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CONTESTAÇÃO
DISSÍDIO COLETIVO
PROCESSO ORIGINAL Nº 70100.002068/2014-94 – DISSÍDIO COLETIVO (NUP: 21000.031867/2018-14)
INTERESSADOS: ANBENE – Associação Nacional dos Beneficiados pela Lei nº 8.878/94.
ASSUNTOS:
1- Pedido para que a União-MAPA cumpra a decisão Judicial colegiada, determinada no DC- TST nº 13.868/1990-5.
2- Pedido de reconhecimento do direito de recebimento do índice de 104,27%, determinado pelo Dissídio Coletivo nº 13.868/1990-5.
3- Pedido de prosseguimento do processo na forma do Decreto nº 8.157, de 18/12/2013.
4- Esclarecimento do estratagema utilizado no item 3 do DESPACHO n. 01.310/2018/CONJUR- MAPA/CGU/AGU.
Contestação.
A ANBENE na defesa dos direitos dos anistiados associados, vem apresentar a CONTESTAÇÃO do DESPACHO N. 1.279/2018/CONJUR-MAPA/CGU/AGU, de 24/08/2018, por entender que o mesmo restou prejudicado, porque as razões de impedimento e nelas apoiadas, conforme itens 5 a 7, deixaram de existir, conforme julgamento do Supremo Tribunal Federal – STF, que rejeitou a REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 944250 RG/BA-BAHIA, em junho de 2018. Segue anexo o documento de publicação no DJe-116 DIVULG 12/06/2018.
PUBLIC em 13/06/2018. São as considerações:
1 - Pedido de Extensão Administrativa.
1.1- Para que não paire nenhuma dúvida, sobre o pedido da extensão administrativa, da
decisão judicial proferida no Dissídio Coletivo TST Nº 13.868/1990-5, a ANBENE recomenda
a todos, que verifiquem, leiam atentamente o Requerimento inicial, também, a NOTA
EXPLICATIVA e certifiquem-se de que o pedido de extensão da decisão judicial solicitada, não
foi, não é e não será a decisão proferida no processo TST Nº 47400-11.2009.5.04.0017, da
CONAB, que trata exclusivamente de progressão funcional, conforme afirma
equivocadamente de forma perspicaz, o item 3 do DESPACHO n. 01.310/2018/CONJUR-
MAPA/CGU/AGU, de 28/08/2018, mas sim, O CUMPRIMENTO da própria decisão judicial do
Dissídio Coletivo, que foi e continua a ser descumprida pela União.
2 1.2 - A bem da verdade, chega a ser um exagero absurdo, a ANBENE ter que vir solicitar à UNIÃO a extensão administrativa de uma decisão judicial colegiada, proferida em Dissídio Coletivo, que a própria União deveria ter cumprido, e, portanto, deixou de cumprir. Essa decisão judicial foi determinada pelos Ministros da corte maior, do TST.
1.3- A ANBENE, esclarece que não está pleiteando para os associados anistiados do extinto BNCC, a progressão funcional no período de afastamento, de que trata Processo TST Nº 47400-11.2009.5.04.0017, da CONAB, menos ainda, buscando benefícios no período de afastamento. Tão somente referenciou este processo, porque foi a partir dele, que os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, passaram a dar interpretação mais extensiva ao artigo 6º da Lei nº 8.878/94 e da OJ 56 da SBDI1/TST, mantendo os “efeitos financeiros a partir do efetivo retorno à atividade”. Esta interpretação extensiva traz mais luz ao direito cristalino dos anistiados associados do extinto BNCC. O questionamento da ANBENE é exatamente por que a UNIÃO-MAPA, descumpriu a decisão judicial do Dissídio Coletivo e não aplicou seus efeitos financeiros a partir do efetivo retorno à atividade.
1.4- O direito assegurado no DC-TST nº 13.868/1990-5, de receber o índice de 104,27% é anterior a demissão ilegal do pessoal do Extinto BNCC, JÁ COMPUNHA O SALÁRIO DO PESSOAL, passou a existir a partir de 20 de abril de 1990, com a publicação do Acórdão do processo TST-DC-35/89 e certidão de julgamento desse Dissídio Coletivo, portanto, O ÍNDICE DE 104,27%, DETERMINADO EM SETEMBRO DE 1990, DESDE AQUELA ÉPOCA, JÁ CONSTA INSERIDO NA FICHA FINANCEIRA DOS ANISITIADOS DO EXTINTO BNCC, APENSADAS NOS AUTOS, TEM SUA BASE ASSENTADA NA GARANTIA DE ESTABILIDADE PROVISÓRIA ANTES DA DEMISSÃO ILEGAL. A UNIÃO-MAPA É QUE DEIXOU DE CUMPRIR A DECISÃO JUDICIAL DO TST E NÃO APLICOU ESSE ÍNDICE NO EFETIVO RETORNO DO PESSOAL. AQUELES EMPREGADOS QUE CONTINUARAM TRABALHANDO NA LIQUIDAÇÃO DO BANCO, JÁ RECEBERAM O ÍNDICE DE REAJUSTE DE 104,27%, CUJO VALOR CONSTA NO SALÁRIO DE RETORNO À ATIVIDADE DESSE PESSOAL. Observa-se que o direito do reajuste não está no período de afastamento, menos ainda, não se trata de progressão funcional para concessão do reajuste legal.
1.5- Na conformidade do § 1º, do Art. 1º, do Decreto nº 8.157, de 18/12/2013, cabe à CONJUR- MAPA, tão somente instruir e encaminhar o processo para as considerações finais na forma disposta no § 2º. A ANBENE Considera e ratifica o pedido inicial, que é o da UNIÃO-MAPA, cumprir a determinação judicial colegiada, do Dissídio Coletivo DC-TST nº 13.868/1990-5, uma vez que não cabe análise de mérito, mas sim, cumprimento da decisão judicial, que deveria ter sido feita no ato do retorno dos anistiados às atividades, hoje desenvolvidas no âmbito do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
1.6- Diante do esclarecido, e por não haver nenhum óbice, a ANBENE solicita a esta douta
COORDENADORIA-GERAL DE ASSUNTOS JUDICIAIS - CGA/CONJUR/MAPA, imediatas
providências, para dar continuidade na marcha processual, no sentido do devido
encaminhamento deste processo à apreciação e análise do Ministro de Estado do
Planejamento, Orçamento e Gestão e do Advogado-Geral da União, para atender os ditames
do Decreto nº 8.157, de 18/12/2013.
3 2 - Esclarecimentos sobre o Despacho CONJUR-MAPA nº 1.279/2018.
2.1- A ANBENE entende que ao ser proferido o DESPACHO n. 1.279/2018/CONJUR- MAPA/CGU/AGU, em 24 de agosto de 2018, essa Consultoria Jurídica do MAPA, já tinha conhecimento do julgamento no STF do RE 944250 RG/BA-BAHIA, Controvérsia C-12, em 13.06.2018, (item 10), cuja decisão foi deferida com o entendimento de: REPERCUSSÃO GERAL REJEITADA, nos seguintes termos:
“Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reconheceu a inexistência de repercussão geral da questão. - Ministro: GILMAR MENDES – Relator”
1.2- Portanto, com essa decisão entendemos que foi superada a restrição de sobrestamento do Processo nº TST-RR–47400–11.2009.5.04.0017, artifício usado pela CONJUR-MAPA, para criar obstáculo no prosseguimento do processo requerido pela ANBENE. O julgamento final no STF destravou os obstáculos, prevalece os efeitos jurídicos do entendimento dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, quanto a interpretação mais extensiva do artigo 6º da Lei nº 8.878/94 e OJ Nº 56 da SBDI1/TST.
1.3- Repisamos. A ANBENE está pleiteando tão somente que essa interpretação mais extensiva dos Ministros do TST, que traz luz sobre o entendimento direitos lesados dos anistiados, sirva de alerta, de esclarecimentos para que a administração pública, UNIÃO, MAPA, MP E AGU possam entender que o cumprimento da decisão judicial do DC- TST nº 13.868/1990-5, é vinculante, “não se trata de favor ou graça”, não se trata de conceder benefícios, não se trata de progressão funcional, mas simplesmente do dever de cumprir a lei.
1.4- O Acórdão citado no item 10 do DESPACHO Nº 1.279/2018, não alcança o objeto do Requerimento pedido pela ANBENE em 2014, a ANBENE não pediu e não está pedindo extensão judicial da decisão proferida no Processo nº TST-RR–47400–11.2009.5.04.0017, que é sobre Progressão Funcional. Portanto, o Acórdão dessa decisão, não alcança o pedido feito pela a ANBENE, no ano de 2014, por serem situações absolutamente distintas.
3 - Entendimento correto sobre o pedido requerido pela ANBENE.
3.1- É preciso entender de forma correta, justa, reta e conscienciosa, esta questão do DISSÍDIO COLETIVO. O pedido feito pela ANBENE no processo nº 70100.002068/2014-94, é embasado no direito líquido e certo dos anistiados associados do extinto BNCC. Esse direito legal está assegurado na decisão judicial colegiada, transitada em julgado, e publicada no Diário da Justiça em 19/12/1990, proferida nos autos do processo trabalhista do Dissídio Coletivo nº TST – DC-13.868/1990-5, Acórdão SDC – 280/1990-1.
3.2- Não há possibilidade e nem deve a UNIÃO falar em julgamento de mérito sobre uma causa
judicial que foi decidida no Juízo Trabalhista, pelos magistrados de sua corte máxima. A
decisão proferida foi e é, para assegurar, para reconhecer o direito de os anistiados do extinto
BNCC de receber o índice de 104,27%, a ser incorporado em seus salários. Ora, veja, este
índice de reajuste já está inserido nas Fichas Financeiras dos anistiados, que, na época do
retorno, foram entregues tempestivamente no prazo da lei, (11.907/2009, Art. 310) para
comprovar todas as parcelas remuneratórias que recebiam na data da demissão ilegal. Esse
índice de reajuste já compunha e compõe o salário dos anistiados do extinto BNCC, deveria
4 ter sido considerado na composição do salário de retorno, pela administração pública, MAPA.
3.3- Não há como fugir da realidade ou afastar o entendimento de que, se a União, no governo do Presidente Collor de Melo, não tivesse agido de forma ilegal e arbitrária, demitindo o pessoal do extinto BNCC, todos, teriam recebido o índice do Dissídio Coletivo, porque esse direito é cristalino, líquido e certo e não há como ser negado.
3.4- No retorno dos anistiados ao serviço, a UNIÃO-MAPA, mesmo depois de mais de vinte anos de penúria e sofrimento, ao arbítrio dos gestores de pessoal desse Ministério, praticaram mais uma violência contra os direitos dos anistiados. Decidiram ignorar os direitos assegurados no Dissídio Coletivo, e reduziram o salário, que é verba alimentícia.
3.5- Com o descumprimento da decisão proferida no Dissídio Coletivo do Tribunal Superior do Trabalho, o MAPA, violou também, as disposições da Lei nº 1.079, de 10/04/1950, no Art.
12º, Inciso 2. A lei é clara, é para todos.
Art. 12. São crimes contra o cumprimento das decisões judiciárias:
1 - impedir, por qualquer meio, o efeito dos atos, mandados ou decisões do Poder Judiciário;
2 - Recusar o cumprimento das decisões do Poder Judiciário no que depender do exercício das funções do Poder Executivo;
3 - deixar de atender a requisição de intervenção federal do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior Eleitoral;
4 - Impedir ou frustrar pagamento determinado por sentença judiciária.
4- Prosseguimento da Marcha Processual e Cumprimento da Norma Judicial.
4.1- Pelo fato de a ANBENE ter solicitado a extensão administrativa da decisão judicial proferida no Dissídio Coletivo nº TST – DC-13.868/1990-5, Acórdão SDC – 280/1990-1, transitado em julgado e publicado no Diário da Justiça em 19/12/1990, que, foi e continua sendo com o objetivo de pedir à UNIÃO-MAPA, para cumprir a decisão colegiada do Tribunal Superior do Trabalho, que ela deixou de cumprir, proferida nos seguintes termos:
“2) Homologação do acordo celebrado em audiência.
I – O BANCO CONCEDERÁ UM REAJUSTAMENTO SALARIAL NO PERCENTUAL DE CENTO E QUATRO VÍRGULA VINTE E SETE POR CENTO A INCIDIR SOBRE AS PARCELAS SALARIAIS PERCEBIDAS EM TRINTA E UM DE AGOSTO DE UM MIL NOVECENTOS E NOVENTA;
II – O REAJUSTE TEM A VIGÊNCIA A PARTIR PRIMEIRO DE SETEMBRO DE UM MIL NOVECENTOS E NOVENTA.
As partes acordaram, aceitando tais condições. Não vislumbro qualquer impedimento ou restrição legal à sua homologação.
Homologo.
Brasília-DF, 31 de outubro de 1990
Ministro - MARCO AURÉLIO PRATES DE MACEDO – Presidente Ministro - MARCELO PIMENTEL – Relator
Ciente: Dr. JORGE EDUARDO DE SOUSA MAIA – Subprocurador-Geral”