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INTRODUÇÃO
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Na sociedade global e no mundo dos indivíduos e das organiza- ções existem, hoje como provavelmente sempre, poucas certezas e muitas incógnitas. A incerteza é, para todos os efeitos e goste-se ou não, dominante. E resulta, entre outras questões, da rápida evolu- ção das tecnologias, da circulação da informação em tempo real e à escala global, da alteração acelerada de comportamentos e mentali- dades, da desregulação de mercados, da livre circulação de pessoas e capitais, de novas necessidades dos consumidores. Em suma, incerteza que resulta da mudança, em ritmo cada vez mais rápido, da generalidade das dimensões individuais, organizacionais e sociais (Ferreira e Martinez, 2008).
Para sobreviver neste ambiente de incerteza e mudança, as organizações necessitam de implementar mudanças organizacio- nais de forma a adaptarem-se (Turner et al., 2009). No entanto, grande parte destas iniciativas acabam por falhar (Beer e Nohria, 2000), o que reflete uma incapacidade das organizações para implementarem mudanças com sucesso.
Segundo Ferreira e Martinez (2008) este problema afeta tam- bém as organizações portuguesas, podendo dever-se a fatores como a aversão ao risco e pessimismo dos gestores portugueses, à estag- nação dos processos nas organizações ou a faltas de conhecimento sobre as áreas de gestão da mudança. Este último fator é particu- larmente relevante nas organizações de saúde, uma vez que os con- ceitos de mudança organizacional e gestão da mudança são apreen- didos e discutidos maioritariamente em escolas de gestão, psicolo- gia, sociologia e economia (Iles e Sutherland, 2001) e, por conse- guinte, longe dos teatros da prestação dos cuidados de saúde. Por esta razão, informações e orientações importantes que a literatura oferece sobre os processos de mudança e a sua gestão não estão a ser utilizadas pelas organizações de saúde para implementar as mudanças necessárias com sucesso.
Tendo em conta esta linha de pensamento, o objetivo principal deste livro é o de, primeiramente, realizar uma revisão sobre alguma da literatura sobre gestão da mudança e, em particular, na saúde, com o intuito de, posteriormente, elaborar um manual com
informações gerais sobre o tema, dirigido a gestores e profissionais de saúde e adaptado ao contexto e idiossincrasias desta área.
Os objetivos a que os autores se propõem são, explicitamente, os seguintes:
1. Descrever o contexto em que se inserem as organizações de saúde portuguesas;
2. Realizar uma revisão bibliográfica sobre algumas das princi- pais teorias, abordagens e modelos de gestão da mudança;
3. Realizar uma revisão bibliográfica sobre alguns dos princi- pais modelos de gestão da mudança na saúde;
4. Elaborar um manual de gestão da mudança de caráter sim- ples e percetível e direcionado para o setor da saúde, de forma a fornecer informações gerais sobre os principais modelos, abordagens, técnicas e ferramentas e podendo ser usado de forma rápida e segura por gestores e profissionais de saúde, adequando-se ao seu contexto.
O corpo do livro é constituído por sete capítulos: a introdução (o presente capítulo), a metodologia (capítulo 2), a contextualiza- ção do problema (capítulo 3), o estado da arte na gestão da mudança (capítulo 4), revisão da gestão da mudança na saúde (capítulo 5), a elaboração do manual de gestão da mudança na saúde (capítulo 6) e a conclusão (capítulo 7).
No segundo capítulo são referidos os aspetos referentes à meto- dologia usada para construir o livro. O método utilizado foi o des- critivo que, segundo Reto e Nunes (2001), tem como objetivo prin- cipal caracterizar o estado da arte de um determinado tema de inte- resse. A técnica de recolha da informação utilizada foi a pesquisa documental, realizada em bibliotecas e, principalmente, em bases de dados eletrónicas. Por último, as fontes de informação consisti- ram em relatórios e publicações de saúde, manuais de gestão da mudança na saúde e obras e artigos sobre mudança organizacional e modelos de gestão da mudança.
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No terceiro capítulo é feita a contextualização do problema, com uma breve descrição da evolução dos sistemas de saúde inglês e português na última década, nomeadamente a nível das principais medidas políticas e reformas implementadas. Para o sistema de saúde português, a cargo do Serviço Nacional de Saúde, é também feita uma contextualização no ambiente atual de crise e, por fim, uma comparação com o sistema inglês no que respeita às estraté- gias implementadas na área da gestão da mudança.
No quarto capítulo apresenta-se a revisão bibliográfica reali- zada sobre o tema da mudança organizacional, os seus conceitos, teorias e abordagens. São referidos os diversos tipos de mudança identificados por diferentes autores, os principais modelos de ges- tão da mudança e os elementos essenciais para o sucesso da mudança, presentes na generalidade dos modelos estudados.
De seguida, no quinto capítulo, são referidos os desafios adi- cionais para as organizações de saúde no que se refere à gestão da mudança e são também apresentados alguns modelos de gestão da mudança na saúde, com ênfase nos modelos dirigidos às organiza- ções de saúde.
O sexto capítulo é dedicado à apresentação do manual «Gestão da mudança nas organizações de saúde: roadmap» e à forma como foi elaborado. Este manual apresenta informações gerais sobre os principais conceitos e abordagens de mudança organizacional, revistos nos capítulos anteriores, bem como algumas técnicas e fer- ramentas a serem utilizadas consoante o tipo e contexto da mudança.
Por fim, no capítulo 7, Conclusão, são discutidas algumas ques- tões importantes que foram surgindo ao longo do livro e apresen- tadas sugestões para futuras práticas.