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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0024.09.670178-4/001

Número do Númeração 6701784-

Des.(a) Arnaldo Maciel Relator:

Des.(a) Arnaldo Maciel Relator do Acordão:

04/02/2014 Data do Julgamento:

07/02/2014 Data da Publicação:

E M E N T A : A P E L A Ç Ã O C Í V E L - R E V I S Ã O D E C O N T R A T O - FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO - SFH - INCIDÊNCIA DO CDC - MITIGAÇÃO DO PACTA SUNT SERVANDA - REVISÃO CONTRATUAL - POSSIBILIDADE - CORREÇÃO DO SALDO DEVEDOR ANTES DA AMORTIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO - LEGALIDADE - RESPONSABILIDADE D O M U T U Á R I O P E L O P A G A M E N T O D O S A L D O R E S I D U A L - INEXISTÊNCIA DE COBERTURA PELO FCVS - POSSIBILIDADE - CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS - AUSÊNCIA DE INCIDÊNCIA - JUROS REMUNERATÓRIOS - NÃO LIMITAÇÃO A 10% AO ANO - E X E C U Ç Ã O E X T R A J U D I C I A L - D E C R E T O - L E I N º 7 0 / 6 6 - CONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF - SEGURO HABITACIONAL - CONTRATAÇÃO IMPOSTA - VENDA CASADA - INADMISSIBILIDADE. Aos contratos de mútuos estabelecidos com instituições financeiras aplica-se, inegavelmente, as regras do CDC, inclusive de modo a autorizar a revisão das cláusulas abusivas presentes na contratação e mitigar a incidência do princípio do pacta sunt servanda. A correção monetária do saldo devedor deve preceder a amortização da prestação, para possibilitar a remuneração do capital emprestado no mesmo prazo em que ficou à disposição do contratante. Inexistindo cobertura do Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS, legítima a cláusula que imputa aos mutuários a responsabilidade pelo pagamento do saldo residual. Não sendo comprovada a contratação ou mesmo a efetiva cobrança de juros capitalizados, não há como ser deferida a revisão de tal cláusula.

Considerando que o art. 6º da Lei 4.380/64 apenas estabelece quais hipóteses o art. 5º da mesma Lei terá aplicabilidade, mas não limita o percentual da taxa de juros remuneratórios em contratos imobiliários a 10%

ao ano, incabível a limitação dos juros em tal importe, sobretudo por não ter restado demonstrada qualquer abusividade na

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taxa aplicada na hipótese dos autos. Não há que se falar em ilegalidade da execução extrajudicial com fundamento no Decreto-Lei nº 70/66, posto que a constitucionalidade de tal diploma legal já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal. A imposição da contratação de seguro habitacional com seguradora do mesmo grupo da instituição financeira mutuante caracteriza

"venda casada", vedada expressamente pelo art. 39, I do CDC.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.09.670178-4/001 - COMARCA DE BELO H O R I Z O N T E - A P E L A N T E ( S ) : J O S E D E M A T O S B I C A L H O E OUTRO(A)(S), MARIA DA CRUZ SIEIRO BICALHO - APELADO(A)(S):

BANCO ITAÚ S/A A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 18ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.

DES. ARNALDO MACIEL RELATOR.

DES. ARNALDO MACIEL (RELATOR) V O T O

Trata-se de recurso de apelação interposto por JOSÉ DE MATOS BICALHO E MARIA DA CRUZ SIEIRO BICALHO contra a sentença de fls.

275/283, proferida pelo MM. Juiz Elias Charbil Abdou Obeid, que julgou improcedente a Ação Declaratória de Revisão Contratual ajuizada contra o BANCO ITAÚ S/A, com fundamento na ausência de abusividades no contrato celebrado entre as partes, por não estarem os juros remuneratórios limitados a 10% ao ano, por não ter sido comprovada a cobrança capitalizada de juros, por ser legal a utilização da Tabela Price para amortização do débito, entendendo ainda que o saldo devedor deve ser atualizado antes da amortização da parcela, que a realização do seguro é obrigatório por força de lei, que não teria

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sido comprovada a existência de cláusula que determina a prorrogação do contrato em análise, bem como que a redução da multa e repetição em dobro não teriam cabimento em face da inaplicabilidade do CDC à hipótese, por ter sido o contrato firmado antes da vigência do referido diploma, e que teria restado comprovada a correta aplicação da TR como forma de atualização da prestação.

Nas razões recursais de fls. 285/303, aduzem os apelantes que um dos motivos da divergência entre o valor exigido e o efetivamente devido decorre da utilização indevida do método de amortização da Tabela Price, na medida em que o reajuste do saldo devedor deveria se dar depois da dedução da amortização e não antes, como realizado pelo banco apelado, afirmando inclusive que a maior prova do quanto seriam lesados por tal situação, consistiria no fato de que, após a quitação do financiamento, teriam a obrigação de quitar um saldo devedor residual, o que seria totalmente ilegal.

Sustentam, ainda, a ilegalidade da capitalização mensal de juros e a necessidade de restituição em dobro dos valores pagos a tal título, bem como a necessidade de adoção do limite de juros estabelecido no art. 6º, alínea "e" da Lei nº 4.380/64, ou seja, 10%, a abusividade da imposição de um seguro oferecido por empresa do próprio grupo, a aplicabilidade do CDC à espécie, a necessidade de restituição dos valores pagos indevidamente, a impossibilidade de inscrição do seu nome nos cadastros de inadimplentes e a ilegalidade da execução extrajudicial.

Apesar de devidamente intimado, o apelado não ofertou contrarrazões, consoante certidão de fls. 304-verso.

Os apelantes litigam sob o pálio da assistência judiciária, o que justifica a ausência de preparo, tendo sido o recurso recebido às fls. 304.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso e passo à sua análise.

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Do mérito

Já de início, imperioso destacar que, por ser de natureza de consumo, à relação jurídica estabelecida entre as partes aplicam-se as disposições do Código de Defesa do Consumidor, ainda que o contrato em questão tenha sido celebrado anteriormente à sua vigência, por possuírem as normas consumeristas natureza de ordem pública e influírem em relações originadas em período anterior à sua vigência.

De tal sorte, o princípio do pacta sunt servanda acaba sendo mitigado pela necessária incidência das normas consumeiristas, sendo plenamente cabível a revisão das cláusulas abusivas que possam estar presentes na contratação, para o que necessário se faz a análise das matérias objeto de discussão no bojo dos autos, a começar pela cláusula que prevê o reajuste do saldo devedor antes da amortização das prestações.

A despeito do que insistem em alegar os apelantes sobre tal ponto, tenho que razão não lhes assiste, por não constituir referida cláusula nenhum abuso ou ilegalidade e sendo, pelo contrário, a única forma que possibilita a remuneração do capital emprestado no mesmo prazo em que ficou à disposição dos contratantes.

Isso porque, ao contrair um empréstimo, o mutuário assume a obrigação de pagar a correção monetária mensal à instituição financeira mutuante, de modo que, se o reajuste do saldo devedor se desse somente após a amortização da prestação e caso viesse o mutuário a quitar integralmente o débito, nada receberia o mutuante a título de correção do capital emprestado, ou seja, não haveria a recomposição do valor real da moeda.

Outro não é o entendimento deste Tribunal:

EMENTA: CONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL - REVISÃO - INADIMPLÊNCIA DA PARTE AUTORA - IRRELEVÂNCIA - TABELA PRICE - CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS - VEDAÇÃO - CORREÇÃO DO SALDO

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DEVEDOR ANTES DA AMORTIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO - LEGALIDADE - SEGURO - CONTRATAÇÃO. É possível o ajuizamento de ação de revisão contratual, mesmo que inadimplente o autor, nos termos dos artigos 51 e 53 do CDC. Uma vez que o Sistema Francês de Amortização, conhecido como Tabela Price, realiza a capitalização mensal dos juros, é proibida sua utilização. A correção monetária do saldo devedor deve preceder à amortização da prestação para que não haja enriquecimento sem causa do devedor. Precedentes do STJ. Não pode o financiador exigir do mutuário que celebre o contrato de seguro com determinada Seguradora, o que caracterizaria "venda casada", prática esta vedada pelo art. 39, inciso I, do CDC. Deve-se garantir ao mutuário a possibilidade de buscar, no mercado, o seguro que melhor atenda às suas necessidades, respeitadas as condições e coberturas previstas na lei e no contrato.V.v.p. Não há qualquer ilegalidade na utilização da tabela price, não podendo o Agente Financeiro aplicá-la de forma parcial. (APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.07.566577-8/002 - COMARCA D E B E L O H O R I Z O N T E - A P E L A N T E ( S ) : B A N C O I T A U S / A - APELADO(A)(S): GERALDO ALOISIO DE CASTRO E SUA MULHER - RELATOR: EXMO. SR. DES. MOTA E SILVA) (GRIFADO)

E também do STJ:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. SFH.

TR. POSSIBILIDADE. IPC DE MARÇO/90. 84,32%. CRITÉRIO DE AMORTIZAÇÃO. PRÉVIA ATUALIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR. CES.

AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 1. Em relação à Taxa Referencial, é entendimento harmônico desta Corte no sentido de ser possível a sua utilização como índice de correção monetária nos contratos de financiamento imobiliário em que prevista a atualização das prestações e do saldo devedor pelos mesmos índices da caderneta de poupança, ainda que o contrato seja anterior à Lei n.º 8.177/91. 2. O índice aplicável ao reajuste do saldo devedor dos contratos de mútuo habitacional, relativamente à março de 1990, é de 84,32%, consoante a variação do IPC. Precedentes. 3. Entende o Superior Tribunal de Justiça não haver ilegalidade no critério de amortização da dívida realizado posteriormente ao reajustamento do saldo devedor nos

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contratos de mútuo habitacional. Precedentes. 4. A ausência de prequestionamento inviabiliza o conhecimento da questão federal suscitada.

5. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que o CES pode ser exigido quando contratualmente estabelecido. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 696.606 - DF (2005/0125493-1); RELATOR : MINISTRO HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP); AGRAVANTE : EUCLYDES CORRÊA DE SOUZA FILHO E OUTRO; ADVOGADO : SEBASTIÃO MORAES DA CUNHA E OUTRO(S); AGRAVADO : ASSOCIAÇÃO DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMO POUPEX; ADVOGADO : DANIEL AYRES KALUME REIS E OUTRO(S) (GRIFADO)

Não havendo, assim, ilegalidade na correção do saldo devedor antes da amortização da prestação, não há que se falar em revisão de tal cláusula e nem mesmo em utilização indevida do método de amortização da Tabela Price.

Da mesma forma, não há como reconhecer a ilegalidade da cláusula que imputa aos mutuários a responsabilidade pelo pagamento do saldo residual, já que ficou demonstrado, através da resposta da Expert ao requisito nº 10 dos autores, que no contrato em questão não há cobertura do Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS, o que implica na ausência de cobertura do saldo residual.

Tal entendimento encontra-se consolidado no STJ, senão vejamos:

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. SISTEMA F I N A N C E I R O D A H A B I T A Ç Ã O . N E G A T I V A D E P R E S T A Ç Ã O JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. SALDO RESIDUAL. AUSÊNCIA DE COBERTURA PELO FCVS. RESPONSABILIDADE DO MUTUÁRIO. I - Ausência de violação ao artigo 535, inciso II, do CPC, porquanto, embora rejeitados os embargos de declaração, verifica-se que a matéria em exame foi devidamente enfrentada pelo Tribunal de origem, que emitiu pronunciamento de forma fundamentada, ainda que em sentido contrário à pretensão do

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Recorrente. II - No que tange ao saldo residual, o entendimento desta Corte Superior é no sentido de que, não havendo previsão de cobertura pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais, como no presente caso, os mutuários finais responderão pelos resíduos dos saldos devedores existentes, até sua final liquidação, na forma que for pactuada, conforme o disposto no art. 2º do Decreto-Lei n. 2.349/87. Recurso provido, em parte.

(REsp. 1113760 / SP; Relator Ministro SIDNEI BENETI; Órgão Julgador: T3 - T E R C E I R A T U R M A ; d a t a d o j u l g a m e n t o : 0 8 / 0 2 / 2 0 1 1 ; d a t a d a p u b l i c a ç ã o / f o n t e : D J e 2 5 / 0 5 / 2 0 1 1 )

Quanto ao questionamento suscitado em relação à ilegalidade da capitalização mensal dos juros, é forçoso reconhecer que os apelantes não chegaram a produzir absolutamente nenhuma prova que fosse capaz de afastar a conclusão da perícia realizada no curso da demanda, de que na hipótese específica dos autos não houve a cobrança capitalizada de juros no contrato objeto da demanda, sendo certo que não basta a simples alegação dos apelantes para que seja acatada integralmente, sobretudo se considerado que o contrato foi analisado por um especialista da área de contabilidade.

Dessa forma, não há como ser determinada a revisão de tal cláusula, sem que haja sequer um indício de prova razoável da contratação ou mesmo da efetiva cobrança de tal encargo, devendo ser mantida a decisão atacada no que diz respeito a essa questão e afastada a pretensão dos apelantes relativa ao recebimento em dobro do valor cobrado a tal título.

Quando o assunto se volta para a limitação dos juros remuneratórios em 10% ao ano, mais uma vez sem razão estão os apelantes, na medida em que o art. 6º da Lei 4.380/64, utilizado para embasar tal pretensão, apenas estabelece quais hipóteses o art. 5º da mesma Lei terá aplicabilidade, de modo que contratos cujos "juros convencionais não excedem de 10% ao ano" é apenas uma das diversas condições de aplicabilidade deste dispositivo.

Aliás, essa matéria já foi eleita como representativa de controvérsia, quando do julgamento do Recurso Especial de nº

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1.070.297/PR, oportunidade em que o STJ assentou que "o art. 6º, alínea 'e', da Lei n° 4.380/64, não estabelece limitação dos juros remuneratórios."

(REsp n° 1.070.297/PR; Segunda Seção; Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO;

DJ 18/09/2009)

Desse modo, inexistindo previsão legal capaz de impor a limitação dos juros remuneratórios ao patamar de 10% ao ano e não restando comprovada qualquer abusividade em relação à taxa aplicada na hipótese em questão (12% ao ano), não há que se falar em revisão da cláusula a eles relativa, motivos pelos quais não comporta qualquer modificação a decisão de 1º Grau quanto ao tema.

No que pertine à contratação do seguro habitacional, não obstante o meu profundo respeito pelo entendimento do douto Magistrado a quo, fato é que a imposição da contratação de seguro habitacional por seguradora integrante do mesmo grupo da instituição financeira mutuante não pode ser admitida, por configurar a conhecida venda casada, vedada pelo nosso ordenamento jurídico, mais precisamente pelo art. 39, I do CDC.

Aliás, nesse ponto, oportuno salientar que não poderia pretender o apelado a transferência, para os apelantes, do ônus de comprovar a não ocorrência da imposição de tal contratação, considerando-se a garantia que é atribuída pelo CDC a estes últimos, qual seja, de ser invertido o ônus da prova em seu favor, prevalecendo a obrigação da instituição financeira de comprovar que não chegou a praticar o ilícito suscitado, mas obrigação esta da qual não se incumbiu o recorrido.

Acerca do tema, oportuno citar jurisprudência desta Câmara:

E M E N T A : C O N T R A T O D E F I N A N C I A M E N T O - S F H - C D C - APLICABILIDADE - TR - APLICABILIDADE - SEGURO - CONTRATAÇÃO. A reiterada jurisprudência deste egrégio Sodalício, bem como a do Superior Tribunal de Justiça, orientam-se pela aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor às relações estabelecidas entre consumidores e instituições financeiras. Desde que seja o índice que

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remunera a caderneta de poupança, livremente pactuado, possível a aplicação da TR como indexador do contrato firmado. Não pode o financiador exigir do mutuário que celebre o contrato de seguro com determinada Seguradora, o que caracterizaria 'venda casada', prática esta vedada pelo art. 39, inciso I, do CDC. Deve-se garantir ao mutuário a possibilidade de buscar, no mercado, o seguro que melhor atenda às suas necessidades, respeitadas as condições e coberturas previstas na lei e no contrato. V.v. A taxa referencial criada pela Lei nº 8.177/91 não pode ser aplicada como índice de correção monetária nos contratos celebrados antes de sua existência no mundo jurídico. (APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0439.02.001880- 0/001 - COMARCA DE MURIAÉ - APELANTE(S): BANCO ITAU S/A - APELADO(A)(S): JORGE RODRIGUES VIANA ESPÓLIO DE - RELATOR:

EXMO. SR. DES. MOTA E SILVA) (GRIFADO)

De tal sorte, restando configurada a venda casada na contratação em tela, merece reparo a decisão de 1º Grau, para que os valores decorrentes do seguro habitacional imposto pela instituição financeira contratada sejam substituídos pelos valores normalmente cobrados no mercado.

Por outro lado, ao contrário das alegações tecidas pelos apelantes, não há como reconhecer qualquer ilegalidade na execução extrajudicial com fundamento no Decreto Lei nº 70/66, na medida em que a constitucionalidade de tal diploma legal já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, senão vejamos:

EMENTA: EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. DECRETO-LEI Nº 70/66.

CONSTITUCIONALIDADE. Compatibilidade do aludido diploma legal com a Carta da República, posto que, além de prever uma fase de controle judicial, conquanto a posteriori, da venda do imóvel objeto da garantia pelo agente fiduciário, não impede que eventual ilegalidade perpetrada no curso do procedimento seja reprimida, de logo, pelos meios processuais adequados.

Recurso conhecido e provido.

(RE 223075, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 23/06/1998, DJ 06-11-1998 PP-00022 EMENT VOL-01930-08

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PP-01682 RTJ VOL-00175/02 PP-00800)

EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Execução extrajudicial. Decreto-Lei nº 70/66. Recepção pela Constituição Federal de 1988. Jurisprudência assentada. Ausência de razões consistentes. Decisão mantida. Agravo regimental improvido. Nega-se provimento a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões consistentes, decisão fundada em jurisprudência assente na Corte. (AI 678256 AgR, Relator(a): Min.

CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 02/03/2010, DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 EMENT VOL-02395-07 PP-01659) Por fim, oportuno consignar que a simples substituição dos valores decorrentes do seguro habitacional imposto pela instituição financeira contratada pelos valores normalmente cobrados no mercado não será suficiente para elidir a dívida dos apelantes, considerando o número de parcelas em aberto, dados que não apenas deixam inconteste a mora dos recorrentes, como também demonstram o descabimento da pretensão relativa ao impedimento de inclusão do seu nome nos cadastros de inadimplentes.

Ante todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para reformar em parte a sentença de 1º Grau, apenas para determinar a revisão do contrato de financiamento celebrado entre as partes através do Sistema Financeiro da Habitação, de modo a substituir os valores decorrentes do seguro habitacional imposto pela instituição financeira contratada pelos valores normalmente cobrados no mercado, mantendo-se na íntegra, em seus demais termos, a respeitável decisão hostilizada.

Como houve sucumbência recíproca, mas em maior proporção pelos apelantes, condeno as partes no pagamento das custas e despesas processuais de ambas as instâncias, bem como em honorários advocatícios, estes no mesmo patamar arbitrado na sentença de 1º Grau, tocando 90%

(noventa por cento) de todas essas despesas para os apelantes e 10% (dez por cento) para o apelado, autorizada a compensação da verba honorária, conforme Súmula 306

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do STJ, e ficando suspensas as cobranças em relação aos primeiros, por estarem litigando amparados pela assistência judiciária.

DES. JOÃO CANCIO (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. ANACLETO RODRIGUES - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO."

Referências

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