DINAMIZANDO O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA SESSÃO REFLEXIVA COM CRIANÇA.
Lúcia de Fátima da Cunha.
Professora Dra. da UNIFACEX (luciacunha@hotmail.com) Maria da Paz Siqueira de Oliveira. Professora Dra. da UNIFACEX
(dpaz28@hotmail.com) RESUMO
Discutese neste pôster a sessão reflexiva com criança, usada como procedimento formativo da pesquisa colaborativa que é uma ferramenta para negociar, entender, analisar e avaliar criticamente as representações e atividade do professor e do aluno nos contextos escolares, possibilitando a construção de nova identidade reflexiva crítica.
Para consecução do objetivo propostos tomei como referencia empírica uma turma de 25 alunos inscritos no 4º ano do Ensino Fundamental no ano letivo de 2013 de uma Escola Municipal da cidade de Natal/RN. As crianças situavamse na faixa etária entre 9 e 12 anos e são provenientes de camadas sociais economicamente desfavorecidas. Essa turma apresentava dificuldade de se concentrar para aprender os conteúdos estabelecidos pelo Currículo escolar para este nível de ensino. Não prestavam atenção as aulas e pareciam muito distantes ou com outras preocupações. Tomamos como referencial teórico os estudos de Magalhães e Celani (2000, 2001), Magalhães (2000) e Liberali (2003, 2002) ressaltam que a sessão reflexiva tornase um local de investigação colaborativa das maneiras conflitantes. É importante destacar que o processo teve alguns entraves provocados pela dificuldade dos alunos saberem respeitar o ponto de vista do outro, escutar e respeitar os problemas pessoais que às vezes afloram na sala de aula que não sendo possível solucionálos poderemos entendêlos e confortar aqueles que os vivenciam.
Palavraschave: Reflexão. Colaboração. Mediação INTRODUÇÃO
É fundamental a participação do outro no processo de aprendizagem. A relação que caracteriza o ensinar e o aprender deveria criar um vínculo afetivo no sentido de sustentar o processo de aprendizagem. Nesse processo, a figura do professor desempenha um papel importante, especificamente no Ensino Fundamental.
O professor é um mediador entre o ensino e a aprendizagem, é aquele que induz o aluno a pensar, a desenvolver o seu conhecimento e a usálo de maneira correta, além de perceber que o conhecimento e aprendizagem estão presentes na vida de todo ser humano durante toda sua existência.
Na tentativa de buscar soluções para promover melhoria da prática docente e da interação professor/alunos no contexto escolar percebi que estas mudanças só poderão
ocorrer através da reflexão por abrir possibilidade de tomada de consciência profissional.
Neste sentido, o professor deve motivar avaliar e principalmente apoiar o aluno.
Sua missão é acompanhar a evolução do aluno, sendo capaz de delinear os objetivos e metas a serem atingidos. Assim, o professor deve criar novas habilidades para assumir o papel de educador. Para isso, alguns processos mentais devem ser desenvolvidos entre outros a reflexão.
No meu entender, a capacidade de refletir é extensiva a todo ser humano inclusive a criança. Nessa perspectiva é que coloco a questão da viabilidade de desenvolver na criança a capacidade de refletir.
Contextualizando o Estudo
Na tentativa de trazer a reflexão para o cotidiano da escola busco na abordagem colaborativa o respaldo teórico metodológico que considero mais adequado, já que se sustenta em três pilares que dão suporte ao trabalho do professor: a) supõe a construção de um objeto do conhecimento entre pesquisador e pesquisado; b) associa ao mesmo tempo atividades de produção do conhecimento e de desenvolvimento profissional; (c) visa uma mediação entre comunidade de pesquisador e comunidade de pesquisado.
É também uma ferramenta para negociar, entender, analisar e avaliar criticamente as representações e atividade do professor e do aluno nos contextos escolares, possibilitando a construção de nova identidade reflexiva crítica.
Magalhães e Celani (2000, 2001), Magalhães (2000) e Liberali (2003, 2002) ressaltam que a sessão reflexiva tornase um local de investigação colaborativa das maneiras conflitantes com que os participantes entendem e avaliam suas representações implícitas em seus conceitos de ensinoaprendizagem e de linguagem; seus próprios modos de agir; a organização da prática discursiva das suas salas de aula; suas novas formas de saber, de atuar e de negociar; e suas intenções e motivos para agir dentro de um contexto específico.
Para consecução do objetivo propostos tomei como referencia empírica uma turma de 25 alunos inscritos no 5º ano do Ensino Fundamental no ano letivo de 2013 de uma Escola Municipal da cidade de Natal/RN.
As crianças situavamse na faixa etária entre 9 e 12 anos e são provenientes de camadas sociais economicamente desfavorecidas. Essa turma apresentava dificuldade
em se concentrar para aprender os conteúdos estabelecidos pelo Currículo escolar para este nível de ensino. Não prestavam atenção as aulas e pareciam muito distantes ou com outras preocupações. Quando indagados sobre a sua desatenção para as aulas mostravamse irritadas e aborrecidas e por vezes ficavam desestimuladas em vir para escola e não obter êxito.
Na busca da solução para o problema resolvemos efetivar uma sessão reflexiva com as crianças.
Para executar uma sessão reflexiva é preciso que o pesquisador obedeça aos seguintes movimentos: descrever, informar, confrontar e reconstruir.
Descrever permite que os indivíduos visualizem suas ações através da descrição das questões ou do problema. Informar permite ao indivíduo compreender onde e como e por que o fato acontece. Confrontar possibilita que o indivíduo critiquese conectando os acontecimentos que influenciam o seu modo de pensar e de agir.
Reconstruir é a busca de alternativas para as ações, e voltar a elas, numa redescrição de cada ação, a partir da compreensão das práticas vivenciadas.
A professora explicou o seguinte: Queria ouvilos – todos iam falar e que precisavam dizer o que estava acontecendo; Gostava muito de explicar e mais ainda, quando eles aprendiam , respondiam de forma adequada as perguntas e questionamentos que eram feitos durante as explicações; Gostava também de corrigir os deveres quando eles tinham conseguido entender e responder sozinhos os exercícios propostos.
Vivenciando o processo reflexivo
A Sessão Reflexiva foi realizada no dia 22/10/14 às 8h. A sala de aula foi organizada em círculo, a professora explicou o problema da falta de atenção dos alunos para aprender e em seguida apresenta à seguinte consigna: O que devemos fazer para resolver este problema?
No princípio os alunos ficaram brincando, rindo e um empurrando os outros para falar. Entendo que essa situação demonstrava a timidez dos alunos para falar de um assunto sério. Daí o aluno A colocou:
Professora eu já havia percebido que muitos alunos não aprendiam como eu e também não aproveitam a aula como deveria, pois eu também gosto de brincar, mas, na escola tem hora para brincar e para estudar. Então, a professora deveria perguntar diretamente aos alunos D, E, J, A, pois estes não sabem para que serve a escola.
Neste momento os referidos alunos quiseram discutir com A de forma agressiva, como exemplo, só quer ser CDF, eu vou lhe pegar lá fora, você vai vê e outros
xingamentos. A professora media o conflito da continuidade do processo de reflexão.
Nesse momento, todos queriam falar de uma só vez e foi quase que unânime que a solução era uma conversa e que cada um deveria assumir consigo o compromisso de cumprir a decisão tomada pelo grupo no sentido de melhorar a aprendizagem e consequentemente a conduta.
Em seguida a professora questionou: Qual é o seu papel na Escola?
Os alunos M, J2, A, S, S1, K, AX – responderam que seu papel na escola era “estudar, aprender a ler, escrever”.
J , R, L – Aprender para ter um futuro melhor.
D – Aprender para não ficar burro.
M1, T, A2, S2, J3 – Estudar para ter um bom emprego.
J4 – Estudar para ser uma pessoa civilizada D3 e D2 – estudar
J – Estudar pra ser alguém na vida, pois minha mãe não estudou e é faxineira.
Os alunos D, E, J e A – não quiseram responder a questão. De imediato A, J1, J3 e S colocaram que eles não queriam responder para não se comprometer e continuar sem aprender.
A professora pergunta: Por que vocês não querem responder?
D –(risos) eu não sei.
E – Isto é uma coisa séria! Responde D. (...) Eu vou responder professora: é muito chato estudar, é muita coisa pra eu saber, eu aprender, eu aprendi lê este ano e não sei muitas palavras, ai acho melhor bagunçar.
J – Eu sei menos que E, e não tenho quem me ajude em casa. Preciso de muita ajuda.
A – Tá bom agora eu vou dizer, eu faço tudo errado e os caras ficam mangando de mim.
As falas evidenciam como é difícil a situação dos alunos e como o professor precisa também ouvir a criança para enfrentar o desafio de educar, criando possibilidades que favoreçam as diversas modalidades de aprendizagem (conhecimentos, atitudes e valores) e desenvolvimento de habilidades mentais e sociais.
Dando prosseguimento ao processo reflexivo a professora perguntou: Para que serve a escola?
Os alunos: AK , AX, S, A, D, J, A1, J1, J, R e D responderam:
Serve para aprender a lê, escrever, contar conhecer outras matérias e melhorar a vida.
S – A escola é importante para quando for no futuro não ser comandado por ninguém eu quero comandar eu quero ser chefe.
J – A escola serve para aprender a ler, escrever para ser alguém na vida e não depender dos outros.
Dando continuidade ela encaminhou o processo de reconstrução que é a última etapa da sessão reflexiva, colocando a questão: O que você pode fazer para aproveitar melhor as aulas?
E foi elencando as seguintes proposições: Prestar atenção às aulas, fazer perguntas quando não entender os conteúdos, entender outro quando perguntar varias vezes a mesma coisa, não se distrair com conversas paralelas, se esforçar para saber mais, cumprir com as tarefas de classe e casa, chegar na hora certa, ser assíduo, participar com interesse, pois a hora das explicações são também importantes.
A professora escreveu as decisões numa folha de papel madeira e colocou na parede de forma que pudessem ser retomadas sempre que necessário.
Conclusão
Esta sessão reflexiva foi de primordial importância, pois os alunos começaram a se sentir parte integrante e responsável pelo seu processo de aprendizagem, como também, começaram a entender que sua participação na resolução dos problemas era importante para a professora e para escola. Perceberam ainda, que a participação do outro contribuía para a aprendizagem de todos.
É importante destacar que o processo teve alguns entraves provocados pela dificuldade dos alunos saberem respeitar o ponto de vista do outro, escutar e respeitar os problemas pessoais que às vezes afloram na sala de aula que não sendo possível solucionálos poderemos entendêlos e confortar aqueles que os vivenciam.
O professor poderá mudar sua perspectiva de planejamento tornandoo mais participativo à medida que poderá discutilo com os alunos, receber suas sugestões e desenvolvêlo de forma colaborativa.
REFERÊNCIAS
LIBERALI, F.C. As linguagens das reflexões. In: MAGALHÃES, M.C.C. (Org.), A formação do professor como profissional crítico. Campina/ SP: Mercado das letras, 2004.
MAGALHÃES, M.C. C. A linguagem na formação de professores como profissionais reflexivos e críticos. In: MAGALHÃES, M.C.C. A formação do professor como um profissional crítico: Linguagem e reflexão (Org.), Campina/ SP: Mercado das letras, 2004.
MAGALHÃES, M.C. C formação do professor como profissional crítico. Campina/
SP: Mercado das letras, 2004.