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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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Academic year: 2022

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS FACULDADE DE DIREITO

Álvaro Carlos Ramos Barbosa

Barra da Tijuca: para onde corre o Rio. Conflitos e contradições da expansão urbana imobiliária.

Rio de Janeiro 2017

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Álvaro Carlos Ramos Barbosa

Barra da Tijuca: para onde corre o Rio. Conflitos e contradições da expansão urbana imobiliária.

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós- Graduação em Direito, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de Concentração: Pensamento Jurídico e Relações Sociais. Linha de Pesquisa: Direito da Cidade.

Orientadora: Prof.a Dra. Ângela Moulin Simões Penalva Santos

Rio de Janeiro 2017

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CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CCS/C

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, desde que citada a fonte.

________________________________ ___________________

Assinatura Data

048 Barbosa, Álvaro Carlos Ramos Barbosa

Barra da Tijuca: para onde corre o Rio. Conflitos e contradições da expansão urbana imobiliária./Álvaro Carlos Ramos Barbosa. – 2017

164 f.

Orientadora: Profa. Dra. Ângela Moulin Simões Penalva Santos Dissertação (mestrado), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade

de Direito.

1. Política urbana – Teses. 2. Planejamento urbano – 3. Direito urbanístico – Teses. 4. Direito à moradia. 5. Expansão Urbana – Teses. I. Santos, Ângela Moulin Simões Penalva. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Direito. III. Título.

2.

CDU 316.334.56

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Álvaro Carlos Ramos Barbosa

Barra da Tijuca: para onde corre o Rio.

Conflitos e contradições da expansão urbana imobiliária.

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós- Graduação em Direito, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de Concentração: Pensamento Jurídico e Relações Sociais. Linha de Pesquisa: Direito da Cidade.

Aprovada em 12 de janeiro de 2017.

Banca Examinadora:

______________________________________________________

Profa Dra Ângela Moulin Penalva Simões Penalva Santos Faculdade de Economia – UERJ

______________________________________________________

Profa Dra Vânia Siciliano Aieta Faculdade de Direito – UERJ

______________________________________________________

Profa Dra Rosângela Marina Luft

Faculdade de Direito – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro 2017

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AGRADECIMENTOS

Antes de apontar qualquer pessoa ou instituição, há que se fazer justiça e agradecer a Deus pela oportunidade de aprender tanto conhecimento de caráter indubitavelmente nobre, bem como poder crescer como ser humano. Crescimento maior ainda à medida que for dividido com a sociedade para a construção de um mundo melhor. Embora pareça utopia, acredito piamente que esta é a finalidade de toda educação, ou seja, construir o bom, a harmonia, ajudar as pessoas a se realizarem enquanto seres humanos, enquanto civilização humana. É isto, na minha visão, o fim último de voltarmos aos bancos escolares em um programa de pós-graduação em direito.

Na sequência, urge agradecer à Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, nossa querida UERJ, que a despeito dos desafios que tem enfrentado nos últimos anos, fruto da crise orçamentária vivenciada pelo Estado, não esmoreceu e manteve o seu reconhecido grau de qualidade, que faz parte da minha história de vida desde as primeiras lições de direito durante a minha graduação. Aqui, surge como destaque a figura de nossos professores, possuidores de imensa vastidão de conhecimento, que generosamente dividiram com cada aluno. Embora mereça fazer remissão a cada um de per si, vou me furtar a tal intento, para não correr o risco de apequenar a participação de algum deles em comparação com outro, pois todos foram imensamente grandes, verdadeiros gigantes, na tarefa de transmitir conhecimentos e semear sabedoria. Contudo, por dever de justiça, cumpre destacar a figura da Professora Dra. Ângela Moulin Simões Penalva Santos, minha querida orientadora, cujas observações ao longo deste trabalho foram essenciais para alcançar o compromisso que me propus a cumprir, qual seja buscar empreender um trabalho que contribuísse ativamente para a melhoria de nossa cidade.

Não menos pertinente tecer considerações acerca do convívio fraterno e instigante de tão seleto grupo de amigos que me acompanhou nas diferentes atividades que implementei durante o ciclo escolar do mestrado de direito das cidades. Não só debatemos a dogmática jurídica e visões de mundo, mas interagimos como verdadeiros amigos. Faço especial remissão à pessoa do meu caro Raphael Maia Rangel, a cujas inúmeras ponderações no curso dos trabalhos, ajudou-me, sobremaneira, a guiar-me por um emaranhado de dúvidas e certezas, que me aprimoraram tanto como pessoa, quanto como profissional.

Não menos relevante citar minha doce Maria Luiza, que aos quatro anos de idade mostrou o seu incontestável pendor para a advocacia, deixando-me completamente sem argumentos ao queixar-se dos meus constantes afastamentos do seio de nosso lar em razão de

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compromissos acadêmicos: “- Papai, eu quero que você cuide de mim igual a mamãe cuida!”.

Assim, só me resta agradecer à minha querida companheira, Francine, que cuidou tão bem de nossa amada florzinha e permitiu que eu pudesse empreender tão difícil tarefa.

Por fim, meus calorosos e carinhosos agradecimentos à D. Stael, minha querida mãe, que me orientou ao longo da vida na construção de valores inabaláveis pertinentes à dignidade humana.

A todos e a cada um em especial, o meu muito obrigado.

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RESUMO

BARBOSA, A. C. R. Barra da Tijuca: para onde corre o Rio. Conflitos e contradições da expansão urbana imobiliária. 2017. 164 f. Dissertação (Mestrado em Direito da Cidade) – Faculdade de Direito, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

O objetivo geral desta pesquisa foi analisar a expansão urbana do Rio de Janeiro em direção à Barra da Tijuca1 com vistas a fornecer subsídios para uma melhor participação popular nesse processo, conforme preconizado pela legislação vigente, em especial a Lei Federal no 10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade. Este processo vem ocorrendo desde os idos da década de 1960, quando havia o interesse da então Cidade-Estado da Guanabara em se expandir em direção à Baixada de Jacarepaguá, criando um corredor que ligaria o Centro ao Porto de Sepetiba. Tratava-se de um movimento que visava alavancar sua economia, impactada com a transferência da capital federal para Brasília. Com isto buscou-se dinamizar o mercado imobiliário ao desconcentrar sua urbanização, uma vez que a Zona Sul se encontrava esgotada. Ademais, a indústria automobilística e da construção civil seriam igualmente beneficiadas em um momento de afirmação do Estado brasileiro2. Por fim, a atividade industrial, a ser implantada em distritos industriais da Zona Oeste, evitaria que tais recursos fossem absorvidos pelos estados de São Paulo ou Rio de Janeiro. Contudo, subjacente a essa dinâmica de acumulação do capital havia outras questões impactantes, em especial a negação ao direito à cidade3 e ao direito fundamental à moradia, em particular para as populações de baixa renda excluídas do mercado imobiliário formal. Estes aspectos serão tratados de forma multidisciplinar neste trabalho, tanto sobre o prisma do direito, quanto da economia e da sociologia, dialogando com o magistério dos autores que compõem o seu marco teórico, a saber: David Harvey, Henri Lefebvre e Nancy Fraser. O primeiro centra seu discurso na releitura marxista da construção e reconstrução do espaço urbano sob a égide do capitalismo, mormente o capital financeiro imobiliário. O segundo disserta sobre o direito à cidade, enquanto a última leciona sobre as interações entre o reconhecimento, a redistribuição e a participação. Todos contribuem com visões de mundo pertinentes à realização ou não das

1 A Barra da Tijuca e adjacências apresentaram significativos percentuais de crescimento urbano nos últimos anos, comparativamente com o restante da cidade, conforme será demonstrado ao longo do trabalho, sendo a razão da frase que intitula o mesmo.

2 O país passava por um processo de reestrutução socioeconômica decorrente da forte industrialização e consequente urbanização experimentadas. Além disso, o regime militar, implantado em 1964, precisava se legitimar junto à sociedade, o que resultou na escolha pelo crescimento econômico como forma de atingir esse desiderato. Por outro lado, o esvaziamento econômico da Guanabara com a transferência da capital federal para Brasília convergia com a necessidade de reverter esse quadro, impactando na alocação de indústrias em seu território, em distritos industriais a serem criados na Zona Oeste.

3 Defendido por Henri Lefebvre e que será melhor explicado ao longo do trabalho.

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potencialidades humanas e de uma sociedade mais justa e igualitária, argumentos igualmente presentes no arcabouço jurídico nacional, a exemplo do preâmbulo constitucional4. Contudo, a expansão urbana do Rio de Janeiro em direção à Barra da Tijuca, que figura como caso concreto, aponta em direção oposta. Assim, cumpre investigar tal processo, valendo-se da remissão ao marco teórico e da evolução urbana da cidade, desde a gestão Pereira Passos até o projeto olímpico de Eduardo Paes, que acentuou os últimos movimentos dessa dinâmica em direção ao Oeste. Observou-se, ao longo desse périplo, que ao aspecto de acumulação capitalista, agregou-se um viés elitista e segregacionista de corte etnográfico e pertinente ao padrão urbanístico adotado pela cidade. Isto se expressa notoriamente nas remoções de populações de baixa renda, tidas como indesejáveis e invisíveis para o mercado imobiliário.

Paradoxalmente, sua existência só é notada para deixarem de existirem, uma vez que não se configuram como parceiros da acumulação capitalista, em especial, do capital financeiro imobiliário que orienta essa dinâmica. Do ponto de vista científico-normativo, aborda-se também o direito fundamental de moradia para melhor compreensão da conjuntura multifacetada em que está inserido este movimento de expansão urbana, bem como aspectos econômicos e de políticas públicas, em especial o empreendedorismo urbano, presente na cidade desde os idos de 1993. Este respaldou os megaeventos esportivos como os Jogos Olímpicos de 2016, que fomentaram o crescimento da cidade rumo à Barra da Tijuca e adjacências, justificando o título deste trabalho. Ao cabo do trabalho, espera-se ter atingido o objetivo formulado de contribuir para o preconizado pelo art. 2º do Estatuto das Cidades, em especial, que preconiza a gestão democrática das cidades, princípio este amplamente ignorado na “conquista do oeste carioca”.

Palavras-chave: Barra da Tijuca. Direito à Cidade. Direito de Moradia.

Empreendedorismo Urbano. Segregação Espacial. Urbanização.

4 Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, Constituição Federal de 05 de outubro de 1988.

Disponível em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 13 dez 2016.

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ABSTRACT

BARBOSA, A. C. R. Barra da Tijuca: where the city of Rio goes to. Conflicts and contraditions of the urban real state expansion. 164 f. Dissertation (Master in Direito da Cidade) – Law School, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

The general aim of this research was to analyze the urban expansion of Rio de Janeiro towards the Barra da Tijuca5 region aiming at giving instructions for a better popular participation in such a process, according to the city´s present legislation, more specifically the Federal Law by number 10.257/2001, better known as Estatuto da Cidade. This process has been happening since back the 1960`s, when there was an interest of the so-called Guanabara’s city-state to expand towards the plains of Barra da Tijuca and Jacarepaguá, building a road that would link the downtown area to the Port of Sepetiba. This was a movement that aimed at developing the economy of the city which had been strongly affected by the transfer of the federal district from Rio de Janeiro to Brasilia city. Since then one has tried to stimulate the real estate market by decentralizing its urbanization, once the South Zone was completely exhausted. Besides, that very sensitive moment of self-assurance that the Brazilian state was going through would be equally beneficial for both the automobile and the civil construction industries.. In summary, the industrial activity to be implemented in the industrial districts of the West Zone would prevent resources from being absorbed by the states of São Paulo or Rio de Janeiro. Nevertheless, implied in this dynamics regarding capital accumulation, there were other important points such as the denial to the right of the city6 and the basic housing rights, mainly for low income population who are excluded from the formal estate market. These aspects will be addressed in a multidisciplinary way in this work, not only from the point of view of Law, but also from the point of view of economics and sociology, holding discussions with the authors who make up the theoretical framework of this paper, like David Harvey, Henri Lefebvre and Nancy Fraser. The first one focuses his speech on a Marxist's re-reading of the construction and reconstruction of the urban space under the capitalistic system, more specifically under the financial and real estate capital. The second author lectures about the right to the city while the last author teaches the interactions among recognition, redistribution and participation. All of them have contributed with their worldviews to reach the human potentials and a more equal and fairer society with arguments that are present in the national juridical system, such as the preamble of the Brazilian

5 The region of Barra da Tijuca in Rio de Janeiro city has shown a significant growth in the last years, compared to the city as a whole. This is the reason for the title of this work, as it will be shown along the dissertation.

6 Defendido por Henri Lefebvre e que será melhor explicado ao longo do trabalho.

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Constitution7. However, the urban expansion of Rio de Janeiro towards Barra da Tijuca, which figures as a concrete thing, has pointed at the opposite direction. So, it is important to investigate this process by making use of both the theoretical framework pointed earlier and the urban growth starting from the administration of mayor Pereira Passos in the beginning of the last century up to Mayor Eduardo Paes' Olympic project, who has empowered the latest movements of this momentum towards the west zone. One can observe along this route that not only the city has gone in another direction - as we can see through the past movements of expansion towards the West Zone, and also throughout history, when the elitist bias goes on holding hands with segregationist bias, mainly at urban landmarks that can remove people with low income from their houses, because they aren’t considered welcome and not visible to the real state market. Paradoxically, their existence is only noted in order for them not to exist, since they are unable to fit as customers of the capitalist accumulation, mainly when under command of the financial market. So, from a scientific normative point of view, this work discusses the basic right to housing for a better understanding of the multiple aspects within this urban expansion movement, as well as the economic and public policy aspects, such as urban entrepreneurship, adopted in the city since 1993, which has supported mega sport events like the 2016 Olympic Games, and therefore fostered the growth of the city towards Barra da Tijuca and its surroundings, thus justifying the title of this work. With this work done, one hopes to have achieved the formulated objective, which is to contribute to what is professed by Article 2 of the Statute of the City, which is the democratic management of the cities, a principle that has been widely ignored in the "conquest of the carioca West".

Keywords: Barra da Tijuca, Right to the City, Right of Housing, Urban Entrepreneurship, Spacial Segregation, Urbanization.

7 Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, Constituição Federal de 05 de outubro de 1988.

Disponível em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 13 dez 2016.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 10

1 MARCO TEÓRICO... 15

1.1 David Harvey... 16

1.2 Nancy Fraser... 20

1.3 Henri Lefebvre... 26

1.4 Diálogos entre o marco teórico e a dinâmica urbana... 28

1.4.1 Da renda fundiária à renda urbana... 29

1.4.2 É a economia, estúpido!... 34

1.4.3 Análise Econômica do Direito... 40

1.4.4 Moradia: Premissas Teóricas Constitucionais ... 51

1.4.4.1 Direitos Fundamentais... 52

1.4.4.2 Direitos Sociais... 59

1.4.4.3 Direito à Moradia Adequada... 61

1.4.4.4 O sonho da casa própria... 64

1.4.4.5 Da propriedade absoluta à funcionalizada... 69

2 QUE PAPEL COUBE AO ESTADO?... 74

2.1 A Cidade-empresa ... 81

3 TRANSFORMAÇÕES URBANAS DO RIO DE JANEIRO... 87

4 A CONQUISTA DO OESTE CARIOCA... 103

5 OS JOGOS OLÍMPICOS DE 2016... 123

6 REMOÇÕES OLÍMPICAS... 133

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 146

8 BIBLIOGRAFIA... 149

9 ANEXOS... 160

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INTRODUÇÃO

O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão... (Antônio Conselheiro8)

A formação geológica da Baixada de Jacarepaguá, onde está localizada a região da Barra da Tijuca9, aponta para uma submersão do litoral brasileiro no período terciário e posterior elevação do fundo do mar10, no período quaternário, algo ocorrido há centenas de milhões de anos11. Assim, pertinente a analogia à profecia do beato Antônio Conselheiro, conforme listado em epígrafe. Entretanto, igualmente pertinente apontar que a conquista das aludidas terras não se dá, modernamente, por fatores naturais, a exemplo da movimentação de placas de tectônicas anteriormente exposto, mas sim por outra dinâmica, qual seja a ação humana, responsável pela expansão urbana da metrópole carioca para aquela região.

A título de ilustração, em que pese revelar uma tendência de queda12, a taxa de crescimento demográfico da cidade do Rio de Janeiro registrou um crescimento populacional de aproximadamente 7,89% na primeira década deste século13, passando de 5,9 milhões para pouco mais de 6,3 milhões de habitantes. Por sua vez, a região da Barra da Tijuca no mesmo

8 O beato Antônio Conselheiro foi o fanático inspirador do arraial de Canudos, dizimado pelas tropas federais no sertão baiano no final do século XIX.

9 Para efeito deste trabalho, considerar-se-á Barra da Tijuca a XXIVa Região Administrativa (RA), excetuando-se as localidades de Vargem Grande, Vargem Pequena e Camorim, que não serão abordadas. A totalidade da RA ocupa uma área de 51,4 milhões de m2 e engloba os bairros do Joá, Itanhangá, Camorim, Grumari, Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande, Vargem Pequena e Barra da Tijuca propriamente dita. Esta é constituída pela Barrinha, Tijucamar, Jardim Oceânico e o restante da Salvador Allende - GONÇALVES (2005, 41)

10 Outra explicação para a formação geológica daquela região encontra-se em GONÇALVES (2005, 15), que atribui à erosão causada por ventos e chuvas ao longo de milhões de anos das superfícies montanhosas. Assim, tratava-se de um golfo onde foram depositados sedimentos, conduzidos pelos diversos cursos d`água que cortam a região. Entretanto, ao serem depositados no mar, sofreram a influência de correntes marítimas favoráveis ao acúmulo dos mesmos e à expansão da faixa de terra sobre a lâmina dágua marítima. Tal processo ainda encontra- se em curso.

11 Disponível em: <http://www.gclconsultoria.bio.br/carlascott/parte1/cap04/2.pdf>. Acesso em 11 nov 2016.

12 A população carioca era de 811 mil habitantes em 1900 e chegou a 3,3 milhões de pessoas em 1960, quando o município deixou de ser sede da capital federal do Brasil. Nas primeiras seis décadas do século XX houve um aumento absoluto de 2,5 milhões de indivíduos. Nas décadas seguintes a população carioca passou para 4,3 milhões em 1970; 5,1 milhões em 1980; 5,5 milhões em 1991; 5,9 milhões em 2000 e 6,3 milhões em 2010. Em termos absolutos, o crescimento demográfico foi maior nos últimos 50 anos do que nos primeiros 60 anos do século XX. Mas em termos relativos o crescimento foi menor e a população carioca deve atingir um pico entre 2020 e 2025. ALVES, José de E. D. Decréscimo da população da cidade do Rio de Janeiro. Disponível em

<http://www.ecodebate.com.br/2015/04/29/decrescimo-da-populacao-da-cidade-do-rio-de-janeiro-artigo-de-jose- eustaquio-diniz-alvez/>. Acesso em 04 out 2016.

13 Segundo dados do Censo - Censo Demográfico do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Disponível em <http://portalgeo.rio.rj.gov.br/armazenzinho/web/BairrosCariocas/index2_cidade.htm>. Acesso em 02set2016.

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período passou de 174.353 habitantes para 300.823, um incremento de 72,5%, cerca de dez vezes a taxa de crescimento de toda a cidade14 no referido período.

Entre 2001 e 2010, o número de domicílios da cidade do Rio de Janeiro aumentou cerca de 30%, passando de 1.838.030 para 2.408.019, enquanto a XXIV Região Administrativa15 (XXIV RA) passou de 55.274 para 136.743 domicílios, um crescimento de 147%. Por sua vez, o bairro da Barra da Tijuca, incluso na referida RA, registrou um crescimento de 112% no número de domicílios, passando de 30.809 para 65.369 domicílios, segundo o Instituto Pereira Passos16 (IPP). Ademais, em pouco mais de seis anos, ou seja, de 2010 a 2016, somente investimentos em infraestrutura vinculados ao projeto olímpico representaram cerca de R$ 25 bilhões, um montante de recursos nada desprezível, favorecendo a tendência de expansão urbana para aquela região17.

Tais dados comprovam que a mancha urbana da cidade se desloca, inequivocamente, em direção àquela região, ratificando a frase que intitula o presente trabalho de que o Rio de Janeiro está numa nova marcha para o oeste.

Para entender este vertiginoso crescimento, urge percorrer as premissas teóricas que respaldam a expansão capitalista e que dialogam com políticas públicas locais e nacionais implementadas em meados do século passado e ainda impactantes no desenvolvimento urbano do Rio de Janeiro, máxime com o advento do projeto olímpico de 2016. Aqui ganha destaque a superação e incorporação incessante de novas fronteiras ao ciclo do capital imobiliário, dinâmica própria do capitalismo e que foi potencializada pela associação do capital imobiliário ao financeiro, impactando a especulação imobiliária, mormente a partir da década de 1990.

Este processo, ainda em curso, demanda estudos no âmbito do Programa de Pós- graduação em Direito da Cidade, a fim de contribuir para a elucidação das múltiplas

14 Fonte Instituto Pereira Passos IPP. Disponível em <

http://portalgeo.rio.rj.gov.br/estudoscariocas/download/3255_Proje%C3%A7%C3%A3oPopulacional2013- 2020_CidadedoRiodeJaneiro_m%C3%A9todoAiBi.pdf>. Acesso em 29 dez 2016.

15A XXIV Região Administrativa ocupa uma área de 51,4 milhões de m2 e engloba os bairros do Joá, Itanhangá, Camorim, Grumari, Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande, Vargem Pequena e Barra da Tijuca propriamente dita. Esta é constituída pela Barrinha, Tijucamar, Jardim Oceânico e o restante da Salvador Allende - GONÇALVES (2005, 41).

16 Fonte: Instituto Pereira Passos, disponível em <

http://portalgeo.rio.rj.gov.br/bairroscariocas/index_cidade.htm>. Acesso em 02set2016.

17 Quando as primeiras escavadeiras, os tratores e os caminhões tomaram as avenidas Salvador Allende, Embaixador Abelardo Bueno e das Américas, artérias do Recreio dos Bandeirantes, de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca, em meados de 2010, pouca gente conseguia vislumbrar o que brotaria daquele cenário apocalíptico, feito de terra bruta (que virava lama ou poeira, dependendo da meteorologia), engarrafamento e muito barulho. Seis anos e mais de 25 bilhões de reais depois, o carioca finalmente começa a tomar pé de todas as novidades que vieram a reboque da Olimpíada. No ramo imobiliário, surgiram 17000 unidades habitacionais e comerciais e os leitos da rede hoteleira ali instalada passaram de 2000 para 12.500. MORAES, Pedro. O bairro que quier ser grande. Veja Rio. Rio de Janeiro, Ano 48, Nº 46, p.22-27, nov. 2016.

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interações, que impactam o modo de vida das populações urbanas na cidade do Rio de Janeiro, diretamente associadas àquela região. Assim, surge a proposta deste estudo, que busca desvendar alguns de seus aspectos, em especial aqueles vinculados ao direito da cidade, nos termos preconizados pelo filósofo Henri Lefebvfre e pela extensa legislação que lhe é pertinente, particularmente no que pertine ao direito à moradia adequada e à gestão democrática das cidades. Destarte, urge socorrer-se de um instrumental teórico e fático que permitam melhor compreender esse fenômeno, dando destaque para aspectos jurídicos, econômicos, políticos e sociais.

A compreensão de tal processo perpassa, igualmente, a interação dialética entre o público e o privado no âmbito local, nacional e global, mediante diálogo multidisciplinar, que se reflete na seara jurídica, em especial no que tange ao direito à cidade, bem como ao direito à moradia. Como é notório, crescimento urbano, aspectos econômicos, direito e questões sociais andam indissociavelmente juntos o que remete ao magistério de David Harvey, Nancy Fraser e Henri Lefebvre, tomados como marco teórico, assaz esclarecedor para a abordagem em análise, o que não dispensa algumas remissões a outros doutrinadores, que socorrerão o raciocínio no curso dos trabalhos.

O primeiro, Harvey, geógrafo britânico de renome internacional, tem um importante trabalho no deslinde do urbanismo econômico, promovendo uma primorosa leitura da construção do espaço urbano sob um viés marxista. Por sua vez, Nancy Fraser, outra renomada socióloga norte-americana, disserta com brilhantismo a respeito da justiça social na globalização, tecendo considerações acerca da temática associada à redistribuição, reconhecimento e participação. Enquanto LEFEBVRE foi o precursor do conceito de direito à cidade, matéria intrinsecamente relacionada ao presente estudo e que dialoga umbilicalmente com os referidos autores.

Entende-se que as abordagens listadas figurem de forma consistente e complementar, sendo aspectos centrais na incursão sobre uma problemática notoriamente recorrente e questionável, por sofrer a pecha de figurar como um modelo excludente e segregacionista, pertinente ao padrão de construção do espaço urbano para a região. Não por menos o alijamento da participação popular das discussões que lhe são afetas. Destarte, oportuno fazer remissão ao magistério de FERREIRA (2014, 267), ao qual nos filiamos, ao pontuar “que pensamos na produção de um espaço urbano alternativo, que priorize as pessoas e a participação nas decisões do futuro das cidades”.

As considerações em apreço legitimam uma pesquisa acadêmica com o escopo de desvendar tal fenômeno e compreender, igualmente, as peculiaridades da dinâmica imobiliária

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que orientam esse movimento. O objetivo central é fornecer subsídios para uma melhor participação popular na formulação dos destinos da cidade, focando as populações removidas pelo projeto olímpico na região da “Barra Olímpica18”. Alinha-se ao preconizado por KAZAN, Juliana et al (2016, 116) ao mencionar que “o fortalecimento desses espaços de luta constitui etapa fundamental à conquista de uma cidade democrática que inclua, dentre os beneficiários das melhorias urbanas, a população de baixa-renda, que se vê excluída desse processo”.

Para tanto será necessário entender a dinâmica capitalista e sua interação com o mercado imobiliário, partindo de uma abordagem geral para particular. Em um primeiro momento será necessário valer-se de considerações teóricas, buscando analogia na teoria marxista da renda fundiária agrícola para explicar o fenômeno da valorização imobiliária urbana. Em outro passo será analisada a dinâmica do capital, sempre em expansão e o mercado imobiliário representando uma fronteira a ser conquistada. Este movimento é facilitado pela compressão tempo-espaço e pelos paradigmas da globalização, que acarretam a flexibilização de produtos, serviços, capital e do mercado imobiliário como um todo, gerando mudanças institucionais, representadas por novos arranjos jurídicos que convergem com essa realidade, capitulada pelo capital financeiro imobiliário.

Para tanto, lançar-se-á mão de contribuições de diferentes matizes do conhecimento, sendo oportuno agregar as lições pertinentes ao marco teórico considerado, ou seja, os ensinamentos de Harvey, Fraser e Lefebvre, em especial, complementados pelo magistério de outros doutrinadores. Conforme anteriormente exposto, o presente trabalho considera que os aspectos pontuados por esses estudiosos têm caráter dialético e essencial para o deslinde do objeto proposto.

Na sequência, cumpre abordar o elemento histórico, político e econômico que embasou a expansão da cidade rumo à zona Oeste; o modelo urbanista que inspirou o Plano Piloto Lúcio Costa e as peculiaridades que lhe são pertinentes, bem como aspectos específicos e determinantes dos incorporadores locais, que influenciaram de modo decisivo a construção do espaço urbano da região, candidato à nova centralidade carioca do século XXI.

Outrossim, as mudanças institucionais que vieram a reboque na reconfiguração do papel do Estado pela influência do modelo neoliberal e a nova conjuntura vigente, impactando o poder local, que adotou a política pública conhecida como “empreendedorismo urbano”, de

18 Utilizar-se-á aqui a delimitação espacial da região do Parque Olímpico, situado no antigo Autódromo de Jacarepaguá, nas proximidades da Avenida Abelardo Bueno, bem como áreas adjecentes na Barra da Tijuca, impactadas pela construção dos corredores viários Bus Rapid Transporte – BRT.

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importância ímpar no atual contexto da expansão imobiliária na Barra da Tijuca. Há que se compreender o papel dos jogos olímpicos de 2016 na construção desse projeto de cidade e suas implicações na articulação dos diferentes interesses que lhe são afetos.

Uma análise do processo de organização dos jogos e seu impacto na remoção de comunidades para a construção da infraestrutura e a forma como se deu a participação popular nesse processo também é objeto de análise. Por fim, um capítulo conclusivo, com uma abordagem crítica de todos os aspectos listados.

Tal roteiro ilustrará os capítulos que comporão a dissertação em que se desdobra esse trabalho, sendo importante destacar que não abrangerá aspectos relacionados à expansão urbana para a região das Vargens (Vargem Grande e Vargem Pequena) e do Recreio dos Bandeirantes, a despeito de sua afinidade, com o intuito de manter a objetividade do trabalho.

Assim, o foco se baseará, basicamente, no crescimento da região conhecida como Barra da Tijuca propriamente dita.

Trata-se de um trabalho hercúleo e audacioso pela miríade de disciplinas, informações e atores que trafegam nesse espectro multifacetado que é a cidade, onde uma postura realista reconhece a dificuldade de se esgotar a matéria, traduzindo esse trabalho numa humilde contribuição ao objetivo de se alcançar o desiderato legal anteriormente exposto no que tange à gestão democrática da cidade e, em particular, na formulação dos destinos da urbanização da Barra da Tijuca e adjacências, conforme será apresentado no curso deste trabalho.

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9 ANEXO I

Entrevista com István Mészáros acerca de Programas de distribuição de renda e classe média ressentida.

“Talvez os críticos não sejam conscientes o suficiente sobre como a estrutura social é dolorosa para os mais pobres. O sofrimento é geralmente parte de um sistema imposto. A conscientização leva as pessoas a se perguntarem como resolver problemas como a fome. É com repressão? ”

Todos esses programas estão ajudando as pessoas que vivem na miséria a saírem dessa situação. Isso é positivo e necessário, mas, sozinhos, não vão resolver os problemas. O Brasil não está imune aos problemas estruturais dos quais falamos. Sempre que programas como esses são criados, a classe média e alta tende a ficar enciumada e ressentida porque acham que estão apenas gastando dinheiro com a população mais pobre. Eu ouvia isso de um jeito muito intenso sobre as reformas promovidas pelo presidente Hugo Chávez, da Venezuela. “Vejam só como estamos gastando com isso”, diziam. Mas vejamos por outro lado: houve uma enchente colossal na Venezuela no ano passado e Chávez mandou os governadores com salas vazias nos prédios oficiais a abrigar pessoas que tinham sido afetadas pelos desastres. Isso é temporário, não resolve os problemas.

Então fizeram um programa para construir 200 mil casas para as pessoas atingidas. E as pessoas diziam: “É uma injustiça ter que ajudar essas pessoas”. Mas o oposto também é verdadeiro, porque muitos dos que reclamavam tinham recebido todo tipo de ajuda e facilidades durante a crise econômica. Agora, quando pensamos nos trilhões de dólares usados para salvar os bancos, quem recebeu esse dinheiro? Não foram essas pessoas que recebem benefícios do governo para sobreviver. Eles talvez tenham alguns milhares de dólares se acumularem por anos. Mas os bancos, as corporações, as grandes empresas receberam trilhões.

Quem salvou a General Motors? O governo dos Estados Unidos. Isso com Bush e com Obama. Colocaram trilhões de dólares em corporações corruptas e irresponsáveis.

Na Inglaterra, logo depois da Segunda Guerra, o governo trabalhista promoveu uma grande nacionalização e muitas pessoas viram aquilo como medidas socialistas. Mas o que eles nacionalizaram?

Todas as áreas falidas da economia. Eletricidade, minas de carvão, empresas de aço, e tudo mais. Todos os setores da economia capitalista que, sem essas medidas, não seriam salvas nem funcionariam. E ninguém fez rejeições.

Diziam que eram ações para a garantia da economia.

E agora, recentemente, lemos nas manchetes de jornais as frases “salvando o sistema”, quando se referiam as medidas anti-crise adotadas. As pessoas realmente acreditam que não estão dando dinheiro para essas empresas, mas salvando o sistema. É aí que está o problema. Como você salva um sistema cavando mais buracos? Para fechar um buraco, você constrói outro maior e maior.

Tempos atrás, a Venezuela viveu uma rebelião que ficou conhecida como

“Caracazo” (1989). Esse movimento aconteceu quando uma multidão de pessoas foi até a cidade de Caracas protestar contra as políticas econômicas do governo anterior. E o governo mandou suas tropas às ruas e assassinou pelo menos três mil pessoas. Chávez é o resultado das ações contra esse tipo de governo. O mesmo aconteceu durante a Comuna de Paris.

Então, sempre que alguém faz algo em benefício da população, como construir 200 mil casas para desabrigados, é acusado de gastar dinheiro.

Não acho que no Brasil alguém deva levar a sério as críticas aos programas sociais. Talvez os críticos não estão sendo conscientes o suficiente sobre como a estrutura social é dolorosa para os mais pobres. O sofrimento é geralmente parte de um sistema imposto.

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A conscientização leva as pessoas a se perguntarem como resolver problemas como a fome. É com repressão? No “Caracazo” houve uma resposta militar. Isso hoje mudou. Não estou dizendo que não haja mais violência no mundo, mas isso hoje é algo inaceitável. No Egito, muitas pessoas foram reprimidas. Mas chegou uma hora que Mubarak, mandante da repressão, viu todos se voltarem contra ele, porque para fazer aquelas pessoas voltarem para casa seria necessário mandar matar todo mundo.

Ao mesmo tempo, ainda existem forças militares que defendem as políticas de ocupação de partes do mundo. E existem até teóricos militares nos Estados Unidos que dizem que não é mais possível para as tropas americanas saírem do Iraque nem do Afeganistão, onde a guerra dura quase dez anos.

A solução seria fazer com que os 40 mil combatentes fiquem por lá. Outros recomendam o uso de armas nucleares no Irã. Olha o grau da irracionalidade!

Enquanto isso, os Estados Unidos têm uma dívida colossal. E estão cobrindo esses déficits tomando mais dinheiro emprestado. Outra dimensão do problema é que todo cidadão americano está endividado. Uma hora ou outra vai acontecer com os Estados Unidos o que acontece na Espanha, na Irlanda, em Portugal, na Grécia.

A Espanha está virtualmente falida, a Itália também. A Inglaterra também. E o que eles estão tentando fazer é justificar os altos custos a que estão submetendo as pessoas, cortando serviços de saúde e educação. Por trás de tudo isso estão as pressões históricas de um sistema anacrônico.

As pessoas ainda criticam os gastos com as pessoas que mais precisam.

Depois da Segunda Guerra, surgiu a ideia do Estado de Bem-Estar Social, que agora está sendo destruída. A ideia era que os ricos pagassem mais tributos, e a renda fosse distribuída. Agora, o que está acontecendo é o contrário. Nas regiões ricas, o que vemos é a isenção de taxas.

No Brasil a elevação do salário mínimo, por exemplo, foi uma iniciativa importante. Mas é um pequeno passo. Isso não vai mudar as estruturas econômicas que o Brasil terá que enfrentar, como qualquer país do mundo.

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10 ANEXO II

Referências

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