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Versão anonimizada. Tradução C-705/21 1. Processo C-705/21. Pedido de decisão prejudicial. Győri Ítélőtábla (Tribunal Superior de Győr, Hungria)

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Versão anonimizada

Tradução C-705/21 – 1

Processo C-705/21 Pedido de decisão prejudicial Data de entrada:

23 de novembro de 2021 Órgão jurisdicional de reenvio:

Győri Ítélőtábla (Tribunal Superior de Győr, Hungria) Data da decisão de reenvio:

10 de novembro de 2021 Recorrente:

MJ Recorrida:

AxFina Hungary Zrt.

[Omissis]

No recurso interposto [omissis] do Acórdão [omissis] do Szombathelyi Törvényszék (Tribunal de Szombathely, Hungria) de 19 de fevereiro de 2021 [omissis] por M. J. ([omissis] Boba [omissis]), recorrente, [omissis] contra AxFina Hungary Zártkörűen Működő Részvénytársaság (anteriormente Lombard Lízing Zártkörűen Működő Részvénytársaság) ([omissis] Szeged [omissis]), recorrida, relativo ao pedido de invalidade contratual, o Győri Ítélőtábla (Tribunal Superior de Győr, Hungria) [omissis] profere o seguinte

Despacho:

Este Tribunal Superior inicia um processo de reenvio prejudicial e submete ao Tribunal de Justiça da União Europeia as seguintes questões prejudiciais:

1.) Os artigos 6.°, n.° 1, e 7.°, n.° 1, da Diretiva 93/13/CEE do Conselho, relativa às cláusulas abusivas nos contratos celebrados com os consumidores,

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opõem-se a uma interpretação do direito nacional segundo a qual as consequências jurídicas da invalidade resultante de uma cláusula abusiva num contrato celebrado com um consumidor, no caso de a cláusula abusiva se reportar ao objeto principal da prestação e, em consequência, de o contrato (de mútuo) não poder subsistir sem a referida cláusula, consistem no facto de o órgão jurisdicional nacional, depois de ter declarado a invalidade do contrato no seu todo – ou seja, o próprio contrato não se pode manter e produzir efeitos jurídicos vinculativos para o consumidor –,

a) declarar a validade do contrato através da alteração da moeda de conta do empréstimo concedido, que constitui o objeto principal do contrato, pelo florim húngaro, e da substituição desse montante expresso na moeda de conta pelo montante em florins húngaros que o consumidor efetivamente recebeu do mutuante, calculando (substituindo) simultaneamente os juros remuneratórios sobre o capital, calculados de maneira diferente da que havia sido feita no contrato declarado inválido, de modo a que a taxa de juro

«inicial» no momento da celebração do contrato seja igual ao valor da taxa de juro de empréstimo interbancário em florins de Budapeste como taxa de referência (BUBOR) vigente no momento da celebração do contrato, acrescido do diferencial da taxa de juro fixada no contrato original (expressa em moeda estrangeira);

b) declarar a validade do contrato fixando um limite máximo para a taxa de câmbio de conversão entre a moeda estrangeira e o florim húngaro, ou seja, reduzindo o risco cambial efetivamente assumido pelo consumidor decorrente da cláusula abusiva do contrato para um nível que o órgão jurisdicional considere razoável e que o consumidor pudesse ter tido em conta no momento da celebração do contrato, não alterando a taxa de juro fixada no contrato até à data da conversão para florins prevista imperativamente por uma lei posterior?

2.) É pertinente para responder à questão formulada no ponto 1 que a declaração de validade que é feita de acordo com a legislação húngara

a) ocorra num contexto factual em que ainda existe um contrato entre as partes, ou seja, quando a manutenção do contrato se destina a permitir que a relação jurídica entre as partes subsista no futuro através de uma correção com efeitos retroativos das cláusulas consideradas abusivas – ao mesmo tempo que se recalculam, através das cláusulas alteradas, as prestações realizadas até esse momento –, protegendo assim igualmente o consumidor das consequências especialmente prejudiciais que resultariam da obrigação de reembolsar imediatamente a totalidade do valor;

b) ou ocorra num contexto factual em que já não exista entre as partes o contrato objeto do litígio referente a uma cláusula contratual abusiva – porque já terminou ou porque o credor já o resolveu por falta de pagamento das prestações ou por ter considerado a quantia paga insuficiente ou ainda

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porque a situação real é que nenhuma das partes o considera válido ou porque já não se pode suscitar a questão da sua invalidade em consequência de decisão judicial – isto é, quando a declaração de validade do contrato com efeito retroativo não serve para manter o contrato no interesse do consumidor, mas apenas para permitir a liquidação das obrigações mútuas e pôr fim à relação jurídica através da correção da cláusula ou cláusulas declaradas abusivas?

3.) Em caso de resposta afirmativa do Tribunal de Justiça à questão formulada no ponto 1, alíneas a) ou b), e tendo igualmente em conta os aspetos suscitados no ponto 2, as disposições pertinentes da referida diretiva, na situação de facto descrita no ponto 2, alínea a), opõem-se à manutenção do contrato através de uma substituição, até à data da alteração prevista pelo legislador na Lei relativa à conversão para florins, mediante disposições legislativas nacionais segundo as quais:

– salvo disposição em contrário (que não se verifica no presente processo), as dívidas pecuniárias devem ser cumpridas na moeda com curso legal no lugar do cumprimento da obrigação;

– se vencem juros nas relações contratuais, salvo exceção prevista pela norma;

– a taxa de juro é igual à taxa de base do banco central, salvo exceção prevista pela norma.

[Omissis] [Considerações processuais de direito nacional]

Fundamentação

O antecessor jurídico da recorrida, na qualidade de credor, e a recorrente, na qualidade de devedor, em 13 de fevereiro de 2008 celebraram um contrato de mútuo com opção de compra. Tratava-se de um contrato celebrado com um consumidor cujo objeto era financiar a compra de um veículo. O antecessor jurídico da recorrida concedeu-lhe um crédito no montante efetivo de 2 830 000 HUF a 120 meses, com juros previstos de 920 862 HUF para esse período. Por conseguinte, a demandante recebeu o crédito em florins húngaros e estava obrigada a reembolsá-lo na mesma moeda, embora a moeda em que foi expresso o crédito em termos contratuais fosse o franco suíço. Logo, a flutuação da taxa de câmbio entre o florim húngaro e o franco suíço afetou a obrigação de reembolso da recorrente.

A taxa de juros remuneratórios pode ser determinada com base nos dados contratuais.

A recorrente pagou as prestações do mútuo até agosto de 2015.

Nos termos do artigo 3.°, n.° 1, da Kúriának a pénzügyi intézmények fogyasztói kölcsönszerződéseire vonatkozó jogegységi határozatával kapcsolatos egyes

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kérdések rendezéséről szóló 2014. évi XXXVIII. törvény [Lei XXXVIII de 2014, relativa à resolução de certas questões associadas à decisão proferida pela Kúria (Supremo Tribunal, Hungria) para a uniformização do direito a respeito dos contratos de mútuo celebrados pelas instituições financeiras com consumidores; a seguir «Lei DH 1»], num contrato de mútuo celebrado com um consumidor, é nula — salvo no caso de se tratar de uma estipulação contratual negociada individualmente — a cláusula nos termos da qual a instituição financeira decide que se aplica o câmbio de compra no momento da disponibilização dos fundos destinados à aquisição do bem objeto do mútuo ou da locação financeira, ao passo que se aplica o câmbio de venda no reembolso, ou qualquer outra taxa de câmbio de tipo diferente da fixada no momento da disponibilização dos fundos.

É pacífico que o contrato de mútuo controvertido é abusivo e nulo, devido à aplicação de taxas de câmbio diferentes.

Devido a esta causa de nulidade derivada da cláusula abusiva, fez-se a liquidação das contas de acordo com o disposto na Kúriának a pénzügyi intézmények fogyasztói kölcsönszerződéseire vonatkozó jogegységi határozatával kapcsolatos egyes kérdések rendezéséről szóló 2014. évi XXXVIII. törvényben rögzített elszámolás szabályairól és egyes egyéb rendelkezésekről szóló 2014. évi XL.

törvény [Lei n.° XL, de 2014, relativa às regras aplicáveis à liquidação de contas a que se refere a Lei n.° XXXVIII, de 2014, relativa à resolução de certas questões associadas à decisão proferida pela Kúria [Supremo Tribunal] para uniformização do direito em matéria de contratos de mútuo celebrados por instituições financeiras com consumidores, bem como a várias outras disposições; a seguir

«Lei DH2»], e, posteriormente, em 1 de fevereiro de 2015, de acordo com o disposto na az egyes fogyasztói kölcsönszerződések devizanemének módosulásával és a kamatszabályokkal kapcsolatos kérdések rendezéséről [2014.

évi LXXVII.] törvény (Lei LXXVII de 2014, que regula as questões associadas à alteração da moeda em que são expressos certos contratos de mútuo e às regras em matéria de juros; a seguir «Lei DH 3»), para além da conversão para florins húngaros, tais contratos deixaram de ser contratos expressos numa moeda estrangeira. Com efeito, nessa lei, o legislador previu a futura alteração desses contratos de mútuo expressos em moeda estrangeira, nomeadamente, a conversão para florins húngaros, na data fixada pela lei, das dívidas pendentes calculadas com base numa moeda estrangeira, estabelecendo ao mesmo tempo os critérios para determinar a taxa de juro aplicável.

A nulidade do contrato de mútuo foi declarada por decisão interlocutória deste Tribunal Superior, transitada em julgado [omissis], devido ao caráter abusivo da cláusula que fazia recair sobre o consumidor o risco de flutuação da taxa de câmbio, de modo que o processo perante o Szombathelyi Törvényszék (Tribunal de Szombathely, Hungria) como órgão jurisdicional de primeira instância continuou no que respeita à determinação das consequências jurídicas da invalidade. O facto de o contrato não poder subsistir após a supressão da dita cláusula abusiva é decisivo.

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Nos termos do artigo 237.°, n.° 1, da a Polgári Törvénykönyvről szóló 1959. évi IV. törvény (Lei n.° IV de 1959, que aprova o Código Civil; a seguir «Código Civil antigo»), no caso de invalidade de um contrato, deverá ser restabelecida a situação anterior à sua conclusão. O artigo 237.°, n.° 2, do Código Civil antigo dispõe que, se não for possível restabelecer a situação anterior à conclusão do contrato, o juiz declara aplicável o contrato durante o período entretanto decorrido até que seja proferida a decisão. Poderá declarar-se eficaz um contrato inválido se se puder eliminar a causa da invalidade […]. Nesses casos, deverá ordenar-se a restituição da prestação cuja contraprestação não tenha sido satisfeita. De acordo com o artigo 37.°, n.° 1, da Lei DH 2, em casos similares ao deste litígio, a única consequência jurídica da invalidade pode ser a declaração de validade do contrato ou de que produz efeitos até à data em seja proferida a decisão judicial.

A jurisprudência húngara segue maioritariamente o estabelecido pelo órgão consultivo da Kúria (Supremo Tribunal, Hungria) no seu Parecer de 19 de junho de 2019, que, de resto, não é vinculativo. Segundo este parecer, a única consequência jurídica aplicável da invalidade é a declaração de validade. De facto, segundo a jurisprudência relativa à legislação húngara sobre invalidade, apenas quando não se possa eliminar a causa da invalidade é possível declarar a eficácia do contrato até, quando muito, à data da prolação da sentença, com a consequente e necessária resolução do contrato a partir desse momento. Por conseguinte, a supressão da invalidade produz-se através da eliminação total (conversão do crédito para florins por um órgão jurisdicional) ou parcial (estabelecimento por um órgão jurisdicional de um limite máximo do risco de câmbio) do risco de câmbio que a cláusula abusiva faz recair sobre o consumidor, isto é, através da alteração efetiva do conteúdo do contrato, de modo que nenhuma das partes fique, relativamente à outra, numa situação patrimonial desproporcionadamente mais vantajosa ou injustamente mais onerosa.

Esta última «consideração de manutenção de um equilíbrio» é um critério que foi desenvolvido e seguido pela doutrina e pela jurisprudência húngaras relativas aos contratos celebrados com quem não é considerado consumidor, mas este Tribunal Superior tem dúvidas sobre a questão de saber se é compatível com a diretiva e com o princípio de proteção efetiva enunciado nos acórdãos proferidos sobre esta matéria pelo Tribunal de Justiça da União Europeia (a seguir «Tribunal de Justiça»).

Em resumo, este Tribunal Superior considerou oportuno submeter um pedido de decisão prejudicial pelas seguintes razões.

Nos termos do artigo 6.°, n.° 1, da Diretiva 93/13/CEE do Conselho, relativa às cláusulas abusivas nos contratos celebrados com consumidores (a seguir

«diretiva»), os Estados-Membros estipularão que, nas condições fixadas pelos respetivos direitos nacionais, as cláusulas abusivas constantes de um contrato celebrado com um consumidor por um profissional não vinculem o consumidor e que o contrato continue a vincular as partes nos mesmos termos, se puder subsistir sem as cláusulas abusivas.

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O artigo 7.°, n.° 1, da diretiva estabelece que os Estados-Membros providenciarão para que, no interesse dos consumidores e dos profissionais concorrentes, existam meios adequados e eficazes para pôr termo à utilização das cláusulas abusivas nos contratos celebrados com os consumidores por um profissional.

No Acórdão proferido no âmbito do processo C-618/10, Banco Español de Crédito, S. A., o Tribunal de Justiça declarou que o artigo 6.°, n.° 1, da diretiva se opõe à legislação nacional que permite ao tribunal nacional, quando declare a nulidade de uma cláusula abusiva constante de um contrato celebrado entre um profissional e um consumidor, integrar o referido contrato, modificando o conteúdo dessa cláusula. De acordo com os fundamentos do acórdão, a finalidade da expressão «não vinculem o consumidor» que figura no artigo 6.°, n.° 1, da diretiva é substituir o equilíbrio formal entre os direitos e as obrigações dos contratantes por um equilíbrio real suscetível de restabelecer a igualdade entre eles (n.° 63).

No Acórdão C-26/13, Kásler e Káslerné Rábai, o Tribunal de Justiça salientou que, numa situação como a do processo principal, em que um contrato celebrado entre um profissional e um consumidor não pode subsistir após a supressão de uma cláusula abusiva, a referida disposição não se opõe a uma regra de direito nacional que permite ao órgão jurisdicional nacional sanar a nulidade dessa cláusula substituindo-a por uma disposição de direito nacional de caráter supletivo. Pretende-se, assim, que o consumidor não fique exposto a consequências particularmente prejudiciais, de modo que o caráter dissuasivo resultante da anulação do contrato poderia ficar comprometido (n.° 83). Com efeito, se se tornasse imediatamente exigível o montante do empréstimo remanescente em dívida, em proporções suscetíveis de exceder as capacidades financeiras do consumidor, penalizar-se-ia mais este último do que o mutuante, que, por consequência, não seria dissuadido de inserir tais cláusulas nos contratos que propõe (n.° 84).

Da jurisprudência do Tribunal de Justiça decorre que uma modificação do conteúdo de uma cláusula abusiva não é, em princípio, possível, salvo, excecionalmente, no interesse do consumidor. O Tribunal de Justiça também sublinhou em várias decisões que o objetivo do artigo 7.°, n.° 1, da diretiva é dissuadir os profissionais de usar as cláusulas abusivas. Também esclareceu em distintas ocasiões que a obrigação que incumbe ao juiz nacional de afastar uma cláusula contratual abusiva que impõe o pagamento de quantias que se revelam indevidas implica, em princípio, um correspondente efeito de restituição relativamente a essas mesmas quantias (Acórdãos C-154/15, C-307/15 a C-308/15, Gutiérrez Naranjo e o., n.os 61.° e 62.°, e C-698/18 e C-699/18, SC Raiffeisen Bank SA e o., n.° 54). Isto decorre do facto de se dever considerar, em princípio, que uma cláusula contratual declarada abusiva nunca existiu, de maneira que não poderá ter efeitos face ao consumidor.

À luz das considerações anteriores, este Tribunal Superior solicita ao Tribunal de Justiça que se pronuncie sobre a questão de saber se, para determinar as

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consequências jurídicas da invalidade, as modalidades descritas no dispositivo do presente despacho constituem um meio adequado e eficaz para suprimir as cláusulas abusivas nos contratos celebrados entre profissionais e consumidores, tendo em conta os demais critérios enunciados nas questões prejudiciais.

Por todas estas razões, este Tribunal Superior submete ao Tribunal de Justiça, de acordo com o artigo 267.° do Tratado de Funcionamento da União Europeia, um pedido de decisão prejudicial sobre as questões formuladas no dispositivo do presente despacho.

As disposições legislativas a que se faz referência na terceira questão prejudicial são o artigo 231.°, n.° 1, e o artigo 232.°, n.os 1 e 2, do antigo Código Civil, vigentes no momento da celebração do contrato.

[Omissis] [Considerações processuais de direito nacional]

Győr, 10 de novembro de 2021.

[Omissis]

Assinaturas

Referências

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