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Utilização de métodos quantitativos na avaliação de coleção*

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Utilização de métodos quantitativos na avaliação de coleção*

The use of quantitative methods in collection evaluation

IVONE GUERREIRO **

MARIA EUGÊNIA A. ANDRADE***

MÔNICA C. PITTELLA * * * * VILMA A. G. DA CRUZ * *

Análise dos diversos métodos quantitativos que podem ser utilizados na avaliação de cole­

ções de bibliotecas, realizados em função dos usuários e da literatura de determinada área.

Um dos objetivos de qualquer tipo de biblioteca é atender as necessidades informacionais de seus usuários.

Admitindo como verdadeira esta afirmação, uma coleção adequada é condição sine qua non para que a biblioteca possa atingir a esse objetivo. Mas, a certeza dessa ade­

quação só pode ser obtida mediante avaliação da cole­

ção, cujos resultados permitam, em tempo, as devidas correções.

T r a b a l h o a p r e s e n t a d o no C u r s o de A v a l i a ç ã o de S e r v i ç o s B i b l i o ­ t e c á r i o s .

* * P r o f e s s a r a s do D e p a r t a m e n t o de B i b l i o t e c o n o m i a da F u n d a ç ã o U n i ­ v e r s i d a d e E s t a d u a l d e L o n d r i n a .

* * * B i b l i o t e c á r i a da E sc o la de E n g e n h a r i a da U F M G .

• * * * P r o f e s s o r a da E s c o la de B i b l i o t e c o n o m i a da U F M G .

(2)

Avaliar uma coleção é o processo de analisar, calcu­

lar ou estimar o valor ou a valia de uma coleção em re­

lação à clientela a ser servida. Considera-se coleção todos os tipos de materiais que formam o acervo de uma biblio­

teca, desde os materiais mais tradicionais como livros e periódicos até os mais modernos como discos, fitas, slides, e tc .

A avaliação da coleção tem como objetivos:

a) Determinar a adequação ou qualidade da cole­

ção relativamente aos usuários;

b) obter uma compreensão mais exata sobre o campo, profundidade e utilização da coleção;

c) obter subsídios para o planejamento da coleção;

d) Retificar inadequações no desenvolvimento do acervo, verificando os pontos fracos da coleção de modo a favorecê-los nas próximas alocações de recursos;

e) Obter justificativa para aumento dos recursos f i­

nanceiros;

f) Identificar materiais obsoletos ou pouco usados para retirá-los da coleção (descarte).

Bonn (1) e Lancaster (3), entre outros autores, iden­

tificam dois tipos de métodos para se avaliar a coleção:

os quantitativos e os qualitativos.

Neste ensaio serão discutidos os métodos quantitati­

vos, entre os quais destacam-se:

TAMANHO ABSOLUTO DA COLEÇÃO

De acordo com este método, a avaliação é feita

através da contagem bruta da coleção. A validade deste

método é baseada no pressuposto de que existe relação

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entre o tamanho da coleção e a sua capacidade de atender à clientela. Entretanto, considerando a realidade brasilei­

ra, este método poderia levar a distorções nos resultados da avaliação, visto que a maioria de nossas bibliotecas não possui política de descarte e tampouco seleção das doações recebidas.

O tamanho considerado pelos autores estrangeiros, quando da utilização deste método, está distante do ta­

manho do acervo de nossas bibliotecas.

AVALIAÇÃO DA COLEÇÃO POR FÓRMULAS

Alguns autores, como Clapp e Jordan, Carter e Beasley, apresentam fórmulas matemáticas para avaliação do tamanho da coleção, incluindo variáveis como: recursos, população servida, circulação, capacidade de pesquisa, etc.

Acredita-se que a maior contribuição de tais fórmu­

las para as bibliotecas brasileiras seja o aproveitamento de sua metodologia, visto que aquelas são baseadas em padrões e estatísticas estrangeiras, pouco aplicáveis à nossa realidade.

EQUILÍBRIO DOS ASSUNTOS

Este tipo de avaliação consiste na análise estatística da coleção por classes de assuntos, por duplicatas, por autores, bem como por relação aos cursos oferecidos (no caso de bibliotecas escolares e universitárias).

A principal vantagem desse tipo de avaliação é de­

tectar os pontos fracos e fortes da coleção bem como demonstrar a tendenciosidade na seleção, se houver. Re­

vela ainda as más correlações com as necessidades dos

usuários ou com padrões recomendados.

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A aplicação desse método é viável nos diversos tipos de bibliotecas considerando que grande parte delas realiza levantamentos periódicos com o objetivo de verificar os livros perdidos ou não devolvidos. Nesse caso, os obje­

tivos dessa tarefa poderíam ser aplicados de modo a se obter dados para avaliação da coleção.

* PEDIDOS NÃO ATENDIDOS

Um dos métodos mais úteis de se avaliar a coleção consiste no registro estatístico dos pedidos feitos pelos usuários e que a biblioteca não conseguiu atender.

O fato da biblioteca possuir uma estatística muito alta de solicitações não atendidas significa que seu acervo não está correspondendo aos interesses da clientela e por isso a política de seleção deve ser modificada.

Esse método pode ser facilmente aplicado através do pessoal disponível na biblioteca para o empréstimo e re­

ferência. Não exige técnicas estatísticas sofisticadas e por isso a sua utilização por bibliotecários brasileiros, ge­

ralmente desprovidos de formação estatística, é viável.

EMPRÉSTIMO ENTRE BIBLIOTECAS

O empréstimo entre bibliotecas é uma realidade aceita, pois nenhuma biblioteca consegue ser auto-sufi­

ciente em termos de coleção, principalmente no Brasil, onde a maioria das bibliotecas possui restrições orçamen­

tárias.

Esse tipo de empréstimo pode ser utilizado como meio de se avaliar a coleção através da proporção deles no total de solicitações apresentadas.

De acordo com Bonn (1) espera-se que uma biblio­

teca tenha condições de atender entre 90% a 95% das

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solicitações feitas pelos usuários. Poderia se aceitar uma proporção menor do que 90% nos casos especiais em que a biblioteca possua uma verba irrisória para aquisição de material bibliográfico.

Um cuidado que deve ser tomado ao se utilizar esse método é observar se os empréstimos entre bibliotecas não são feitos apenas para atender as necessidades de um único usuário. Como exemplo, pode-se citar o caso de um estudante de pós-graduação que necessita de ma­

terial de pesquisa bem específico durante a feitura da dissertação.

Infelizmente no Brasil tanto a realização do emprés­

timo entre bibliotecas como as estatísticas desse emprésti­

mo são vistos com restrições pela maioria das bibliotecas.

PADRÕES QUANTITATIVOS

A elaboração e o emprego de padrões para formação de coleções em bibliotecas brasileiras não é uma cons­

tante. Comumente são utilizados padrões estrangeiros, o que leva a distorções nos resultados da avaliação de uma coleção por esse método. Deve-se observar que os padrões mínimos para um determinado tipo de biblioteca no es­

trangeiro podem representar um nível ótimo para as nossas bibliotecas na mesma situação.

O padrão quantitativo mais utilizado no Brasil é o número mínimo de títulos de livros que é exigido pelo Ministério da Educação e Cultura para reconhecimento de curso de graduação. É um padrão discutível, visto que são exigidos 1000 títulos na área do curso, sem uma ve­

rificação se são ou não pertinentes ao assunto ou se já estão obsoletos. Esse padrão, ao invés de servir de estí­

mulo para o desenvolvimento do acervo, leva a um estado

de acomodação.

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TAXA DE CRESCIMENTO

A taxa de crescimento da coleção de uma biblioteca, de um ano em relação a outro, pode ser considerada um método quantitativo de avaliar a coleção.

A utilização da taxa de crescimento como único mé­

todo pode apresentar uma visão distorcida da coleção.

Uma biblioteca pode apresentar uma alta taxa de cresci­

mento e, no entanto, estar adquirindo itens de pouca re­

levância para seus usuários ou ainda apresentar essa taxa porque sua política de descarte está deficiente ou simples­

mente não existe.

USO DA COLEÇÃO (estatística de circulação e uso na biblioteca).

As estatísticas de uso (empréstimo domiciliar e uso na biblioteca) podem ajudar na avaliação de coleção ao se analisarem os dados sobre tipo de materiais, tipo de usuário, idade do material e variações no uso devidos à época do ano. Essa análise é importante para determinar que áreas da coleção são mais usadas e quais as menos usadas. Através desses dados, o bibliotecário poderá for­

mar a coleção e determinar o descarte.

Uma das críticas feitas a esse método de avaliação é que nem todos os materiais deixados sobre as mesas foram realmente usados, nem todos os usados foram dei­

xados na mesa e que nem todos os materiais retirados para empréstimo foram realmente usados.

Infelizmente, os bibliotecários brasileiros, apesar de fazerem estatísticas de uso da coleção, quanto ao tipo, ao assunto, a língua, etc., não as utilizam para avaliá-la.

São utilizadas somente para prestação de contas em rela­

tórios oficiais.

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DESPESAS DA COLEÇÃO

O valor monetário total da coleção como estatística de avaliação raramente pode ser usado como método único. Entretanto, as despesas correntes, ao lado de outros procedimentos estatísticos, têm sido recomendados como medidas aceitáveis para avaliação de coleções, já que uma coleção depende em grande parte de seu suporte contínuo tanto em relação a materiais quanto ao desen­

volvimento profissional.

CONCLUSÃO

Os métodos quantitativos existem em maior número do que os qualitativos, entretanto o bibliotecário não deve se limitar à utilização de apenas um tipo. O ideal é a combinação dos d ois.

Por menos subjetivos que sejam os métodos quan­

titativos, o bibliotecário não poderá prescindir de um exer­

cício de julgamento. E para esse julgamento o bibliote­

cário necessita tanto de informações de caráter quanti­

tativo como qualitativo. A questão se resume no julga­

mento do bibliotecário e na sua tomada de decisão, a qual, naturalmente, deverá ser bem fundamentada.

A medida de desempenho das coleções deve ser rea­

lizada em função do usuário e da literatura existente sobre os assuntos.

Analysis of the main quantitative methods that can be used in the evaluation of library collections.

BIBLIOGRAFIA

1. BONN, A. Evaluation of the collection. Library Trends, 22 (3):265 304, Jan. 1974.

(8)

2. IFIDON, S. E. Qualitative/quantitative evaluation of acade- mic library collections: a literature survey. Int. Libr.

Rev., 8:229-308, 1976.

3. LANCASTER, F. W. Evaluation of the collection . In:--- . The measurement and evaluation of library Services.

Washington, Information Resources Press, 1977. p.

165-206.

4. MOSHER, P. H. Collection evaluation in research libraries:

the search for quality, consistency and system in collec­

tion development. Library Resources & Technicai Ser­

vices, 23(1):16-31, Winter, 1979.

Referências

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