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Ansiedade e Habilidades Psicológicas em Atletas de Pólo Aquático

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Academic year: 2021

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Universidade de Coimbra

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

Ansiedade e Habilidades Psicológicas em Atletas de Pólo Aquático

Duarte Nuno David Fialho Penas

2004/2005

(2)

Monografia realizada no âmbito do seminário

“Ansiedade e Habilidades Psicológicas em Atletas de Pólo Aquático”, do ano lectivo de 2004/2005, com vista à obtenção da Licenciatura em Ciências do Desporto e Educação Física.

Coordenador: Prof. Doutor José Pedro Ferreira Orientador: Mestre Pedro Gaspar

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor José Pedro Ferreira pelo rigor da coordenação.

Ao Mestre Pedro Gaspar, pela sábia orientação, pelo rigoroso acompanhamento, pela disponibilidade total e sobretudo pelo apoio prestado na consecução deste trabalho.

A todos os atletas e treinadores pela preciosa colaboração e disponibilidade demonstradas na recolha dos dados, sem os quais este trabalho não teria sido possível.

A todos os colegas do seminário pela inter-ajuda, pela disponibilidade para o esclarecimento de dúvidas e pelo apoio prestado.

À minha mãe, ao meu pai, ao meu irmão e familiares, por me terem proporcionado a oportunidade de tirar o curso e terem estado sempre prontos a ajudar.

Ao Filipe Lopes e ao Filipe Silva, meus inseparáveis amigos e companheiros ao longo destes últimos quatro anos, que sempre me souberam animar e apoiar e que sempre estiveram presentes quando foi preciso.

A todos os meus amigos, especialmente aqueles que considero irmãos, por tudo aquilo que são e representam, por toda a ajuda prestada nos bons e nos maus momentos e por toda a compreensão e incentivo demonstrados ao longo destes últimos anos.

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Resumo

Este trabalho teve como objectivo principal realizar uma descrição e uma caracterização psicológica dos atletas praticantes da modalidade de Pólo Aquático, na 1ª Divisão Nacional de Pólo Aquático Masculino na época de 2004/2005 e como objectivos específicos: descrever e caracterizar os valores médios obtidos pelas equipas, para cada uma das variáveis psicológicas estudadas, em cada um dos momentos de avaliação; investigar a relação existente entre as habilidades psicológicas, o traço de ansiedade e o estado de ansiedade nos atletas da primeira divisão de Pólo Aquático Nacional; ainda relativamente às habilidades psicológicas e à ansiedade competitiva procurámos analisar a relação existente entre estes factores e as seguintes variáveis (idade, anos de experiência na modalidade, anos de experiência na 1ª Divisão do Campeonato Nacional, posto específico, experiência internacional e número de jogos por ano).

Os participantes são atletas (n = 93) da 1ª Divisão Nacional de Pólo Aquático Masculino, cujas idades variam entre os 16 e os 41 anos (média = 23,16 e desvio padrão = 5,58). Estes atletas representaram nesta época os 8 clubes de Pólo Aquático integrados no Campeonato Nacional Absolutos Masculinos da 1ª Divisão Pólo Aquático, da Federação Portuguesa de Natação: Sport Comércio e Salgueiros (n = 16); Portinado (n = 8); C. N. Amadora (n = 15); C.D.U.P. (n = 11); Aminata (n = 14); C.F. “Os Belenenses” (n = 10); C.F. Portuense (n = 13) ; Clube Propaganda de Natação (n = 6).

Os resultados do estudo relativos à caracterização psicológica dos atletas estudados mostram-nos que as habilidades psicológicas com valores mais elevados dos atletas de pólo aquático são a treinabilidade e a concentração. Por outro lado as habilidades psicológicas com os menores valores são a formulação de objectivos e preparação mental e a ausência de preocupações.

Quanto ao traço de ansiedade verificámos que os atletas apresentam níveis elevados de ansiedade somática, contrastando com a perturbação da concentração, onde se verificaram os valores mais baixos.

Por sua vez no estado de ansiedade competitiva a sub-escala com valores mais elevados é a auto-confiança, e a sub-escala com valores mais baixos é a ansiedade somática.

(5)

ÌNDICE

Capítulo I – Introdução………..1

1 - Objectivos e Pertinência do Estudo……….1

1.1 - Objectivo Geral……….1

1.2 - Objectivos Específicos……….1

1.3 - Pertinência do Estudo………...2

2 - Formulação de Hipóteses……….2

Capítulo II - Revisão de Literatura………..5

1 - Habilidades Psicológicas………..5

1.1 - Definição de Habilidades Psicológicas………6

1.2 - Habilidades Psicológicas e Rendimento Desportivo………6

1.3 - Habilidades Psicológicas – diferenças entre atletas de elite e não elite………...8

2 – Ansiedade……….10

2.1 - Definição de Ansiedade………..11

2.2 - Traço de Ansiedade e Estado de Ansiedade………...12

2.3 - Ansiedade Somática e Ansiedade Cognitiva………..13

2.4 - Fontes de Ansiedade………...14

2.5 - Teorias e Modelos Explicativos da Ansiedade………...15

2.5.1 - Teoria do Drive………15

2.5.2 - Teoria da Hipótese do U-invertido………..16

2.5.3 - Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva………..16

2.5.4 - Teoria da Zona Óptima de Funcionamento Individual………16

2.5.5 - Modelo da Catástrofe da Ansiedade e Performance………17

2.5.6 - Modelo Cognitivo, Motivacional e Relacional da Ansiedade do Rendimento Desportivo………..17

2.6 - Relação entre Ansiedade e Performance………17

2.7 - Estudo da Ansiedade em Desportos Colectivos……….19

3 - Relação entre Ansiedade, Habilidades Psicológicas e Performance………...22

Capítulo III – Metodologia………...24

1 – Amostra………24

2 - Instrumentos de Medida……….24

2.1 – Questionário de Experiência Atléticas………...24

2.2 – Questionário de Reacções à Competição………...25

(6)

2.3 – CSAI-2 (“Competitive State Anxiety Inventory – 2“)………26

3 – Procedimentos………...26

3.1 - Procedimentos Operacionais………26

3.2 - Procedimentos Estatísticos………...27

Capítulo IV - Apresentação e Discussão dos Resultados……….28

1. Análises Descritivas………...28

2. Correlação entre habilidades psicológicas, o traço de ansiedade e o estado de ansiedade……….38

3. Relação entre as variáveis psicológicas e a idade………...39

4. Relação entre as variáveis psicológicas e os anos de experiência na modalidade..40

5. Relação entre as variáveis psicológicas e os anos de experiência na 1ª Divisão Nacional………..42

6. Relação entre as variáveis psicológicas e a experiência internacional…………...43

7. Relação entre as variáveis psicológicas e o número de jogos por ano…………...44

8. Diferenças em função da idade………...45

9. Diferenças em função da experiência na modalidade……….47

10. Diferenças em função da experiência na 1ª Divisão……….49

11. Diferenças em função do posto específico………....50

12. Diferenças em função da experiência internacional………...51

13. Diferenças em função do número de jogos por ano……….54

14. Diferenças entre as equipas………..56

Capítulo V – Conclusões………..58

1. Conclusões………..58

Capítulo VI – Recomendações e Limitações………...62

1. Recomendações………...62

2. Limitações………...62

Bibliografia………63 Anexos

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Índice de Gráficos

Gráfico I – Frequências relativas à idade………28 Gráfico II – Frequências relativas aos anos de experiência na modalidade………30 Gráfico III – Frequências relativas aos anos de experiência na 1ª Divisão

Nacional………31 Gráfico IV – Frequências relativas às internacionalizações seniores………..33 Gráfico V – Frequências relativas ao número de jogos por ano………..35

(8)

Índice de Quadros

Quadro 1 – Frequências por classes, relativas aos anos de idade………29 Quadro 2 – Médias e desvios padrão relativos à idade, por equipa……….29 Quadro 3 – Frequências por classes, relativas aos anos de experiência na

modalidade……….30 Quadro 4 – Médias e Desvios Padrão relativos aos anos de experiência na modalidade, por equipas………..31 Quadro 5 – Frequências por classes, relativas aos anos de experiência na 1ª Divisão Nacional………..32 Quadro 6 – Médias e desvios padrão relativos às equipas, por anos de experiência na 1ª Divisão……….32 Quadro 7 – Frequências relativas ao posto específico………...33 Quadro 8 – Frequências por classes, relativas ao número de internacionalizações

seniores………34 Quadro 9 – Médias e desvios padrão do número de internacionalizações seniores, por equipa………...34 Quadro 10 – Frequências por classes, relativas ao número de jogos por ano…………35 Quadro 11 – Médias e desvios padrão do número de jogos por ano, por equipas…….36 Quadro 12 – Estatística Descritiva do Questionário de Experiências Atléticas (ACSI- 28)………36 Quadro 13 – Estatística descritiva do Questionário de Reacções à Competição (Sport Anxiety Scale)……….37 Quadro 14 – Estatística descritiva do CSAI-2………...37 Quadro 15 - Correlação entre as dimensões das habilidades psicológicas, o traço de ansiedade e o estado de ansiedade………...38 Quadro 16 – Correlação entre as variáveis psicológicas e a idade……….39 Quadro 17 – Correlação entre as variáveis psicológicas e os anos de experiência na modalidade………...40 Quadro 18 – Correlação entre as variáveis psicológicas e os anos de experiência na 1ª Divisão Nacional……….42 Quadro 19 – Correlação entre as variáveis psicológicas e a experiência internacional sénior………...43

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Quadro 20 – Correlação entre as variáveis psicológicas e número de jogos por ano....44 Quadro 21 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função da idade (ANOVA Oneway)………..45 Quadro 22 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função da idade (Post Hoc Tuckey HSD(a) e Games Howel(b))………...46 Quadro 23 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função dos anos de experiência na modalidade (ANOVA Oneway)……….47 Quadro 24 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função dos anos de experiência na modalidade (Post Hoc Tuckey HSD(a) e Games Howel(b))………..49 Quadro 25 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função dos anos de experiência na 1ª Divisão Nacional (ANOVA Oneway)………49 Quadro 26 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função dos anos de experiência na 1ª Divisão Nacional (Post Hoc Tuckey HSD(a) e Games Howel(b))……….50 Quadro 27 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função do posto específico (ANOVA Oneway)………..50 Quadro 28 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função da Experiência

Internacional sénior (ANOVA Oneway)……….51 Quadro 29 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função da experiência

internacional sénior (Post Hoc Tuckey HSD(a) e Games Howel(b))………..53 Quadro 30 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função do número de jogos por ano………...54 Quadro 31 - Diferenças nas variáveis psicológicas em função do número de jogos por ano (Post Hoc Tuckey HSD(a) e Games Howel(b))………55 Quadro 32 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função das equipas(ANOVA Oneway)………..56 Quadro 33 – Diferenças nas variáveis psicológicas em função das equipas (Post Hoc Tuckey HSD(a) e Games Howel(b))………...57

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Capítulo I – Introdução

Um número cada vez mais elevado de psicólogos desportivos e de especialistas têm vindo, nos últimos anos, a proceder ao estudo sistemático dos factores psicológicos que afectam o desporto competitivo e, nomeadamente, à investigação sobre as características psicológicas de atletas de elite e de alta competição (Cruz & Caseiro, 1996).

A competição desportiva é em si mesma uma experiência potencialmente ansiogénica, sendo que a ansiedade surge quando o atleta antevê, espera ou percebe que não será capaz de responder com êxito às exigências da competição, tendo esta relevância para si mesmo (Viana, 1989)

Os factores psicológicos são uma das razões que mais vezes são apontadas por diferentes agentes desportivos para justificar a obtenção de determinados resultados desportivos, principalmente quando as prestações do atleta ficam abaixo do esperado. Por isso, a preparação mental e psicológica tem vindo progressivamente a ganhar destaque e importância no processo de treino (Gomes & Cruz, 2001).

1. Objectivos e Pertinência do Estudo

1.1. Objectivo Geral

Com a realização deste estudo estabelecemos como objectivo geral realizar uma descrição e uma caracterização psicológica dos atletas praticantes da modalidade de Pólo Aquático, na 1ª Divisão Nacional de Pólo Aquático Masculino na época de 2004/2005.

1.2. Objectivos Específicos

A nível mais específico pretendemos estudar diversas variáveis, mas sobretudo as relações entre essas variáveis.

- Descrever e caracterizar os valores médios obtidos pelas equipas, para cada uma das variáveis psicológicas estudadas (idade, anos de experiência na modalidade, anos de experiência na 1ª Divisão do Campeonato Nacional, posto específico, experiência internacional e número de jogos por ano), em cada um dos momentos de

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- Investigar a relação existente entre as habilidades psicológicas, o traço de ansiedade e o estado de ansiedade nos atletas da primeira divisão de Pólo Aquático Nacional

- Ainda relativamente às habilidades psicológicas e à ansiedade competitiva procurámos analisar a relação existente entre estes factores e as seguintes variáveis:

idade, anos de experiência na modalidade, anos de experiência na 1ª Divisão do Campeonato Nacional, posto específico, experiência internacional e número de jogos por ano.

1.3. Pertinência do Estudo

Quanto a nós, o interesse na realização deste estudo advêm do facto de as variáveis psicológicas, dentro da Psicologia do Desporto, serem cada vez mais reconhecidas como factores determinantes para o sucesso desportivo, bem como o facto de existirem muito poucos ou nenhuns estudos na modalidade de Pólo Aquático que ajudem treinadores e atletas a melhorarem as suas performances e o seu nível competitivo, sendo que esta modalidade tem ainda um longo caminho a percorrer no que concerne à utilização e aplicação dos conhecimentos produzidos pela Psicologia do Desporto na preparação e competição no Pólo Aquático.

2. Formulação de Hipóteses

De acordo com os objectivos do estudo, formulámos as seguintes hipóteses:

H01 – Não existe relação estatisticamente significativa entre as diferentes dimensões das habilidades psicológicas, o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H02 – Não existe relação estatisticamente significativa entre a idade dos atletas e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H03 – Não existe relação estatisticamente significativa entre os anos de experiência na modalidade e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

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H04 – Não existe relação estatisticamente significativa entre os anos de experiência na 1ª Divisão e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H05 – Não existe relação estatisticamente significativa entre a experiência internacional e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H06 – Não existe relação estatisticamente significativa entre o número de jogos por ano e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H07 – Não existem diferenças estatisticamente significativas entre a idade dos atletas e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H08 - Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os anos de experiência na modalidade e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H09 – Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os anos de experiência na 1ª Divisão e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H10 – Não existem diferenças estatisticamente significativas entre a experiência internacional e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H011 – Não existem diferenças estatisticamente significativas entre o posto específico dos atletas e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

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H012 – Não existem diferenças estatisticamente significativas entre o número de jogos por ano e as diferentes dimensões das habilidades psicológicas e o nível de estado de ansiedade e o nível de traço de ansiedade.

H013 – Não existem diferenças estatisticamente significativas entre as equipas nas diferentes dimensões das habilidades psicológicas, no nível de estado de ansiedade e no nível de traço de ansiedade

(14)

Capítulo II - Revisão de Literatura

1. Habilidades Psicológicas

As habilidades psicológicas têm sido cada vez mais reconhecidas como factores determinantes no rendimento desportivos dos atletas, pelo que a preparação e integração do treino psicológico tem vindo a ganhar espaço no processo de treino (Weinberg & Gould, 2001).

Com a emergente presença das habilidades psicológicas no processo de treino torna-se importante continuar a investigar nesta área, mais concretamente, procurar saber quais as características psicológicas que diferenciam os atletas entre si e quais têm preponderância no desempenho de cada um, procurando compreender o modo como os atletas percepcionam e avaliam cada situação competitiva do ponto de vista cognitivo e que reacções, cognitivas e somáticas, são despoletadas consoante as diferentes situações de pressão competitiva sentidas pelos atletas (Gomes & Cruz, 2001).

Em qualquer prática desportiva, a performance e o resultado desportivo surgem sempre de uma combinação de factores físicos (força, velocidade, equilíbrio, resistência, coordenação) e de factores mentais (concentração, ansiedade, definição de objectivos, confiança), pelo que se torna fácil perceber a importância das habilidades psicológicas no desempenho desportivo (Weinberg & Gould, 2001).

È assim possível nos dias de hoje distinguir, ao nível das competências psicológicas, um conjunto de características que estão directamente associadas aos melhores rendimentos desportivos, sendo elas: altos níveis de motivação, valorização e interesse no rendimento desportivo individual, definição clara de objectivos, elevados níveis de autoconfiança, bem como uma elevada capacidade para lidar com acontecimentos inesperados (Gomes & Cruz, 2001).

Cruz (1996) refere que os atletas com menos problemas psicológicos são os que mais facilmente obtêm sucesso desportivo, sendo que se torna essencial a integração e o aumento da importância do treino de habilidades psicológicas no treino diário dos atletas.

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1.1.

Definição de Habilidades Psicológicas

Weinberg e Gould (2001) defendem que o treino de habilidades psicológicas consiste na prática sistemática e consistente de habilidades mentais ou psicológicas, integrando estas no processo de treino de maneira a serem praticadas regularmente e refinadas por meio do maior número possível de repetições.

O treino das habilidades psicológicas procura assim, ensinar os desportistas a promoverem e consequentemente a controlarem as suas competências psicológicas, integrando nas sessões de treino, programas estruturados de desenvolvimento de habilidades psicológicas, onde os atletas aprendem como se devem preparar mentalmente para o momento da competição, como devem lidar e reagir com as diversas pressões competitivas com que se deparam e como e quais as estratégias de controlo e regulação psicológica para combater essas mesmas pressões. Sendo que este trabalho deve englobar não só os atletas, mas também os treinadores, os dirigentes e os pais no sentido de atingir o sucesso desportivo (Gomes & Cruz, 2001).

Behncke (2004) divide os processos de treino de habilidades psicológicas em duas categorias, os métodos cognitivos e os métodos somáticos. Os métodos cognitivos incluem treino mental, imagética e visualização, ensaio visual e motor do comportamento e terapia cognitivo-comportamental. Os métodos somáticos incluem o bio-feedback, a relaxação muscular progressiva e a meditação.

1.2. Habilidades Psicológicas e o Rendimento Desportivo

A relação entre habilidades psicológicas e o rendimento desportivo tem sido alvo de intensos estudos, pelo que daremos uma visão geral das principais conclusões dos mesmos de seguida.

Gould (1992a) afirma que os atletas com mais sucesso desportivo são aqueles que revelam melhor concentração, níveis mais elevados de auto-confiança, mais pensamentos orientados para a tarefa, melhor definição de objectivos e níveis mais baixos de ansiedade, como também mais pensamentos positivos, mentalizações positivas na visualização do sucesso e mais determinação competitiva.

(16)

Numa consulta realizada por Gould et al. (1992) a atletas de elite e técnicos do Comité Olímpico norte-americano, estes indicaram o relaxamento, a concentração, a imagética, a coesão de equipe, o treino da atenção e concentração bem como de estratégias de diálogo interior como factores extremamente importantes na sua performance desportiva.

Orlick e Partington (1988), citados por Gould (1992), analisaram atletas olímpicos canadenses e concluíram que os atletas que actuavam na sua performance máxima, utilizavam planos de competição, avaliações do desempenho e estratégias de canalização positiva da ansiedade, praticavam também mentalização positiva, revelavam confiança elevada e estabeleciam objectivos diários para os treinos.

Relativamente ás intervenções psicológicas em equipas e ambientes competitivos, Greenspan e Feltz (1989), citados por Weinberg e Gould (2001) concluíram que as intervenções educacionais baseadas na psicologia desportiva melhoram efectivamente o desempenho competitivo quer em crianças e adultos, em estudos realizados no esqui, boxe, golfe, karaté, ténis, patinagem artística, voleibol, ginástica e basquetebol.

Weinberg e Gould (2001), referem, relativamente a ambientes competitivos, que para uma intervenção psicológica ser efectiva e produzir os resultados esperados deverá ser individualizada, sistematizada durante toda a época competitiva e utilizar uma variedade de técnicas psicológicas para formar um programa de intervenção global e multifacetado.

A intervenção do psicólogo do desporto nos desportos colectivos deve assim recair sobre o estudo do estado psicofisiológico e psicológico dos atletas em condições de laboratório e campo nos diferentes momentos de preparação, no estudo das características de personalidade do desportista bem como da orientação psicopedagógica para a formação estável da personalidade, no conhecimento profundo do estado e da dinâmica de grupo da equipa em causa com vista a melhorar os processos de interacção grupal, no estudo e controlo dos factores, situações e problemas psicológicos relacionados com o rendimento e a eficácia nos treinos e nas competições e por último o apoio e a orientação do ponto de vista psicológico a problemas relacionados com a preparação técnico-táctica contribuindo para o desenvolvimento dos atletas (Veliz, 1999).

Para os autores Gomes e Cruz (2001), a aplicação prática do trabalho do

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crescimento e desenvolvimento pessoal dos atletas ou na melhoria e optimização do rendimento desportivo, sendo que de acordo com este autor este trabalho se torna concreto sob a forma de um Programa de Treino de Competências Psicológicas, aplicado em três fases: a sensibilização e educação dos atletas e outros agentes desportivos para a importância da aprendizagem de determinadas competências mentais, a aquisição, por parte do atleta de estratégias e técnicas que facilitem a aprendizagem das competências psicológicas, e por último, a fase prática, na qual o atleta interioriza o processo de aprendizagem anterior e integra o que aprendeu nas situações reais de competição.

Smith e Christensen (1995) realizaram um estudo com 104 atletas de baseball norte-americanos com o objectivo de avaliar a importância das capacidades físicas e psicológicas na predição da performance e na manutenção no desporto. Os resultados indicaram que nesta população de atletas de elite, as habilidades psicológicas são relativamente independentes das capacidades físicas, estando ambas ligadas às variações e flutuações na performance.

1.3. Habilidades Psicológicas – diferenças entre atletas de elite e não elite

Como já foi referido anteriormente, o sucesso desportivo depende de uma combinação de factores físicos e mentais, pelo que é natural que os atletas mais bem sucedidos se destaquem quer nuns, quer noutros (Weinberg & Gould, 2001). Sendo assim apresentaremos neste sub-capítulo uma série de estudos que avaliam as diferenças entre os atletas de elite e não elite na utilização das habilidades mentais.

Mahoney et al. (1987) realizaram um estudo com 713 atletas masculinos e femininos e 16 psicólogos do desporto, sendo que 126 eram atletas de elite, 141 eram atletas de pré-elite e 446 eram atletas de não elite. A amostra de psicólogos de desporto foi escolhida com base no reconhecimento do seu trabalho. Todos os participantes preencheram o PSIS (Psichological Skills Inventory for Sport), sendo que aos psicólogos foi pedido que preenchessem o questionário da maneira que pensavam que o atleta ideal responderia. O estudo tinha dois objectivos principais, a identificação das habilidades psicológicas que têm preponderância na diferenciação dos atletas de elite e dos atletas menos bem sucedidos, e a comparação entre os perfis

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revelados pelos atletas de elite e os perfis idealizados pelos psicólogos do desporto para esses mesmos atletas de elite. Relativamente ás diferenças entre atletas de elite e de não elite, o estudo revelou que os atletas de elite são mais equilibrados nas experiências de medo e no controlo da ansiedade competitiva, são mais concentrados antes e durante a competição, são mais confiantes, a sua preparação mental é direccionada para a sua prestação individual, e são atletas mais motivados. Na comparação dos resultados dos atletas com os resultados dos psicólogos do desporto, o estudo revelou que o perfil dos atletas de elite era muito semelhante ao idealizado pelos psicólogos, sendo dado ênfase ao controlo da ansiedade, à concentração, á motivação, á preparação mental e á auto-confiança. A análise destes resultados levou ainda a concluir que, existem de facto habilidades psicológicas percebidas como muito importantes, tanto por atletas de elite como por psicólogos do desporto (controlo da ansiedade, concentração, motivação, preparação mental, auto-confiança) e que existem algumas diferenças nos perfis idealizados e nos perfis reais dos atletas de elite, nomeadamente na ansiedade pré-competitiva e em episódios de ataques de pânico revelados por alguns atletas de elite. Este estudo permitiu ainda uma comparação entre géneros, entre desportos individuais e colectivos, e entre desportos abertos e fechados. Quanto ao género, concluiu-se que as atletas femininas de não elite revelam menos auto-confiança, mais ansiedade e pressão competitiva que os atletas masculinos da mesma categoria. Na comparação entre desportos individuais e colectivos os resultados apontaram que os atletas de desportos individuais têm mais problemas de ansiedade, confiança e concentração na tarefa, sendo que os atletas de desportos colectivos apresentam índices mais elevados de envolvimento no sucesso/falhanço da sua equipa. No que diz respeito aos desportos abertos e fechados, o estudo revelou que nos desportos fechados os atletas exibem mais problemas de concentração, de controlo da ansiedade e de confiança, revelando também maiores níveis de motivação e de uso de estratégias de preparação mental.

Noutro estudo envolvendo atletas de elite e de não elite, realizado por Kioumourtzoglou et al. (1997), o objectivo era identificar a qualidade e quantidade de skills que os atletas de elite revelavam, para se poder proceder a uma correcta selecção de talentos em cada nível competitivo desportivo. O estudo foi levado a cabo recorrendo a quatro grupos de atletas de elite de diferentes desportos com bola e diferentes escalões, jogadores seniores e juniores de basquetebol (14-15 e 22-23

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um grupo de controlo (não atletas). As conclusões do estudo revelaram que os atletas de elite são melhores que o grupo de controlo nas reacções á adversidade, na definição de objectivos e na preparação mental, sendo que relativamente ao basquetebol, os atletas do escalão mais velho se revelaram melhores que os do escalão júnior nas variáveis rendimento sobre pressão, ausência de preocupações e auto-eficácia.

Raposo e Aranha (2000) apontam também uma série de características que diferenciam os melhores competidores nas competições onde obtêm os seus melhores desempenhos, são elas: perda de medo, não pensar na actividade em que estavam envolvidos, entrega total ao desporto, concentração total no momento competitivo, no momento da competição não sentem o esforço dispendido, controlo absoluto sobre todas as suas acções, percepcionam os acontecimentos mais lentamente e como um todo plenamente integrado.

2. Ansiedade

Ao longo de toda a nossa vida desportiva concerteza que experimentámos situações de tensão e de stress competitivo, situações competitivas que nos colocaram á prova, em que a nossa performance e as nossas acções eram determinantes para a performance e resultado desportivo da equipa.

Para Frischknecht (1990) a ansiedade competitiva é hoje em dia um tópico de discussão muito popular nos meios competitivos, sendo que muitos treinadores e atletas a reconhecem como factor limitativo da performance desportiva.

A competição desportiva, é em si mesma uma experiência potencialmente ansiogénica. A ansiedade surge quando o atleta antevê, espera ou percebe que não será capaz de responder com êxito ás exigências da competição, tendo esta relevância para si mesmo, e em resposta a este desequilíbrio percebido, o indivíduo pode manifestar sintomas de natureza comportamental, fisiológica e psicológica (Viana, 1989).

Cruz e Barbosa (1997), referem que os dados de diversos estudos (Scanlan, 1984; Jones & Hardy, 1990; Gould, Jackson & Finch, 1993; Cruz, 1994, 1996) evidenciam a elevada incidência de stress e ansiedade no desporto de alta

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competição, experimentada pelos atletas, independentemente da idade, sexo, ou nível competitivo.

2.1.

Definição de Ansiedade

Devido á confusão que possa surgir acerca dos termos ansiedade, activação e stress e da sua relação, penso que se torna importante defini-los e diferenciá-los desde já.

A activação é, para Weinberg e Gould (2001), uma mistura de actividades fisiológicas e psicológicas numa pessoa e afecta as dimensões da intensidade da motivação em determinados momentos, sendo que se manifesta através de um continuum, variando da apatia (letargia) á completa activação (euforia).

Activação também pode ser definida como a intensidade do comportamento entendida como uma unidade englobando tanto os aspectos físicos como os psicológicos (Woodman & Hardy, 2001). Os mesmos autores citam Duffy (1962), que se refere à activação como sendo a consequência da libertação de energia potencial contida nas células e tecidos do organismo.

Woodman e Hardy (2001) citando Jones (1990), referem que o stress é um estado no qual o individuo está sob pressão externa, e onde se espera que tenha uma determinada reacção perante a situação em que se encontra.

Já Weinberg e Gould (2001), definem stress como um desequilíbrio substancial entre a demanda (física e psicológica) e a capacidade de resposta, sob condições em que a falha dessa demanda tem importantes consequências. Os mesmos autores citam McGrath (1970) e dão uma visão da sua concepção de stress, concepção essa que divide o stress em quatro estágios: demanda ambiental, percepção da demanda, resposta ao stress e consequências ambientais.

Ainda falando de stress e nas suas consequências para a prática, Cruz e Barbosa (1997) citam Bandura (1977) ao referirem que “o evitamento de actividades geradoras de stress impede o desenvolvimento de competências para lidar com o stress, e a falta de competências que daí resulta fornece uma base realista para o medo”.

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Sendo assim as principais fontes de stress e potenciais geradoras de medo, para Weinberg e Gould (2001), são: a importância do evento, a incerteza, as fontes pessoais de stress, o traço de ansiedade, a auto-estima e a ansiedade física social.

Por sua vez a ansiedade é um estado psíquico acompanhado de excitação, ou inibição, que por vezes comporta uma sensação de constrição na garganta (Koogan- Larouse, citado por Frischknecht, 1990). O mesmo autor cita ainda Freud (1932) e Hull (1943) que referem que a ansiedade tem sido entendida como reacção natural a situações nas quais o indivíduo encontrou dor.

Para Weinberg e Gould (2001), a ansiedade é um estado emocional negativo caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão e pode ser associado com a activação ou agitação do corpo, sendo que se divide em ansiedade cognitiva (componente do pensamento) e ansiedade somática (componente física).

2.2.

Traço de Ansiedade e Estado de Ansiedade

Dada a enorme ambiguidade do termo ansiedade, Spielberger (1966, 1970) citado por Frischknecht (1990) procurou precisar e explorar mais profundamente esta temática pelo que chega à distinção entre traço de ansiedade e estado de ansiedade. A primeira é entendida como um traço da personalidade – relativamente estável – se bem que a segunda passe por mudanças emocionais, acompanhadas de sentimentos de tensão e apreensão, bem como de um aumento significativo da actividade do sistema nervoso autónomo (frequência cardíaca).

Woodman e Hardy (2001), referem-se ao estado de ansiedade como a resposta do indivíduo a uma situação específica de ameaça, sendo que o traço de ansiedade para estes autores consiste na disposição geral do individuo para responder a uma variedade de situações com elevados índices de ansiedade estado.

Weinberg e Gould (2001), definem estado de ansiedade como sendo uma componente de humor em constante variação, e traço de ansiedade como uma tendência comportamental para perceber como ameaçadoras certas circunstâncias que objectivamente não são perigosas e responder a elas com ansiedade estado desproporcional, sendo que as pessoas com elevado traço de ansiedade geralmente reagem com um estado de ansiedade mais elevado em situações de avaliação, e em

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situações altamente competitivas do que as pessoas com um traço de ansiedade mais baixo.

Na sua relação com a performance, a ansiedade traço influencia a performance na medida em que os indivíduos com elevada ansiedade traço estão mais despertos para a informação relacionada com a ansiedade estado (Hardy et al., 1996, citados por Humara, 2001).

Em investigações realizadas anteriormente fora do âmbito desportivo e da psicologia do desporto, os resultados indicaram que os indivíduos com elevado traço de ansiedade e que revelam sintomas de ansiedade estado têm tendência para temer informações relacionadas com o estado de ansiedade, enquanto que os indivíduos com baixo traço de ansiedade e que revelam também sintomas de ansiedade estado não temem informações relacionadas com o estado de ansiedade. (MacLeod, 1990, citado por Humara, 2001).

Novamente dentro do contexto desportivo, Humara (2001) cita ainda, Hardy et al. (1996), que revelaram que os indivíduos que têm baixo traço de ansiedade e alto estado de ansiedade têm mais facilidade em atingir a forma, sendo que os indivíduos que têm alto traço de ansiedade e elevado estado de ansiedade não revelam esta facilidade, pelo contrário, têm mais dificuldade em atingir a forma desportiva.

Quanto á relação entre estado e traço de ansiedade, Weinberg e Gould (2001), referem que de um modo genérico, conhecer o nível de traço de ansiedade de uma pessoa é geralmente útil para prever como ela reagirá em competição, em situações de avaliação e em condições ameaçadoras.

2.3. Ansiedade Somática e Ansiedade Cognitiva

Davidson e Schwartz (1976) citados por McNally (2002), referem que a ansiedade cognitiva é a componente mental e a ansiedade somática é a componente fisiológica da ansiedade.

Weinberg e Gould (2001) incorporam estes tipos de ansiedade unicamente dentro da ansiedade estado, defendendo que a ansiedade-estado cognitiva diz respeito ao grau em que a pessoa se preocupa ou tem pensamentos negativos, enquanto que a ansiedade-estado somática se refere ás mudanças de momento a momento na

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activação fisiológica percebida, sendo que o estado de ansiedade somática não é necessariamente uma mudança na activação física da pessoa, mas reflecte antes a sua percepção da mudança.

Krane, Joyce e Rafael (1994), citados por Humara (2001), realizaram um estudo com uma equipa de softball universitária, cujos participantes foram divididos em dois grupos, um que enfrentava condições altamente críticas e outro que se deparava com situações de baixo nível crítico. Os resultados mostraram que enquanto a ansiedade somática não variou nos dois grupos, e que no grupo que enfrentou situações muito críticas a ansiedade cognitiva foi muito elevada.

È assim fácil perceber que a interpretação cognitiva que um determinado indivíduo atribui a uma dada situação influencia a performance nessa situação, sendo que os estudos demonstram que os atletas que interpretam as situações de maneira positiva têm melhores resultados ( Humara, 2001).

Numa investigação com nadadores de elite descobriu-se que os níveis ansiogénicos eram mais elevados em atletas que percepcionavam a sua ansiedade como negativa do que naqueles atletas que a percepcionavam de maneira positiva (Jones, Hanton & Swain, 1994, citados por Humara, 2001).

Ainda relativamente á ansiedade cognitiva, Gould, Petrchlikoff e Weinberg (1984), citados por Humara, (2001) revelaram que o maior predictor da ansiedade cognitiva seriam os anos de experiência do atleta, sendo que quanto mais experiente um atleta fosse menores níveis de ansiedade cognitiva revelaria.

2.4. Fontes de Ansiedade

Sendo a ansiedade um importante e influente factor de rendimento desportivo, tornou-se ao longo do tempo necessário perceber quais as suas origens no sentido de melhor compreender os efeitos ansiogénicos na performance desportiva.

Num estudo realizado por Weinberg (1988), foi colocada a seguinte pergunta a mais de 1000 atletas de diversas modalidades “ Qual é para si o factor que mais o impediu de atingir todo o seu potencial como atleta?”. A resposta mais frequente foi

“ a incapacidade de lidar e ultrapassar as minhas ansiedades antes e durante a competição”. Daqui se depreende, mais uma vez, o papel extremamente importante que a ansiedade desempenha no rendimento desportivo. Este autor cita, ainda,

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Charlie Pasarell, referindo que os campeões se distinguem pela capacidade em lidar com as situações de pressão, elevando o seu nível de desempenho em situações que a maioria dos atletas falha.

Scanlan et al. (1991) citado por Woodman e Hardy (2001), realizou um estudo mediante entrevistas com 26 antigos atletas de patinagem artística, onde as principais fontes de ansiedade encontradas tinham a ver com: os aspectos negativos da competição (preocupações inerentes), com as relações inter-pessoais negativas no meio competitivo, com a exigência financeira e custos da patinagem, com as lutas pessoais dos atletas (consequências e adversidades das lesões) e com experiências traumáticas vividas pelos atletas ao longo do tempo.

Por sua vez, Gould et al. (1993a) citado por Woodman e Hardy (2001), realizaram também um estudo semelhante com atletas de patinagem artística tendo chegado basicamente ás mesmas conclusões.

O stress organizacional é também uma das causas apontadas para o surgimento de ansiedade e de problemas psicológicos relacionados com a competição por diversos autores, originando frequentemente problemas entre atletas e treinador, problemas com as convocatórias e divergências financeiras que vão afectar em muito o treino e a performance competitiva. (Woodman & Hardy, 2001)

2.5. Teorias e Modelos Explicativos da relação entre Ansiedade e Performance

Como já foi referido, a importância da ansiedade na performance desportiva é há muito reconhecida pelos investigadores na psicologia do desporto, pelo que ao longo dos tempos têm sido avançadas diversas teorias que tentam explicar e compreender a relação entre os sentimentos ansiogénicos e a performance, pelo que de seguida serão apresentados os modelos explicativos mais significativos.

2.5.1. Teoria do Drive

Esta teoria defendia que a relação entre ansiedade e performance era linear, ou seja, quanto mais alerta ou activado estivesse um atleta melhor seria a sua performance sendo que está intimamente ligada com a teoria da facilitação social que relega para a presença de estranhos durante a performance o surgimento de ansiedade

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no executante prejudicando o desempenho em tarefas não aprendidas e facilitando-o em tarefas aprendidas (Weinberg & Gould, 2001).

2.5.2. Teoria da Hipótese do U – invertido

Esta teoria apoia-se basicamente na ideia de que a performance varia numa relação estreita com a ansiedade, sendo que com níveis de activação baixa a performance é baixa e á medida que vai aumentando a activação, a performance vai aumentando também até um determinado patamar ideal. Após esse patamar ideal, se a activação continuar a aumentar torna-se prejudicial (Weinberg & Gould, 2001).

Esta relação ansiedade-performance assume assim a forma de um U invertido, explicando a forma como a performance se deteriora com o aumento da ansiedade, não explicando, contudo, as diferenças de performance entre atletas expostos ao mesmo tipo de stress (Humara, 2001).

2.5.3. Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva

A Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva parte do princípio de que esta se divide em duas partes essenciais, uma componente cognitiva e uma componente somática e que estas têm efeitos diferentes na performance, segundo esta teoria a ansiedade cognitiva tem um efeito linear negativo na performance, uma vez que os recursos cognitivos serão afectados pelas preocupações inerentes à competição e não são aproveitados ao máximo (Weinberg & Gould, 2001).

Por outro lado, esta teoria defende que a ansiedade somática tem uma relação em U invertido com a performance, sendo que a performance óptima acontece com um nível moderado de ansiedade somática (e.g., Wine, 1971, 1980, citado por Weinberg e Gould, 2001).

2.5.4. Teoria da Zona Óptima de Funcionamento Individual

Esta teoria, escrita por Hanin (1978,1986) afirma basicamente que cada atleta tem um nível óptimo de ansiedade pré-competitiva próprio, dentro do qual consegue atingir a sua máxima performance, uma vez em competição e encontrando-se fora desse nível óptimo de ansiedade pré-competitiva, o atleta não consegue maximizar o seu desempenho (Imlay et al. 1995).

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2.5.5. Modelo da Catástrofe da Ansiedade e Performance

O modelo, apresentado por Hardy e Fazey (1987), defende a existência de uma relação tridimensional entre performance, activação fisiológica e ansiedade cognitiva. Esta interacção tridimensional prevê que a performance se altere consoante as variâncias verificadas, quer na activação fisiológica, quer na ansiedade cognitiva, e sobretudo na relação estabelecida entre estas duas, sendo esta muito instável, mas determinante, uma vez que a performance vai aumentar ou deteriorar-se consoante se verifiquem níveis específicos e conjugados destes factores (Woodman

& Hardy, 2001).

2.5.6. Modelo Cognitivo, Motivacional e Relacional da Ansiedade do Rendimento Desportivo

Este modelo sugerido por Cruz (1994) propõe que não devemos procurar compreender as emoções e a ansiedade somente do ponto de vista da pessoa ou do ambiente, como unidades separadas, mas sim conceptualizá-la como resultante de um conjunto de interacções e um sistema de variáveis e processos psicológicos interdependentes, de natureza cognitiva e motivacional. A interpretação das variáveis individuais e ambientais terá muito a ver com os processos mediadores de avaliação cognitiva e confronto no momento da competição, sendo estes dependentes da relevância pessoal da competição para o atleta, dos seus desejos pessoais, da sua auto-estima, ideias e valores pessoais.

2.6. Relação entre Ansiedade e Performance

A ansiedade surge quando o atleta antevê, espera ou percebe que não será capaz de responder com êxito ás exigências da competição, tendo esta relevância para si mesmo, sendo que as fontes ansiogénicas mais importantes são as expectativas de insucesso (medo de fracassar) e o receio de incorrer numa avaliação social negativa (Viana, 1989).

Uma das influências mais assinaláveis da ansiedade é a tendência para extrair pensamentos, para evitar ou fugir aos acontecimentos (Frischknecht, 1990). Ainda o mesmo autor cita Fox (1984), que defende que a ansiedade tem como pior efeito a

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indução à fadiga, resultado directo da fraqueza e desequilíbrio nas pernas, do aumento da frequência cardíaca e do consumo irregular de oxigénio.

Rodrigues e Cruz (1997) estudaram os melhores nadadores nacionais de alta competição, onde procuraram analisar as relações entre as percepções de auto- eficácia e auto-confiança, a ansiedade competitiva e o seu rendimento em prova.

Uma das principais conclusões deste estudo foi que as expectativas (força) de auto- eficácia se revelaram como o mais importante e significativo predictor do rendimento na natação independentemente do sexo, escalão competitivo e duração das provas, tendo existido uma clara distinção entre os nadadores de alto nível e os nadadores com menor rendimento, também ao nível dos recordes pessoais os nadadores com elevados níveis de auto-confiança e expectativas de auto-eficácia foram os que obtiveram maiores melhorias nos seus recordes pessoais. Relativamente á ansiedade pré-competitiva, os autores concluíram que os nadadores de alta competição com melhores competências psicológicas, demonstraram no período pré-competitivo, níveis mais baixos de ansiedade cognitiva e somática, níveis mais elevados de auto- confiança e de expectativas de auto-eficácia, bem como o facto de níveis elevados de traço de ansiedade e de percepção da ameaça na competição desportiva estarem intimamente ligados com uma maior ansiedade pré-competitiva e estados de maior auto-confiança e percepção de auto-eficácia.

Jones, Swain e Harwood (1996) realizaram um estudo que envolveu cerca de 309 atletas de variados desportos, cujo objectivo era investigar as relações entre a intensidade e a direcção do traço de ansiedade e o seu efeito positivo e negativo na performance. A investigação comprovou que o efeito negativo tinha uma maior correlação com a intensidade da ansiedade somática e cognitiva do que o efeito positivo, sendo que os atletas cujo traço de ansiedade evidencia um efeito negativo tendem a experienciar uma elevada intensidade da ansiedade competitiva.

Relativamente á direcção o estudo comprovou que o efeito positivo tem um papel mais efectivo na predição da direcção da ansiedade, estando correlacionado tanto com a ansiedade cognitiva como com a ansiedade somática. Como conclusão, enquanto o efeito negativo é mais importante na determinação da intensidade da ansiedade somática e cognitiva, tanto o efeito positivo como o efeito negativo são importantes para a interpretação positiva e negativa da ansiedade.

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2.7. O estudo da relação entre Performance e Ansiedade nos Desportos Colectivos

No âmbito dos desportos colectivos, mais concretamente no andebol de alta competição português, Cruz e Barbosa (1997), realizaram um estudo que envolveu 143 atletas nacionais, que tinha como principais objectivos a identificação das principais fontes de stress e pressão psicológica, a análise das estratégias de confronto psicológico utilizadas para lidar com o stress e a ansiedade da competição e as diferenças psicológicas entre os atletas com diferentes níveis de performance e sucesso desportivo. As principais conclusões obtidas são que os atletas de andebol recorrem predominantemente a estratégias de confronto psicológico centradas na resolução das situações e do problema, para lidarem com o stress e com a pressão psicológica da alta competição. O presente estudo permitiu ainda identificar as diferenças psicológicas entre os “atletas de elite” e os “outros”, sendo que os atletas de elite evidenciaram uma maior capacidade de controlo emocional e maiores índices de motivação e disponibilidade para a aprendizagem nos treinos, bem como mais competências psicológicas para lidarem com situações de elevado stress e pressão psicológica. Os atletas de elite de andebol demonstraram ainda níveis mais baixos de

“medo de falharem em momentos decisivos”, uma menor ansiedade cognitiva (preocupação) e também uma menor percepção de ameaça na competição desportiva.

Butt, Weinberg, e Horn (2003) realizaram um estudo com 62 atletas femininas de Hóquei em Campo pertencentes à elite norte-americana, que tinha como objectivos, examinar as flutuações da direcção e intensidade da ansiedade ao longo da competição e examinar a relação entre o estado de ansiedade, a auto- confiança e a percepção da performance ao longo da competição. Os resultados indicaram que os níveis de ansiedade e auto-confiança (intensidade e direcção) para a primeira e para a segunda parte dos jogos serviram como predictores para as variações na performance, mais concretamente a intensidade e direcção da auto- confiança e a direcção da ansiedade cognitiva.

Rohweder e Jansson (1996) analisaram duas equipas de futebol suecas, num total de 32 atletas, com o objectivo de examinar como é que diferentes níveis de stress afectam atletas com altos níveis de ansiedade e atletas com baixos níveis de ansiedade, bem como a relação entre os componentes isolados da ansiedade (traço de

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ansiedade, estado de ansiedade, preocupação) e a performance individual. As conclusões deste estudo vieram apoiar as hipóteses colocadas pelos autores, e confirmaram que os jogadores com baixo traço de ansiedade mantêm um nível mais baixo de estado de ansiedade antes da competição que os atletas com elevado traço de ansiedade. Os autores concluíram ainda que a ansiedade cognitiva (preocupação) nem sempre tem um efeito negativo, sendo que por vezes pode ter um efeito positivo e impelir os atletas para a vitória.

Hanton, Mullen e Jones (2000) realizaram um estudo com 50 jogadores de rugby e 50 atiradores com o objectivo de investigar as interpretações e a intensidade da ansiedade consoante o tipo de desporto praticado, neste caso concreto o rugby (desporto anaeróbio, de explosão) e o tiro ao alvo (desporto dependente da motricidade fina). Relativamente á ansiedade cognitiva não foram encontradas diferenças entre os dois tipos de desportos, sendo que, quanto á intensidade da auto- confiança os resultados dos jogadores de rugby demonstraram maiores índices da mesma, devendo-se este facto, segundo os investigadores, a que quase 50% da amostra dos jogadores de rugby serem atletas internacionais. Neste estudo comprovou-se também a hipótese colocada pelos autores de que os desportos dependentes da motricidade fina seriam prejudicados por índices de elevada ansiedade somática. Como sugestão final os autores referem que este estudo vem dar importância à natureza de cada desporto como uma variável importantíssima no estudo das dimensões do estado de ansiedade competitiva.

Greenlees et al. (1999) realizaram um estudo semelhante, também com atletas de rugby ingleses (n=66), onde tinham como objectivos principais examinar as relações entre a ansiedade, o afecto e duas formas de percepcionar a eficácia colectiva, a convicção de que a equipa iria ganhar o jogo seguinte, e a convicção de que a equipa iria ter uma boa performance. Interessam-nos retirar deste estudo, apenas as conclusões acerca da ansiedade, sendo elas, que as percepções da eficácia colectiva são predictoras da ansiedade cognitiva, mais concretamente as convicções que o atleta tem de que a sua equipa tem hipóteses de ganhar o jogo seguinte e de que estas percepções não afectam a ansiedade somática, sendo que se depreende que as convicções do atleta não afectam as manifestações fisiológicas da ansiedade.

Cruz e Caseiro (1996) analisaram 83 atletas do sexo masculino e feminino do Campeonato Nacional de Voleibol da 1ª Divisão com diversos objectivos: identificar

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competição, analisar a prevalência de dificuldades e/ou problemas, ao nível psicológico nos atletas de voleibol, explorar o efeito de variáveis como o sexo, escalão competitivo, posto específico, experiência competitiva e nacionalidade nas competências e características psicológicas dos atletas, identificar os principais factores psicológicos associados ao sucesso desportivo, e por fim analisar as percepções dos atletas relativamente aos problemas para cuja solução pensam ser importante o apoio e ajuda de natureza psicológica. Como é de prever os resultados e conclusões obtidos por este estudo são muito extensos, pelo que faremos uma selecção apenas dos que têm mais interesse e pertinência para o nosso trabalho. As conclusões deste estudo apontam assim para a existência de diferenças ao nível do controle da ansiedade, concentração e auto-confiança entre sexos, sendo o sexo masculino o mais apto a lidar com estas situações, evidenciando também níveis mais baixos de ansiedade competitiva. Relativamente ao posto específico o trabalho revela que não existem diferenças nas características psicológicas em jogadores com diferentes posições, enquanto que em função do escalão competitivo, os seniores revelaram-se mais aptos nas competências de controlo de ansiedade e de preparação mental do que os atletas do escalão júnior. No que diz respeito às diferenças em função da experiência internacional, os resultados obtidos mostram-nos que os atletas com muita experiência internacional tem uma maior capacidade para controlar a ansiedade competitiva e a auto-confiança que os atletas com alguma ou nenhuma experiência internacional. Foram também evidenciadas neste estudo diferenças entre os atletas de sucesso e os atletas de insucesso, sendo que os primeiros apresentaram níveis mais baixos de ansiedade competitiva e maiores índices de auto-confiança e motivação.

Júnior (2004) realizou um estudo com uma equipa brasileira de Futsal (n=12) onde definiu como principais objectivos: analisar os diferentes níveis de stress psicológico em jogadores profissionais de futsal, estudar e apresentar os níveis de ansiedade através dos dados colectados, antes de um jogo, medido pelo inventário de jogos, adaptado do CSAI-2, analisar os dados pela situação do atleta durante a partida e por componentes da ansiedade, e por último comparar os níveis de ansiedade entre os atletas titulares e os suplentes. Os resultados obtidos por este estudo revelam que são insignificantes os níveis de estado de ansiedade nos atletas analisados, revelando assim níveis óptimos de ansiedade que privilegiam também

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Sewell e Edmonson (1996) estudaram uma amostra de 121 atletas de hóquei em campo e futebol pertencentes a 11 equipas universitárias com o objectivo de analisar as relações entre a ansiedade pré-competitiva e a posição em campo nas referidas modalidades. Os resultados deste estudo indicaram que a ansiedade somática, cognitiva e a auto-confiança são influenciadas pela posição em campo, mais especificamente foram detectadas diferenças significativas entre os guarda- redes, que evidenciam níveis mais elevados de ansiedade cognitiva que os restantes jogadores de campo (defesas, médios e avançados), níveis mais elevados de ansiedade somática e menores índices de auto-confiança que os defesas. Quanto aos defesas evidenciaram ainda menores níveis de ansiedade somática que os médios e os avançados e um maior nível de auto-confiança que os médios. Há ainda a realçar que os resultados suportam a hipótese de que o guarda-redes tende a agir como um atleta individual, em vez de agir como um atleta de equipa e que os seus níveis elevados de ansiedade são devidos á natureza decisiva da sua posição em campo.

3. Relação entre Ansiedade, Habilidades Psicológicas e Performance

Mamassis e Doganis (2004) realizaram um estudo com jogadores de ténis jovens e de elite, cujo objectivo era avaliar os efeitos de um Programa de Treino de Habilidades Psicológicas (definição de objectivos, pensamentos positivos, concentração e rotinas, técnicas de regulação da activação e imagética) realizado ao longo de uma época, incidindo sobre a intensidade e direcção da ansiedade pré- competitiva, quer somática, quer cognitiva, bem como na auto-confiança. O estudo foi realizado com um grupo de controlo de 4 atletas e um grupo de 5 atletas que realizou o Programa de Treino de Habilidades Psicológicas, os dados foram recolhidos antes de duas competições de nível nacional, uma no inicio da época e outra no fim da época, tendo o Programa de Treino de Habilidades Psicológicas sido ministrado durante a época. Os resultados do referido estudo indicaram que a intensidade da auto-confiança, bem como a performance em jogo foram significativamente maiores no grupo que realizou a intervenção, sendo que no grupo de controlo não existiram melhorias na performance. No grupo experimental

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registaram-se ainda melhorias na dimensão da direcção da ansiedade somática e cognitiva antes do 2º torneio.

Na mesma área de investigação, Hanton e Fletcher (2001) levaram a cabo um estudo com 114 nadadores de não-elite, onde tinham como objectivos principais investigar alguns equívocos existentes na literatura acerca da relação entre as respostas ansiogénicas á competição e as habilidades psicológicas, sendo que analisaram as diferenças na intensidade e na direcção da ansiedade estado competitiva e a auto-confiança em atletas com diferentes níveis de uso de habilidades psicológicas (relaxamento, imagética, definição de objectivos, monólogo). Os investigadores concluíram que os nadadores de não-elite usam unicamente técnicas e estratégias de relaxamento para reduzir os seus níveis de ansiedade e interpretá-los como facilitativos, deixando de lado outras habilidades psicológicas, em contraste com os nadadores de elite, analisados em estudos já realizados (Hanton e Jones, 1999) os quais usam a definição de objectivos, a imagética e o monólogo para interpretarem a ansiedade como facilitativa. Perante esta constatação os investigadores concluíram que, no futuro, deve ser dado ênfase á definição de objectivos, á imagética e ao monólogo, para melhorar a performance dos nadadores, em vez da utilização única das técnicas de relaxamento.

Orbach, Price e Singer (1997), procuraram, num estudo com 24 jogadores de futebol (divididos em dois grupos, atletas com elevada auto-confiança; atletas com baixa auto-confiança), investigar como é que a auto-confiança influencia a performance de atletas com ansiedade cognitiva, e como é que estes interpretam os seus sintomas ansiogénicos antes da competição. Os resultados obtidos demonstraram que os jogadores com elevados índices de auto-confiança têm uma melhor performance do que os atletas com baixos níveis de auto-confiança em situações com elevada ansiedade cognitiva, esta auto-confiança revelou-se ainda bastante importante no reconhecimento dos sintomas ansiogénicos como facilitativos para a performance por parte dos atletas. Relativamente á ansiedade somática o estudo revelou que tanto os atletas com elevada auto-confiança, como os atletas com baixa auto-confiança, percepcionaram os sintomas somáticos ansiogénicos como positivos e facilitadores da performance, o que levou os autores a concluir que a auto-confiança tem um importante papel na percepção da ansiedade cognitiva como facilitadora da performance o que originou as diferenças registadas na performance

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Capítulo III - Metodologia 1. Amostra

Os participantes são atletas (n = 93) da 1ª Divisão Nacional de Pólo Aquático Masculino, cujas idades variam entre os 16 e os 41 anos (média = 23,16 e desvio padrão = 5,58). Todos os participantes completaram os questionários de forma voluntária, durante a época de 2004/2005.

Estes atletas representaram nesta época os 8 clubes de Pólo Aquático integrados no Campeonato Nacional Absolutos Masculinos da 1ª Divisão Pólo Aquático, da Federação Portuguesa de Natação: Sport Comércio e Salgueiros (n = 16); Portinado (n = 8); C. N. Amadora (n = 15); C.D.U.P. (n = 11); Aminata (n = 14); C.F. “Os Belenenses” (n = 10); C.F. Portuense (n = 13) ; Clube Propaganda de Natação (n = 6).

2. Instrumentos de Medida

2.1. Questionário de Experiências Atléticas

O questionário de experiências atléticas foi utilizado com o intuito de se avaliarem as diferenças individuais de habilidades psicológicas, em atletas do género masculino, praticantes da modalidade de Pólo Aquático. Este questionário é constituído por 28 itens, distribuídos em igual número por 7 sub-escalas (4 itens em cada), avaliando as seguintes habilidades psicológicas, cuja definição descreve as atletas com resultados mais elevados:

- Confronto com a adversidade: mesmo quando as coisas não correm bem, permanece positivo e entusiasmado, calmo e controlado e recupera facilmente perante os erros cometidos;

- Treinabilidade: está disponível e predisposto para interiorizar o que lhe é transmitido no treino, aceitando positivamente as críticas dos treinadores e directores;

- Concentração: dificilmente se distrai, consegue concentrar-se e focalizar a sua atenção nas tarefas desportivas, mesmo em situações difíceis e/ou inesperadas, quer em situação de treino, quer em competição;

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- Confiança e motivação para a realização: demonstra-se confiante e positivamente motivado, trabalhando sempre a 100% para se aperfeiçoar, quer ao nível do treino, quer em competição;

- Formulação de objectivos e preparação mental: estabelece metas a atingir a curto prazo e trabalha no sentido de alcançar objectivos concretos de rendimento, planeando e preparando-se mentalmente para a competição;

- Rendimento máximo sobre pressão: nas situações de pressão competitiva, sente- se mais desafiado do que ameaçado, alcançando bons níveis de rendimento sobre pressão competitiva;

- Ausência de preocupações: não se preocupa com o que as outras pessoas possam pensar acerca do seu rendimento, nem se pressiona a si mesmo ao preocupar-se com os erros ou falhas que possa cometer;

Cada item é respondido numa escala tipo Lickert, de 4 pontos (0= Quase nunca; 1= Algumas vezes; 2= Muitas vezes; 3= Quase sempre), dependendo da frequência de vezes que as atletas sentem a experiência em causa, ao praticarem o seu desporto.

O resultado de cada uma das 7 sub-escalas é obtido através da soma dos respectivos itens, podendo desta forma variar entre o mínimo de 0 e o máximo de 12, em que os resultados mais elevados indicam maiores níveis de habilidades psicológicas no âmbito da competição desportiva. O resultado final deste questionário é alcançado pelo somatório dos resultados obtidos nas 7 sub-escalas, podendo alternar entre o mínimo de 0 e o máximo de 84, constituindo a medida de recursos pessoais de confronto perante a competição desportiva, que nos indica uma estimativa multifacetada das habilidades psicológicas da atleta.

2.2. Questionário de Reacções à Competição

O Questionário de Reacções à Competição é um instrumento multidimensional de medida do traço de ansiedade competitiva, constituído por 3 sub-escalas que medem a ansiedade somática (9 itens), os pensamentos experimentados (7 itens) e o nível de perturbação da concentração (5 itens), em competição. As atletas assinalaram cada item numa escala do tipo Lickert, de 4 pontos (1= Quase nunca; 2= Algumas vezes; 3= Muitas vezes; 4= Quase sempre), indicando o nível de ansiedade que geralmente sentiam antes ou durante a

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