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INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR: INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

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INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR: INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Silva, D. A. 1 Rocha, D. C. 2 Rodrigues, G. M. C. 3

RESUMO

O presente artigo é resultado de um estudo de caso a respeito da atuação do profissional de psicopedagogia em uma situação de indisciplina escolar. É comum encontrar diversas situações de indisciplina em sala de aula que envolve apenas um indivíduo, porém é imprescindível compreender que a gênese da mesma é multifatorial. Podem-se identificar pelo menos cinco possibilidades de fatores geradores da indisciplina escolar: a sociedade, a escola, o professor, a família e o aluno. Assim sendo, as causas que geram a indisciplina são amplamente complexas e diversificadas e necessita-se a elucidação das mesmas para a correta condução de um processo de intervenção. A partir desta perspectiva, fez-se um estudo a fim de explanar as razões da indisciplina em uma sala de aula do ensino fundamental I. Após anamnese, elaborou-se um programa de intervenção para ser aplicado nos próximos meses (de fevereiro a julho de 2015).

Palavras-chave: Estudo de caso; Indisciplina escolar; Intervenção escolar

INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos a indisciplina escolar tem aumentado gradativamente, e isso tem preocupado os gestores, professores, pais, nas escolas tanto pública como privada, esse problema tem prejudicado tanto o meio social como também na vida particular do individuo.

De um modo geral as definições de indisciplina escolar estão relacionadas com desobediência, mau comportamento, descumprimentos de regras e normas da escola, falta de respeito com os professores e funcionários da escola, agressividade e desordem.

As reclamações entre professores, famílias e toda sociedade é sempre a mesma que as crianças não possuem limites, que os pais estão delegando a educação de seus filhos a terceiros, que não sabem respeitar o próximo. Encontramos evidencias de indisciplina principalmente na escola, pois o professor sente as consequências dos atos dos alunos indisciplinados quando o processo de ensinar na sala de aula está sendo desafiador.

1Graduada pelo curso de pós-graduação latu sensu em Psicopedagogia institucional e clínica;

2 Graduada pelo curso de Educação Física pela Faculdade Calafiori – MG, (amandacsnaves@hotmail.com);

3 Docente do curso de Educação Física da Faculdade Calafiori – MG. (gismarcastro@yahoo.com.br).

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O psicopedagogo junto com o pedagogo tem buscado alternativas para conseguir motivar o educando a ter interesse pelas aulas, e despertar a vontade de estar na escola, pois muitos conflitos são gerados por não gostarem de estar na escola alguns ate se sente obrigado a estar ali. Lidar com alunos indisciplinados na sala de aula não é uma tarefa fácil, pois esse problema possui diversas causas, que estão ligadas a problemas psicológicos, familiares, escolar.

Este artigo tem como objetivo refletir sobre uma intervenção psicopedagógica, realizada junto com uma instituição publica. Essa intervenção constituiu no acompanhamento de uma turma de educação infantil, contou com procedimentos variados: entrevista informal com a professora, observações em sala de aula, realização de intervenção junto aos alunos.

A queixa trazida pela professora era relativa à indisciplina que caracterizava a turma, tais como: não respeitar regras da sala e da escola, não saber ouvir nem esperar sua vê, muitas conversas. A partir da queixa, o trabalho iniciou a atuar junto com a professora e a instituição escolar a fim de solucionar ou amenizar o problema em pauta.

O objetivo geral do trabalho é evidenciar a importância da intervenção psicopedagógica no contexto da indisciplina em sala de aula. Já os objetivos específicos são refletir sobre os possíveis motivos que levam os alunos a praticarem atos de indisciplina na sala de aula;

investigar melhor qual o papel do educador e da escola na formação da criança compreender que fatores contribuem para o ato de indisciplina na sala de aula; realizar intervenções psicopedagógicas no sentido de minimizar esse problema.

REVISÃO DE LITERATURA

Indisciplina no contexto escolar: conceito e definições

Para que se tenha sucesso com o processo ensino aprendizagem é fundamental que haja disciplina na sala de aula. A questão da disciplina escolar apesar de parecer algo simples, é na verdade uma grande preocupação para muitos diretores, professores e famílias.

Segundo Rego (1996), a disciplina pode ser vista como a postura que o aluno deve manter frente a um conjunto de regras, criado com o propósito de obter um bom aproveitamento de tudo que é proposto na sala de aula.

Disciplina é o conjunto de prescrições ou regras destinadas a manter a boa ordem em qualquer organização, obediência à autoridade, "obediência de

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normas ou preceitos, doutrina, ensino, conjunto de conhecimentos que se professam em cada cadeira de um instrumento escolar". (FERNANDES;

LUFT; GUIMARÃES, 1993).

A disciplina é um dos pré-requisitos no processo de formação de um cidadão bom e responsável. Porém para que esta esteja inserida ao caráter do aluno a mesma necessita ser trabalhada na essência de cada um, de tal maneira que seja uma resposta espontânea aos processos e não um ato mecânico frente às ordens e sob ameaças punitivas, como ocorria com a palmatória no início do século XX. Ademais, a exigência do cumprimento de regras estabelecidas pela escola que quando é extremamente rígido, faz com que o aluno não absorva os conhecimentos necessários para sua formação, pois a preocupação excessiva em seguir essas regras faz com que ele deixe um pouco de lado os conteúdos de aprendizagem.

Por sua vez, alunos comportados não tem relação direta com disciplina, e menos ainda, irá garantir o alcance dos objetivos no que tange à aprendizagem.

Não basta ter uma sala de aula com alunos disciplinados, pois isso não quer dizer que se trata de uma sala com alunos que estão realmente prestando atenção na aula e aprendendo os conteúdos propostos. Sabe-se que é fundamental proporcionar mais do que bons modos aos alunos, é preciso trabalhar a construção do caráter, da cidadania e da consciência dos alunos.

A disciplina pode ser entendida diferentemente segundo a tarefa do mestre, é considerada como de puro ensino ou de educação e segundo o aluno é considerado como uma simples inteligência a guarnecer de conhecimentos ou como um ser a formar para a vida. (WALLON, 1979, p.367).

Existem docentes que ainda vêem a disciplina em uma sala de aula como aquela que têm alunos tranquilos, que cumpre todas as ordens e regras prescritas, sem muitos questionamentos e sem nenhum barulho ou dispersões pois assim terá o domínio da sala.

‘Disciplina’ é um conjunto de regras que regem uma organização, ou uma atividade, e ainda, disciplina é a submissão a essas regras e, trata-se de uma qualidade de quem se submete a leis e ordens (XIMENES, 2000, p.328).

Franco (1986, p.40), menciona que a disciplina é a capacidade de comandar a si mesmo, de se impor aos próprios caprichos, significa a consciência da necessidade livremente aceita, na medida em que é reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o fim proposto.

Segundo o dicionário Ferreira (1996, p.595), a indisciplina é ato contrário de disciplina, portanto o aluno indisciplinado é aquele que desobedece, causa desordem, rebelião, "emerge a disciplina". Mas o professor precisa estar atento à indisciplina pois a mesma pode ser um alerta de que algo não vai bem, em qualquer esfera da aula; pedagógica, social ou outra.

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A criança indisciplinada está tentando dizer alguma coisa para a professora. É preciso saber ouvir e compreender a mensagem que se esconde por trás do comportamento manifesto como indisciplina (ROSENBERG, 1986, p.50).

Segundo Oliveira (2005, p.21).

Além de a indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino- aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio comportamento: ele não aproveitará que se nada dos conteúdos ministrados durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer trabalho reprodutivo.

A indisciplina em salas superlotadas é mais frequente, principalmente quando o espaço é pequeno para o número de alunos, o que favorece a agitação. Tal fato contribui também para a desmotivação dos docentes visto que fica impossível desenvolver um trabalho em meio ao barulho. Muitos acabam por desistir da profissão.

A indisciplina pode ser interpretada de várias formas. O aluno disciplinável é aquele que se sujeita de modo passivo a seguir todas as normas estabelecidas e o indisciplinado não acata e não se submete a este comportamento, ele se acomoda provocando vários questionamentos.

De acordo com Lacerda (2013):

O aluno é um ser em pleno período evolutivo e as normas de conduta têm importância fundamental nesse processo de transformação gradual e

"progressiva" para a conduta desejável. Portanto, o conjunto dessas normas de comportamento, estímulos e recursos é que se põe em jogo para contribuir na evolução do aluno e do seu ajustamento social (LACERDA, 2013).

Mas, é fundamental compreender que um aluno, quieto, comportado, nem sempre é sinônimo de um aluno padrão ideal de comportamento. Muitas vezes o isolamento leva o aluno a esta posição em sala, e, muitas vezes, este aluno tem demandas muito mais relevantes que as de um aluno que ‘atrapalha’ o andamento, a condução da aula em função de seu agitamento.

Causas e consequências da indisciplina em sala de aula

É possível encontrar diversas situações de indisciplina em sala de aula que envolve apenas um indivíduo, porém é imprescindível compreender que a gênese da indisciplina é multifatorial. Assim sendo, as causas que geram a indisciplina são amplamente complexas e diversificadas e necessita-se a elucidação das mesmas para a correta condução de um processo de intervenção.

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A etiologia da indisciplina escolar, muitas vezes, começa em casa. Quando a criança / adolescente passa por situações de conflito em família e não consegue processar e superar, é comum refleti-las na escola através da mudança de comportamento o que compromete seu desenvolvimento bem como da sala como um todo.

Por sua vez, a família tende a transferir para a escola a responsabilidade em educar seus filhos. Porém esta é uma tarefa cuja maior responsabilidade é dos pais ou responsáveis pelo menor.

Giancaterino (2007,p.97) diz que :

(...) A indisciplina na sociedade conduz na maioria das vezes, a delinquência e, mais tarde, ao crime. Uma criança ou um adolescente que desconhece normas de uma vida regular tem tendências de tornar-se um jovem problemático. Muitos deles começam já na adolescência, uma vida desregrada, partem para o crime e é problema para a família e para a própria sociedade.

Outros fatores causadores de indisciplina podem decorrer do convívio social (comunitário), de patologias físicas dentre outras. De modo geral, sociedade, escola família e o próprio aluno são os principais geradores de indisciplina escolar.

A sociedade como fator de indisciplina escolar

O mundo contemporâneo tem sofrido grandes mudanças nas mais diversas áreas: físicas, tecnológicas, industriais dentre outras. Este processo exige uma atualização constante dos cidadãos, porém, na realidade, nem todos tem acesso a esta modernização. Tal fato culmina em uma revolta nas camadas menos favorecidas o que na escola, toma a forma da indisciplina em sala de aula.

De acordo com Guimarães (2010)

Até a relativamente poucos anos vivia-se numa sociedade culturalmente quase homogênea. Mas, o rápido desenvolvimento das tecnologias de comunicação fez com que, diariamente, o Mundo entre em nossas casas. E a Escola, que se organizava por um único padrão cultural, vê-se, hoje, confrontada com uma multiplicidade de culturas, importada via sistemas de comunicação.

Freire e Illich (1975, p.30) afirmam que

não é a educação que forma a sociedade de uma determinada maneira, senão que esta, tendo se formado a si mesma de certa forma, estabelece a educação que está de acordo com os valores que guiam essa sociedade. A sociedade que

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estrutura a educação em função dos interesses de quem tem o poder, encontra na educação um fator fundamental para a preservação desse poder.

A escola como fator de indisciplina

Segundo Monteiro (2011) escola, sendo instituição, é acompanhada do conceito de ordem. A necessidade de disciplina e certas punições são usadas para manter a ordem nas salas de aulas e tornar o aluno obediente, passivo e dominável, e assim, promover o bom comportamento dos alunos. Porém, essas práticas geralmente são vista pelos alunos como autoritarismo o que faz do ambiente escolar, um local hostil e desestimulante para muitos alunos.

Muitas vezes, alunos indisciplinados estão envolvidos em um processo de superação de uma cultura de repressão e não se conformam a aulas que considera, “desatualizada”, “teórica”,

“autoritária”, “desumana” ou “fria”, e manifesta seu descontentamento através de atos que são considerados como indisciplina.

Quando a escola atua de forma autoritária, trabalha a disciplina de forma restritiva, e dá muita ênfase aos limites, usa sempre o “não pode”, e o “não, não é não”, começam a surgir problemas de indisciplina, pois essas decisões fazem os alunos enxergar a escola de forma negativa, então eles tentar lutar contra todas essas regras restritivas.

Guzzoni (1995, p.34), destaca que:

Os professores que não conseguem abandonar a postura de todo poderoso e dono dentro da classe prejudica a formação de seu aluno como aprendiz e também como membro de uma sociedade no que diz respeito a vedar as suas opiniões e dúvidas, não permitindo a autonomia das ideias, mas sim criando meros repetidores a fala do professor, do livro didático, ou da instituição que se encontra.

A estrutura da escola também pode ser uma das razões do mau comportamento dos alunos na escola, pois é comum encontrar escolas com números excessivos de aluno, salas numerosas, carteiras e cadeiras em péssimo estado de conservação, falta de material didático, má qualidade da merenda, falta de higiene em alguns espaços da escola como os banheiros, salas quentes e apertadas sem ventilação adequada, pouca iluminação, interferência de barulhos externos, dentre outros. Isso tudo pode interferir muito no comportamento dos alunos deixando- os irritados ao ponto de ter atitudes de indisciplinas, as mais comum é a violência e agressividade com os colegas de sala e com o professor.

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A indisciplina escolar é uma questão também social e relacionada com a prática da cidadania. Segundo os PCN (Parâmetro Curricular Nacional) inclui o seu tratamento em um dos Temas Transversais que é a Ética, através da qual trabalha-se com os alunos de modo que os mesmos possam perceberem-se como agentes participativos do processo de construção das regras e normas e responsáveis pela construção de uma escola digna e de um mundo melhor.

Em suma, a reflexão sobre as diversas faces das condutas humanas deve fazer e parte dos objetivos maiores da escola comprometida com a formação para a cidadania. Partindo dessa perspectiva,o tema Ética traz a proposta de que a escola realize um trabalho que possibilite o desenvolvimento da autonomia moral, condição para a reflexão ética (PCN, 2001, p.32).

Ainda de acordo com o PCN um estudo embasado nos conceitos da ética e moral, levando em consideração a faixa etária e desenvolvimento cognitivo de cada aluno favorece o desenvolvimento de conceitos e atitudes que permitam ao educando compreender que eles devem participar da construção coletiva de regras que organizem a vida do grupo. Assim sendo os alunos tornam-se capazes de compreenderem quais os limites da escola, quem os determina e qual a sua finalidade fundamentados na premissa de que as regras além de organizar a vida coletiva também asseguram critérios de justiça e democracia.

O professor como fator de indisciplina

Damke (2007) destaca que os professores interpretam a indisciplina de acordo com as suas formações culturais, crenças, saberes, valores e experiências pessoais ou aquelas que foram compartilhadas de outros professores nas escolas. Algumas opiniões ou ideias absorvidas pelos professores são adquiridas através de diálogos entre os professores na escola.

Sabemos que há grande necessidade dos professores perceberem que a indisciplina é algo muito mais amplo do que eles estão acostumados a interpretar. Segundo Garcia (1999, p.103), é preciso analisar o aluno que muito contesta, não apenas rotulá-lo como indisciplinado e deve ser pensado que está em formação uma consciência social.

O papel do professor é importante, pois tem a responsabilidade de conduzir o processo educativo, e pode usar a sua autoridade para desenvolver em conjunto com os alunos, práticas pedagógicas interessantes, estimulantes e desafiadoras, para que através delas possa ser construído um conhecimento escolar significativo.

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Vasconcellos (2003, p.58) diz que:

O professor desempenha neste processo o papel de modelo, guia referência (seja para ser seguido ou contestado), mas os alunos podem aprender a lidar com o conhecimento também com os colegas. Uma coisa é o conhecimento

‘pronto’, sistematizado, outro, bem diferente, é este conhecimento em movimento, tencionado pelas questões da existência, sendo montado e desmontado (engenharia conceitual). Aprende-se a pensar, ou, se quiserem, aprende-se a aprender.

O professor procura escapar da culpa pelos possíveis fracassos e problemas escolares de seus alunos, uma das desculpas mais frequentes é a de culpar os pais pela falta de tempo no convívio com os filhos e acompanhar melhor o desempenho escolar dos filhos.

Por muitas vezes o professor usa de autoritarismo, atitude que podem induzir a traumas e bloqueios nos educandos.

De acordo com Morais (2001):

As regras adotadas pelo docente advento da autoridade que é adquirida devem ser aceita pelo discente e não imposta estando vinculado ao papel do líder que as expõe com o direito de ser dialogada com os participantes do processo para sim ser aceita. (p.34).

Nesse sentido a relação entre o professor e seus alunos deve ser construída por ambos, e assim os educandos irão aceitar e entender as regras não sendo necessário o professor agir com autoritarismo.

Assim se cria uma disciplina em que o aluno tem a oportunidade de participar ativamente das atividades escolares, capacitado para as tomadas de decisões e estabelecer regras juntamente com o professor e com os demais colegas discutindo sobre questões relacionadas com a sala de aula e com a escola.

A família como fator de indisciplina

A família é o principal elemento social que influi na educação das crianças. Sem a presença da família a criança não tem condições de uma boa sobrevivência. E não existe apenas a necessidade de sobrevivência física, mas também psicológica, intelectual, moral e espiritual.

É muito importante que a família esteja próxima à criança e a acompanhe em toda a sua vida escolar. Isso irá acarretar em segurança e estimulo para a criança ser um bom aluno na escola.

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A relação familiar é quase sempre repleta de muita afetividade o que pode dificultar a visualização de problemas e dificuldades. Para os pais é muito difícil entender que seu filho possa praticar atos de desrespeito contra professor. Assim, é comum existir a agressividade, a birra, que surgem no ambiente familiar e são fatores que podem refletir a indisciplina do aluno na escola. A interpretação psicanalítica utilizada na educação sugere que as dificuldades de aprendizagem possivelmente estariam ligadas a problemas emocionais ou traumas vividos na infância, assim como a falta de limites, a ausência da autoridade e o excesso de permissividade e a ausência de limites dificulta o processo de aceitação das leis, limites e autoridade do docente em sala de aula (PERIN e CORDEIRO, 2002).

Sendo assim, os pais que possuem dificuldades em exercer sua responsabilidade de impor limites, ensinar valores para seus filhos, podem ser considerados como indisciplinados.

Os pais são os principais educadores e devem exercer esse papel.

Quando os pais permitem que os filhos, por menores que sejam, façam tudo o que desejam, não estão lhes ensinando noções de limites individuais e relacionais, não estão lhes passando noções do que podem ou não podem fazer (TIBA, 1996)

Sabe-se que a violência é uma das atitudes que provoca a indisciplina e muitas vezes ela inicia-se dentro da própria casa do aluno e depois é levada para as escolas.

A violência é uma semente colocada na criança pela própria família, que, encontrado terreno fértil dentro de casa, se tornará uma planta rebelde na escola, expandindo-se depois em direção à sociedade. Quando os pais deixam do filho fazer tudo o que deseja, sem impor-lhes regras ou limites, ele acredita que suas vontades são leis que todos devem acatar. Então, se um dia alguém o contrária, esse filho pode torna-se, num primeiro momento, agressivo, mas depois partir para a violência, exigindo que se faça aquilo que ele quer (TIBA, 1996, p.152).

Portanto se a família não cuida da educação da criança desde cedo, ela poderá apresentar atitudes de indisciplina como mau comportamento, agressividade, brigas entre colegas e professores, que são os efeitos mais comuns.

O aluno como fator de indisciplina

A indisciplina escola pode ter relação com os alunos que possuem um fraco rendimento escolar. A dificuldade de aprendizagem pode desmotivar o aluno a fazer as tarefas escolares e surge a falta de interesse pela escola e comportamentos inadequados.

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Por sua vez, quando a indisciplina é generalizada na sala de aula, a mesma pode decorrer de uma aula desmotivada, desorganizada, desinteressante.

Como diz Domingues (1995):

(...) raramente a indisciplina é isoladamente produzida por um só aluno.

Frequentemente, constitui uma resposta socialmente organizada dos alunos, face às práticas didáticas desinteressantes e maçadoras dos professores (p.85).

Também se configura como causa da indisciplina escolar o fato de que uma criança, quando desprezada, ignorada em casa, na escola, para fugir desta repetição de comportamento alheio por parte de seus educadores, utiliza a indisciplina, para delimitar seu espaço e fazer-se visto, percebido, inserido.

Enfim, um aluno indisciplinado se rebela, não acata, nem se submete, nem tão pouco se acomoda, provocando dentro da sala de aula um desrespeito e questionamentos. A incapacidade de se ajustar às normas e padrões explícitos pela escola, como cita Aquino: “O ensino teria como um de seus obstáculos centrais a conduta desordenada dos alunos, traduzida em termos como: bagunça, tumulto, falta de limites, maus comportamentos, desrespeito ás figuras de autoridade etc.” (1996, p.40).

A indisciplina no contexto escolar e a intervenção psicopedagógica

A indisciplina escolar é um dos maiores desafios enfrentados pelas escolas.

Tal realidade compromete o nível de aprendizagem dos alunos visto que, o cérebro necessita de ordem externa para que suas funções internas possam ser processadas adequadamente.

O agravo é que, na maioria das vezes, o docente e o sistema, reprimem toda forma de indisciplina antes de analisar a razão da mesma. Silencia-se um pedido de socorro sem prestar auxílio.

Por sua vez, o docente age desta forma em atitude de defesa, frente ao seu despreparo para lidar com os fatos. Assim sendo, a atuação conjunta com um profissional habilitado para compreender e conduzir este processo é fundamental. Neste contexto, o psicopedagogo tem função extremamente relevante.

A psicopedagogia é uma área nova de conhecimento, voltada para o atendimento de crianças adolescentes e ate mesmo adultos que por alguma razão, apresenta dificuldade de aprendizagem.

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Porto (2007, p. 149), reforça: "... o psicopedagogo atua intervindo como mediador entre o sujeito e sua história traumática, ou seja, a história que lhe causou a dificuldade de aprender”.

O psicopedagogo tem o desafio de repensar as práticas educativas, e buscar envolver os alunos, professores, coordenadores, diretores e todos que fazem parte do processo educacional, e assim aplicar uma intervenção psicopedagógica.

Segundo Bossa (2000, p.63) A questão do psicopedagogo assume um papel de grande importância na medida em que é a partir dela que se inicia o percurso para formação da identidade desse profissional.

METODOLOGIA

O presente estudo teve como campo de atuação o Centro Municipal de Educação Infantil,da cidade de São Sebastião do Paraíso, MG. a turma selecionada é do primeiro período, composta por 23 alunos (dois frequentam período matutino e 21 o integral).

A metodologia empregada primeiramente partiu da observação da rotina para colher informações que respaldem o planejamento de intervenção.

Na parte da manha tem aula com apostila do Projeto Ciranda, seguem os eixos de linguagem, matemática, natureza e sociedade, artes e movimento, material é individual, bem diversificado próprio para sua faixa etária, na parte da tarde tem recreação, artes, hora do descanso, alimentação, brincadeiras livres e dirigidas, teatros e musicas, histórias.

A sala é esteticamente pequena, possui vinte quatro carteiras e cadeiras que ficam distribuídas em círculos, vinte e quatro escaninhos com o nome da criança usado para colocar o material de uso individual, um armário grande usado para colocar o material de uso coletivo, um quadro branco, uma mesa do professor, a sala é arejada, as atividades das crianças ficam exposta nas paredes, alfabeto grande, listão de nomes, fichas da rotina diária, canto de leitura, caixas de brinquedos, ventilador, mobiles feito pelas próprias crianças, listão de combinados, calendário, quadro de números, quadro ajudante do dia, varal do tempo, porta copos, possui boa ventilação e iluminação.

Os alunos que ficam no período integral tem duas professoras, uma na parte da

manha das 7:00 às 11:20 e a outra das 11:20 às 17:00, podemos perceber que na parte

da manha os alunos são mais agitados, se desentendem mais, querem sair mais da sala,

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conversas paralelas. Conversando com as professoras descobrimos um fato relevante, houve nesse ano três mudança de professor no período matutino e isso pode ter sido sim um ponto relevante para toda essa indisciplina. Já na parte da tarde como a professora está com eles a mais tempo e as atividades são mais externas os sentimos mais descansados, mais calmos, satisfeitos, e isto segue até mesmo quando o dia é chuvoso por exemplo em que ele precisam ficar dentro da sala de aula, fato que na parte da manha isso muitas vezes não acontece.

RESULTADOS, DISCUSSÕES E CONCLUSÃO

Com base em tudo que observamos, e ouvimos propusemos algumas mudanças tanto na estética da sala como em falas, e também intervenções com musica, jogos e brincadeiras de regras.

As professoras são bem abertas ao novo, disposta em ajudar acredita no trabalho e espera o melhor para seus alunos,

Iniciamos com a mudança da sala, sugerimos a retirada de alguns cartazes que chamavam bastante atenção das crianças desfocando à atividade proposta para o momento.

Mudança na fala não aumentar o tom de voz quando as crianças estiverem falando alto, manter o mesmo tom assim elas perceberam que precisam parar de falar para conseguir ouvir, combinar com eles que quando o som estiver muito alto ao invés de chamar atenção ira cantar a musica do silencio que pode ser ‘’para ouvir o som do mosquitinho e as batidas do meu coraçãozinho tranco a boquinha e ouço com atenção.

Usar a escolha do ajudante como estimulo ‘‘Hoje a Bianca será minha ajudante porque ontem ela se comportou bem respeitando os combinados” e mesmo com os mais agitados valorizar uma simples melhora de comportamento.

Ter diariamente um momento de conversa onde as crianças tenha o momento para relatar o que aconteceu em casa, no caminho da escola, fazendo com que diminua a ansiedade e a conversa na hora errada deixe de acontecer.

Trocar as regras da sala por ‘’Vale’’ e ‘’Não vale’’, vale ser educado, não vale

mentir, soa mais leve facilitando o entendimento dos menores.

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Pelo menos uma vez por semana faça uma votação para escolha da brincadeira isso fará com que eles se sintam importantes e o estimula para a próxima semana.

Quando perceber que a turma está muito agitada colocar ou cantar uma musica calma, fazer um relaxamento, isso deixara eles mais tranquilos e prontos para próxima atividade.

Usar brinquedos não estruturados como caixas, garrafas, potes isso aumentara a criatividade, eles terão que usar a imaginação para criar e isso fara com que a agitação não apareça, as brigas não aconteça o novo desperta entusiasmo, e com materiais tão simples eles farão uma grande festa.

Trabalhar com cantos, cada canto com uma atividade seja lúdica, ou não, mostrando que todo participara de todos os cantos, mas na hora certa se João está no canto da pintura e quer ir para o de jogos ele terá que esperar o toque da professora que pode ser através de palmas, musica, porém tudo combinado no inicio.

Trabalhar com rotina estipulada no inicio da aula, assim evita a ansiedade que gera indisciplina se a Iasmim quer ir no parque com a rotina ela sabe que será depois do café.

Substituir a palavra castigo por perdeu o direito, se o Luiz Augusto não respeitou os combinados na hora do lanche ele perdeu o direito de brincar na grama por alguns minutos.

Usar bastantes jogos de mesa com regras como:

Jogo da memória: Cada jogador pega duas cartas e deve achar os pares quando achar pode jogar novamente ganha quem terminar com mais pares.

Centopeia colorida: Ficam vários círculos no centro cada jogador joga o dado de uma vez o número que cair é a quantidade de círculos que ganha, ganha quem terminar com a maior centopeia.

Dominó: Cada criança recebera um número x de peças, um por vez vai encaixando na quantidade certa em uma ponta e outra quem não tem precisa de comprar, ganha quem ficar sem peças primeiro.

Trilha: Com o tabuleiro desenhado a trilha com números cada participante joga

o dado um de cada vez o número que cair é a quantidade de casa que se anda ganha

quem chegar primeiro no final do percurso.

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Usar também as brincadeiras com regras como:

Pega-pega corrente: escolhe um pegador conforme o participante for sendo pego ele deve ficar de mãos dadas com o pegador não podendo soltar, o jogo termina quando todos estiverem na corrente.

Mãe da rua: divide o grupo em A e B e a ‘’mãe da rua’ fica no meio o lado A deve passar para lado B e vice e versa pulando de um pé só, ganha quer ser o ultimo a ser pego.

Circuito: andar de um pé só, passar pelo túnel, andar por cima da corda, pular nos pneus, um por vez respeitando a vez e o tempo do colega.

Os jogos devem propor coisas novas onde de a oportunidade da criança descobrir que seja desafiador, que tenham a chance de se auto avaliar, que todos tenham o direito de jogar do inicio ao fim, todas as regras não cumpridas seja retomadas no fim da partida.

Como tudo no começo não foi fácil mais com muito esforço e perseverança o resultado foi um sucesso podemos perceber as crianças mais calmas, sabendo esperar sua vez, menos ansiosas, podemos ver uma sala mais harmoniosa e disciplinada que é nosso intuito inicial, podemos dizer que a realização desse trabalho foi fantástico crianças e professores satisfeitos.

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Referências

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