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EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ACESSIBILIDADE. Ana Abadia dos Santos MENDONÇA 1

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Anais do V Seminário de Pós-Graduação – V SIMPÓS. V.5, 2018.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ACESSIBILIDADE Ana Abadia dos Santos MENDONÇA1

RESUMO: Nos últimos anos a sociedade vivencia a implantação de uma política de inclusão dos alunos com deficiências nas escolas de ensino regular, assinalada pela utilização de medidas de acessibilidade em todos os setores da vida comum, permitindo mobilidade, comunicação, convivência e o acesso educacional. As legislações introduziram nas instituições educacionais discursos em prol da inclusão e a ideia de acesso as escolas públicas como direito efetivo à educação de qualidade. Este artigo traz uma reflexão teórica a respeito da acessibilidade e inclusão educacional, sob o olhar da Educação Especial partindo do entendimento sobre a relevância de problematizar e compreender como diferentes ações e saberes vêm sendo organizadas para os alunos como com características singulares, no intuito de contemplar a constituição da sua inclusão e acessibilidade educacional. Sendo assim, objetiva-se para este artigo a construção de uma discussão teórica sobre os entrelaçamentos entre inclusão educacional, acessibilidade educacional e Educação Especial, apresentando estudos que nos auxiliam a compreender a significância desta relação para a constituição de uma educação de qualidade. É uma pesquisa teórica bibliográfica de abordagem qualitativa que discute a importância da acessibilidade no processo de condução da educação inclusiva. Sendo assim a inclusão escolar só se efetiva se as condições de acessibilidade forem favoráveis aos alunos com deficiências.

Palavras-chave: Alunos com deficiências. Barreiras arquitetônicas. Barreiras Atitudinais.

Aprendizagem.

1. Doutoranda em Educação. Universidade Uberaba (UNIUBE), campus Aeroporto.

Uberaba, MG, Brasil. ana_abadia@yahoo.com.br.

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Anais do V Seminário de Pós-Graduação – V SIMPÓS. V.5, 2018.

INCLUSIVE EDUCATION AND ACCESSIBILITY.

ABSTRACT: In recent years the society has experienced the implementation of a policy of inclusion of students with disabilities in regular schools, which is marked by the use of accessibility measures in all sectors of ordinary life, allowing mobility, communication, coexistence and educational access.

Legislation introduced in educational institutions speeches for inclusion and the idea of access to public schools as an effective right to quality education. This article brings a theoretical reflection about accessibility and educational inclusion, under the Special Education from the understanding of the relevance of problematizing and understanding how different actions and knowledge are being organized for the students as with singular characteristics, in order to contemplate the constitution of its inclusion and educational accessibility. Thus, the objective of this article is the construction of a theoretical discussion about the interlacings between educational inclusion, educational accessibility and Special Education, presenting studies that help us understand the significance of this relation for the constitution of a quality education. It is a theoretical bibliographical research of qualitative approach that discusses the importance of accessibility in the process of conducting inclusive education.

Therefore, school inclusion is only effective if accessibility conditions are favorable to students with disabilities.

Keywords: Students with disabilities. Architectural barriers. Attitudinal Barriers. Learning

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INTRODUÇÃO

Durante muitos anos a educação regular foi marcada por salas de aulas com alunos sem nenhuma deficiência. Professores tinham o propósito de ensinar a todos sem preocupação com deficiência física, intelectual, mental, auditiva, visual e outros transtornos como Autismo, Síndrome de Asperger, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), etc.

As escolas eram unidades escolares que mantinham o professorado e o alunado distante da realidade da existência de pessoas com deficiências que estavam fora do ambiente escolar sem nenhuma perspectiva de frequentarem escolas regulares.

Os prédios nos quais eram alocadas as escolas eram construídos sem nenhuma coerência com os alunos ou professores que possuíam dificuldades de locomoção. Possuíam portas estreitas, escadas sem corrimão e de grande periculosidade de quedas, degraus na saída e entrada das escolas, banheiros minúsculos, bebedouros altos, dentre outros aspectos.

Atualmente a maioria dessas escolas está sendo adaptadas para o público com deficiência, sejam eles professores e/ou alunos, com exceção daqueles prédios que foram tombados pelo Patrimônio Histórico. Nelas estão sendo adaptadas corrimões nas escadas e fita antiderrapante nos degraus, alargamento de portas de salas de aulas e banheiros, adequação de sanitários para deficientes, rampas para pessoas com mobilidade específica, colocação de pias, bebedouros mais baixos, etc.

Acessibilidade e educação inclusiva

Acessibilidade é a ideia de um mundo sem obstáculos, ou seja, o direito de ir e vir, respeitado e colocado em prática, pois assim, se todos respeitassem as diferenças existentes entre as pessoas de se locomoverem, o mundo seria muito mais justo.

O termo acessibilidade significa incluir a pessoa com deficiência na participação de atividades como o uso de produtos, serviços e informações. Alguns exemplos são os prédios com rampas de acesso para cadeira de rodas e banheiros adaptados para deficientes.

Acessibilidade é um atributo essencial do ambiente que garante a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Deve estar presente nos espaços, no meio físico, no transporte, na informação e comunicação, inclusive nos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como em outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na cidade como no campo.

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É um tema ainda pouco difundido, apesar de sua inegável relevância. Considerando que ela gera resultados sociais positivos e contribui para o desenvolvimento inclusivo e sustentável, sua implementação é fundamental, dependendo, porém, de mudanças culturais e atitudinais.

Assim, as decisões governamentais e as políticas púbicas e programas são indispensáveis para impulsionar uma nova forma de pensar, de agir, de construir, de comunicar e de utilizar recursos públicos para garantir a realização dos direitos e da cidadania.

Segundo o Decreto nº 5.296 (Dec nº 5.296 de 02/12/2004, 2004), acessibilidade está relacionada em fornecer condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

No mesmo documento, barreiras são definidas como qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação.

Todos devem ter direitos, deveres e acessos, porém, o mais importante é o respeito às diferenças pessoais. Ao se reconhecer as diversidades e suas necessidades próprias, estamos permitindo suas livres escolhas e a igualdade de oportunidades, chegando definitivamente a uma sociedade mais justa, exercendo seu papel de pluralidade inclusiva, baseada nos direitos humanos.

O projeto de inclusão mencionado da Constituição Federal de 1988 se estabelece a partir de ações do Poder Público com o intuito de assegurar a educação para todos em sua forma mais ampla: o acesso e a permanência no ensino obrigatório, gratuito e de boa qualidade.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996) prevê a garantia de vagas na escola regular para educandos portadores de necessidades especiais desde a Educação Infantil.

Para isso a instituição de ensino deve estar pronta para receber o educando portador de necessidades especiais e/ou mobilidade reduzida. Isso compreende não só a adaptação do espaço arquitetônico da instituição como também a habilitação e capacitação de profissionais para que a inclusão dos portadores de necessidades especiais no contexto educacional aconteça naturalmente.

De acordo com as Normas Técnicas Brasileiras de Acessibilidade (ABNT/NBR – 9050/20042), “acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance, percepção e

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entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”.

Sendo assim, todos os espaços, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, devem atender ao disposto nesta Norma para serem considerados acessíveis.

É então, neste contexto, que a escola deve se tornar o ambiente mais acessível e adaptado para inclusão de seus alunos portadores de necessidades educacionais especiais, bem como de modificações e adaptações na sua estrutura física, para que ocorra a eliminação de qualquer tipo de barreira ao ensino escolar de qualidade.

Entende-se que nas escolas públicas deve encontrar uma maneira de eliminar as barreiras existentes para oferecer o acesso necessário. De acordo com o Art. 24 do Dec.

5.269/2004:

Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios e instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários. (Dec. 5.269/2004, Art. 24).

De acordo com a legislação vigente. Para que um estabelecimento de ensino tenha sua autorização de funcionamento, abertura ou renovação de curso concedidas ele deverá comprovar que está cumprindo todas as regras previstas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica ou no Decreto 5.269 de 12 de dezembro de 2004.

De acordo com Godinho (2010):

A Acessibilidade consiste na facilidade de acesso e de uso de ambientes, produtos e serviços por qualquer pessoa e em diferentes contextos.

Envolve o Design Inclusivo, oferta de um leque variado de produtos e serviços que cubram as necessidades de diferentes populações, adaptação, meios alternativos de informação, comunicação, mobilidade e manipulação, produtos e serviços de apoio/acessibilidade (GODINHO, 2010, p. 36). .

Portanto, os professores, os gestores, os pedagogos precisam atentar para o conceito de acessibilidade na escola buscando ampliá-lo e não permitir que o mesmo caia no equivoco que por vezes o conceito de inclusão tem se encaminhado.

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A educação inclusiva tem como principio básico, a minimização de todo e qualquer tipo de exclusão em arenas educacionais e, com isso, elevar ao máximo o nível de participação das pessoas envolvidas nesse ambiente (SANTOS et al., 2006). Segundo o Ministério da Educação (BRASIL, 2005), a inclusão significa transposição de barreiras e fortalecimento de novos paradigmas educacionais ao atendimento de diferentes necessidades, garantindo os direitos de todos.

A inclusão, defendida por educadores como Carvalho (1998, 2004), Mantoan (2003, 2006), Mittler (2003), Rodrigues (2006), Santos e Paulino (2008) promulga educação para todos e baseia- -se no ensino voltado para atender à diversidade e contempla as singularidades, reforçando a compreensão de que a diferença é inerente ao ser humano.

Para estudiosos como, Pacheco e Costas (2005) a lei protege as pessoas com necessidades especiais, o que inclui a pessoa com deficiência, desde a educação elementar até ao ensino superior. Diante disso, importa ressaltar que no Brasil a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 e com a regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), nº. 9.394/96, as pessoas com deficiência têm reconhecido o seu direito a uma educação de qualidade.

Para Glat, Machado & Braun (2006), a Educação Inclusiva não consiste apenas em matricular o aluno com deficiência em escola ou turma regular como um espaço de convivência para desenvolver sua ‘socialização’. A inclusão escolar só é significativa se proporcionar o ingresso e permanência do aluno na escola com aproveitamento acadêmico, e isso só ocorrerá a partir da atenção às suas peculiaridades de aprendizagem e desenvolvimento.

Nessa perspectiva, podemos dizer que o “ingresso” e “permanência” na vida escolar deve ser aplicado também aos indivíduos que estão, de alguma forma, excluídos do processo educacional, não apenas em razão de barreiras arquitetônicas, como é o caso de educandos com deficiência física, que se utilizam da cadeira de rodas, os chamados “cadeirantes”, e muitas das vezes não encontram uma escola adequada, tendo de se deslocar até mesmo para outra cidade, a fim de buscar a inclusão educacional. As barreiras são, na verdade, das mais diferentes ordens, sejam elas sociais, econômicas, religiosas e raciais.

Sassaki (2004) acredita que o conceito de acessibilidade deve ser incorporado aos conteúdos programáticos ou curriculares. Ele divide o conceito de acessibilidade em seis dimensões: arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal.

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A educação inclusiva ou educação especial como assim é denominada pela lei 9394-96 que assim a define no seu artigo 58: “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” (BRASIL, 1996).

Neste sentido, a educação que atenda os princípios de equidade deve estar centrada numa preocupação de acessibilidade numa significação bem maior do que é preconizada nas práticas pedagógicas que valorizam o modelo de educação que se reduza apenas a sala de aula;

sem dúvida é importante assegurar ao educando todos aqueles instrumentos previstos por lei já citada anteriormente e que segue afirmando no artigo 59: “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades” (BRASIL, 1996).

É preciso atentar para um modelo de educação inclusiva que reflita sobre o espaço escolar como um espaço de convivência do educando em que estão postos todas as suas necessidades e possibilidades de crescimento. Como afirma Paulo Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 1981, p. 68). Neste sentido a educação deve ser pautada no princípio da equidade, da fraternidade, da solidariedade, permitindo um olhar mais amplo sobre o cotidiano de seus educandos.

Os educandos com deficiência podem ser considerados em desvantagem em relação aos seus colegas, visto que em seu entorno existem diversas barreiras que são quase determinantes para seu fracasso no pleno acesso a uma formação de qualidade. Neste sentido, o que se refere aqui ao pensar na acessibilidade na educação, faz-se necessário refletir na vida do educando dentro e fora do espaço escolar. Alguns pontos pode-se perceber como responsabilidade de todos que fazem parte do contexto escolar: professores, gestores, funcionários, psicopedagogos, familiares, como forma de alcançar melhores resultados na plena acessibilidade.

MATERIAL E MÉTODOS

Este artigo traz uma reflexão teórica a respeito da acessibilidade e inclusão educacional, sob o olhar da Educação Especial (assim é denominado a inclusão na LDB 9394/96), partindo do entendimento sobre a relevância de problematizar e compreender como diferentes ações e

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saberes vêm sendo organizadas para os alunos como com características singulares, no intuito de contemplar a constituição da sua inclusão e acessibilidade educacional.

Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), a atuação da Educação Especial na escola visa elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as possíveis barreiras para a plena participação e aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais nas instituições educacionais (BRASIL, 2008). Logo, os conhecimentos, recursos e metodologias inerentes à esta modalidade podem ser acessados para auxiliar na elaboração de estratégias para organização da inclusão e acessibilidade educacional nas escolas para todos os alunos.

Neste sentido, Bayer (2006, p. 28) questiona “[...] assim, a questão que passou a ser formulada foi: como, de que forma, com que meios pôr em movimento ações escolares inclusivas? ” Porém, oferece possibilidades, que implicitamente confirmam a supra afirmação dizendo que,

Precisamos entender que as crianças são diferentes entre si. Elas são únicas em sua forma de pensar e aprender. Todas as crianças, não apenas as que apresentam alguma limitação ou deficiência, são especiais. Por isto, também é errado exigir de diferentes crianças o mesmo desempenho e lidar com elas de maneira uniforme. O ensino deve ser organizado de forma que contemple as crianças em suas distintas capacidades (BEYER, 2006, p.28)

Blanco (2004) complementa a ideia apresentada acima, quando traz que as instituições educativas têm a difícil e obrigatória tarefa de ensinar, respeitando e considerando as necessidades, diversidade e diferenças de cada um e, ainda, oferecendo igualdade de oportunidades.

Complementando com a participação efetiva no processo de ensino-aprendizagem, sugere-se que esta assertiva compreende uma conceitualização ampla de uma educação inclusiva que garante a acessibilidade educacional de seus alunos.

Sendo assim, objetiva-se para este artigo a construção de uma discussão teórica sobre os entrelaçamentos entre inclusão educacional, acessibilidade educacional e Educação Especial, apresentando estudos que nos auxiliam a compreender a significância desta relação para a constituição de uma educação de qualidade.

Para contemplar o objetivo deste artigo, parte-se de uma abordagem qualitativa da pesquisa, parafraseando Oliveira (2008) e Gil (2010), tem-se que a pesquisa qualitativa é um

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estudo aprofundado, detalhado e explicativo do objeto escolhido para investigação, através da busca por informações legítimas.

Ainda como método utiliza-se a pesquisa bibliográfica, que segundo Oliveira (2008, p.

69) apresenta-se como “[...] um estudo direto em fontes científicas, sem precisar recorrer diretamente aos fatos/fenômenos da realidade empírica”. Escolheu-se este método pela necessidade de estudar e discutir diferentes conhecimentos para construir relação pretendida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A acessibilidade prevê a eliminação de barreiras presentes no ambiente físico e social que impedem ou dificultam a plena participação das pessoas com e sem deficiência em todos os aspectos da vida contemporânea. A acessibilidade é fundamental para a inclusão em diferentes contextos, tais como: arquitetônico, comunicacional, metodológico, instrumental, atitudinal, programático, entre outros.

As tecnologias assistivas (TA) configuram como uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, de grande importância no campo da acessibilidade, atuando como um complemento ao desenho universal.

Entende-se como tecnologia assistiva instrumentos, meios ou equipamentos criados especificamente para compensar os efeitos de uma deficiência e ampliar, manter ou melhorar a capacidade funcional na interface com o ambiente. Guimarães (2013) discute como tecnologia assistiva, equipamentos de mobilidade como muletas, bengalas, cadeira de rodas e seus acessórios eletrônicos passam a ser esse elo dessa relação. Uma cadeira de rodas motorizada pode permitir a um tetraplégico a passagem por uma porta ampla ou a utilização de uma rampa suave com conforto e segurança. Acessórios eletrônicos podem ser acoplados à cadeira motorizada para que a pessoa amplie seu poder de controle à distância.

• Acessibilidade arquitetônica: eliminação de barreiras ambientais físicas nas residências, nos edifícios, nos espaços e equipamentos urbanos, nos meios de transporte individuais ou coletivos.

Sassaki (2009) reforça que no campo educacional é necessário que exiga guias rebaixadas na calçada defronte à entrada da escola, caminhos em superfície acessível por todo o espaço físico dentro da escola, portas largas em todas as salas e demais recintos, sanitários largos, torneiras acessíveis, boa iluminação, boa ventilação, correta localização de mobílias e

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equipamentos etc. Implantação de amplos corredores com faixas indicativas de alto contraste, elevadores, rampas no trajeto para o recinto da biblioteca e áreas de circulação dentro dos espaços internos desse recinto entre as prateleiras e estantes, as mesas e cadeiras e os equipamentos (máquinas que ampliam letras de livros, jornais e revistas, computadores etc.).

• Acessibilidade metodológica: eliminação de barreiras nos métodos e técnicas de estudos (escolar), de trabalho (profissional), de ação comunitária (social, cultural, artística etc.) e de educação familiar.

Para Carvalho (2006), deve ser utilizada para garantir que todos os métodos de ensino, trabalho e lazer sejam homogêneos,“sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo (adaptações curriculares, aulas baseadas nas inteligências múltiplas, uso de todos os estilos de aprendizagem, participação do todo de cada aluno, novo conceito de avaliação de aprendizagem, novo conceito de educação, novo conceito de logística didática, etc.), de trabalho (métodos e técnicas de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos, ergonomia, novo conceito de fluxograma, empoderamento, etc.), de ação comunitária (metodologia social, cultural, artística, etc. baseada em participação ativa), de educação dos filhos (novos métodos e técnicas nas relações familiares etc.) e de outras áreas de atuação.”

• Acessibilidade atitudinal: eliminação de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações nas pessoas em geral.

Carvalho (2006) enfoca que a acessibilidade se apresenta nas atitudes preconceituosas e discriminadoras em relação às pessoas com deficiência; que pode ser revertida através de programas e práticas de sensibilização e conscientização da sociedade em geral. Muitas vezes, apesar de não manifestarmos qualquer atitude discriminatória, estamos indiretamente contribuindo para isso, pois é um dever de todos zelar pelo devido cumprimento dos direitos das pessoas com deficiência e, mesmo assim, vemos locais e meios de transporte sem qualquer acessibilidade, ou presenciarmos atitudes preconceituosas e nada fazermos para modificá-la.

Acessibilidade ambiental em comunicação total: Eliminação de barreiras na comunicação interpessoal (oral, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braille e o uso de computador portátil) e virtual (acessibilidade digital).

É necessário que os profissionais de ensino aprendam sobre formas variadas e complementares de linguagem e que as utilizem em seu cotidiano de ensino para todos os estudantes, com ou sem problemas aparentes de mobilidade, comunicação ou de percepção sensorial (GUIMARÃES, 2000).

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Em sala de aula, podemos representar soluções de escala compatível para que todos os estudantes estejam envolvidos com o aprendizado. O próprio espaço da sala de aula livre de mobiliário é fator de comunicação quando crianças podem usar seu corpo para expressão e mobilidade. Luzes especiais podem ser acionadas em flashes para captar a atenção de alunos.

Computadores portáteis, projetores e telas servem de fundo para a apresentação de mídias, dispensando o uso da lousa como único recurso de registro gráfico de traços e palavras.

Ainda segundo Guimarães (2000), como comunicação total, deve-se buscar a familiaridade de todos não só com o conteúdo de mensagens, mas quanto à diversidade em seu formato. O ensino inclusivo deve fazer uso da comunicação por mais de um sentido da percepção. Estudantes devem aprender a construir mapas táteis e modelos tridimensionais para apreender a lógica de sua função nas experiências de localização e navegação pelos ambientes.

Simulações de compreensão de mensagens com restrição de um ou mais sentidos auxiliam o aprendizado e o compartilhamento de experiências. Crianças sem deficiência aparente podem aprender brincando a se expressar de modo inusitado, como a ler com os dedos e a falar com as mãos.

Transporte escolar: acessibilidade além dos muros da escola Especialista em educação inclusiva Galery (2011) esclarece a importância da questão do transporte escolar como parte das políticas públicas de uma rede inclusiva. Grandes investimentos têm sido feitos pelas secretarias estaduais e municipais de educação no sentido de tornar os ambientes físicos escolares acessíveis, construindo rampas, elevadores, pisos e sinalização táteis, entre outros. A questão do transporte, contudo, nem sempre é contemplada por esses esforços. A consequência disso é que os estudantes, mesmo tendo um ambiente adequado nos prédios escolares, não conseguem transpor as distâncias entre suas próprias casas e as escolas.

Acessibilidade de materiais didáticos. Augusto Galery (fala da importância da acessibilidade dos materiais didáticos para a garantia de acesso ao conhecimento por todos.

A palavra “acessibilidade” vem sendo vinculada, muitas vezes, aos aspectos arquitetônicos da inclusão das pessoas com deficiência, como a construção de rampas, a ampliação de portas, os banheiros adaptados etc.

As especificações de acessibilidade desses materiais são definidas pela norma brasileira NBR 15.599, lançada em 2008 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A normativa é imprescindível para que gestores disponibilizem aos educadores as versões necessárias para o uso inclusivo desses recursos, já que podemos entender

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a aprendizagem enquanto processos comunicacionais, interativos e permanentes. A popularização da tecnologia ampliou os formatos dos materiais didáticos, que podem ser impressos, audiovisuais, eletrônicos etc. Todas essas possibilidades trazem vantagens para o professor, pois podem deixar a aula mais interessante e dinâmica. Mas esses formatos, se não forem devidamente tratados, podem segregar determinados estudantes com deficiência.

CONCLUSÕES

O estudo demonstrou que compreender sobre os direitos da pessoa com deficiência e garantir o acesso e permanência no ensino superior desses alunos, não basta para efetivamente haver mudanças na estrutura da escola.

Uma educação inclusiva demanda, necessariamente, investimentos em materiais pedagógicos e em qualificação de professores, uma infraestrutura adequada para ingresso, acesso e permanência e estar atento a qualquer forma de discriminação. Muitas vezes, no entanto, as práticas inclusivas se distanciam em demasia das proposições teóricas e legais.

Nesse contexto tornou-se notória a insatisfação dos personagens envolvidos no processo.

Com relação a acessibilidade. Ela é tão importante quanto ao processo ensino aprendizagem. Na medida em que pode ter uma rampa adequada para alunos com deficiências ou com mobilidade reduzida, banheiros adaptados, corrimões e fita antiderrapante nas escadas, currículos adaptados, uma melhora das barreiras atitudinais por parte de professores, diretores, coordenados e demais alunos, materiais didáticos acessíveis aos alunos deficientes, a acessibilidade comunicacional com BIBRAS e BRAILLE para deficientes auditivos e visuais e as tecnologias assistivas, a inclusão escolar pode dar certo e todos os alunos sejam com deficiência são escolarizados e mais humanizados.

É necessário a adoção de medidas de curto, médio e longo prazos que provoque o desenvolvimento de um processo de transformação cultural e social nas instituições educacionais, para com isto se incorpore as acessibilidades no interior das escolas.

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