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Patrimônio cultural imaterial. “Bem cultural de natureza imaterial: que é isso?”

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Academic year: 2018

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o o

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S

S

I

Ê

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL

«BEM CULTURAL DE NATUREZA IMATERIAL: QUE

ONMLKJIHGFEDCBA

É

ISSO?»

1

QUESTIONAMENTOS

VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

r

E

interessante obser-var desde logo que, no conjunto da pro-gramação do Semi-nário comemorativo dos 60 anos do IPHAN, esta mesa-redonda é a única cujo tema foi formulado sob o

modo de um

E D U A R D O D IA T A H Y B. D E M E N E Z E S *

R E S U M O

A p a rtir d o q u e s tio n a m e n to p ro p o s to n o

s u b títu lo d o te x to , o a u to r a n a lis a o s e q u ív o c o s

c o n c e p tu a is q u e n a s c e m d a ló g ic a d ic o tô m ic a q u e

p re s id e o s e u m o d o d e o p e ra r p o r o p o s iç õ e s

b in á ria s e m u tu a m e n te e x c lu s iv a s . A s re fle x õ e s

c rític a s a p o n ta m p a ra a in c o n s is tê n c ia d a d is tin ç ã o

e n tre c u ltu ra "m a te ria l' e c u ltu ra "im a te ria l"; p a ra

o s d is p o s itiv o s d o p o d e r e d o s a g ra d o , q u e

c o n fig u ra m a m e m ó ria c o le tiv a , e p a ra a in c lin a ç ã o

c o n s e rv a d o ra q u e c o n fu n d e p a trim ô n io im a te ria l

c o m "fo lc io re e tra d iç õ e s p o p u la re s ". O a rtig o

e s b o ç a u m a d e fin iç ã o m a is c o n s e n tâ n e a d o q u e

s e ja o c o n ju n to d o s b e n s c u ltu ra is im a te ria is .

questionamento, visto que contém explícito um desa-fio teórico aos seus parti-cipantes, como se tivéssemos a responsabili-dade de buscar e sugerir uma resposta mais ou me-nos sistemática. As demais

mesas-redondas ou são reconstituições de fa-ses históricas de políticas preservacionistas na atuação dessa instituição, ou são apresentações de relatos de experiências diversas.

Tentarei, pois, colocar-me na perspectiva em que entendi o convite para participar desta mesa. Assim, começarei por levantar algumas indagações preliminares.

A primeira delas, naturalmente, dirá res-peito ao estatuto e à validade da distinção im-plícita no programa deste Seminário, que se propõe como temática a discussão do que seja

p a t r i m ô n i o c u l t u r a l i m a t e r i a l e dos rumos que

deve assumir uma política de preservação des-ses bens. Assim, gostaria de pôr em dúvida esse recurso praxiológico que dicotomiza os bens culturais em "materiais" e "não-materiais".

Essa pragmática decorre por certo do legado positivista que opera segundo uma lógica

biná-• D o u to r, P ro fe s s o r T itu la r d e S o c io lo g ia

(U n iv e rs id a d e F e d e ra l d o C e a rá e U n iv e rs id a d e

E s ta d u a l d o C e a rá ); P e s q u is a d o r l-A d o C o n s e lh o

N a c io n a l d e D e s e n v o lv im e n to C ie n tífic o e

T e c n o ló g ic o (C N P q ), m e m b ro d o In s trtu to H is tó ric o

d o C e a rá e d a A c a d e m ia C e a re n s e d e L e tra s ,

m e m b ro titu la r d a A s s o c ia tio n In te rn a tio n a le d e s

S o c io lo g u e s d e L a n g u e F ra n ç a is e (A IS L F ).

ria com pares antitéticos, do-minante no pensamento oci-dental. Especialmente no caso de que nos ocupamos, não creio na sua boa valida-de. Com efeito, sem os sím-bolos, sem as significações nele investidas, e sobretu-do sem os agentes culturais interpretantes, o chamado

p a t r i m ô n i o c u l t u r a l

ma-t e r i a l não passa de um

montão de escombros. In-versamente, o patrimônio

s i m b ó l i c o ou i m a t e r i a l

não teria existência real se-não imbricado em veículos ou suportes que o tomem objetivado, que forneça a sua concretude. É isso que justifica o esforço de arqueólogos no sentido de inferir a gênese da inteligência humana a partir do exame sistemático de antigos artefatos pro-duzidos ao longo dos tempos pré-históricos.? Do mesmo modo que um bem intangível, como por exemplo "honra", "autoridade", "pu-silanimidade", "bravura" etc., só é possível de ser apreendido, contrastivamente, encar-nados em pessoas reais, interagindo social-mente numa cultura historicamente dada e espacialmente situada, cujo

ethos

atribui sig-nificação a tais valores e atitudes.

Aliás, é bom que se diga que o documen-to que acompanhou o convite enviado pelos coordenadores do Seminário era bastante pru-dente nesse sentido. Daí a questão proposta no título desta mesa-redonda. Portanto, no seu sen-tido mais amplo, tal problemática se insere no plano analítico da p r o d u ç ã o s o c i a l d o

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t i d o .

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Nessa perspectiva, insistir na existência

de uma dicotomia do patrimônio cultural pa-rece constituir uma questão inadequada de que se originam certos equívocos que tenta-rei apontar nos questionamentos a seguir.

O segundo ponto reside no fato de a questão do patrimônio cultural e da produção social do sentido estar intimamente relaciona-da com a m e m ó r i a c o l e t i v a . Ora, esta

de-pende do nosso imaginário histórico, que manifesta intrínseca necessidade de ruínas ,visto que ele opera segundo a possi-bilidade incessante de atribuir significação aos materiais que vão compondo nosso cemitério cultural e conforme à organização institucional do l u t o mediante a representação da função

simbólica da morte.> Nessa perspectiva, por-tanto, é mister indagar: quais os limites da preservação? Ou: como cultivar uma concep-ção preservacionista sem recair numa espé-cie de necrofília c u l t u r a l ? Noutros termos,

em matéria de memória e de patrimônio

his-tórico-cultural, a indagação básica seria:

VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

q u e c o i s a s p r e s e r v a r e p o r q u ê ?

O p o r q u ê é, aparentemente, de resposta

mais fácil. A espécie humana parece movida por uma aspiração de transcendência, de supe-ração das limitações de sua condição, de um impulso para realizar melhor tudo quanto possa tomar-se mais belo, mais perfeito e mais dura-douro. Assim, mediante inúmeros artefatos e por meio da organização espacial da vida coletiva e individual, o homem estrutura as marcas de sua memória, assegurando a dimensão social e his-tórica da existência. Mas aí incide também a grande dificuldade em responder ao primeiro membro da indagação: q u e c o i s a s p r e s e r v a r ?

Sumariamente, pode-se dizer que o p o

-d e r constitui um dos eixos estruturadores da

memória coletiva. O outro é o s a g r a d o , que

configura a significação da existência por meio de um desejo de transcendência. Entre estes eixos, situa-se o dam o r t e , que estabelece uma

f i n i t u d e , acarretando a busca da superação pela

consciência de nossa temporalidade transitória e portanto por meio de lembranças acumula-das. Os dispositivos de poder constituem, po-rém, o elemento primordial para a resposta a

essa questão. Eis por que Jacques Le Goff cha-ma a atenção para a importância da memória coletiva na luta das forças sociais para dominar o corpo social. Desse modo, assegurar a posi-ção de senhores da memória e do esquecimen-to tem sido uma preocupação constante das classes, dos grupos e dos indivíduos que domi-naram e dominam as formações sociais. E os silêncios da história são reveladores desses dis-positivos de manipulação da memória coletí-va." Ora, numa ordem social hierarquizada e exc1udente, é fácil de supor como são discriminatórios os mecanismos de seleção, de consagração e de preservação da memória e do patrimônio. Por outro lado, nas sociedades ar-caicas e tradicionais, ou mesmo nas camadas

espoliadas das sociedades modernas,

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à margem das tecnologias da escrita e correlatas, a

memó-ria é assegurada sobretudo pelos recursos da narratividade oral (lendas, mitos, epopéias, con-tos e cancon-tos, etc.) e também mediante artefacon-tos e marcas iconográficas.

Antes de passar à segunda parte, onde tentarei esboçar uma resposta à indagação pro-posta a esta mesa, um derradeiro questionamento vai reter a minha reflexão aqui. Várias pistas, vários indicadores, a maioria das manifestações aqui feitas, inclusive o documento a que me referi no início, o qual se orienta abertamente nesta direção, e mesmo o logotipo que vem no cartaz deste Seminário Conde aparece a foto de uma cerâmica popular representando dois cantadores), todo esse conjunto de indicações anuncia claramente uma confusão ou uma as-sociação automática entre p a t r i m ô n i o

Imateríal e " c u l t u r a p o p u l a r " tal como esta é

entendida pelos folcloristas.> Por outro lado, parece legítimo inferir que, dessas tomadas de posição configurando uma pretendida nova ori-entação, tudo se passa como se a anterior polí-tica do IPHAN em matéria de preservação estivesse voltada exclusivamente para o

p a t r i m ô n i o m a t e r i a l , visto como o acervo de

monumentos e bens culturais de alto valor e significação cujap e r e n i d a d e era sua tarefa

asse-gurar, e que, agora, numa como grande inflexão de rumos, dever-se-ia voltar para op a t r i m ô n i o

i m a t e r i a l , entendido como o conjunto de

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pressões da cultura popular, cuja

VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

p e r e c i v i d a d e

e fragilidade necessitasse de apoio oficial ur-gente antes que essas sobrevivências desapa-reçam. Ou seja, não se trata mais de preservar ruínas, mas de preservar coisas, atos e gestos viventes - o que me parece uma contradição nos termos. Algo como restaurar no interior do IPHAN o velho Instituto Nacional do Folclore, espécie de UTI da cultura popular.

Mas de onde vem essa

ONMLKJIHGFEDCBA

n o s t a l g i a

p a t e r n a l i s t a com odores do estilo estadonovista?

Por que essa insidiosa inclinação dos represen-tantes de nossa tradição letrada no sentido de encerrar as classes subalternas dentro do círculo hermenêutico das chamadas " t r a d i ç õ e s p o p u

-lares", que devem ser preservadas a todo cus-to? Por que esses setores de nossa inteligência jamais propuseram projetos para estimular

trans-f o r m a ç õ e s p o p u l a r e s ? Qual a significação mais

funda dessa operação ideológica do dissimula-do conflito presente no plano da cultura?

No meu entendimento, gostaria- de subli-nhar com ênfase que essa atitude equivocada comporta um etnocentrismo, acrescido de

m a u v a i s e c o n s c i e n c e que não se reconhece, e

por isso oculta uma posição seriamente reacio-nária. Seria bom não esquecer, a propósito, a arguta observação de Roger Bastide segundo a qual o F o l k l o r e surge, na Europa, como ciência,

no momento em que ele desaparece como rea-lidade. Portanto, é preciso refletir com serieda-de sobre a real significação serieda-dessa proposta, visto ser legítimo indagar: p o r q u e p r e s e r v a r c f i c i a l

-m e n t e s i m u l a c r o s d e r e p r e s e n t a ç õ e s p o p u l a r e s

q u e c o r r e s p o n d e r a m a o u t r a s m a t r i z e s s o c i o

-c u l t u r a i s d e f a s e s u l t r a p a s s a d a s d e s u a h i s t ó r i a ,

c o m o s e f o s s e m c o i s a s q u e d e v e s s e m e t e r n i z a r

-s e n u m c o n g e l a d o r d a c u l t u r a ? P o r q u e e s s e i n

-t e r e s s e b o n d o s o e p a t e r n a l i s t a , q u e n a v e r d a d e

t e n d e a r e t i r a r op o v o d e d e n t r o d a H i s t ó r i a , o s s i f i c a n d o a s d i f e r e n ç a s e o e x ó t i c o d a s m a n i -f e s t a ç õ e s f o l c l ó r i c a s , a o i n v é s d e p r o p i c i a r m e

-l h o r e s c o n d i ç õ e s d e v i d a p a r a u m p o v o q u e s e

t r a n s f o r m a , e e s t i m u l a r a s u a i n v e n t i d a d e n a

b u s c a d e n o v a s f o r m a s d e e x p r e s s õ e s e s t é t i c a s ''

Por outro lado, é claro que essas manifestações populares constituem também um d o s d a d o s a

serem registrados como dimensões da memória

80

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R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS V . 3 1 N . 1 2 0 0 0

coletiva e do patrimônio cultural da nação, mas não podem ocupar o espaço central de uma nova fase de nossa política de preservação.

Enfim, dou um exemplo para ilustrar o meu argumento. Recorro por isso ao belo e for-te momento de fruição estética que foi o

Balé

Kõi-Gíiera,

apresentado pela EDISCA, justamen-te na solenidade de abertura do Seminário. Sig-nificativamente, o título desse balé se traduz por «O

que será

Morto». Que dignidade e que beleza expressas nos corpos e nos movimentos de suas crianças e adolescentes! Que diferença em relação à cultura da miséria e da resignação! Esse espetáculo, por acaso, tem algo a ver com a chamada cultura popular dos folcloristas tadicionais? E, não obstante, é feito por artistas oriundos das camadas populares. A sua grande-za e o impacto emocional que nos proporciona residem no fato de fusionar na sua elaboração estética todos os níveis culturais enraizados em nossas origens, e por isso aponta no rumo de uma criação universal. Se eu quisesse resumir num dístico a sua definição, eu inverteria o co-nhecido verso de Mário de Andrade: éu m t u p i

t a n g i d o p o r u m a l a ú d e !

E já que significativa parte do Seminário se faz sob a égide de uma vertente de interpre-tação tradicionalista da obra de Mário de Andrade, proponho à nossa reflexão esta defi-nição maliciosa e provocadora que Oswald de Andrade dá, em seu D i c i o n á r i o d e B o l s o , para

seu companheiro de modernismo:

M á r i o d e A n d r a d e

M a c u n a í m a t r a d u z i d o . A u t o r d e u m a c a n ç ã o

p a r a f a z e r os e r i n g u e i r o d o r m i r e m v e z d e s e

r e v o l t a r . D e o u t r a , p a r a q u a n d o e n c o n t r a r o c a p i t ã o P r e s t e s , e n g a b e l â l o c o m n o m e s d e p e i

-x e s e a t r a p a l h a r a s s i m a r e v o l u ç ã o s o c i a l ?

Ou então estes versos de António Aleixo, poeta popular português, referindo-se à sua condição de artista subalterno:

T u n ã o t e n s v a l o r n e n h u m ,

A n d a s d e b a i x o d o s p é s ,

A t é q u e a p a r e ç a a l g u m

(4)

TENTATIVA DE RESPOSTA

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Se aceitarmos provisoriamente e para efei-tos didáticos a dicotomia que submeti a questionamento na primeira parte, poder-se-ia tentar responder, no interior dessa distinção, a

indagação que desafia esta mesa-redonda:

VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

q u e s e r i a m

bens culturais imateriaís?

Sirvo-me de uma distinção mais subtil de

Ortega

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y Gasset para refinar a reflexão sobre o tema. Lembra ele que quando se quer entender

um ser humano, a sua vida, procuramos antes de tudo averiguar quais são suas idéias. Desde que o homem ocidental acredita possuir um "sentido histórico", é esta a exigência mais ele-mentar, visto que influem fortemente sobre sua existência as suas idéias e as idéias de seu tem-po, os pensamentos que lhe ocorrem acerca disto, daquilo, do próximo, do mundo, ete. Elas podem comportar diversos graus de verdade, inclusive podem ser "verdades científicas". Viver é haverse com tais idéias em relação a algo -em relação com o mundo ou consigo mesmo. Mas tudo isso já lhe aparece sob a espécie de uma

ONMLKJIHGFEDCBA

i n t e r p r e t a ç ã o .

Aqui nos deparamos com outro estrato de idéias, porém mui diferentes das que um homem tem. A essas "idéias básicas" o filósofo espanhol chama de c r e n ç a s , que não nos

che-gam numa hora ou numa data de nossa vida, não são, em suma, pensamentos que temos, mesmo aqueles de grande rigor lógico. Ao con-trário, as "crenças" constituem o continente de nossa vida e, por isso, não possuem o caráter de conteúdos particulares dentro desta. Portan-to, não são idéias que temos, mas sim,

idéias

q u e s o m o s ?

Assim, g r o s s o m o d o , a configuração mais

ou menos sistêmica de idéias e sobretudo de crenças que compõem a cultura, e que se tradu-zem em atos e interações, constituem o elemen-to fundante de nossa onelemen-tologia social. Não são propriamente um domínio ou um campo entre outros. Mas sim, a dimensão ôntica de socieda-des humanas e seus indivíduos. Portanto, no nível de análise em que me situo, é quase im-possível, conforme tenho insistido, distinguir uma faceta material e outra intangível dessa

constelação a que chamamos 'cultura' ou 'patrimônio cultural'. A não ser para fins prag-máticos de exposição.

Neste nível, pois, e no limite, os b e n s c u l t u r a i s i m a t e r i a i s seriam os registros de

pa-drões de percursos duradouros em nosso siste-ma nervoso central. Mas aí também se revela a sua inelutável materialidade, pois que tais pa-drões se inscrevem em estruturas bioquímicas. Do mesmo modo que uma canção ou uma ima-gem só podem ser percebidas se objetiva das em registros sonoros ou visuais, em ritmos ou plasticidades, etc. Senão, cairíamos num subjetivismo fantasmático ou solipsista.

Sumariamente, portanto, b e n s c u l t u r a i s i m a t e r i a i s são um m o m e n t o do incessante

pro-cesso sociocultural e se compõem de coisas como:

• Um estoque de conhecimentos ou

sa-b e r e s , intimamente ligados a

• Um estoque de f a z e r e s , e ambos

me-diados por

T e c n o l o g i a s c o g n i t i v a s ,

sistematiza-das pela experiência coletiva: Ler,

Escrever, Calcular, Desenhar, Pintar, Ritmar, Cantar,

Dançar, etc.... Tudo isso regulado por

N o r m a s , c r e n ç a s e v a l o r e s ; e pelos C ó d i g o s e s i n t a x e s de nossas

dife-rentes linguagens, expressas em

I m a g e n s , f o r m a s e c o n s t e l a ç õ e s , que

se constroem mediante

I m a g i n á r i o s múltiplos, apoiados sobre

• Técnicas e lugares da m e m ó r i a .

Em conclusão, b e n s c u l t u r a i s i m a t e r i a i s

se compõe de tudo aquilo que se incorpora e constitui nossas atitudes e condutas. Analitica-mente, são um momento do processo cultural que não necessita de outros registros, pois fa-zem parte dos códigos que instituem os homens como seres semióticos, são parte integrante de nossa e s t é t i c a - e m - u s o .

(5)

Qualquer outra forma de registro, como suportes da memória - fotos, filmes, gravações, CD-Rom, DVD, etc. - são exteriorizações que materializam o patrimônio cultural. E o que é pior: no caso das criações populares, tendem quase sempre à sua "folclorização", no sentido pejorativo do termo.

Mas, enfim, qualquer empreendimento

nessa direção implicará também a sua necessária

ONMLKJIHGFEDCBA

t e o r i z a ç ã o : identificação, definição, inventário,

classificação,

VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

t h e s a u r u s , hermenêutica, ete. Eis

o rumo que me parece válido para a reflexão.

N O T A S

Comunicação apresentada no Simpósio Internaci-onal.PATRIMÔNIO CULTURALIMATERIAL-,nos 60 Anos do IPHAN, sob o patrocínio da UNESCO, Fortaleza, de 10 a 14 de novo de 1997.

CL, entre outros, LEROI-GOURHAN, André: L e G e s t e e t I a P a r o l e - t. I: Technique et Langage.

Pa-ris: Albin Michel, 1977.

Cf.:JEUDY, Henri-Pierre: M é r n o i r e s d u S o c i a l .

Pa-ris: PUF, 1986.

CL LE GOFF, Iacques: H i s t o i r e e t M é m o i r e . Coll.

Folio-histoire. Paris: Gallimard, 1988, p. 109.

hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

v .,

por exemplo, o texto da comunicação

apresen-tada por Fernando Augusto GO ÇALVES:

P a t r i m ô n i o I m a t e r i a l , u m a q u e s t ã o m u n d i a l q u e

t o c a p r o f u n d a m e n t e oB r a s i l , onde o autor

su-8 2 R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS V . 31 N . 1 2000

6

põe nitidamente tal definição e faz declarações patéticas tais como: -Tesouros H u m a n o s V i v o s

c ...) , O b r a s P r i m a s d o P a t r i m ô n i o O r a l d a H u -m a n i d a d e , são denominações dadas a sistemas

de proteção e salvaguarda da cultura e tradição popular no mundo [sic].Cabe ao Brasil criar o seu ... O que não se pode é perder o privilégio dessa oportunidade criada pelo IPHAN, deixando que o nosso riquíssimo patrimônio imaterial continue à

mercê das intempéries políticas, administrativas, ou mesmo factuais, posto que [sic] o desapareci-mento de um mestre ocasiona a perda de um ines-timável acervo de saber, que não foi registrado ... Cada mestre que morre e que - por falta de um sistema que assegure condições de transmissão do seu conhecimento, a um novo sucessor -leva consigo uma parte da tradição oral do povo brasi-leiro- Tal retórica pode ser emocionante, porém é analiticamente indigente.

Para uma crítica bem informada desse "espírito de antiquário" ver ORTIZ, Renato: R o m â n t i c o s e F o l c l o r i s t a s .São Paulo: Olho d'água, 1992.

Cf.: A -DRADE, Oswald: D i c i o n á r i o d e B o l s o .

-Obras Completas de Oswald de Andrade-. São Paulo: Globo / Secretaria de Estado da Cultura, 1990, p. 106.

A p u d GUERREIRO,M. Viegas:P a r a a H i s t ó r i a d a L i t e r a t u r a P o p u l a r P o r t u g u e s a .Lisboa: Instituto de

Cultura Portuguesa, 1978, p. 24.

Cf.: ORTEGAY GASSET,José: I d e a s y C r e e n c i a s .

Madrid: Revista de Occidente, 1959, pp. 3-5.

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