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Versão anonimizada. Tradução C-88/19-1. Processo C-88/19. Pedido de decisão prejudicial. Asociaţia «Alianţa pentru combaterea abuzurilor»

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Versão anonimizada

Tradução C-88/19 - 1

Processo C-88/19 Pedido de decisão prejudicial Data de entrada:

7 de fevereiro de 2019 Órgão jurisdicional de reenvio:

Judecătoria Zărnești (Tribunal de Primeira Instância de Zărneşti, Roménia)

Data da decisão de reenvio:

15 de novembro de 2018 Recorrente:

Asociaţia «Alianţa pentru combaterea abuzurilor»

Recorridos:

TM UN

Asociaţia DMPA

[Omissis]

Judecătoria ZĂRNEŞTI (Tribunal de Primeira Instância de Zărneşti, Roménia)

[Omissis]

AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA PEDIDO DE DECISÃO PREJUDICIAL

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O Judecătoria Zărneşti Zărneşti (Tribunal de Primeira Instância Zărneşti, Roménia), a pedido da recorrente, a associação «Alianţa pentru Combaterea abuzurilor» [«Aliança para Combater o Abuso»](a seguir: «Asociaţia»), [omissis]

nos termos do artigo 267.° do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, requer ao

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA

que responda à seguinte questão prejudicial relativa à interpretação do artigo 16.°

da Diretiva 92/43/CEE [omissis]:

1. [Omissis] Deve o artigo 16.° da Diretiva 92/43/CEE ser interpretado no sentido de que impõe aos Estados-Membros que estabeleçam derrogações aos artigos 12.°, 13.°, 14.° e 15.°, alíneas a) e b), também nos casos em que os animais pertencentes às espécies ameaçadas abandonam o habitat natural e se encontram nas suas imediações ou completamente fora dele?

Objeto do litígio Factos pertinentes [Omissis]

1. Factos considerados pelo órgão jurisdicional da audiência preliminar:

2. Em 09 de maio de 2017 a Asociaţia apresentou uma denúncia contra:

– O recorrido TM, da Associação Direcţia pentru Monitorizarea şi Protecţia Animalelor (Direção para a Monitorização e Proteção dos Animais: a seguir

«DMPA»);

– A recorrida UN, médica veterinária da S.C. Creative Vet Zone S.R.L.;

– A pessoa coletiva DMPA e outros seus trabalhadores, pelos crimes previstos no artigo 52.°, alínea d), em conjugação com o artigo 33.°, n.° 1, alíneas a) e f) do Ordonanţa de urgenţă nr. 57/2007 privind regimul ariilor naturale protejate, conservarea habitatelor naturale, a florei și faunei sălbatice (Decreto-Lei n.° 57/2007 sobre o regime de zonas naturais protegidas, sobre preservação dos habitats naturais, da fauna e da flora selvagens; a seguir «O.U.G. n.° 57/2007») pela captura e transporte em condições inapropriadas de um animal selvagem da espécie canis lupus, que consta do anexo n.° 4 A do O.U.G. n.° 57/2007.

3. Em 6 de novembro de 2016 pelas 19 horas, os trabalhadores da DMPA conjuntamente com a médica veterinária UN, empregada da SC Creative Vet Zone S.R.L., sob a coordenação do [recorrido] TM, deslocaram-se à localidade de Șimon, município de Bran, provincia de Brașov, com o objetivo de capturar e recolocar um espécime de lobo (canis lupus) que durante vários dias frequentou a propriedade de um habitante do local, brincando e comendo com os cães da sua família. O lobo foi atingido por um projétil que continha substâncias medicinais veterinárias estupefacientes e psicotrópicas e depois foi perseguido e recolhido do

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solo de forma contrária às normas relativas à proteção dos animais previstas no anexo I, capítulo III, ponto 1.8, alínea d), do [Regulamento (CE) n.° 1/2005].

4. O animal da espécie canis lupus capturado desta forma foi levantado pela cauda e pela nuca, transportado até um veículo que não se encontrava nas imediações e colocado numa jaula de transporte de cães, em violação das disposições do anexo I, capítulo I, ponto 2, alínea a), do Regulamento (CE) n.° 1/2005, relativo à proteção dos animais durante o transporte e operações afins e que altera as Diretivas 64/432/CEE e 93/119/CE e o Regulamento (CE) n.° 1255/97.

5. Depois de colocar o lobo, sedado, na jaula, os empregados da DMPA organizaram o seu transporte para a reserva de ursos Libearty, da cidade de Zărnești, provincia de Brașov, reserva também dotada de uma área vedada destinada aos lobos resgatados de jardins zoológicos não adequados. No entanto, durante a viagem o lobo conseguiu partir a jaula em que foi colocado e, aproveitando-se das condições inapropriadas em que foi transportado, ou seja, num veículo aberto, escapou escondendo-se nos bosques da região.

6. Da denúncia depreende-se que o lobo, a partir do momento em que a espécie lobo consta do anexo n.° 4 A do O.U.G. n.° 57/2007, a sua captura e o seu transporte apenas pode ter lugar após a obtenção do parecer da Autoridade Pública Central para a Proteção do Ambiente – Ministrului Mediului (Ministério do Ambiente, Roménia), através da Direcția Biodiversitate (Direção para a Biodiversidade, Roménia) nos casos em que são respeitadas as condições de derrogação a que se refere o artigo 38.°, n.° 1, alíneas a) a e) do O.U.G. n.° 57/2007, dos artigos 21.°, 22.° e 23.° do O.U.G. n.° 57/2007 e do Ordinul ministrului mediului nr. 203/14 din 05.03.2009 privind procedimento de determinação de la derogărilor măsurile de de floră și Protecție um Victimelor speciilor faună sălbatică (Regulamento do Ministro do Ambiente n.° 203/14, de 5 de março de 2009, sobre o procedimento para estabelecer derrogações às medidas de proteção da fauna e da flora selvagens). No entanto, esse parecer não foi obtido.

Disposições do direito da União aplicáveis/relevantes no caso em apreço Disposições relevantes do Regulamento (CE) n.° 1/2005 do Conselho, de 22 de dezembro de 2004, relativo à proteção dos animais durante o transporte e operações afins e que altera as Diretivas 64/432/CEE e 93/119/CE e o Regulamento (CE) n.° 1255/97

7. O artigo 1.°, n.° 5, do regulamento prevê:

«O presente regulamento não é aplicável ao transporte de animais que não seja efetuado em relação com atividades económicas, nem ao transporte direto de animais de ou para clínicas ou consultórios veterinários por indicação de um veterinário».

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8. Os pontos 1, 2 e 5 do capítulo I, do anexo I - Normas técnicas, do regulamento, preveem:

«Aptidão para o transporte

1. Não pode ser transportado nenhum animal que não esteja apto a efetuar a viagem prevista, nem as condições de transporte podem ser de molde a expor o animal a ferimentos ou sofrimento desnecessários.

2. Os animais feridos ou que apresentem problemas fisiológicos ou patologias não podem ser considerados aptos a serem transportados, nomeadamente, se:

a) Forem incapazes de se deslocar autonomamente sem dor ou de caminhar sem assistência;

5. Não devem ser utilizados sedativos em animais a serem transportados, exceto se tal for estritamente necessário para garantir o bem-estar dos animais; os sedativos apenas podem ser utilizados sob controlo veterinário».

Disposições relevantes da Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio de 1992, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens

9. O artigo 1.° da diretiva prevê:

«Para efeitos da presente diretiva, entende-se por:

a) Conservação: o conjunto das medidas necessárias para manter ou restabelecer os habitats naturais e as populações de espécies da fauna e da flora selvagens num estado favorável, tal como definido nas alíneas e) e i);

b) Habitats naturais: zonas terrestres ou aquáticas que se distinguem por características geográficas abióticas e bióticas, quer sejam inteiramente naturais quer seminaturais».

10. O artigo 2.° da diretiva prevê:

1. «A presente diretiva tem por objetivo contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens no território europeu dos Estados-Membros em que o Tratado é aplicável.

2. As medidas tomadas ao abrigo da presente diretiva destinam-se a garantir a conservação ou o restabelecimento dos habitats naturais e das espécies selvagens de interesse comunitário num estado de conservação favorável».

11. O artigo 12.° da diretiva prevê:

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«1. Os Estados-Membros tomarão as medidas necessárias para instituir um sistema de proteção rigorosa das espécies animais constantes do anexo IV a) dentro da sua área de repartição natural proibindo:

a) Todas as formas de captura ou abate intencionais de espécimes dessas espécies capturados no meio natural;

b) A perturbação intencional dessas espécies, nomeadamente durante o período de reprodução, de dependência, de hibernação e de migração;

c) A destruição ou a recolha intencionais de ovos no meio natural;

d) A deterioração ou a destruição dos locais de reprodução ou áreas de repouso.

2. Relativamente a estas espécies, os Estados-Membros proibirão a detenção, o transporte, o comércio ou a troca e a oferta para fins de venda ou de troca de espécimes capturados no meio natural, com exceção dos espécimes colhidos legalmente antes da entrada em vigor da presente diretiva.

3. As proibições referidas nas alíneas a) e b) do n.° 1 e no n.° 2 aplicam-se a todas as fases da vida dos animais abrangidos pelo presente artigo.

4. Os Estados-Membros instituirão um sistema de vigilância permanente das capturas ou abates acidentais das espécies da fauna enumeradas no anexo IV, alínea a). Com base nas informações recolhidas, os Estados-Membros analisarão a necessidade de subsequentes investigações ou medidas de conservação com vista a garantir que as capturas ou abates acidentais não tenham um impacte negativo importante nas espécies em questão».

12. O artigo 16.° da diretiva prevê:

«1. Desde que não exista outra solução satisfatória e que a derrogação não prejudique a manutenção das populações da espécie em causa na sua área de repartição natural, num estado de conservação favorável, os Estados-Membros poderão derrogar o disposto nos artigos 12.°, 13.° e 14.° e nas alíneas a) e b) do artigo 15.°:

a) No interesse da proteção da fauna e da flora selvagens e da conservação dos habitats naturais;

b) Para evitar prejuízos sérios, nomeadamente às culturas, à criação de gado, às florestas, às zonas de pesca e às águas e a outras formas de propriedade;

c) No interesse da saúde e da segurança públicas ou por outras razões imperativas ou de interesse público prioritário, incluindo razões de caráter social ou económico e a consequências benéficas de importância primordial para o ambiente;».

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Disposições relevantes do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia,

13. O seu artigo 13.° prevê:

«Na definição e aplicação das políticas da União nos domínios da agricultura, da pesca, dos transportes, do mercado interno, da investigação e desenvolvimento tecnológico e do espaço, a União e os Estados-Membros terão plenamente em conta as exigências em matéria de bem-estar dos animais, enquanto seres sensíveis, respeitando simultaneamente as disposições legislativas e administrativas e os costumes dos Estados-Membros, nomeadamente em matéria de ritos religiosos, tradições culturais e património regional».

Disposições nacionais aplicáveis no caso em apreço. Jurisprudência nacional relevante/pertinente

Disposições relevantes do O.U.G. n.° 57/2007 14. O seu artigo 4.°, n.° 14 prevê:

«Meio natural – conjunto dos componentes, das estruturas e dos processos físico-geográficos, biológicos e biocenóticos naturais, terrestres e aquáticos, que é guardião da vida e gerador dos seus recursos necessários»;

15. O seu artigo 33.° prevê:

«Artigo 33.°

1. Em relação às espécies de plantas e animais selvagens terrestres, aquáticos e subterrâneos, previstos no anexo n.° 4A e 4B, com exceção das espécies de aves que vivem quer em zonas naturais protegidas quer fora delas, são proibidas:

a) Todas as formas de recolha, captura, abate, destruição ou lesão dos espécimes que se encontram no seu meio natural em qualquer fase do seu ciclo de vida;

b) A perturbação intencional durante o período de reprodução, de crescimento, de hibernação e de migração;

c) A deterioração, a destruição e/ou recolha intencionais dos ninhos e/ou dos ovos na natureza;

d) A deterioração ou a destruição dos locais de reprodução ou das áreas de repouso;

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e) A colheita das flores e dos frutos, a colheita, o corte, o desenraizamento ou a destruição intencionais dessas plantas no seu meio natural, em qualquer fase do seu ciclo biológico;

f) A detenção, o transporte, a venda ou a troca para quaisquer fins nomeadamente a proposta de troca ou de venda dos espécimes capturados no meio natural, em qualquer fase do seu ciclo biológico».

[Omissis]

[Omissis] [disposições sobre aves]

16. O seu artigo 38.° prevê o seguinte:

«1. Em derrogação das disposições do artigo 33.°, n.° 1 a 4 e do artigo 37.°, n.° 1, a autoridade pública central para a proteção do ambiente estabelece, anualmente e sempre que se revele necessário, derrogações desde que não exista uma alternativa aceitável e as medidas de derrogação não prejudiquem a manutenção das populações das espécies em causa num estado de conservação favorável, na sua área natural e apenas nos seguintes casos:

a) para proteção da fauna e da flora selvagens e da conservação dos habitats naturais;

b) para evitar danos significativos, nomeadamente para as culturas agrícolas, os animais domésticos, as florestas, a pesca e as águas e para as espécies de animais, com exceção das aves, e para a prevenção de danos graves para outras formas de propriedade;

c) no interesse da saúde e da segurança pública e para as espécies de animais, com exceção das aves, ou por outras razões de interesse público, incluindo de caráter social ou económico, e para as consequências benéficas de importância primordial para o ambiente;

d) para fins de investigação e de educação, de repovoamento e de reintrodução dessas espécies e para as operações de reprodução necessárias a esses fins, incluindo a reprodução artificial das plantas;

e) para permitir, em condições estritamente controladas e de uma forma seletiva e numa dimensão limitada, a captura ou detenção de um número limitado e especificado de espécimes de algumas espécies de aves e das espécies constantes dos anexos n.° 4A e B;

f) no interesse da segurança aérea, para todas as espécies de aves, incluindo as espécies migratórias;

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2. As derrogações são estabelecidas por decisão da autoridade pública central para a proteção do ambiente e a proteção das florestas, com o parecer da Academiei Română (Academia Romena).

(21) Em derrogação do disposto no n.° 2, para estabelecer as exceções relativas a todas as espécies de aves e às espécies de mamíferos referidos nos anexos n.os 4 A e B também se exige o parecer favorável da autoridade pública central para a proteção do ambiente e das florestas.

(22) O procedimento para estabelecer as derrogações é aprovado por despacho da autoridade pública central para a proteção do ambiente e das florestas.

(23) As exceções a que se refere o n.° 21 devem especificar o seguinte:

a) As espécies que são objeto das derrogações;

b) Os meios, instalações ou métodos autorizados de captura ou de abate;

c) As condições de risco e as circunstâncias de tempo e de lugar em que essas derrogações podem ser aplicadas;

d) A autoridade habilitada a declarar que as condições estabelecidas se encontram reunidas e a decidir quais os meios, instalações ou métodos que podem ser utilizados, em que limites e por quem;

e) as medidas de controlo que devem ser adotadas.

3. A autoridade competente para a proteção do ambiente envia à Comissão Europeia relatórios sobre as derrogações aplicadas, do seguinte modo:

a) anualmente, no que se refere às derrogações aplicadas às espécies de aves selvagens;

b) de dois em dois anos, no que se refere às derrogações aplicadas às espécies selvagens referidas no anexo n.° 4 A.

4. Os relatórios referidos no n.° 3 conterão informações sobre:

a) As espécies que são objeto das derrogações e o motivo da derrogação, incluindo a natureza do risco e, se for o caso, a indicação das soluções alternativas rejeitadas e os dados científicos que as fundamentam;

b) Os meios, os dispositivos ou os métodos autorizados para a captura ou o abate de espécies animais e as razões da sua utilização;

c) As circunstâncias de tempo e de local em que essas derrogações são concedidas;

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d) A autoridade habilitada a declarar e a controlar se se encontram reunidas as condições exigidas e a decidir quais os meios, dispositivos ou métodos que podem ser utilizados, em que limites e por que entidades/serviços ou pessoas;

e) As medidas de controlo aplicadas e os resultados obtidos».

17. O artigo 52.° do O.U.G. prevê:

«Constitui crime punido com pena de prisão de 3 meses a um ano, ou com multa, a prática de um dos seguintes factos:

d) a violação das disposições do artigo 33.°, n.os 1 e 2».

Fundamentos que levaram o órgão jurisdicional a apresentar o pedido de decisão prejudicial

18. A questão prejudicial visa, em particular [clarificar] se a captura ou o abate intencionais de espécimes de animais selvagens pertencentes à espécie lobo podem ocorrer mesmo sem a derrogação prevista no artigo 16.° da Diretiva 92/43/CEE, de 21 de maio de 1992, no caso em que os animais são surpreendidos na periferia das localidades ou quando entram no território de uma unidade administrativa territorial ou [se] a derrogação é necessária para qualquer espécime selvagem que se encontre em cativeiro, independentemente do facto de entrar no raio de uma unidade administrativa territorial[.]

19. Considerando que o órgão jurisdicional deve pronunciar-se num recurso interposto contra um pedido de arquivamento formulado pelo Ministério Público que diz respeito a uma eventual infração cometida na captura de um animal pertencente a uma espécie ameaçada, cuja proteção é uma prioridade [omissis] no âmbito do direito da União Europeia e para tornar eficaz o primado deste último, é necessário conhecer a interpretação do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre a Diretiva 92/43/CEE, de 21 de maio de 1992.

20. Não foram identificadas as decisões dos tribunais nacionais sobre esta matéria.

21. O órgão jurisdicional considera que a questão principal suscitada no presente reenvio prejudicial é a da conformidade de algumas disposições do direito nacional com a Diretiva 92/43/CEE, de 21 de maio de 1992, e não a natureza criminal dos factos denunciados. Além disso, toda a situação jurídica tem como fundamento uma denúncia formulada nos termos do ato normativo de transposição da Diretiva 92/43/CEE. Assim, a Diretiva [92/43]/CEE é relevante no caso em apreço e o conflito de direito diz respeito à transposição dessa diretiva.

22. O órgão jurisdicional observa que a diretiva diz respeito à proteção das espécies ameaçadas no seu habitat natural. Todo o regime jurídico de proteção dessas espécies só produz efeitos na medida em que um espécime de animal que pertence a uma espécie de importância comunitária não abandona o habitat natural em que

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intencionais de espécimes dessas espécies capturados no meio natural [artigo 12.°, n.° 1, alínea a), da diretiva].

23. No entanto, a questão de direito que constitui o objeto do litígio tem por base o caso em que o espécime que pertence a uma espécie protegida abandonou o seu habitat natural, colocando em perigo a segurança pública.

24. O órgão jurisdicional considera que existem vários fatores que podem levar alguns animais pertencentes às espécies ameaçadas a sair do habitat natural para procurar outros ambientes mais favoráveis. Entre estes fatores encontram-se as alterações climáticas e a redução da superfície do habitat devido à desflorestação maciça, que podem produzir um impacto negativo no estado de conservação de um habitat natural.

25. No momento em que saem do habitat natural, os animais pertencentes às espécies ameaçadas podem entrar em zonas que não integram o conceito de habitat natural e que implicitamente não beneficiam da proteção concedida pela diretiva.

26. O órgão jurisdicional observa que a Diretiva 92/43/CEE prevê a possibilidade de estabelecer algumas derrogações às normas sobre proteção das espécies ameaçadas, deixando aos Estados-Membros a escolha das medidas nacionais para as aplicar. Quer a interpretação das disposições da diretiva, quer a interpretação das disposições da lei nacional de transposição conduzem à conclusão de que as derrogações às normas que asseguram a proteção das espécies ameaçadas apenas podem ser estabelecidas enquanto se mantiver a situação considerada no momento da sua adoção, ou seja, apenas se o espécime que pertence a essa espécie se encontra no seu habitat natural. Por conseguinte, a questão suscitada pela recorrente apenas é pertinente na medida em que diz respeito à existência de obrigações adicionais para o Estado, análogas às já existentes no caso considerado no momento em que a diretiva foi adotada, quando o espécime que pertence a uma espécie ameaçada abandona o seu habitat natural e se encontra nas suas imediações ou completamente fora dele.

27. Entre os casos em que podem ser previstas derrogações, as disposições do artigo 16.°, n.° 1, alínea c), da diretiva precisam: no interesse da saúde e da segurança públicas ou por outras razões imperativas ou de interesse público prioritário. Ora, o conceito de segurança pública está estreitamente relacionado com aquelas situações em que os animais pertencentes às espécies ameaçadas se encontram fora do habitat natural.

28. O órgão jurisdicional considera que os Estados-Membros e as respetivas autoridades têm a obrigação de dar uma interpretação em conformidade com as diretivas. Além disso, o objetivo principal enunciado pela diretiva, ou seja, favorecer a manutenção da biodiversidade, tomando em consideração as exigências económicas, sociais, culturais e regionais, contribuindo para o objetivo geral de desenvolvimento sustentável, é totalmente justificado também nos casos em que os animais pertencentes às espécies ameaçadas abandonam o

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habitat natural. Uma interpretação restritiva das disposições da diretiva poderia levar a concluir que para o Estado não existe nenhuma obrigação quando os espécimes pertencentes às espécies ameaçadas abandonaram o habitat natural, o que seria contrário ao objetivo estabelecido por esse ato normativo.

29. Tendo em conta os potenciais conflitos de direito supra referidos bem como a dinâmica evolutiva do direito da União Europeia, o órgão jurisdicional considera necessário apresentar um pedido de decisão prejudicial para dissipar qualquer indício de violação do direito da União Europeia por parte do Estado romeno.

30. Além disso, o órgão jurisdicional considera que este tipo de situação – a captura ou o abate dos animais que abandonam o habitat natural – pode verificar-se frequentemente na Roménia.

31. Uma interpretação teleológica da diretiva contribui para evitar potenciais efeitos negativos que podem verificar-se no meio ambiente circundante.

32. Assim, o órgão jurisdicional considera que não existe nenhum impedimento para estender a aplicabilidade dos efeitos da diretiva aos casos em que os animais pertencentes às espécies protegidas se encontram fora do seu habitat natural.

[Omissis]

Zărnești, 18 de janeiro de 2019

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