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3 - ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

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Academic year: 2021

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CONTEÚDO

Pág. 3 - ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ... 3.1

3.1 - Informações Gerais ... 3.1 3.1.1 - Localização e Acessos ... 3.1 3.1.2 - Origem do Nome e Histórico de Criação... 3.4 3.2 - Caracterização dos Fatores do Meio Físico ... 3.4 3.2.1 - Materiais e Métodos... 3.4 3.2.2 - Clima ... 3.9 3.2.3 - Hidrografia... 3.18 3.2.4 - Geologia (Baseado em Reis Neto, 2006)... 3.26 3.2.5 - Solos ... 3.31 3.3 - Caracterização do Meio Biológico... 3.37 3.3.1 - Métodos e Técnicas... 3.37

3.3.1.1 - Metodologia para o Diagnóstico da Vegetação (Baseado

Roderjan e Svolenski, 2006) ... 3.37 3.3.1.2 - Metodologia para o Diagnóstico da Fauna... 3.37 3.3.1.2.1 - Aves (Baseado em Bornschein, 2006) ... 3.37 3.3.1.2.2 - Mamíferos (Baseado em Quadros, 2006) ... 3.38 3.3.1.2.3 - Répteis (Baseado em Morato, 2006) ... 3.39 3.3.1.2.4 - Peixes (Baseado em Grando Jr., 2006) ... 3.40 3.3.1.2.5 - Anfíbios (Baseado em Segalla, 2006) ... 3.40 3.3.2 - Vegetação (Baseado em Roderjan e Svolenski, 2006) ... 3.41 3.3.2.1 - Caracterização das Formações Vegetais ... 3.41 3.3.2.2 - Floresta Estacional Semidecidual Submontana ... 3.42 3.3.2.3 - Estádio Intermediário da Sucessão Vegetal (capoeirão) ... 3.45 3.3.3 - Diagnósticos da Fauna no Parque ... 3.45 3.3.3.1 - Aves (Baseado em Bornschein, 2006)... 3.45 3.3.3.1.1 - Riqueza de Espécies... 3.45 3.3.3.1.2 - Espécies por Hábito ... 3.45 3.3.3.1.3 - Espécies Ameaçadas de Extinção... 3.45 3.3.3.1.4 - Espécies Endêmicas ... 3.45 3.3.3.1.5 - Espécies Exóticas e Potencialmente Danosas ... 3.46 3.3.3.2 - Mamíferos (Baseado em Quadros, 2006)... 3.46 3.3.3.2.1 - Biologia e Ecologia das Espécies Ameaçadas... 3.47

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3.3.3.3 - Répteis (Baseado em Morato, 2006)...3.49 3.3.3.6 - Peixes (Grando Jr., 2006)...3.50 3.3.3.6.1 - Descrição dos Pontos de Amostragem de Peixes...3.50 3.3.3.6.2 - Caracterização da Ictiofauna Local ...3.52 3.3.3.5 - Anfíbios (Baseado em Segalla, 2006) ...3.53 3.3.3.5.1 - Espécies Raras, Endêmicas e Vulneráveis ...3.54 3.3.3.5.2 - Fatores de Risco Para os Anfíbios ...3.54 3.4 - Situação Fundiária do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro...3.55 3.5 - Fogos e Outras Ocorrências Excepcionais ...3.55 3.6 - Atividades Desenvolvidas no Parque Estadual

da Cabeça do Cachorro ...3.56 3.6.1 - Atividades Apropriadas ...3.56 3.6.1.1 - Fiscalização...3.56 3.6.1.2 - Pesquisa...3.56 3.6.1.3 - Conscientização Ambiental...3.56 3.6.1.4 - Relações Públicas / Divulgação ...3.57 3.6.1.5 - Visitação...3.58 3.6.2 - Atividades Conflitantes...3.59 3.7 - Aspectos Institucionais do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro ...3.60 3.7.1 - Pessoal ...3.60 3.7.2 - Infra-estrutura, Equipamentos e Serviços ...3.60 3.7.2.1 - Construções ...3.61 3.7.2.2 - Equipamentos ...3.61 3.7.2.3 - Sinalização ...3.62 3.7.3 - Recursos Financeiros...3.63 3.7.4 - Estrutura Organizacional...63 3.7.5 - Cooperação Institucional...63 3.8 - Declaração de Significância (Baseado em Morato, 2006)...63

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LISTA DE TABELAS

Pág. Tabela 3.01 - Dados da Estação Meteorológica de Palotina... 3.5 Tabela 3.02 - Estações e Trimestres Correspondentes ... 3.6 Tabela 3.03 - Temperatura Média Sazonal - Palotina e Toledo... 3.11 Tabela 3.04 - Precipitação Total Sazonal - Palotina e Toledo... 3.12 Tabela 3.05 - Umidade Relativa Média Sazonal - Palotina e Toledo ... 3.13 Tabela 3.06 - Insolação Sazonal ... 3.14 Tabela 3.07 - Evaporação Sazonal na Estação de Palotina ... 3.15 Tabela 3.08 - Direção e Velocidade dos Ventos... 3.16 Tabela 3.09 - Velocidade dos Ventos ... 3.17 Tabela 3.10 - Unidade de Mapeamento do Parque Estadual da

Cabeça do Cachorro... 3.31 Tabela 3.11 - Tipologia Vegetal e Usos do Solo do Parque Estadual da

Cabeça do Cachorro... 3.41 Tabela 3.12 - Resultados da Pesquisa de Serviços Ofertados ... 3.59 Tabela 3.13 - Infra-estrutura, Benfeitorias e Equipamentos no Parque

Estadual da Cabeça do Cachorro ... 3.61 Tabela 3.14 - Equipamentos Disponíveis para a Unidade... 3.62 Tabela 3.15 - Tábua de Gastos de Acordo com o ICMS Ecológico ... 3.63

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LISTA DE FIGURAS

Pág. Figura 3.01 - Localização e Acessos ao Município de São Pedro do Iguaçu ...3.2 Figura 3.02 - Localização e Acessos do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro...3.3 Figura 3.03 - Modelo Digital do Terreno da Unidade de Conservação e seu Entorno...3.9 Figura 3.04 - Temperatura Média Mensal na Região de Palotina e Toledo...3.10 Figura 3.05 - Precipitação Total Média - Palotina (1973 - 2005) ...3.12 Figura 3.06 - Umidade Relativa Média Mensal na Região do Parque...3.13 Figura 3.07 - Insolação Média na Região de Palotina ...3.14 Figura 3.08 - Evaporação Total - Média Mensal ...3.15 Figura 3.09- Formato do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro ...3.18 Figura 3.10 - Mapa de Hidrografia do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro...3.19 Figura 3.11 - Mapa de Hipsometria do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro ...3.23 Figura 3.12 - Mapa de Geologia do Parque ...3.27 Figura 3.13 - Mapa de Declividade do Parque ...3.33 Figura 3.14 - Mapa de Solos do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro ...3.35 Figura 3.15 - Mapa de Vegetação do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro ...3.43

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LISTA DE FOTOS

Pág. Foto 3.01 - Acessos a Unidade de Conservação ... 3.1 Foto 3.02 - Formato do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro... 3.4 Foto 3.03 - Estação Meteorológica de Palotina - IAPAR... 3.5 Foto 3.04 - Cereus peruvianus na Área de Entorno do Parque ... 3.11 Foto 3.05 - Imagens da Situação Encontrada no Rio São Francisco

Falso Braço Norte ou Corvo Branco em Relação ao Possível

Abandono de Meandro ... 3.21 Foto 3.06 - Acúmulo de Água Abaixo do Represamento ... 3.22 Foto 3.07 - Pequenas Frações de Terra no Leito do Rio ... 3.25 Foto 3.08 - Diferenciação no Volume do Rio de Acordo com as Chuvas ... 3.25 Foto 3.09 - Cachoeira no Córrego Mandacaru ... 3.26 Foto 3.10 - Afluente da Margem Esquerda ... 3.26 Foto 3.11 - Tipo de Rocha Basáltica Encontrada na Estrada ... 3.29 Foto 3.12 - Feições Presentes nas Rochas ... 3.30 Foto 3.13 - Leito “Sazonal” do Rio Utilizado Principalmente nos

Períodos de Chuva ... 3.31 Foto 3.14 - Registro na Área do Entorno da UC Mostrando as Limitações de

Drenagem no Solo Próximo à Calha do Rio ... 3.32 Foto 3.15 - A Caninana (Spilotes pullatus) e a Muçuarana (Clelia plumbea) ... 3.50 Foto 3.16 - Prováveis Espécies de Herpetofauna do Parque Estadual

da Cabeça do Cachorro... 3.51 Foto 3.17 - Cágado Comum (Phrynops geoffroanus)... 3.52 Foto 3.18 - Veículo da Prefeitura Municipal de São Pedro do Iguaçu ... 3.57 Foto 3.19 - Escola Ambiental ... 3.58 Foto 3.20 - Trilha Tarumã ... 3.58 Foto 3.21 - Placas de Sinalização... 3.62

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3 - ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

O Encarte 3 visa diagnosticar o Parque Estadual da Cabeça do Cachorro contemplando informações gerais, análise dos fatores físicos e biológicos, bem como fatores relativos a atividade humana existente em seu interior.

3.1 - Informações Gerais 3.1.1 - Localização e Acessos

O acesso terrestre, a partir da capital se faz pela BR-277, que cruza o Estado no sentido leste-oeste. A cidade de maior destaque nas proximidades imediatas é Toledo (536,6 km distante da capital segundo o SETR). Desta cidade até o município de São Pedro do Iguaçu, utiliza-se a PR-585 que atualmente vem sendo revitalizada com trabalhos de recuperação da cobertura asfáltica, o que vai melhorar a qualidade do tráfego na região (Figura 3.01 e Foto 3.01-A). O percurso entre os dois municípios supra citados segue-se com boa sinalização, exetuando trechos onde há necessidade de implantação de outras placas com indicação da Unidade.

Foto 3.01 - Acessos a Unidade de Conservação

Legenda: (A) Trevo de acesso a São Pedro do Iguaçu; (B) Caixa d’água, no entrocamento da estrada secundária, indicando acesso a UC à direita; (C) Placa de sinalização indicando o acesso a UC à esquerda.

A B

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Figura 3.01 - Localização e Acessos ao Município de São Pedro do Iguaçu

O mapa de localização e acesso terrestre ao Parque é apresentado na Figura 3.02.

Por via aérea, é possível estabelecer conexão entre o aeroporto internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba - RMC) com o aeroporto de Cascavel e então, seguir por via terrestre até Toledo. Em estudo encontra-se o projeto de implantação do Aeroporto Regional do Oeste que deverá ser instalado entre Cascavel e Toledo.

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3.1.2 - Origem do Nome e Histórico de Criação

O Parque Estadual da Cabeça do Cachorro tem a origem de seu nome vinculada ao formato físico de sua área. Através da visualização de fotos aéreas e de imagens de satélite, é possível visualizar o formato similar a cabeça de um cachorro, como na Foto 3.02.

Foto 3.02 - Formato do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro

Essa área, hoje um Parque, foi criada como Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE em 27 de novembro de 1990, através do Decreto n° 7.456. Porém, visando à adequação à legislação vigente (Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC) e o manejo adequado de acordo com as características específicas e usos atuais da UC, foi instalado o processo de recategorização. Por ser uma UC de proteção integral da categoria Parque, seus objetivos de proteção da fauna e flora e da abertura a pesquisas então associados a visitação pública, com fins de lazer, recreação e principalmente educação ambiental.

Anteriormente a criação da Unidade, nas décadas de setenta e oitenta, a área foi explorada de forma que algumas das matrizes de grande porte foram poupadas, excetuando a porção sul onde houve derrubada total para implantação de cultivo agrícola que perdurou até meados de 1980.

Com a doação do grupo Banestado, em 1982, para o Instituto de Terras, Cartografia e Florestas - ITCF, toda a área permaneceu sem exploração econômica possibilitando a regeneração da vegetação. Atualmente, a área que na Foto 3.02 está desmatada, hoje se encontra em estágio intermediário de sucessão vegetal.

3.2 - Caracterização dos Fatores do Meio Físico 3.2.1 - Materiais e Métodos

Nesse item são descritas os diferentes materiais e métodos para a obtenção do diagnóstico do meio físico.

3.2.1.1 - Clima

A primeira etapa do trabalho envolveu estudos bibliográficos e de cartas climatológicas visando uma análise geral da área e dos fatores atuantes sobre a mesma.

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A segunda etapa envolveu os trabalhos de campo e ocorreu entre os meses de fevereiro e março de 2006, com o objetivo de fornecer subsídios e dados junto à órgãos responsáveis para o diagnóstico da Unidade de Conservação.

Levantamento de Dados Secundários e Primários

Para o desenvolvimento dos trabalhos utilizou-se a série histórica 1973-2005 da estação de Palotina (IAPAR) e a série de 1998-2005 da estação de Toledo (SIMEPAR), que apesar de não possibilitar a visualização das condições ano a ano, permite a análise geral da situação climática da região (Foto 3.03 e Tabela 3.01).

Foto 3.03 - Estação Meteorológica de Palotina - IAPAR

Fonte: Cavilha, 2006

Tabela 3.01 - Dados da Estação Meteorológica de Palotina

ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DADOS

Município Palotina Toledo

Código 2453003 24475343 Coordenadas 24º18'S - 53º55'W 24º7833'S - 53º7167 Altitude 310 m 517m Período 1973 - 2005 1998 - 2005 Parâmetros Temperatura Precipitação Umidade Relativa Insolação Evaporação

Ventos – direção e velocidade

Temperatura Precipitação Umidade Relativa Ventos – direção e

velocidade

Órgão Responsável IAPAR SIMEPAR

Fonte: elaborado por STCP

A base para este estudo pautou-se em várias informações meteorológicas advindas desta estação, a saber: temperatura, precipitação, umidade relativa, evaporação, insolação, direção e velocidade dos ventos.

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O período de tempo analisado entre as duas estações é diferente pela disponibilidade dos mesmos junto aos seus respectivos órgãos responsáveis.

Para o estudo sazonal dos parâmetros, utilizou-se o cálculo das médias ou totais mensais dos parâmetros correspondentes ao trimestre de cada estação, conforme apresentado na Tabela 3.02.

É importante salientar que as séries históricas não retratam as situações pontuais ocorridas na região.

Tabela 3.02 - Estações e Trimestres Correspondentes

ESTAÇÃO TRIMESTRE

Verão (HS) / Inverno (HN) DJF (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) Outono (HS) / Primavera (HN) MAM (Março, Abril e Maio)

Inverno (HS) / Verão (HN) JJA (Junho, Julho e Agosto) Primavera (HS) / Outono (HN) SON (Setembro, Outubro e Novembro) Legenda: HS - Hemisfério Sul; HN - Hemisfério Norte

Fonte: elaboração STPC.

3.2.1.2 - Hidrografia

A primeira etapa do trabalho foi o levantamento sobre as características físicas da área, da literatura existente e da observação de material cartográfico. Buscaram-se fontes que saciassem o escopo do Diagnóstico Hidrográfico do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro.

Deve-se ressaltar a diferença entre a denominação dada aos rios por órgãos estaduais. Não há uma padronização entre a base de dados hidrográficos.

Levantamento de Dados Secundários e Primários

Como unidade base foi utilizado o conceito de bacia hidrográfica. Cunha e Guerra (2002), já afirmavam que as bacias hidrográficas se constituem em um elemento integrador da paisagem, sendo uma unidade na qual circulam diferentes materiais solúveis nos veios hídricos.

Os atuais estudos sobre bacias hidrográficas remetem-se a termos como sub-bacia, ou mais comumente, microbacias, de acordo com o grau de hierarquia da bacia e a determinação do pesquisador (Santos, 2001).

Fernandes (1997) ao propor um manejo integrado de sub-bacias hidrográficas, conceitua as bacias referindo-se a uma compartimentação geográfica delimitada por divisores de água e drenada por um curso d’água principal e seus afluentes. Coloca que as sub-bacias seriam unidades com ordem hierárquica inferior a da bacia, apresentando assim, uma relatividade quanto ao uso dos termos. Esta subdivisão, potencializaria a localização de problemas difusos relacionados a aspectos físicos ou sociais.

O uso e a ocupação das microbacias são condicionados pelas características intrínsecas de cada uma, que determinam as potencialidades e limitações para as diversas modalidades de uso/ocupação e a potencialização de conflitos de interesses. Assim, as características fisiográficas de cada microbacia, em interação com as atividades antrópicas instaladas, resultam em características sociais e físicas próprias.

Para o presente estudo utilizou-se a delimitação da bacia do rio São Francisco Falso Braço Norte, uma vez que o Parque Estadual da Cabeça do Cachorro encontra-se em seu médio curso e as Unidades de Planejamento determinadas pelo Projeto Paraná Biodiversidade,

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que considerou as bacias hidrográficas e a divisão política dos municípios. Optou-se por utilizar a denominação de São Francisco Falso Braço Norte ou Corvo Branco, já que a mesma é adotada nos documentos oficiais e na região respectivamente.

3.2.1.3 - Geologia e Geomorfologia (Baseado em Reis Neto, 2006)

Inicialmente foi realizada a análise bibliográfica das feições geológicas potencialmente existentes nas diversas áreas das unidades de conservação. Concomitantemente foram estudadas as feições geomorfológicas presentes através de análises de imagens de satélites.

A etapa de campo ocorreu com o objetivo de subsidiar o zoneamento ambiental. Nesse contexto, foi realizado o levantamento, a identificação, a caracterização dos litotipos presentes. Foi realizado também o estudo da geomorfologia em conjunto com os recursos hídricos e potencial turístico, sob o ponto de vista geológico.

Após a caracterização da área de trabalho seguiu-se o método usual de estudo de uma área visando o subsídio geológico e geomorfológico de um Plano de Manejo.

Levantamento de Dados Secundários

Para a preparação das informações existentes necessárias foi realizado um levantamento bibliográfico preliminar visando à obtenção de informações geológicas existentes.

Na composição dos dados de campo foram utilizados mapas topográficos e imagens de satélites.

Levantamento de Dados Primários

Todo o processo de levantamento de campo foi realizado através de levantamento “in-situ” com descrição dos tipos litológicos, com a preocupação da caracterização da mineralogia e das características estruturais, além do caráter de ocorrência de bens minerais e potencial turístico.

Análises “in-situ”

Para a determinação das características litológicas e estruturais, além da mineralogia e da trama mineralógica, visando à coleta amostras de rochas para análises e a amarração com os dados pré-existentes em relatórios e trabalhos científicos, foi realizada a seguinte metodologia:

Realização de perfis, utilizando caminhamento com automóvel;

Realização de perfis a pé, caracterização e amarração, por associação, dos diferentes tipos de rochas existentes.

Visitação e descrição cerca de vários pontos sobre o terreno que se encontram georreferenciados e tiradas fotografias das características litológicas e geomorfológicas encontradas na região.

3.2.1.4 - Solos

Trabalhos de Escritório

Correspondeu a primeira fase dos trabalhos e se consistiu na identificação e verificação das várias unidades de mapeamento constantes no Levantamento de Reconhecimento de Solos do Estado do Paraná da EMBRAPA (1984) e no material cartográfico disponível, que identifica todas as unidades taxômicas de solos para o Estado, com a finalidade de

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Esse levantamento forneceu apenas um pré-conhecimento das diversas classes de solos presentes na área de estudo. A legenda preliminar foi corrigida e atualizada durante os trabalhos de campo.

Ainda nesta fase foram realizados levantamentos bibliográficos e cartográficos de trabalhos dessa natureza para a região. Essas informações foram fundamentais para as complementações e fechamento da classificação de solos.

Trabalhos de Campo

O levantamento de campo representou a segunda fase dos trabalhos e foi desenvolvido no período 20 a 27/03/2006 para um reconhecimento da área de Estudo e seu entorno.

Para esse levantamento, baseado em informações publicadas e nos fatores de formação do solo, associou-se as condições de relevo+solos+vegetação e as características climáticas e geológicas. Foram feitas ainda observações com referência à altitude, declividade, erosão e drenagem.

Todos os solos identificados nesse estudo seguiram as orientações das características morfológicas constantes no Manual de Classificação de Solos do Brasil (Prado, 1996) e no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 1999).

Critérios Adotados Para o Estabelecimento das Classes de Solos

A classificação usada no Brasil é relacionada com a ocorrência do solo na paisagem, onde cada unidade de solo tem uma correspondência entre seus aspectos físicos e químicos e a paisagem (Figura 3.03). Para o diagnóstico de áreas destinadas à Unidades de Conservação é importante levantar informações sobre oportunidades e restrições dos ambientes quanto à processos erosivos, capacidade de infiltração e de retenção de água no solo, nutrição (fertilidade) etc.

Assim, o diagnóstico subsidia o zoneamento da UC quanto as condições para comportar construções, estrada, trilhas rústicas entre outros.

Portanto, o principal critério utilizado para o reconhecimento em campo das unidades de solos foi o reconhecimento da compartimentação do relevo na UC e no Entorno.

Em conformidade com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999), buscou-se identificar na área em estudo, em primeiro nível, as classes de solos:

Solos com B latossólico;

Solos com B textural, não hidromórficos; Solos com B textural, hidromórficos; Solos hidromórficos sem B textural; Cambissolos;

Solos Litólicos, Aluviais e Regossolos; Rendizinas e Veretissolos.

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Figura 3.03 - Modelo Digital do Terreno da Unidade de Conservação e seu Entorno

Legenda: Retângulo vermelho localiza o Parque Estadual da Cabeça do Cachorro

Fonte: MDT- dados topográficos da Shuttle Radar Topography Mission da Nasa, organizado por STCP

A análise da vegetação natural fornece dados principalmente relacionados com o maior ou menor grau de umidade de determinada área. Isto porque a vegetação natural reflete as condições climáticas locais, sobretudo no que diz respeito à umidade e ao período seco. As fases de relevo de empregadas neste trabalho são:

PLANO - Superfícies quase horizontais com declives de 0 a 3%;

SUAVE ONDULADO - Superfícies pouco movimentadas constituídas por um conjunto de elevações baixas e declives suaves de 3 a 8%;

ONDULADO - Superfícies movimentadas constituídas por elevações e declives entre 8 a 20%; e

FORTE ONDULADO - Superfícies movimentadas constituídas por morros e declives de 20 a 45%.

Juntamente com o relevo, a presença de pedregosidade e a rochosidade constituem um meio de se precisar a uniformidade da profundidade dos solos e fragilidades do ambiente quanto ao desencadeamento de processos erosivos, tipo de vegetação de cobertura, infiltração e de retenção de água no solo etc.

A pedregosidade refere-se à presença de calhaus e matacões (constituídos ou não de concreções) na massa do solo e/ou na superfície do mesmo.

3.2.2 - Clima

3.2.2.1 - Temperatura

A temperatura corresponde à quantidade de energia absorvida pela atmosfera após a

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Ayoade (2002), a temperatura é a condição que determina o fluxo de calor que passa de uma substância a outra, sendo determinada pelo balanço entre a radiação que entra e a que sai e pela sua transformação em calor latente (evapotranspiração) e sensível (aquecimento). A temperatura possui um papel muito importante para o ecossitema, pois o metabolismo dos seres vivos é afetado pelas condições de energia existentes no ambiente, em especial no solo e na atmosfera.

Os dados de temperatura analisados contemplam o período de 1973 a 2005 (33 anos) na estação meteorológica de Palotina e de 1998 a 2005 na estação de Toledo.

As temperaturas médias mensais coletadas a partir das estações resultam em uma média anual de 21,24 °C para Palotina e para Toledo de 21 °C. O valor mais elevado ocorre em janeiro (25,2°C e 24.4ºC) e o mais brando em julho (16,1°C) em ambas as estações e conseqüentemente para o Parque Estadual da Cabeça do Cachorro, como observado na Figura 3.04.

No mês de agosto, inicia-se o aumento de temperaturas que atingem seus valores mais expressivos no verão, influenciado pelo centro depressivo do Chaco.

As temperaturas são mais elevadas de outubro a março, quando da primavera e verão no hemisfério Sul. Essas temperaturas coincidem com os índices mais elevados de precipitação na região. Neste período é a massa Tropical Continental que tem atuação mais marcante.

O comportamento térmico da região demonstra que nos meses da primavera há um crescente aumento da temperatura que atinge seu ápice nos meses de verão, mais precisamente em janeiro.

O comportamento térmico é similar nas duas regiões o que caracteriza a área da Unidade de Conservação como tendo verões com média acima de 22 °C e invernos com temperaturas médias superiores a 16 °C.

Figura 3.04 - Temperatura Média Mensal na Região de Palotina e Toledo

Fonte: IAPAR E SIMEPAR adaptado por STCP. 15 17 19 21 23 25 27 29 Palotina 25,2 24,9 24,3 21,9 18,1 16,5 16,1 17,7 19,5 22,3 23,7 24,7 Toledo 24,4 24,0 24,3 22,1 17,3 17,2 16,1 18,2 19,5 22,1 22,9 23,7

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Na Tabela 3.03 é apresentada a temperatura média sazonal para a região de Palotina e de Toledo. Conforme os dados apresentados verifica-se uma maior média de temperatura nos meses referentes ao verão (hemisfério Sul) e a menor média nos meses condizentes com o inverno. Esta situação decorre de vários fatores, entre eles, as correntes perturbadoras de Oeste (W) que são mais freqüentes e regulares no verão, período em que o interior do continente é fortemente aquecido.

Tabela 3.03 - Temperatura Média Sazonal – Palotina e Toledo

TRIMESTRE MAM JJA SON DJF

Temperatura média (°C) Palotina 21,4 16,7 21,8 24,9

Temperatura média (°C) Toledo 21,2 17,1 21,5 24,0

Fonte: Dados do IAPAR E SIMEPAR - adaptado por STCP

Esses dados refletem a amplitude térmica da região, onde nos meses mais quentes (do fim da primavera ao início do outono) as temperaturas estão em torno dos 23 °C, enquanto que nos meses mais frios (condizentes com o inverno - JJA) as temperaturas das médias mínimas estão entre 16 °C.

Uma curiosidade local encontrada na vertente da margem esquerda do rio São Francisco Falso Braço Norte (também denominado por Corvo Branco), a sudeste da Unidade de Conservação é a ocorrência isolada de uma espécie ameaçada denominada de Cereus peruvianos (cactacea) que, segundo consta em relatos de Maack (1981), são remanescentes de um clima semi-árido do Quaternário Antigo (Foto 3.04).

Foto 3.04 - Cereus peruvianus na Área de Entorno do Parque

Legenda: (A) Cereus peruvianus; (B) Vista do Parque (a esquerda da foto) a partir do local onde localizou-se o Cereus Fonte: Cavilha, 2006

B

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3.2.2.2 - Precipitação

A precipitação consiste na deposição da forma líquida ou sólida derivada da atmosfera. No caso da região de Palotina, o total anual médio é 1.649,7 mm, enquanto que em Toledo o total é de 1.908,5 mm. Não há períodos muito distintos na distribuição pluviométrica, podendo-se distinguir os meses com maior ou menor precipitação pluviométrica (Figura 3.05).

Observando as médias dos dados analisados, nota-se que nos meses de Julho e Agosto os índices pluviométricos são menores na região. Não há a determinação de um período seco, podendo, ocasionalmente haver períodos de estiagem determinados por fatores de meso ou grande escala atmosféricas, ou mesmo regionalmente.

Em outubro observa-se o maior índice pluviométrico, que continuam elevados até meados de fevereiro. Nessa época, o sistema atmosférico é dominado pela massa Tropical Atlântica que confere maiores índices de precipitação e de temperatura.

As características edafoclimáticas e de relevo da região, atribuem a área de entorno um grande valor econômico. Essa valoração auxilia na pressão sobre a unidade de conservação.

Figura 3.05 - Precipitação Total Média - Palotina (1973 – 2005)

Fonte: IAPAR E SIMEPAR adaptado por STCP

Na Tabela 3.04 é apresentada a distribuição total sazonal para a região do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro onde os meses de inverno apresentam os menores índices de precipitação e a primavera e o verão os maiores índices.

Tabela 3.04 - Precipitação Total Sazonal – Palotina e Toledo

TRIMESTRE MAM JJA SON DJF

Precipitação total (mm) - Palotina 405,5 279,0 478,3 486,9

Precipitação total (mm) - Toledo 491,1 309,8 600,0 507,6

Fonte: Dados do IAPAR E SIMEPAR - adaptado por STCP

A região de Palotina possui um total médio de 115 dias com chuva no decorrer de um ano (considerando a série histórica de 1973 - 2005). Desse total, 57 dias estão concentrados em cinco meses, de outubro a fevereiro.

0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 Palotina 168,0 151,5 109,6 137,4 158,5 115,8 84,6 78,6 139,5 176,6 162,2 167,4 Toledo 176,8 200,9 121,0 161,8 208,3 138,0 78,5 93,3 174,0 246,5 179,5 129,9

(18)

3.2.2.3 - Umidade Relativa

A umidade relativa corresponde à quantidade de vapor de água encontrada na atmosfera em um determinado instante e a respectiva quantidade máxima que o ar poderia conter sob os mesmos valores de temperatura e pressão. A condensação da umidade gera fenômenos como a formação de nuvens, chuvas, etc.

A presença do vapor d’água favorece a diminuição da concentração de poluentes no ar, pois pequenas partículas são incorporadas pelas gotículas de água que ajudam na remoção de poluentes. Outra questão que envolve a umidade relativa é que por absorver a radiação solar e terrestre, atua como um regulador térmico que exerce efeito sobre a temperatura e influencia nas taxas de evaporação e evapotranspiração. É, assim, um importante fator que determina a temperatura sentida pelo corpo humano e, em decorrência, o conforto humano. A umidade relativa média na região de Palotina no período de 1973 - 2005 é de 76% enquanto que em Toledo é de 77% (Figura 3.06).

Figura 3.06 - Umidade Relativa Média Mensal na Região do Parque

Fonte: IAPAR E SIMEPAR adaptado por STCP

A relação entre a umidade relativa e a precipitação é inversa, pois a umidade sofre diminuição através do processo de precipitação.

Na Tabela 3.05 é apresentada a umidade relativa para a região de Palotina e Toledo onde o verão apresenta a maior porcentagem e a primavera a menor. Estando as estações de outono e inverno com índices semelhantes.

Tabela 3.05 - Umidade Relativa Média Sazonal – Palotina e Toledo

TRIMESTRE MAM JJA SON DJF

Umidade Relativa (%) - Palotina 77,6 77,3 71,3 78,3

Umidade Relativa (%) - Toledo 78,4 77,3 72,6 80,4

Fonte: Dados do IAPAR E SIMEPAR - adaptado por STCP 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 Palotina 79 79 76 77 80 81 78 73 71 72 71 77 Toledo 82 81 77 78 81 83 78 71 73 73 72 79

(19)

3.2.2.4 - Insolação

A insolação corresponde ao recebimento de energia solar por uma superfície, ou seja, a quantidade de energia térmica proveniente dos raios solares, recebida por uma determina superfície. Varia de acordo com o lugar, com a hora do dia e com a época do ano.

Para este parâmetro utilizou-se apenas os dados de Palotina, pois os de Toledo não são coletados na estação para o período analisado.

Na região do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro a insolação apresenta certa homogeneidade, destacando-se o mês de junho (180,8 horas) como o de menor insolação média e dezembro (237,2 horas) como o de maior insolação média (Figura 3.07). O valor total médio anual na região é de 2558,1 horas.

Figura 3.07 - Insolação Média na Região de Palotina

Fonte: IAPAR adaptado por STCP

A Tabela 3.06, mostra a variação sazonal da média das horas de sol em cada estação (trimestre). O trimestre de março a maio apresenta a menor média de insolação e o trimestre de setembro a novembro apresenta a maior média.

A insolação é um fator que influencia diretamente nos ciclos dos animais e vegetais dos diferentes ambientes inseridos. Um exemplo pode ser a germinação de sementes fotossensíveis, que dependendo da insolação e temperatura ambiente podem germinar ou se deteriorar.

Tabela 3.06 - Insolação Sazonal

TRIMESTRE MAM JJA SON DJF

Insolação (horas) - total 647,7 599,7 632,7 678,0

Fonte: Dados do IAPAR - adaptado por STCP

3.2.2.5 - Evaporação

A evaporação é o processo pelo qual a umidade se transforma passando para estado gasoso, indicando uma perda de água da superfície para a atmosfera. A evaporação está diretamente relacionada à energia proveniente da radiação solar. Outros fatores como a intensidade do vento, a temperatura e a umidade do ar influem na evaporação.

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 Evaporação (total-mm) 84,9 77,9 98,9 87,4 70,1 60,0 75,1 99,1 108,8 119,0 120,6 98,5 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

(20)

O ar atua como uma cobertura que se opõe à evaporação. A rapidez de evaporação diminui a medida em que a pressão atmosférica aumenta. Da mesma forma, a umidade influencia na velocidade da evaporação, quanto maior for à umidade, menor será o ritmo de evaporação. A temperatura é outro fator correlacionado a evaporação uma vez que, a evaporação é maior nos períodos onde a temperatura assume maiores valores. Isto ocorre, pois as moléculas se movem mais depressa à medida que a temperatura aumenta tendo maior energia cinética e podendo ultrapassar as camadas superficiais.

O período em que a evaporação é maior condiz com os meses de setembro a outubro (trimestre de primavera), quando os níveis de precipitação pluviométrica são elevados e a velocidade do vento está em torno de 2,4 m/s. Nessa época há o aumento gradativo da temperatura.

Os dados de evaporação da Estação de Palotina no período de 1973 a 2005 apresentam um total médio anual de 1.100,3 mm. A Figura 3.08 mostra o comportamento das médias mensais de evaporação medidas na estação.

Figura 3.08 - Evaporação Total – Média Mensal

Fonte: IAPAR adaptado por STCP

A Figura 3.08 mostra que a evaporação é mais intensa nos meses de outubro a novembro, época caracterizada pelo aumento das temperaturas e da precipitação. Este período totaliza 239,6 mm de evaporação, o que equivale a 21,78% do total anual (que é de 1.100,3 mm). Novembro é o mês com maior evaporação: 120,6 mm.

A Tabela 3.07 mostra o total médio sazonal da evaporação registrada na Estação de Palotina. Com 31,67% do total anual, o trimestre SON (Primavera no HS) detém o maior índice evaporativo. Enquanto que o inverno apresenta menores valores em detrimento dos demais fatores como temperatura e precipitação.

Tabela 3.07 - Evaporação Sazonal na Estação de Palotina

TRIMESTRE MAM JJA SON DJF

Evaporação (mm) - total 256,4 234,2 348,4 261,3

Fonte: Dados do IAPAR - adaptado por STCP

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 Evaporação (total-mm) 84,9 77,9 98,9 87,4 70,1 60,0 75,1 99,1 108,8 119,0 120,6 98,5 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

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3.2.2.6 - Ventos

O vento é o parâmetro meteorológico mais importante no que tange a dispersão de poluentes atmosféricos. Isto porque transporta as propriedades do ar da fonte emissora para as outras regiões. Este transporte pode ser horizontal (conhecido como advecção) ou vertical (convecção). Os movimentos turbulentos que geram o transporte vertical propiciam uma mistura na qual as propriedades do ar da camada próximo ao solo misturam-se com as das camadas de ar superior. Através desse movimento, a concentração de poluentes liberados na baixa atmosfera diminui, melhorando a qualidade do ar. Atua também como um facilitador da evaporação, pois transporta para longe ou mantém próximo o vapor eliminado pelos corpos.

Vários são os fatores que contribuem para o comportamento do vento de uma região. As condições dinâmicas da atmosfera, a interação entre as escala sinótica (movimentos de ar resultantes da circulação geral da atmosfera com variação de extensão horizontal) e a microescala (efeitos aerodinâmicos das construções humanas, da rugosidade das superfícies e da cobertura vegetal, que influenciam na movimentação, no transporte e na difusão dos poluentes, as características da rugosidade e relevo local, a localização geográfica e a rotação da Terra são exemplos desses fatores).

A velocidade média dos ventos e a direção dos mesmos na região de Palotina foram analisadas com base nos dados da série histórica do IAPAR - 1973 a 2005. A partir desta, percebeu-se que a direção predominante dos ventos na série histórica é NE (Nordeste) e a média de velocidade é de 2,02 m/s (Tabela 3.08). Durante o inverno, os ventos de NE são ocasionados pelo avanço da Massa Tropical Atlântica.

Para a região de Toledo há predominância dos ventos oriundos de Sudeste, com uma média mensal anual de 2,67 m/s. Os valores comparados das duas estações analisadas apresentam similaridade e pouca diferenciação em termos de valores, com sensível aumento para a região de Toledo, mais próxima do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro.

Tabela 3.08 - Direção e Velocidade dos Ventos

VENTO

MÊS DIREÇÃO VELOCIDADE (M/S)

Palotina Toledo Palotina Toledo

Jan NE SE 1,8 2,4 Fev NE SE 1,7 2,3 Mar NE SE 1,8 2,4 Abr NE SE 1,9 2,5 Mai NE SE 1,8 2,5 Jun NE SE 1,8 2,6 Jul NE SE 2,0 2,8 Ago NE SE 2,1 3,1 Set NE SE 2,5 3,1 Out NE SE 2,4 2,9 Nov NE SE 2,4 2,8 Dez NE SE 2,0 2,6

(22)

A região onde se insere o Parque Estadual da Cabeça do Cachorro situa-se numa linha de instabilidade estando suscetível a rajadas de vento que ocasionalmente assolam a região decorrem da sua latitude e da presença das massas de ar. É uma zona de transição entre o clima temperado e o tropical, as diferenças entre as pressões e as temperaturas são fatores que influenciam na formação dessas rajadas de ventos.

Fragmentos florestais sofrem pressões diversas que resultam em perda de diversidade biológica. Esses fragmentos isolados por áreas de pastagens e monoculturas sofrem com o efeito de borda, que é intensificado por fatores como o vento, insolação, alterações na temperatura e umidade.

O Parque, com seu formato ovalado, possui uma maior proteção da vegetação e da fauna no seu interior.

No que tange a direção e velocidade dos ventos percebe-se que, historicamente a direção de origem dos ventos na região do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro é Sudeste (SE). Para esses parâmetros utilizou-se a estação de Toledo por estar mais próxima da Unidade de Conservação.

A velocidade dos ventos possui valores médios mais elevados no trimestre de inverno e primavera, sendo o mês de agosto o de maiores índices (Tabela 3.09).

A intensidade na velocidade dos ventos de julho a dezembro coincide com a época onde os índices pluviométricos são maiores e as temperaturas iniciam aumento gradativo.

Tabela 3.09 - Velocidade dos Ventos

TRIMESTRE MAM JJA SON DJF

Velocidade (m/s) - Palotina 1,83 1,97 2,43 1,83

Direção Predominante -Palotina NE NE NE NE

Velocidade (m/s) - Toledo 2,47 2,83 2,93 2,43

Direção Predominante - Toledo SE SE SE SE

Fonte: Dados do IAPAR E SIMEPAR - adaptado por STCP

3.2.2.7 - Considerações Gerais

No Parque Estadual da Cabeça do Cachorro, o clima possui caráter mesotérmico. Está classificado, segundo Köeppen, como sendo do tipo Cfa, ou seja, com média do mês mais quente acima de 22 ºC e do mês mais frio inferior a 18 ºC, sem estação seca definida, verão quente e geadas pouco freqüentes.

Segundo dados do IAPAR para a estação de Palotina, por exemplo, em novembro de 1985 ocorreu a média máxima absoluta com uma temperatura de 41,2 ºC e em julho de 1975 a média mínima absoluta com o valor de -5,2 ºC.

O relevo, a proximidade com a calha do rio Paraná, a latitude e a dinâmica dos sistemas atmosféricos conferem a área um caráter muitas vezes instável. As rajadas de vento acontecem ocasionalmente, podendo ser severas. Sua origem está associada as linhas de instabilidades existentes na região.

No inverno, influenciado pelo domínio da Massa Polar, ocorrem as menores temperaturas e o período com menor precipitação pluvial. Os ventos de Sudeste (considerando Toledo) são mais representativos nessa época e na primavera em virtude do deslocamento da massa Tropical Atlântica.

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A temperatura anual média é de 20 ºC, com totais pluviométricos em torno de 1.500 a 2.000 mm por ano e umidade relativa média de 77%.

A influência da umidade, precipitação, escoamento superficial e temperatura, entre outros fatores, concedem aos ecossistemas florestais uma atuação importante como possíveis reguladores do clima ou microclima.

O Parque aparece como um dos raros fragmentos florestais da região de São Pedro do Iguaçu e até mesmo dentro de uma escala regional. A manutenção da vegetação e recuperação dos demais fatores biológicos poderão auxiliar na redução dos impactos climáticos sentidos pelo desmatamento e demais ações antrópicas deterioradoras.

3.2.3 - Hidrografia

O Parque Estadual da Cabeça do Cachorro possui em sua drenagem um grande diferencial. A começar pela sua identidade nominal. Seu formato semelhante à cabeça de um cachorro originou-lhe o nome (Figura 3.09).

Figura 3.09- Formato do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro

Legenda: Imagem demonstrativa do formato da Unidade com as curvas de nível. Fonte: organizado por STCP.

Outro aspecto importante diz respeito aos seus limites. Conforme o Decreto nº 7456, seu limite inicia-se na confluência com o córrego Mandacaru seguindo até o encontro com a margem direita do rio Corvo Branco e margeando-o por 2.750 metros rumo à jusante até o encontro com a confluência. Esta situação pode ser visualizada no mapa de hidrografia da Unidade de Conservação (Figura 3.10).

(24)
(25)
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Insere-se no médio curso do rio São Francisco Falso Braço Norte ou Corvo Branco. Este rio, no trecho entre São Pedro do Iguaçu e o trecho em que tangencia o Parque Estadual da Cabeça do Cachorro, exibe padrão meândrico com curvas acentuadas.

Na passagem visualizada através da Foto 3.05, evidencia-se que o meandro do rio se distancia de outra fração por cerca de 20 metros de desnível, podendo modificar o leito do rio futuramente. Os moradores construíram uma pequena barragem com fragmentos rochosos para minimizar a passagem da água do rio por um meandro que não o original. Essa medida tem restringido a modificação do curso do rio que eventualmente pode ocorrer. Para mensurar as implicações de tal modificação no leito do rio acarretará, é necessário o desenvolvimento de linhas de pesquisa nesse sentido.

Foto 3.05 - Imagens da Situação Encontrada no Rio São Francisco Falso Braço Norte ou Corvo Branco em Relação ao Possível Abandono de Meandro

Legenda: (A) Localização do local onde o rio está desviando seu curso; (B) Vista parcial da unidade com a vertente de desvio do rio; (C) Barragem construída com seixos; (D) Relação entre a barragem e as atividades econômicas desenvolvidas.

Fonte: (A, B) Cavilha, 2006 e (C, D) Endres, 2006

Na Foto 3.06 é possível observar o acúmulo de água sobre o substrato rochoso, devido ao represamento que ocorre logo após a barragem e das precipitações pluviais, na fração mais plana e baixa do trecho.

As seções meândricas são intercaladas com seções de canal retilíneo demonstrando o controle do rio pela geologia. Esta fisionomia sugere um ajuste do traçado do canal a planos

A

C D

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de fraturas e/ou falhas, modelados pelo relevo. Neste trecho, as maiores declividades são encontradas nas vertentes permeadas pelos vales.

Destaca-se a vertente, cuja declividade está entre 20 a 45%, caracterizando-a como bem íngreme e teoricamente restringindo seu uso. Atualmente é utilizada como pastagem, nessa porção da margem esquerda do rio a mata ciliar está degradada e há locais onde é muito estreita.

Foto 3.06 - Acúmulo de Água Abaixo do Represamento

Fonte: Cavilha, 2006

Em relação a hipsometria, confirma-se a posição do Parque sobre um superfície suave ondulada com faixas altitudinais que variam de 350 a 450 metros (Figura 3.11).

O rio principal possui, no trecho observado, a Leste do Parque, um curso sinuoso, no formato quase circular com desnível considerável ao circundar o morro vizinho. Nas proximidades desse ponto, a Leste da Unidade, há um pequeno alargamento do canal do rio São Francisco Falso Braço Norte ou Corvo Branco, onde ocorrem pequenas porções de terra, as quais são circundadas pelas águas do rio cobertas por vegetação (Foto 3.07). Nos meses mais chuvosos, que para a região costuma culminar entre os meses de primavera e verão (setembro a fevereiro), o nível do rio e a quantidade de sedimentos carregados pelo mesmo aumentam, podendo ser visualizado através da coloração adquirida pelas águas do rio, em geral mais avermelhada. Isso ocorre também, quando da precipitação ocasional. Nessa época, não é possível observar a rochosidade presente no leito do canal. Por outro lado, em períodos onde as chuvas são menos freqüentes, afloram no leito do rio rochas de origem basálticas, que não são possíveis de se observar durante as chuvas (Foto 3.08).

Não foram localizadas nascentes no interior da Unidade nos trabalhos de campo e conforme equipe do Parque não se tem conhecimento sobre a existência de alguma. Em contrapartida, no entorno direto, destacam-se dois veios hídricos. Um que pertence à margem direita do rio principal e determina um dos marcos de delimitação da Unidade de Conservação denominado de Mandacaru e outro situado à Sudoeste do Parque que deságua no rio principal após passar por um manilhamento sob a estrada de terra.

(28)
(29)
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Foto 3.07 - Pequenas Frações de Terra no Leito do Rio

Legenda: A – Pequenas ilhotas no canal; B – Vista a partir de um outro plano Fonte: Cavilha, 2006

Foto 3.08 - Diferenciação no Volume do Rio de Acordo com as Chuvas

Fonte: Cavilha, 2006

O primeiro afluente, o córrego Mandacaru, em detrimento de seu desnível e configuração fisionômica, forma uma cachoeira pela qual se tem acesso por um trilha íngreme e com cerca de 300 metros de extensão. Não foi possível o mapeamento da trilha pois se encontra numa área com vegetação alta impossibilitando o funcionamento do GPS – Sistema de Posicionamento Global. Trata-se de uma área muito frágil no sentido ecológico e muito restrita para a visitação. É uma área de APP (Área de Preservação Permanente) em propriedade particular, sua trilha se desenvolve numa vertente com alto grau de declividade e no acesso a cachoeira, tem-se que caminhar sobre rochas lisas e em degraus (Foto 3.09). O segundo afluente próximo a Unidade possui muitos seixos em seu leito, próximo a sua foz no canal principal (Foto 3.10). Suas margens possuem pouca mata ciliar e atividades

agropecuárias.

Nas margens do rio principal, no perímetro da Unidade de Conservação há mata ciliar, porém como se observou em campo, na margem oposta ao Parque há necessidade de recuperação da mata ciliar.

B

A

(31)

3.2.4 - Geologia (Baseado em Reis Neto, 2006)

A área do parque encontra-se em sua totalidade no contexto de ocorrência das rochas basálticas da Formação Serra Geral. Ao longo do Rio São Francisco Falso Braço norte ou Corvo Branco, ocorre a presença de aluviões de idade provável Terciária ou Quaternária, produtos do processo de denudação da paisagem.

Foto 3.09 - Cachoeira no Córrego Mandacaru

Fonte: (A) Cavilha, 2006 e (B) Pinheiro, 2006

Foto 3.10 - Afluente da Margem Esquerda

Fonte: Cavilha, 2006

Apesar do contexto litológico monótono, exclusivamente rochas basálticas, a região é cortada por uma série de lineamentos que condicionam, em muitos casos, a direção das principais drenagens. O rio São Francisco Falso Braço Norte está condicionado por um lineamento com direção geral N40-50W (Figura 3.12). Esses lineamentos, por serem locais preferenciais de alteração do relevo, propiciaram uma maior fragilidade do solo.

B A

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A densa vegetação presente na área do parque é conseqüência da existência de uma importante camada de solos, resultante do desenvolvimento de colúvio e alúvio. Esse solo encontra-se cobrindo o substrato rochoso em quase todo o parque com exceção de áreas no entorno próximo ao leito do rio.

Ao longo da pequena estrada que faz a ligação entre a área de recepção ao visitante e a residência do guarda-parque é possível observar alguns tipos de rochas presentes na região. Os afloramentos são de baixa qualidade e não permitem a observação de feições litológicas em virtude do elevado grau de alteração das rochas.

As rochas, com baixo estágio de alteração são de basaltos que se encontram com colorações variando entre preta e marrom escuro, apresentam uma série de feições texturais e estruturais, indicando se tratarem de brechas vulcânicas (Foto 3.11). Descritivamente é um basalto afanítico com injeção de material marrom-acastanhado.

Foto 3.11 - Tipo de Rocha Basáltica Encontrada na Estrada

Fonte: Reis Neto, 2006

Na região do entorno do Parque, ao longo do rio São Francisco Falso Braço Norte pode-se observar que existem afloramentos de rochas de boa qualidade que permitem a visualização de feições típicas de rochas vulcânicas.

Os poucos afloramentos visitados permitiram verificar que essa região parece ter sido palco de um processo vulcânico explosivo que ocasionou a formação de rochas de origem piroclástica. Inúmeras feições presentes nas rochas permitem essa assertiva, algumas podem ser visualizadas na (Foto 3.12).

A ocorrência de rochas acima caracterizadas permite posicionar que esse parque encontra-se inencontra-serido na unidade geológica definida como Formação Serra Geral, como já definido através da bibliografia. Essa formação tem uma unidade em torno de 130 milhões de anos (m.a.), e está constituída por uma série de derrames de rochas vulcânicas, com espessuras variadas.

As diferentes rochas observadas e as tipologias das feições geológicas existentes, não se encontram delimitadas estratigraficamente no âmbito da referida unidade geológica.

(35)

Foto 3.12 - Feições Presentes nas Rochas

Legenda: (A) Níveis horizontais de derrames de lavas, (B) Brechas de vulcanoclástica, (C) Brecha vulcanoclástica mostrando a relação entre um basalto vesicular e um maciço e (D) Relação entre diferentes tipos de material basáltico. Possível aglomerado vulcânico.

Fonte: Reis Neto, 2006

3.2.4 - Geomorfologia (Baseado em Reis Neto, 2006)

A área do parque faz parte da bacia do rio São Francisco Falso Braço Norte, e se encontra inserida no processo de evolução da paisagem que tem como nível de base o rio Paraná. A região apresenta uma superfície preferencial com altitudes em torno de 500 a 520 m. A partir dessa altitude ocorreu um importante processo erosivo que tem como seu principal agente o rio São Francisco Falso Braço Norte.

Na atualidade, observa-se a presença de uma topografia relativamente suave a ondulada, com desnível que alcança 100 m, ocasionando declividades também fortemente ondulados. Apesar desse desnível o rio é de caráter meandrante, contornado morros pequenos, com altitudes geralmente inferiores a 520 m.

A área definida para o Parque é conseqüência de um dos meandros do rio São Francisco Falso Braço, sendo que cerca de 70% do seu limite é feito pelo referido rio.

As encostas presentes são geralmente de baixa declividade, sendo que a maior elevação é de 540 m. A presença do rio próximo a essa elevação ocasiona na parte sul do Parque encostas íngremes.

A B

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No período da visita o rio apresentava como características boa quantidade de água com correnteza, não permitindo qualquer tipo de observação de material presente em seu substrato.

No entorno do parque pode-se observar a presença de um leito “sazonal” do rio, que é utilizado apenas em períodos de muita chuva. Esse leito encontra-se com solo raso e pouca vegetação o que é indicativo de utilização, ainda que eventual (Foto 3.13).

Foto 3.13 - Leito “Sazonal” do Rio Utilizado Principalmente nos Períodos de Chuva

Fonte: Reis Neto, 2006

A associação de meandros com a presença de leitos “sazonais” mostra a dinâmica do relevo presente na região.

Sob o ponto de vista geomorfológico, em uma escala regional, a localidade do parque está no fundo de um vale, com desníveis de cerca de 110 m. Esse desnível associado em uma região que tem como característica ser suave ondulada a ondulada é um fator interessante para a compreensão da evolução da paisagem.

A declividade do parque e do seu entorno pode ser compreendido através do mapa de declividade (Figura 3.13). A maiores declividades são as que estão associadas à evolução do rio São Francisco Falso Braço Norte.

3.2.5 - Solos

A associação de solos são agrupamentos de unidades definidas taxonomicamente, em associação geográfica regular, definindo uma unidade de mapeamento. Assim, os solos são classificados com base nas suas características morfológicas e analíticas (químicas, granulométricas e mineralógicas). Essas características, na paisagem, muitas vezes apresentam similaridades.

As unidades de mapeamento identificadas no Parque Estadual da Cabeça do Cachorro (Figura 3.14), a partir do levantamento de campo e correlacionadas com a revisão bibliográfica sobre a região são observadas na Tabela 3.10.

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Tabela 3.10 - Unidade de Mapeamento do Parque Estadual Cabeça do Cachorro

CLASSE DE SOLO UNIDADE DE

MAPEAMENTO Associação NEOSSOLO LITÓLICO eutrófico chernossólico +

CHERNOSSOLO ARGILÚVICO ferrico saprolítico + NITOSSOLO VERMELHO distroférrico típico

RLe

Associação NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico chernossólico + CHERNOSSOLO ARGILÚVICO ferrico saprolítico + NITOSSOLO VERMELHO distroférrico típico (RLe) A associação Neossolo Litólico, Chernossolo Argilúvico e Nitossolo Vermelho ocorre em relevos ondulado a forte ondulado. Assim, o Chernossolo Argilúvico é caracterizado como um solo intermediário, que se difere do Nitossolo Vermelho por apresentar horizonte A chernozênico conjugado com horizonte B textural e argila de atividade alta (tipo 2:1) e difere-se do Neossolo Litólico por esdifere-se último não apredifere-sentar horizonte B com argila de atividade alta.

O Neossolo Litólico é considerado um solo raso sobre a rocha. Ocorre, geralmente, em condições de topografia acidentada, onde há muito afloramento de rochas, com profundidade em torno de 50 cm, perfil tipo A-R (horizonte A sobre a rocha), ou tipo A-C-R (sendo o horizonte C pouco espesso), exemplificado na Foto 3.14. Ocupam áreas de intenso Rejuvenescimento (remoção de material).

Foto 3.14 - Registro na Área do Entorno da UC Mostrando as Limitações de Drenagem no Solo Próximo à Calha do Rio

Fonte: Reis Neto, 2006

As limitações desse solo são a inadequada profundidade efetiva do ponto de vista físico e sua posição no relevo forte ondulado (vertentes) que configura grande fragilidade à processos erosivos e deslizamentos. O caráter eutrófico desse solo aponta para uma boa fertilidade natural.

O Chernossolo Argilúvico é moderadamente profundo, com espessura A+Bt compreendida entre 60 a 120 centímetros, quando intermediárias para Neossolo, e de 60 a 130 centímetros quando intermediária para Nitossolo Vermelho.

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Possuem seqüência de horizontes A-Bt-C, bem diferenciados. A textura do horizonte superficial enquadra-se na classe franco argiloso e argila e a estrutura é do tipo granular fortemente desenvolvida. No horizonte Bt apresenta textura argilosa ou muito argilosa e estrutura prismática, composta de blocos angulares e subangulares, com cerosidade presente.

Seu potencial agrícola, apesar da alta fertilidade natural que apresenta, é questionável, pois ocorrem em áreas descontínuas e declivosas, associados a solos mais rasos e pedregosos, onde a mecanização torna-se impraticável.

3.3 - Caracterização do Meio Biológico 3.3.1 - Métodos e Técnicas

Nesse item são descritas as diferentes metodologias para a elaboração do diagnóstico do meio biótico.

3.3.1.1 - Metodologia para o Diagnóstico da Vegetação (Baseado Roderjan e Svolenski, 2006)

Os trabalhos de campo foram desenvolvidos segundo o método da Avaliação Ecológica Rápida (AER) propostos por Sobrevilla e Bath (1992) e revisados por Sayre et al. (2002), para a The Nature Conservancy (TNC).

Durante os trabalhos de campo, foram levantadas informações, as quais constaram de uma caracterização fitofisionômica das comunidades vegetais existentes. Nesta caracterização considerou-se os aspectos florísticos, estruturais e históricos, quando possível, das comunidades vistoriadas, bem como sua importância dentro do contexto regional e do corredor em que a unidade se insere. Também procurou-se levantar, quando possível, questões referentes às pressões e ameaças existentes.

Para o mapeamento do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro foi utilizada uma cena de imagem SPOT de 2005, trabalhada em ambiente ArcView - GIS 3.2, quando delimitou-se a tipologia vegetal e de uso do solo e calculou-se as áreas em superfície, adotando a terminologia do Sistema de Classificação da Vegetação Brasileira do IBGE (IBGE, 1992). 3.3.1.2 - Metodologia para o Diagnóstico da Fauna

3.3.1.2.1 - Aves (Baseado em Bornschein, 2006)

Os trabalhos de campo foram desenvolvidos em 08 e 09 de março de 2006, totalizando 2 h e 45 min de observações. Efetuou-se observação, identificação de espécies mediante o reconhecimento de suas vocalizações e uso de playback. A observação, auxiliada pelo uso de binóculo, consistiu na detecção visual de indivíduos. Essa atividade e a de reconhecimento auditivo das espécies foram conduzidas desde o amanhecer até logo após o anoitecer, o que facilitou a obtenção de registros de aves crepusculares e noturnas. Na identificação auditiva das juritis (Leptotila spp.), adotou-se a proposta de Vechi & Vielliard (1996). O playback foi utilizado na reprodução de gravações de vocalizações de aves não identificadas em campo com intuito de atraí-las para perto do observador, facilitando a identificação mediante contato visual. Para o registro de vocalizações, utilizou-se de gravador Sony (TCM-5000EV) e microfone direcional Sennheiser (ME-66). Também foi utilizado ao se reproduzir o canto de aves raras e de difícil detecção que se esperava registrar na região. Para tal, fez-se uso de cantos de aves publicados em CDs e do arquivo sonoro particular do autor.

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Trabalhos de laboratório

Na listagem das espécies, adotou-se a nomenclatura científica, popular e ordem taxonômica apresentada em Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2005). Relacionou-se o hábito “preferencial” de cada espécie, da seguinte forma: florestal, semi-florestal, campestre, palustre, aquático, aéreo e urbano. Esta é uma categorização provisória, tanto na terminologia quanto na distinção de categorias, pois há espécies que não se pode enquadrar bem a elas. Para esta atividade, valeu-se de informações inéditas dos autores e de informações sobre ambientes de ocorrência disponíveis na literatura consultada. As categorias foram definidas pelos seguintes critérios.

Florestal: referiu-se à espécie que reproduz ou supostamente reproduz em formações arbóreas e que delas obtém todo ou grande parte do seu alimento, tanto na vegetação quanto no solo.

Semi-florestal: referiu-se à espécie que freqüentemente é registrada em capoeiras ralas, componente arbóreo de cerrado e outras formações não propriamente florestais nem campestres, embora também possa ser registrada tanto em florestas quanto campos.

Campestre: referiu-se à espécie que reproduz ou supostamente reproduz em formações abertas tal qual campos, incluindo os úmidos, e que obtém todo ou grande parte do seu alimento na vegetação herbácea ou no subsolo das áreas com essa vegetação.

Palustre: referiu-se à espécie que reproduz ou supostamente reproduz em brejos, tanto na região de estudo quanto em alguma outra, e que obtém todo ou grande parte do seu alimento na vegetação herbácea ou rente sobre ela.

Aquático: referiu-se à espécie que obtém todo ou grande parte do seu alimento na coluna d’água, lâmina d’água, bancos de lodo e/ou no espaço aéreo logo acima da lâmina d’água, independente de onde reproduza.

Aéreo: referiu-se à espécie que é registrada quase que exclusivamente sobrevoando, independente sobre qual ambiente.

Urbano: referiu-se à espécie cujo ciclo de vida depende do ambiente urbano.

Considerou-se como bioma Floresta Atlântica as florestas de grande parte da costa brasileira e de parte do interior do país até o sul de Goiás, leste do Mato Grosso do Sul, leste do Paraguai e nordeste da Argentina, como também os ambientes não florestais incluídos nessa região, conforme Parker et al. (1996). Quanto à relação de aves endêmicas daquele bioma, adotou-se Parker et al. (1996), com reservas, e a revisão de parte da relação efetuada por Bornschein & Reinert (2000) e por Bornschein (2001). Nessas revisões, desconsiderou-se algumas espécies como endêmicas do bioma Floresta Atlântica pelo fato delas serem residentes ou supostamente residentes em outras regiões não incluídas naqueles limites atribuídos ao referido bioma.

3.3.1.2.2 - Mamíferos (Baseado em Quadros, 2006)

Durante os meses de fevereiro e março de 2006 foi realizada a etapa de campo da Avaliação Ecológica Rápida de acordo com o método proposto por Sobrevila & Bath (1992) para a caracterização dos ambientes e obtenção de informações in loco sobre os mamíferos do Corredor Iguaçu-Paraná, no qual se insere a Parque Estadual da Cabeça do Cachorro.

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O método utilizado para a constatação da mastofauna seguiu o protocolo padrão de inventários de mamíferos de médio e grande porte, buscando evidências diretas, como observações visuais ou auditivas e evidências indiretas como rastros, pêlos, carcaças, restos alimentares e fezes encontrados em trilhas, estradas marginais e cursos de rios. Todos os registros de mamíferos tiveram sua localidade e coordenadas geográficas anotadas para compor o banco de dados do sistema de informações geográficas.

Não houve tempo hábil, nem equipamento disponível, tampouco mastozoólogos em número suficiente para trabalhar em um inventário que abrangesse todas as ordens de mamíferos que ocorrem na região. As ordens Didelphimorphia (marsupiais) e Chiroptera (morcegos), além das espécies de pequeno porte da ordem Rodentia (ratos) estão pouco representados neste diagnóstico. É importante frisar que com o método de avaliação ecológica rápida realizada, há uma tendência em avaliar a presença de uma pequena parte dos mamíferos, no caso os de médio e grande porte, o que significa cerca de 27% da mastofauna potencial, de acordo com a lista de Fonseca et al. (1996). Considerando que 73% dos mamíferos da região ficaram em grande parte de fora da avaliação, quaisquer informações sobre diversidade e similaridade são consideradas inviáveis. Tais lacunas devem ser preenchidas com a execução de programas prioritários para o inventário destes grupos, sendo indicadores de diversidade, endemismo e riqueza. Também representam os grupos onde residem as maiores possibilidades para novas descobertas.

Para a padronização do ordenamento taxonômico optou-se pela proposta de Wilson & Reeder (2005).

3.3.1.2.3 - Répteis (Baseado em Morato, 2006)

Além de verificação da literatura herpetológica, que procura detectar registros para a área de estudo ou dados que permitam a inferência da ocorrência de espécies, foram analisados os acervos de todas as coleções científicas nacionais que possuem relevante material herpetológico da região, a saber: Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI, Curitiba), Instituto Butantan (IBSP, São Paulo), Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ). Para efeito de análise da fauna regional de répteis e levantamento das espécies, junto a coleções científicas e literatura, considerou-se todos os municípios inseridos na macro-região de Toledo. Uma vez que a constatação de répteis, em campo, é de difícil obtenção, informações de áreas vizinhas à estudada podem permitir importantes inferências de distribuição.

Seguindo-se às atividades normalmente estabelecidas para estudos herpetofaunísticos (Franco & Salomão, 2000), em campo foram realizadas atividades de procura intensiva (=busca intencional) de répteis nos mais diversos esconderijos (serrapilheira, troncos caídos, rochas, cascas de árvores, moitas, lajes de pedra etc.) de todos os ambientes visitados, incluindo várzeas, banhados, brejos, reflorestamentos, pastagens, fragmentos florestais, ribeirões e assim por diante. As buscas foram feitas a pé (quando por trilhas) ou de carro, sendo priorizados os momentos de maior atividade herpetofaunística, como o entardecer e o período noturno. Outro recurso utilizado foi entrevistar moradores locais, fazendo com que estes se manifestassem livremente sobre os répteis que costumam ver e suas características diagnósticas, tais como coloração, porte, comportamento, horário de atividade, ambiente preferencial, vocalização e outras formas de reconhecimento popular das espécies.

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3.3.1.2.4 - Peixes (Baseado em Grando Jr., 2006)

As avaliações relacionadas à fauna de peixes no âmbito do Parque Estadual da Cabeça do Cachorro consideraram fundamentalmente os estudos publicados sobre a fauna ictíica da bacia do rio São Francisco Falso, nos quais constam registros de espécies de peixes ocorrentes neste corpo d’água.

A principal dificuldade reside em compreender qual é o nível de tolerância de cada espécie com relação às variações ambientais ao longo da bacia, uma vez que a distribuição longitudinal de cada uma delas pode depender de inúmeros fatores físicos e biológicos. Assim, adotou-se por critério a extrapolação de todos os registros ictiológicos para a região do São Francisco Falso, realizados nas proximidades do reservatório de Itaipu, como passíveis de ocorrência também em seu trecho intermediário, no qual situa-se o Parque, ainda que se reconheça que determinadas espécies, tais como Plagioscion squamosissimus, ocorram corriqueiramente apenas nas regiões sob influência daquele represamento.

Os métodos de estudos em campo consideraram as limitações impostas pela Avaliação Ecológica Rápida - AER, na qual se prevê a realização de diagnósticos expeditos, planejados a partir da definição de pontos amostrais ao longo de sítios delimitados previamente sobre uma base cartográfica ou imagem de satélite.

Uma vez que a definição dos pontos se fundamenta basicamente nos padrões de vegetação, as amostragens ictiológicas ficaram condicionadas à existência ou não de coleções d’água no entorno imediato de cada ponto.

Além dos condicionantes do método da AER relacionados ao espaço geográfico em estudo, há também as limitações de tempo empregado na investigação de cada ponto. Estas limitações metodológicas, via de regra, impossibilitam a utilização de armadilhas de pesca cujo uso sistemático permitiria obter dados mais aprofundados sobre a composição da fauna de peixes ou mesmo a dinâmica das populações de tais espécies.

No caso específico da avaliação ecológica rápida realizada no Parque, ficou determinada a não realização de coletas de fauna, restringindo as possibilidades de obtenção de dados primários sobre a ictiofauna dos ambientes estudados durante os trabalhos de campo. Apenas em casos específicos, nos quais as características dos ambientes aquáticos quanto à transparência da água ou a dimensão dos rios se mostraram adequadas, foi utilizado o arrasto com peneiras como técnica de amostragem de peixes, os quais, depois de identificados, foram devolvidos à natureza.

Portanto, as investigações nesta unidade de conservação limitaram-se à anotação do padrão de uso do solo do entorno dos corpos d’água e das características fisiográficas e de qualidade da água, tais como turbidez e sólidos em suspensão dos corpos d’água inseridos na unidade de conservação, capazes de influenciar a composição da biota aquática e de fundamentar as discussões sobre a sua conservação.

3.3.1.2.5 - Anfíbios (Baseado em Segalla, 2006)

A metodologia empregada para o registro de anfíbios consistiu principalmente em busca noturna e diurna. A busca consistiu na inspeção de serapilheira, troncos podres, rochas e vegetação arbustiva, além de brejos e margem de rios, ou seja, procura em todos os microhabitats acessíveis. Para a localização de algumas espécies, a escuta e gravação das vocalizações dos machos foi empregada. Essas vocalizações permitiram inclusive o reconhecimento específico à distância. Foram fotografados os principais ambientes.

Referências

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