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Cad. Saúde Pública vol.25 número4

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Academic year: 2018

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SAÚDE BUCAL COLETIVA: IMPLEMENTANDO IDÉIAS, CONCEBENDO INTEGRALIDADE. Lopes MGM. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2008. 208 pp. ISBN: 978-85-7771-015-7

Em função do momento em que vive a Saúde Bucal Coletiva em nosso país, o livro Saúde Bucal Coletiva: Implementando Idéias, Concebendo Integralidade mos-tra-se extremamente oportuno por apresentar uma discussão abrangente sobre Integralidade e o desafio de vencer os obstáculos para sua inserção na academia e nos serviços. Assim, o livro tem a integralidade como eixo transversal em suas quatro partes que são subdivi-didas em capítulos.

A primeira é denominada Processos de Construção da Integralidade: Subjetividade e Participação Social em Saúde Bucal Coletiva. O primeiro texto, assinado por Carlos Botazzo, discute, com propriedade, a complexi-dade da produção do cuidado integral em saúde bucal, tomando, como categorias de análise, integralidade, clínica e clínica odontológica, saúde bucal e bucalida-de. O autor abordapontos que deveriam compor um programa político para a Saúde Bucal Coletiva, entre os quais destacamos “submeter o aparelho formador aos princípios organizativos do Sistema Único de Saúde” buscando ultrapassar o centramento dentário, as con-cepções tecnicistas e biologicistas que predominam no ensino odontológico. Em seguida, Marco Antônio Man-fredini explora a relação entre saúde bucal e cidadania, historiando, de forma clara e concisa, os registros de temas ligados à odontologia e à saúde bucal nas Con-ferências Nacionais de Saúde e Saúde Bucal, e conclui o texto dizendo: “Para os que se ocupam da luta cotidiana em defesa da vida e da saúde do país, persiste o desafio de se estudarem as causas da contradição entre a neces-sidade sentida da população por tratamento dentário e a precária organização desta na defesa do direito de ci-dadania de saúde bucal”. Em seqüência, Nilson Santos Beltrame e Paulo Capel Narvai abordam a participação comunitária e como esta poderia se transformar em instrumento propulsor de políticas públicas de saúde que contemplem o princípio da integralidade. Os auto-res discorrem, de forma esclarecedora, sobre o concei-to de “alteridade negada” na avaliação da atuação dos conselhos de saúde e abordam o caso do Conselho Mu-nicipal de Saúde de São José dos Campos (São Paulo), apontando seus avanços e fragilidades. Concluindo es-sa parte, Alexandre Teixeira Trino remete-nos para uma visão mais ampliada da saúde e da doença, bem como para uma reflexão sobre a contradição que ainda vive a odontologia brasileira; abordando ainda o papel da saúde bucal coletiva na saúde suplementar.

Na segunda parte, os autores abordam o Processo de Ensino-Aprendizagem: Integralidade na Formação de Trabalhadores em Saúde Coletiva. Inicialmente, Danielle Mattos discorre sobre a influência do modelo biomédico nas práticas de ensino e como a escola de Odontologia apreendeu o paradigma educacional em saúde com base nos relatórios Flexner e Gies, e proble-matiza a construção curricular a partir das diretrizes para o curso de Odontologia considerando o princípio da integralidade em saúde. Na seqüência, Leda Maria de Medeiros Hansen discute a possibilidade de inserir a integralidade na formação técnica em saúde. A autora apresenta um rico referencial teórico acerca do con-ceito de integralidade e ainda o relato de experiência do CEFOPE (uma escola técnica da Secretaria de Esta-do de Saúde Esta-do Rio Grande Esta-do Norte, componente da Rede de Escolas Técnicas do SUS – RETSUS), visando a contribuir para a busca de caminhos viáveis para a integralidade. A pós-graduação em saúde coletiva, com foco no conceito de integralidade, é tratada por Samuel Jorge Moysés que, de forma brilhante, introduz o capí-tulo com nota filosófica e segue apresentando um breve histórico sobre a pós-graduação no Brasil e “as incur-sões odontológicas nessa trajetória”. O autor não ques-tiona a expansão quantitativa da pós-graduação em Odontologia no Brasil, porém faz uma análise crítica quanto aos aspectos qualitativos, uma vez que “seguiu caminhos nem sempre ajustados à realidade brasileira e às necessidades da população em geral. Conclui o capí-tulo considerando que “as políticas e os programas atu-ais contemplam alguns dos signos da integralidade co-mo o acolhimento, o cuidado e a transdisciplinaridade” e expressa o pensamento para uma agenda de pesquisa da Pós-graduação em Saúde Bucal Coletiva, o que cer-tamente nos traz relevante contribuição.

A terceira parte, intitulada Processo de Trabalho em Serviços Públicos: Contextualizando a Integralidade na Produção de Saúde, inicia-se com o texto de Ana Pau-la Meirelles MacCord e RosiangePau-la Ramalho de Souza Knupp que, face ao consistente e abrangente marco teórico, impulsiona o leitor a uma reflexão quanto à di-mensão subjetiva que toda prática de saúde presume e, assim, entender a fundamental relevância da comuni-cação não-verbal e as relações interpessoais na integra-lidade. Segue, então, o texto de Michelle Cecille Bandei-ra TeixeiBandei-ra que expõe, com embasamento e clareza, as concepções multi, inter ou transdisciplinar; justifica a escolha transdisciplinar como uma perspectiva de tra-balho de equipe em saúde, porém sem excluir a inter-disciplinaridade, e faz uso da tecnologia do trabalho em saúde para instrumentalizar a compreensão do que po-de influenciar o processo po-de trabalho em equipe.

Con-943 RESENHAS BOOK REVIEWS

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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(4):943-945, abr, 2009

cluindo essa parte, Norma S. Thiago Pontes e Adriana Cavalcanti de Aguiar discutem a Educação Permanente em Saúde (EPS) como uma estratégia transformadora na busca da integralidade no âmbito do Programa Saú-de da Família (PSF) e Saú-descrevem um estudo qualitativo com cirurgiões-dentistas que atuam no PSF do Muni-cípio de Petrópolis (Rio de Janeiro), onde identificaram os principais obstáculos para a organização do traba-lho, dos quais destacamos, aqui, a demanda reprimida à atenção odontológica e os conflitos a serem supera-dos na construção do trabalho interdisciplinar.

Na quarta e última parte, Processo de Gestão em Programas Pautados na Integralidade: Desafios e Expe-riências Inovadoras, são analisados alguns aspectos das políticas de saúde bucal. Uma breve retrospectiva da política de saúde bucal no Brasil é descrita por Moni-que da Costa Sandin Bartole até o surgimento do pro-grama Brasil Sorridente, em 2004, como uma política específica referendada como Política Nacional de Saú-de Bucal cuja apresentação faz menção ao documento Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, publica-do em janeiro publica-do mesmo ano, que a autora apresenta com detalhamento, enfatizando a concepção do indi-víduo em sua integralidade. Ainda nessa perspectiva, Mônica Guimarães Macau Lopes e Mirella Giongo Gal-vão da Silva fazem uma análise da trajetória histórica da Odontologia no Brasil – dos movimentos sociais em saúde bucal aos programas de saúde bucal – e seguem ressaltando a utilização da integralidade como base nas formulações políticas e, conseqüentemente, mudança de práxis. No último capítulo, Macau Lopes apresenta um programa de Saúde Bucal na atenção materno-in-fantil, que vem sendo desenvolvido desde 2004 como resposta a uma demanda reprimida e representou uma oportunidade de desenvolver integralidade e o desen-volvimento de uma nova práxis, de forma especial o acolhimento.

O livro oferece uma relevante contribuição para a formação de profissionais de saúde bucal comprometi-dos com as perspectivas de ampliação e transformação das práticas neste tipo de saúde.

Maria Augusta Bessa Rebelo

Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Brasil.

augusta@ufam.edu.br

ÉTICA EM PESQUISA: TEMAS GLOBAIS. Diniz D, Sugai A, Guilhem D, Squinca F, organizadoras. Brasília: LetrasLivres/Editora UnB; 2008. 404 pp. (Coleção Ética em Pesquisa, 4).

Comentar a mais nova publicação da parceria Editora UnB e LetrasLivres é motivo de dupla alegria: pela qua-lidade dos textos incluídos no livro e pela satisfação de ser uma dos 273 participantes do I Curso de Atualiza-ção a Distância em Ética em Pesquisa, que tiveram o privilégio de discutir em primeira mão os dez módulos ou capítulos principais que compõem Ética em Pesqui-sa: Temas Globais. O mencionado curso, executado no segundo semestre de 2008, foi uma realização da Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, e da Universidade de Brasília (UnB) e contou com recur-sos do Ministério da Saúde (DECIT/MS), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

O livro, que contém 404 páginas, está organizado em agradecimentos, introdução, dez capítulos e pos-fácio, seguidos de glossário e referência biográfica dos autores. É acompanhado de um DVD com entrevistas e debates realizados pela UnBTV. A obra é produto do diálogo de um extenso número de pessoas, espe-cialmente: das quatro organizadoras do livro (Debora Diniz, Andréa Sugai, Dirce Guilhem e Flávia Squinca, pesquisadoras da Universidade de Brasília e professo-ras do curso) e dos autores dos capítulos (16 no total, procedentes de países tão distantes como Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Escócia, Filipinas e Rei-no Unido).

Focado nas atuais discussões da ética em pesqui-sa, não podemos dizer que se trata de uma obra ex-clusivamente da bioética ou de interesse primordial para as Ciências da Saúde. A multiplicidade de autores e pessoas dialogando através do texto inclui aportes provenientes de diferentes áreas e disciplinas cientí-ficas: antropologia, biologia, ciência política, direito, economia, enfermagem, filosofia, medicina, nutrição, psicologia, serviço social, sociologia. Todos esses apor-tes confluem de maneira harmoniosa, porém nem sempre consensual, para discutir um tema transversal e intrínseco à pesquisa científica: a ética em pesquisa, seus avanços, recuos, desafios, potencialidades. Assim, não se trata de mais uma coletânea que reúne artigos dispersos sobre um tema da moda: trata-se de uma obra complexa, que reflete a idealização e a execução de um curso de maneira coordenada, curso pensado em cada detalhe para conduzir um grupo muito he-terogêneo de participantes, desde sua iniciação até as polêmicas mais ásperas envolvidas no cenário da ética em pesquisa.

Os dez capítulos principais, junto da introdução e do posfácio elaborados pelas coordenadoras do curso, sinalizam a abrangência temática do livro, que trata sistematicamente de todos os assuntos de destaque na discussão global atual sobre ética em pesquisa:

1. O Surgimento e a Consolidação da Bioética Como Campo Disciplinar (de Sérgio Costa);

2. A Trajetória Histórica da Ética em Pesquisa com Se-res Humanos no Nível Internacional (de Miguel Kottow);

3. O Processo de Elaboração do Arcabouço Normativo da Ética em Pesquisa no Brasil (de Dirce Guilhem e Dir-ceu Greco);

4. A Necessidade de Proteção das Populações Vulnerá-veis (de Wendy Rogers e Angela Ballantyne);

Referências

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