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CONTRATO DE LOCAÇÃO

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Academic year: 2022

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E M E N T A

Órgão : 6ª TURMA CÍVEL

Classe : APELAÇÃO

N. Processo : 20130111549695APC

(0039549-91.2013.8.07.0001)

Apelante(s) : WELLRYSON LUIS RIBEIRO BARROS

Apelado(s) : C O L L E C T I O N M O V E I S C O M E R C I O E I N D U S T R I A L T D A

Relator : Desembargador ESDRAS NEVES

Revisora : Desembargadora ANA CANTARINO

Acórdão N. : 817487

DIREITO CIVIL. CONTRATO DE LOCAÇÃO. FIADOR. MULTA MORATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. JUROS DE MORA. OBRIGAÇÃO "EX RE". INCIDÊNCIA A PARTIR DO INADIMPLEMENTO.

BENEFÍCIO DE ORDEM. AUSÊNCIA DE ABUSIVIDADE. A multa moratória estipulada no contrato de locação, submetido às disposições da Lei nº 8.245/91, não está limitada ao percentual de 2%, previsto no Código de Defesa do Consumidor. O descumprimento de obrigação líquida, positiva e com termo certo constitui em mora o devedor, nos termos do artigo 397, do Código Civil. Não se mostra abusiva a cláusula contratual que prevê a renúncia do fiador ao benefício de ordem.

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A C Ó R D Ã O

Acordam os Senhores Desembargadores da 6ª TURMA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, ESDRAS NEVES - Relator, ANA CANTARINO - Revisora, VERA ANDRIGHI - 1º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador JOSÉ DIVINO, em proferir a seguinte decisão:

CONHECIDO. DESPROVIDO. UNÂNIME., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasilia(DF), 3 de Setembro de 2014.

Documento Assinado Eletronicamente ESDRAS NEVES

Relator

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Em suas razões (fls. 78/83), alega o embargante/apelante que existe excesso na execução em razão de cobrança de multa moratória de 10% sobre o valor da dívida, bem como de juros de mora de 1% ao mês, incidentes a partir do inadimplemento de cada aluguel, defendendo que o termo a quo dos juros de mora seria a citação do embargante. Acrescenta que o contrato de locação submete-se às normas consumeristas e, tratando-se de contrato de adesão, a cláusula de renúncia ao benefício de ordem do fiador deve ser considerada abusiva.

Preparo recolhido (fl. 84).

Contrarrazões às fls. 89/95, pugnando pelo não provimento do apelo.

É o relatório.

R E L A T Ó R I O

Cuida-se de recurso de APELAÇÃO CÍVEL interposto por WELLRYSON LUIS RIBEIRO BARROS(embargante) em face de sentença proferida pelo Juízo da Primeira Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais, nos autos dos embargos à execução, opostos em desfavor de COLLECTION MOVEIS COMERCIO E INDÚSTRIA LTDA (embargada), que julgou improcedentes os pedidos (fls. 73/75).

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Cuida-se de apelação cível interposta pelo embargante, WELLRYSON LUIS RIBEIRO BARROS, contra a r. sentença que julgou improcedentes os embargos à execução.

Sustenta o embargante/apelante que existe excesso na execução em razão de cobrança de multa moratória de 10%, juros de mora de 1% ao mês, a partir do inadimplemento de cada aluguel, e que seria abusiva a cláusula de renúncia ao benefício de ordem do fiador.

Sem razão.

O contrato de locação celebrado entre a embargada, COLLECTION MÓVEIS COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, e a devedora, WM Clínica de Estética Ltda, no qual o embargante figurou como fiador, estipulou que "após o vencimento acima previsto (30 de cada mês) o aluguel será acrescido de multa de 10% (dez por cento) ou pelo percentual máximo determinado e permitido em lei" (fl. 27).

O contrato de locação está submetido às disposições da Lei nº 8.245/91, que não limita o valor da multa moratória a 2%, como acontece com o Código de Defesa do Consumidor. E esta Corte de Justiça já se posicionou no sentido de que não se aplica o Estatuto Consumerista aos contratos de locação predial urbana, impondo-se a declaração de legalidade da cobrança da multa nos termos fixados contratualmente. Confira-se:

(...) 5 - Não se aplica as disposições do Código de Defesa do Consumidor aos contratos de locação de imóveis, regidos por lei especial. Não é abusiva multa contratual por inadimplemento fixada em 10%(L. 8.245/91, art. 62, II, "b").(...) (Acórdão n.808197, 20120111272304APC, Relator: JAIR SOARES, Revisor: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 30/07/2014, Publicado no DJE: 05/08/2014. Pág.:

196)

V O T O S

O Senhor Desembargador ESDRAS NEVES - Relator

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

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(...) 5. É lícito às partes pactuar o percentual dos juros e da multa em caso de inadimplência contratual, podendo, inclusive, estipular valores que venham desestimular o descumprimento d o p a c t o. 6. R e cu rs o improvi do. (A córdão n. 79 8 974 , 20110710308788APC, Relator: JOÃO EGMONT, Revisor:

LUCIANO MOREIRA VASCONCELLOS, 5ª Turma Cível, Data de Julgamento: 25/06/2014, Publicado no DJE: 03/07/2014.

Pág.: 208)

(...) 2. Em se tratando de relação locatícia, é lícita a cláusula pactuada que estipula multa moratória de 10%, pois em acordo com os limites estabelecidos nos artigos 412 e 413 do Código Civil, aplicáveis por força da regra contida no artigo 79 da Lei nº 8.245/91.(...) (Acórdão n.743833, 20120111005783APC, Relator: SEBASTIÃO COELHO, Revisor: GISLENE PINHEIRO, 5ª Turma Cível, Data de Julgamento: 11/12/2013, Publicado no DJE: 18/12/2013. Pág.: 186)

Inexiste, pois, excesso de execução pela cobrança de multa moratória de 10% sobre o valor do débito.

Da mesma forma, inexiste excesso pela cobrança de juros de mora de 1% ao mês a partir do vencimento de cada aluguel. Isso porque o pagamento de aluguéis, decorrente de contrato de locação que prevê expressamente o valor das prestações e a data do vencimento, caracteriza-se como obrigação "ex re", desobrigando o credor da necessidade de tomar alguma medida para constituir em mora o devedor. Nesse sentido, o artigo 397, do Código Civil, dispõe que:

Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.

Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui

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mediante interpelação judicial ou extrajudicial.

Assim, se a obrigação é líquida, positiva e com termo certo, ocorre a mora do devedor no momento do vencimento da prestação inadimplida, e não apenas com a citação, como pretende o embargante.

Ademais, mesmo que se tratasse de obrigação a ser cumprida pelo fiador em contrato de locação, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça tem sido no sentido de que, ainda assim, a obrigação caracterizar-se-ia "ex re", devendo os juros de mora ser cobrados a partir do vencimento, uma vez que o fiador se obriga a satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo locatário, incluindo, salvo pactuação em contrário, os acessórios da obrigação principal. Confira-se:

FIANÇA.RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE LOCAÇÃO QUE ESPECIFICA O VALOR DO ALUGUEL E A DATA DE VENCIMENTO DAS PRESTAÇÕES. MORA EX RE. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA, NO QUE TANGE AO FIADOR. MESMO DO LOCATÁRIO. OBRIGAÇÃO DO G A R A N T E D E A R C A R C O M O V A L O R D A D Í V I D A PRINCIPAL, INCLUSIVE OS ACESSÓRIOS (JUROS DE MORA). 1. A mora ex re independe de qualquer ato do credor, como interpelação ou citação, porquanto decorre do próprio inadimplemento de obrigação positiva, líquida e com termo implementado, cuja matriz normativa é o art.

960, primeira parte, do Código Civil de 1916, reproduzido no Código Civil atual no caput do art. 397. Dessarte, como consignado no acórdão recorrido, se o contrato de locação especifica o valor do aluguel e a data de pagamento, os juros de mora fluem a partir do vencimento das prestações, a teor do artigo 397 do Código Civil. 2. Nos termos da Súmula 214/STJ, o fiador na locação não responde

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por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu e, por razões de equidade, também não pode responder por despesas judiciais antes de sua citação, visto que não lhe foi concedida possibilidade de satisfazer a obrigação que afiançou.

Contudo, a fiança, por ser tão somente garantia pessoal, pela qual o fiador se obriga a satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor (locatário), não constitui o b r i g a ç ã o d i s t i n t a d a c o n t r a í d a p e l o a f i a n ç a d o , compreendendo, salvo pactuação em contrário, os acessórios da obrigação principal. (...) (REsp 1264820/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 13/11/2012, DJe 30/11/2012) (Grifos nossos)

Nesse sentido, decidiu esta Turma Cível:

Execução de aluguéis. Mora "ex-re". Juros de mora e correção monetária. Supressão de instância. 1 - Na execução de aluguéis, por se tratar de mora "ex re", os juros de mora e a correção monetária incidem desde o vencimento de cada parcela. 2 - Questão não apreciada na decisão agravada não pode ser apreciada em agravo, pena de supressão de instância e violação do duplo grau de jurisdição. 3 - Agravo provido em parte. (Acórdão n.679390, 20130020084364AGI, Relator: JAIR SOARES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 22/05/2013, Publicado no DJE: 28/05/2013. Pág.: 180) (Grifos nossos)

Lícita, portanto, a cobrança de juros de mora de 1% ao mês a partir

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do vencimento de cada parcela inadimplida.

Por fim, o contrato de locação celebrado entre a embargada, COLLECTION MÓVEIS COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, e a devedora WM Clínica de Estética Ltda, no qual o embargante figurou como fiador, estipulou que (fl. 29):

O(s) fiador(es) renuncia(m) expressamente ao direito de exonerar-se da fiança ora prestada previsto no artigo 835 do novo Código Civil Brasileiro, bem como do benefício da prévia execução dos bens do afiançado, ficando contratado, acertado e esclarecido que a referida fiança é prestada sem limitação de tempo, até a definitiva devolução do imóvel e a resolução do contrato e suas implicações (...)

O artigo 828, inciso I, do Código Civil, por sua vez, autoriza que o fiador renuncie expressamente ao benefício de ordem. A cláusula contratual anteriormente citada, dessa forma, limitando-se a estipular o que está autorizado por lei, não apresenta nenhuma irregularidade capaz de maculá-la. Por outro lado, o embargante/apelante sequer alega a ocorrência de vício de consentimento a justificar a não incidência do pactuado.

Deve prevalecer, portanto, o que foi expressamente previsto no contrato celebrado entre as partes, não havendo que falar em abusividade da cláusula na qual o fiador renunciou ao benefício de ordem. A propósito do tema, decidiu essa Corte:

(...) O simples fato de o contrato de locação ser por adesão nao induz, por si só, a nulidade das cláusulas que estabeleçam a fiança e a renúncia ao benefício de ordem.(Acórdão n.778311,

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20100110781265APC, Relator: CARMELITA BRASIL, 2ª Turma Cível, Data de Julgamento: 09/04/2014, Publicado no DJE: 11/04/2014. Pág.: 152)

(...) 6. Sendo solidária a obrigação e existindo renúncia ao benefício de ordem, conforme cláusula contratual, pode o credor exigir a integralidade da dívida de qualquer um dos devedores solidários e, por conseguinte, executar os fiadores antes do locatário.7. Recurso conhecido e provido para rejeitar os embargos à execução e inverter o ônus sucumbencial.

(Acórdão n.786673, 20130111391977APC, Relator: ALFEU MACHADO, Revisor: LEILA ARLANCH, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento: 07/05/2014, Publicado no DJE: 13/05/2014.

Pág.: 95)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DESPEJO C/C COBRANÇA DE ALUGUÉIS - FIANÇA - RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE ORDEM - LEGALIDADE - CLÁUSULA QUE PRORROGA A FIANÇA ATÉ A ENTREGA DAS CHAVES - VALIDADE - REDUÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. - Mostra-se legítima a cláusula contratual que renuncia explicitamente ao benefício de ordem, a teor do disposto no artigo 828, inciso I, do Código Civil. (...) (Acórdão n.334712, 20060110103149APC, Relator: OTÁVIO AUGUSTO, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 26/11/2008, Publicado no DJE:

12/12/2008. Pág.: 94) (Grifos nossos)

Ante o exposto, conheço do recurso de apelação do embargante e a ele NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

A Senhora Desembargadora ANA CANTARINO - Revisora Com o relator

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A Senhora Desembargadora VERA ANDRIGHI - Vogal Com o relator

D E C I S Ã O

CONHECIDO. DESPROVIDO. UNÂNIME.

Referências

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