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HISTÓRIA DE VIDA E FORMAÇÃO DE DOCENTES DE LÍNGUA INGLESA NO PARFOR: língua, cultura e ideologia.

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26 a 29 de novembro de 2013 – Campus de Palmas

HISTÓRIA DE VIDA E FORMAÇÃO DE DOCENTES DE LÍNGUA INGLESA NO PARFOR:

língua, cultura e ideologia.

Autores: Glaucileia Fontoura Nabarro¹; Luiza Helena Oliveira da Silva²

¹Acadêmica do Curso de Letras; Campus de Araguaína; e-mail: correio.glau@hotmail.com;

“PIBIC/CNPq”

² Professora orientadora; Curso de Letras; Campus de Araguaína; e-mail: luiza.to@uft.edu.br

RESUMO

Considerando a complexidade que envolve o ensino de línguas estrangeiras em um contexto regional (norte tocantinense) carente de docentes habilitados para exercer tal papel, este trabalho se constitui como uma breve apresentação dos resultados referentes à pesquisa de iniciação científica voltada para a análise de relatos orais da história de vida e formação de docentes de Língua Inglesa. Privilegiamos professores da rede pública que ingressaram em regime semipresencial no PARFOR (Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica) ofertado pela Universidade Federal do Tocantins, mais especificamente integrantes da turma C, matriculados em 2010, com habilitação em Letras-Inglês. A pesquisa teve como objetivo analisar relatos autobiográficos oriundos de entrevistas produzidas com quatro docentes da referida turma. Tomando como subsídio teórico categorias da semiótica discursiva, tais como:

concepção de ideologia, formações discursivas e ideológicas e processos de tematização e figurativização, aliadas à metodologia da produção de dados fornecidos pela História Oral, analisamos as recorrências e reiterações no dizer dos docentes em formação destacando aspectos concernentes à escolha da profissão, analisando as particularidades e regularidades dos dizeres, procuramos compreender concepções de língua, cultura, interculturalidade e filiações ideológicas, que dizem respeito a relação de poder, conceitos e preconceitos de ensinar e aprender uma língua estrangeira. Este trabalho vincula-se às pesquisas desenvolvidas junto ao GESTO – Grupo de Estudos do Sentido – Tocantins, e conta com o apoio da CAPES.

Palavras-chave: memória; semiótica discursiva; ideologia; PARFOR

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INTRODUÇÃO

Este trabalho visa apresentar breves reflexões das análises dos depoimentos orais da história de vida e formação de docentes de língua inglesa na rede pública no norte do estado do Tocantins. Nosso interesse é pelo discurso, ao mesmo tempo individual – tendo em vista as peculiaridades que caracterizam a história de vida dos sujeitos – e social – pelas similaridades que acabam por confundir as narrativas, evidenciando o atravessamento de uma história comum, vivida coletivamente. Visando interpretar as espeficidades que envolvem a formação e atuação de docentes dessa área.

Diante do interesse de nosso trabalho, selecionamos como sujeitos da pesquisa quatro mulheres com faixa etária entre 20 e 30 anos que ingressaram em 2010 no regime semipresencial do PARFOR (Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica),, com habilitação em Letras-Inglês. Programa este criado pelo governo federal, visando à qualificação de docentes em exercício na rede pública de educação básica que não possuem formação superior e, também, os docentes que atuam em áreas distintas à da sua formação (BRASIL, 2012).

Nos valemos, nesta pesquisa, das contribuições metodológicas da história oral, a qual Thompson conceitua como: “interpretação da história e das mutáveis sociedades e culturas através da escuta da pessoas e do registro de suas lembranças e experiências.” ( THOMPSON, 2002, p. 9). E, como subsídio teórico mobilizamos a semiótica discursiva.

A semiótica é uma teoria voltada para o estudo de sentidos dos textos. Segundo Bertrand, o sentido é “um todo de significação que produz em si mesmo, ao menos parcialmente, as condições contextuais de sua leitura” (2003, p.23). Tratamos aqui da semiótica francesa, esta toma como ponto de partida a noção de um percurso gerativo de sentido, o qual é subdividido em três níveis: discursivo, narrativo e fundamental, cada qual contendo uma sintaxe e uma semântica própria.

O nível que privilegiaremos em nossa pesquisa é o discursivo, que envolve a

concretização do sentido no nível mais superficial. Para alcançar tal concretude, os

textos se valem de elementos que nos remetem ao mundo natural, denominados de

figuras. No entanto, para um texto fazer sentido ele precisa mais que isso, é necessário

sermos um pouco mais abstratos, o que se dá mediante à explicitação no texto dos

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temas, elementos que ordenam e categorizam o mundo natural. Assim, segundo Fiorin

“figura é todo conteúdo de qualquer língua natural ou de qualquer sistema de representação que tem um correspondente perceptível no mundo natural”, enquanto tema “é um investimento semântico, de natureza puramente conceptual, que não remete ao mundo natural. Temas são categorias que organizam, categorizam, ordenam os elementos do mundo natural.” (FIORIN, 2008, p. 91).

Quando falamos da relação entre figuras e temas, não estamos nos referindo a uma exclusividade do nível figurativo ou temático nos textos, mas sim a uma predominância. No tocante à nossa pesquisa, o tema é predominante em nosso objeto/texto de análise, referentes às falas que se reintegram nos relatos orais transcritos.

MATERIAL E MÉTODOS

O corpus de análise desta pesquisa são depoimentos de caráter autobiográficos orais, coletados por meio de entrevistas semiabertas, nas quais formulamos um roteiro direcionador que visava apenas foco no assunto de interesse. Os depoimentos foram orais e gerados em entrevistas individuais. Empregamos recursos áudio visuais, tais como gravador de áudio e câmara filmadora.

As entrevistas foram realizadas no campus de Araguaína da Universidade Federal do Tocantins durante o período de aulas PARFOR, em janeiro de 2013.

Participaram dessa etapa duas bolsistas PIBIC e uma pesquisadora voluntária, acompanhadas pela professora orientadora. Todas são integrantes do grupo de estudo GESTO (Grupo de Estudos do Sentido – Tocantins) e a pesquisa se insere num projeto maior, denominado “Memória e Discurso”. A fim de protegermos a identidade das entrevistadas, usaremos pseudônimos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os relatos que constituem o corpus dessa pesquisa, trazem como eixo central o

tema do assujeitamento às condições sociais, dando margem a outros temas. O primeiro

ponto que destacamos em nossas análises foi a escolha da profissão. Não se trata apenas

de escolher ser professor de inglês, mas dessa ser a única opção profissional que há. As

entrevistadas confirmam esses fatos quando afirmam gostar da língua inglesa, mas

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declara que cursam Letras-Inglês no PARFOR por não terem encontrado a opção que realmente queriam, como podemos exemplificar com a fala de Ivani.

Ivani: Meu sonho desde criança era fazer sistema de informação, mexer com informática, essas coisas tecnológicas. Só que aí [ ...] a primeira oportunidade que veio na minha cidade, por ser pequena, foi um contrato da prefeitura, que foi esse de 2005, daí então eu fui para a sala de aula e acabei de apaixonando pela profissão.

A carência de docentes com formação adequada contribui para a grande recorrência de profissionais que trabalham sem tal habilitação, pois como afirma Leffa “a procura por professores é maior do que a oferta de profissionais competentes” (LEFFA, 2001, p.7), situação esta que agrava ainda mais quando se trata de ensino de língua estrangeiras. Promovendo, portanto, um assujeitamento por parte dos sujeitos a vaga existente, sendo mais forte do que o querer e se instalando no dever.

Diante de tais fatos, visíveis em nossa região extremamente carente de profissionais habilitados em LE, há a grande ocorrência de conseguirem trabalho sem a devida formação. Solange, Marta e Ivani assumiram uma sala de aula muito cedo, logo após terminarem o ensino médio, e claro, sem a formação adequada.

Solange: devido poucas pessoas ter a formação do magistério, eu tenho, aí eu procurei e consegui a vaga.

Ivani: porque quando eu comecei a trabalhar eu não era nem graduada ainda, apenas tinha o ensino médio. Lá no meu município, terminei o ensino médio e me deram essa disciplina de inglês para eu trabalhar e a partir daí eu juntei o meu gostar do inglês com pesquisas, buscas.

Marta: aí já consegui trabalhar meu tio tinha... tinha um tio vereador que me colocou lá de contrato.

Essas três entrevistadas tomaram para si a profissão docente sem uma formação adequada, no entanto elas se demostram convictas de que esse processo é normal, de que se aprende é através da prática, que a formação é uma mera formalidade.

A formação é vista como insuficiente, precária, e, é com a prática que realmente se tornam habilitados para lecionarem. Essa precariedade na formação colocada por elas parece fazer parte de um círculo vicioso, pois as entrevistadas relatam que não tiveram uma boa formação em língua inglesa em suas vidas escolares, assim como diante da precariedade de suas formações, ou melhor, diante do fato de não terem formação, vão ensinar apenas o básico aos seus alunos.

Outro ponto a ser destacado é que mesmo a maioria dos sujeitos de nossa

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pesquisa nos revelar que não desejavam ser professoras realmente, todas se lembram de um professor que marcou sua vida escolar e quando assumiram uma sala de aula tentaram reproduzir os métodos dos professores que admiravam, temos portanto, a figura do professor como “espelho”.

O sujeito Ivani idealiza concebe os dois professores que teve como fonte de inspiração para sua atual prática. No depoimento de Solange notamos a presença da figura do professor como dono do saber, aquele que “domina” a disciplina que rege, que faz despertar o desejo de seguir tal profissão. Já em Marta detectamos a figura do professor idealista, “que quer mudar o mundo” e que transmite isso a seus alunos. E, é exatamente assim a prática que Marta tem hoje dentro da sala de aula. Diferentemente dos relatos das outras entrevistadas, nos quais os sujeitos sofreram uma influência positiva, no depoimento de Susi aparece “o professor que faz desistir da disciplina”.

Notamos como é relevante a memória que guardaram dos professores para suas escolhas hoje e para sua vida profissional atual, pois ao se virem “obrigadas” a assumir tal papel retornaram ao passado a figura do professor que tiveram e, esses professores que marcaram suas vidas escolares são um fator que também agem como determinante em suas práticas docentes hoje.

LITERATURA CITADA

BERTRAND, D. Caminhos da semiótica literária. Bauru, SP: EDUSC, 2003.

BRASIL. Plano Nacional de Educação. Disponível em http://portal.mec.gov.br. Acessado em 05 de março de 2012.

FIORIN, José Luiz. Elementos da Análise do Discurso. 14ed. São Paulo: Contexto, 2008.

LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras. In: LEF- FA, Vilson J. (Org.). O professor de línguas estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas, 2001, v. 1, p. 333-355.

THOMPSON, Paul. História Oral e contemporaneidade. l. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil.

Meus agradecimentos à professora Drª Luiza Helena Oliveira da Silva, por sua

doçura e sabedoria quanto a suas orientações, regulando perfeitamente cobrança e

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paciência, de acordo com meus limites e capacidades.

Referências

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