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45º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS SPG 32. Os novos desafios da sociologia do trabalho: os impactos da pandemia.

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Academic year: 2022

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45º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS

SPG 32. Os novos desafios da sociologia do trabalho: os impactos da pandemia.

MOTORISTAS URBANOS EM TEMPOS DE COVID-19: percepções sobre as mudanças em decorrência da quarentena.

Ana Paula Pinto Pereira, UFMA

Partindo do pressuposto de que os motoristas urbanos, especialmente taxistas, mototaxistas e/ou motoristas de aplicativo, tiram os recursos para sua subsistência do ofício de transportar pessoas, alguns como atividade principal outros como forma de complementar a renda, a presente pesquisa busca compreender as percepções e narrativas desses sujeitos sobre as questões econômicas, sociais, culturais e políticas relacionadas ao exercício de suas atividades durante o período de isolamento social estimulado pelo combate à pandemia do Covid-19.

Devido às práticas de isolamento social e a impossibilidade de realizar pesquisas de campo in loco fizemos a opção por aplicar um questionário online para o desenvolvimento da referida análise. O questionário foi aplicado no início do mês de julho, quase 4 meses após o início do isolamento social, que ocorreu no dia 21 de março após um decreto do governador Flávio Dino que suspendeu o comércio por 15 dias, posteriormente, diversas vezes esse período foi prorrogado. Nessa perspectiva, nossa estratégia é estabelecer contato com os interlocutores para a aplicação dos questionários através de mídias sociais (sobretudo grupos formados por taxistas e mototaxistas, os quais tenho acesso por meio de redes familiares, e grupos das associações de trabalhadores locais).

A pesquisa se inscreve teoricamente na perspectiva da sociologia urbana, pois acredito, como Park (1979), que na cidade as crises ganham uma proporção muito maior, devido, entre outros fatores, ao aumento da densidade populacional, a intensidade dos fluxos e trocas (aspectos destacados por autores como Émille Durkheim (1999), Louis Wirth (1979) e MaxWeber (2009)), a um maior número de estímulos (Simmel, 1903) ou ao desenvolvimento exponencial do capital (Marx, 1975).

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O que se pretende é explorar de maneira incipiente as mudanças decorridas na sociedade, e de uma maneira específica na vida e rotinas de trabalho dos nossos interlocutores, diante do fenômeno da pandemia do Covid-19 em Imperatriz, MA. Tal acontecimento atinge de maneira sensível a vida dessas pessoas, suas relações sociais, cotidiano, práticas trabalhistas e rendimentos econômicos, forçando-as a mudanças radicais imediatas que alteram suas maneiras de ver e estar no mundo, o que tem gerado uma série de questões instigantes para o saber sociológico.

Diante desse arranjo, uma das preocupações que inquietam economicamente e politicamente as sociedades atuais, e a presente pesquisa, gira em torno do mundo do trabalho, suas características e possibilidades durante e após o período da “quarentena”.

Tal questão tem gerado discursos acalorados nas mídias sociais (Facebook, Twitter, Instagram, Whatsaap, blogs e etc.), reveladores de conflitos culturais, sociais, econômicos e, sobretudo, políticos. Apesar deste quadro amplo, buscar-se-á delimitar a presente análise contemplando os motoristas urbanos envolvidos no transporte alternativo na cidade de Imperatriz, MA, e como estes têm sido afetados pelo isolamento social associado ao Covid-19.

Para compreensão do artigo, o mesmo foi dividido em algumas ceções: 1) A cidade e o Covid; 2)Pandemia, Isolamento Social e Repreentação; 3) Medo, Cotidiano e Sociabilidade Pandêmica; 4)Os Motoristas de Imperatriz em Tempos de Covid-19 5)Considerações Finais. Na primeira parte eu busco trazer a relação entre o Covid-19 e a cidade, ressaltando os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. No segundo eu tento mostrar que diante a pandemia e do isolamento social existem várias representações, opiniões, entendimento, que por sua vez norteiam as ações sociais. No terceiro ponto eu busco analisar o medo, sentimento que é expressivo nesse momento, e como este altera o cotidiano e a sociabilidade.

No quarto ponto eu busca dá voz aos motoristas, quais os seus medos, anseios diante da pandemia e quais as mudanças no cotidiano. Nas considerações finais eu quero reforçar a ideia de que o vírus tem consequências sociais, e que a crise que vivenciamos diante da pandemia é fruto de um processo histórico, ou seja, as dificuldades, medos e enfrentamentos que os motoristas vivenciam diante desse momento não pode ser dissociada das questões estruturais relacionada ao mundo do trabalho e da destrutível lógica do capital.

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1. A cidade e o Covid-19

Qual a relação entre o Covid-19 e a cidade? Para pensarmos essa relação é necessário nos atermos aos aspectos sociais. Nesse sentido compreendemos o Covid-19 não apenas como uma questão biológica ou sanitária, mas percebendo seus aspectos sociais tal como exposto por autores como Sousa (2020), Pereira (2020), Conceição e Blanc (2020), Silva e Ferreira (2020), Koury (2020) (SANTOS, 2020)e etc.

Tais autores se propuseram a pensar o Covid-19 para além do aspecto meramente biológico. Souza (2020) analisa a pandemia a partir de um viés marxista explanando como a expansão do vírus no mundo está ligado ao capitalismo atual, pois com a nova dinâmica espaço temporal permitiu que rapidamente o vírus se disseminasse. Apesar do autor não focalizar o termo cidade, mas seguindo o próprio viés do autor, é possível construir uma correlação, pois como esclarece Pereira (2018b) Marx compreende a cidade como o resultado dos condicionantes sociais e econômicos e está intimamente relacionada ao capitalismo. Portanto, a cidade é os lócus de reprodução social e econômica que garante a sobrevivência do capitalismo, isto é, esse espaço é mais propício para a disseminação do vírus.

Nessa linha de raciocínio, Conceição e Blanc (2020) faz uma análise da pandemia relacionando o espraiamento viral com a cidade e seus fluxos. Para os autores, “os grandes centros, acumuladores das riquezas, endereços das decisões estratégicas, agregadores dos benefícios e dos males da vida urbana, vêm se consolidando como incubadoras da Covid-19” (Idem, p. 1), isso, devido a intensidade de fluxos no interior destes espaços. Pereira (2020) tem posicionamento similar ao analisar a Pandemia no Maranhão, ele demonstra que as cidades que tem o maior índice de contaminação são as que possuem a maior circulação econômica, sendo São Luís e Imperatriz respectivamente. Para elucidar o conceito de cidade evocamos Park (1979)

A cidade é algo mais do que um amontoado de homens individuais e de conveniência sociais, ruas edifícios [...]. Antes, a cidade é um estado de espírito, um corpo de costumes e tradições e dos sentimentos e atitudes organizadas [...] Em outras palavras, a cidade não é meramente um mecanismo físico e uma construção artificial.

Está envolvida nos processos vitais das pessoas que a compõe, é um produto da natureza, e particularmente da natureza humana. Park (1979, p.1)

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Para o autor supracitado, a cidade está para além de meros aspectos geográficos e espaciais, a cidade é entendida a partir da dinâmica dos atores que a compõem, ou seja, esses indivíduos é que dão vida ao espaço citadino ao interagir com este a partir de hábitos e costumes. Nesse sentido, há uma relação intrínseca entre a organização física e moral da cidade. Portanto, ao analisar o pensamento de Park (Idem) compreende-se que se a cidade é os atores sociais que a compõe, a cidade e o social estão interligados, ou seja, se esse social se modifica a cidade também se altera.

Nesse sentido, Wirth (1979), aluno de Park, compreende o urbanismo, que é inerente a cidade moderna, como um modo de vida.

A característica marcante do modo de vida do homem na idade moderna é a sua concentração em agregados gigantescos em torno dos quais está aglomerado um número menor de centros e de onde irradiam as ideias e as práticas que chamamos de civilização.

[...] As influências que as cidades exercem sobre a vida social do homem são maiores do que poderia indicar a proporção da população urbana, pois a cidade não somente é, em graus sempre crescentes, a moradia e o local de trabalho do homem moderno, como é o centro iniciador e controlador da vida econômica, política e cultural que atraiu as localidades mais remotas do mundo para dentro de sua órbita e interligou as diversas áreas, os diversos povos e as diversas atividades num universo. (Wirth, 1979)

O autor acima mencionado compreende o urbanismo como um modo de vida surgido a partir da cidade moderna, modo este avassalador que exerce uma grande influência sobre os seus moradores assim como noutras localidades, pois o autor acredita que o urbanismo não se confina ao espaço citadino, contudo, e nele que suas características são manifestadas com maior efervescência. É justamente esse modo de vida que se alterou quando pensamos a pandemia, pois este está intimamente ligado a economia capitalista que influi no cotidiano, no trabalho, nas áreas e espaços de lazer, na cultura, no modo de interagir, no modo de construir laços e sociabilidades.

O cotidiano citadino foi alterado de forma repentina, transformando o modo peculiar de ser/estar na cidade e de consumi-la. Os citadinos que no seu dia a dia passavam por diversos lugares, ficaram confinados as suas casas, os ambientes virtuais tornaram-se seus lares, espaço de trabalho e lazer por excelência.

Nos primeiros dias e meses da quarentena, sobretudo, os contatos ao mundo lá fora eram restritos a serviços essenciais, tais como farmácias, supermercados, atendimento na Caixa Econômica Federal e etc. Estes poucos contatos eram marcados

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por insegurança, medo, mesmo com o uso da máscara e do álcool em gel, essas condições nos remetem a uma sociabilidade pandêmica como nos aponta Pereira (2020) ao analisar a Pandemia no Maranhão e na cidade de Imperatriz.

Portanto, ao analisar a cidade e o Covid é possível pensar os aspectos sociais presentes na Pandemia. Se a pandemia alterou a vida cotidiana, acredito que essas mudanças são mais vivenciadas e sentidas na cidade justamente por ser ela, sobretudo as metrópoles, aquelas que tem os maiores fluxos, o receptáculo por excelência do Covid- 19. Além disso, a cidade apresenta um modo de vida peculiar, marcado por um cotidiano que engloba diversos fluxos, encontros, espaços e etc, modo este que foi alterado com a pandemia. Para além disso, tais mudanças caracterizam-se como uma crise, sendo na cidade onde ganham uma maior proporção conforme Park (1979)

2. Pandemia, Isolamento Social e Representações

Como já mencionado, a pandemia de Covid-19 não é meramente um problema de saúde pública. A mesma veio escancarar alguns problemas já presentes no Brasil, tais como a desigualdade, a precariedade das moradias, caracterizando esses espaços como vetor de doenças, precariedade da saúde pública, desemprego, crise política entre outros. Contudo, não dá para negar que nesses tempos pandêmicos tais problemas tomaram proporções muito maiores, e ainda somaram a estes o sentimento de medo, medo esse que vai além do contágio e da morte, o medo de não sobreviver psicologicamente e economicamente a este momento.

Assim, a Pandemia do Covid-19 vai além de um problema meramente biológico e sanitário, tornou-se um problema político, econômico, cultural e social. No sentido de compreender a pandemia e suas implicações culturais, sociais, econômicas e políticas alguns autores já empreenderam algumas análises buscando compreender essa relação, como apontamos na seção anterior.

Um ponto que vem sendo debatido tanto nas redes sociais quanto por teóricos se refere as medidas ao combate do Covid-19. Tais discussões remetem ainda ao início da pandemia, e de uma forma geral tem como ponto central a questão da saúde pública e da questão econômica. Como bem expõe Ferrari e Cunha (2020) essa discussão gira em torna da crítica do isolamento social, onde há aqueles que se posicionam contrários ao isolamento social justificando que os prejuízos econômicos são superiores aos

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benefícios em termos de saúde pública e que o mais coerente seria isolar apenas as pessoas de risco e voltar a "normalidade". O referido autor busca apontar quais as falhas destas concepções, demonstrando que sem o isolamento social os números seriam mais catastróficos. Werneck e Carvalho (2020) que também analisam a questão social da saúde pública e do fator econômico, reconhecem a importância deste último, porém acreditam que as decisões devem ser tomadas com o objetivo de poupar vidas.

Tais discussões são importante não apenas num plano teórico, mas por estar presente no cotidiano. Estas podem ser acompanhados no nosso dia a dia, a partir do meu e do seu cotidiano, ora ou outra estamos debatendo com familiares e amigos sobre o tema, além disso tais questões podem ser acompanhadas por meio das mídias sociais, onde as pessoas expõem suas opiniões sobre o assunto. Compreender a percepção das pessoas acerca da Pandemia do Covid-19 é importante, pois é a partir destas que o indivíduo vai construir sua ação social (WEBER, 2004), interação social (SIMMEL, 2006) e fachadas (GOFFMAN, 1985)

Nesse sentido, mesmo reconhecendo a importância do isolamento social para o combate ao Covid-19, o que me proponho é analisar como essa discussão criam representações e como estas moldam a ação dos indivíduos. Nessas representações são evocados não apenas questões sanitárias e de saúde pública, mas questões econômicas.

É importante salientar que o isolamento social não está acessível a todas as pessoas, por isso, pensar a pandemia, as representações e percepções que a pessoas tem acerca destas não pode ser desvinculado de questões estruturais. Pois como salienta Werneck e Carvalho (2020) a epidemia de COVID-19 encontra a população brasileira em situação de extrema vulnerabilidade, com altas taxas de desemprego e cortes profundos nas políticas sociais. Nesse sentido,

Ainda que estejamos preservando nossa saúde ao permanecer em casa, é legítima a preocupação sobre como iremos nos alimentar se nossos salários forem cortados ou se não tivermos como gerar nossa renda, no caso de empresários, trabalhadores autônomos e informais. (SOUZA, 2020b)

Mas do que reconhecer a legitimidade de tais preocupações é compreender que essa realidade vai servir como pano de fundo na definição da situação (GOFFMAN, 1985), gerando as ações individuais e coletivas. É pautada na noção de necessidade que muitos trabalhadores vão aos seus postos de trabalho mesmo se expondo a contrair a

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doença e/ou transmiti-la. Portando, desejo evocar o conceito de medo para compreender as relações, ações e interações no contexto pandêmico, medo este que está para além do medo de contrair a doença, medo de não sobreviver, medo de não pagar as contas.

3. Medo, Cotidiano e Sociabilidade Pandêmica

Do que se tem medo? Da morte, foi sempre a resposta. E de todos os males que possam simbolizá-la, antecipá-la, recordá-la aos mortais. Da morte violenta, completaria Hobbes. De todos os entes reais e imaginários que sabemos ou cremos dotados de poder de vida e de extermínio: da natureza desacorrentada, da cólera de Deus, da manhã do Diabo, da crueldade do tirano, da multidão enfurecida; dos cataclismos, da peste, da fome e do fogo, da guerra e do fim do mundo. (CHAUI, 1987)

A autora supracitada busca construir uma análise sobre o medo, análise de cunho filosófico, mas que é possível extrair elementos sociais. A autora, a princípio traz esse sentimento buscando compreender o que o gera, relacionando diretamente a morte.

Eu partilho desta ideia, o medo da morte é muito presente na nossa sociedade, mas acredito que esse medo tem outras implicâncias sociais. Não é simplesmente o medo de morrer, mas o medo de perder alguém, alguém esse que é mais que um número de estatísticas, alguém com quem se construiu laços sociais sólidos, um ente querido, que tem uma vida, que tem uma história, história essa cruzada a muitas outras pessoas.

Seguindo a linha de raciocínio do medo da morte, este geraria tantos outros medos. Medo do desconhecido, da fome, de pestes. Mas do que destacar esses diversos medos, é necessário compreender que estes são constructos sociais que acabam por influir nas ações individuais e coletivas. Para Chauí (1987) esses constructos são um sistema de medo que determina a maneira de sentir, viver e pensar.

Ao pensar o medo como influenciador da ação e da relação social alguns autores já se debruçaram sobre como Eckert e Rocha (2008), Eckert (1998), Koury (2002, 2005), Pastana (2004), Pereira e Pereira (2017). Tais autores, em sua maioria abordam o medo ou uma Cultura do Medo (PASTANA, 2004) relacionando a questão da violência criminal, pautada numa sociabilidade violenta (MACHADO DA SILVA, 2016) que influi não só no momento interacional entre os indivíduos, mas moldando a

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estética dos lugares, transformando o espaço citadino em cidade de muros (CALDEIRA, 2000).

Esses autores são elucidativos para pensarmos uma relação entre medo, sociabilidade, cotidiano e cidade. Como disse, esse medo é, quase sempre, pensado em relação a violência criminal, o que me proponho aqui é pensar o medo para além da violência criminal, pensar o medo em tempos pandêmicos.

Seguindo Koury (2002, 2005), o medo é uma construção social significativa pois atua como uma das principais forças organizadoras do social. Ou seja, o medo socialmente construído vai influir na forma de pensar, no agir, no interagir, ou seja, é uma relação social que nos auxilia no entendimento das formas sociais (SIMMEL, 2006). Para Koury (2002, 2005), o estudo do medo é importante para explicar os processos societários, nesse sentido, ele busca a compreensão do imaginário sobre o medo em uma sociabilidade dada.

Nesse sentido, o medo, pode ser compreendido como um conteúdo (SIMMEL, 2006) que leva o indivíduo a se socializar, seja de forma breve ou duradoura, mas esta socialização se dá sob o signo do medo gerando formas sociais por ele influenciado.

Esse medo, pode ser pensando a partir do poder disciplinar1 (Foucault, 2001) que dita como o indivíduo deve agir, tornando-os corpos dóceis e disciplinados. Seguindo uma linguagem goffmaniana, seria como este indivíduo deve se apresentar diante dos outros, que fachadas representar diante do contexto do medo. É nesse sentido, que gostaria de compreender o medo e as sociabilidades pandêmicas (PEREIRA, 2020) pois como salienta o autor “medo e as formas de interagir e se sociabilizar adquirem uma perspectiva específica no cenário de pandemia.” (Idem, p. 75)

O medo em tempos pandêmicos toma uma característica bastante peculiar. O medo que gostaria de destacar, não se relaciona com o ato da violência criminal, o medo tem um eixo central, e esse centro tem nome, Covid-19. Assim, temos medo da morte, de perder entes queridos, de interagir com as pessoas, do futuro, do imprevisível, de perder eventos importantes (de cultural, esportivo, religioso), de perder as esperanças, de passar fome, de ficar desempregado, da crise econômica ser maior que a crise sanitária, de não haver leitos suficientes, de contrair a doença ou transmiti-la.

1 "o poder disciplinar é com efeito um poder que, em vez de se apropriar e retirar, tem como função maior adestrar; ou sem dúvida adestrar para retirar e se apropriar ainda mais e melhor" (Foucault 2001b:

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Todos esses medos em tempos pandêmicos tem um eixo central ou um conteúdo que o motiva, a pandemia de Covid-19. Ao analisar esses vários medos que engloba tantos aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos acredito que a pandemia aqui abordada funciona como um fato social total (MAUSS, 2003), pois tem implicâncias em toda a sociedade em diversas esferas.

Assim, busco refletir sobre a Pandemia de Covid-19 na cidade de Imperatriz- MA tendo como os atores privilegiados desta análise os motoristas do transporte urbano de Imperatriz, com destaque para os taxistas, mototaxista e motoristas de aplicativo. Um trabalho que já vem refletindo sobre a Pandemia no Maranhão, e em especial em Imperatriz é o artigo do professor Dr. Jesus Marmanillo Pereira que busca analisar os cenários de medo e as sociabilidades pandêmicas no Maranhão refletindo sobre a chegada e o desenvolvimento do Covid-19, analisando como o sentimento de medo pode ser considerado um importante fator nas sociabilidades urbanas.

Pereira (2020) analisa o medo como um constructo social a partir das instituições que é assimilado pelos indivíduos levando em conta os repertórios afetivos e culturais. A partir da compreensão do medo, o autor busca delinear como há uma mudança no comportando na cidade e no esvaziamento gradativo das ruas do centro da cidade. Tais mudanças vão refletir em todos os habitantes da cidade, já que, com a quarentena mudou o cotidiano da cidade e a forma de consumi-la. Para realizar sua análise, o autor supracitado aplicou 241 questionários online, dos quais 111 foram analisados a emoção do medo, suas justificativas e algumas características sociais dos entrevistados, a partir deles, ele verificou que:

71% das justificativas giram em torno do medo de contágio, [...]. 8,1%

também possuem medo do contágio e amo mesmo tempo preocupação pela falta de cuidados das pessoas que não respeitam as normas de proteção. Outros 8,1 temem pela demora e velocidade da pandemia e 4,1 afirmaram o medo do contágio e da situação financeira para a manutenção da própria vida. (PEREIRA, 2020, p. 78)

Ao analisar os dados, o que predomina é o sentimento de medo diante do que a representação da Pandemia se apresenta para nós. Majoritariamente, apresenta-se o medo do contágio, pois pensando em Chauí (1987) tememos aquilo que nos aproxima da morte, mas para além desse medo há três pontos mencionados pelos entrevistados que são interessantes para analisarmos, acredito que estes pontos estão presentes nos meus interlocutores de pesquisa e a partir deste desejo me debruçar.

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O primeiro refere-se ao medo de as pessoas não respeitarem as medidas de segurança, o segundo, a demora da pandemia, e terceiro a preocupação financeira diante da manutenção da vida. Como já mencionei acima, nem todos tem o privilégio de manter uma quarentena, há aqueles que são obrigados a ir para o trabalho porque sua empresa continua funcionando, ou por fazer parte dos serviços essenciais ou por estar funcionando de forma ilegal durante o período de fechamento do comércio.

Há ainda, os informais, os ambulantes, os feirantes, os empreendedores individuais, os motoristas que se veem obrigados a ir trabalhar, mesmo com a pequena quantidade de clientes e condições de extrema vulnerabilidade (diante da pandemia) para conseguir sustentar sua família. Analisar estes medos diante da pandemia se faz importante para compreender as ações destes indivíduos, pois se o medo do contágio está presente, ele concorre com outros medos, como o medo de passar fome, de não conseguir manter a família, de não pagar as contas. É pensando o contexto do Covid-19, a sociabilidade pandêmica, a economia, o sentimento de medo que busco analisar os motoristas nesses tempos.

Os Motoristas de Imperatriz em tempos de Covid-19

Primeiramente gostaria de esclarecer que esta é uma pesquisa incipiente, que os apontamentos aqui abordados serão com base em questionários lançados online e conversas no whatsapp ainda no início da pandemia em julho de 2020. Meu objetivo é compreender como tem sido o cotidiano, qual a perspectiva diante da pandemia em um grupo específico da cidade, os motoristas. É importante deixar claro que tivemos certa dificuldade em coletar esses dados, sobretudo quando se trata dos taxistas e mototaxista.

Acredito que a falta de contato físico dificultou esse processo.

Dos 18 questionários respondidos, dois são mototaxista, dois taxistas, e os 14 restantes são de motoristas de aplicativos. Ambos os taxistas e motoxistas que responderam o questionário foram a partir de abordagem por whatsapp mediado pela pessoa da minha mãe e do meu pai, e um taxista por ser esposo de uma colega que fez a mediação. Sobre os motoristas de aplicativo tive a mediação de um colega que exerce este ofício, que além de responder compartilhou o questionário em um grupo de whatsapp que os reúne. Acredito que o maior número de motorista de aplicativo deve ao fato de os mesmos terem uma maior familiaridade com aplicativos e celulares devido

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trabalharem por meio destes. Para resguardar a identidades dos interlocutores serão utilizados pseudônimos.

Para iniciar nossa reflexão sobre estes grupos gostaria de iniciar com a fala de Boa Ventura de Sousa Santos: “Qualquer quarentena é sempre discriminatória, mais difícil para uns grupos sociais do que para outros e impossível para um vasto grupo de cuidadores, cuja missão é tornar possível a quarentena ao conjunto da população”

(SANTOS, 2015, p. 20)

Boa Ventura lançou um livro intitulado “a cruel pedagogia do vírus” que busca refletir as questões relacionados ao Covid-19 se atentando para os aspectos, sociais, culturais, econômicos e políticos, trazendo à tona aspectos não tão perceptíveis, mostrando que esta é reflexo de todo um processo histórico, político e cultural anterior relacionando diretamente ao modo de vida capitalista. Além disso, o autor busca mostrar que a pandemia atinge de maneira diferentes as pessoas, levando em conta a questão da raça, classe e gênero. Nesse sentido, como aponta Silva e Ferreira (2020) a crise que vivenciamos diante do Sars-Cov-2 é resultado de uma crise anterior, crise econômica, política e social que já enfrentávamos e que está escancarada diante da pandemia que vivenciamos.

Assim, seguindo o pensamento de Santos (2020) e o questionamento de Silva e Ferreira (2020), reflito “ficar em casa” é para quem quer ou para quem pode? Se há as pessoas que burlam o isolamento social acredito que nem todas podem ser classificadas como irresponsáveis ou insanas, pois como pontuou Santos (2020) a quarentena é discriminatória, é difícil para alguns e impossíveis para outros, pois algumas pessoas trabalham para que seja possível a quarentena e isolamento social de outras.

E neste quadro não está apenas os trabalhadores da área da saúde, encontramos os que trabalham no supermercado, nas farmácias, segurança pública, com o oferecimento de internet, água, energia e etc. Além dos mencionados, podemos destacar também os motoristas, afinal, se há uma diminuição dos deslocamentos pela cidade, perduram ainda os estritamente necessários, as idas aos supermercados, ao hospital, as farmácias e etc. E mesmo que alguma encomenda possa ir por delivery temos a presença de um motorista, não de pessoas, mas de mercadorias. Portanto, esses indivíduos são necessários para garantir o isolamento social de outras.

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Além disso, é preciso refletir que manter o isolamento para algumas pessoas pode ser muito difícil do ponto de vista econômico, como vendedores ambulantes, serviços autônomos como cabelereiro, barbeiro, motoristas, que muitas vezes sustentam suas famílias com o dinheiro que é ganhado diariamente do seu serviço. Então, mesmo diante dos riscos submetem-se ao exercício do ofício em função de manter suas necessidades básicas. Um exemplo que podemos citar é Carla, natural de Imperatriz, 22 anos de idade, motorista de aplicativo a 7 meses, sendo esta a sua única fonte de renda, sobre a pandemia faz a seguinte afirmação:

Alguns passageiros não se importam com as meninas de distanciamento e medidas sanitárias, muitos não usam máscaras e poucos fazem o uso do álcool em gel disponível no carro. Outros insistem em utilizar o banco da frente mesmo com o maior risco de contato para ambos, o motorista e passageiro. Sou a favor do isolamento e distanciamento, não deveria estar trabalhando mas se não trabalhar não posso sobreviver, então trabalho. Levo pessoas sem máscaras pois não podemos recusar muitas corridas, os app dão punição. Além de o lucro já ser pouco, será bem menos se recusar todos que não cumprem as medidas.

A partir da fala de Carla podemos fazer algumas considerações. Mesmo sendo jovem, a mesma sobrevive do ofício de transportar pessoas, sendo esta a sua única fonte de renda. A mesmo se posiciona favorável ao isolamento social pois tem ciência da gravidade dessa doença e crença que o isolamento é a medida mais apropriada para contermos a contermos, além do uso de máscara e álcool em gel quando houver necessidade de sair. Apesar do medo de contrair a doença, soma-se e concorre com estes outros medos, o medo da falta de cuidado das pessoas que não respeitam as indicações da OMS e o medo da condição e situação financeira.

Estes outros medos mencionados fazem parte do cotidiano dos motoristas, sobretudo os que não pararam e os que já voltaram as ruas. O primeiro refere-se a falta de cuidados de muitos passageiros que não obedecem às normas sanitárias, tornando o cotidiano destes trabalhadores mais vulnerável e perigoso. Sobre o medo da situação financeira levam estes motoristas não só a realizar corridas como aceitar passageiros que não estejam fazendo uso das medidas protetivas.

Ao questionar os motoristas sobre o que os levou a trabalhar diante do isolamento social, 90% responderam que era devido as necessidades e/ou contas. É importante ressaltar que a maioria dos motoristas eram favoráveis ao isolamento, e que

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dos 18 entrevistados, 72, 2% chegaram a realizar quarentena, que variou de 2 semanas a três meses. Assim, mesmo diante do medo de contrair a doença concorria com este o medo de não sobreviver economicamente, o medo de não pagar as contas, pois mesmo que boa parte tenha sido contemplada no auxílio emergencial do Governo (72,2 %) o valor recebido é abaixo da sua renda mensal, que varia entre 1 a 3 salários mínimo, além disso há aqueles que precisam pagar aluguel e/ou parcela do carro ou moto. Esse é um dos fatores a mais que influenciam em parar, continuar ou retomar as atividades.

Um exemplo disto é o senhor Daniel Cardoso Silva que é motorista há mais de 20 anos na cidade de Imperatriz, tendo já trabalhado como mototaxista, taxista e motorista de app. O Sr. Daniel parou de exercer o ofício quando foi decretado o fechamento do comércio, shopping, bares, cinemas e eventos por meio do decreto de n°

23 de 21 de março de 2020, segundo ele, sem o comércio funcionando não haveria

“corridas”, diante das circunstancias se viu obrigado a parar o ofício. Apesar disso, não demorou muito para voltar, após a segunda semana começou a realizar timidamente algumas corridas na parte da manhã, horário em que o comércio estava aberto para os serviços essenciais e algumas lojas que abriram clandestinamente. Voltou a ficar duas a 3 semanas em casa devido ter adoecido, ao se sentir melhor, voltou a rotina de trabalho.

Sua principal justificativa para o retorno ao ofício era a prestação a pagar do carro que, além disso, afirmava, que assim como ele, tinham outros colegas na mesma situação.

Tais questões apontadas pelo Sr. Daniel eu pude observar em uma discussão por meio de um grupo de Whatsapp que reunia os mototaxistas. A conversas acontecia por meio de áudios, no qual alguns integrantes discutiam sobre a gravidade da pandemia e sobre a quarentena, uns diziam estar cumprindo-a, pois era medida necessária, outros afirmavam que não tinham condições para tal, pois afirmavam ter veículo para pagar além de outras dívidas, e que não possuíam outra fonte de renda.

Para além do medo da questão financeira, o medo de contrair a doença também se faz presente. Diante desse quadro, os motoristas se veem obrigados a mudarem os seus hábitos no dia a dia. Ao questionar quais as principais mudanças ocorridas durante a pandemia e sobre o cotidiano desses trabalhadores no período pandêmico as respostas convergem para a diminuição de passageiros e para uma mudança nos hábitos relacionados a higiene e ao distanciamento social:

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Uso constante de máscaras de tecido, três tipos de álcool 70 no carro (um líquido para borrifar no carro, uma garrafa grande em gel para os passageiros e uma embalagem pequena em gel para meu uso pessoal), além, de manter todas as janelas abertas a todo momento. (Quemuel dos Santos)

Se estes se veem obrigados a exercerem o ofício para continuar mantendo suas famílias, com o objetivo de proteger a si e seus entes queridos o que se percebe é “a construção insegura de novos arranjos e rotinas cotidianas de segurança pessoal e familiar” (KOURY, 2020,p. 14) e “uma sociabilidade pandêmica, pois não é plena na utilização de todos os sentidos humanos, uma sociabilidade fortemente visual com cheiro de álcool e textura de gel.” (PEREIRA, 2020, p. 84).

Portanto, o cotidiano desses trabalhadores é marcado pelo medo, medo da morte, do Covid-19, de contrair e transmitir a doença, de perder os entes queridos, de passar fome, de não pagar as contas, de não conseguir a parcela do carro. Estes medos concorrem e disputam entre si, eles moldam e estruturam as ações, interações e relações sociais em tempos pandêmicos, eles estruturam quem decide trabalhar, quem decide parar e por quanto tempo parar, além de alterar todo o cotidiano desses indivíduos e a forma de interagir com os colegas e passageiros.

Considerações Finais

Ainda estamos vivenciando um período bastante turbulento influenciado pela pandemia de Covid-19. Imperatriz está com o seu comércio de volta à ativa o dia todo desde 18 de maio de 2020 quando se iniciou a flexibilização do comércio. Hoje não só o comércio, mas os bares, restaurantes, cinema abrem suas portas, a circulação de pessoas na vida noturna da cidade vem aumentando gradualmente, consequentemente há um maior fluxo de carro e de motoristas nas ruas devido ao aumento da demanda.

Apesar do discurso da “volta à normalidade”, tão aclamado por parte da população que deseja voltar aos bares, festas e igrejas, e tão condenados por outros que previam o aumento de casos, sabemos que o Covid-19 não desapareceu, que ainda não há vacinas disponíveis para a população, portanto, não podemos pensar numa volta à normalidade plena. Logo, o principal motivo para o retorno “as atividades normais”

estão ligadas a uma cruel lógica capitalista, na qual sua preocupação é com o lucro.

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Se não podemos deixar de compreender e levar em consideração as preocupações das populações trabalhadoras, sobretudo os que trabalham no serviço informal, os pequenos empreendedores, os autônomos, devemos considerar os aspectos estruturais que os envolve. Esses indivíduos estão inseridos dentro de uma lógica capitalista, isto é, apesar da roupagem de empreendedores, há toda uma lógica estrutural que cria esses postos e que os influenciam para os mesmos.

Sobre uma pesquisa realizada por mim com os taxistas da cidade de Imperatriz- MA no ano de 2016 a 2017 eu pude constatar que dos 65 entrevistados 35% (23) afirmam ter ingresso no táxi devido à falta de opção e/ou desemprego. Essa falta de opção pode estar relacionada a baixa escolaridade. Do total de entrevistados verificamos que 50% (32) dos taxistas possuem no máximo o Ensino Fundamental completo, e que 41% (29) ingressaram ou concluíram o ensino médio, e somente uma pequena parcela, 6% (4), é que concluiu o Ensino Superior.

A partir desses dados e da pesquisa mencionada, é possível inferir que a inserção destes trabalhadores está ligada há uma questão macroestrutural. Antunes (2008, 2011), ao analisar as metamorfoses do mundo trabalho, afirma que o trabalho contratado e regulamentado está sendo substituído “pelas diversas formas de empreendedorismo, cooperativismo, trabalho voluntário” (ANTUNES, p. 7, 2008).

Nesse sentido, o que se vê diante dessas mudanças é um empreendedorismo por necessidade (DORNELAS, 2005) que está ligado ao desemprego estrutural (ANTUNES, 2008) e em muitos casos aos idosos pelo capital (ANTUNES e ALVES).

Para além dos taxistas, e podemos inferir também os mototaxista, que tem inserção similar ao táxi, ligado a necessidade, desemprego a facilidade de ingresso como constatado por Pereira (2018a) e Pereira e Pereira (2017), é importante refletirmos sobre os mais novos integrantes no ofício de transportar pessoas, os motoristas de aplicativos. Apesar de dados empíricos insuficientes sobre tais motoristas na cidade de Imperatriz, podemos relacionar a estudos de nível mais macro e do mundo do trabalho.

A aparição destes novos trabalhadores se insere na economia compartilhada ou sharing economy (SLEE, 2017) que tem como consequência a exploração mascarada dos seus “colaboradores”. Portanto, apesar da roupagem de “empreendedor”, o que se percebe é a emersão de um novo proletariado na era digital, que tem sob seu manto “o privilégio da servidão” (ANTUNES, 2019) ou o precarizado (STANTING e

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ANTUNES, 2013). Essa classe de trabalhadores é fruto de todo um processo histórico pautado na precarização e flexibilização do trabalho, que cada vez mais escancara a desigualdade social e deixa a margem parcela significativa da população.

Trazer à tona os aspectos mencionados acima é importante para refletirmos tal situação diante do mundo pandêmico. Como bem coloca Silva e Ferreria (2020) o vírus não é político, não é econômico, não é social não é cultural, mas somos seres ligados por teias de interdependência (ELIAS, 1999, 1994), portanto, estamos interligados, e um vírus que é biológico tem afetado a sociedade, e portanto, o social, o econômico, o político e o cultural.

Nesse sentido o mundo do trabalho tem sido afetado, mas para além disso, é importante salientar que a crise que vivenciamos não foi ocasionada inteiramente pelo vírus. Este, por sua vez, escancarou, revelou, e trouxe à tona a crise que já estava inscrita nas nossas relações sociais como aponta autores comos Koury (2020), Adorno (2020) Santos (2020), Silva e Ferreira (2020) entre outros. Pois “a pandemia ressalta, de maneira dramática, toda a escandalosa desigualdade social do país” (ADORNO, 2020).

Desigualdade essa que não é fruto do Covid-19 mas que agrava a situação das classes, das raças, do gênero. E como a discussão não se esgota, ainda mais diante de um processo que ainda vivenciamos, deixo novamente a reflexão suscitada já por alguns autores aqui trabalhados: Ficar em casa, é para quem quer ou pra quem pode?

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Referências

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