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V ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO URBANA EM GOIÂNIA O CASO DO BOTAFOGO*

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 137-154, dez. 2014 137

HALINA VELOSO E ZÁRATE, SANDRA CATHARINNE PANTALEÃO Resumo: o artigo apresenta uma leitura de Goiânia, adotando como recorte espacial o córrego Botafogo e suas adjacências. Com base na análise mor-fológica urbana, constata-se a fragmentação do tecido urbano e apontam-se sugestões para obter sua melhor integração e qualificação espacial urbana. Palavras-chave: Análise morfológica. Fragmentação. Córrego Botafogo. Espa-ço Público.

V

ários pensadores da cidade sejam urbanistas, geógrafos, economistas ou sociólogos, vêm manifestando especial interesse a respeito da ci-dade contemporânea. Ela possui um nível de complexici-dade elevado e diferente das aglomerações urbanas do início do século XX, por ser produto das intensas transformações econômicas, políticas e sociais da segunda metade do século. Frente a tamanhas alterações na produção e estruturação das ci-dades, o urbanismo busca complementaridade em outros campos disciplinares para interpretar a dinâmica urbana, melhor planejar o espaço e fundamentar os projetos urbanos. Seguindo esta linha de pensamento, este artigo foi de-senvolvido em busca da melhor compreensão acerca da estrutura espacial de Goiânia, que se apresenta fragmentada e dispersa, bem como busca identi-ficar os condicionantes destas características.A leitura atenta do espaço da

cidade permite compreender a dinâmica urbana e identificar os fenômenos que modelam seu território. A apreensão desses aspectos fundamenta a ação dos urbanistas, pois oferece os indicadores para as diretrizes do planejamento e projeto urbanos, visando a recomposição do território através da articulação entre os fragmentos.

Para garantir objetividade à pesquisa, foram adotadas as áreas adja-centes ao Córrego Botafogo, em Goiânia, como recorte da área urbana para

ANÁLISE

DA FRAGMENTAÇÃO

URBANA EM GOIÂNIA

O CASO DO BOTAFOGO*

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estudo de caso. É interessante, primeiramente, esclarecer como o curso d’água se con-formou um elemento fragmentador do tecido para, em seguida, refletir a cerca das possibilidades de sua transformação em elemento articulador da malha urbana.

Sendo assim, a fragmentação é analisada segundo a narrativa histórica da evo-lução urbana, como objetivo de consolidar o entendimento a respeito da dispersão e fragmentação do território de Goiânia. A forte relação estabelecida com o contexto histórico, político e econômico ao decorrer do século XX, evidencia as mudanças so-cioespaciais que acarretaram alterações no tecido urbano, resultando em configuração diferente da que foi concebida na década de 1930, segundo preceitos modernistas. ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO URBANA EM GOIÂNIA

A reflexão acerca das cidades contemporâneas se apoia em instrumentos diver-sos, que combinados permitem obter a apreensão da realidade urbana. Um dos instru-mentos próprios do urbanismo que permitem a leitura do espaço urbano é a análise morfológica, adotada para a realização dos estudos que deram origem a este artigo. Busca-se apreender, para cada etapa do desenvolvimento econômico e demográfico da aglomeração em questão, a adaptação morfológica que materializa suas transforma-ções (PANERAI, 2006, p. 72).

Como objeto de estudo, adotou-se a cidade de Goiânia, por ser uma metrópole representativa da realidade atual e complexa que instiga as reflexões do urbanismo e por ter as marcas dos diferentes tempos históricos evidentes na sua configuração es-pacial. Considera-se a análise do tecido urbano essencial para também compreender a estrutura espacial de Goiânia e seus condicionantes.

Os elementos que incidem na forma urbana podem ser naturais, como o relevo ou os recursos hídricos, presentes no território antes dos parcelamentos; artificiais, como os eixos viários ou as subcentralidades; ou legislativos, como os planos urbanos e as leis de uso do solo, pensados de maneira a direcionar o crescimento da cidade, or-denando-o de acordo com interesses pré-estabelecidos. Dependendo da maneira como estão inseridos na dinâmica urbana, os elementos podem condicionar o crescimento atuando como limite, barreira, linha ao longo da qual a ocupação se instala, ou polo de atração se estabelece (PANERAI, 2006).

Os limites são elementos físicos com a potencialidade de contensão do cresci-mento do tecido urbano, obstáculos que não permitem que o “corpo” da aglomeração se estenda para além deles. De maneira similar, as barreiras são os obstáculos clara-mente marcados na estrutura espacial como elemento fragmentador, que provoca dife-renças morfológicas no tecido urbano de um lado e de outro da barreira, dificultando a conectividade entre os fragmentos conformados. Os limites e barreiras podem ser na-turais, como por exemplo, relevo, cursos d’água, serras; ou podem ter sido construídos, no caso de canais, estradas, ferrovias, etc. As linhas são os suportes que direcionam o crescimento, como por exemplo, uma estrada, ferrovia, córrego ou outro tipo de eixo. Os polos de crescimento são chamarizes no tecido urbano que aglutinam as atividades e as pessoas, configuram urbanizações morfologicamente independentes do núcleo tradicional da cidade.

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Entre os elementos naturais que mais influenciaram a conformação do tecido de Goiânia estão os córregos e rios (Figura 1). Ao longo dos cursos d’água, a topografia se apresenta um pouco mais acentuada e, entre eles, o terreno é bem plano, ideal para o parcelamento e a ocupação. O sítio para implantação de Goiânia foi determinado entre os córregos Botafogo e Capim Puba, que faziam o papel de limite da cidade a Leste, Oeste e Norte, onde estes cursos se encontram.

Com a expansão extensiva da cidade, o limite físico que os córregos representa-vam foi transposto, mas os cursos d’água não foram incorporados efetiva e adequada-mente ao tecido urbano. A morfologia urbana revela que, nas proximidades dos cur-sos d’água, as quadras assumem um desenho praticamente orgânico, cujas linhas que determinam sua maior dimensão estão no sentido do córrego, paralelas às margens. À medida que se afasta dos veios hídricos, a topografia suaviza e a malha urbana as-sume uma morfologia mais regular. Configuram-se “recintos geográficos”, em cada fração de território quase plano circundado pelos córregos, nos quais o tecido urbano se acomoda (Figura 1, Diagrama 4).

Figura 1: Diagramas de análise dos condicionantes naturais da estrutura espacial de Goiânia Legenda: 1) Elementos naturais; 2) Tecido Urbano; 3) Morfologia diretamente condicionada; 4) Morfologias de acordo com recintos geográficos.

Fonte: Veloso e Zárate (2014).

A organização da ocupação também permite identificar as áreas nas quais o re-levo expresso nas curvas de nível é condicionante do traçado das vias. Esta caracterís-tica da estrutura formal de Goiânia reflete uma preocupação no planejamento com as questões de escoamento das águas pluviais, e não exclusivamente com a incorporação dos elementos naturais como estruturadores formais da cidade.

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suas características específicas e suas influências na morfologia da cidade. É possível “adivinhar” por onde passam as principais vias apenas observando os traçados das quadras, que apresentam maior dimensão no sentido da via, diferentemente do tecido do entorno. Isso significa que os eixos viários constituem linhas que conectam polos, ao longo das quais o traçado dos parcelamentos e os edifícios se enfileiram. Este fenô-meno caracteriza, por exemplo, as parcelas lindeiras à antiga ferrovia de Goiânia, bem como à rodovia federal BR 153 e também à via expressa Marginal Botafogo. O caso da Marginal Botafogo é peculiar, e será melhor analisado adiante, já que a via expressa implantada às margens do córrego de mesmo nome reforça seu caráter de barreira no sentido Leste-Oeste, enfatizando a ruptura do tecido.

Figura 2: Diagramas de análise dos condicionantes artificiais da estrutura espacial de Goiânia Legenda: 5) - Elementos artificiais - vias; 6) Elementos artificiais - subcentralidades; 7) Morfologia diretamente condicionada; 8) Tipos de morfologias.

Fonte: Veloso e Zarate (2014).

Áreas onde se concentram as atividades urbanas também são consideradas ele-mentos artificiais que condicionam a estrutura formal, pois atuam como polos de atra-ção do crescimento. Subcentralidades como Campinas, o Setor Vila Nova e, mais re-centemente, o Jardim Goiás podem ser citados como exemplos, porque atraíram a ocupação e a instalação de equipamentos relevantes em suas áreas e arredores (Figura 2, Diagrama 6).

Ainda que os elementos naturais e artificiais sejam mais facilmente identificados no tecido, por estarem fisicamente presentes em sua configuração, não se pode ignorar a relevância dos elementos legislativos como condicionantes da morfologia urbana. Os planos e as normas urbanísticas são instrumentos que o poder público local utiliza para

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o controle da ocupação do território, mesmo que muitas vezes, estes instrumentos não sejam suficientes para realizar esse direcionamento, cedendo às pressões dos interesses individuais e às do mercado imobiliário.

Desde a concepção de Goiânia, os conflitos de interesses se refletem nas deci-sões e legislação. A revisão do Plano de Attílio Corrêa Lima, por Armando de Godoy (1936), por exemplo, adotou propostas urbanísticas que valorizavam as propriedades dos Coimbra Bueno, muito influentes naquela época (RIBEIRO, 2004, p.67-8). Outra decisão que afetou a morfologia da cidade foi a aprovação de 183 novos parcelamentos no período de 1950 a 1964. Tal manobra favoreceu a dispersão urbana, uma vez que nem todos os loteamentos foram implantados de uma vez, e, na apropriação do territó-rio, geraram vazios urbanos ao “saltar” áreas extensas (VAZ, 2002, p.79).

Por sua vez, a verticalização permitida entre as décadas de 1960-70 configurou uma alteração formal à medida que promoveu o adensamento e contenção da expansão horizontal. A lei nº 5.019/75 alterou o zoneamento e intensificou a verticalização nos setores Aeroporto, Oeste e Bueno, desconcentrando as atividades de comércio e servi-ços ao longo dos eixos por grande parte da cidade (VAZ, 2002, p. 96-8).

A dispersão de atividades refletiu na fragmentação do espaço urbano aos ensejos dos promotores imobiliários. A partir dos anos 1980, a predominância residencial, ou-trora existente na periferia, foi modificada à medida que shoppings centers, hipermer-cados e empresas globais (McDonald’s, Nissan, Peugeot) se inseriram nas áreas mais afastadas do centro. Vários condomínios fechados de luxo se instalaram também nas regiões de subúrbio onde antes a ocupação era de renda baixa, completando o cenário de transformações socioespaciais, alterando as formas espaciais preexistentes.

Dentre os elementos que participam da configuração do tecido de Goiânia, o espaço público, em nenhum momento foi inseridocomo significativo articulador do tecido urbano. Ainda que em alguns momentos do planejamento, esse potencial tenha sido reconhecido, a cidade teve o sistema viário como protagonista da estruturação segundo o ideal de modernização, de viés funcionalista.

FRAGMENTAÇÃO NO CÓRREGO BOTAFOGO

Observa-se que o espaço livre público não foi adotado na plenitude das possi-bilidades como elemento relevante da estruturação urbana, apesar de seu potencial de articular os fragmentos da malha urbana. O Córrego Botafogo, assim como os demais veios hídricos englobados pela aglomeração urbana, não se consolidou como um es-paço público efetivo, além disto, a possibilidade de ser incorporado como elemento estruturante do tecido nunca foi aproveitado com plenitude. A análise morfológica (Fi-gura 3) evidencia que ele se tornou um elemento fragmentador da cidade, em oposição à capacidade latente de articular as partes.

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Figura 3: Componentes morfológicos do tecido adjacente ao Córrego Botafogo Fonte: Veloso e Zárate (2014).

Quando Goiânia foi idealizada, o Córrego Botafogo foi caracterizado como li-mite. Corrêa Lima (1933) propôs um traçado que formava uma rede de parques e

pa-rkways, provendo a capital de áreas verdes com função higiênica e recreativa (Figura

4, diagrama 9). Os parkways eram parques lineares que acompanhavam as margens dos córregos Botafogo e Capim Puba, deixando 50m de área preservada para cada lado a partir dos eixos. Esta proposta revela o potencial dos córregos como elementos estru-turantes do espaço, assumidos como uma rede contínua que associa o espaço público para as pessoas e o espaço para mobilidade dos veículos.

Já existia a previsão de que a cidade cresceria para além do limite natural dos cursos d’água, mas desde o momento da concepção foi apontada a necessidade de se evitar a ocupação das áreas às margens dos córregos. Esta diretriz encaminharia o cres-cimento horizontal da cidade para Sul, única direção livre de barreiras hidrológicas, deixando preservado o Botafogo, cujas águas foram represadas para o abastecimento da cidade (RIBEIRO, 2004, p.65). Porém, a faixa de preservação foi apropriada pelas ocupações informais, em função da proximidade com o núcleo original. Assim teve início a expansão da cidade para o Leste e o Oeste e o tecido ultrapassou os córregos, fragmentando-se.

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 137-154, dez. 2014 143 Figura 4: Diagramas de inserção do Córrego Botafogo

Legenda: 9) Plano de Attílio Corrêa Lima; 10) Plano de Armando de Godoy; 11) Plano de Saia – não implantado; 12) Plano de Wilheim.

Nota: diagramas elaborados por Veloso e Zárate (2014) Fonte: Ribeiro (2004).

A revisão do plano feita por Godoy não mencionava invasões, mas respeitava e mantinha a proposta dos parkways, bem como a organização da cidade no sentido Nor-te-Sul (Figura 4, diagrama 10). Também revela os princípios de projeto urbano: as três grandes vias convergindo para a Praça Cívica em patte d’oie, o que mostra a inspiração no urbanismo barroco; a setorização da cidade por diferentes funções denota os princí-pios corbusianos; o traçado do Setor Sul remetendo-se aos esquemas norte-americanos das primeiras décadas do século passado; e, o cinturão verde delimitando a malha urbana, manifesta referência à cidade-jardim de Howard (PANTALEÃO, 2011, p.5).

Os primeiros planos resultaram na predominância do sistema viário, e não no sistema de áreas verdes, como estruturante da cidade. Por outro lado, o estudo conse-guinte, realizado pelo urbanista Luís Saia no início dos anos 1960, identificava diver-sos potenciais para as áreas por onde passavam os córregos. Saia propôs que fossem abertas alamedas margeando os córregos Botafogo e Capim Puba, respeitando os 50 metros de preservação da mata de galeria, reconhecendo nesses eixos a capacidade articuladora entre as regiões norte e sul da cidade (Figura 4, Diagrama 11). Além dis-so, observou que os cursos d’água fragmentavam o tecido a leste e oeste de seu eixo e sugeriu passagens a cada 500 ou 1000 metros cruzando o veio hídrico para promover a integração entre os dois lados.

Em relação ao Córrego Botafogo, Saia identificou o caráter de linha de cresci-mento uma vez que em sua extensão encontrava-se um dos maiores núcleos de invasão de Goiânia, descaracterizando os fundos de vale por sua ocupação; barreira em um sentido e linha de crescimento em outro. A variedade de leituras morfológicas para o Córrego Botafogo reafirma seu potencial como elemento de estruturação urbana. Ape-sar das propostas de Saia não haverem sido implantadas em função do golpe militar de 1964, este plano já revelava a capacidade que o Córrego Botafogo pode ter como elemento articulador e potencial qualificador do espaço urbano.

Os apontamentos de Luís Saia indicando um papel mais efetivo para os corpos d’água urbanos foram substituídos por uma visão tecnocrática e desenvolvimentista

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prevalecente em nível nacional, sistematizada nos planos de desenvolvimento inte-grado dos anos 1970. O responsável pela elaboração do plano para Goiânia com estes propósitos foi Jorge Wilheim (1969), pautando o planejamento urbano nas políticas de progresso. A organização da ocupação do território se dava a partir das vias de circu-lação, aproximando-se do Urban Planning americano (PANTALEÃO; TREVISAN, 2011 p.10).

A proposta de Wilheim (Figura 4, Diagrama 12) era a de estruturar o território por meio do sistema viário e o Córrego Botafogo se inseria nesse processo de estrutu-ração como via. O elemento natural e sua preservação ambiental e potencial espaço público que poderia apresentar não foram considerados relevantes. Houve a retifica-ção, dragagem e canalização do Córrego Botafogo, além da proposta de ocupação das áreas verdes de preservação. Por outro lado, o plano tratava de dotar as áreas adjacen-tes aos cursos d’água de alguma atividade produtiva, para que desempenhassem uma função social importante.

A desconsideração dos aspectos ambientais urbanos na produção do espaço de Goiânia também pode ser evidenciada na comparação entre o projeto de Neusa Baio-chi para o Parque Linear Botafogo (Figura 5) e a obra realizada (Figura 6). BaioBaio-chi havia proposto uma zona verde e recantos para descanso, ladeando o curso d’água, somados a um espaço destinado à circulação não motorizada, de maneira a configurar um espaço público privilegiado na cidade.

Porém, em função da predominância da postura racional funcionalista, a Mar-ginal Botafogo se destinou para veículos automotores, excluindo ciclistas e pedestres. O Plano Diretor Oficial pela Engevix Engenharia S. A. de 1992 ressaltava a importân-cia do direcionamento da expansão urbana por meio da abertura de vias (BRANDÃO, 2013, p. 9), estimulando a consolidação do projeto da Marginal Botafogo para a cone-xão Norte-Sul.

A construção desta via expressa (1992) repercutiu fortemente na desvalorização ambiental do córrego e do potencial como espaço público e na diminuição da sua capa-cidade articuladora, reduzida apenas ao sentido Norte-Sul. Reforçando esta situação, diretrizes que não haviam sido discutidas em projeto surgiram para regular a ocupação lindeira à via, determinando a não abertura dos comércios e residências com as fa-chadas frontais voltadas para marginal (QUEIROGA, 2010, p. 5). Essa diretriz visava garantir que fosse configurada uma avenida de circulação rápida, exclusiva à passagem e vetada ao acesso local. Por isso, não podia ser dotada de pistas de desaceleração e de pedestres (O POPULAR, 1990, apud QUEIROGA, 2010, p. 5).

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 137-154, dez. 2014 145 Figura 6: Imagem do Córrego Botafogo ladeado pela via expressa Marginal Botafogo

Fonte: <www.panoramio.com>. Acesso em: 10 mar. 2014.

A implantação da Marginal entre a Avenida Jamel Cecílio e a Avenida Goiás, num percurso de aproximadamente 6,3 Km ocorreu por etapas: um tramo de cada vez, iniciando-se na parte mais central da cidade; depois com dois trechos a sul e outros dois a norte. Com a formação deste eixo viário para a articulação entre as partes disper-sas, valorizou-se a circulação do veículo individual e a porção sul da cidade.

Figura 7:Diagrama de Implantação da Marginal Botafogo

Fonte: Veloso e Zárate (2014).

Cada etapa de construção (Figura 7) constituiu um fragmento da marginal, sendo a demarcação de cada fragmento promovida pelas vias que conectam o Setor Central ao lado Oeste do curso d’água. Sendo assim, a via articula um conjunto de “peças” com características de uso e ocupação distintas, intercaladas aos fragmentos de áreas verdes remanescentes que não se comunicam entre si. Segregadas, tais áreas verdes não confor-mam uma contiguidade espacial; desprovidas de tratamento urbanístico e paisagístico de qualidade, não se efetivam como parque linear, tal qual Attílio Correa Lima havia proposto.

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Assim, o que se observa é que a via assume um duplo papel, o de articuladora parcial dos fragmentos de parcelas semelhantes e vizinhas, leia-se bairros e, ao mesmo tempo, de marco de diferenciação entre os bairros de um lado e de outro da avenida. Os locais de transposição desta via expressa, os cruzamentos, são pontos de conexão entre os fragmentos dispostos de cada lado. Cada um desses fragmentos possuem caracterís-ticas próprias, como, por exemplo, presença de grandes equipamentos em determinada parcela, ou diversos conjuntos habitacionais de interesse social em outra parcela, ou existência de chácaras no meio urbano.

Essas diferentes características do tecido adjacente à Marginal Botafogo reve-lam particularidadese potenciais urbanísticos dos fragmentos. O Córrego e a Marginal Botafogo constituem o eixo em que as frações sucedem uma às outras e se valorizado enquanto espaço público efetivo, não apenas de circulação de veículos, pode estruturar as partes de maneira articulada, reinserindo-as na cidade como unidades integradas e integralizadoras do tecido urbano.

ESPAÇO PÚBLICO COMO ELEMENTO DE RECOMPOSIÇÃO DO TECIDO URBANO

Os problemas evidenciados no Córrego Botafogo não são os únicos exemplos na cidade, nem mesmo são exclusivos de Goiânia. São Paulo, Madri, Seul e Los Angeles, assim como várias outras grandes cidades, em maior ou menor intensidade, apresen-tam a fragmentação do tecido urbano por recursos hídricos degradados, seu pouco ou nenhum aproveitamento como elemento qualificador da paisagem e ambiência urbana, e sua desconsideração como lugar de convivência e desfrute coletivo, como espaço li-vre de uso público. As soluções que têm sido desenvolvidas nessas cidades, bem como a experiência local, como o Programa Macambira Anicuns, exemplificam os possíveis sucessos dos projetos e intervenções de requalificação destes espaços.

Gehl (2006) aponta a precariedade dos espaços públicos presentes na cidade contemporânea e critica o privilégio dado aos edifícios e aos veículos e pouco às pes-soas. Isso porque a circulação de pedestres é difícil e a condição do espaço público é desfavorável às pessoas. Outros autores que discutem a cidade contemporânea (SO-LÁ-MORALES, 1996; KOOLHAAS, 2006; SOJA, 2008) consideram que esta preca-riedade é resultado da adoção de um pensamento urbanístico que deve ser superado para dar lugar a um urbanismo mais adequado às novas exigências urbanas.

De acordo com o pensamento contemporâneo, o espaço público não é meramen-te o espaço residual entre ruas e edifícios. Tampouco é um espaço vazio, considerado público simplesmente por questões legislativas. Não é apenas o espaço especializado, ao que se visita como quem vai ao museu ou a um espetáculo. Estes são espaços livres, mas se efetivam como espaços públicos urbanos (BORJA; MUXI, 2001), com a apro-priação desses lugares pelas pessoas, o que é tratado por Solá-Morales (1996) como

terrain vague.

Gehl (2006) valoriza a dimensão humana do espaço público e analisa a vida na rua e nos espaços exteriores aos edifícios, que não se resume à circulação de pedestres ou às atividades recreativas ou sociais. O espaço público é multifuncional, no qual a sociedade se expressa e exprime sua cultura; é o espaço físico que dá lugar às relações

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sociais e levam em consideração todas as atividades que, combinadas, tornam estes lugares representativos e significativos para as pessoas.

Além das questões de humanização, o espaço público apresenta diferentes atri-butos, dependendo de sua função na cidade e da utilização que as pessoas lhe confe-rem. As ruas e avenidas, por exemplo, destinam-se à circulação de pessoas e veículos e podem permitir a coexistência desses tipos de tráfego, bem como ser favorável à permanência das pessoas, muito além de servir apenas ao estacionamento dos automó-veis. As praças e os largos, ainda que façam parte do sistema viário, são áreas que dão preferência ao tráfego de pedestres e ao encontro entre os transeuntes. As condições urbanísticas destes locais devem favorecer o uso coletivo, com tratamento adequado relativo ao mobiliário urbano, à pavimentação, à sinalização, às áreas cobertas, etc. Já os parques e jardins públicos são amplas áreas livres, onde o verde predomina e articula passeios, mobiliário urbano e equipamentos de esporte e lazer. São espaços destinados à recreação, ao estar e ao contemplar a paisagem. Os mercados públicos, os centros comerciais e feiras são espaços destinados ao comércio, mas que as pessoas também frequentam com o objetivo do encontro e do lazer, em que as tradições e a sociabilidade se efetivam, conferindo vitalidade ao espaço público.

Considerando-se os atributos que estes diferentes espaços devem ter, nota-se que o sítio em análise não é um espaço público de qualidade. Não promove a interação social porque é preponderantemente exclusivo aos veículos automotores particulares e não permite a utilização mútua de pedestres e ciclistas. Além disso, as áreas verdes que restam são pouco acessíveis, pouco atrativas e até mesmo perigosas, principalmente durante à noite. Fica claro, portanto, que os usos individuais, em especial o tráfego de carros, tomaram o sítio em estudo e reduziram as possibilidades de outros usos volta-dos aos cidadãos e propícios à sociabilidade.

Por outro lado, existe um potencial ainda latente, para que o Córrego Botafogo se constitua em um sistema unificado e contínuo, capaz de conciliar o espaço de fluxos de mobilidade com o espaço de interação social. Este potencial pode se concretizar através de projetos urbanos para criação de um sistema de espaços públicos. A análise morfológica da área de intervenção é uma etapa indispensável para a melhor interpre-tação da dinâmica urbana em que ela se insere, e fornece indicadores para a formula-ção de diretrizes projetuais.

POTENCIAL DE RECOMPOSIÇÃO NO SÍTIO DE ESTUDO

Com o intuito de identificar o potencial que o Córrego Botafogo possui para con-formar um sistema de espaços públicos articulados, foi realizada a análise morfológica confrontada com o histórico da produção do espaço urbano goianiense. Primeiramen-te, considerou-se o elemento natural somado à via expressa como uma só unidade. Entretanto, o estudo revelou que este elemento tomado como unitário, na realidade, é composto por frações de tecido urbano e áreas verdes que não se comunicam efetiva-mente. As porções de tecido urbano que o compõe se diferenciam uma das outras não somente no traçado das parcelas, mas também nas formas de ocupação, bem como nos usos e atividades predominantes. Essa diferenciação não é apenas entre as parcelas a

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Leste e a Oeste do Córrego Botafogo, mas também no sentido Norte-Sul, proporciona-da pelas vias transversais à Marginal Botafogo.

De maneira geral, existem problemas e potencialidades comuns a todas as partes do sítio estudado. Ainda assim, é indispensável considerar as especificidades de cada porção, já que apresentam diferentes indicadores urbanísticos para eventuais propostas projetuais. Por isso, a área adjacente ao córrego foi considerada no estudo e dividida em trechos e, observadas as diferenças e similaridades entre eles, foram formuladas breves especulações para uma possível e desejável requalificação urbana. Tanto na análise geral, como no estudo dos trechos são avaliados os tipos de atividades, as for-mas de ocupação e as condições da paisagem e da ambiência.

Figura 8: Divisão de Trechos para análise dos tipos de atividades, formas de ocupação e condições da paisagem e ambiência

Fonte: Veloso e Zárate (2014).

O Córrego Botafogo se insere na Macrozona Construída da cidade, uma região adensada e já consolidada. Isso significa que a infraestrutura urbana (MASCARÓ; YOSHINAGA, 2005) é suficiente para a demanda existente, considerando a rede viária de conexão com o restante da cidade, o abastecimento de água, esgoto, energia elétrica e comunicação (telefonia, informática e cabeamento de TV). No entanto, os trechos 5 e 6 apresentam carência infraestrutural se considerada a ocupação irregular, que inva-de a área inva-de proteção permanente do Jardim Botânico. As pessoas resiinva-dem em casas de baixa qualidade construtiva e abrem passagens estreitas, ocupando as margens do córrego, que fica sujeito à poluição. Parte desta área está sendo desapropriada para reflorestamento, porém, a região dos trechos 5 e 6 não atendem à demanda habitacio-nal. Como o trecho 6 apresenta, a Sul do Jardim Botânico, quadras vazias ou com uso de galpão ou armazéns; priorizar o uso residencial seria uma alternativa para suprir a demanda existente.

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Os usos também são uma questão problemática no Trecho 1, que, ao contrário dos outros trechos, apresenta predominantemente atividades de comércio e serviço, sendo o uso habitacional reduzido e muitas vezes combinado aos outros dois, que tomam os térreos e os andares dos prédios comerciais. A Avenida Contorno é o eixo de coesão comercial, especialmente com lojas e confecções, que se manifestam signi-ficativamente na forma de edifícios em altura com lojas de roupas e acessórios tanto varejistas como atacadistas, e galpões de depósito, configurando um Polo da Moda na cidade. O caráter popular do comércio exerce influência no entorno, definindo o tipo de oferta e o público alvo do Araguaia Shopping, que funciona na rodoviária; da Estação Goiânia, que é um shopping constituído pelo que antes eram barracas da Feira da Estação; e da Feira Hippie, que acontece aos sábados e domingos na Praça do Trabalhador, reunindo mais de 6.000 barraquinhas. O trecho apresenta com a mesma expressividade o caráter de serviços, por localizar-se entre a rodoviária e o aeroporto, com uma grande quantidade de hotéis e pequenas agências de turismo.

‘Apesar de o sítio de estudo ser bem atendido pelas redes urbanas, um proble-ma recorrente ao longo de todo o córrego é a ausência de soluções de travessia a não ser pelas pontes para veículos, muito distantes uma das outras para o deslocamento a pé. As pessoas atravessam sem nenhuma segurança e utilizam as adutoras como passarelas, se equilibrando perigosamente para chegar do outro lado do córrego. Esta questão mostra que a interpretação que Saia havia feito, na década de 1960, do córrego apresentar-se como barreira, ainda se aplica, bem como suas considerações acerca da necessidade de aumentar a quantidade de formas de travessia e conexão entre os lados a Leste e a Oeste do Botafogo.

Outra questão comum a todas as partes da área estudada são as inundações que ocorrem na época da chuva, indicando a necessidade de aumento da capacidade da rede de drenagem pluvial (MENEZES FILHO; COSTA, 2010). Este problema, mais grave no Trecho 3, está vinculado à urbanização intensiva e à impermeabilização dos solos, somado à capacidade reduzida do sistema de drenagem.

Nos trechos por onde passa a Marginal Botafogo, a faixa lateral do córrego é comple-tamente tomada pelas pistas da via expressa e o pouco verde que ladeia o canal de concreto é desprovido de vegetação significativa, apresentando apenas gramado. Apenas o Trecho 4 apresenta vegetação lindeira ao curso d’água e neste trecho as águas correm por um canal de gabião. Somado à ausência de vegetação ciliar, as edificações próximas à Marginal não possuem nenhuma abertura nem acesso voltado para a via expressa, conforme as diretrizes estabelecidas quando a via foi implantada. Isso resulta em uma paisagem com aspecto extremamente inóspito, pouco convidativo, como se a cidade estivesse “de costas” para o córrego. Fica evidente, portanto, a necessidade de requalificar a paisagem urbana para melhorar as condições de ambiência nas adjacências do Córrego e da Marginal Botafogo. Nos trechos 2, 4 e 5 se encontra reminiscência de vegetação que deveria, de acordo com os primeiros planos urbanos, constituir um parque linear. Nenhuma destas áreas possui tratamento urbanístico ou paisagístico, sendo elas o Parque Botafogo, o Parque Mutirama, o Parque Linear Botafogo, o Setor Areião II, e o Jardim Botânico. Todas elas são consideradas Unidades de Conservação pela Agência Municipal do Meio Ambiente, mas apenas o Jardim Botânico possui Plano de Manejo.

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Tendo analisado o Córrego Botafogo em toda sua extensão, bem como seu en-torno, é possível concluir que cada fragmento de tecido que compõe o sítio em estudo possui potenciais singulares e muito expressivos. Como foi feito um estudo ponderado e completo da cidade, foi possível constituir uma visão abrangente o suficiente para apreender os trechos numa imagem de conjunto, cujo eixo de articulação das partes é o Córrego Botafogo. A partir deste conhecimento, foram determinados cinco eixos nortea-dores e, para cada um deles, exemplos de diretrizes fundamentadas na análise realizada. O primeiro eixo norteador consiste na recuperação das condições ambientais do córrego e suas margens. As diretrizes elencadas para atendê-lo são: ampliar as áreas verdes por meio do reflorestamento; requalificar a paisagem por meio de intervenções urbano‐paisagísticas, para a melhoria dos aspectos figurativos e ambientais; proporcio-nar a recuperação ambiental do curso d’agua, considerando as necessidades urbanas e as condições de circulação da via expressa; ampliar os acessos aos parques urbanos, nos tramos onde os acessos ainda são restritos.

O segundo eixo norteador consiste na reestruturação urbana das áreas adjacen-tes com a criação de atrativos e oportunidades para a população. Ele congrega como diretrizes: integrar as áreas subutilizadas ao sistema de verde às margens do córrego, garantindo maior contiguidade às já existentes; qualificar o espaço urbano com a im-plantação de novas estruturas urbanas de uso coletivo, dotadas de espaços livres urba-nizados e equipamentos sociais de uso público, associados aos parques urbanos junto ao córrego e nas áreas adjacentes a ele.

O terceiro eixo norteador indica a requalificação urbana de áreas estruturalmente deficientes. Aqui as diretrizes são: implantar um sistema de drenagem urbana mais eficiente e de maior capacidade; melhorar a infraestrutura de circulação e gestão de trânsito; valorizar o pedestre, principalmente onde há predominância de comércio e serviços de abrangência regional.

O quarto eixo norteador aponta a ampliação da articulação leste oeste, minimi-zando o efeito de barreira presente. As diretrizes formuladas para este eixo norteador são: promover mais oportunidades de conectividade viária com a inserção de estruturas de travessia para veículos e pedestres, como pontes, viadutos, passarelas, trincheiras; ampliar as condições de mobilidade, valorizando o transporte público e não motori-zado com a inserção de estruturas complementares (terminal integrado, ciclovia) em trechos de desenvolvimento estratégico e social.

O último eixo norteador diz respeito à melhoria das condições de habitabilidade em áreas de precariedade habitacional. As diretrizes que podem ser elencadas para ele são: proporcionar moradia digna nas áreas de precariedade habitacional; conciliar a solução de permanência dos moradores com as diretrizes de proteção e recuperação ambiental; promover a complementariedade de usos nas áreas predominantemente ha-bitacionais, propiciando o acesso a equipamentos sociais e estabelecimentos comer-ciais e de serviços, bem como espaços de uso comunitário.

Com base nestas ideias, é possível afirmar que a qualificação ambiental urbana e melhor integração do Córrego e da Marginal Botafogo na dinâmica urbana podem ser favorecidas com a valorização, e incorporação de espaços públicos e coletivos, somada à ampliação de conexão viária e continuidade do verde. Ainda são válidas as ideias de

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constituição de verdadeiro parque linear junto ao Córrego Botafogo, o que pode garan-tir sua maior relevância como elemento de estruturação urbana, assumindo papel mais significativo na articulação e conexão dos tecidos adjacentes ao longo do corpo d’água. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo realizado aponta as consequências da dispersão e fragmentação do tecido urbano, evidenciadas na descaracterização de áreas de expressão da história e da identidade local, a degradação de áreas de preservação ambiental e a queda da qualidade de vida. Também se observou a existência de vazios urbanos em áreas con-solidadas, que são espaços passíveis para a intervenção e a reconstrução da paisagem, verdadeiros potenciais para a recomposição do tecido urbano. Além disso, nota-se a ineficácia dos instrumentos legislativos existentes frente à condição urbana de Goiâ-nia, caracterizada por um processo de constante reestruturação do tecido urbano.

Desta maneira, observa-se que as transformações ininterruptas da sociedade e da cidade de Goiânia trazem à tona a necessidade e conveniência da revisão do modo de atuação sobre a cidade, buscando-se a efetiva complementaridade das propostas de urbanização. Assim, as preocupações com questões universais da cidade, como são o controle e o ordenamento da expansão e da estruturação espacial urbana, se comple-mentariam de maneira coordenada com a distribuição e valorização de áreas verdes, dos equipamentos públicos e a qualificação dos espaços livres e coletivos. Propostas integradas de planejamento e de intervenção urbana poderiam avançar nas metodolo-gias e práticas que respeitam as peculiaridades da cidade e de suas frações, valorizando estruturas de amplos potenciais urbanísticos como são os espaços de circulação e os recursos naturais.

Analysis of goiânia’s fragmentation – the botafogo case

Abstract: this article presents a reading about Goiania, taking the Botafogo Stream and its surroundings as the case-study area. A morphological analysis shows the frag-mentation of the urban fabric and suggests how to achieve better integration and qua-lity of urban space.

Keywords: Morphological analysis. Fragmentation. Botafogo Stream. Public space.

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de espaço público. Disciplina de Ensaio Crítico(graduação) – Curso de Arquitetura e

Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2013.

*Recebido em: 10.11.2015. Aprovado em: 27.11.2015. HALINA VELOSO E ZÁRATE

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). E-mail: halinaveloso.arq@gmail.com

SANDRA CATHARINNE PANTALEÃO

Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina. Professora no curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Goiás. Arquiteta e Urbanista. E-mail: sandrinhapan-ta@gmail.com

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Imagem

Figura 1: Diagramas de análise dos condicionantes naturais da estrutura espacial de Goiânia Legenda: 1) Elementos naturais; 2) Tecido Urbano; 3) Morfologia diretamente condicionada;
Figura 2: Diagramas de análise dos condicionantes artificiais da estrutura espacial de Goiânia Legenda: 5) - Elementos artificiais - vias; 6) Elementos artificiais - subcentralidades; 7)  Morfologia diretamente condicionada; 8) Tipos de morfologias
Figura 3: Componentes morfológicos do tecido adjacente ao Córrego Botafogo Fonte: Veloso e Zárate (2014).
Figura 7: Diagrama de Implantação da Marginal Botafogo Fonte: Veloso e Zárate (2014).
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