Produção de conhecimento científico: trabalhando com
a variável cor/raça no SUS
Fernanda Lopes
Faculdade de Saúde Pública da USP Projeto Saúde da População Negra –
DFID/UK e OPAS/OMS
I Conferência Municipal de Saúde da População Negra 14 a 16 de maio de 2002 – São Paulo/SP
Cultura Q Sociedade
Movimento individual Agências
Financiadoras Comunidade
Científica
Ò Ñ
Produção do conhecimento
Ê É
Necessidades e demandas sociais contempladas ou
não
A Saúde na Constituição Federal de 1988, na Lei Orgânica de Saúde de 1990 e nos Tratados
Internacionais de Direitos Humanos
• É apresentada como um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
• As políticas sociais e econômicas devem promover a redução do risco de doença e de outros agravos, o acesso universal e equânime às ações e serviços, além do cuidado e assistência integrais.
Conhecimento científico
Produção de conhecimento: um compromisso ético e social a serviço do SUS
O termo Raça normalmente é utilizado para identificar um grupo de pessoas conectadas por uma origem comum ou um grupo de pessoas socialmente unificadas em virtude de marcadores físicos.
Por ser um conceito socialmente construído, sua
validade depende do seu emprego numa explicação, ou
seja, é possível lhe atribuir diferentes significados em
função do teor específico ligado aos termos raciais
numa determinada época e lugar.
Os desafios enfrentados pelo negro para viver com dignidade
UNAIDS (2002) Na África do Sul, a cada 9 habitantes 1 é portador do HIV
Chacham (2001) Em 1996 as mulheres negras brasileiras apresentavam 2x mais
chance de ter o primeiro filho com 16 anos ou menos; tinham menos chances de contracepção e mais chances de estarem grávidas ainda que não quisessem.
CDC (2001) Embora o número de mortes por aids tenha declinado nos EUA,
entre aqueles que morrem a proporção de negros é maior que a de brancos, especialmente entre as mulheres.
Sen (2001) A esperança de vida dos homens negros dos bairros pobres do
estado de Nova Iorque (EUA) é menor que a dos homens indianos residentes em localidades inúmeras vezes mais pobres.
Autor (ano) Informação
Os desafios enfrentados pelo negro para viver com dignidade
Perpétuo (2000) Em 1996 mulheres negras brasileiras tiveram menos chance de
passar por consultas ginecológicas completas, consultas de pré-natal e menos chance de fazer exames ginecológicos no período pós- parto. A chance de pelo menos um dos filhos de mulheres que deram a luz entre 1991 e 1996 ter nascido em casa foi 3,73 a chance observada para as brancas.
Sant´Anna (2001)
Em 1996 a taxa de mortalidade para crianças negras foi de 62,3 por mil nascidos vivos; para as crianças brancas a taxa foi de 37,3 por mil. Neste ano para as crianças menores de 5 anos as taxas foram de 76,1 por mil e 45,7 por mil.
Souza (2001);
Silva e col (2002)
Embora os miomas uterinos sejam tumores benignos, mais mulheres negras que mulheres brancas têm seus úteros extraídos cirurgicamente em decorrência de miomatoses.
Autor (ano) Informação
O contexto de soropositividade pode ser útil para compreender
os inúmeros processos de
vulnerabilização
Figura 1. Situações de limitação das potencialidades reais de mulheres vivendo com HIV, segundo raça/cor.São Paulo, 2000.
0 25 50 75 100
Analfabetas Ensino fundamental incompleto
Desemprego Negras Não Negras
Fonte: Lopes, F. Mulheres negras e não negras vivendo com HIV/AIDS em São Paulo: um estudo compreensivo sobre suas vulnerabilidades. São Paulo, 2003. [Tese de Doutorado, FSP/USP].
Figura 2. Restrições financeiras vividas por mulheres portadoras de HIV, segundo raça/cor. São Paulo 2000.
0 100 200 300 400 500 600 700 800
mediana da renda individual mensal
mediana da renda familiar per capita
Geral Negras
Não Negras
Fonte: Lopes, F. Mulheres negras e não negras vivendo com HIV/AIDS em São Paulo: um estudo compreensivo sobre suas vulnerabilidades. São Paulo, 2003. [Tese de Doutorado, FSP/USP].
Figura 3. Mulheres negras vivendo com HIV/AIDS: variáveis associadas à atitude do profissional que entregou o resultado do teste. São Paulo, 2000.
Category % n
não conversou sobre o assunto 21,71 94 conversou sobre o assunto 78,29 339
Total (100,00) 433
Node 0
Category % n
não conversou sobre o assunto 7,14 15 conversou sobre o assunto 92,86 195
Total (48,50) 210
Node 2
Category % n
não conversou sobre o assunto 35,43 79 conversou sobre o assunto 64,57 144
Total (51,50) 223
Node 1
Category % n
não conversou sobre o assunto 25,71 18 conversou sobre o assunto 74,29 52
Total (16,17) 70
Node 4
Category % n
não conversou sobre o assunto 39,87 61 conversou sobre o assunto 60,13 92
Total (35,33) 153
Node 3
atitude do profissional que entregou o resultado pessoalmente
CONVERSA
Adj. P-value=0,0000, Chi-square=50,9026, df=1
individual;em grupo não sabia que estava sendo testada;não recebeu orientação,<missing>
percepção de risco
Adj. P-value=0,0403, Chi-square=4,2065, df=1
sim não
Fonte: Lopes, F. Mulheres negras e não negras vivendo com HIV/AIDS em São Paulo: um estudo compreensivo sobre suas vulnerabilidades. São Paulo, 2003. [Tese de Doutorado, FSP/USP].
Figura 4. Mulheres não negras vivendo com HIV/AIDS: variáveis associadas à atitude do profissional que entregou o resultado do teste. São Paulo, 2000.
Category % n
não conversou sobre o assunto 28,22 116 conversou sobre o assunto 71,78 295
Total (100,00) 411
Node 0
Category % n
não conversou sobre o assunto 41,67 100 conversou sobre o assunto 58,33 140
Total (58,39) 240
Node 2
Category % n
não conversou sobre o assunto 9,36 16 conversou sobre o assunto 90,64 155
Total (41,61) 171
Node 1
atitude do profissional que entregou o resultado pessoalmente
CONVERSA
Adj. P-value=0,0000, Chi-square=51,4567, df=1
não recebeu orientação;não sabia que estava sendo testada individual;em grupo,<missing>
Fonte: Lopes, F. Mulheres negras e não negras vivendo com HIV/AIDS em São Paulo: um estudo compreensivo sobre suas vulnerabilidades. São Paulo, 2003. [Tese de Doutorado, FSP/USP].
Figura 5. Mulheres negras vivendo com HIV/AIDS: variáveis associadas ao uso de preservativo após o diagnóstico de infecção pelo HIV. São Paulo, 2000.
Category % n
às vezes 19,15 77
nunca 14,43 58
todas as vezes 66,42 267 Total (100,00) 402
Node 0
Category % n
às vezes 12,26 13
nunca 5,66 6
todas as vezes 82,08 87 Total (26,37) 106
Node 2
Category % n
às vezes 21,62 64
nunca 17,57 52
todas as vezes 60,81 180 Total (73,63) 296
Node 1
Category % n
às vezes 9,72 7
nunca 27,78 20
todas as vezes 62,50 45
Total (17,91) 72
Node 4
Category % n
às vezes 25,45 57
nunca 14,29 32
todas as vezes 60,27 135 Total (55,72) 224
Node 3
uso de preservativo
status sorológico do parceiro f ixo atual Adj. P-value=0,0018, Chi-square=16,5516, df =2
soronegativo não sabe;soropositivo,<missing>
número de pessoas que cuida
Adj. P-value=0,0103, Chi-square=11,9213, df =2
>1-3
<=1-3
Fonte: Lopes, F. Mulheres negras e não negras vivendo com HIV/AIDS em São Paulo: um estudo compreensivo sobre suas vulnerabilidades. São Paulo, 2003. [Tese de Doutorado, FSP/USP].
Figura 6. Mulheres não negras vivendo com HIV/AIDS: variáveis associadas ao uso de preservativo após o diagnóstico de infecção pelo HIV. São Paulo, 2000.
Category % n
todas as vezes 69,78 284 às vezes 20,88 85
nunca 9,34 38
Total (100,00) 407 Node 0
Category % n
todas as vezes 63,83 90 às vezes 18,44 26
nunca 17,73 25
Total (34,64) 141 Node 2
Category % n
todas as vezes 72,93 194 às vezes 22,18 59
nunca 4,89 13
Total (65,36) 266 Node 1
uso de preservativo
facilidade em obter o preservativo masculino Adj. P-value=0,0009, Chi-square=17,9922, df=2
nunca,<missing>
na maioria das vezes;às vezes
Fonte: Lopes, F. Mulheres negras e não negras vivendo com HIV/AIDS em São Paulo: um estudo compreensivo sobre suas vulnerabilidades. São Paulo, 2003. [Tese de Doutorado, FSP/USP].