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2. Uma leitura sobre a abordagem territorial e o desenvolvimento

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Academic year: 2021

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A ABORDAGEM TERRITORIAL COMO PERSPECTIVA

TEÓRICO-CONCEITUAL: INSIGHTS SOBRE A AGROECOLOGIA NO SUDOESTE PARANAENSE

Márcio Freitas Eduardo Doutorando em Geografia - FCT-UNESP/P. Prudente marciofreitaseduardo@yahoo.com.br Marcos Aurelio Saquet Prof. Dr. de Geografia - UNIOESTE/Francisco Beltrão-PR

saquetmarcos@hotmail.com

1. Introdução e objetivos

A abordagem territorial consubstancia-se como uma proposta teórico-conceitual coerente para o entendimento dos processos sociais presentes na produção do espaço geográfico e do território. Queremos, pois evidenciar como o caráter multidimensional inerente à abordagem territorial pode contribuir como perspectiva teórico-conceitual capaz de possibilitar uma compreensão integrada dos processos que interagem na constituição do fenômeno agroecológico no Sudoeste paranaense.

As preocupações teóricas aqui esposadas são produtos de questões suscitadas em pesquisas que viemos desenvolvendo em nível de grupo de estudos (GETERR – Grupo de Estudos Territoriais – projeto agricultura familiar e agroecologia nos municípios de Verê, Itapejada D’Oeste e Salto do Lontra/PR) e em pesquisas particulares (pesquisa de doutorado pela FCT-UNESP/P. Prudente – Desenvolvimento territorial e agroecologia em Francisco Beltrão/PR), que contemplam as temáticas: território, desenvolvimento, questão agrária e agroecologia no Sudoeste paranaense. Assim, abordamos elementos de pesquisas que estão em andamento, porém, com resultados importantes já conseguidos.

2. Uma leitura sobre a abordagem territorial e o desenvolvimento

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esgotamento de um modelo de desenvolvimento setorial e a passagem para um novo paradigma, o territorial.

A problemática relacionada ao trato setorial dada à agricultura inscreve-se no âmbito de uma excessiva homogeneização dos territórios e de seus sujeitos sociais por parte das políticas públicas ao fomentar práticas de desenvolvimento “ao setor”. Sob o “guarda-chuva” do “setor agropecuário” cabe uma miríade de estruturas e atores sintagmáticos, o que torna essa noção por demais banal, pois, desde grandes áreas de monocultura de commodities ou da criação extensiva de gado destinada a exportação até propriedades familiares assentadas em minifúndios com forte diversificação produtiva que visam atender o mercado local de alimentos cabem à noção de setor.

Vale lembrar que a fragmentação em setores da economia da qual decorre a agropecuária como “setor primário” é um legado fisiocrata no qual a agricultura, “única produtora de valor”, é primaz; depois vêm o setor incumbido pela transformação, as atividades relacionadas aos serviços etc. Essa visão setorizada do desenvolvimento é substancialmente parcial; é ainda responsável por intervenções que entendem a diversidade como empecilho a ser superado, como desequilíbrio dentro de uma pretensa planificação/homogeneização – estamos aqui nos referindo ao desenvolvimento e ao planejamento sob a ótica do capital, onde desenvolver é o mesmo que preparar terreno e injetar capital em uma porção do espaço: produzindo o espaço abstrato para o capital abstrato.

O reconhecimento da heterogeneidade dos processos naturais e sociais inerentes à constituição dos lugares está na base do legado territorial e do modelo de desenvolvimento que dessa perspectiva erige-se. Podemos citar autores como Giuseppe Dematteis e Arnaldo Bagnasco, na geografia e na sociologia, respectivamente, referências já consideradas clássicas, porém, de relevâncias prestimosas na atualidade, cujas contribuições auxiliam na qualificação do debate e na formulação de parâmetros ao desenvolvimento territorial.

Conforme Dematteis (1995), por exemplo, o ambiente natural não explica a história, deve ser explicado historicamente, como componente dos processos de reprodução da sociedade. Para este autor, as relações do espaço físico com os acontecimentos históricos têm uma conotação metafórica, implícita. Na sua compreensão, são fatores físicos e

histórico-culturais que influenciam no desenvolvimento local. O território é condição para o

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diferentes lugares. Nas condições territoriais do desenvolvimento, há fertilidade do solo, clima, atrativos naturais, estratificação social, estrutura familiar, tradições empresarial e associativa, relações sociais, posses/propriedades e redes de circulação e comunicação que fazem as mediações entre os sistemas locais e as forças globais

Para Bagnasco (1977), os processos de desenvolvimento se territorializam a partir de fatores internos e externos a cada país e região. O desenvolvimento é compreendido como uma

problemática territorial, historicamente definida por articulações territoriais que se substantivam

econômica, política e culturalmente. Há um processo de diferenciação territorial, centrado na

construção social do mercado e, por assim dizer, nas redes, nos grupos econômicos e nos

acordos políticos. Entende a formação social e territorial italiana, por exemplo, como articulação e interconexão de três formações sociais territoriais, ou seja, a central, a periférica e a

marginal, todas resultantes de mudanças e permanências econômicas, políticas e culturais que

ocorreram na Itália historicamente condicionadas.

A partir destas reflexões, compreendemos o desenvolvimento como um processo progressivo de ampliação das capacidades individuais e coletivas de realização da vida em sociedade, territorialmente definido em virtude de fatores econômicos, políticos, culturais e ambientais. O desenvolvimento precisa estar atrelado ao(s) território(s), reconhecendo-se sua natureza multidimensional: pelo estímulo ao incremento econômico (produção, comercialização, infra-estrutura, crédito etc.), pela valoração da diversidade das expressões culturais, pela expansão da participação política dos sujeitos sociais e pela promoção de formas racionais de uso e gestão dos recursos naturais.

O desenvolvimento, em nossa leitura, não equivale meramente ao acúmulo sistemático de bens ou numa equação matemática de PIB/per capita. O desenvolvimento resulta dos processos E-P-C-N como potencial de agregação de valor (não meramente monetário) a um território. Isso equivale dizer que não há uma forma histórica unidimensional de desenvolvimento, mas que o desenvolvimento deve ser uma construção histórica buscada em cada território nas múltiplas dimensões e escalas. O território é justamente o local de convergência dos diversos feixes de poderes que o conformam como tal. Por isso é, concomitantemente, síntese, produto e condição para a efetivação da relação sociedade-natureza.

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quanto naturais, o conceito obteve graus distintos de expressividade, sendo abordado sob leituras diversas, de acordo com os métodos investigativos utilizados nas diferentes perspectivas analíticas. A abordagem territorial, conforme Sposito (2004) é um importante instrumento para compreender a estrutura espacial, porém, trata-se de uma tarefa complexa, especialmente quando a utilizamos no entendimento da constituição de uma área através das ações das pessoas e do seu processo histórico, ou seja, da dinâmica dos poderes: “[...] a abordagem territorial

consubstancia-se numa das formas para se compreender a miríade de processos, redes, rearranjos, a heterogeneidade, contradições, os tempos e os territórios de maneira a contemplar a (i)materialidade do mundo da vida” (SAQUET, 2007, p.183).

O território é constituído através do complexo jogo relacional exercido pelas pessoas e instituições, por relações contraditórias e combinadas. Nesse processo, consoante Saquet (2007), quatro são os elementos que atuam conjunta e reciprocamente, são eles: economia, política, cultura e natureza. Dimensões que combinadas e articuladas consubstanciam dialeticamente as diversas formações territoriais. No território – e produzindo-o – interagem múltiplos sujeitos, lugares e instituições; configuram-se pelas suas superposições, heterogeneidades e descontinuidades, mas também pelas suas contigüidades e conexões com outros territórios. Os homens vivem, concomitantemente, o processo territorial e o produto territorial por intermédio de suas atividades diárias, produzindo identidades, territorialidades.

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Imbuído nesse raciocínio, consoante Saquet e Sinhorini (2008), os principais elementos constituintes do território, como produto e condição da dinâmica socioespacial, são os seguintes:

1. As redes de circulação e comunicação, traduzidas através de nós, redes e malhas. 2. As identidades culturais e/ou as identidades mais gerais, ocorridas no âmbito das

relações sociais políticas e econômicas.

3. As relações de poder em sua multidimensionalidade.

4. A natureza exterior ao homem: solo, clima, vegetação, fauna, hidrografia. 5. Os processos de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. 6. O movimento mais geral, ou seja, o movimento sempre constante do tempo e do espaço em unidade universal (p.184-5).

Sob essa premissa, um plano de desenvolvimento objetivo torna-se limitado caso não considere sistematicamente a interação multidimensional do território e seus os vínculos orgânicos multiescalares. Por vínculos orgânicos multiescalares entendemos as distintas interações materiais e imateriais produzidas por distintos agentes em distintas escalas e dimensões do território e que se convergem alimentando um dado sistema territorial (em sentidos de reprodução e/ou contradição porque o desenvolvimento não é uniforme e isento de conflitualidades). Do local ao global as articulações multiescalares do território objetivam-se de diversas maneiras: nas lutas e reivindicações, na produção do conhecimento e da técnica, na dinâmica produtiva, no mercado, nas políticas públicas e nos sistemas naturais.

O que define um sistema territorial é a capacidade de interação entre esses elementos num dado quadro de evolução social. No modo de produção capitalista as relações partem do mercado, definindo a produção do conhecimento, das técnicas e do conteúdo das intervenções públicas em detrimento dos almejos das populações e dos sistemas territoriais pretéritos. Daí o pretenso aplainamento das desigualdades (e da diversidade) sob o discurso do desenvolvimento, e a abissal exclusão social e degradação ambiental.

3. A agroecologia como um processo territorial: atores sintagmáticos no Sudoeste paranaense.

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agronegócio. Trata-se de uma contra-racionalidade que parte da crítica aos danos ambientais e a exclusão social engendrados pelo modelo convencional de produção agropecuária.

A agroecologia nasce de uma relação historicamente conflituosa entre a ecologia e a agronomia. Conflituosa, pois enquanto a ecologia fundamenta seus estudos no enfoque dos sistemas naturais a agronomia evoluiu buscando aplicar conhecimentos técnico-científicos ao manejo da agropecuária. A distância que prostrou-se diante dessas duas ciências é compreensível: a ecologia trabalha com o desvendamento de dinâmicas e ritmos da natureza enquanto a agronomia tem por ímpeto a imperiosidade da urgência em gerar um conhecimento agrícola específico centrado na necessidade sempre acrescida de reprodução ampliada do capital.

A aproximação entre essas duas ciências foi parcimoniosa e ainda é alvo de inúmeros conflitos, principalmente quando enfocado as contradições e antagonismos oriundos de lógicas distintas de concepções de desenvolvimento. A sistematização de conceitos como os de “ecossistema” e de “sustentabilidade” foi importante marco para a evolução do conhecimento agroecológico. Atualmente, o pensamento agroecológico vincula-se a inúmeras outras áreas do conhecimento e filiações ideológicas: por isso a gama crescente de sujeitos e instituições patrocinadoras da agroecologia.

Após essa breve descrição conceitual de nossos pressupostos acerca da abordagem territorial passemos a atentar para nossa problemática do enunciado: buscar entender o desenvolvimento da agroecologia no Sudoeste paranaense à luz da abordagem territorial em Geografia. Obviamente que não temos condições aqui de traçar um panorama geral sobre as ligações possíveis entre a ciência geografia e a o pensamento agroecológico, nem mesmo de considerar em toda sua abrangência as distintas perspectivas de pesquisa em geografia que se realizam no âmbito da temática da agroecologia. Queremos, pois esclarecer elementos de nossa perspectiva de estudo em geografia, enfocando as contribuições possíveis da abordagem territorial para com a discussão em torno da agroecologia e tecer apontamentos sobre a territorialização da agroecologia na mesorregião Sudoeste paranaense.

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(1990), Wachowicz (1985), Saquet (2005) e Lazier (1998). Trataremos de pontuar os elementos que julgamos serem os mais influentes ao que tange a territorialização da agroecologia na mesorregião Sudoeste do Paraná. São eles: 1) a estrutura fundiária baseada em minifúndios; 2) as relações de trabalho rurais essencialmente familiares; 3) o saber fazer produtivo; 5) a expansão regional do agronegócio; e 4) as iniciativas dos movimentos sociais e de organizações diversas (MST, MAB, MMC, MPA, CAPA, ASSESOAR, EMATER, Via Campesina, Sindicatos, Cooperativas, empresas, entre outros).

Uma das principais especificidades do Sudoeste paranaense está relacionada à sua estrutura fundiária centrada em pequeníssimas propriedades rurais. Aproximadamente 90% dos estabelecimentos rurais da mesorregião estão situados em estratos de até 50 hectares (IBGE, 2006). Isso, em virtude de intervenções fomentadas pelo governo de Getúlio Vargas na década de 1940 ao efetivar um programa de colonização no Sudoeste do Paraná sob a tutela da CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório). Por ser uma região de topografia movimentada favoreceu-se a manutenção ao longo das décadas dessa estrutura fundiária baseada em minifúndios.

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e catarinenses, de ascendência itálico-germânica, com forte arraigo ao trabalho rural. Evidenciamos, pois, elementos importantes da formação territorial do Sudoeste do Paraná: pequena propriedade fundiária, trabalho essencialmente familiar e policultura.

A partir da década de 1970 e 1980 intensifica-se no Sudoeste paranaense o processo de modernização da agricultura: mudança na base técnica da produção, estímulo a especialização produtiva, a produção de commodities, a utilização de insumos químicos, a integração agroindustrial, consoante o receituário da Revolução Verde, como aborda Santos (2008). Esse processo territorializa-se a partir da atuação do Estado com forte conotação setorial e favorecendo grupos mais capitalizados da sociedade. No Sudoeste do Paraná a modernização agrícola é implementada à custa do acirramento das conflitualidades: um modelo produtivo homogeneizante afirma-se paulatinamente num território marcado pela diversidade. Como ressalta Santos (2008), o processo de modernização da agricultura, especialmente na mesorregião em questão,

“[...] tem também um custo social e ambiental elevado, pois implica no uso crescente de agrotóxicos, contaminando - além dos seres vivos - rios e solos; aumenta o desmatamento pela necessidade de mais terras; eleva o valor nominal da terra; provoca o êxodo rural; altera a concentração de terra e empurra as unidades produtivas para áreas de encostas, cujos agricultores são descapitalizados” (p. 226).

Dessa forma, os efeitos desagregadores da economia familiar rural instaurados por esse processo foram intensos: desterritorialização, paulatino fracionamento e concentração da propriedade fundiária, substituição da força de trabalho de membros da família por processos mecânicos da “Revolução Verde”, migração da PEA agropecuária para setores urbanos da indústria, comércio e prestação de serviços; intensa utilização de insumos químicos etc, como bem demonstrara Santos (2008).

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mesorregião Sudoeste do Paraná: 714 não eram certificados e 264 possuíam certificação em entidade credenciada. Os principais grupos de atividades econômicas cujos estabelecimentos os proprietários faziam uso de agricultura orgânica eram: pecuária e criação de outros animais (488 estabelecimentos), lavoura temporária (321 estabelecimentos), horticultura e floricultura (134 estabelecimentos) e lavoura permanente (20 estabelecimentos). É um número pouco expressivo – apenas 2,1 % dos estabelecimentos rurais do Sudoeste praticam agricultura orgânica – mas que retrata uma realidade em construção. A partir da década de 1980 inauguram-se os debates que são levados a diante por ONGs e Movimentos Sociais que atual regionalmente. E só mais recentemente, em fins dos anos 1990 e inicio de 2000, é que se materializam experiências mais sólidas em torno da agroecologia e também da agricultura orgânica com incentivo de empresas certificadoras.

Conforme dados da ASSESOAR (2009), existiam 144 produtores agroecológicos certificados pela Rede Ecovida de certificação participativa em 17 municípios do Sudoeste paranaense em que a entidade presta assistência. O município de Verê liderava com 31 produtores certificados, posteriormente, Francisco Beltrão com 19 produtores certificados, São Jorge D’Oeste, Coronel Vivida e Planalto com 11 produtores certificados em cada município e o restante dos municípios continham menos de 10 produtores certificados em cada.

Algumas instituições/organizações, como apontado, desenvolveram (e promovem ainda) ações importantes no que tange a disseminação dos fundamentos da agricultura orgânica e agroecológica mesorregionalmente, entre elas podemos citar a ASSESOAR (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural), o CAPA (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor), a EMATER (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), a FETRAF-Sul (Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da Região Sul do Brasil), empresas certificadoras de produtores orgânicos (GEBANA, IBD, TOZAN, IMO e Agrorgânica) e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), consubstanciando uma rede de sujeitos sintagmáticos no território em torno da agroecologia e da produção orgânica.

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agricultura familiar e da agroecologia. A entidade é parceira da Rede Ecovida e auxilia os produtores a certificarem seus produtos com o respectivo selo.

O CAPA também é uma entidade não governamental, mas financiada pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD). Criada em 1979, em Santa Rosa/RS, desde 1997 conta com núcleo no município de Verê, Sudoeste Paranaense, e ações em vários municípios da

mesorregião. Direciona seus trabalhos para a produção e comercialização associativa, solidária

e agroecológica. O CAPA também estabeleceu parcerias com a Rede Ecovida.

Recentemente, há aproximadamente uma década, o MST também vem qualificando o debate em torno da construção de uma “Proposta Popular e Soberana para a Agricultura” centrada na agroecologia como referência, e tem buscado implementar práticas em assentamentos, como é o caso do assentamento Missões de Francisco Beltrão/PR, legitimado em 1996 e que conta hoje com 136 famílias (e aproximadamente 650 pessoas com lotes variando entre 12 e 13 ha.) e experiências em torno da produção orgânica e agroecológica.

Algumas empresas nacionais e internacionais certificadoras de produtores orgânicos vêm atuando no Sudoeste paranaense, estimulando e financiando a produção orgânica de alimentos e commodities, apropriando-se progressivamente de um nicho de mercado específico de produtos sem agrotóxicos, crescente em escala mundial. Entre as empresas, podemos citar as de origem suíça: IMO Control - Instituto de Mercado Ecológico (com escritório em São Paulo e atuação em 50 países) e a GEBANA (com atuações na África, Europa e no Brasil – nacionalmente com escritório em Capanema/PR). Nacionalmente, o instituto de certificação de maior expressão é o IBD – Instituto Biodinâmico, situado em Botucatu/SP, também certificando produções no Sudoeste paranaense. Outras duas empresas: a TOZAN Alimentos Orgânicos S/A de Curitiba/PR e a Agrorgânica Ltda de Marmeleiro/PR, atuam no Sudoeste paranaense com certificações legitimadas pela IBD. Cabe ainda citar o papel das organizações públicas e privadas de assistência técnica, extensão rural, organizações associativas e cooperativas (EMATER, Prefeituras Municipais, cooperativas, associações de produtores etc.) consubstanciando o estado de arte da agroecologia e da agricultura orgânica mesorregionalmente.

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intencionalidades e concepções de desenvolvimentos destoantes materializam suas influências produzindo territórios e expressões de territorialidades específicas.

Neste sentido, nossas principais indagações que estão sendo supridas no decorrer da pesquisa são: a)- Qual a gênese da produção alternativa e agroecológica no Sudoeste paranaense?; b)- Quais os fatores (sujeitos, empresas e entidades) que atuam no fortalecimento e na diversidade das práticas agroecológicas?; c)- Esta atividade configura-se como uma potencialidade ao desenvolvimento territorial?

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