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Volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)

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Academic year: 2022

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Volta da Contribuição Provisória sobre

Movimentação Financeira (CPMF)

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1. EMENTA

O objetivo deste parecer é trazer uma análise sobre a possível volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), bem como seus malefícios para a sociedade, principalmente para o empresariado.

Além disso, propor ações que possam evitar o seu retorno.

2. INTRODUÇÃO

A Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) teve origem no Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira, alíquota de 0,25% sobre movimentações financeiras aprovada em 1993 e em vigor até dezembro de 1994.

Com o argumento de que o dinheiro arrecadado seria direcionado à saúde, foi criada a CPMF, sendo prorrogada por diversas vezes até 2007, quando foi extinta em definitivo, sob o repúdio de toda população. Nos anos de 2008, 2011 e 2014 surgiram manifestações de retomada da contribuição, porém sem êxito.

Agora, em 2015, está novamente em discussão no Governo o retorno da cobrança da CPMF como parte das medidas de ajuste fiscal elaboradas para sair da crise econômica.

Em 27/08/2015, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que está negociando com governadores e a intenção é apresentar uma sugestão ainda no segundo semestre. O imposto deve nascer com o nome de Contribuição Interfederativa da Saúde (CIS), com nova proposta de dividir os recursos entre municípios, estados e governo federal, porém assim como a CPMF o investimento irá para a área da saúde e terá o mesmo mecanismo de arrecadação.

3. ANÁLISE

A carga tributária brasileira está em torno de 36% do PIB. Qualquer justificativa de que a CPMF é necessária torna-se frágil dado o esgotamento da capacidade contributiva da sociedade brasileira.

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Em um momento de crise em praticamente todos os ramos de atividade econômica, impor novos custos à sociedade é sinal, em primeiro lugar, de ausência de sensibilidade política. Um aumento de impostos conduziria no enfraquecimento do poder de investimento do setor privado, que já está bastante abatido diante da crise, e culminaria assim, em um prolongamento da recessão, com mais inflação e desemprego.

Não há nenhuma folga na capacidade contributiva da sociedade. Ao contrário, os saques recordes nas cadernetas de poupança evidenciam que a renda disponível está abaixo do limite considerado minimamente adequado. O quadro de desalento dos agentes econômicos sinaliza para o esgotamento de sua condição financeira, resultado de um enfraquecimento econômico pelo qual a iniciativa privada não tem nenhuma responsabilidade.

Sabe-se que governar é a arte de escolher prioridades, e é direito do governante decidir quanto e onde gastar. Mas, ao mesmo tempo, é direito da sociedade exigir bom senso nessas decisões e cobrar os resultados dessas escolhas, pois é ela quem acaba arcando com o ônus dos equívocos, pagando uma das mais altas cargas tributárias do planeta.

São inúmeras as evidências da ineficiência do setor público no Brasil (baixa qualidade dos serviços de saúde, segurança pública deficiente, serviços básicos de saneamento precários, má qualidade na educação), mas os governantes ainda cogitam a alta dos impostos para sanar o problema das contas públicas, ainda apelam para o argumento da falta de recursos como justificativa para a péssima qualidade dos serviços públicos no Brasil.

Segundo estudo de 2013 sobre eficiência de sistemas de saúde feito pela consultoria norte-americana Bloomberg, entre 48 países que têm PIB per capita acima de US$ 5.000, o Brasil ocupou a última colocação no ranking de eficiência dos gastos em saúde. Por sua vez, dados da Pesquisa Assistência Médico-Sanitária do IBGE mostram que, a despeito da vigência da CPMF, o número de leitos hospitalares administrados pelo setor público por 1.000 habitantes caiu de 0,91 em 1992, para 0,87 em 1999, para 0,84 em 2002 e 0,81 em 2005.

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A ineficiência do setor público brasileiro também fica evidente a partir da análise do The Global Competitiveness Report (2014-2015), do World Economic Forum, segundo o qual, entre 144 países, o país amargou a posição 137 no quesito eficiência dos gastos do governo; e do estudo divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), segundo o qual, entre os 30 países com as maiores cargas tributárias, o Brasil ficou pelo 5º ano consecutivo em último no ranking sobre retorno dos impostos.

Gastos não necessariamente resultam na melhoria da qualidade dos serviços e dos indicadores sociais de um país. É preciso romper com a lógica de que a fonte de nossos problemas é a falta de recursos públicos. A raiz do nosso atraso está na ineficiência do setor púbico, no desperdício de recursos, na elevada carga tributária e no excesso de burocracia.

Afora a má administração publica, a CPMF, especificamente, é um tributo que tem um caráter nocivo, dado ser de natureza cumulativa e regressiva e por incidir sobre operações que não podem ser consideradas fatos geradores.

A CPMF representa uma dupla tributação, ou seja, o recolhimento de qualquer outro tributo embutia a sua cobrança ao movimentar recursos para tal. Não bastassem todos esses argumentos, esse tributo restritivo contribuiu para a fixação de um piso para a taxa de juros, fator tão importante para o crescimento da economia brasileira, que pode comprometer neste momento qualquer objetivo de retomada do ritmo de atividade.

Seu efeito em cascata potencializa a carga tributária, principalmente nas cadeias produtivas mais extensas. Além disso, reduz a competividade da produção nacional e, consequentemente, das exportações, problema que está agravado pelo momento delicado das contas externas do País, e aumenta o custo do investimento, que já é reconhecidamente elevado no Brasil.

Calcula-se que esse tributo representaria atualmente a retirada de mais de R$ 60 bilhões do setor privado para os cofres públicos por ano, valor

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impensável em termos de impacto sobre o ritmo da atividade econômica e dos investimentos privados.

O fim da CPMF em 2007 representou a vitória da sociedade contra um dos tributos mais injustos do país, seja pela sua regressividade, seja pelo pesado ônus que impôs à sociedade, além do desvirtuamento de sua finalidade original (investimento na área da saúde).

4. CONCLUSÃO

A FecomercioSP considera que a saída da atual crise passa necessariamente pela mudança do discurso político e pelo ataque aos verdadeiros problemas que emperram o desenvolvimento do País, entre os quais se destacam a gritante ineficiência do setor público e a elevada carga tributária.

O desequilíbrio das contas públicas é estrutural e somente será possível restabelecer a confiança dos agentes econômicos com a retomada de uma agenda de reformas a longo prazo que envolvam redução dos gastos públicos e da burocracia.

Enfim, as alternativas existem e a ressuscitação da CPMF sequer deveria estar entre elas, mas sim aumentar a racionalidade na administração dos gastos públicos, revendo prioridades, buscando ganhos de eficiência no lugar da busca pelos caminhos mais fáceis que oneram os contribuintes.

Diante dessas condições, a FecomercioSP é contra a reedição da CPMF, uma vez que poderá prejudicar o crescimento da economia, já bastante enfraquecido. É hora de cobrar racionalidade no uso do dinheiro por parte do governo e monitorar a gestão de recursos arrecadados com os impostos/

tributos.

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ANEXO: Artigo publicado pelo Presidente da FecomercioSP, Abram Szajman, no jornal Folha de S. Paulo em 25/01/2015

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