• Nenhum resultado encontrado

Integração fábrica e obra: caso dos componentes para alvenaria em Fortaleza

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Integração fábrica e obra: caso dos componentes para alvenaria em Fortaleza"

Copied!
132
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO EM ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL:

ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

MARIA VIVIANE AGOSTINHO DOS SANTOS

INTEGRAÇÃO FÁBRICA E OBRA: CASO DOS COMPONENTES PARA ALVENARIA EM FORTALEZA

(2)

MARIA VIVIANE AGOSTINHO DOS SANTOS

INTEGRAÇÃO FÁBRICA E OBRA: CASO DOS COMPONENTES PARA ALVENARIA EM FORTALEZA

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil: Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Construção Civil

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Araújo Bertini

Coorientadora: Profa. Dra. Sheyla Mara Baptista Serra

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia - BPGE

S236i Santos, Maria Viviane Agostinho dos.

Integração fábrica e obra: caso dos componentes para alvenaria em Fortaleza / Maria Viviane Agostinho dos Santos. – 2015.

130 f. : il. color., enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil: Estruturas e Construção Civil, Fortaleza, 2015.

Área de Concentração: Construção Civil. Orientação: Prof. Dr. Alexandre Araújo Bertini. Coorientação: Profa. Dra. Sheyla Mara Baptista Serra.

1. Engenharia Estrutural. 2. Logística. 3. Alvenaria. 4. Inventário. I. Título.

(4)
(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

Ao Bom Deus, por tudo que sou e tudo que tenho. À Nossa Senhora, que me protege com seu amor de mãe e ao meu Anjo da Guarda, que nunca me deixa sozinha.

À minha maravilhosa família, meus pais amáveis e incansáveis, Raimundo Iran dos Santos e Bernadete Agostinho dos Santos, meus irmãos notáveis, Deiviane Agostinho, Iran Júnior e Ianderson Agostinho, que sempre estão ao meu lado, me amando incondicionalmente e me ensinando a crescer, ainda que na dificuldade.

Ao meu amado esposo, Yan Carlos Chiu, que cuida de mim e me ama, incentivando a cada dia e me mostrando o lado bom da vida. Te amo!

Aos meus avós, Nonato Agostinho e Terezinha Nogueira, em especial ao meu avô, que não está aqui comigo, mas que me ensinou o valor do amor, da fé e da esperança. Ao meu tio Renato Agostinho, pelo amor, carinho e dedicação. À tia Vitória Agostinho, pelo amor infinito. À toda minha família e amigos, que de alguma forma contribuíram para a concretização deste trabalho. Aos bons amigos, Thiago Régis Liberato e Hélio Viana.

Ao caríssimo orientador e amigo, Prof. Alexandre Bertini, pela orientação e confiança desde a época da graduação em Engenharia Civil.

À minha coorientadora, profa. Sheyla Serra, que sempre esteve disponível para colaborar com a pesquisa.

À professora Vanessa Ribeiro pela participação na banca e considerações valiosas. Aos professores do Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil (DEECC), em nome da profa. Teresa Denyse e aos funcionários, Valdinha, Everton e Diana, por sempre estarem dispostos a ajudar. À minha turma de mestrado, em especial, a minha “dupla de 5”, Mylene Melo, Enza Arruda, Bruno Barbosa e William Silva, que conseguiu tornar o percurso até aqui, mais leve e valoroso. A Diana Darlen, a Patrícia Gonçalves, a Kelma Pinheiro, a Juliana Marinho, ao Marcelo Mendes e ao Elvis Soares.

À Rede Sismod, brilhantemente coordenada pela profa. Aline Ramos, que atua em Florianópolis, Fortaleza e Maceió. Em especial, a equipe de Fortaleza e ao Levi e a Marcela Costa. À Ana Lúcia Rodrigues pela amizade, apoio e orações.

As empresas fabricantes e construtoras visitadas durante a pesquisa, nas pessoas de seus responsáveis, que tão gentilmente abriram espaço para acolher e fornecer informações para um trabalho acadêmico.

(7)

“A linha entre a desordem e a ordem está na logística…”

(8)

RESUMO

Com o aumento da concorrência entre as empresas presentes no mercado da construção, tem-se buscado uma diminuição dos custos para contem-seguir um maior lucro em obras. Umas das saídas viáveis é a busca da integração com os fornecedores de materiais considerados estratégicos, como os componentes “blocos” utilizados para alvenaria. Com o objetivo de analisar a integração entre a fábrica e a obra, no município de Fortaleza, através da identificação das características de gestão dos fluxos físicos, um total de quatro obras, todas em fase de execução de alvenaria, sendo duas executadas com componentes cerâmicos e duas executadas com componentes de concreto, foram avaliadas. A mesma quantidade de fabricantes foi utilizada na pesquisa: duas específicas para componentes cerâmicos e as demais para componentes de concreto. Cada obra possuía relação de parceria já estabelecida com um fabricante avaliado. Ao final do trabalho são sugeridas algumas orientações para a elaboração de projetos de inventário para a alvenaria, contribuindo diretamente para a racionalização dos deslocamentos, facilitando o fluxo de materiais e colaborando para o aumento da produtividade dos profissionais, diminuindo, ainda, o desperdício de materiais, equipamentos e mão de obra, além de fornecer um maior controle dos componentes. Os paletes com dimensão reduzida (0,60 m x 0,60 m), implementados nas fábricas e entregues nas obras, facilitam os deslocamentos no interior do canteiro de obras, evitando prejuízos ao longo do processo de movimentação.

(9)

ABSTRACT

With increasing competition between companies operating in the Construction market, it tried to lower the costs to achieve a higher profit. One of the viable solutions is the pursuit of the integration with the materials considered strategic vendors such as components "blocks" used for masonry. In order to analyze the integration between the manufacturing plant and a construction in the city of Fortaleza, through the identification of physical flows' management characteristics, a total of four constructions, all in masonry execution phase, two performed with ceramic components and two performed with concrete components, were evaluated. The same amount of manufacturer was used in the study: two specific for ceramic components and concrete components for the remaining. Each construction had already established a partnership with a valued manufacturer. At the end, it suggests some guidelines for the preparation of an inventory of projects for masonry, directly contributing to the rationalization of displacement, facilitating the flow of materials and contributing to a increased professional productivity, reducing also the waste materials , equipment and labor, and providing greater control of the components. Pallets with small size (0.60 m x 0.60 m), implemented in plants and delivered in the constructions, facilitate the displacement inside the construction site, avoiding losses during the moving process.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Origens, canais de distribuição e destino dos materiais de construção, 2013. ... 15

Figura 2 – Componentes chaves para a estratégia logística. ... 22

Figura 3 – As dimensões da excelência logística. ... 23

Figura 4 – Várias obras sendo atendidas pelos mesmos fornecedores. ... 25

Figura 5 – Bloco cerâmico de vedação. ... 29

Figura 6 – Bloco vazado de concreto simples. ... 30

Figura 7 – Seleção das empresas (divisão por tipo de componentes). ... 34

Figura 8 – Sequência seguida pela pesquisa. ... 35

Figura 9 – Transporte de paletes até o canteiro de obras... 36

Figura 10 – Disposição dos paletes de componentes de concreto no canteiro. ... 37

Figura 11 – Disposição dos paletes de componentes cerâmicos no canteiro. ... 37

Figura 12 – Vista esquemática de uma parede – sequência de execução. ... 38

Figura 13 – Disposição esquemática dos componentes no palete, seguindo sequência de execução. ... 38

Figura 14 – Planta de inventário de alvenaria ... 40

Figura 15 – Detalhe da distribuição dos paletes no pavimento. ... 41

Figura 16 – Detalhe da legenda dos paletes. ... 42

Figura 17 – Detalhe da legenda das argamassas... 42

Figura 18 – Detalhe do quantitativo dos componentes... 42

Figura 19 – Exemplo de planta de inventário - 1. ... 43

Figura 20 – Exemplo de planta de inventário - 2. ... 44

Figura 21 – Exemplo de planta de inventário - 3. ... 45

Figura 22 – Empresas selecionadas para a pesquisa e sua relação com o fornecedor. ... 47

Figura 23 – Localização das empresas fabricantes e construtoras. ... 51

Figura 24 – Layout de canteiro do canteiro da empresa A. ... 52

Figura 25 – Layout de canteiro do canteiro da empresa B. ... 53

Figura 26 – Layout de canteiro do canteiro da empresa C. ... 54

Figura 27 – Layout de canteiro do canteiro da empresa D. ... 55

Figura 28 – Croqui da fábrica 1. ... 56

Figura 29 – Croqui da fábrica 2. ... 57

Figura 30 – Croqui da fábrica 3. ... 58

(11)

Figura 32 – Ponto de acesso para recebimento dos materiais. ... 60

Figura 33 – Local de armazenamento dentro do canteiro. ... 61

Figura 34 – Componentes empilhados sem paletização. ... 61

Figura 35 – Chegada dos componentes ao canteiro. ... 62

Figura 36 – Componentes armazenados ainda paletizados. ... 62

Figura 37 – Componentes distribuídos nos pavimentos. ... 63

Figura 38 – Componentes armazenados em local inapropriado. ... 63

Figura 39 – Chegada dos componentes ao canteiro. ... 64

Figura 40 – Transporte dos componentes no interior do canteiro. ... 64

Figura 41 – Chegada dos componentes ao canteiro e uso da pinça. ... 65

Figura 42 – Utilização de grua. ... 66

Figura 43 – Pátio da fábrica de componentes cerâmicos 1... 66

Figura 44 – Paletes com blocos cerâmicos prontos para a entrega. ... 67

Figura 45 – Pátio da fábrica de componentes cerâmicos 2... 67

Figura 46 – Caminhão sendo carregado com blocos cerâmicos. ... 68

Figura 47 – Caminhão sendo carregado com blocos de concreto. ... 69

Figura 48 – Estoque pronto para entrega – blocos de concreto. ... 69

Figura 49 – Transporte de paletes vazios. ... 70

Figura 50 – Estoque pronto para entrega – ordenados por dimensão. ... 70

Figura 51 – Componentes cerâmicos em paletes padrão. ... 75

Figura 52 – Componentes cerâmicos sem paletização. ... 75

Figura 53 – Componentes de concreto em palete padrão. ... 76

Figura 54 – Operários movimentando componentes manualmente. ... 77

Figura 55 –Uso do palete tipo “coca-cola” no recebimento. ... 78

Figura 56 – Uso do palete tipo “coca-cola” na movimentação. ... 78

Figura 57 –Uso do palete tipo “coca-cola” no local de aplicação. ... 79

Figura 58 –Uso do palete tipo “coca-cola” no pavimento. ... 79

Figura 59 – Componentes dispostos no pavimento, com lateral chapiscada... 80

Figura 60 – Uso da cinta para entrega dos componentes. ... 80

Figura 61 – Movimentação dos paletes tipo “coca-cola”. ... 81

Figura 62 – Uso da pinça na entrega dos componentes de concreto. ... 81

(12)

LISTA DE TABELAS

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRAMAT Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção CLM Council of Logistics Management

COOPERCON Cooperativa da Construção Civil FGV Fundação Getúlio Vargas

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia ISO International Organization for Standardization

MRP Material Requirement Planning NBR Norma Brasileira

OCP Organismo de Certificação de Produto

PBQP – H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PIB Produto Interno Bruto

PPCP Planejamento, Programação e Controle da Produção PSQ Programa Setorial de Qualidade

QUALIHAB Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção Civil

SIQ-Construtoras Sistema de Qualificação de Empresas de serviços e Obras

SISMOD Rede Nacional para Desenvolvimento em Sistema integrador aplicado a sistemas construtivos em alvenaria com base na coordenação modular e na conectividade entre componentes.

UFAL Universidade Federal de Alagoas UFC Universidade Federal do Ceará

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

1.1 Objetivos ... 18

1.1.1 Objetivo geral ... 18

1.1.2 Objetivos específicos ... 18

1.1.3 Estrutura da dissertação... 19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 20

2.1 A evolução da logística ... 20

2.2 Estratégias logísticas ... 22

2.3 Cadeia de suprimentos ... 24

2.4 Logística na construção civil ... 26

2.5 Processos logísticos ... 26

2.6 Sistema de alvenaria ... 28

2.7 Unitização e gestão de estoques ... 30

2.8 Publicações sobre o tema no Brasil e no mundo... 32

3 METODOLOGIA ... 33

4 PROJETO PILOTO ... 36

4.1 Plantas de inventário... 38

5 CASO MÚLTIPLO ... 46

5.1 Componentes da alvenaria ... 46

5.2 Caracterização das empresas selecionadas ... 46

5.2.1 Empresa construtora A ... 48

5.2.2 Empresa construtora B ... 48

5.2.3 Empresa construtora C ... 49

5.2.4 Empresa construtora D ... 49

5.2.5 Empresa fabricante 1 ... 49

5.2.6 Empresa fabricante 2 ... 50

(15)

5.2.8 Empresa fabricante 4 ... 50

5.3 Localização geográfica das construtoras e das fábricas ... 50

5.4 Visitas aos canteiros de obra das construtoras e as instalações das fábricas ... 51

5.4.1 Canteiro da construtora A... 60

5.4.2 Canteiro da construtora B... 61

5.4.3 Canteiro da construtora C... 63

5.4.4 Canteiro da construtora D ... 65

5.4.5 Instalações da fábrica 1 ... 66

5.4.6 Instalações da fábrica 2 ... 67

5.4.7 Instalações da fábrica 3 ... 68

5.4.8 Instalações da fábrica 4 ... 70

5.5 Aplicação da Entrevista ... 71

5.5.1 Entrevistas aplicadas as empresas construtoras ... 71

5.5.2 Entrevistas aplicadas aos fabricantes ... 72

5.6 Discussão e Proposições ... 74

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 83

6.1 Conclusão ... 84

6.2 Trabalhos futuros ... 85

REFERÊNCIAS... 86

APÊNDICE A – COMPLEMENTO DO ROTEIRO DA ENTREVISTA APLICADA AS CONSTRUTORAS ... 91

APÊNDICE B – COMPLEMENTO DO ROTEIRO DA ENTREVISTA APLICADA AOS FABRICANTES ... 94

ANEXO A – ROTEIRO DA ENTREVISTA SOBRE LOGÍSTICA, APLICADA A CANTEIROS E FÁBRICAS (PROJETO SISMOD) ... 96

- Parte da Entrevista com questões ligadas a logística em canteiro de obras ... 96

- Parte da Entrevista com questões ligadas a logística em fábricas ... 99

(16)

1 INTRODUÇÃO

O mercado da construção civil tem se mostrado bastante competitivo em todo o cenário brasileiro. Para permanecerem sólidas neste mercado, as empresas têm dado maior atenção ao planejamento, de forma a diminuir os gargalos que podem gerar prejuízos futuros, durante a etapa de execução dos serviços.

Um dos itens observados é referente aos materiais de construção, que caso não comprados em tempo hábil e entregues nos períodos combinados, podem provocar uma série de problemas, interferindo em diversas atividades e por em risco todo o planejamento. As empresas fabricantes, assim com as empresas construtoras, estão incluídas na cadeia produtiva da construção, juntamente com outras atividades, movimentando diversas áreas e adquirindo relevância para a economia brasileira.

De acordo com a publicação da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a cadeia produtiva da construção no ano de 2013 foi dividida conforme com a Tabela 1, com os valores correspondentes ao Produto Interno Bruto (PIB) (ABRAMAT, 2014).

Tabela 1 - Composição da Cadeia Produtiva da Construção em 2013.

Elos da Cadeia R$ milhão (%)

Construção 221.762 63,5

Indústria de materiais 61.087 17,5

Comércio de materiais 32.498 9,3

Serviços 22.944 6,6

Máquinas e equipamentos 7.680 2,2

Outros fornecedores 3.221 0,9

Total da cadeia 349.187 100,0

Fonte: IBGE. Extraído do Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da Indústria de Materiais e Equipamentos 2014 (ABRAMAT, 2014).

O setor da construção civil foi responsável por 63,5% da participação no PIB total da Cadeia Produtiva, demonstrando a importância da realização de estudos que tragam desenvolvimento e melhorias para o setor, aumentando assim a sua capacidade de crescimento.

(17)

região que liderou o crescimento de vendas da indústria, foi a Região Nordeste, com 8,6%, seguida da Região Sul e Norte, com 8,1% e 7,6%, respectivamente. Na publicação do ano anterior, ABRAMAT (2013), a Região Nordeste figurava em 3° lugar na mesma lista.

As origens, os canais de distribuição e o destino dos materiais de construção, estão representados na Figura 1.

Figura 1 – Origens, canais de distribuição e destino dos materiais de construção, 2013.

Fonte: Extraído do Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da Indústria de Materiais e Equipamentos 2014. ABRAMAT e FGV Projetos.

Como a grande maioria desses materiais sai dos fabricantes e passam pelos fornecedores, tornando os caminhos percorridos por estes ainda maiores, um estudo focado nas estratégias empregadas nos fluxos desses materiais e logística de canteiro, auxilia na melhoria dos processos e facilita a comunicação entre os fabricantes e as construtoras.

Segundo Novaes (1994), a logística pode ser importante para os mais diversos setores empresariais, com diferentes atribuições. Nas empresas atacadistas, têm grande importância a capacidade de armazenagem de produtos e o seu controle. Nas varejistas e transportadoras, a existência de mecanismos para a distribuição de produtos. Nas indústrias de transformação de matéria-prima bruta, é fundamental a capacidade de abastecimento e a localização das áreas de processamento próximas dos centros produtores das matérias primas. No setor de serviços, a logística tem se mostrado também importante, como o transporte de documentos.

Algumas pesquisas foram realizadas para a indústria da construção civil, podendo ser destacadas Thomas e Smith (1990 apud Silva, 2000), que apontam que dentre as

(18)

Sendo essas causas associadas a uma gestão inadequada da logística na empresa de construção.

São características das redes inter-organizacionais, as alianças estratégicas e ligações entre as empresas. De acordo com Freeman (1991), as redes inter-organizacionais são como um arranjo institucional básico para gerar sistemas de inovação. O relacionamento cooperativo entre os parceiros é um mecanismo importante de ligação da configuração da rede.

Segundo Rycroft e Kash (2004), afirmam que as inovações cooperativas criam complexas e redundantes redes que formam um mercado global, proporcionam oportunidades de inovação em volta do mundo e servem de base organizacional para adquirir conhecimentos e experiências. As empresas são mais competitivas quando se juntam em redes, formando parcerias confiáveis.

Slack (2005) mostra que as pesquisas realizadas no Reino Unido, em sua maioria, estão focadas na operação, com menor ênfase na estratégia, pois as operações são os recursos que criam os serviços e os produtos para que o negócio possa satisfazer as necessidades dos consumidores.

Ao falar de alinhamento estratégico na operação, podemos reconhecer os esforços do sistema de Produção Enxuta, que é utilizado para gerenciar a produção de forma a atingir maiores níveis de eficiência, eliminação de desperdícios, atendimento as necessidades dos clientes e agregação de valor ao produto (WOMACK; JONES, 1996; OHNO, 1997; SHINGO, 1996; RENTES; NAZARENO; SILVA, 2005).

Durante a concepção de uma empresa e no decorrer de sua atividade em determinado horizonte de tempo, há escolha da estratégia a ser seguida, porém, na ocasião de abordagem mais apropriada para sua atividade desenvolvida, pode ocorrer a troca ou adequação, sempre atualizando o que tem de novo no mercado e assim, manter-se competitiva.

Existem duas abordagens para sistema de chão de fábrica, segundo Vollmann, Berry e Whybark (1997), a primeira é baseada no sistema de Produção Enxuta, que procura atender as necessidades do cliente no momento da necessidade e a segunda, é baseada no sistema Material Requirement Planning (MRP), onde é requerido um complexo sistema de programação do chão de fábrica direcionado a um departamento.

(19)

A logística aplicada à construção civil é um processo multidisciplinar implementado a uma determinada obra que visa a obtenção do abastecimento, da armazenagem, do processamento e da disponibilização dos recursos materiais nas frentes de trabalho, bem como o dimensionamento das equipes de produção e a gestão dos fluxos físicos de produção. Tal processo se dá através de atividades de planejamento, organização, direção e controle, e possui como principal suporte o fluxo de informações, ocorrendo antes do início das atividades, como ao longo dela (SILVA; CARDOSO, 1998).

A logística de canteiro ainda não está integrada a logística da fábrica, pois o nível de comunicação entre eles, muitas vezes se resume na elaboração de pedidos e atendimento do serviço, não há um alinhamento estratégico que envolva os dois agentes, podendo ocasionar a interrupção de processos e atividades, principalmente quando o canteiro de obras inicia sua etapa de execução de alvenaria, seja ela com componentes cerâmicos ou de concreto, gerando grande estoque de insumos para estes serviços, devido à falta de confiabilidade, fazendo com que o espaço seja dividido com componentes de outras atividades, dificultando até a realização das entregas.

O interesse no estudo de caso surge da necessidade de conhecer melhor a etapa de execução de alvenaria e analisar como está sendo realizada essa integração entre a fábrica e a obra, para que as interferências sejam identificadas e minimizadas.

Esta pesquisa é parte de um projeto em parceria entre as universidades federais de três estados (Alagoas, Ceará e Santa Catarina) e da empresa interveniente S3ENG Inteligência Aplicada a Engenharia, de Santa Catarina. Tem como financiador a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e título denominado de Sistema integrador para projeto e execução de sistemas construtivos em alvenaria coordenada modularmente (SISMOD), com objetivo de desenvolver um sistema integrador (software) aplicado a projeto e produção de sistemas construtivos em alvenarias de habitações de interesse social com base na coordenação modular e na conectividade de componentes no contexto da industrialização aberta, a partir da identificação dos sistemas construtivos, análise dos componentes existentes e sistematização dos processos de projeto, fabricação, transporte e montagem. O convênio conta com a assinatura desde junho de 2012 e o valor total de investimento de R$ 1.694.516,25, valor que servirá para obtenção de vários equipamentos inerentes a pesquisa nos três estados participantes.

O projeto iniciou em março de 2013, com previsão para conclusão inicial em 24 meses. Possui várias metas, incluindo:

(20)

b) desenvolver o sistema;

c) aplicar o sistema desenvolvido a um sistema construtivo em alvenaria; d) elaborar um manual de utilização;

e) criar banco de dados com componentes; f) produzir material técnico;

g) analisar os processos de trabalho de sistemas construtivos em alvenaria no canteiro de obras;

h) analisar tecnologias construtivas para sistemas construtivos em alvenaria; i) desenvolver soluções tecnológicas;

j) outros.

A delimitação da presente pesquisa é analisar e propor melhorias de processos na movimentação interna e na montagem de componentes em canteiro de obras, integrando com as soluções para ordenação dos componentes em fábrica, buscando a integração da fábrica e do canteiro.

1.1 Objetivos

Os objetivos desta pesquisa são apresentados a seguir, divididos em objetivo geral e objetivos específicos.

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a forma como ocorre a integração entre a fábrica e a obra, quando se trata de componentes blocos para alvenaria, no município de Fortaleza, através da identificação das características de gestão dos fluxos físicos, para evitar longos períodos para pedidos e recebimentos, devido a falta de confiabilidade no parceiro, necessitando assim de um espaço físico maior para estocar material.

1.1.2 Objetivos específicos

Para atingir o objetivo geral, foram elencados os seguintes objetivos específicos: a) revisar a bibliografia sobre o tema;

b) realizar estudo piloto, com projetos de inventário de alvenaria disponíveis no mercado local;

(21)

d) identificar as características de gestão dos fluxos físicos das fábricas e dos canteiros;

e) analisar a integração entre a fábrica e a obra;

f) propor melhorias para uma integração mais eficiente entre os dois agentes;

1.1.3 Estrutura da dissertação

A pesquisa está estruturada em 06 (seis) capítulos, que detalham o estudo realizado.

No Capítulo 1 é apresentada uma introdução ao tema, sendo justificada a pesquisa e explicitada a motivação a partir do problema encontrado, bem como, os objetivos a serem atingidos e a estrutura desta pesquisa.

O Capítulo 2 é formado pela revisão bibliográfica, abordando os temas de relevância para o embasamento teórico do assunto em estudo.

Na sequência, o Capítulo 3 descreve a metodologia para atingir os objetivos com base nos resultados.

O Capítulo 4 é descrito um estudo piloto, realizado com o intuito de colaborar para a elaboração de proposta de melhorias, que ligado a planta de inventário de alvenaria, possibilitou entender melhor o fluxo de material e distribuição do mesmo nos pavimentos da edificação.

No Capítulo 5 é apresentado um estudo dos casos múltiplos utilizados durante a realização da pesquisa, com base nas visitas e aplicação dos questionários, tendo sido geradas as respectivas discussões e proposições.

No Capítulo 6 são descritas as considerações finais e as propostas para trabalhos futuros.

Em seguida são apresentadas as referências das bibliografias consultadas para a elaboração da pesquisa.

(22)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para o embasamento desta pesquisa, uma busca pelos conhecimentos já publicados sobre o assunto se fez necessária, assim, torna-se possível a compreensão das relações existentes no elo entre os fabricantes de componentes e as construtoras, que utilizam seus produtos em obras de alvenaria de vedação com blocos de concreto ou blocos cerâmicos. Essa logística integrada entre esses agentes da cadeia é de fundamental importância para a obtenção de melhores resultados para a gestão dos materiais de construção, dentro e fora do canteiro de obras.

2.1 A evolução da logística

Originalmente, o termo logística vem do grego logistiké, associada a lógica, ligada

a aritmética e a álgebra, relativa as quatro operações fundamentais.

O conceito de logística, de acordo com o encontrado no dicionário Aurélio1 está associado tanto ao antigo nome da Álgebra que trata das quatro regras, como da lógica matemática, bem como da arte militar no apoio as operações militares, no apoio às tropas no que diz respeito à alimentação, munição, saúde e transporte, podendo ainda destacar a associação a organização e gestão de meios e materiais para atividades ou ações.

A logística pode estar associada aos mais diversos seguimentos, e mesmo com todo o desenvolvimento da logística nos períodos anteriores, foi na década de 1950, após a 2ª Guerra Mundial, que começa a ganhar força de âmbito empresarial, provocada pela alteração das demandas dos consumidores, necessidade de diminuição dos custos na indústria, avanço da tecnologia, influência da logística militar, entre outros (BALLOU, 1993).

Alguns setores eram obrigados a se reorganizar e melhorar a distribuição de produtos no mercado, para atender a necessidade de abastecimento, adequando a capacidade de produção.

A logística empresarial pode, a partir de então, ser dividida em três fases (MASTERS; POHLEN, 1994; LA LONDE, 1994):

a) gestão funcional (1960-1970) – nesse período, as empresas começaram a realizar a transição gradual da administração de processos individuais para uma integração da administração de funções em duas grandes áreas, a gestão

(23)

de materiais e distribuição física. Estas mudanças ocorreram principalmente pela utilização de computadores, preocupação com o atendimento ao cliente, aumento da produtividade, entre outros;

b) integração interna (1980) – esta fase não apresentou grandes mudanças organizacionais nas empresas, mas de mentalidade na gestão dos fluxos de materiais. Houve uma maior integração entre as atividades desenvolvidas dentro das empresas. Os fatores primordiais foram a expansão dos serviços de transporte marítimo, o desenvolvimento da Tecnologia da Informação (TI) e de novos princípios e ferramentas de gestão como o Just in Time (JIT) e o

MRP;

c) integração externa (1990) – fase em que surgiu o conceito de gestão da cadeia de suprimento, onde as empresas começaram a buscar uma logística eficiente, não apenas dentro de seus setores, mas também nas suas relações com os fornecedores, distribuidores, clientes e outros. A motivação maior se deu por conta da globalização, movimentos demográficos e avanço da TI.

Algumas definições para logística são empregadas no campo da construção. O

Council of Logistics Management (CLM, 1999) a definiu como:

“a parte do processo de gestão da cadeia de suprimentos, que trata do planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de bens, serviços e informações relacionados, do seu ponto de origem até o seu ponto de consumo, de maneira a satisfazer plenamente as necessidades dos clientes”.

A definição acima sugere como deve ser o desenvolvimento da logística dentro das empresas, de forma que o cliente final esteja satisfeito e que tenha todas as suas necessidades atendidas, tudo isso deve ser alcançado por meio de uma boa gestão das informações e dos fluxos físicos, um planejamento que abranja todo o processo, com a utilização de controles, para cronograma, orçamento, estoque ou suprimentos.

Diversas atividades sempre existiram nos canteiros, como transporte, estoque e comunicação, mas seu gerenciamento não é realizado de maneira abrangente, sendo mais uma decisão do gerente da obra após assumi-la, pois se imagina que traga apenas benefícios isolados. Porém é nesses detalhes que as empresas estão localizando seu diferencial para controlar os gastos, diminuir o tempo de resposta dos fornecedores e diminuição de áreas para criação de estoques, fazendo com que os recursos financeiros sejam melhores empregados.

(24)

física de execução e a disponibilidade de áreas para armazenagem no canteiro de obras, a alocação de recursos humanos em função da produtividade esperada e o desenvolvimento adequado do planejamento.

Segundo Cardoso (1996), a subdivisão para a logística aplicável as empresas construtoras quanto a sua função é: logística de suprimentos (externa) e logística de canteiro (interna).

A gestão de um canteiro de obras aplica várias ferramentas da logística, desde o processo de elaboração do projeto de layout de canteiros até a entrega da obra.

2.2 Estratégias logísticas

Podem-se definir estratégias logísticas como a integração das atividades que gerenciam os fluxos logísticos, que são divididos em fluxos físicos, fluxos de informações e fluxos financeiros. O primeiro faz referência aos fluxos de materiais, produtos, pessoal, equipamentos e serviços, desde o fornecedor, até o local de aplicação. O segundo engloba as informações que garantem o bom funcionamento do fluxo de bens e serviços. O último fluxo se refere às movimentações financeiras para que as atividades logísticas aconteçam.

Baseado nisso, as empresas devem identificar suas atividades logísticas, buscando desenvolver estratégias para a produção, baseando-se na estratégia global da empresa.

Segundo O`laugin e Copacino (1994), existem dez componentes-chaves para uma estratégia logística, divididos em quatro níveis e que trabalham de forma integrada. Estes componentes são mostrados na Figura 2.

Figura 2 – Componentes chaves para a estratégia logística.

(25)

Essa pirâmide é facilmente aplicável a empresas de construção, onde no primeiro nível (base), estão os componentes operacionais, básicos da logística, como o sistema de informação e os procedimentos utilizados pela empresa. No segundo nível estão os componentes funcionais, que farão a gestão dos materiais, transportes, armazenagem e operações. No terceiro, os componentes estruturais, que darão a definição dos canais de suprimento e distribuição, além do suporte necessário. O quarto nível se refere ao atendimento as necessidades do cliente, internos e externos.

Bowersox e Closs (1997) identificaram alguns fatores para conseguir a excelência logística, representados na Figura 3.

Figura 3 – As dimensões da excelência logística.

Fonte: BOWERSOX e CLOSS (1997), adaptado por Silva (2000).

No caso do setor de produção, a interação com a logística ocorre de inúmeras formas. Tendo esse, a missão de transformar recursos materiais em produtos acabados, através de um planejamento logístico bem elaborado, controla o andamento da obra e a movimentação do canteiro, desde o layout adequado para o canteiro, passando pela programação da entrega de materiais e execução do produto. Servindo ainda para retroalimentar a programação das atividades, redimensionando alguma atividade sub ou superdimensionada inicialmente.

(26)

durante a obra, necessitando de uma programação mais eficiente e uma maior confiabilidade nos fornecedores dos componentes.

Segundo Merli (1990), alguns dos desafios para a evolução do relacionamento com os fornecedores, são:

a) estabelecer a relação a longo prazo e estável; b) impor um limite no número de fornecedores; c) evitar a mudança facilmente;

d) estabelecer um sistema de qualificação global;

e) colaborar com os fornecedores para tornar os produtos mais confiáveis e com menor custo.

As estratégias devem ser adotadas não apenas para uso individual, mas para integração da empresa com os demais agentes envolvidos na cadeia de suprimentos, através de processos, que beneficiem a todos, otimizando as atividades.

2.3 Cadeia de suprimentos

Cadeia de Suprimentos, definida por Mabert e Venkataramanan (1998), é uma série de unidades que transformam matéria-prima em produtos finais e os entregam para seus clientes. Para Pienaar (2009), a Cadeia de Suprimentos é definida como a descrição total de um processo integrado, envolvendo organizações que transformam matéria-prima em produtos acabados e transportam até o cliente final.

Assim, não é indicado analisar a indústria da construção isoladamente, pois ela possui atividades que colaboram com o desenvolvimento do país, na geração de bens, serviços e qualidade de vida a população. A partir disso, abordar a ideia de cadeias produtivas seria mais interessante, agrupando segmentos produtivos e estudando as diversas cooperações ou parcerias entre eles. Assim, toda a cadeia estaria inter-relacionada, tornando uma rede integrada e consequentemente, satisfazendo os anseios de cada agente da cadeia (JOBIM et al., 2002).

A construção civil consegue realizar a especificação de um vasto número de materiais, porém as atividades de apoio, como movimentações dentro do canteiro, muitas vezes não são consideradas e pode trazer prejuízos a logística aplicada a obra.

Para Haguenauer et al. (2000) o conceito de cadeia produtiva é o conjunto de

(27)

cadeia de suprimentos nada mais é que a administração de um sistema logístico integrado dentro da empresa e que o seu objetivo é satisfazer o cliente, aumentado seu nível de concorrência e diminuindo os custos financeiros, com diminuição dos desperdícios e das atividades que não agregam valor ao produto, tais como armazenamentos, esperas e transportes.

Para Lambert e Cooper (2000), os estudos apontam diferenças entre o gerenciamento das cadeias de suprimentos e o gerenciamento da logística, sendo o primeiro a integração dos processos chaves do negócio, partindo do usuário final e dos fornecedores de produtos, serviços e informações que agregam valor aos clientes e aos diversos autores envolvidos, já o segundo, sendo apenas a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla de forma eficaz o fluxo e o estoque de bens, serviços e informações.

Com base nas conclusões dos autores, entende-se a necessidade da construção civil de desenvolver habilidades específicas em elaborar parcerias com os diversos agentes da cadeia, trabalhando de forma integrada, ganhando confiança nos parceiros e tornando-se mais competitiva, para manter-se viva em um mercado que a cada dia faz surgir uma nova empresa ou mesmo uma nova obra dentro da empresa, aumentando assim os clientes dos fabricantes existentes. Pode-se observar na Figura 4, que os fornecedores podem atender a várias obras ao mesmo tempo.

Figura 4 – Várias obras sendo atendidas pelos mesmos fornecedores.

Fonte: Serra (2013).

Como a construção civil possui especificidades em relação as demais indústrias, possuindo um produto único e estático, é necessária uma abordagem da logística com foco na construção civil.

(28)

2.4 Logística na construção civil

A construção civil, ao longo dos anos, não deu a devida importância a logística e seus fluxos. Não se industrializou na mesma velocidade dos outros setores da indústria e convive ainda hoje com um desperdício e improvisação, sem atentar para o impacto que isso ocasiona na sua competitividade.

A logística de suprimentos desempenha um papel estratégico na construção civil, pois auxilia a interação entre os fornecedores e a produção, influenciando significativamente nos custos de um empreendimento (SILVA, 2000).

Quando a função suprimentos não é planejada adequadamente, pode causar atrasos e paradas no processo de produção, interrupção nos fluxos físicos, desperdícios de materiais e diminuição da produtividade. De acordo com Picchi (1993), a função suprimentos é apontada, muitas vezes, como a causadora de atrasos e paradas no processo de produção, pois a falta de material impede a realização de uma atividade, ocasionando paradas nas frentes de serviços e perda de produtividade.

Na busca pela qualidade do setor da construção civil, foram criadas diversas iniciativas envolvendo várias empresas que buscam certificações que orientem quanto a implantação de ferramentas. Podemos citar o Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo (Sistema de Certificação QUALIHAB), que têm por objetivo otimizar a qualidade das habitações, envolvendo os materiais e componentes empregados, enfocando os projetos e obras realizadas, através da parceria com o meio produtivo, firmando acordos setoriais (Decreto nº 41.337, 1996), o Sistema de Qualificação de Empresas de serviços e Obras (SIQ-Construtoras), que é uma ação do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), que visa organizar o setor da construção civil em torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva (Portaria nº 134, 1998) e ainda a série de Normas da International Organization for Standardization (ISO), ISO 9000, que embasa os dois sistemas citados

acima.

2.5 Processos logísticos

(29)

modernos de gestão dos processos organizacionais e de integração das cadeias de valor da organização, dos cientes e dos fornecedores.

Essa integração se torna mais importante quando falamos em estoques, que devem ser geridos de modo a não inviabilizar as diversas operações dentro de um canteiro e permitir a execução das atividades programadas, sem que haja a interrupção dos processos.

Um canteiro de obras possui inúmeras variáveis, uma delas é a capacidade de receber e estocar os materiais necessários aos serviços. Na etapa de alvenaria, um grande número de componentes está presente dentro do canteiro, isso representa um custo alto e, portanto, não é interessante manter um estoque elevado de materiais, pois ele pode dificultar a movimentação interna.

Viana (2002, p.109), define estoque por:

“Materiais ou produtos acumulados para utilização posterior, de modo a permitir o atendimento regular das necessidades dos usuários para a continuidade das atividades da empresa, sendo o estoque gerado, consequentemente, pela impossibilidade de prever-se a demanda com exatidão.”

Processo pode ser entendido, de forma geral, como qualquer atividade ou conjunto delas que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente interessado. Logo, um processo é um grupo de atividades realizadas em sequência lógica com objetivo de produzir um serviço ou um bem, com valor para determinado cliente ou grupo (HAMER; CHAMPY, 1994 apud GONÇALVES, 2000).

Com a implementação da informática, e dos meios de comunicação, as organizações buscam aperfeiçoar seu desempenho, contemplando seus processos logísticos internos e externos, integrando toda a cadeia, elevando o nível de serviço, diminuindo os custos, aumentando a produtividade e reduzindo as atividades que não agregam valor aos serviços.

Segundo Cruz (2000), podemos definir uma hierarquia para os processos logísticos, que seria:

a) macro processo – conjunto de atividades, com visão geral do ambiente de estudo;

b) processo – conjunto de atividades conectadas, relacionadas e lógicas;

c) atividades – conjunto de procedimentos a serem executados para produzir determinado resultado;

(30)

A gestão de processos, juntamente com a logística, auxilia no gerenciamento integrado dos recursos e das atividades, desde a compra no fornecedor até a compra pelo cliente final, suprindo as necessidades de fluxos de informações e fluxos físicos, de forma eficaz, segura e rápida, auxiliando no controle e na tomada de decisões do gestor.

Rey (1999) destaca que a implementação e a justificativa na tomada de decisões da logística, necessitam de indicadores como um todo e que estejam integrados entre si.

Uma das etapas que ocasiona um fluxo intenso de materiais dentro do canteiro é a execução da alvenaria, necessitando de área para recebimento, movimentação, estoque e operação adequada de transporte para o local de aplicação.

2.6 Sistema de alvenaria

Alvenaria consiste em um conjunto de componentes artificiais ou componentes naturais, sistematicamente organizados, unidos por uma argamassa ou não, constituindo um maciço que deve apresentar resistência, durabilidade e impenetrabilidade (ARAÚJO, 1995).

De acordo com Alves (2008), a alvenaria pode ser empregada na produção de vários elementos construtivos podendo ter função estrutural ou de vedação, tais como: paredes, abóbodas entre outros.

Segundo Franco et al. (2005) as paredes de alvenaria podem ser classificadas de

acordo com o material empregado em:

a) alvenaria de componente de concreto; b) alvenaria de componente de cerâmico; c) alvenaria de componente sílico-calcário; d) alvenaria de componente de concreto celular; e) alvenaria de componente e tijolo de solo-cimento; f) alvenaria de pedra.

A Norma que fornece a terminologia e os requisitos referentes a alvenaria de bloco cerâmico é a NBR 15270-1:2005 – Componentes cerâmicos: Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação – Terminologia e requisitos. De acordo com a NBR 15270-1:2005:

a) como definição de bloco cerâmico de vedação: “Componente da alvenaria de vedação que possui furos prismáticos perpendiculares às faces que os contêm”; b) quanto a função, apresentada na nota 3: “Os blocos cerâmicos para vedação

(31)

c) como definição de lote de fornecimento: “Conjunto de blocos constituintes de um pedido, podendo ser entregue em vários carregamentos”.

Ainda é possível obter informação quanto a fabricação, identificação, características visuais, geométricas, físicas e mecânica, além dos requisitos ligados a tolerância e metodologia para realizar a inspeção do lote.

A Figura 5 traz uma ilustração do bloco cerâmico de vedação.

Figura 5 – Bloco cerâmico de vedação.

Fonte: NBR 15270-1 (2005).

Legenda: Onde H= altura, L= largura e C= comprimento.

Quanto aos blocos de concreto para alvenaria de vedação, em 2014 entrou em vigor a versão corrigida da NBR 6136 - Blocos vazados de concreto simples para alvenaria — Requisitos, que estabelece os requisitos para produção e aceitação de blocos vazados de concreto simples, com ou sem função estrutural. São informações trazidas por ela:

a) como definição de bloco vazado de concreto simples: “componente para execução de alvenaria, com ou sem função estrutural, vazado nas faces superior e inferior, cuja área líquida é igual ou inferior a 75% da área bruta”; b) existem blocos vazados, blocos tipo canaleta e os compensadores;

c) condições de inspeção para aceitação dos blocos;

(32)

Figura 6 – Bloco vazado de concreto simples.

Fonte: NBR 6136 (2014).

O processo de execução da alvenaria, construídos pelo processo construtivo tradicional, utiliza-se do uso intensivo de mão de obra, baixa mecanização, com elevados desperdícios de mão-de-obra, material e tempo, mas essa prática artesanal vem sofrendo evoluções no decorrer dos anos (SILVA et al., 2007).

Para Martins (2009) os principais aspectos a considerar no planejamento da execução das alvenarias são, entre outros, a quantificação dos trabalhos, o planejamento e programação da sequência de atividades e duração das tarefas que serão executadas (cronograma), a avaliação de mão de obra, materiais, acessórios especiais e equipamentos, a avaliação de aquisição de materiais, do armazenamento, do transporte e elevação e da manutenção de equipamentos.

Para facilitar a movimentação e o armazenamento dos componentes da alvenaria, é comum as obras receberem das fábricas o material paletizado, agrupando um volume maior de blocos e aproveitando melhor o espaço físico do canteiro.

2.7 Unitização e gestão de estoques

(33)

ainda os insumos de alto custo e personalizados, que precisam ser comprados no período certo, para não ocorrer perdas financeiras, para isto se faz necessária a integração da logística.

De acordo com Garcia et al. (2006), a logística integrada pode ser separada em

três áreas principais: Logística Inbound, que é a gestão de suprimentos e a interação da

empresa com seus fornecedores; Logística Industrial, representando as operações de planejamento, programação e controle da produção; Logística Outbound, ligada a distribuição

física de produtos e a interface da empresa com seus clientes.

A gestão de estoques ligada ao transporte e armazenamento, apresenta uma função essencial da logística integrada, garantindo o nível de serviço desejado e diminuindo os custos totais.

Para que seja alcançada uma boa gestão de estoques e movimentação de materiais a nível desejado dentro das empresas, é necessário utilizar técnicas de unitização, padronizando as cargas a serem transportadas desde a chegada ao canteiro até a sua utilização no pavimento.

A unitização na construção civil é realizada através da paletização, que segundo a National Wooden Pallet & Container Association (NWPMA), aponta como vantagens (OLIVEIRA, 2004):

a) a melhor utilização de espaços verticais, pois há possibilidade de empilhar os paletes, com uso de maquinário adequado;

b) a redução de acidentes, tendo substituição de movimentação manual por movimentação mecânica;

c) economia no custo de movimentação; d) um maior controle do inventário;

e) redução no tempo de rotulagem, já que cada palete recebe um ou dois rótulos por unidade para identificar a carga;

f) redução de gargalos, aumentando a produtividade; g) corta pela metade o tempo de carga e descarga; h) outros.

De acordo com a Norma NBR 8254 de 2008, que apresenta a terminologia usada para os paletes e traz como definição de palete: “a plataforma destinada a suportar cargas, permitindo sua movimentação mecânica por meio do garfo rodante”, podendo ser de vários modelos, como por exemplo, com abas e faces duplas.

(34)

combinações, e possui as seguintes características, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) pelas seguintes Normas Brasileiras (NBR), ABNT NBR 8334:2014 (vigente em janeiro de 2015) e ABNT NBR 8252:2011, mostrado na Tabela 2.

Tabela 2 - Dimensões dos paletes no Brasil.

Código Dimensões (mm)

a x b

A 1100 1100

B 1200 1000

C 1650 1100

D 1100 825

E 1320 1100

Fonte: ABNT NBR 8334:2014 e ABNT NBR 8252:2011.

Os paletes são classificados, de acordo com as Normas vigentes, quanto à carga admissível e material de fabricação, recebendo uma classificação composta por cinco letras, onde as quatro primeiras representam o material e o último, separado por hífen, representa a carga admissível.

O fluxo físico dos paletes, do seu recebimento a distribuição dos componentes no pavimento pode influenciar a produção, originando desperdícios e movimentações desnecessárias.

2.8 Publicações sobre o tema no Brasil e no mundo

Algumas publicações sobre o assunto são interessantes citar, como por exemplo: Rocha et al. (2002), que aborda os benefícios da integração entre empresas e

fornecedores, com um cunho cada vez mais estratégico nas empresas.

CLM (1999) ensina como reconhecer e superar os obstáculos comuns que prejudicam tanto a integração interna e externa das operações logísticas de valor agregado, identificando as áreas críticas de integração necessária para aumentar a oferta de eficácia cadeia.

Stank et al. (2001) aborda que a colaboração com outras entidades, influencia a

(35)

3 METODOLOGIA

A pesquisa tem abordagem qualitativa e utiliza caso múltiplo com estratégia de Estudo de Caso.

A pesquisa qualitativa, definida por Strauss e Corbin (1990), como sendo “uma pesquisa que produza descobertas sem utilizar procedimentos estatísticos ou outro modo de quantificação”.

Segundo Avenir (1989) e Yin (1994), um estudo de caso é indicado quando existem questões do tipo “como”, “por que” e “quais”, quando há um objetivo exploratório de descobrir novas problemáticas, entender um fenômeno ou sugerir hipóteses. E o estudo de caso consiste de um estudo aprofundado de uma categoria de fenômenos dentro de uma organização ou de um número limitado de organizações.

O foco é a alvenaria, divida em alvenaria de blocos cerâmicos e alvenaria de blocos de concreto. A pesquisa teve início com um estudo piloto ligado à planta de inventário de alvenaria, em que foram coletadas quatro plantas de inventário de diferentes obras já concluídas ou em andamento, no município de Fortaleza e fornecidas pelas empresas construtoras para a pesquisa em junho de 2013. Essas plantas foram utilizadas para identificar o nível de detalhamento das informações e após sua avaliação, auxiliar na proposição de orientações para a elaboração dessas plantas e incentivar o seu uso dentro dos canteiros de obra, como uma ferramenta extra no processo de execução de alvenaria.

A partir deste estudo piloto, analisou-se a integração entre os fabricantes de blocos e os canteiros de obra, durante a etapa de alvenaria.

O trabalho de campo foi iniciado em junho de 2014, para atender as necessidades do projeto SISMOD, ao qual esta pesquisa está ligada, onde foram visitados diversos fabricantes e canteiros de obra, em Fortaleza e outros municípios do Ceará.

Em meados de setembro de 2014, foram selecionadas as empresas que forneceriam os dados desta pesquisa, através da realização de entrevista semi-estruturada própria para este estudo, apresentada no Anexo A, bem como um complemento da entrevista para observação do autor, apresentado no Apêndice A. As visitas ocorreram em dias úteis, dentro de um prazo de três semanas, todas pré-agendadas com o engenheiro responsável pelo canteiro ou o responsável técnico pelo chão de fábrica.

(36)

logística para suprir as necessidades, e isso só seria possível, vivenciando a realidade de cada uma, contudo sem influenciar o resultado da pesquisa.

O complemento da entrevista, foi adaptada de Ribeiro (2006), com distinção entre a aplicada nas fábricas e a aplicada aos canteiros. A entrevista semi-estruturada e o seu complemento permitiu o conhecimento mais aprofundado dos fluxos, visto que durante as visitas não eram possíveis verificar todas as intercorrências possíveis, além de fornecer dados para a pesquisa, quando obtínhamos respostas para questionamentos abaixo exemplificados:

a) como é feito o planejamento da obra?;

b) existe o controle da produção para atualizar o planejamento?;

c) quais os tipos de formulários utilizados pelos setores de aquisição e controle de materiais?;

d) quais os tipos de meios de circulação da informação utilizados entre os setores envolvidos com os suprimentos?;

e) como é organizado o estoque pela empresa?;

f) como é realizado o controle do estoque e de consumo dos materiais?; g) como é determinado o estoque de segurança?;

h) outros.

Para trabalhar a integração entre as fábricas e as obras, a escolha se deu de modo a formar pares, ou seja, cada construtora foi escolhida em conjunto com o seu fornecedor de blocos, além das obras estarem obrigatoriamente na fase de execução de alvenaria.

As construtoras foram ainda divididas em execução de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos e alvenaria de vedação com blocos de concreto, assim, os fabricantes também foram divididos entre os que forneciam componentes cerâmicos e componentes de concreto. Em resumo, foram selecionadas duas empresas de cada tipo, como é possível visualizar na Figura 7.

Figura 7 – Seleção das empresas (divisão por tipo de componentes).

(37)

A entrevista trazia questões que passando desde a identificação da empresa até sua tecnologia de informação, deixando aberto para absorver os comentários mais longos dos entrevistados.

Após todas as informações coletadas foi possível a análise dos dados obtidos e a proposição de melhorias para que ocorra uma integração mais eficiente entre os agentes envolvidos na pesquisa, gerando assim estoques menores e uma maior confiabilidade no parceiro.

Ao final, foram propostas orientações que possibilitaram a elaboração de plantas de inventário, com disposição dos componentes em paletes, de forma a suprir as necessidades do canteiro e não prejudicar os processos inerentes à fábrica.

O trabalho foi realizado de acordo com o fluxograma apresentado na Figura 8.

Figura 8 – Sequência seguida pela pesquisa.

Fonte: Autora, 2014.

O número de empresas também seguiu o conceito da amostragem teórica (GLASSER; STRAUSS, 1967), para o qual o critério para a seleção das amostras é a capacidade de fornecer elementos teóricos relevantes para o desenvolvimento de um determinado assunto.

Estudo Piloto: Plantas de inventário de

alvenaria

Escolha das empresas fabricantes e

construtoras

Visitas as fábricas e canteiros de obra

Elaboração e aplicação da entrevistas

(38)

4 PROJETO PILOTO

Ao iniciar o Projeto SISMOD, algumas atividades foram propostas para a obtenção das metas a serem alcançadas, a partir da meta ligada a logística entre os agentes da cadeia produtiva da construção civil, mais precisamente com relação aos componentes para alvenaria, foram elaboradas entrevistas semi-estruturadas com participação de toda a REDE, formada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o objetivo de se conhecer as movimentações realizadas em canteiro e fora dele.

Com os dados coletados e analisados, foi possível uma interpretação do processo de comunicação entre as empresas e identificação de algumas características de gestão para realização de pedidos, entregas e recebimentos dos componentes para alvenaria.

A integração da logística só é possível quando envolve uma série de agentes durante o processo, observando as normas pertinentes e a busca pela melhoria contínua, transformando os resultados em vantagem competitiva.

Nas figuras seguintes, é possível visualizar uma série de atividades desenvolvidas dentro e fora do canteiro de obras, como a chegada dos paletes de componentes ao canteiro (Figura 9), a disposição no canteiro dos componentes de concreto (Figura 10) e dos componentes cerâmicos (Figura 11), a vista de uma parede com a sequência de execução (Figura 12), e a disposição dos componentes no palete para determinada parede, sendo essa informação fornecida à fábrica e o palete chega à obra com a composição desejada (Figura 13).

Figura 9 – Transporte de paletes até o canteiro de obras.

(39)

Os componentes blocos para alvenaria são transportados até o canteiro por meio de caminhões, em que paletes compostos por blocos de variadas dimensões são armazenados na carroceria, que deve facilitar o seu carregamento na fábrica e descarregamento na obra, realizados de modo mecanizado, devido ao peso.

Figura 10 – Disposição dos paletes de componentes de concreto no canteiro.

Fonte: autora (2014)

Em algumas obras não há definiçã de espaço apropriado para o armazenamento dos componentes.

Figura 11 – Disposição dos paletes de componentes cerâmicos no canteiro.

Fonte: autora (2014).

(40)

Figura 12 – Vista esquemática de uma parede – sequência de execução.

Fonte: adaptada de www.forumdaconstrucao.com.br (2014).

A Figura 12 apresenta uma vista esquemática do uso de blocos com diferentes dimensões.

Figura 13 – Disposição esquemática dos componentes no palete, seguindo sequência de execução.

Fonte: http://www.logweb.com.br (2014).

Os paletes são compostos por blocos de uma mesma dimensão, para controle na fábrica e conferência no canteiro, quando ocorre o descarregamento. A Figura 13 apresenta um modelo esquemático ideal, elaborado para uma parede de um projeto fictício, sendo composto por blocos de dimensões variadas, visto que cada parede necessita de diferentes blocos para conseguir a amarração desejada entre as fiadas, garantindo as características de projeto.

4.1 Plantas de inventário

(41)

a) relação dos bens, móveis e imóveis, de alguém; b) descrição minuciosa;

c) menção ou enumeração de coisas;

d) descrição dos bens ativos e passivos de uma empresa ou sociedade comercial. Assim, inventário é importante para conhecer os bens existentes, facilitando o controle de compra, uso e desperdício.

Algumas construtoras de Fortaleza / Ce já utilizam plantas de inventário para ter um melhor controle das quantidades necessárias para cada m² de alvenaria a ser construído, e sabendo desta informação, buscou-se conhecer essas plantas.

Ao iniciar esta pesquisa, foram coletadas algumas plantas de inventário, de empresas construtoras com obras na cidade de Fortaleza, ou em fase de execução ou de obras já concluídas.

Essas plantas de inventário chamaram atenção devido a disposição final de paletes de componentes nos pavimentos onde os trabalhos de alvenaria estariam em desenvolvimento, tendo o planejamento do local exato deste material, com sua quantidade correspondente, conhecendo-se seu local de aplicação e, portanto, obtendo um controle maior sobre o seu desperdício, facilitando inclusive o levantamento de componentes defeituosos de fábrica ou danificados durante o trajeto fábrica-obra.

A quatro empresas que forneceram suas plantas de inventário, não são necessariamente as mesmas analisadas pelo estudo de caso, pois ainda é reduzido o número de canteiros que fazem uso desta ferramenta de planejamento para distribuição dos componentes no pavimento.

O objetivo da planta de inventário é auxiliar o controle do planejamento feito pelas construtoras, otimizando a distribuição dos componentes no pavimento, respeitando as condições da estrutura para recebimento das cargas, que serão concentradas em pontos sobre a laje, verificando as combinações de cada parede, minimizando a movimentação do operário e otimizando o fluxo dos materiais dentro do canteiro. Uma das características dessas plantas é a fácil leitura para os operários, em que são utilizadas as cores para identificar os vários tipos de componentes e sua parede de aplicação correspondente.

(42)

Figura 14 – Planta de inventário de alvenaria

Fonte: Projeto disponibilizado pela construtora.

(43)

Figura 15 – Detalhe da distribuição dos paletes no pavimento.

Fonte: Projeto disponibilizado pela construtora.

Os paletes são distribuídos no pavimento, de acordo com o seu conteúdo, recebendo no projeto uma legenda de dimensões dos componentes identificadas por cores, recebendo as paredes a mesma coloração, facilitando o entendimento do profissional que realizará o serviço, diminuindo as falhas na leitura do projeto.

O espaço destinado à circulação de pessoas e equipamentos também é considerado, de forma que ocorra uma interação entre os materiais, equipamentos e profissionais, com redução das interferências e dos acidentes na obra.

(44)

Figura 16 – Detalhe da legenda dos paletes.

Fonte: Projeto disponibilizado pela construtora.

Figura 17 – Detalhe da legenda das argamassas.

Fonte: Projeto disponibilizado pela construtora.

Acrescenta-se ainda uma legenda para as argamassas que serão utilizadas no assentamento dos componentes, assim a conferência do material necessário ao serviço se torna mais prático.

Alguns dados são extraídos dessas plantas, como mostra a Figura 18, que apresenta as quantidades de componentes utilizados em cada pavimento tipo.

Figura 18 – Detalhe do quantitativo dos componentes.

(45)

A seguir, são apresentadas outras plantas de inventário coletadas no início da pesquisa para estudo dos componentes no interior do canteiro, seguem as Figuras 19 a 21.

Figura 19 – Exemplo de planta de inventário - 1.

(46)

Figura 20 – Exemplo de planta de inventário - 2.

(47)

Figura 21 – Exemplo de planta de inventário - 3.

Fonte: Projeto disponibilizado pela construtora.

(48)

5 CASO MÚLTIPLO

O estudo apresentado abaixo foi realizado através de caso múltiplo, obtido através de visitas, aplicação de entrevista semi-estruturada, discussão e proposições de melhorias durante a etapa de execução de alvenaria de vedação.

Algumas informações são relevantes para entender a problemática nos canteiros, uma delas é o deslocamento geográfico necessário para que o componente chegue a obra, o que poderá interferir nos danos causados ao material, devido ao transporte por rodovias em má conservação, ou mesmo interferências ligadas aos horários de entrega, devido aos engarrafamentos vividos pelas grandes cidades brasileiras.

5.1 Componentes da alvenaria

A escolha pelos tipos de componentes de alvenaria de vedação (cerâmicos e de concreto) foi possível devido ao assunto ser pertinente ao projeto de pesquisa que a pesquisadora está inserida, produzindo assim, conteúdo para o trabalho acadêmico e para o desenvolvimento do projeto, que tem como um dos objetivos estudar a logística integrada entre os fornecedores e as empresas construtoras, analisando e propondo as boas práticas para projeto e planejamento mais racionalizado, com redução dos desperdícios, aumento da produtividade, organização do canteiro e redução de custo com as atividades que não agregam valor.

O projeto Sismod estuda toda a cadeia, partindo desde o projetista, passando pelos fornecedores e chegando até a execução da obra. Esta pesquisa foca o elo entre o fabricante e a obra, devido a verificação de interferências no planejamento das entregas e movimentação dentro dos canteiros de obra.

5.2 Caracterização das empresas selecionadas

(49)

Com relação aos fabricantes, a seleção foi pela relação de parceria com a construtora inicialmente escolhida.

Assim, foram escolhidos 04 (quatro) canteiros de obra e 04 (quatro) fábricas de componentes para alvenaria, de acordo com a Figura 22.

Figura 22 – Empresas selecionadas para a pesquisa e sua relação com o fornecedor.

Fonte: autora (2014).

Como a figura acima destaca, foram estudados 02 (dois) canteiros em fase de execução de alvenaria de componente cerâmico com seus respectivos fornecedores de componentes cerâmicos e 02 (dois) canteiros em fase de execução de alvenaria em componente de concreto, também com os fornecedores de componentes de concreto.

O contato com as empresas foi realizado inicialmente, por meio de contato telefônico, a fim de confirmar os dados acessados através do site da empresa, onde se pode consultar informações referentes a obras em andamento e o andamento da referida obra.

Imagem

Tabela 1 - Composição da Cadeia Produtiva da Construção em 2013.
Figura  1 – Origens, canais de distribuição e destino dos materiais de construção, 2013
Figura  4 – Várias obras sendo atendidas pelos mesmos fornecedores.
Figura  5 – Bloco cerâmico de vedação.
+7

Referências

Documentos relacionados

The evaluation set up necessary to investigate the oxygen diffusion includes 1 mm and 1.7 mm thick sensor; optical adhesive, silicone and glass, black epoxy, two standard epoxy

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Frondes fasciculadas, não adpressas ao substrato, levemente dimórficas; as estéreis com 16-27 cm de comprimento e 9,0-12 cm de largura; pecíolo com 6,0-10,0 cm de

Quando conheci o museu, em 2003, momento em foi reaberto, ele já se encontrava em condições precárias quanto à conservação de documentos, administração e organização do acervo,

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Os instrutores tiveram oportunidade de interagir com os vídeos, e a apreciação que recolhemos foi sobretudo sobre a percepção da utilidade que estes atribuem aos vídeos, bem como