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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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Academic year: 2022

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DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

LUCAS ROCHA DE SOUSA

A INFLUÊNCIA DA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL NAS FINANÇAS PESSOAIS DOS COLABORADORES DE UMA EMPRESA DO RAMO ELÉTRICO EM

FORTALEZA-CE

FORTALEZA 2021

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A INFLUÊNCIA DA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL NAS FINANÇAS PESSOAIS DOS COLABORADORES DE UMA EMPRESA DO RAMO ELÉTRICO EM

FORTALEZA-CE

Monografia apresentada ao Curso de Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Jocildo Figueiredo Correia Neto.

FORTALEZA 2021

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Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

S697i Sousa, Lucas Rocha de.

A influência da remuneração variável nas finanças pessoais dos colaboradores de uma empresa do ramo elétrico em Fortaleza-CE / Lucas Rocha de Sousa. – 2021.

114 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Administração, Fortaleza, 2021.

Orientação: Prof. Dr. Jocildo Figueiredo Correia Neto.

1. Finanças pessoais. 2. Alfabetização financeira. 3. Educação financeira. 4.

Remuneração variável . I. Título.

CDD 658

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A INFLUÊNCIA DA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL NAS FINANÇAS PESSOAIS DOS COLABORADORES DE UMA EMPRESA DO RAMO ELÉTRICO EM

FORTALEZA-CE

Monografia apresentada ao Curso de Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Dr.Jocildo Figueiredo Correia Neto(Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________

Prof. Ms. Juliana Vieira Corrêa Carneiro Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________

Prof. Dr. Paulo Henrique Nobre Parente Universidade Federal do Ceará (UFC)

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Primeiramente queria agradecer a minha namorada/companheira Andreia Araujo, por sempre me apoiar e ajudar a ultrapassar todos os obstáculos ao longo do curso e da vida. Agradecer aos amigos que o curso me proporcionou, por terem trilhado todo o caminho junto comigo. Agradeço também a toda minha família por sempre estarem comigo nos melhores e piores momentos.

Gostaria de agradecer à empresa estudada e todos os participantes da pesquisa por terem me acolhido e fornecido todos os dados necessários para a realização dessa pesquisa, sem eles esse estudo não seria possível.

Por fim, agradeço ao professor Dr. Jocildo por me orientar nessa jornada de finalização do curso, e pelo repasse de conhecimento em todas as disciplinas que realizei com ele, e também gostaria de agradecer aos demais integrantes da banca, Ms. Juliana Vieira e Dr. Paulo Parente por participarem desse momento importante da minha vida acadêmica e por avaliarem esse trabalho elaborado com muito esforço e motivação.

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O presente estudo teve como objetivo investigar a influência da remuneração variável nas finanças pessoais dos colaboradores da área operacional de uma empresa do ramo elétrico situada em Fortaleza, capital do Ceará. O arcabouço teórico engloba remuneração estratégica, tendo como foco a remuneração por resultados, sendo observados a alfabetização financeira e educação financeira como indicadores de uma boa saúde nas finanças pessoais. A pesquisa trata-se de um estudo de caso, realizado através de uma abordagem quantitativa-qualitativa, ao aliar questionário e entrevista como instrumentos de coleta de dados e fundamentado em pesquisas bibliográficas. No trabalho foi identificado que os colaboradores possuem um nível de alfabetização financeira considerado mediano, ao analisar seus conhecimentos, atitudes e comportamentos financeiros. Também foram expostas as políticas de remuneração variável adotadas pela organização e descrito o perfil financeiro dos colaboradores relacionados a remuneração variável recebida, onde foi possível observar a discrepância entre suas atitudes, conhecimentos e seus reais comportamentos. Dessa forma, foi concluído que o recebimento de remuneração variável afeta diretamente o padrão de vida dos respondentes, situação que poderia ser amenizada com o aumento do nível de alfabetização financeira dos mesmos.

Palavras-chave: finanças pessoais; alfabetização financeira; educação financeira;

remuneração variável.

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This study aimed to investigate the influence of variable remuneration on the personal finances of employees in the operational area of a company in the electricity sector located in Fortaleza, capital of Ceará. The theoretical framework encompasses strategic remuneration, focusing on remuneration for results, with financial literacy and financial education being observed as indicators of good health in personal finance. The research is a case study, carried out through a quantitative-qualitative approach, combining questionnaire and interview as data collection instruments and based on bibliographical research. In the work, it was identified that employees have a level of financial literacy considered average, when analyzing their knowledge, attitudes and financial behavior. The variable remuneration policies adopted by the organization were also exposed and the financial profile of employees related to the variable remuneration received was described, where it was possible to observe the discrepancy between their attitudes, knowledge and their actual behavior. Thus, it was concluded that receiving variable remuneration directly affects the respondents' standard of living, a situation that could be alleviated by increasing their level of financial literacy.

Keywords: personal finances; financial literacy; financial education; variable salary.

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Figura 01 - Divisão das metas de produtividade………..46

Figura 02 - Gênero dos respondentes………...47

Figura 03 - Idade dos respondentes………...48

Figura 04 - Grau de escolaridade dos respondentes………..49

Figura 05 - Estado civil dos respondentes………....50

Figura 06 - Quantidade de dependentes dos respondentes………...………...50

Figura 07 - Faixa de renda fixa mensal dos respondentes………....51

Figura 08 - Faixa de renda variável mensal dos respondentes………...51

Figura 09 - Remuneração variável e dependentes financeiros………...52

Figura 10 - Agrupamento das questões sobre atitude financeira………...56

Figura 11 - Cálculo da média de pontuação para atitude financeira………...57

Figura 12 - Visão dos respondentes sobre impacto de problemas financeiros no desempenho………....……...58

Figura 13 - Conhecimento dos respondentes sobre juros………..……....……...59

Figura 14 - Conhecimento dos respondentes sobre inflação…………..……....…...60

Figura 15 - Conhecimento dos respondentes sobre diversificação de risco....……...60

Figura 16 - Pontuação de conhecimento financeiro dos respondentes..……....…….61

Figura 17 - Visão sobre metas financeiras futuras por parte dos respondentes…....63

Figura 18 - Costume dos respondentes em poupar dinheiro………..……....…....…..64

Figura 19 - Maneiras utilizadas pelos respondentes para poupar dinheiro..…....…..64

Figura 20 - Costume de guardar dinheiro versus maneiras de guardar dinheiro…...65

Figura 21 - Reserva financeira dos respondentes………....……...66

Figura 23 - Análise da fatura do cartão de crédito por parte dos respondentes...…..68

Figura 24 - Análise do extrato bancário por parte dos respondentes……....……...68

Figura 25 - Formas de endividamento dos respondentes………....……...72

Figura 26 - Preparação financeira dos respondentes para aposentadoria..……...72

Figura 27 - Percepção dos respondentes sobre sua estabilidade financeira……...73

Figura 28 - Percepção dos respondentes sobre valorização por parte da empresa..75

Figura 29 - Percepção dos respondentes sobre remuneração justa por parte da empresa………....……...…...76

Figura 30 - Valorização do trabalho e remuneração justa...………....……...…...77

(10)

Figura 32 - Incentivos financeiros versus produtividade…....……...……....…….…...80 Figura 33 - Conhecimento sobre critérios utilizados para pagamento da remuneração

variável por parte dos respondentes da pesquisa…….……....…….…...81 Figura 34 - Acompanhamento da produtividade por parte dos respondentes da

pesquisa………....……...……....…...……...81 Figura 35 - Frequência de compras contando exclusivamente com remuneração por

produtividade………....……...……....…….……...83 Figura 36 - Cumprimento das obrigações financeiras dos respondentes sem contar

com a remuneração por produtividade……....……...……....…….….…...83 Figura 37 - Utilização da remuneração por produtividade para pagamento de contas

………....……...……....………...84 Figura 38 - Frequência de utilização do valor de produtividade por segmento de

contas………....……...……....………...85 Figura 39 - Dependência da remuneração por produtividade para manter padrão de

vida………....……...……....……….86 Figura 40 - Frequência em trabalhar de forma exaustiva para receber maior

remuneração por produtividade………....……...……....……….86 Figura 41 - Oscilação da remuneração por produtividade…...………...……….87 Figura 42 - Preferência dos respondentes sobre formas de remuneração………….88 Figura 43 - Visão dos respondentes sobre remuneração por produtividade..……….88 Figura 44 - Percepção dos respondentes sobre o impacto da remuneração por

produtividade no controle das finanças pessoais………...………89

(11)

Tabela 01 - Atitude 1 dos respondentes sobre foco no curto ou longo prazo…...…54

Tabela 02 - Atitude 2 dos respondentes sobre foco no curto ou longo prazo…...…54

Tabela 03 - Atitude 3 dos respondentes sobre foco no curto ou longo prazo…...…55

Tabela 04 - Adoção de orçamento familiar por parte dos respondentes…...…63

Tabela 05 - Consciência sobre possibilidade de compra dos respondentes…...…66

Tabela 06 - Frequência de pagamento de contas em dia dos respondentes…...…67

Tabela 07 - Escala de pontos sobre análise e controle de produtos financeiros....…69

Tabela 08 - Responsabilidade na contratação de produtos financeiros por parte dos respondentes…...…69

Tabela 09 - Gastos maiores que capacidade de pagamento por parte dos respondentes...…70

Tabela 10 - Soluções dos respondentes ao gastar mais do que podem pagar…...71

Tabela 11 - Porcentagem de respondentes por pontuação nos comportamentos analisados………...…74

Tabela 12 - Somatório final de pontuação do comportamento financeiro dos respondentes...…74

Tabela 13 - Resultados sobre atitude, conhecimento e comportamento...…90

(12)

Quadro 01 - Oito questões sobre conhecimento financeiro ………..…………....28 Quadro 02 - Criação de uma pontuação de conhecimento ………..…………....29 Quadro 03 - Questões para mensuração da alfabetização financeira ..……….…….31 Quadro 04 - Calculando uma pontuação de comportamento financeiro ……….33 Quadro 05 - Questões sobre atitude financeira ………..………...35 Quadro 06 - Sugestões de formas de remuneração por parte dos respondentes da

pesquisa ………..………..………....…….78 Quadro 07 - Formas utilizadas pelos respondentes para acompanhamento da

produtividade ………..…………..………...…...82 Quadro 08 - Entrevista com colaboradores do operacional ………...….91

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1 INTRODUÇÃO 14

1.1 Problema de pesquisa 16

1.2 Objetivos do trabalho 16

1.3 Justificativa 16

1.4 Procedimentos metodológicos 18

1.5 Estrutura da monografia 18

2 REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA 18

2.1 Remuneração por resultados 21

3 FINANÇAS PESSOAIS 24

3.1 Educação financeira 25

3.2 Alfabetização financeira 26

3.2.1 Conhecimento financeiro 27

3.2.2 Comportamento financeiro 31

3.2.3 Atitude financeira 35

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 37

4.1 Unidade de análise 37

4.2 Participantes da pesquisa 38

4.3 Coleta e análise dos dados da pesquisa 39

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS 43

5.1 Descrição da organização 43

5.1.1 Práticas de remuneração variável adotadas pela organização 44

5.2 Análise do questionário 47

5.2.1 Análise socioeconômica 47

5.2.2 Atitude financeira 53

5.2.3 Conhecimento financeiro 58

5.2.4 Comportamento financeiro 62

5.2.5 Remuneração variável 75

(14)

REFERÊNCIAS 99 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS COLABORADORES DA ÁREA

OPERACIONAL DA EMPRESA EM ESTUDO 106

APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADA AOS COLABORADORES

DA ÁREA OPERACIONAL DA EMPRESA EM ESTUDO 114

(15)

1 INTRODUÇÃO

Com a grande competitividade do mercado, surgiu a intensa necessidade da obtenção de mão de obra qualificada e a busca por uma gestão de pessoas estratégica, ambas as situações contribuíram para o surgimento de diversos formatos de remuneração estratégica, de forma que fosse possível o alinhamento entre os interesses da organização e dos colaboradores. Dessa forma, a remuneração variável pode ser vista como um amplo meio de melhorar e facilitar as relações entre empresas e colaboradores, diante de um cenário de alta concorrência empresarial (MIRANDA; TOMÉ; GALLON, 2011).

Segundo Esotico (2016), algumas organizações podem ver o sistema de remuneração estratégica como uma forma de melhorar o desempenho dos colaboradores durante a execução das metas empresariais e ajudá-los a alcançar objetivos financeiros pessoais. Umas das formas de remuneração estratégica seria a remuneração variável que, segundo Priebe (2018), é umas das mais utilizadas pelas empresas, onde são estabelecidas metas e objetivos sendo os resultados utilizados como indicadores para remunerar os colaboradores.

Levando em consideração a utilização da remuneração variável por parte das organizações, uma suposição que se levanta, devido à possibilidade de ganhos extras, é que os profissionais podem assumir compromissos financeiros que serão pagos utilizando os ganhos extras atrelados à sua produtividade, ocasionando efeitos em seu bem estar por conta da necessidade de alcançar um nível produtivo compatível com suas necessidades financeiras.

Atualmente, muito se tem discutido a respeito da importância da educação financeira. A Organisation for Economic Co-operation and Development (2013) define que a forma como os indivíduos melhoram sua educação financeira (capacidade de entender conceitos financeiros) e, consequentemente, sua forma de utilizar produtos financeiros, desenvolvendo as competências necessárias para uma tomada de decisão mais assertiva, pode ser definida como alfabetização financeira.

A educação voltada a este tema proporciona aos indivíduos o conhecimento necessário para utilizar seus recursos de forma saudável, que aumente seu bem estar.

O Governo Federal (2018) realizou o segundo Mapeamento Nacional das Iniciativas de Educação Financeira. Ele tem como objetivo conhecer com maior

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abrangência o cenário da educação financeira no Brasil. O estudo apontou a existência, em 2018, de 1.300 iniciativas no Brasil, contando com escolas do ensino médio, universidades (públicas e privadas), associações, cooperativas e órgãos da iniciativa privada. As modalidades capazes de atingir um número maior de beneficiados, segundo a pesquisa, são as iniciativas digitais ou híbridas, que não tem o objetivo direto associado à venda de produtos.

Projetos como o Me Poupe, realizada por Nathalia Ancuri, Primo Rico, criado por Thiago Nigro e Finanças Femininas, por Carol Sandler, são iniciativas virtuais que, em 2018, já atingiam mais de 500 mil pessoas, utilizando redes sociais e o YouTube (GOVERNO FEDERAL, 2018), atualizando esses dados, de acordo com o Instagram (2021) a página Me Poupe conta com 1,5 milhões, a página Primo Rico com 4,7 milhões e a Finanças Femininas com 165 mil seguidores apenas na rede social Instagram, demonstrando o crescimento do tema no ambiente virtual.

Apesar destes temas estarem sendo abordados cada vez mais pelo Estado e canais de informação, a população possui grandes dificuldades quando o assunto é finanças pessoais. Souza (2019) aponta que a existência da preocupação das entidades públicas e privadas com a inadimplência pode ser explicada, principalmente, pois a sua ocorrência pode afetar o desenvolvimento econômico das empresas e países, tendo em vista como afeta a vida dos indivíduos. A dívida causa maior desconforto aos indivíduos à medida que aumenta, estando associada a uma piora no funcionamento psicológico, “desencadeando sintomas de depressão, ansiedade, raiva e perda da qualidade de vida” (SOUZA, 2019, p. 39).

Questões como as citadas no parágrafo anterior tornaram-se importantes para as organizações, pois podem afetar seriamente a produtividade dos colaboradores. Segundo uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC, 2015), 31% das pessoas que estão inadimplentes já ficaram desatentas e pouco produtivas no trabalho, 22% dos inadimplentes afirmam que passaram a perder a paciência com os colegas. Estes dados apontam que a inadimplência ainda coloca em risco o emprego dos indivíduos, por perda de produtividade e incapacidade de relacionamento no ambiente de trabalho. Uma pesquisa realizada por Maturana e Nickerson (2020) apresenta resultados semelhantes, onde problemas nas finanças pessoais de trabalhadores podem ocasionar problemas físicos e emocionais, o que eleva o absenteísmo e rotatividade nas organizações.

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1.1 Problema de pesquisa

Após o disposto sobre finanças pessoais e remuneração variável, definiu-se como problema de pesquisa: qual é a influência da remuneração variável nas finanças pessoais dos colaboradores da área operacional de uma empresa do ramo elétrico situada em Fortaleza-CE?

1.2 Objetivos do trabalho

Com a definição da problemática a ser pesquisada faz-se necessário a definição de objetivo geral: investigar a influência da remuneração variável nas finanças pessoais dos colaboradores da área operacional de uma empresa do ramo elétrico situada em Fortaleza-CE.

Para o alcance do objetivo geral definiram-se os seguintes objetivos específicos:

a) Avaliar o nível de alfabetização financeira dos funcionários;

b) Descrever a política de remuneração variável adotada pela empresa;

c) Mapear o perfil de comportamento financeiro dos funcionários conforme a remuneração variável recebida.

1.3 Justificativa

Segundo uma pesquisa realizada em 2020 pelo SPC e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL, 2020), 48% dos brasileiros não possuem um controle do próprio orçamento, até mesmo entre as pessoas que costumam controlar suas finanças, apenas um terço planeja o mês com antecedência. A pesquisa ainda aponta que 39% dos consumidores tendem a controlar suas finanças apenas após ficarem com o “nome sujo” no mercado. Dessa forma é possível refletir como uma remuneração variável impacta no controle das finanças pessoais e no orçamento do indivíduo.

Gheno e Bertitz (2011) apontam que uma das principais formas de remuneração variável adotada é a remuneração por resultados, que consiste em estabelecer metas para os colaboradores e quando as mesmas forem atingidas uma remuneração será paga. Essa forma de remuneração faz parte do que é conhecido

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como remuneração estratégica, que tem o objetivo de complementar a remuneração tradicional ao incluir novas formas de remuneração.

Ao realizar pesquisas em sites de buscas como o Google Acadêmico, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, Portal de Periódicos da CAPES e Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, com o período de publicação entre 2016 e 2021, não foi possível localizar trabalhos que relacionassem remuneração variável e finanças pessoais com o foco em colaboradores de nível operacional.

Existem estudos relacionados à remuneração variável de gestores, como o publicado por Santos e Silva (2018), com o título “A influência da família tem algum efeito? Análise da remuneração dos executivos das empresas familiares e não familiares”, a publicada por Leão (2017) com o título “Remuneração de Executivos no Brasil: Relação Entre Remuneração e Performance no Novo Mercado”, não sendo localizados trabalhos que analisassem a remuneração de colaboradores do nível operacional relacionando-as às suas finanças pessoais.

A inspiração inicial para o tema da pesquisa foi obtida a partir da reflexão do autor sobre como os colaboradores do nível operacional da empresa em estudo, ambiente com que o mesmo tem familiaridade, conseguem realizar a administração de seus salários, tendo em vista a variação que ocorre de um mês ao outro, e se esta situação era um fator levado em consideração no momento de organização de suas finanças. É importante ressaltar que, na empresa em estudo, apenas os colaboradores do nível operacional recebem remuneração por resultados.

A presente pesquisa contribuirá para a literatura tendo em vista que unirá finanças pessoais e remuneração variável, dois temas abordados rotineiramente de formas separadas, com o objetivo de analisar o impacto causado em colaboradores do nível operacional de uma empresa do ramo elétrico. Ao final da pesquisa, a empresa em questão poderá verificar como sua estratégia de remuneração está impactando as finanças pessoais de seus colaboradores, e poderá utilizar os resultados como parâmetro de possíveis mudanças na forma de remuneração, inclusão de treinamentos voltados a finanças pessoais para os colaboradores e etc.

O presente estudo foi desenvolvido em uma organização do ramo elétrico, que no Brasil é regulamentado pelo governo através da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, s.d.), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A energia elétrica é um bem essencial para o desenvolvimento da sociedade e das nações, sendo o setor dividido entre as organizações geradoras, que produzem a

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energia, as transportadoras, que levam do ponto de geração até as empresas distribuidoras, que enviam até a casa da população e ainda existem as organizações comercializadoras, que vendem a energia aos consumidores livres (ANEEL, s.d.). A empresa em estudo se classifica como uma empresa que fornece serviços do ramo elétrico e construção de estações de distribuição de energia elétrica.

1.4 Procedimentos metodológicos

Quanto à metodologia, o presente trabalho pode ser classificado como descritivo, com abordagem quantitativa-qualitativa. O estudo realiza a descrição das características das finanças pessoais dos colaboradores da área operacional da empresa em questão e relaciona a influência da remuneração variável recebida pelos mesmos. Utilizando-se de pesquisas bibliográficas para suporte teórico dos temas em estudo. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foi o questionário e a entrevista semi-estrutura, de forma a obter um panorama mais abrangente do caso estudado.

1.5 Estrutura da monografia

A estrutura do trabalho está dividida em seis seções, a primeira, referente a esta introdução ao tema, a segunda e a terceira são referentes ao levantamento bibliográfico que apoia a pesquisa, a quarta conta com a descrição dos procedimentos metodológicos utilizados, a quinta apresenta os resultados da pesquisa e na sexta são expostas as considerações finais e conclusões sobre os temas abordados.

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2 REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA

Existem diversas conceituações sobre remuneração, a adotada neste trabalho foi a apontada por Marras (2016) onde a remuneração pode ser entendida como a soma do salário total, do salário variável e dos benefícios. Dessa forma, é possível observar que o salário não é o único componente da remuneração oferecida pela prestação de um trabalho, existem benefícios como plano de saúde, bonificação, adicional de horas extras e etc.

Diversas formas e modelos de remuneração, desde os mais tradicionais, como planos de cargos e salários, passando por modelos de remuneração mais elaborados, como a remuneração por competência, são instrumentos que as organizações podem utilizar para a obtenção de sucesso durante a gestão da remuneração estratégica. Dessa forma, a estratégia utilizada pelos recursos humanos para a remuneração dos colaboradores, ajuda na preparação dos indivíduos para o sucesso da organização (ESOTICO, 2016).

A adoção de um modelo de remuneração estratégica por parte das organizações faz com que os colaboradores sintam-se tratados como parceiros e não apenas como simples recursos para a produção. Dessa forma, os funcionários fornecem à empresa conhecimentos, habilidade, capacidade, disposição e criatividade para resolver as atividades propostas, tornam-se peças chaves para a maximização dos resultados (RODRIGUES; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2014).

Para adotar alguma forma de remuneração estratégica, as organizações precisam ter ou desenvolver cultura e valores centrados nas pessoas como forma de diferenciação, tendo como balizador o investimento nos indivíduos. Nesses tipos de sistemas, a organização precisa de colaboradores que queiram desenvolver as atividades propostas, desenvolvendo e colocando em prática suas habilidades (CHAVES, 2020).

Segundo Marras (2016), o sistema de administração de recursos humanos tradicional costuma realizar a remuneração de colaboradores com base em planos de salários que são compostos por parâmetros comparativos e avaliação de médias salariais do mercado. Dessa forma, a remuneração estratégica surge como uma forma de complementar esse sistema, podendo ser conceituada como a compensação que está atrelada a alguma forma de avanço e desenvolvimento, onde

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o colaborador recebe um valor a mais na medida de sua contribuição para o sucesso do negócio.

Apesar dos avanços relacionados às formas de remuneração, diversas organizações continuam seguindo o modelo tradicional de cargos e salários. Ligado a estrutura da organização, essa forma de remuneração pode manter a equidade interna e externa (com o mercado), mesmo não alinhada à estratégia organizacional (MOREIRAet al.2016apudCHAVES, 2020).

Com a remuneração estratégica, as organizações iniciam as análises a partir do processo seletivo, buscando desenvolver as competências dos colaboradores, buscando formas de retê-los, utilizando tipos de remuneração individual diretamente ligados ao desempenho. As organizações que utilizam dessa forma de gestão de remuneração costumam obter resultados acima da média desde que estejam alinhados às estratégias globais da empresa (CHAVES, 2020).

As principais formas de remuneração estratégica utilizadas são (MARRAS, 2016):

a) remuneração por habilidades: leva em consideração as habilidades obtidas pelos colaboradores e está fortemente atrelada a programas de treinamento e desenvolvimento;

b) remuneração acionária: consiste da disponibilização de ações da empresa com base nos resultados obtidos e é mais voltada aos níveis estratégicos;

c) distribuição de ganhos: normalmente administrada através de um programa onde os colaboradores oferecem sugestões e quando a mesma é aceita, parte do lucro obtido é disponibilizado ao criador da ideia;

d) distribuição de lucros: consiste na distribuição de parte do lucro, ao final de um certo período, aos colaboradores;

e) remuneração por resultados: é a forma mais utilizada pelas organizações, onde são estabelecidos parâmetros mensuráveis que quando atingidos o colaborador é remunerado.

Oliveira e Leone (2008), citando o trabalho elaborado por Lawler III (2000), apontam a não existência de um sistema de pagamento que seja compatível com todas as organizações, tendo em vista a diversidade de atividades e característica dos funcionários. Dessa forma, não existe uma resposta única para a

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questão sobre qual forma de remuneração estratégica as organizações devem adotar. Sendo importante destacar que uma estratégia de pagamento desalinhada impede o agregamento de valor para a organização e para o colaborador, gera custos elevados e comportamentos inadequados por parte dos funcionários.

A remuneração por resultados será abordada com mais profundidade no próximo tópico, tendo em vista que a principal forma de remuneração variável adotada pela organização em estudo neste trabalho.

2.1 Remuneração por resultados

Lacombe (2020) aponta que é essencial para qualquer organização obter uma boa produtividade por parte de seus funcionários e que muitas vezes os colaboradores da área operacional precisam de incentivos para que possam aumentar seu nível de produção, uma das principais formas utilizadas é dividir os ganhos com as pessoas que se envolveram para conquistá-lo.

A remuneração por resultados pode ser definida como o pagamento com base em metas e objetivos a serem atingidos. Para tanto, é necessário que a empresa comece elaborando metas que precisam estar em conformidade com sua estratégia principal, de forma que todas as áreas estejam alinhadas para um objetivo em comum (LACOMBE, 2020). Guimarães e Marconi (2017) apontam que essa forma de remuneração é um instrumento que busca reduzir as diferenças existentes entre os objetivos da organização e dos colaboradores.

A remuneração variável vem sendo utilizada mundialmente nas organizações, sendo uma política gerenciada e aplicada através, principalmente, de prêmios por produtividade, que são ligados a acordos de resultados. Existem também adicionais de desempenho e gratificações, ambos variando de acordo com o resultado obtido, sendo avaliados por protocolos previamente estabelecidos (MELLO JUNIOR; FARIA; GOMES, 2014).

Para a implantação prática dessa forma de remuneração é necessário que haja formas de acompanhar o desempenho dos indivíduos, sendo a principal forma utilizada sistemas de gestão de desempenho, onde são acompanhadas as metas e são estimulados de forma contínua a melhoria do desempenho (BEUREN;

VERHAGEM, 2015).

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Rodrigues, Rodriguez e Oliveira (2014) apontam que a remuneração por resultados cria um forte vínculo entre a organização e os colaboradores, tendo em vista que despertam nas pessoas a necessidade de buscar sempre o desenvolvimento e melhoria, o que tem como resultado o crescimento profissional e uma melhor remuneração. No Brasil, a remuneração variável é regulamentada pela Lei nº 8.716, de 11 de outubro de 1993, que assegura aos trabalhadores que recebem uma remuneração variável o direito mensal a um salário, que nunca deve ser inferior ao mínimo.

Segundo Marra (2016), vincular o desempenho a produtividade estimula o colaborador na busca da melhoria de seu trabalho e na otimização das metas que precisa alcançar em conjunto com a organização. Essa metodologia incentiva a busca pela qualidade do serviço/produto, otimiza a produtividade, reforça os valores culturais do grupo e incentiva a participação individual e do grupo. As principais vantagens da remuneração variável são (RODRIGUES; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2014):

a) incentiva os colaboradores a buscarem a qualidade;

b) melhora a produtividade, pois funciona como agente motivador;

c) é ajustável às diferenças individuais das pessoas, tendo em vista que é baseado em metas;

d) permite uma avaliação por parte da empresa e uma auto-avaliação por parte do colaborador, podendo buscar sua melhora futura.

Uma das razões mais relevantes que podem levar uma organização a adotar a remuneração variável é o estabelecimento de uma forma de vínculo de recompensa pelo esforço realizado pelos colaboradores para alcançar o objetivo da empresa. Dessa forma, quanto maior o nível de transparência desse vínculo, melhor para a organização e para os empregados (COOPERS; LYBRAND, 1996 apud CLARO, 2000). Rodrigues, Rodriguez e Oliveira (2014) ainda apontam que a remuneração variável é flexível e pode ser adaptada de acordo com as prioridades da empresa.

Algumas dificuldades podem ser enfrentadas pela organização e pelo colaborador na adoção de um estilo de remuneração variável. O colaborador consegue controlar sua intensidade de dedicação para produzir os resultados almejados, porém situações que fogem ao seu controle, como qualidade do material disponível e crises econômicas, por exemplo, podem afetar severamente o resultado

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alcançado. Cargos onde os colaboradores exerçam diversas atividades e são remunerados de formas diferentes para cada uma é necessário que haja um equilíbrio, de forma que o mesmo não volte todos os seus esforços para as que oferecem a melhor remuneração (GUIMARÃES; MARCONI, 2017).

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3 FINANÇAS PESSOAIS

Com as modificações trazidas pelo Plano Real para o sistema financeiro, como as alterações na inflação e um suposto equilíbrio econômico, os brasileiros tiveram acesso a um maior poder de compra e aumento nos hábitos de consumo, porém, junto essas mudanças não houve aumento de conhecimentos relacionado a educação financeira, gerando endividamento em grande parcela da população (COSTA; SOUZA; AMARAL, 2021).

O estudo sobre o gerenciamento das finanças pessoais é tratado atualmente em várias esferas de conhecimento, como estratégias elaboradas pelos governos ao redor do mundo e também iniciativas individuais em plataforma de redes sociais, porém grande parcela da população mundial ainda conta com pouco conhecimento sobre o assunto.

As finanças pessoais podem ser definidas como o campo de estudo das formas de ganho e inserção dos recursos de uma pessoa, ou de uma família, sendo seu principal objetivo analisar o modo como os mesmos ganham, gastam e realizam investimentos. A forma de ganhar e gastar dinheiro de maneira saudável, a administração de recursos próprios e de terceiros com o objetivo de adquirir bens ou obter crédito, são parte da tratativa de finanças pessoais. Em suma, todo o procedimento de conquistar e utilizar o dinheiro pessoal e familiar é parte das finanças pessoais (FLACH; MATTOS, 2019).

A gestão financeira pessoal ainda pode ser entendida como o conhecimento e a prática que permitem uma análise sobre os produtos e serviços oferecidos no mercado, de forma que, quando bem realizada, permite que o indivíduo consiga discernir entre seus desejos e suas reais necessidades.

Realizando um paralelo com as finanças de uma empresa, é uma boa gestão das escolhas que permite uma maximização dos resultados, principalmente os ligados ao planejamento, a tomada de decisão econômica e investimento de recursos (COSTA; SOUZA; AMARAL, 2021).

Os indivíduos precisam compreender como as forças presentes no ambiente e suas interações influenciam seus planejamentos pessoais e para isto é necessário que conjuntos de conhecimentos formais sejam adquiridos.

Relacionando a finanças pessoais, esse aprendizado é obtido através da educação

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financeira e da alfabetização financeira (SAITO, 2007), que serão descritas de maneira mais aprofundada nos próximos tópicos 3.1 e 3.2.

3.1 Educação financeira

A Organisation for Economic Co-operation and Development (2013) aponta que a educação financeira está sendo reconhecida mundialmente como uma habilidade essencial para que a população possa consumir de forma saudável em um ambiente cada vez mais complexo. Dessa forma, todos os governos estarem interessados no assunto não se torna uma surpresa.

A educação financeira é um processo onde as pessoas melhoram seu entendimento sobre questões financeiras, conhecendo os produtos e conceitos, e por meio das informações conseguem desenvolver as habilidades necessárias para entender os riscos e as oportunidades financeiras, de modo que consigam melhorar seu bem-estar e sua proteção, este conceito apontado pela Organisation for Economic Co-operation and Development (2013) é um dos mais reconhecidos pela literatura sobre o tema.

Fácil acesso a crédito, falta de planejamento, falta de conhecimentos básicos sobre educação financeira em conjunto com altas taxas de juros, são fatores que contribuem para o agravamento da precária situação financeira de diversas famílias, muitas em situação de desemprego e endividamento. Apesar do interesse dos governos sobre o tema, ainda existe ausência de políticas públicas que gerem um maior engajamento e reais atividades sobre o tema (SILVA, 2019). Além do fácil acesso de produtos financeiros a população geral, o aumento da expectativa de vida e o agravamento das crises financeiras também fazem com que a educação financeira seja uma real necessidade para o bem estar social, de forma que os indivíduos tenham suas finanças pessoais estáveis e estejam protegidos de golpes e abusos financeiros (GOYAL; KUMAR, 2021).

Francischetti, Camargo e Santos (2014) discorrem que ocorreu uma inversão de valores quando a qualidade de vida das pessoas tornou-se diretamente ligada ao consumo. A satisfação das necessidades individuais foram impactadas pela globalização e levaram a busca por um padrão de vida cada vez mais sofisticado e mais caro, que muitas vezes não condiz com a realidade econômica vivenciada. Os autores apontam que é necessário a conscientização sobre a

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sustentabilidade do padrão de vida através de uma boa educação financeira e do planejamento pessoal e familiar.

No Brasil foi instituída a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF, 2017), através do Decreto Federal 7.397 em 2010 e renovada em 2020, com o objetivo de fortalecer a cidadania ao fornecer e apoiar ações que facilitem a tomada de decisões financeiras de forma autônoma e com consciência por parte da população. A ENEF conta com oito órgãos e entidades governamentais que integram o Fórum Brasileiro de Educação Financeira (FBEF). Ela conta com os documentos Orientações para Educação Financeiras nas Escalas e Orientações para Educação Financeira de Adultos como norteadores para as atividades desenvolvidas.

Ao reconhecerem esse importante papel da educação financeira no cenário mundial, os líderes do G20, a partir de 2012, começaram a adotar os Princípios de Alto Nível da Organisation for Economic Co-operation and Development (2015) sobre Estratégias Nacionais de Educação Financeira (ENEF), o qual norteia as estratégias brasileiras. Esses princípios orientam internacionalmente o desenvolvimento de políticas com objetivo de desenvolver abordagens baseadas em evidências personalizadas para a educação financeira, englobando mercados emergentes e economias avançadas (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2015).

Neste cenário de produtos financeiros de fácil acesso e com baixa educação financeira, mais riscos são transferidos para os cidadãos e ser educado financeiramente passou a ser uma necessidade, uma competência vital para todos as pessoas, incluindo os micro e pequenos empreendedores. Esse conhecimento contribui para a participação dos indivíduos na vida financeira, econômica e social, ajudando a restaurar a confiança nos mercados financeiros, apoiando a estabilidade financeira (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2015). A educação financeira é um dos tópicos da alfabetização financeira e será descrita no tópico 3.2.

3.2 Alfabetização financeira

Embora possa existir a utilização dos termos educação financeira e alfabetização financeira como sinônimos, é necessário realizar a diferenciação dos

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conceitos. Segundo a Organisation for Economic Co-operation and Development (2013) a alfabetização financeira vai além da educação financeira, pois ela é a combinação de conhecimento, habilidade, atitude e comportamento que são essenciais para a tomada de decisões financeiras assertivas, sólidas e capazes de alcançar o bem-estar financeiro individual.

As definições sobre o conceito de alfabetização financeira divergem entre os especialistas, sendo a nomenclatura adotada no início de 1900, com o início das pesquisas e iniciativas de educação ao consumidor nos Estados Unidos (GOYAL;

KUMAR, 2021; REMUND, 2010). Costumeiramente os estudos realizados sobre o tema investigam o indivíduo e em seguida os agregam em grupos, como estudantes, pessoas de baixa renda e etcs, com objetivo de obter uma visão geral. Remund (2010) adota um conceito parecido ao da Organisation for Economic Co-operation and Development, ao apontar que a alfabetização financeira passa por: a) conhecimento de conceitos financeiros; b) capacidade de comunicar conceitos financeiros; c) aptidão para gerenciar as finanças pessoais; d) habilidade em tomar decisões financeiras; e e) planejar as necessidades financeiras futuras.

Dessa forma, a alfabetização financeira é um tema que afeta não apenas o bem-estar da população, mas também causa consequências para o sistema financeiro dos países e na economia (GOYAL; KUMAR, 2021). A seguir serão descritos de forma mais abrangentes os componentes da alfabetização financeira segundo o conceito apresentado pela Organisation for Economic Co-operation and Development(2013).

3.2.1 Conhecimento financeiro

Um dos pilares que formam uma pessoa alfabetizada financeiramente é o seu conhecimento sobre produtos e cálculos básicos relacionados a finanças. A Organisation for Economic Co-operation and Development (2015) aponta que uma pessoa alfabetizada em finanças possui não apenas conhecimentos básicos sobre juros simples e compostos, risco e inflação, mas possui também a habilidade de aplicar esses conhecimentos matemáticos em situações do cotidiano ligadas à gestão de seus recursos.

A Organisation for Economic Co-operation and Development (2013) para elaborar sua pesquisa comparativa sobre conhecimento financeiro da população em

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14 países (Albânia, Armênia, Ilhas Virgens Britânicas, República Tcheca, Estônia, Alemanha, Hungria, Irlanda, Malásia, Noruega, Peru, Polônia, África do Sul e Reino Unido) realizou um questionário com 8 perguntas, apresentadas no Quadro 01, com conceitos considerados financeiramente relevantes. Os mesmos apontam que são um número de perguntas suficientes para oferecer uma visão geral do conhecimento de uma pessoa, apontar sua aptidão de aprender informações financeiras e sua capacidade de aplicar o conhecimento em problemas específicos.

Quadro 01 - Oito questões sobre conhecimento financeiro

TIPO DE CONHECIMENTO PERGUNTAS (resposta correta em negrito)

Divisão Imagine que cinco irmãos recebam um presente de $1000. Se os irmãos tiverem que dividir o dinheiro igualmente, quanto cada um recebe?

Resposta aberta:$200

Valor do dinheiro no tempo Agora imagine que os irmãos tenham que esperar um ano para receber sua parte do X. Em um ano, eles poderão comprar:

a) Mais;

b) o mesmo valor, ou

c) menos do que poderiam comprar hoje.

Os entrevistadores também registraram 2 outras respostas que foram consideradas corretas: depende da inflação, depende dos tipos de coisas que desejam comprar

Juros pagos em um

empréstimo Você empresta X a um amigo uma noite e ele devolve X no dia seguinte. Quanto ele pagou de juros sobre este empréstimo?

Resposta aberta:$0

Juros simples Suponha que você coloque $100 em uma conta poupança com uma taxa de juros garantida de 2% ao ano. Você não faz nenhum pagamento adicional para esta conta e você não retira dinheiro.

Quanto estaria na conta no final do primeiro ano, depois de efetuado o pagamento dos juros?

Resposta aberta:$102

Juros compostos e quanto estaria na conta ao final de cinco anos? Seria:

a) Mais de $110 b) Exatamente $110 c) Menos de $110

d) Ou é impossível dizer a partir das informações fornecidas

Risco e retorno Um investimento com alto retorno provavelmente será de alto risco a) Verdadeiro

b) Falso

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Definição de inflação A alta inflação significa que o custo de vida está aumentando rapidamente

a) Verdadeiro b) Falso

Diversificação Geralmente é possível reduzir o risco de investir no mercado de ações comprando uma ampla gama de ações e ações

a)Verdadeiro b) Falso

Fonte:Organisation for Economic Co-operation and Development(2013, tradução nossa).

Para o apontamento do nível de conhecimento de cada país foi utilizado a atribuição de escores para cada pergunta, utilizando uma contagem simples de respostas, que foram reescalonadas para assumir valores de 0 a 1. Uma pontuação alta indica que o indivíduo possui um alto nível de conhecimento financeiro, mas isso não sugere que o mesmo seja um especialista em finanças (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2013).

Quadro 02 - Criação de uma pontuação de conhecimento

TIPO DE CONHECIMENTO DISCUSSÃO VALORES PARA A

PONTUAÇÃO FINAL

Divisão Esta é uma resposta aberta e

uma resposta correta é, portanto, um bom indicador de numeramento aplicado

1: resposta correta.

0: todos os outros casos.

Valor do dinheiro no tempo Esta é uma resposta múltipla e

específica do país / contexto 1: respostas ‘c’, d’ e ‘e’, a menos que o país nos diga o contrário

0: todos os outros casos Juros pagos em um

empréstimo Esta é uma resposta aberta e uma resposta correta é, portanto, um bom indicador de compreensão

1: resposta correta.

0: todos os outros casos.

Cálculo de juros mais

princípio Esta é uma resposta aberta e uma resposta correta é, portanto, um bom indicador de numeramento aplicado

1: resposta correta.

0: todos os outros casos.

Juros compostos Esta é uma resposta múltipla.

A suposição é que se o respondente não conseguiu calcular 2%, ele também não pode calcular 5 * 2%.

1: resposta correta se a resposta anterior também estiver correta.

0: todos os outros casos.

Risco e retorno Esta é uma pergunta sim / não 1: resposta correta.

0: todos os outros casos.

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Definição de inflação Esta é uma pergunta sim / não 1: resposta correta.

0: todos os outros casos.

Diversificação Esta é uma pergunta sim / não 1: resposta correta.

0: todos os outros casos.

Fonte:Organisation for Economic Co-operation and Development(2013, tradução nossa).

O conhecimento financeiro, sendo um dos principais componentes da alfabetização financeira, é importante para acompanhar notícias sobre a economia e a previsão de cenário financeiros. Ela permite que os indivíduos tomem decisões financeiras de forma adequada e bem informada, possibilitando que tomem iniciativas positivas diante de cenários que podem afetar seu bem-estar financeiro.

Evidências indicam que níveis elevados de conhecimento financeiros estão atrelados a ações positivas, como participação no mercado de ações, planejamento para aposentadoria e apoia a redução em ações negativas, como o acúmulo de dívidas e inadimplências (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2017).

Lusardi e Mitchell (2014) apontam que inúmeros conceitos são fundamentais para a tomada de decisão sobre poupança e investimentos. Os três conceitos mais importantes são: a) capacidade de realizar cálculos relacionados a taxas de juros, como situações que envolvem juros compostos; b) compreender a inflação; e c) compreender sobre diversificação de risco.

Com o objetivo de criar uma forma de mensurar a alfabetização financeira, Lusardi e Mitchell (2008 apud LUSARDI; MITCHELL, 2014) também criaram um conjunto de perguntas em torno desses conceitos. Os princípios para a criação das perguntas foi a simplicidade, elas deveriam medir o conhecimento sobre os conceitos fundamentais, precisam ser relevantes, estando presente em decisões diárias dos indivíduos, deveriam ser breves, de forma que pudessem ser respondidas de forma rápida e deveriam permitir a diferenciação dos respondentes, de forma que pudesse haver comparação entre as pessoas. O Quadro 03 apresenta as perguntas (LUSARDI; MITCHELL, 2014, p. 10):

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Quadro 03 - Questões para mensuração da alfabetização financeira

PERGUNTAS ALTERNATIVAS

Suponha que você tenha $100 em uma conta poupança e a taxa de juros seja de 2% ao ano.

Após 5 anos, quanto você acha que teria na conta se deixasse o dinheiro crescer?

( )mais de $102;

( ) exatamente $102;

( ) menos de $102;

( ) não sei;

( ) recusa-se a responder.

Imagine que a taxa de juros em sua conta poupança fosse de 1% ao ano e a inflação fosse de 2% ao ano. Após 1 ano, você seria capaz de comprar:

( ) mais que hoje;

( ) exatamente o mesmo que hoje;

( )menos do que hoje;

( ) não sei;

( ) recusa-se a responder.

Você acha que a seguinte afirmação é verdadeira ou falsa? “Comprar ações de uma única empresa geralmente oferece um retorno mais seguro do que um fundo mútuo de ações.”

( ) verdade;

( )falso;

( ) não sei;

( ) recusa-se a responder.

Fonte: adaptado de Lusardi e Mitchell (2014, tradução nossa).

A primeira pergunta mensura a capacidade de fazer cálculos simples relacionados a taxas de juros, a segunda verifica a compreensão da inflação e a terceira verifica o conhecimento sobre diversificação de risco, ações e fundo mútuos de ações, todas as perguntas são inseridas em um contexto de situações reais.

Lusardi e Mitchell (2014) apontam que qualquer medida de alfabetização financeira pode representar apenas o que as pessoas precisam saber para melhorar seu comportamento em relação às decisões financeiras, dessa formas as mesmas devem ser utilizadas levando em consideração outros fatores, como o contexto de aplicação.

3.2.2 Comportamento financeiro

Da mesma maneira que as pessoas precisam compreender conceitos financeiros para embasar suas decisões, elas também precisam apresentar um comportamento consistente e instruído em suas ações financeiras. Segundo a Organisation for Economic Co-operation and Development (2017), são os comportamentos dos consumidores que dão contorno a sua situação financeira de curto, médio e longo prazo. Existem comportamentos que beneficiam e outros que prejudicam a saúde financeira dos indivíduos.

(33)

Diversas formas de controle financeiro que podem ser realizadas no cotidiano para controlar as finanças estão disponíveis, como a utilização de um orçamento, realizar compras apenas após análise, pagar as contas em dias e também controlar e analisar constantemente seus produtos financeiros, como descritivo de compras no cartão de crédito e extratos bancários, comportamento que ajuda a evitar fraudes. O ato de ter uma economia ativa, reservar dinheiro com algum objetivo, também é um apontar de comportamento benéfico (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2017).

A forma como as pessoas enfrentam momentos onde a renda é inferior aos custos é um bom indicador de seus comportamentos financeiros. A capacidade para agir nesses momentos depende de fatores como seu comportamento de poupança e sua adaptabilidade. A utilização constante de empréstimos para suprir esses momentos é insustentável, os indivíduos precisam utilizar estratégias que não causem prejuízos ao seu futuro, como a diminuição do padrão de vida. A utilização constante de empréstimos para suprir déficits no orçamento é um sinal de dificuldade financeira alarmante (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2017).

Objetivos financeiros de longo prazo, como pagamento de empréstimos universitários, comprar carro ou imóvel ou quitar uma dívida, requerem um planejamento financeiro e ações reais. Pessoas com esse tipo de objetivo, segundo a pesquisa, possuem uma pontuação de conhecimento financeiro significativamente mais alta. Buscar informações de fontes confiáveis e imparciais ao realizar escolhas de produtos financeiros é uma competência básica para a alfabetização financeira, que também evita que o consumidor caia em fraudes e situações de difícil resolução que comprometam seus recursos (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2017). No Quadro 04 é possível verificar as questões referentes aos comportamentos financeiros:

(34)

Quadro 04 - Calculando uma pontuação de comportamento financeiro

PERGUNTA RESPOSTA NOTA

Orçamento familiar

Um orçamento

familiar é usado para decidir que parcela de sua renda familiar será usada para gastar, poupar ou pagar contas

a) Sim

b) Não Pontuação:

1: família tem um orçamento;

0: todos os outros casos.

Tomar decisões financeiras em uma casa com orçamento

a) O entrevistado toma decisões e a família tem um orçamento

b) O agregado familiar tem um orçamento

c) Os entrevistados tomam decisões financeiras

Pontuação:

1: se for pessoalmente ou conjuntamente pela gestão do dinheiro 0: todos os outros casos Economia ativa Você realiza a

economia de valores para o futuro?

a) Sim

b) Não Pontuação:

1: qualquer tipo de poupança ativa e opções relevantes adicionadas a nível nacional.

0: em todos os outros casos.

Deixar o dinheiro acumular em uma conta bancária não é

considerado uma economia ativa e dá 0 pontos.

Compras

analisadas Antes de comprar algo, considero cuidadosamente se posso pagar

a) Concordo totalmente b) Concordo parcialmente c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente e) Discordo totalmente

Pontuação:

1: ponto para os entrevistados marcarem em a) ou b).

0: em todos os outros casos.

Pagamento de

compromissos Eu pago minhas

contas em dia a) Concordo totalmente b) Concordo parcialmente c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente e) Discordo totalmente

Pontuação:

1: ponto para os entrevistados marcarem em a) ou b).

0: em todos os outros casos.

Controle de produtos financeiros

Eu mantenho uma vigilância pessoal de meus negócios financeiros

a) Concordo totalmente b) Concordo parcialmente c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente e) Discordo totalmente

Pontuação:

1: ponto para os entrevistados marcarem em a) ou b).

0: em todos os outros casos.

(35)

Objetivos

financeiros Eu defino objetivos financeiros de longo prazo e me esforço para alcançá-los

a) Concordo totalmente b) Concordo parcialmente c) Não concordo nem discordo

d) Discordo parcialmente e) Discordo totalmente

Pontuação:

1: ponto para os entrevistados marcarem em a) ou b).

0: em todos os outros casos.

Perguntas sobre como

honrar as

despesas

Às vezes, as pessoas descobrem que sua renda não cobre totalmente o custo de vida. Nos últimos 12

meses, isso

aconteceu com você, pessoalmente?

a) Sim

b) Não Pontuação:

1: para

a) não enfrentou uma queda na receita (indicando boas

habilidades de

alfabetização financeira

em termos de

orçamento e gestão financeira)

b) atrasaram-se, mas não recorreram ao crédito para pagar as contas.

0: os que solicitaram empréstimos

O que você fez para sobreviver na última

vez que isso

aconteceu?

Resposta aberta

Escolha de produtos financeiros

Qual das afirmações a seguir descreve melhor como você fez sua escolha?

a) Eu considerei várias opções de diferentes empresas antes de tomar minha decisão

b) Eu considerei as várias opções de uma empresa c) Eu não considerei nenhuma outra opção d) Olhei em volta, mas não havia outras opções a considerar

Objetivo: descobrir até

que ponto o

respondente olhou para os produtos alternativos disponíveis.

Pontuação:

1: alternativas a) e d);

0: outras respostas.

E quais fontes de informação você acha

que mais

influenciaram sua decisão {sobre qual delas tirar}?

Resposta aberta Objetivo: capturar informações sobre até

que ponto o

respondente fez uso de diferentes tipos de

informações ou

orientações.

Pontuação:

1: fontes de informação geral ou específica do produto;

2: fontes de informação profissionais

independentes.

Fonte: Adaptado de Organisation for Economic Co-operation and Development (2017, tradução nossa).

(36)

Ao atingir a pontuação 6 (pontuação-alvo mínima desejada) ou mais, é possível apontar que mais de um terço dos comportamento benéficos dispostos são realizados. A França possui a pontuação mais alta, com 85% dos respondentes comportando-se de forma que provavelmente beneficiará seu futuro. No Brasil, apenas em torno de 37% dos respondentes atingiram uma pontuação considerada adequada (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2017).

3.2.3 Atitude financeira

Tendo em vista que a atitude é antecessora ao comportamento, ela é um dos pilares principais da alfabetização financeira. Quando as pessoas possuem atitudes negativas em relação a poupar para o futuro, acredita-se que elas terão menor probabilidade de assumir esse comportamento. Da mesma maneira, pessoas que dão prioridade a desejos de curto prazo, provavelmente não criarão uma reserva financeira para emergência (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2013).

A definição de alfabetização financeira apresentada pela Organisation for Economic Co-operation and Development (2013) e adotada neste trabalho, aponta que apesar de uma pessoa possuir o conhecimento necessário para agir de forma financeiramente saudável, sua atitude influencia diretamente sua decisão e forma de agir. Dessa forma, foram elaboradas três declarações de atitude para avaliar os entrevistados da pesquisa em relação ao dinheiro e planejamento, conforme o Quadro 05:

Quadro 05 - Questões sobre atitude financeira

DECLARAÇÃO POSSÍVEIS RESPOSTAS NOTAS

Costumo viver para o hoje e deixar o amanhã cuidar de si

mesmo ("vivendo para o dia") Escala de 5 pontos:

1: Concordo totalmente 2: Concordo parcialmente 3: Não concordo nem discordo 4: Discordo parcialmente 5: Discordo totalmente

Essas perguntas têm como objetivo indicar se o entrevistado se concentra exclusivamente no curto prazo (concorda) ou tem uma

preferência por títulos de longo prazo (discorda)

Acho mais gratificante gastar dinheiro do que economizá-lo a longo prazo ("economia") O dinheiro está aí para ser gasto ("gastos")

Fonte:Organisation for Economic Co-operation and Development(2017, tradução nossa).

(37)

As declarações referem-se às preferências de curto prazo através do pressuposto de “viver o hoje” e gastar dinheiro sem pensar no futuro. Esse tipo de atitude pode dificultar a realização de comportamentos que levam a uma melhor desenvoltura financeira e consequente bem-estar. Dessa forma, pessoas com um nível mais alto de alfabetização tendem a discordar das afirmações, sendo três o mínimo de pontos necessários para serem consideradas atitudes financeiras benéficas (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2017).

(38)

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta presente seção são descritos os procedimentos metodológicos utilizados para a elaboração do estudo.

A pesquisa trata-se de um estudo de caso que, segundo Branski, Franco e Lima (2010), é um método que utiliza dados qualitativos advindos de eventos da realidade, tendo como objeto explorar fenômenos reais inseridos em seu contexto próprio. Nascimento (2016) aponta que se trata de um estudo singular, que busca a interpretação de um fenômeno específico e que procura retratar a realidade.

A abordagem utilizada pode ser classificada como quantitativa-qualitativa.

Nascimento (2016) aponta que pesquisas qualitativas são baseadas na interpretação dos fenômenos observados e no significado que o pesquisador atribui, levando em consideração a realidade onde os fenômenos ocorrem, já as pesquisas quantitativas utilizam-se de medidas e dados estatísticos para a análise.

Quanto aos objetivos, este estudo se classifica como descritiva, como explicado por Nascimento (2016), a mesma busca realizar a descrição de características de fenômenos e correlacionar variáveis. O estudo realiza a descrição das características das finanças pessoais dos colaboradores da área operacional da empresa em questão e relaciona a influência da remuneração variável recebida pelos mesmos.

Segundo Marconi e Lakatos (2003) a pesquisa bibliográfica contempla toda a bibliografia pública relacionada ao tema, contemplando revistas, monografias, teses, meios de comunicação orais e etc. Dessa forma, a presente pesquisa se enquadra nesta classificação, tendo em vista que foram realizados levantamentos bibliográficos sobre finanças pessoais e remuneração variável.

4.1 Unidade de análise

Em um estudo de caso, onde é selecionado um ou poucos objetos, é possível obter maiores informações sobre o mesmo. Sendo o objetivo do pesquisador revelar como os fatos realmente aconteceram, sem realizar uma real intervenção (FONSECA, 2002).

O presente trabalho buscou realizar o estudo de caso de uma perspectiva interpretativa que, segundo Fonseca (2002), procura compreender como os fatos

(39)

são do ponto de vista dos participantes, porém também com uma abordagem pragmática, onde o pesquisador apresentou seu ponto de vista sobre os fatos observados.

O estudo de caso foi realizado com os colaboradores da área operacional de uma empresa do ramo de energia elétrica situada em Fortaleza, capital do Ceará.

Na prática, são os colaboradores da área de leitura, os chamados leituristas, e os eletricistas. Ambos os cargos recebem remuneração variável com base em sua produtividade individual.

A empresa em estudo é prestadora de serviços no setor elétrico e conta com 373 colaboradores ativos em sua base de Fortaleza, sendo apenas 53 de áreas administrativas, como recursos humanos, financeiros e etc. A unidade da pesquisa (setor operacional) conta com 320 colaboradores, deste total 95% são do gênero masculino e apenas 5% do gênero feminino, conforme detalhado na seção 5.

O desenvolvimento da pesquisa neste local foi favorável devido às práticas de remuneração variável adotadas pela organização, que possui a área de gestão de pessoas gerenciada de forma estratégica, onde são realizadas diversas práticas com foco no bem estar dos colaboradores. Ser vencedora quatro vezes do prêmio de Melhores Empresas Para Trabalhar, reforça a satisfação dos colaboradores com as práticas de gerenciamento adotadas pela empresa, entre elas a remuneração.

A pesquisa foi aplicada em uma parcela da unidade de pesquisa, de modo a obter um panorama do nível de alfabetização financeira dos colaboradores da área operacional e mapear o perfil de comportamento financeiro dos mesmos em função da remuneração variável recebida.

4.2 Participantes da pesquisa

Tendo em vista que não foi possível aplicação dos instrumentos de coleta de dados em todos os indivíduos aptos a realizar a pesquisa, por questão de tempo, recursos e disponibilidade dos mesmos, apenas uma parcela dos indivíduos participou da pesquisa.

Gil (2008) aponta que ao pesquisador contar com apenas uma parcela de todos os possíveis participantes, ele espera que esses sejam representativos de toda a unidade em estudo. O presente estudo contou com apenas uma parcela dos

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