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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA AGUIMAR TEREZINHA BUZON

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Academic year: 2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

AGUIMAR TEREZINHA BUZON

IMPLICAÇÕES E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER

HISTERECTOMIZADA NO PROCESSO DE EMPODERAMENTO E QUALIDADE DE VIDA: Uma Revisão Integrativa

NITERÓI 2017

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AGUIMAR TEREZINHA BUZON

IMPLICAÇÕES E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER

HISTERECTOMIZADA NO PROCESSO DE EMPODERAMENTO E QUALIDADE DE VIDA: Uma Revisão Integrativa

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Título de Enfermeiro Licenciado.

ORIENTADORA

PROFESSORA DOUTORA ROSE MARY COSTA ROSA ANDRADE SILVA COORIENTADORA

PROFESSORA PÓS-DOUTORA ELIANE RAMOS PEREIRA

NITERÓI 2017

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AGUIMAR TEREZINHA BUZON

IMPLICAÇÕES E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER

HISTERECTOMIZADA NO PROCESSO DE EMPODERAMENTO E QUALIDADE DE VIDA:

Uma Revisão Integrativa

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Título de Enfermeiro Licenciado.

APROVADO EM:__________________

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________

Profª. Drª Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva - UFF – Presidente

____________________________________________________________

Profº. Ms. Wbiratan de Lima Souza - UFF -1º Examinadora

____________________________________________________________

Profª. Ms. Sueli Maria Refrande – UFF 2ª Examinadora

____________________________________________________________

Ms. Bianca Marques - UFF - Suplente

NITERÓI/RJ 2017

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao companheiro Donizeth Schiavo e ao filhão Pablo Buzon Schiavo pelo incentivo e apoio durante toda a graduação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar, pela oportunidade de fazer parte do corpo discente da Universidade Federal Fluminense, e assim realizar um sonho.

Aos meus pais, irmãos e cunhados, muito obrigada pelas palavras de carinho e incentivo.

A minha orientadora, muito obrigada por não ter desistido de mim. Sou muito grata a você Professora Drª Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva.

Agradeço a todos os professores que fizeram parte da minha vida acadêmica, em especial, às professoras Elenice Cechetti, Paula Flores e Emília Galindo, muito obrigada pelo

incentivo, nos momentos mais difíceis durante a graduação.

Agradeço à grande amiga Rita de Cássia Ferreira dos Santos, que foi um anjo enviado por Deus para me manter no caminho certo até o fim e não desistir. E não poderia esquecer jamais das amigas Bruna Sousa de Oliveira e Giovana Soanno Marchiori, a vocês meu muito

obrigada por tudo que fizeram por mim.

Quero agradecer também a Maria José de Melo, Caroline Carvalho, Alexandre Costa, Juliana Condeixa, Vanessa Rosália e Priscila Pereira pelo apoio e amizade durante os

primeiros períodos da graduação.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Número de artigos encontrados e selecionados de acordo com descritores: “enfermagem”, “cuidados de enfermagem”,

“histerectomia” e “qualidade de vida”, nas bases de dados SCIELO, LILACS, BEDENF e MEDLINE, no período de 2012 a 2017.

p.27

Quadro 2 Apresentação da síntese dos artigos incluídos na revisão integrativa por título/autor/fonte/ano, objetivos, método, grupo de intervenção, indicação cirúrgica, resultados e conclusão.

p.28

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LISTA DE SIGLAS

PSMI – Programa de Saúde Materno-Infantil MS – Ministério da Saúde

PAISM – Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher SUS – Sistema Único de Saúde

HAT – Histerectomia Abdominal Total ISC – Infecções de Sítio Cirúrgico

PNAISM – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem

SAEP – Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória SRPA – Sala de Recuperação Pós-Anestésica

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RESUMO

Introdução: A contribuição da assistência de enfermagem à mulher histerectomizada no processo de empoderamento e qualidade de vida foi o objeto deste estudo. Milhares de mulheres são submetidas à cirurgia de histerectomia no mundo inteiro, por patologias benignas, malignas e hemorragias. O útero é culturalmente associado à feminilidade, sexualidade e reprodução, portanto sua extirpação pode interferir no biológico e emocional da mulher e afetar sua qualidade de vida. As questões norteadoras desse estudo foram: Como a enfermagem contribui no empoderamento e qualidade de vida da mulher histerectomizada? E, quais as contribuições da enfermagem para as mulheres que vivenciaram a histerectomia?

Objetivos: Descrever o conhecimento disponível e publicado sobre as contribuições da assistência de enfermagem e implicações à mulher histerectomizada; Apontar as contribuições da enfermagem nas mulheres que vivenciaram a histerectomia por neoplasias e complicações obstétricas; Discutir os estudos incluídos na revisão, acerca das contribuições da enfermagem no empoderamento e qualidade de vida dessas mulheres. Método: Revisão integrativa da literatura de 07 artigos científicos publicados entre os anos 2012 e 2017, nos idiomas português, inglês e espanhol. Foram analisados os resultados, na discussão dos mesmos introduzidos e correlacionados com a pesquisa já realizada como estado da arte, baseada na reflexão de Simone de Beauvoir. Resultados: As publicações trouxeram questões que foram discutidas em três categorias: Mitos e crenças relacionados à retirada do útero, a necessidade da histerectomia por falta de opção e a assistência de enfermagem no processo de empoderamento. Conclusão: Os estudos acerca da temática são escassos, no espaço temporal de abril de 2012 a abril de 2017. Nos anos de 2013 e 2015 não foram encontrados nenhum artigo sobre o tema. Em sua maioria, os artigos relatam que a assistência de enfermagem deve ser baseada na cultura da mulher, respeitando o contexto biológico e emocional, com integralidade e fazendo uso do processo de enfermagem, agindo assim como promotor do empoderamento.

Descritores: Enfermagem; cuidados de enfermagem; histerectomia; qualidade de vida.

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ABSTRACT

Introduction: The contribution of nursing care to hysterectomized women in the process of empowerment and quality of life was the object of this study. Thousands of women submitted hysterectomy surgery worldwide, due to benign, malignant pathologies and hemorrhages. The uterus is culturally associated with femininity, sexuality and reproduction, so its extirpation can interfere with a woman's biological and emotional state and affect her quality of life. The guiding questions of this study were: How does nursing contribute to the empowerment and quality of life of hysterectomized women? and, what are the contributions of nursing to women who experienced hysterectomy? Objectives: To describe the available and published knowledge about the contributions of nursing care and implications to the hysterectomized woman; To point out the contributions of nursing in women who experienced hysterectomy due to neoplasias and obstetric complications; To discuss the studies included in the review, about the contributions of nursing in the empowerment and quality of life of these women.

Method: Integrative review of the literature of seven scientific articles published between the years 2012 and 2017, in Portuguese, English and Spanish. We analyzed the results, in the discussion of the same ones introduced and correlated with the research already carried out as state of the art, based on the reflection of Simone de Beauvoir. Results: The publications brought up issues that were discussed in three categories: Myths and beliefs related to uterine withdrawal, the need for hysterectomy due to lack of choice, and nursing care in the empowerment process. Conclusion: The studies on the subject are scarce, in the space of time from April 2012 to April 2017. In the years 2013 and 2015 no articles on the subject were found. Most articles report that nursing care must be based on women's culture, respecting the biological and emotional context, with integrality and making use of the nursing process, thus acting as a promoter of empowerment.

Descriptors: Nursing; nursing care; hysterectomy; quality of life.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 12

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ... 12

1.2 OBJETO DO ESTUDO ... 13

1.3 QUESTÕES NORTEADORAS... 13

1.4 OBJETIVOS ... 14

1.4.1 Objetivo Geral ... 14

1.4.2 Objetivos Específicos ... 14

1.5 JUSTIFICATIVA ... 14

1.6 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÃO ... 15

2. REVISÃO DA LITERATURA ... 16

2.1 O Mercado de Trabalho Modificador das Vivências ... 16

2.2 Políticas Públicas como Base da Promoção e Prevenção de Saúde ... 18

2.3 Histerectomia como Tratamento ... 19

2.4 Implicações Pós Cirúrgicas da Histerectomia ... 20

3. METODOLOGIA ... 23

4. REFERENCIAL TEÓRICO POR SIMONE DE BEAUVOIR ... 24

5. RESULTADOS ... 26

6. DISCUSSÃO ... 31

6.1 Mitos e crenças relacionadas à retirada do útero ... 32

6.2 A histerectomia como última opção ... 33

6.3 A assistência de enfermagem no processo de empoderamento ... 34

7. CONCLUSÃO ... 35

8. OBRAS CITADAS: ... 37

9. OBRAS CONSULTADAS: ... 40

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

As condições de saúde da mulher no Brasil até a década de 1970 eram focadas na sua saúde reprodutiva, com amparo no Programa de Saúde Materno-Infantil (PSMI) e no Programa de Prevenção da Gravidez de Alto Risco, limitando a sanar problemas da gravidez e do parto (JORGE et al., 2015).

A partir dos anos 1980 o Ministério da Saúde (MS) iniciou a criação de um novo programa de saúde para atender a mulher com integralidade, assim desenvolveu ações de saúde que abarcassem todas as fases da vida, desde a adolescência até a terceira idade. Nesse intuito, elaborou o PAISM, Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (JORGE et al., 2015).

De acordo com Brasil (2013), as mulheres são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), desfrutando, para si mesmas dos serviços, acompanhando sua família e amigos, tornando-se indispensáveis para as políticas de saúde. São as desigualdades de poder entre mulheres e homens, que fazem com que as mulheres sejam prejudicadas em sua saúde.

Dentre os inúmeros problemas que afetam a saúde da mulher, destacam-se aqui condições uterinas que tem como desfecho a histerectomia, que leva a mulher ao sentimento de [...] medo da cirurgia propriamente dita, da mutilação de um órgão que representa a maternidade e de certa forma a sexualidade feminina (REAL et al., 2012, p.126).

A histerectomia, consiste na retirada total ou parcial do útero por meio de cirurgia, e pode ser efetuada por via abdominal ou vaginal (GOMEZ, ROMANEK 2013, p.19). De acordo com Freitas et al. (2016, p.2) a histerectomia é uma das cirurgias mais realizadas em mulheres no mundo, em média 600 mil cirurgias são realizadas por ano nos Estados Unidos.

Enquanto no Brasil, só no ano de 2014 ocorreram 83 milhões. Desse grupo não podemos deixar de destacar, que 34 milhões foram de caráter oncológico.

Segundo Oliveira e Ferraz (2012, p.41), geralmente as indicações para uma histerectomia são oriundas de patologias benignas e suas complicações, como: os leiomiomas/miomas, a endometriose, o prolapso uterino. Apenas 5,1 % das histerectomias realizadas são por enfermidades malignas, como destaque o câncer do colo do útero e o

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carcinoma do útero (endométrio), com prevalência em [...] mulheres pós-menopausadas ou nas que não tem acesso aos serviços médicos.

Freitas et al. (2016, p.2) diz que a histerectomia afeta a qualidade de vida da mulher por interferir no biológico e no emocional. Muitas mulheres associam o útero à feminilidade, à sexualidade e reprodução, o que traz sentimentos negativos que interferem na vida sexual e social, causando medo e baixa autoestima com relação a sua autoimagem.

Por outro lado, tal cirurgia também pode ser considerada pela mulher como preditora de implicações positivas, atreladas geralmente à ausência de sintomas típicos da doença de base, que levou à indicação e realização da cirurgia (MERIGHI et al., 2012, p.609).

Em geral, cirurgias causam insegurança e medo para a mulher e sua família. E esses sentimentos, para a mulher que vivencia uma histerectomia podem se potencializar, devido ao papel que o útero assume quando comparado a outros órgãos (OLIVEIRA, FERRAZ, 2012, P.44). De acordo com Gomez e Romanek (2013, p.19), ao receber a notícia de que terá o seu útero extraído, a mulher passa a enfrentar o medo do ato cirúrgico e o da mutilação de um órgão que representa a maternidade e a sexualidade.

A motivação pela temática surgiu da experiência vivenciada durante estágio do Ensino Teórico Prático (ETP) do curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense, onde houve oportunidade de conversar e participar de alguns cuidados diretos as mulheres histerectomizadas e ouvir relatos dos impactos sobre sua saúde. Assim, houve o interesse em pesquisar as contribuições da enfermagem às mulheres que passam pelo processo de histerectomia devido a patologias benignas sintomáticas, malignas e hemorrágicas, demonstrando como e quais são essas contribuições no processo de empoderamento dessa mulher.

1.2 OBJETO DO ESTUDO

A contribuição da assistência de enfermagem à mulher histerectomizada no processo de empoderamento e qualidade de vida.

1.3 QUESTÕES NORTEADORAS

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Como a enfermagem contribui no empoderamento e qualidade de vida da mulher histerectomizada?

Quais as contribuições da enfermagem para as mulheres que vivenciaram a histerectomia?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Descrever o conhecimento disponível e publicado, sobre as contribuições da assistência de enfermagem e implicações à mulher histerectomizada.

1.4.2 Objetivos Específicos

Apontar as contribuições da enfermagem nas mulheres que vivenciaram a histerectomia por neoplasias ou complicações obstétricas.

Discutir os estudos incluídos na revisão, acerca das contribuições da enfermagem no empoderamento e qualidade de vida das mulheres que vivenciaram a histerectomia por neoplasias ou complicações obstétricas.

1.5 JUSTIFICATIVA

O presente estudo justifica-se por buscar uma reflexão sobre a assistência de enfermagem junto à mulher submetida à cirurgia de histerectomia. Também pelo estímulo e fortalecimento do papel da enfermagem no perioperatório a essa mulher. Além de aprofundar a pesquisa na temática da saúde da mulher de uma forma geral e atender as demandas de pesquisas científicas relacionadas a esta área. O estudo ainda poderá identificar determinadas necessidades dessa mulher que irá se submeter à histerectomia, para direcionar ações específicas e úteis de enfermagem.

A histerectomia é a segunda cirurgia mais frequente entre as mulheres, perdendo somente para o parto cesária, sendo a histerectomia abdominal total (HAT) considerada de

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risco para a vida da mulher, devido às infecções de sítio cirúrgico (ISC), tanto superficiais como profundas que podem ocorrer em uma cirurgia aberta, além de constipação, dor abdominal, hemorragias, e trombose venosa profunda, no pós-operatório (GOMES;

ROMANEK, 2013, p. 19-20).

Considerada o tratamento mais eficaz para patologias como o câncer e mioma sintomático, a histerectomia pode causar complicações no intra e pós operatório como:

hemorragia, infecções, lesões no ureter, bexiga e intestino, além de complicações tardias como: distúrbios sexuais, psicológicos, hormonais, constipação intestinal e disfunção urinária (OLIVEIRA; FERRAZ, 2012, P.42).

É através da cultura de seu povo, construída ao longo dos tempos, através de mitos e crenças, que influencia a concepção que a mulher tem de seu próprio corpo. Biologicamente, a mulher associa o útero à reprodução e socialmente à sexualidade e feminilidade. Portanto, a histerectomia pode provocar transtornos emocionais à mulher, devido às mudanças importantes prestes a ocorrer (MARTINS et al., 2013, p.575). Mulheres submetidas á esse procedimento podem apresentar alterações na autoimagem e sintomas depressivos. (REAL et al., 2012, p.124)

Contudo, torna-se evidente que, devido às complicações relacionadas à histerectomia, o enfermeiro tem a importante função de cuidado para com essas mulheres na fase perioperatória. É preciso que o profissional de enfermagem atue de modo a contemplar a saúde da mulher integralmente, abordando além dos aspectos fisiopatológicos, aspectos psicossociais (FREITAS et al., 2016, p.2).

1.6 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÃO

Através da busca realizada nas bases de dados, pode-se provocar discussões acerca da temática, tendo em vista, contribuir na construção de um conhecimento mais acessível para a enfermagem e assim ser utilizado na prática clínica de modo a favorecer a mulher em sua saúde biopsicossocial.

A busca pelo conhecimento científico é um desafio, no sentido de compreender as necessidades de cuidado à mulher que vivencia a histerectomia e promover ações conforme essas necessidades apresentadas. Construir esse conhecimento na forma de revisão integrativa da literatura, é extremamente valioso para a enfermagem, visto que [...] muitas vezes os

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profissionais não tem tempo para realizar a leitura de todo o conhecimento científico disponível devido ao volume alto, além da dificuldade para realizar a análise crítica dos estudos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008, p.759-60).

Esta pesquisa busca contribuir para o aprimoramento das questões relacionadas à atenção a saúde da mulher, e em especial, daquelas que vivenciam a cirurgia de histerectomia.

Conforme conceitos e significados concedidos ao útero ao longo dos tempos, a mulher pode sofrer implicações negativas ou positivas. (MERIGHI, et al., 2012). A ausência do útero interfere no biológico e no emocional, gerando baixa autoestima. (FREITAS et al., 2016, p.2)

Aos profissionais de saúde, sobretudo os de enfermagem, que atuam nos cuidados à mulher histerectomizada, construir um conhecimento fundamentado e de cunho operacional, possibilitando assim, alcançar uma melhor tomada de decisão, com melhor custo/benefício e consequentemente uma assistência eficaz e humanizada. Além disso, por reunir em um único estudo, diversas pesquisas o enfermeiro ganha agilidade e tempo.

Contribuir no ensino e pesquisa, com a possibilidade de inserção nos projetos de extensão acadêmica e assim [...] reformular a maneira de [apreender a] ensinar os profissionais a cuidar do outro, a partir da não fragmentação do ser humano. (SILVA;

VARGENS, 2016, p.7) e incentivar novas pesquisas acerca do tema tendo em vista a escassez bibliográfica.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O Mercado de Trabalho Modificador das Vivências

Em 1932 ocorreram grandes conquistas femininas no Brasil. O direito ao voto foi dado à mulher apoiado pelo presidente da República Getúlio Vargas. De acordo com Probst (2013):

Ficou estabelecido na constituição de 32 que “sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente salário igual; veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; é proibido o trabalho da mulher grávida durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois; é proibido despedir mulher grávida pelo simples fato da gravidez”.

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A partir da década de 1970 as mulheres foram conquistando um espaço maior no mercado de trabalho. Pouco a pouco as mulheres vão ampliando seu espaço na economia nacional. O fenômeno ainda é lento, mas constante e progressivo. Em 1973, apena 30,9% da População Economicamente Ativa (PEA) do Brasil eram do sexo feminino. Segundo os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD), em 1999, elas já representavam 41,4% do total da força de trabalho. Um exército de aproximadamente 33 milhões (PROBST, 2013).

No ano de 2000, mais 62 mil mulheres ingressaram pela primeira vez no mercado de trabalho, aumentando a participação em 1,1 pontos percentual. Analisando este fenômeno, temos que levar em conta um universo muito maior, pois há uma mudança de valores sociais nesse caso.

A mulher deixou de ser apenas uma parte da família para se tornar o comandante dela em algumas situações. Por isso esse ingresso no mercado é uma vitória. O processo é lento, mas sólido (PROBST, 2013).

Outra peculiaridade que acompanha a mulher é a sua “terceira jornada”. Normalmente, além de cumprir suas tarefas na empresa, ela precisa cuidar dos afazeres domésticos. Isso acontece em quase 90% dos casos. Em uma década, o número de mulheres responsáveis pelos domicílios brasileiros aumentou de 18,1% para 24,9% segundo os dados da pesquisa “Perfil das Mulheres Responsáveis pelos Domicílios no Brasil”, desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), (PROBST, 2013).

Primo et al. (2012, p.495), diz que as mulheres trabalham mais horas diariamente do que os homens, a metade do seu tempo é gasto com atividades não remunerada, e isso dificulta o seu acesso aos serviços de saúde e bens sociais. Comparada aos homens, o número de mulheres em situação de pobreza são maiores.

Atualmente as mulheres ainda lutam por seus direitos, trabalham e se impõem como indivíduos buscando participar da vida em sociedade e ser reconhecida como cidadã. Há poucas décadas, a mulher ainda não se expressava na sociedade, suas questões de saúde não eram observadas fazendo com que pouco se conhecesse acerca das suas necessidades e demandas, sobretudo aquelas relacionadas às condições de saúde.

Alguns fatores de risco, como: a iniciação sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais, tabagismo, nuliparidade, multiparidade, uso de contraceptivo oral, baixo nível socioeconômico, e infecção pelo vírus papiloma humano (HPV), podem interferir na saúde da mulher, causando neoplasias de colo de útero, de endométrio e ovários, miomas, e endometriose. (PRIMO et al., 2012 p.495)

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Além disso, muitas mulheres, ao ingressar no mercado de trabalho, tão competitivo e hegemonicamente masculino, passam a adiar a maternidade para além dos trinta anos de idade, época em que surgem com maior frequência, as doenças uterinas e consequentemente para muitas, a única saída é o tratamento não conservador: a histerectomia.

2.2 Políticas Públicas como Base da Promoção e Prevenção de Saúde

A atenção à saúde da mulher, veio sofrendo mudanças desde o ano de 1970, quando o Ministério da Saúde direcionava um olhar bem restrito à essa mulher, se limitando à saúde materna. Por essa razão a Saúde da Mulher só foi incorporada nas Políticas Públicas de Saúde, a partir do século XX. (SILVA, 2016, p. 13)

Em 1980, houve o lançamento do documento “Assistência Integral à Sáude da Mulher:

bases de ação programática”, que tem servido como apoio para o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, (PAISM), elaborado pelo Ministério da Saúde em 1983, porém só veio a ser publicado em 1984. (ibid, p. 13)

Esse programa não só embasava seu ideal à mulher como um ser reprodutor, mas visava às necessidades prioritárias que elas apresentavam. É importante ressaltar que nesse momento, ocorria uma quebra com o modelo de Atenção Materno-Infantil.

De acordo com Brasil (2004, p.64), uma das diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, (PNAISM), diz que o profissional de saúde deve fazer uso da prática de humanização, sendo esta uma atitude que contribui para melhorar [...] o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saúde, ampliando sua capacidade de fa-zer escolhas adequadas ao seu contexto e momento de vida; o que leva as equipes de saúde a conhecer as suas demandas e assim promover o acolhimento.

A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica à alta complexidade).(ibid, p.64)

Atualmente, o Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa, lançou um novo protocolo de procedimentos a seguir na atenção básica de saúde, referente à saúde da mulher, e dialoga com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), onde por meio do acolhimento, compreendida como uma escuta

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atenta e qualificada, as equipes de saúde definem as necessidades de encaminhamento das usuárias para outro nível de atenção, e servem como subsídio para tomada de decisão pelos profissionais de saúde na implementação de boas práticas.

Contudo, a partir do PAISM, elaborado pelo Ministério da Saúde em 1984, a mulher passou a ter o apoio das Políticas Públicas de Saúde, sendo sua saúde contemplada integralmente. Sendo assim, cabe à enfermagem realizar as boas práticas de saúde, podendo fazer uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), para promover o acolhimento e humanização, principalmente na assistência a cirurgia de histerectomia, que é a temática deste estudo.

2.3 Histerectomia como Tratamento

A histerectomia consiste na remoção do útero por meio de cirurgia, e pode ser realizada por duas vias: abdominal ou vaginal. (REAL et al., 2012, p.124). É considerada invasiva, arriscada, de recuperação lenta, e pode causar efeitos colaterais e dificuldades psicológicas à mulher. Entretanto, possui a vantagem de ser um tratamento definitivo. Pode ser realizada por laparotomia (barriga aberta), laparoscopia (introdução dos aparelhos por pequenos orifícios na barriga), ou histeroscopia (introdução do aparelho pelo colo do útero).

(COELHO et al., 2015, p.373)

De acordo com pesquisa realizada em um centro de referência de saúde da mulher em Boa Vista (Roraima), a histerectomia é o primeiro procedimento cirúrgico mais realizado devido às patologias benignas e suas complicações, e o segundo mais frequente em mulheres em idade reprodutiva perdendo somente para cesariana. Sua complicação mais frequente é a infecção de ferida cirúrgica. (Ibid, p.373)

A histerectomia pode ser realizada em decorrência a doenças benignas, malignas ou hemorragias pós-parto. Conforme Oliveira e Ferraz (2012, p.41), entre as patologias benignas, as que mais acometem as mulheres são os miomas/leiomiomas, a endometriose, o prolapso uterino, e entre as malignas, o câncer do colo do útero e o carcinoma do útero (endométrio).

O tratamento para as doenças ginecológicas pode ser medicamentoso ou cirúrgico, e só é realizado conforme o resultado dos exames, (anamnese, exame físico, ultrassonografia transvaginal e esfregaço de papanicolau), juntamente com a idade e a vontade da mulher de

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ter filhos. Nas doenças benignas sintomáticas, o tratamento cirúrgico é o mais eficaz. Já para as malignas é o principal tratamento curativo. (ibid, p.41)

Segundo Rodriguez et al. (2013, p.129), a histerectomia obstétrica é uma prática excepcional da obstetrícia, cuja decisão é considerada drástica, e somente é realizada mediante a uma hemorragia severa, ocorrida depois de um parto vaginal, cesariana ou aborto, quando a paciente não responde a medicação e sua vida fica ameaçada.

2.4 Implicações Pós Cirúrgicas da Histerectomia

Para Salvador, Vargens e Progianti, (2008, p.321), o poder social feminino sobre a reprodução é histórico, e esteve sob o poder do Estado, da Igreja e da Medicina, que se afirmavam sobre óticas masculinas, para controlar o corpo feminino e o poder de reprodução.

Portanto, os conceitos aprendidos acerca do útero e suas funções são transmitidas de geração para geração, e ainda vigoram até os dias atuais. Real et al. (2012, p.124) diz que o útero é um órgão biologicamente associado à reprodução e ao controle da sexualidade, portanto sua extirpação é considerada pela mulher, um ato agressivo e mutilante que pode prejudicar sua vida sexual, suas emoções e a qualidade do relacionamento com seu parceiro.

As mulheres que passam pela experiência de uma histerectomia, podem sofrer implicações negativas no pós operatório, relacionado a mitos e crenças e seus significados concedidos ao útero, e implicações positivas pelo fim dos sintomas da doença que a levou a realizar a cirurgia. (MERIGHI, et al., 2012, p.609)

De acordo com Freitas et al. (2016, p.2), estudos realizados no Rio de Janeiro, em São Paulo e Rio Grande do Sul com mulheres histerectomizadas, revelam que, a ausência do útero, interfere tanto no biológico, quanto no emocional. Para muitas mulheres "remover o útero significa perder um pedaço importante de si", o que a leva a pensar que sua libido e prazer sexual vão diminuir ou cessar totalmente, gerando um sentimento de vazio e baixa autoestima.

A perda do útero pode ser vivenciada como algo negativo pela mulher que não conhece seu próprio corpo, sua saúde física e mental. Muitas mulheres durante consulta ginecológica, fazem perguntas como, vou ficar oca?, vou ficar vazia?, vou me sentir menos

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mulher?, relacionando a perda do útero à diminuição da libido e a perda da identidade feminina. (FEBRASGO, 2004, P. 107)

São várias as complicações que podem ocorrer no intra e pós-operatório de uma cirurgia de histerectomia, tais como [...] hemorragia, infecção, deiscência da ferida operatória, infecção urinária e pneumonia pós-cirúrgica, além de lesões dos órgãos adjacentes como ureter, bexiga e intestino. E complicações tardias como: distúrbios sexuais, psicológicos, distúrbios do climatério, disfunções do trato urinário inferior, constipação intestinal e impossibilitar a mulher de gerar filhos. (OLIVEIRA; FERRAZ. 2012, P.42)

Assim, a histerectomia pode interferir no emocional, na vida sexual, social e alterar a anatomia pélvica da mulher, [...] modificando o tamanho e o formato dos órgãos genitais, alterando suportes anatômicos e inervação local, levando a dificuldade de penetração vaginal e dispareunia. (LUNELLI et al., 2014, p.50)

Reafirmando a fala dos autores acima citado, Gomez e Romaneck (2013), diz que a histerectomia provoca modificações no perfil anatômico da mulher, baixa autoestima com relação a sua autoimagem. Por ser uma cirurgia irreversível gera preocupações com relação à sexualidade e reprodução. É necessário um olhar mais abrangente, multiprofissional à mulher histerectomizada, com escuta sensível, e humanizada.

É com muita frequência que a enfermagem planeja seus cuidados conforme o modelo medicalizado, focando sua atenção para a cura do corpo e o bem estar físico do paciente.

Assim, na maioria das vezes as crenças ou valores construídos pela mulher ao longo de sua vivência, não são levados em consideração, deixando essa mulher desprotegida psicologicamente. (SILVA; VARGENS, 2016, p.2)

A mulher deve ser acolhida com integralidade, equidade e humanização, abordando a questão da sexualidade antes da cirurgia, para que, através do conhecimento se libertar de mitos e crenças e significados atribuídos ao útero ao longo dos tempos, e assim vivenciar esse período sem maiores consequências.

Freitas et al. (2016, p.9), refere em seu artigo, a necessidade da enfermagem realizar estudos sobre as implicações pós cirúrgicas da histerectomia, focado nas ações de assistência e educação, para prevenir complicações.

[...] muitos são os fatores e implicações da histerectomia no processo de viver de uma mulher, os quais podem desencadear diferentes

(22)

22

representações da cirurgia. Tais representações advêm das vivências, conceitos, preconceitos e expectativas de cada uma. É sabido que os valores culturais, muitas vezes sem correspondência com a realidade, podem representar uma grande barreira para os profissionais que atuam na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Logo, é necessário que aqueles que atuam na área de assistência à mulher em processo de histerectomia, desenvolvam um conhecimento crítico que não se limite a intervenções baseadas, exclusivamente, nas dimensões biológicas e, assim, proporcionem espaço para que tanto o corpo biológico quanto o social sejam considerados, visando minimizar as seqüelas que poderão advir. (SILVA et al., 2014, p.03)

Para Gomez e Romaneck (2013, p.19-20), a equipe de enfermagem precisa estar atenta aos cuidados prestados à mulher que irá realizar a cirurgia de histerectomia, para que ocorra o mínimo de risco. Assim, a enfermagem deverá acolher essa mulher de maneira integral, de modo que contemple sua saúde biológica e emocional.

Contudo, o autor acima citado, recomenda fazer uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória, (SAEP) durante o perioperatório, de modo que ocorra uma [...] assistência diferenciada e abrangente, proporcionando as orientações, o conforto, o respeito e a escuta sensível que a mulher hospitalizada necessita diante de uma cirurgia de histerectomia.

Os passos para realização da SAEP são: O pré-operatório, tem início ao tomar a decisão de realizar a intervenção cirúrgica. É nesse período, que o enfermeiro pode através da sistematização da assistência de enfermagem, realizar uma avaliação emocional da paciente antes da cirurgia, através do [...] histórico completo, contendo anamnese, exame físico, a avaliação de riscos e complicações pós-operatória. (ibid. p.20)

No intra operatório também conhecido como fase transoperatória o paciente é transferido para a sala de cirurgia e após o término do procedimento é transferido para sala de recuperação pós- anestésica (SRPA). Durante essa fase é importante ressaltar os cuidados para prevenção de infecções. (ibid. p.20)

A prevenção da infecção deve ser destacada com os cuidados habituais de lavagem com água e sabão da área a ser abordada, antissepsia com produtos de confirmada eficácia, como os derivados de iodo e a clorexidina, proteção da parede após a abertura, além de cuidados com a parede para evitar lesões isquêmicas causadas pelos retratores. Para o autor outros aspectos devem ser valorizados na prevenção da infecção, dentre eles a manutenção da temperatura

(23)

23

corporal, evitando a hipotermia, o controle da glicemia e oxigênio terapia adequada (ibid. p.20).

No período pós-operatório é necessário, planejamento, orientação, empoderamento, para redução de riscos e agravos nesse tipo de cirurgia, com foco em melhor qualidade de vida para a paciente. (ibid. p.20)

3. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, do tipo revisão integrativa da literatura, com objetivo de reunir publicações acerca da temática. De acordo com Souza, Silva e Carvalho (2010), a revisão integrativa é um método que leva o pesquisador a obter conhecimentos através da síntese de estudos baseado em evidências e seu uso na prática clínica, proporcionando ao profissional de saúde uma melhor tomada de decisão.

Para Mendes, Silveira e Galvão (2008), esse método de pesquisa mantém o profissional de saúde atualizado, por reunir e sintetizar estudos disponíveis na literatura mostrando semelhanças e diferenças, proporcionando atualizações frequentes.

A revisão integrativa sintetiza resultados de pesquisas anteriores, ou seja, já realizadas e mostra sobretudo as conclusões do corpus da literatura sobre um fenômeno específico, compreende pois todos os estudos relacionados a questão norteadora que orienta a busca desta literatura. Os dados resumidos e comparados permitem com que se obtenha conclusões gerais sobre o problema de pesquisa. Segue um processo de análise sistemático e sumarizado da literatura, o que se bem conduzido qualifica seus resultados o que possibilita identificar as lacunas do conhecimento em relação ao fenômeno em estudo, identificar a necessidade de futuros pesquisas, revelar questões centrais da área em foco, identificar marcos conceituais ou teóricos, mostrar o estado da arte da produção cientifica resultante de pesquisas sobre um determinado tema. (CROSSETTI, 2012, p.8)

De acordo com Souza, Silva e Carvalho (2010), a revisão integrativa perpassa por seis etapas. Sendo assim, para a elaboração desse estudo, seguiram-se as seguintes etapas:

(24)

24

Primeira: buscou-se a identificação do tema, formulação da questão norteadora, definição dos descritores e das bases de dados.

Na segunda etapa foram determinados os critérios de inclusão e exclusão. Os estudos foram selecionados, tendo como critérios de inclusão: artigos científicos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, nos últimos cinco anos retrospectivos (abril de 2012, abril de 2017), com texto completo disponível na internet, relacionados à temática do estudo.

Critérios de exclusão: texto disponível somente mediante pagamento e repetidos nas bases.

A busca pelos artigos foi realizada através da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online) através do site www.scielo.org. Foram usados como Descritores em Ciências da Saúde (DECS),

“enfermagem”, “histerectomia” e o operador booleano “AND” para fazer o cruzamento entre eles, tornando a busca mais específica. Os artigos foram escolhidos para serem lidos na integra, a partir da leitura de seus resumos, atendendo aos critérios de seleção.

Na terceira etapa foram extraídas dos artigos selecionados as informações necessárias para o estudo. Foi construído um quadro sinóptico especialmente para a análise e síntese dos artigos, e organizados quanto à base de dados, título, autor, fonte, ano de publicação, objetivos, método, amostra, grupo de intervenção, indicação cirúrgica, resultados e conclusão.

Na quarta etapa ocorreu a análise crítica dos estudos incluídos através do quadro sinóptico.

Na quinta etapa, foi realizada a discussão e interpretação dos resultados, tornando possível elaborar as recomendações para a prática e identificar lacunas nessa área de conhecimento que permita sugerir novas pesquisas objetivando melhorias na assistência à saúde. E na sexta etapa ocorreu a apresentação dos resultados da análise dos artigos incluídos nesta revisão.

4. REFERENCIAL TEÓRICO POR SIMONE DE BEAUVOIR

Simone de Beauvoir, nasceu e morreu em Paris, França (1908-1986). Optou ser ateísta, porém oriunda de uma família tradicionalmente católica. Aos 21 anos saiu de casa para estudar Filosofia na Universidade de Sourbonne. Beauvoir foi escritora, filósofa,

(25)

25

professora e feminista. Tendo como obra mais conhecida o livro “O Segundo Sexo”, no qual trata de questões ligadas à independência feminina e o papel da mulher na sociedade. Revela a luta feminina para mudar o papel estabelecido para a mulher, conduzindo-a a participar dos movimentos sociais. Simone de Beauvoir é considerada um dos nomes mais influentes do feminismo moderno. (ALMEIDA, 1999)

Em seu livro “O Segundo Sexo” Simone de Beauvoir diz:

É, pois necessário estudar com cuidado o destino tradicional da mulher. Como a mulher faz o aprendizado de sua condição, como a sente, em que universo se acha encerrada, que evasões lhe são permitidas. Só então poderemos compreender que problemas se apresentam às mulheres que, herdeiras de um pesado passado, se esforçam por forjar um futuro novo.

Ao longo da história, o homem se beneficia de valores sociais e culturais enraizados na rocha de uma sociedade patriarcal com foco machista. Conforme a fala de Beauvoir, a mulher vem se libertando desse passado opressor, na construção de um futuro diferenciado, ao romper com mitos e crenças.

Sua obra mestra, “O Segundo Sexo”, ao completar 50 anos de idade foi considerada memorável. Beauvoir, mulher de pensamento sempre a frente da sociedade, escritora de muitas obras, onde sua preocupação maior é ofertar aos leitores principalmente à mulher, o conhecimento, o enpoderamento, caracterizado como uma jóia, tal qual um jardim de flores raríssimas. Beauvoir nos conduz a uma reflexão sobre as opções e nossas escolhas.

(ALMEIDA, 1999)

De acordo com a autora do texto “Liberdade e Existência: Os movimentos do existir em Simone de Beauvoir”, Viana (2010), no pensamento de Beauvoir são observados dois pilares de sustentação: um positivo, que é a assunção da liberdade e outro negativo, é a demissão desta condição de ser livre. O mundo dado e o mundo oferecido por si, são possibilidades de escolhas oferecidas pelo mundo. O sujeito pode escolher entre seguir as tradições ou fazer sua própria escolha e construir a sua história.

(26)

26

A autora acima preconiza o conhecimento, atrelando-o de forma multidisciplinar à literatura, psicologia, e a psicanálise, redesenhando assim os próprios limites, social e filosófico, elucidando o debate com outras áreas. Desta forma o conhecimento se expande de forma rápida. Uma grande contribuição dada por Beauvoir foi através de seu pensamento inquieto e insatisfeito, demonstrado com vigor e coragem que a mulher tem direito de se sentir livre em sua emancipação.

De acordo com Brasil (2013) a histerectomia é considerada o tratamento definitivo para neoplasias e doenças ginecológicas, para o profissional de saúde um argumento forte para convencimento das mulheres que necessitam submeter-se a esse tipo de cirurgia ressaltando que muitas delas, já sendo mãe, manifestam o desejo de não mais terem filhos.

Para a reflexão se fez a seguinte indagação: será que essas mulheres irão receber uma assistência diferenciada, sendo sua saúde contemplada integralmente, abordando questões emocionais e anatômicas, com acolhimento e humanização?

É importante que essa mulher seja acolhida de forma humanizada, orientada de maneira que decida por si mesma a realização de um procedimento invasivo, porém necessário diante da situação de saúde vivida naquele momento. Assim, a mulher estando consciente das implicações de uma histerectomia, consiga vivenciar de forma positiva o procedimento. Para Simone de Beauvoir as mulheres necessitam e precisam ser empoderadas para tomar decisões. Uma ação violenta como o ato cirúrgico, precisa ser muito bem esclarecido.

5. RESULTADOS

Foram analizados 07 artigos, conforme descritores e critérios de inclusão e exclusão pré- estabelecidos. Da base de dados SCIELO, foi selecionado 01 estudo em português do ano 2016; na LILACS, foram 02 estudos dos anos de 2012 e 2016, sendo os dois em português; na BEDENF, foi 01 estudo em português do ano de 2016 e na MEDLINE, foram selecionados 03 estudos dos anos de 2012, 2014 e 2016, todos em inglês.

Na sua maioria, os artigos analisados trouxeram informações a respeito da saúde mental da mulher, do conhecimento da histerectomia como tratamento definitivo e cuidados de enfermagem. Assim, mediante os assuntos encontrados nas publicações, pode-se organizar o material com foco em três categorias: Mitos e crenças relacionados à retirada do útero, a

(27)

27

histerectomia como última opção e a assistência de enfermagem no processo de empoderamento.

Foram encontrados 884 artigos, classificados conforme os descritores, entretanto, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 07, relacionados com a temática abordada, como demonstra a tabela que segue. Dos artigos selecionados, 03 eram em língua inglesa, 04 eram em língua portuguesa.

Quadro 1: Número de artigos encontrados e selecionados de acordo com descritores

“enfermagem, cuidados de enfermagem, histerectomia e qualidade de vida”, nas bases de dados SCIELO, LILACS, BEDENF e MEDLINE, no período de 2012 a 2017.

Base de Dados Artigos encontrados Artigos Selecionados

SCIELO 08 01

LILACS 292 02

BEDENF 292 01

MEDLINE 292 03

Total de artigos 884 07

Fonte: (BUZON, 2017)

O quadro 1 evidencia a pouca diversidade de estudos ao aplicar os descritores:

enfermagem, cuidados de enfermagem, histerectomia e qualidade de vida, de acordo com os critérios para seleção, em todas as quatro bases de dados. Nota-se que não foram encontrados artigo sobre a temática nos seguinte anos: 2013, 2015 e 2017.

Quadro 2: Apresentação da síntese dos artigos incluídos na revisão integrativa por título/autor/fonte/ano, objetivos, método, grupo de intervenção, indicação cirúrgica, resultados e conclusão.

(28)

28

1.Titulo/

autor/

Fonte/ano

Objetivos Método Grupo de Intervenção

Indicação cirúrgica

Resultados Conclusão

A mulher que vivencia as

cirurgias ginecológic

as:

enfrentando as mudanças

impostas pelas cirurgias;

Silva e Vargens, 2016. Rev.

Latino Am.

Enfermage m; 24:e2780

Descreve r as sensaçõe

s e percepçõ

es advindas

das cirurgias ginecoló

gicas pelas mulheres e analisar como

elas vivencia

m as mudança s geradas

pelas cirurgia.

.

Estudo Qualita tivo, descriti

vo- explora

tório

Mulheres submetidas a

qualquer tipo de procediment

o cirúrgico ginecológico e que tivesse

passado mais de um

ano da realização da

cirurgia.

Patologias benignas e malignas

A mulher percebe as mudanças no

seu corpo e se sente uma pessoa

diferente. Sente que falta um pedaço do seu corpo. A marca visível no corpo,

somando-se aos significados concedidos ao útero remetem a

mulher a uma vivência traumática, sentindo-se desvalorizadas pela função que o

órgão perdido tinha para elas. A

retirada do útero representa uma

mutilação.

A mulher associa a perda física com a

construção da imagem de si.

Interagindo consigo mesma e com seu meio social ocorre ressentimento pela perda, modificando a imagem de si mesma:

física, social e funcional. A enfermeira deve olhar

para a mulher por inteiro, respeitando

não só o biológico mas o contexto psíquico e social.

2.Titulo/

autor/

Fonte/ano

Objetivos Método Grupo de Intervenção

Indicação cirúrgica

Resultados Conclusão

Experiência s e Expectativa

s de Mulheres Submetidas

`a Histerectom

ia;

Merighi et al. Texto Contexto Enferm, Florianópoli

s, 2012 Jul- Set; 21(3):

608-15

Compree nder as experiênc

ias e expectati

vas de mulheres submetid

as à histerecto

mia

Pesquis a qualitat

iva

Mulheres que decidiram

pela histerectomi

a em decorrência dos sinais e sintomas vivenciados

no seu cotidiano

Patologias benignas

O estudo esboçou significados que convergiram para

as seguintes categorias: mitos

relacionada à retirada do útero;

decisão pela histerectomia; a

vida pós- histerectomia; e

busca por qualidade de vida

A mulher ao deparar- se com a possibilidade de retirada do útero, encontra-se submersa nos valores, crenças e

significados atribuídos ao órgão, que vêm permeados de mitos culturais e

socialmente construídos. A mulher ao perder o

útero, perde a capacidade de reproduzir, e para muitas tal capacidade

está atrelada à diminuição do prazer

sexual, da libido, além do pensamento de que ficará oca. Os sintomas vivenciados

antes da histerectomia são fatores decisórios para a aceitação da mesma. o universo de

significações a ele

(29)

29

atribuído pode ser desconstruído, fazendo com que a

mulher situe-se de modo motivador ou

não para realizar a histerectomia.

3.Titulo/

autor Fonte/ano

Objetivos Método Grupo de Intervenção

Indicação cirúrgica

Resultados Conclusão

A visita pré- Operatória

como Fator atenuante

da ansiedade

em pacientes cirúrgicos;

Gonçalves e Medeiros.

rev. sobecc, são paulo.jan./m

ar.

2016;21(1):

22-27

Identifica r se a realizaçã

o da visita

pré- operatóri

a seria um fator

que possibilit

a minimiza

r o nível de ansiedad

e apresenta

do por pacientes cirúrgico

s

Pesquis a de caráter explora

tório prospec

tivo descriti

vo.

Mulheres submetidas à

cirurgia de histerectomi

a

Não foram levadas em

conta como critério de

inclusão.

As pacientes que recebem informações

acerca dos procedimentos aos quais seriam

submetidas durante o ato anestésico-cirúrgi

co conseguem diminuir o fator

estressante e, consequentemente

, o nível de ansiedade.

A ansiedade, como diagnóstico de enfermagem, está

presente nos pacientes que irão se

submeter a procedimentos

cirúrgicos. Os pacientes que recebem visita de

enfermagem pré-operatória apresentam nível de ansiedade inferior aos

que não passam por essa fase do processo.

4.Titulo/

autor Fonte/ano

Objetivos Método Grupo de Intervenção

Indicação cirúrgica

Resultados Conclusão

Complicaçõ es pós- cirúrgicas

da histerectomi

a: revisão integrativa;

Freitas et al.

Revista Baiana de Enfermage

m, Salvador, v.

30, n. 2, p.

1-11, abr./jun.

2016

Conhecer as complica ções pós- cirúrgica s da histerecto

mia para mulheres.

Revisã o integrat

iva da literatur

a

Mulheres submetidas à

histerectomi a em decorrência

de neoplasias e hemorragias

causas obstétricas (hemorragi

as, atonia uterina, placenta acreta) e ginecológi

cas (patologias

benignas)

Vários estudos abordaram as complicações pós-

operatória (lesão de bexiga, (ITU) infecções do trato

urinário), lesão retal, constipação

intestinal, infecção de cúpula vaginal,

infecção e embolia pulmonar, hemorragias,

choque hipovolêmico, sepse e outros.

O estudo revela que diante das complicações da histerectomia os profissionais de saúde

não mencionaram qualquer cuidado,

visto que esse procedimento

cirúrgico compromete diversos

sistemas do corpo humano, a saber:

urinário, digestório, reprodutor, respiratório e cardiovascular. Todos

os artigos foram escritos por profissionais da área

médica, pois somente um coautor era uma enfermeira.

O autor menciona a necessidade de

(30)

30

desenvolver mais estudos sobre a temática de modo a ampliar a produção desse saber e assim direcionar o cuidado.

5.Titulo/

autor Fonte/ano

Objetivos Método Grupo de Intervenção

Indicação cirúrgica

Resultados Conclusão

A experiência laparoscópic a assistida por robótica

em mulheres tratadas de

câncer de endométrio em estágio inicial. Um estudo qualitativo.

Herling et al., Cancer Nursing, Vol. 39, No.

2, 2016.

Saber como as mulheres reagem fisicamen te e psicologi

camente a cirurgia

robótica e como

elas experime

ntam a doença e tragetória

de tratament

o.

Pesquis a qualitat

iva (entrevi

sta semestr

al)

Mulheres submetidas à

histerectomi a

Patologia maligna (câncer)

As mulheres tinham Confiança

na técnica robótica e ocorreu

recuperação rápida. No entanto, elas tinham incertezas

e perguntas não respondidas sobre

o curso pós- operatório.

Embora as mulheres tenham confiança na técnica robótica e se

recuperam mais rápido fisicamente, faltam informações

sobre o que pode acontecer no pós- operatório sobre

implicações emocionais e anatômicas. Sugere

atendimento de enfermagem no pós-

operatório.

6.Titulo/

autor Fonte/ano

Objetivos Método Grupo de Intervenção

Indicação cirúrgica

Resultados Conclusão

Razões para mulheres de meia-idade em Taiwan escolher histerectomi

a: um estudo qualitativo

usando a perspectiva

da racionalidad

e limitada.

Shu et al., Journal of Clinical Nursing, 23,

3366–3377, 2014.

Saber qual a compree nsão das mulheres sobre a decisão de se submeter a cirurgia

de histerecto

mia para condiçõe

s benignas com base

nas recomen

dações dos médicos

e saber qual o próprio julgamen

to das mulheres.

Pesquis a qualitat

iva

Mulheres submetidas à

histerectomi a, devido aos

sintomas como menorragia, dismenorreia

, dor abdominal e

nas costas, causados

pela patologia benigna, que

decidiram não ter mais

filhos.

Patologia benigna (mioma, adenomios

e),

A maioria das mulheres se

sentiam fisicamente desconfortáveis e psicologicamente com medo de que

a condição benigna pudesse se tornar maligna ou de pressionar o

útero fazendo com que ele explodisse. As

mulheres se tornaram ansiosas para escapar dessa angústia. Com o agravamento dos sintomas trazendo

sofrimento físico e psicológico as mulheres viram a

histerectomia como meio de

melhorar a situação.

As mulheres, diante da melhora de sua saúde escolhem fazer

uma histerectomia, apesar da s alterações

corporais e impactos na sexualidade que poderão ocorrer. O estudo refere que os profissionais de saúde

devem estar familiarizados com os

fatores que influência a mulher

na sua decisão, devendo manter as

pacientes e suas famílias totalmente informados, levando

em consideração a sua cultura e valores

de sua família. A mulher ao ser empoderada , se

concientiza das implicações físicas e emocionais e podem tomar a decisão mais

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