações decorrentes do envelhecimento humano, a aposentadoria pode se caracterizar como um momento de transformação e adaptação. Para Canizares (2009) esse período de passagem se dá de um momento onde o trabalho era o regulador de diversos processos psicossociais para um onde a administração do tempo livre passa a ser a referência para a organização do cotidiano do indivíduo.

Como um momento de adaptação, a aposentadoria representa um período de instabilidade onde não existe mais um modelo de conduta e significação, que foi construído ao longo da vida. Esta etapa pode ser percebida como um momento de ameaças que comprometem o bem estar das pessoas (Bulla & Kaefer, 2003; Veiga, 2007), mas também pode ser entendido como um ganho de tempo livre, período de mais liberdade, onde será possível se ocupar com atividades que gerem satisfação e prazer (Amarilho & Carlos, 2005; Graef, 2002).

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41 uma oportunidade de retomar antigos projetos (Dona & Wilson, 2007; Heponiemi, Kouvonen, Vanska, Halila, & Sinervo, 2008).

De fato estas ambivalências vêm sendo corroboradas por alguns estudos. Graef (2002), Amarilho e Carlos (2005) e Veiga (2007) em pesquisas sobre as representações sociais da aposentadoria encontraram dois grandes grupos de representações, um que define as pessoas que percebem o evento como um prêmio e um descanso conquistado, proveniente dos anos de trabalho e contribuição previdenciária resultado do fim de um ciclo produtivo e começo de novos projetos e outro grupo de pessoas, que representam a aposentadoria como uma fase do indivíduo onde este se caracterizará como improdutivo e frente a uma condição social de inatividade.

Para Canizares (2009) essas incongruências entre os tipos de representação podem desencadear alguns comprometimentos para a saúde do aposentado. Ainda segundo o autor, ela pode passar despercebida quanto ao seu potencial patológico, dificultando o desenvolvimento das formas de proteção dos efeitos da percepção negativa da aposentadoria. Dessa forma, pode ser tida como um fator de risco a senilibilidade, em função do impacto negativo que esse acontecimento pode ter na vida do sujeito, fruto da dificuldade em se adaptar a nova condição de vida que lhe demanda o preenchimento do tempo livre.

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42 principalmente quando se entende esta como um momento de reconhecimento por uma longa jornada de trabalho (Canizares, 2009).

Porém, é possível desviar ou mesmo diminuir a redução da renda na aposentadoria. Alguns estudos, mais ligados a área da economia, tentam explicar como as pessoas tomam decisões financeiras ao longo da vida para assegurarem estabilidade econômica durante a aposentadoria. Por exemplo, Davis e Hustvedt (2012) investigaram quais são as características psicológicas que as pessoas precisam ter para apresentarem comportamentos de economia de renda. Variáveis como atitudes positiva frente ao dinheiro, norma subjetiva (comportamentos normativos) e principalmente controle comportamental percebido foram as que apresentaram as maiores correlações.

O estudo de Davis e Hustvedt (2012) é importante, pois aponta para uma possibilidade de assegurar a manutenção dos proventos financeiros mesmo após a aposentadoria. Porém, muitos trabalhadores não conseguem poupar o necessário e terminam retornando ao mercado de trabalho. A respeito disso, Khoury, Ferreira, Souza, Matos e Barbagelata-Góes (2010) descrevem em seu estudo que existem outros motivos para a volta dos aposentados ao mercado, indicando que estes poderiam ser até mais importantes que o próprio dinheiro. Segundo os autores, os resultados de sua pesquisa apontam como principal motivo para voltar a trabalhar o desejo de se sentir produtivo.

De qualquer maneira, essa condição de adiamento da aposentadoria demonstram a dificuldade de lidar com esse momento. A rejeição por motivos financeiros ou mesmo por questões psicológicas pode favorecer o aparecimento de sintomas de estresse, sintomas depressivos, vinculados ao medo de se sentir não produtivo (Canizares, 2009).

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43 família, novas atividades ocupacionais, atividades de lazer. Quando ele esta consciente de que aposentadoria, como a maioria dos processos de mudanças, tem sua persas e seus ganhos, há uma melhor adaptação às mudanças nas esferas biológica, psicológica e social, sendo possível produzir intervenções com maior grau de sucesso (Canizares, 2009).

As considerações acima apontadas sugerem que a aposentadoria gera um processo de perdas que se relaciona com o envelhecimento patológico. O caráter heterogêneo desse momento faz com que o impacto do processo de afastamento do trabalho não seja igual entre as pessoas, assim sendo, circunstâncias desfavoráveis podem ser responsáveis pela falta de adaptação funcional de quem envelhece (Canizares, 2009).

No percurso que traz a aproximação gradativa do momento da aposentadoria a uma constante relação e alternância entre atitudes negativas e positivas frente à aposentadoria (Reitzes & Mutran, 2004). Inicialmente, em alguns casos, a um sentimento de liberdade, de possibilidade de fazer suas próprias escolhas, de gerir seu tempo da forma como preferir. Posteriormente, pode vir um desencantamento, advindos da diminuição da satisfação emocional e pela frustração das expectativas criadas (Canizares, 2009).

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44 A sensação de falta de controle sobre as decisões no pré e pós aposentadoria gera uma ansiedade que interfere negativamente na satisfação. Para van Solinge e Henkens (2009) esse período de transição envolve alguns desafios, como o desenvolvimento de um ajuste frente à perda do trabalho, frete a perda dos laços sociais derivados dele e um desenvolvimento de um estilo de vida satisfatório durante a aposentadoria. Em uma pesquisa com pessoas prestes a se aposentar ou que estavam aposentadas a menos de 5 anos, Duarte e Melo-Silva (2009) encontraram alguns sentimentos associados a aposentadoria, seus resultados evidenciaram sentimentos de insegurança, decorrentes principalmente da instabilidade financeira e da perda do papel social que o trabalho lhe proporciona, sensação de inatividade e perda da capacidade funcional. Além disso, encontraram uma associação entre aposentadoria e percepção de envelhecimento.

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45 aposentadoria, um outro relacionado a fatores familiares e o quarto ligado as atividades pós aposentadoria.

Como pode ser visto, inúmeros são os trabalhos que têm se dedicado a entender o fenômeno da aposentadoria no âmbito psicológico, sociológico, antropológico, econômico, legislativo. No que tange aos aspectos psicossociológicos, muitos trabalhos tem se voltado para os efeitos que a aposentadoria traz para o bem estar e o comportamento das pessoas. O objetivo dessa exposição sobre a aposentadoria foi demonstrar o quanto esta etapa pode mobilizar a vida das pessoas gerando uma ambivalência, pois se pode ser percebida como período de decadência e dificuldades econômicas, também pode ser apreendida como uma conquista, oportunizando novas atividades.

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47 Para Allport (1935), as atitudes se constituem como um dos construtos de maior importância para a psicologia social. Devido a essa relação, Thomas e Znanieck (1981) chegaram a definir esta disciplina como o “estudo científico das atitudes”. Segundo Montmollin (1985), não existe nenhum outro campo no qual as investigações descritivas, fundamentais, metodológicas sejam tão numerosas, pois acompanham toda a história da psicologia social. De fato, as atitudes são um dos construtos mais antigos e estudados no âmbito da psicologia social (Neiva & Mauro, 2011) como pode ser evidenciado a partir da quantidade de trabalhos que têm se dedicado a esta temática. Por exemplo, a partir de uma busca desenvolvida na base de dados Psycinfo, considerando os últimos cinco anos, utilizando-se a palavra-chave “attitudes”, foram encontradas 923

referências. Com isso, mesmo se tratando de um construto antigo, observa-se que, atualmente, o mesmo tem sido amplamente estudado e referenciado, o que denota a sua importância para as ciências sociais e comportamentais.

Dado o papel das atitudes para a Psicologia Social, este capítulo objetiva explanar brevemente os aspectos mais relevantes do seu campo de estudo. Nesta conjuntura será apresentada a definição de atitudes; sua estrutura; suas principais funções e formas de mensuração.

2.1. Definição de Atitudes

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48 a ser o construto tratado, todavia são diversas as definições dadas às atitudes segundo o modelo teórico adotado, no entanto, há o consenso de que uma atitude é uma representação de uma entidade em questão (Ajzen, 2001).

Um estudo pioneiro a respeito das atitudes foi desenvolvido por Thomas e Znaniecki (1915), intitulado O campesino Polonês, onde os autores definem as atitudes como um processo da consciência individual que determina a atividade real ou possível do indivíduo no mundo social. Já para Allport (1935), as atitudes podem ser consideradas como um estado de preparação mental ou neurológico que se organiza por meio da experiência, influenciando de maneira direta ou dinâmica a resposta do indivíduo a todos os objetos ou situações com que mantenha relação. Nesta definição é destacado o papel das atitudes na conduta do indivíduo, a considerando como uma predisposição para reagir diante de um determinado objeto ou situação (Neiva & Mauro, 2011). Por outro lado, Thurnstone (1931) define este construto como um afeto pró ou contra um objeto psicológico. Outros autores, a exemplo de Smith, Bruner e White (1956) e Thurnstone (1931) também consideram um componente afetivo em suas definições de atitudes, de modo que estas predispõem as condutas direcionadas aos objetos.

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49 específico. Os autores atribuem, neste modelo, maior papel à intenção comportamental para a emissão de um dado comportamento.

Gawronski (2007) identificou que as definições mais recentes deste construto variam entre a visão de que as atitudes são entidades estáveis armazenadas na memória (Fazio, 2007) e a conceituação das atitudes como julgamentos temporários construídos por meio de uma informação disponível (Schwarz, 2007).

Neste âmbito, partindo-se das definições apresentadas, verifica-se que existe uma concordância geral de que as atitudes representam uma avaliação de um objeto psicossocial percebido a partir de atributos dimensionais, a exemplo de bom ou ruim, benéfico ou nocivo, e desejável e indesejável (Ajzen, 2001; Ajzen & Fishbein, 2000; Eagly & Chaiken, 1993). Esta definição encontra-se intimamente relacionada à sua estrutura e tem sido foco de diversos estudos que visam conhecer os componentes das atitudes (Katz, 1960; Rosenberg & Hovland, 1960; Herek, 1986). Tomando por base este argumento, a seguir serão apresentadas as principais perspectivas quanto a estruturação das atitudes.

2.2. Estrutura das Atitudes

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50 Ballachey, 1962). Esta visão das atitudes como formadas por três componentes é a perspectiva mais proeminente no estudo da estrutura interna das atitudes, a seguir estes componentes serão definidos de maneira breve.

Em relação ao componente cognitivo refere-se às crenças, conhecimentos, informações e opiniões por meio dos quais se expressam as atitudes, podendo estes ser de ordem consciente ou inconsciente (Rosenberg & Hovland, 1960). Este componente envolve avaliações do objeto como favorável ou desfavorável, desejável ou indesejável, bom ou ruim, e compreende, ainda, as crenças sobre a maneiras favoráveis ou desfavoráveis de responder a um determinado objeto (Krech et al., 1962)

No que diz respeito ao componente afetivo, reporta-se às respostas afetivas e fisiológicas expressas nas atitudes (Beckler, 1984). Em outras palavras, este componente refere-se às emoções conectadas ao objeto atitudinal, de modo que o mesmo possa ser avaliado em termos de agradável ou desagradável e é esta dimensão afetiva que dá a atitude sua característica motivacional (Krech et al, 1962).

Enquanto que o componente comportamental está relacionado aos processos que possibilitam a estruturação de uma intenção comportamental, preparando o indivíduo para agir de determinada maneira (Beckler, 1984). Neste âmbito, as atitudes humanas propiciam um estado de prontidão, que, se forem ativadas resultarão em um determinado comportamento (Newcomb, Turner, & Converse, 1965).

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51 Breckler (1984) também testou a validade do modelo tridimensional das atitudes por meio de uma amostra de universitários, baseando-se em cinco pressupostos principais, a saber: a necessidade de utilizar medidas verbais e não verbais para avaliação de afetos e comportamentos; as medidas dependentes devem assumir as formas de respostas a um objeto atitudinal; múltiplas medidas independentes são necessárias; deve ser utilizada uma abordagem exploratória ao invés de confirmatória, o que requer uma classificação, a priori, das medidas de afeto, comportamento e cognição; e todas as medidas dependentes devem ser dimensionadas em um continuum de avaliação comum. Os resultados encontrados pelo autor suportam os estudos que defendem este modelo, observando uma forte distinção entre os três componentes das atitudes, sendo mais adequando que um modelo que considere apenas um componente.

Não obstante, alguns autores defendem uma bidimensionalidade na estruturação das atitudes ao levar em conta apenas os componentes cognitivo e afetivo (Zajonc & Marcus, 1982). Nesta direção, Verplanken, Hofstee e Janssen (1998) constataram em um estudo com 222 universitários, as diferenças entre a acessibilidade dos componentes afetivos e cognitivos das atitudes, confirmando a validade do modelo bicomponente das atitudes.

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52 mesmos aceitariam chineses em seu estabelecimento e dos 128 que responderam, 92% disseram que não, o que demonstra uma incoerência entre atitudes e comportamentos.

Fishbein e Azjen (1975) também procuraram estudar a relação entre atitudes e comportamentos por meio da Teoria da ação racional, postulando que o antecedente imediato de um comportamento é a intenção para desempenhá-lo, de modo que quanto mais forte for a intenção maior a probabilidade de o comportamento ser realizado. Este modelo considera dois determinantes principais da intenção, o primeiro seriam as atitudes, referindo-se a uma avaliação favorável ou desfavorável ao comportamento em questão, já o segundo componente seria a norma subjetiva, caracterizada pela percepção da pressão social para realizar ou não aquele comportamento (Ajzen & Madden, 1986). Neste âmbito, a influência das atitudes no comportamento se daria de maneira indireta por meio de seu papel na intenção comportamental.

Talvez por isso alguns autores consideram uma visão unicomponente, definindo a atitude como uma quantidade de afeto direcionada a favor ou contra um objeto, sendo a mesma uma variável latente que influencia ou guia o comportamento (Eagly & Cheiken, 2007; Mauro & Neiva, 2011).

Por outro lado, estudos mais recentes têm considerado os domínios afetivo, cognitivo e comportamental como correlatos das atitudes e não como componentes de sua estrutura, a exemplo de Zanna e Rempel (1988). Estes autores defendem a ideia de que as atitudes podem se desenvolver a partir de informações afetivas - como é o caso do condicionamento - informações cognitivas – avaliações baseadas no conhecimento –

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53 Como pode ser observado, diversos modelos têm sido desenvolvidos com o intuito de estudar as atitudes e sua relação com o comportamento e outros construtos (e.g., Kim & Hunter, 1993; Kwan & Bryan, 2010; Lawton, Conner, & McEachan, 2009). Existem controvérsias quanto aos componentes das atitudes e quanto ao seu papel no comportamento. Verifica-se que, além de estudar os componentes das atitudes, importância significativa também tem sido dada às suas funções, o que será abordado no tópico seguinte.

2.3. Funções das Atitudes

As primeiras teorias sobre as funções das atitudes foram propostas a partir dos anos 1950 (Smith, Bruner, & White, 1956; Katz, 1960; Katz & Stotland, 1959; Kelman, 1958, 1961). De modo pioneiro, Smith et al. (1956) sugeriram três funções para as atitudes, a saber: avaliação, ajustamento social e externalização. A primeira função diz respeito ao papel nas atitudes na percepção dos atributos positivos e negativos de um determinado objeto. No que tange à segunda função, refere-se ao papel das atitudes em mediar a relação entre o indivíduo e os demais, de modo que facilitam a interação com estes últimos. Por fim, a função de externalização cumpre o papel de defender o eu de conflitos internos.

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54 alcançarem objetivos desejáveis e evitar resultados negativos. A função protetora do

“ego”, a terceira função elencada, deriva de princípios psicanalíticos e ajuda na

manutenção da autoestima e por fim, a função expressiva de valor que permite que os indivíduos utilizem as atitudes para a transmissão de informações sobre seus valores e autoconceitos.

Partindo-se das funções das atitudes postuladas nos modelos anteriores, Shavitt (1990) procurou conhecer a relação entre atitudes e objetos atitudinais e propõe que as atitudes em relação aos objetos tendem a predispor uma função específica das atitudes. Ademais, o autor sugere que alguns fatores, como por exemplo, a personalidade e os fatores situacionais, possuem implicações nas funções das atitudes. Neste âmbito, as funções das atitudes sofrem influenciam não apenas dos objetos a que se destinem, mas também de fatores individuais, como a personalidade, e fatores de ordem situacional, externos ao indivíduo e objetos.

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55 Em resumo, as atitudes servem para permitir a obtenção de recompensas e evitação de castigos; proteger a autoestima e evitar ansiedade e conflitos; ajudar a ordenar e assimilar informações complexas; refletir convicções e valores; e, por fim, permite o estabelecimento da identidade social (Rodrigues, Assmar, & Jablonsky, 2009).

2.4. Principais Teorias

Diversas são as teorias acerca das atitudes. Entretanto, dentre estas, as teorias da coerência cognitiva e mudança de atitudes merecem destaque. As teorias da coerência cognitiva baseiam-se na hipótese de que, caso surja alguma incoerência entre os elementos cognitivos, as pessoas serão motivadas a restaurar a harmonia entre esses elementos (Michener, DeLamater, & Myers, 2005).

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56 Festinger (1957) também formulou uma importante teoria na área da coerência cognitiva: a Teoria da dissonância cognitiva. Esta teoria parte do princípio que existem três relações possíveis entre quaisquer duas cognições: são coerentes se uma decorre de forma natural da outra; dissonantes se uma implica o contrário da outra; e irrelevantes quando os elementos não têm relação entre si (Michener et al., 2005). A dissonância cognitiva é um estado de tensão psicológica induzida pelas relações dissonantes entre os elementos cognitivos (Lima, 2002). Ela comumente ocorre em duas situações: 1) depois de uma decisão, ou 2) quando alguém atua de maneira incoerente com suas crenças. As principais maneiras de reduzir a atitude são: desvalorização dos elementos dissonantes da alternativa rejeitada; valorização dos elementos consonantes ao escolhido; tentativa de tornar irrelevantes os elementos dissonantes; busca de apoio social para o assumido (Rodrigues et al., 2009).

No que concerne à mudança de atitudes, Krech, Crutchfield e Ballachey (1962) afirmam que tal mudança tem estado associada mais fortemente ou a uma mudança no sinal da atitude (de positivo para negativo ou de negativo para positivo) ou a uma diminuição na quantidade de positividade ou negatividade. Este tipo de mudança é referido como mudança incongruente. Por outro lado, a mudança congruente de atitudes é quando a mudança é congruente com o sinal da atitude existente previamente, isto é, um aumento na positividade ou negatividade da atitude. Para os autores, mudança congruente é sempre mais fácil de produzir que mudança incongruente.

Imagem

Figura 1. Modelo estrutural dos valores humanos (adaptado de Bilsky, 2009, p.
Figura 2. Congruência das subfunções dos valores básicos
Figura 3. Gráfico dos valores próprios da escala de atitudes (método Osgood).
Figura 4. Curva característica dos itens 12 e 22 da escala de Atitude (método Osgood)
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Referências

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