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AVALIAÇÃO DO ENSINO MÉDIO PÓS-REFORMA: IMPLICAÇÕES NA AÇÃO DOCENTE

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AVALIAÇÃO DO ENSINO MÉDIO PÓS-REFORMA: IMPLICAÇÕES

NA AÇÃO DOCENTE

Elione Maria Nogueira Diógenes

Primeiras Palavras

Buscamos no eixo que trata da questão docente frente à

reforma do ensino médio, analisar as implicações pedagógicas

advindas com a reforma para a ação do professor em sala de

aula. Os principais documentos analisados dizem respeito:

1. Às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNEM);

2. E, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNEM)

lan-çados em fi ns da década de 1990 com um ano de

dife-rença (o primeiro é de junho de 1998, através da

Re-solução CEB nº 3, de 26 de junho de 1998 e o segundo

é de 1999).

Ambos se propõem a orientar a ação docente em sala

de aula bem como a reordenar o espaço escolar do ensino

mé-dio com base em novos pressupostos do processo de ensino e

aprendizagem. Assim, ao iniciar a pesquisa fi cou claro para nós

que não há [de imediato] como apontar conclusões até porque

a reforma (apesar de ter um núcleo homogêneo) não se dá de

forma igual nos diferentes espaços escolares.

Pois bem, partindo deste pressuposto trazemos para

so-cialização a experiência de uma escola média em que atuamos

como professoras há pelo menos cinco anos e onde tivemos a

oportunidade de discutir a reforma e suas diretrizes com os

colegas professores nas mais variadas situações: tanto nas

reu-niões quanto nos horários de intervalo.

Expressões Concretas da Política do Ensino Médio

Existe desde a década de 1990 um crescente mal-estar

na escola pública brasileira. Fruto das tentativas por parte dos

sujeitos que lá trabalham de se adaptar aos “novos tempos”

trazidos com a nova confi guração social e econômica da

«mun-dialização do capital» (CHESNAIS, 1996) bem como de uma

“re-volta” interior pouco mobilizada pelos sindicatos da categoria

dos professores, vez que até mesmo sua ação caracteriza-se por

uma in-ação.

Quem teve a oportunidade de vivenciar nos espaços

esco-lares a nova realidade pós Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) Nº. 9394/96 sabe do que falamos. Para os que

não viveram de perto, não custa nada lembrar: é deste período

o ímpeto reformista instaurado com a política educacional do

governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). A partir da

reforma administrativa do Estado brasileiro em 1995 com a

pu-blicação e operacionalização do “Plano Diretor da Reforma do

Estado” teve início uma série de reformas que alcançaram todas

as áreas estratégicas do governo. A educação não fi cou de fora!

Com a promulgação da LDB 9394/96 a antiga

organiza-ção da educaorganiza-ção formal no Brasil foi transformada de alto a

baixo. Municipalização, universalização do ensino fundamental,

descentralização, autonomia escolar, participação e

estabele-cimento de parcerias com o terceiro setor dão o tom da nova

funcionalidade da escola pública brasileira.

(2)

A idéia do FUNDEF era a otimização dos recursos

(REZEN-DE PINTO, 2002). Ao focalizar no ensino fundamental,

priori-zando-o enquanto política governamental o Estado brasileiro

recuou quanto à responsabilização dos demais níveis de ensino.

Para CURY (2002, p.115) «a focalização é um modo de

priori-zar uma etapa do ensino cujo foco pode signifi car o recuo ou

amortecimento ou o retardamento quanto à universalização de

outras etapas da educação básica e sua sustentação por meio

de recursos sufi cientes».

Nesse contexto, a reforma do ensino médio viceja. O

mo-delo assumido é o dos organismos de fi nanciamento

internacio-nal: Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

(BIRD), fundado em 1945, Fundo Monetário Internacional (FMI)

em 1948 e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

em 1959, ambos do período pós 2ª Guerra. Esses organismos

foram determinantes para o novo alinhamento da política

edu-cacional que está ainda em curso.

Assim, a reforma da educação média no contexto da

refor-ma da educação refor-mais ampla ganhou as características de

descen-tralização/desconcentração, democratização-participação e

am-pliação/massifi cação de sua rede. Situando este nível de ensino

quanto ao marco regulatório da nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional nº 9394/96, temos: 1) o reconhecimento

ca-tegórico de que o trabalho é elemento instituinte da sua

organi-zação expresso no Art. 35 parágrafo 02 que trata das fi nalidades

:

O ensino médio, etapa fi nal da educação básica,

com duração mínima de três anos, terá como fi

na-lidades: II — a preparação básica para o trabalho

e a cidadania do educando, para continuar

apren-dendo, de modo a ser capaz de se adaptar com

fl exibilidade a novas condições de ocupação ou

aperfeiçoamento posteriores.

No Art. 36, colocam-se as bases do currículo do ensino

médio que observará as seguintes diretrizes:

I — destacará a educação tecnológica básica, a

compreensão do signifi cado da ciência, das letras

e das artes, o processo histórico de

transforma-ção da sociedade e da cultura; a língua portuguesa

como instrumento de comunicação, acesso ao

co-nhecimento e exercício da cidadania; II — adotará

metodologias de ensino e de avaliação que

estimu-lem a iniciativa dos estudantes; III — será incluída

uma língua estrangeira moderna, como disciplina

obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e

uma segunda, em caráter optativo, dentro das

dis-ponibilidades da instituição. § 1º. Os conteúdos, as

metodologias e as formas de avaliação serão

orga-nizados de tal forma que ao fi nal do ensino médio

o educando demonstre: I — domínio dos princípios

científi cos e tecnológicos que presidem a produção

moderna; II — conhecimento das formas

contem-porâneas de linguagem; III — domínio dos

conheci-mentos de Filosofi a e de Sociologia necessários ao

exercício da cidadania.

Fica patente como deve ser a organização curricular do

ensino médio para atender as demandas e exigências de uma

era de produção capitalista. Uma educação média que prepare

o jovem para uma fl exibilização e um período [longo] de

instabi-lidade do emprego formal. Zibas et al (2002, p.12), ao analisar a

nova confi guração do mundo do trabalho, coloca como as rápidas

transformações geopolíticas de caráter macro-estruturais

oca-sionaram, como conseqüência, novas tecnologias de produção

e de re-organização do trabalho, o que passou a exigir um novo

princípio educativo para a formação da classe trabalhadora.

(3)

empregatício com a empresa, posto que junto com a reforma

da educação média (reforma da reforma) veio também à

refor-ma da trabalhista, com a destruição das conquistas trabalhistas

da Era Vargas quando a nascente sociedade capitalista burguesa

precisava consolidar-se inclusive lutando contra a ameaça das

forças sociais comunistas.

Concluir o ensino médio era uma espécie de ISO 9002

da educação, mas concluir não qualquer ensino médio, mas

o ensino “inovador”, aquele que estivesse atualizado com as

novas competências e habilidades postas pela nova estratégia

de produção toyotista, em outras palavras, uma educação

mé-dia fl exível para um trabalhador fl utuante vivendo na Era das

incertezas (CARVALHO, 1999), inclusive, quanto à garantia da

existência ou não de trabalho, pois que as duas décadas que

encerraram o século XX foram testemunhas da crise estrutural

do trabalho, com alguns analistas defendendo o fi m deste (não

é o nosso ponto de vista).

A reforma do ensino médio no Brasil (como vimos

de-fendendo) é componente essencial desse contexto e o marco

normativo do período bem o ilustra. Daí que, a organização do

mundo do trabalho com suas mais variadas formas e estratégias

pressionou as políticas públicas de educação de modo que o

ensino médio profi ssionalizante permanece enquanto política

essencial. É o que estabelece o Art. 36:

§ 2º. O ensino médio, atendida a formação geral

do educando, poderá prepará-lo para o exercício

de profi ssões técnicas. Nota: Parágrafo

regulamen-tado pelo Decreto nº 2.208, de 17.04.97. § 3º. Os

cursos do ensino médio terão equivalência legal

e habilitarão ao prosseguimento de estudos. § 4º.

A preparação geral para o trabalho e,

facultati-vamente, a habilitação profi ssional, poderão ser

desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de

ensino médio ou em cooperação com instituições

especializadas em educação profi ssional.

Ao desvincular a educação para o trabalho (ensino

técni-co e qualifi cação profi ssional) do Ensino Médio (formação geral

de teor iluminista/humanista) a LDB mantém, então, a

dicoto-mia: de um lado o ensino profi ssional; de outro, o

propedêuti-co. Sim, porque a despeito do que prescreve a Lei, na prática,

os fi lhos oriundos da classe baixa continuam buscando os cursos

profi ssionalizantes no afã de inserção no mercado de trabalho e

os da classe média e alta dirigem-se para os cursos de formação

geral nas escolas particulares para o ingresso na Universidade,

sem antes deixar de passar pela famosa prova de fogo: o

Vesti-bular, que só agrava e aprofunda o fosso social e educacional.

A Reforma Currícular & a “Nova” Ação Docente

Consoante Guiomar Namo de Mello as diretrizes

curricu-lares nacionais são normas de caráter obrigatório, cuja fi

nalida-de é orientar o planejamento curricular dos sistemas nalida-de ensino

sob o ponto de vista macro e das escolas numa perspectiva

mi-cro. Tais diretrizes são estabelecidas pelo Conselho Nacional de

Educação por meio da Câmara de Educação Básica.

No caso das diretrizes curriculares para o ensino médio a

LDB nº 9394/96 serve de fundamentação legal para a sua

formu-lação. Os artigos 1º e 2º servem de esteio legítimo para o que se

propõem as diretrizes. Segundo o artigo primeiro: A educação

abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições

de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da

sociedade civil e nas manifestações culturais.

Corroborando com o artigo primeiro o segundo prescreve:

(4)

Desta forma, a centralidade da educação média está em

que prepare o aluno para o trabalho. Mas é em um novo cenário

que a educação média deve “educar para o trabalho”. Este

ce-nário é desfavorável ao trabalho, vez que vivemos no contexto

da reestruturação produtiva do capital em que cada vez mais a

máquina assume posições na fábrica antes assumida pela força

de trabalho humana. De todo modo, ao se justifi car através da

“preparação para o trabalho” as diretrizes reconhecem a sua

importância no mundo contemporâneo.

É interessante observar a “educação para o trabalho”

não deve apenas circunscrever-se ao ensino profi ssional, e sim

deve permear todo o processo educativo escolar, vinculando-se

à prática social. Neste sentido, o novo currículo do ensino

mé-dio movimenta-se em torno da idéia de competência.

Assim, há um componente diferenciado inserido pelas

diretrizes do ensino médio. De início, pode parecer simples.

Entretanto, a discussão sobre o que é e como desenvolver

competências no ensino médio não está totalmente clara para

os professores que exercem sua prática de ensino na escola

média.

Quando o currículo do novo Ensino Médio propõe o

desen-volvimento de competências fundamentais, tendo como ponto

de partida o exercício da cidadania e a intenção de que o aluno,

ao terminar essa etapa, possa continuar estudando e/ou entrar

para o mercado de trabalho está desenhando uma nova função

social para a escola de ensino médio, qual seja: a de preparar

o aluno para o novo mundo do trabalho. Mundo este que exige

acima de tudo criatividade e fl exibilidade do novo trabalhador,

vez que este não tem mais assegurado um “trabalho” de

cartei-ra assinada como antes tinham os seus pais.

Daí que, o desenvolvimento de um projeto pedagógico

para a escola média que tenha como fi nalidade precípua o

de-senvolvimento de competências com as quais o corpo discente

possa assimilar informações e manipulá-las em contextos

dife-rentes é central nas diretrizes para o ensino médio. Conforme

os formuladores da política:

O produto mais importante de um processo de

mu-dança curricular não é um novo currículo

materia-lizado em papel, tabelas ou gráfi cos. O currículo

não se traduz em uma realidade pronta e tangível,

mas na aprendizagem permanente de seus

agen-tes, que leva a um aperfeiçoamento contínuo da

ação educativa. (...) a reforma como a que aqui se

propõe será tanto mais efi caz quanto mais

provo-car os sistemas, escolas e professores para a refl

e-xão, análise, avaliação e revisão de suas práticas,

tendo em vista encontrar respostas cada vez mais

adequadas às necessidades de aprendizagem de

nossos alunos. (Diretrizes Curriculares Nacionais

para o Ensino Médio).

Apesar da relativização que se percebe nas entrelinhas

das Diretrizes, a realidade não é tão fácil assim. Sabemos que

a década de 1990 foi emblemática nas mudanças de rumo das

políticas educacionais.

O governo de Fernando Henrique Cardoso implantou uma

reforma que em linhas gerais privilegiou o ensino fundamental

com foco na universalização deste nível de ensino e na sua

con-seqüente municipalização em detrimento de outros níveis da

educação básica como o ensino infantil e o médio. Esta

reali-dade tende a mudar com a criação do FUNDO DE MANUTENÇÃO

E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO

DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO.

(5)

epicentro da sua pedagogia. Isto implica uma mudança do papel

da escola e do ofício do professor.

A pergunta é: estão o professor e a escola preparados

para a implantação desse novo currículo que as Diretrizes

exi-gem? Na próxima seção tentamos responder esta questão.

A Escola Média em Ebulição: o que exige a reforma?

A Resolução de nº 3 (26 de junho de 1998)

instituída

pela Câmara de Educação Básica trata das Diretrizes

Curricula-res Nacionais para o Ensino Médio. Em linhas gerais estas

pre-tendem se constituir:

(...) num conjunto de defi nições doutrinárias sobre

princípios, fundamentos e procedimentos a serem

observados na organização pedagógica e curricular

de cada unidade escolar integrante dos diversos

sistemas de ensino, em atendimento ao que

man-da a lei, tendo em vista vincular a educação com o

mundo do trabalho e a prática social, consolidando

a preparação para o exercício da cidadania e

pro-piciando preparação básica para o trabalho.

No Art. 2º as Diretrizes colocam que cada escola deve

organizar o seu currículo com base nos valores de: democracia,

solidariedade humana e de tolerância recíproca. Quanto aos

princípios temos:

I — a Estética da Sensibilidade, que deverá

subs-tituir a da repetição e padronização, estimulando

a criatividade, o espírito inventivo, a curiosidade

pelo inusitado, e a afetividade, bem como facilitar

a constituição de identidades capazes de suportar

a inquietação, conviver com o incerto e o

imprevi-sível, acolher e conviver com a diversidade,

valori-zar a qualidade, a delicadeza, a sutileza, as formas

lúdicas e alegóricas de conhecer o mundo e fazer

do lazer, da sexualidade e da imaginação um

exer-cício de liberdade responsável.

II — a Política da Igualdade, tendo como ponto de

partida o reconhecimento dos direitos humanos

e dos deveres e direitos da cidadania, visando à

constituição de identidades que busquem e

prati-quem a igualdade no acesso aos bens sociais e

cul-turais, o respeito ao bem comum, o protagonismo

e a responsabilidade no âmbito público e privado,

o combate a todas as formas discriminatórias e o

respeito aos princípios do Estado de Direito na

for-ma do sistefor-ma federativo e do regime democrático

e republicano.

III — a Ética da Identidade, buscando superar

dico-tomias entre o mundo da moral e o mundo da

ma-téria, o público e o privado, para constituir

iden-tidades sensíveis e igualitárias no testemunho de

valores de seu tempo, praticando um humanismo

contemporâneo, pelo reconhecimento, respeito e

acolhimento da identidade do outro e pela

incor-poração da solidariedade, da responsabilidade e

da reciprocidade como orientadoras de seus atos

na vida profi ssional, social, civil e pessoal.

As propostas pedagógicas das escolas devem incluir

currí-culos com base em competências básicas previstas pelas fi

nali-dades do ensino médio estabelecidas pela lei:

I — desenvolvimento da capacidade de aprender

e continuar aprendendo, da autonomia intelectual

e do pensamento crítico, de modo a ser capaz de

prosseguir os estudos e de adaptar-se com fl

exibi-lidade a novas condições de ocupação ou

aperfei-çoamento;

(6)

mundo físico e natural, sobre a realidade social e

política;

III — compreensão do signifi cado das ciências, das

letras e das artes e do processo de transformação

da sociedade e da cultura, em especial as do Brasil,

de modo a possuir as competências e habilidades

necessárias ao exercício da cidadania e do trabalho;

IV — domínio dos princípios e fundamentos científi

-co-tecnológicos que presidem a produção moderna

de bens, serviços e conhecimentos, tanto em seus

produtos como em seus processos, de modo a ser

capaz de relacionar a teoria com a prática e o

de-senvolvimento da fl exibilidade para novas

condi-ções de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

V — competência no uso da língua portuguesa, das

línguas estrangeiras e outras linguagens

contempo-râneas como instrumentos de comunicação e como

processos de constituição de conhecimento e de

exercício de cidadania.

Pela análise dos princípios expostos acima percebemos

que há uma infl exão pedagógica na nova proposta. De fato, é

como se a escola média se propusesse a educar um novo homem

para uma sociedade completamente diferente da que vivemos.

Isto implica, em tese, um novo processo de formação para o

corpo docente do ensino médio considerando principalmente

o que está exposto no artigo 6º: “Os princípios pedagógicos da

Identidade, Diversidade e Autonomia, da Interdisciplinaridade

e da Contextualização serão adotados como estruturadores dos

currículos do ensino médio”.

No Art. 7º. Coloca-se a necessidade da (...) observância

da Identidade, Diversidade e Autonomia, os sistemas de ensino

e as escolas, na busca da melhor adequação possível às

neces-sidades dos alunos e do meio social, atentando para o fato de

que os estabelecimentos de ensino médio:

I. Desenvolverão, mediante a institucionalização

de mecanismos de participação da comunidade,

alternativas de organização institucional que

pos-sibilitem:

a. identidade própria enquanto instituições de

en-sino de adolescentes, jovens e adultos,

respeita-das as suas condições e necessidades de espaço e

tempo de aprendizagem;

b. uso das várias possibilidades pedagógicas de

or-ganização, inclusive espaciais e temporais;

c. articulações e parcerias entre instituições

públi-cas e privadas, contemplando a preparação geral

para o trabalho, admitida a organização integrada

dos anos fi nais do ensino fundamental com o

ensi-no médio;

II. fomentarão a diversifi cação de programas ou

tipos de estudo disponíveis, estimulando

alter-nativas, a partir de uma base comum, de acordo

com as características do alunado e as demandas

do meio social, admitidas as opções feitas pelos

próprios alunos sempre que viáveis técnica e fi

nan-ceiramente;

III. Instituirão sistemas de avaliação e/ou

utiliza-rão os sistemas de avaliação operados pelo MEC, a

fi m de acompanhar os resultados da diversifi cação,

tendo como referência as competências básicas a

serem alcançadas, a legislação do ensino, estas

diretrizes e as propostas pedagógicas das escolas;

IV. Criarão os mecanismos necessários ao fomento

e fortalecimento da capacidade de formular e

exe-cutar propostas pedagógicas escolares

caracterís-ticas do exercício da autonomia;

(7)

da lei, deve ser expressão de iniciativa das escolas,

com protagonismo de todos os elementos

direta-mente interessados, em especial dos professores;

VI. Instituirão mecanismos e procedimentos de

avaliação de processos e produtos, de divulgação

dos resultados e de prestação de contas, visando

desenvolver a cultura da responsabilidade pelos

resultados e utilizando os resultados para orientar

ações de compensação de desigualdades que

pos-sam resultar do exercício da autonomia.

O artigo sétimo das Diretrizes deixa claras as

responsabi-lidades das escolas médias na construção desse novo currículo

para o ensino médio. Entretanto, só não coloca como as

mes-mas deverão fazer isto nem tampouco que tipos de apoio

neces-sitam ou se ainda receberão algum tipo de apoio por parte do

Estado, vez que esta é uma política de caráter estatal e como

tal deve ser tratada.

Em suma, as mudanças são de profundidade e não de

su-perfície. Todavia, esta ainda não é a questão ou a problemática

central que trato neste texto. Em verdade, a preocupação aqui

se traduz em discutir até que ponto este novo currículo implica

de fato em mudanças de ação docente quanto à aplicação dos

princípios básicos das Diretrizes.

As Diretrizes e em extensão os Parâmetros Curriculares

para o ensino médio trazem, de fato, novos desafi os para a

prática docente, principalmente se considerarmos a realidade

do século XXI que tem se transformado numa velocidade nunca

antes experimentada desde as três últimas décadas do século

XX. A celeridade das mutações dá um caráter imediatista às

mesmas de forma que estudioso estão utilizando a “hiper-real”

para assinalar o mundo contemporâneo (SANTOS, 2000, p.18).

É nesse contexto de globalização fi nanceira e de

reestru-turação produtiva, bem como de precarização do trabalho que

o Ministério da Educação institui suas novas Diretrizes, cujos

princípios centrais vão à contramão da nova ética do tempo

presente que é a descartabilidade e a superfi cialidade dos

co-nhecimentos. Assim a pergunta a ser respondida aqui é: até que

ponto os professores do ensino médio assimilaram as Diretrizes

em seu planejamento docente e quais as implicações destas na

prática docente? A resposta será formulada no próximo tópico.

Considerações Finais

O lançamento das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos

Parâmetros Curriculares Nacionais em 1998, a princípio, não

trouxe muitas expectativas. Apresentadas em pleno contexto

da reforma educacional, cujo foco central era a

municipaliza-ção do ensino fundamental, as novas Diretrizes não receberam

a atenção que mereciam. Pesquisas apontam que os professores

fi zeram delas: letra morta. De fato, em conversa com alguns

professores do ensino médio eles deixaram bastante explícito

que não se orientavam pelos Parâmetros ou mesmo pelas

Di-retrizes na hora de planejar suas aulas. Vejamos os seguintes

depoimentos:

Na verdade nunca li os Parâmetros nem tampouco

as Diretrizes. Eu continuo trabalhando com os

li-vros didáticos que, em minha opinião, são os

me-lhores norteadores dos conteúdos a serem

ensina-dos. (Professora 1).

Eu me guio pelos livros. Procuro estudar material

atualizado sobre a minha disciplina. Das Diretrizes

eu apenas absorvo a contextualização e a

interdisci-plinaridade. Mas só quando dá certo. (Professora 2).

(8)

Pelos depoimentos percebemos que há uma distância

considerável entre os professores do ensino médio e os

docu-mentos norteadores do currículo. Podemos de toda forma

for-mular algumas hipóteses para tentar responder essa

problemá-tica. Entretanto, acreditamos que as diretrizes e os parâmetros

curriculares trazem novas demandas de formação para o

profes-sor do ensino médio. Neste sentido, é importante atentar para

o novo perfi l do professor solicitado pela reforma do Ensino

Médio, cujo é com a aprendizagem em si. Claro, que a

apren-dizagem traz em si a tarefa de ensinagem. Todavia é também

uma nova forma de enfrentar esse processo. Assim, esse novo

profi ssional deve antes de tudo:

1. Redimensionar os conhecimentos construídos pelos

alunos anteriores à vida escolar, articulando-os ao

trabalho escolar, de modo que o processo de ensino

e aprendizagem sirva como quadro de referência dos

alunos;

2. Compreender que os conhecimentos em construção e

os construídos são ações culturais socialmente

signi-fi cadas. Desta forma, os alunos precisam refl etir

so-bre os conhecimentos enquanto signifi cado coletivo

e individual;

3. Ordenar as competências a serem construídas ou

mo-vimentadas pelos alunos, em diferentes situações;

4. Trabalhar pedagogicamente com as competências,

habilidades, contextualização, levando em conta o

caráter orgânico do conhecimento, entendendo este

enquanto mediação;

5. Trabalhar com situações problemas, aproximando-se

da produção escolar e da prática social.

Um professor com esse perfi l indica que é necessária

também uma nova formação de professores. Assim, a

princi-pal implicação do novo currículo do ensino médio relaciona-se

diretamente com a formação tanto a inicial quanto a

continu-ada, pois o professor da educação básica deve voltar-se para o

desenvolvimento das competências dos seus alunos, de forma a

abranger todas as dimensões da vida.

Enfi m, um professor que se interesse em desenvolver um

currículo por competências profi ssionais precisa também

en-tender que esta ação é processual como é a própria vida em si.

É Entre o Passado e o Futuro (ARENDT, 1978) que se coloca este

desafi o. Esta é a verdadeira inquietação do novo currículo. Há

nas Diretrizes um discurso político nascido no século XX. Com as

novas Diretrizes os professores têm condição de adentrar esse

discurso, cuja centralidade da categoria “trabalho”

constitui--se num ponto de partida por excelência de toda a tentativa de

interpretação e organização do “pensar crítico” sobre o mundo

globalizado em que vivemos.

Referências

ARENDT, H.

Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva,

1978.

AZANHA, J. M. Proposta pedagógica e autonomia da escola.

Ca-dernos de História e Filosofi a da Educação

, v. 2, n. 4, p. 11-21,

1998.

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Brasília: Ministério da Educação, 1998.

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BRASIL.

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Brasília: Ministério da Educação, 1996.

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Fundo de desenvolvimento da educação básica e

(9)

BRASIL.

Constituição da República Federativa do Brasil:

Texto

constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília:

Senado Federal, 2003.

CÂMARA DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

Resolução nº 3, de 26 de junho

de 1998

. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o

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CHESNAIS, F..

A Mundialização do Capital. São Paulo, Xamã,

1996.

CURY, C. R. J.. Legislação educacional brasileira. 2. ed. Rio de

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SANTOS, Boaventura de Sousa Pela mão de Alice: o social e o

político na pósmodernidade. São Paulo: Cortez, 2000, p. 17-49.

REZENDE PINTO, J. M.. “Financiamento da educação básica no

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v.23, n.80. Campinas, set. 2002.

ZIBAS, D. et alli (orgs)

. O ensino médio e a reforma da educação

básica. Brasília: Plano ed., 2002.

AVALIAÇÃO DO USO DE JOGOS PEDAGÓGICOS NA

RECUPERAÇÃO DE MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO

Dóris Sandra Silva Leão Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca

Introdução

O ensino da matemática vem sendo concebido como um

conjunto de conteúdos a serem transmitidos aos alunos,

me-diante técnicas e regras mecânicas e repetitivas (BRENELLI,

1996; MACEDO, PETTY e PASSOS, 2000; HUIZINGA, 1971).

A educação escolar, porém, deve estimular a constituição

de múltiplos saberes, mediante metodologias que desenvolvam

o raciocínio lógico, propiciem a contextualização com a vida,

com o mundo do trabalho e que proporcionem a formação da

cidadania e a inclusão social, especialmente daqueles jovens

que dependem da escola pública para ascender socialmente

(PERRENOUD, 1999b).

Dessa forma, foi implementada uma proposta de

inves-tigação científi ca, durante o ano letivo de 2008, na disciplina

Matemática, mediante a utilização de jogos, com alunos do 1º

ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

e Médio Padre Arimateia Diniz, escola da rede pública estadual,

localizada no Município de Cascavel — Ceará, com o objetivo

de contribuir para a transformação da sociedade por meio de

estudos de aprofundamento, análise e pesquisa acerca da

recu-peração da aprendizagem escolar, propondo intervenções

prá-ticas e pertinentes de superação das difi culdades enfrentadas

no cotidiano escolar.

Dispositivos Legais

Referências

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