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PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO MUNICIPIO DE PELOTAS

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MARIA INÊS RAMOS MACIEL

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO MUNICIPIO DE PELOTAS

Pelotas 2020

(2)

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO MUNICIPIO DE PELOTAS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Saúde no Ciclo Vital da Universidade Católica de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª Maria Cristina Gonzalez.

Pelotas 2020

(3)

M152p Maciel, Maria Inês Ramos

Perfil sociodemográfico de pacientes do serviço de atenção domiciliar no município de Pelotas. / Maria Inês Ramos Maciel. – Pelotas: UCPEL, 2020.

62f.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Pelotas, Mestrado Profissional em Saúde do Ciclo Vital. - Pelotas, BR-RS, 2020.

Orientadora: Maria Cristina Gonzalez.

.

1. atenção domiciliar. 2. assistência domiciliar. 3. serviço de atenção

domiciliar. 4. internação domiciliar. I. Gonzalez, Maria Cristina, or. II.

Título.

CDD 610

Ficha Catalográfica elaborada pela bibliotecária Cristiane de Freitas Chim CRB 10/1233

(4)

Conceito final: Aprovada

Aprovado em: 31/07/2020

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________

Prof. Dr. Fernando Barros Universidade Católica de Pelotas

_________________________________________

Prof. Dr. Sandro Schreiber de Oliveira

Avaliador externo - Universidade Federal de Pelotas

_________________________________________

Profª. Drª. Isabel Cristina de Oliveira Arrieira Avaliador externo - Universidade Federal de Pelotas

_________________________________________

Orientadora – Profª. Drª. Maria Cristina Gonzalez

(5)

Primeiro, gostaria de demonstrar minha gratidão a Deus, pois nEle que encontrei forças para seguir e concretizar mais esse sonho.

A minha orientadora Professora Doutora Maria Cristina Gonzalez, o meu muito obrigada!

Um agradecimento em especial ao Professor Doutor Maurício Moraes por ter me auxiliado.

Aos professores e colegas do Mestrado pelo aprendizado.

Agradeço também aos meus colegas de trabalho, que souberam me compreender nos meus momentos de ansiedade, em especial minha amiga Samanta Maagh, por ter me acompanhado e incentivado nessa importante etapa da minha vida.

Agradeço a minha banca examinadora, por aceitarem a avaliar meu trabalho.

Agradeço a minha mãe Schirley e meus filhos Rodrigo e Vanessa, por compreenderem a minha ausência e me incentivarem sempre, acreditando, talvez mais do que eu mesma na minha capacidade.

(6)

de Pós Graduação em Saúde no Ciclo Vital, Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, 2020.

Resumo

Objetivo: descrever o perfil sociodemográfico de pacientes assistidos pelo serviço público de Atenção Domiciliar. Método: estudo descritivo e transversal, no qual foram coletados dados de uma planilha padronizada desenvolvida no Excel, pelo médico responsável por uma das equipes do Serviço de Atenção Domiciliar, de pacientes internados no Programa de Atenção Domiciliar, no ano de 2019, cidade de Pelotas/RS. A dupla digitação dos dados foi realizada no EpiData, com posterior validação. A análise dos dados foi realizada no software STATA versão 16.2. O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o número do Parecer: 3.849.892.Resultados:

foi constatado que a maioria desses pacientes eram do sexo feminino, tinham 60 ou mais anos de idade, viviam sem companheiros, se autodeclararam de cor branca e referiam Ensino Fundamental incompleto como escolaridade. A origem dos encaminhamentos foi principalmente de hospitais e Unidades Básicas de Saúde. A mediana do tempo de espera foi de quatro dias [intervalo interquartil (IIQ = 1;13)], sendo significativamente menor para internação nos casos de neoplasia, com mediana de três dias (IIQ: 1;7) em relação a sete dias (IIQ: 1;17) nos demais diagnósticos. Os motivos oncológicos predominaram sobre os demais para internação (54,2%), tendo como neoplasias mais incidentes as neoplasias de brônquios e pulmão (15,2%) e mama (14,3%). Na linha de cuidado mais utilizada, prevaleceram os cuidados paliativos (60,4%). Conclusões: Os achados do presente estudo podem fornecer subsídios para que sejam elaboradas medidas preventivas a enfermidades de maior ocorrência na população, bem como aperfeiçoamento do Serviço de Atenção Domiciliar. Estas medidas poderão promover a oferta de uma atenção integral, principalmente aos pacientes com neoplasias em estágio avançado ou terminal, que necessitam de cuidados paliativos.

Descritores: atenção domiciliar, assistência domiciliar, serviço de atenção domiciliar, internação domiciliar.

(7)

Objective: To describe the sociodemographic profile of patients assisted by the public home care service. Method: descriptive and cross-sectional study in patients admitted to the Home Care Program, in 2019, city of Pelotas /RS, in which data were collected from a standardized spreadsheet developed in Excel, by the physician responsible for one of the teams of the Home Care Service. Double data entry was performed in EpiData, with subsequent validation. Data analysis was performed using STATA software version 16.2. The Ethics Committee approved the Project under Opinion number: 3,849,892. Results: it was found that most of these patients were female, 60 years old or more, lived without partners, declared themselves white, and reported incomplete elementary school as schooling. The origin of referrals was mainly hospitals and Health Basic Unities. The median waiting time was four days [interquartile range (IQR = 1; 13)], being significantly lower for hospitalization in cases of cancer, with a median of three days (IQR: 1; 7) compared to seven days (IIQ: 1; 17) in the other diagnoses. Oncological reasons predominated over the rest for hospitalization (54.2%), with bronchial and lung (15.2%) and breast cancer (14.3%) being the most common types of cancer. Palliative care was the most prevalent (60.4%)type of therapy used in this sample of patients. Conclusions: The results of the present study may contribute to the elaboration of preventive measures to diseases of higher occurrence in the population and the Home Care Service's improvement.

These measures may promote comprehensive care provision, especially to patients with cancer in the advanced or terminal stage, who need palliative care.

Keywords: home care, home care service

(8)

AD – Atenção Domiciliar

CID – Classificação Internacional de Doenças

DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde EMAD – Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar

EMAP – Equipe Multiprofissional de Apoio

IBGE – Instituto Brasileiro de geografia e Estatística OMS – Organização Mundial da Saúde

OMS – Organização mundial de Saúde PAD – Programa de Atenção Domiciliar PID – Programa de Internação Domiciliar

PIDI – Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar

PNPCC – Programa Nacional de Prevenção e Controle do Câncer SAD – Serviço de Assistência Domiciliar

SAD – Serviço de Atenção Domiciliar

SIA/SUS – Sistema de Informações Ambulatoriais do sistema Único de Saúde SUS – Sistema Único de Saúde

UBS – Unidade Básica de Saúde

UCPel – Universidade Católica de Pelotas

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Tabela 1 – Características sociodemográficas da amostra dos pacientes estudados.

Tabela 2 – Origem dos encaminhamentos dos pacientes atendidos nos Programas PIDI e “Melhor em Casa”.

Tabela 3 – Motivos que determinaram a internação nos Programas PIDI e “Melhor em Casa”.

Tabela 4 – Distribuição dos pacientes atendidos pelo SAD de acordo com seu código diagnóstico CID10.

Tabela 5 – Distribuição dos pacientes atendidos pelo SAD de acordo com a localização da sua neoplasia.

Tabela 6 – Distribuição dos pacientes de acordo com a linha de cuidado durante a internação domiciliar.

(10)

AGRADECIMENTOS ... 5

Resumo ... 6

Abstract ... 7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ... 8

LISTA DE TABELAS ... 9

APRESENTAÇÃO ... 12

PARTE I – PROJETO ... 13

1 IDENTIFICAÇÃO ... 14

2 INTRODUÇÃO ... 15

3 OBJETIVOS ... 18

3.1 Objetivo Geral ... 18

3.2 Objetivos Específicos ... 18

4 HIPÓTESES ... 19

5 REVISÃO DE LITERATURA ... 20

6 METODOLOGIA ... 24

6.1 Tipo de Estudo ... 24

6.2 Local do Estudo... 24

6.3 Sujeitos do Estudo ... 24

6.4 Critérios do Estudo ... 24

6.4.1 Critérios para Inclusão dos Sujeitos ... 24

6.4.2 Critérios para Exclusão dos Sujeitos ... 25

6.5 Princípios Éticos ... 25

6.7 Análise dos Dados ... 25

6.8 Divulgação dos Resultados... 25

7 RECURSOS PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 27

7.1 Recursos Materiais ... 27

8 CRONOGRAMA ... 28

REFERÊNCIAS ... 29

PARTE II – ARTIGO ... 31

Resumo ... 32

Abstract ... 33

INTRODUÇÃO ... 34

MÉTODO ... 36

RESULTADOS ... 37

DISCUSSÃO ... 39

(11)

TABELAS... 49

APÊNDICES ... 55

Quadro 1. Artigos do Google acadêmico ... 56

Quadro 2. Artigos Scielo...57

Quadro 3. Artigos Lilacs ... 58

ANEXOS ... 59

(12)

APRESENTAÇÃO

A Portaria do Ministério da Saúde nº 825, de 25 de abril de 2016, define a Atenção Domiciliar como “modalidade de atenção à saúde integrada as Rede de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um conjunto de ações de prevenção e tratamento de doenças, reabilitação, paliação e promoção à saúde, prestadas em domicílio, garantindo continuidade de cuidados”.

Considerando-se a relevância de aprofundar as potencialidades da AD, buscando aperfeiçoar a prática existente para que o processo saúde-doença e morte sejam mais dignos, seguros e humanizados, este estudo teve como objetivo descrever o perfil sociodemográfico de pacientes assistidos pelo serviço público de AD, que estejam inseridos nos programas PIDI ou “Melhor em Casa”, no período compreendido entre os meses de janeiro e dezembro do ano de 2019, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.

Este trabalho compreende o projeto de pesquisa e o artigo resultante dele, intitulado: Estudo do perfil sociodemográfico de pacientes assistidos pelo serviço público de Atenção Domiciliar na cidade de Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul.

Salienta-se que o artigo supracitado será encaminhado para periódico da área da saúde coletiva, o qual será escolhido posteriormente.

(13)

PARTE I – PROJETO

(14)

1 IDENTIFICAÇÃO

Título: Perfil sociodemográfico de pacientes do serviço de Atenção Domiciliar no município de Pelotas.

Mestranda: Maria Inês Ramos Maciel

Orientadora: Profª. Drª. Maria Cristina Gonzalez Instituição: Universidade Católica de Pelotas (UCPel) Curso: Mestrado Profissional em Saúde no Ciclo Vital

Linha de pesquisa: Estratégias preventivas em Saúde do Ciclo Vital

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2 INTRODUÇÃO

A assistência domiciliar é um tema que vem apresentando um crescimento em grandes proporções no Brasil, sendo referenciado como uma alternativa que auxilie na redução dos custos elevados de assistência e internações prestadas no ambiente hospitalar, principalmente em instituições públicas, sendo sua principal finalidade, evitar a internação hospitalar. Para este tipo de serviço, denotamos o termo atenção domiciliar (AD), o qual compreende os serviços multidisciplinares que são realizados no domicílio, destinados ao fornecimento de suporte terapêutico do paciente. De acordo com a Portaria nº 2.527, de outubro de 2011,

Atenção Domiciliar é uma modalidade de atenção à saúde, substitutiva ou complementar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia da continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção à saúde1.

Outro fator importante que podemos observar é o envelhecimento populacional, que juntamente com as transições epidemiológicas, demandam cuidados integrais, melhora na qualidade da atenção, requerendo novas práticas, com novas estratégias e mecanismos para o cuidado.

Com isso, em meados de 1947, a atenção domiciliar, cujo nome é derivado termo em inglês home care, surge apresentando-se como uma extensão do hospital, na tentativa de “desafogar” as instituições hospitalares.

Assim sendo, a atenção domiciliar efetivamente representa às famílias um benefício proporcionado tanto para o paciente quanto aos seus familiares, pela oportunidade de realizar seu tratamento com uma equipe multidisciplinar, no seu próprio domicílio, estando, portanto, próximo de seus familiares, num ambiente mais acolhedor e confortável.

Nesta modalidade de assistência à saúde são realizados os mais diversos serviços, como cuidados pessoais diários (higiene, alimentação, banho, locomoção e vestuário), controle e orientações ao uso de medicamentos, realização de curativos em caso de ferimentos, escaras ou ostomias, cuidados com a nutrição enteral, diálise, quimioterapia, contando com as equipes, que geralmente são compostas por médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros, além de uma

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rede de apoio através de laboratórios clínicos e de imagem, para auxiliar em diagnósticos e adoção de medidas terapêuticas.

O município de Pelotas teve um caráter pioneiro no Brasil no que tange à oferta de internação domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), desenvolvendo um trabalho de atenção domiciliar a pacientes oriundos do Pronto Socorro Municipal desde 2002, através do Programa de Internação Domiciliar (PID) sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Pelotas, contando com 1 equipe de multiprofissionais com capacidade para atender 10 pacientes internados nesta modalidade.

Em 2005, o programa foi reformulado sob a responsabilidade do então Hospital Escola, instituição ligada à Universidade Federal de Pelotas, sendo então implementado o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), programa este destinando essencialmente ao atendimento de pacientes com câncer em cuidados paliativos.2

Em 2012, após a publicação da Portaria de nº 2527 de outubro de 2011, ocorreu à implementação do Programa Melhor em Casa, com isso o Serviço de Atenção Domiciliar na cidade de Pelotas, fornecido pelo SUS, passou a abranger novos perfis de necessidade de cuidados, não somente paliativos. Com isso, a AD passou a contar com seis Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e uma Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP), totalizando 120 vagas para atendimento em toda a cidade.

Cada EMAD é composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e assistente social, e a EMAP, composta por nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo.

O fluxo de inclusão das pessoas no Serviço de Atenção Domiciliar se dá através de encaminhamento por formulário próprio, preenchido pelo médico responsável pelo paciente, provenientes dos ambulatórios de quimioterapia e radioterapia, hospitais e unidades básicas de saúde. O primeiro contato é realizado por via telefônica por um dos profissionais da equipe com o responsável pelo paciente, ao qual se denomina cuidador, sendo marcada a primeira avaliação. As equipes assumem o atendimento ao paciente de forma integral, fornecendo inclusive os medicamentos prescritos e insumos necessários à assistência. Quando houver programação de alta, um dos componentes da equipe faz o encaminhamento à unidade de referência. Em caso de óbito, o atestado é fornecido pelos médicos dos programas. Após a alta, é fornecido à pessoa um resumo clínico com relatório sumário de todo atendimento.3

(17)

Não há dúvidas de que a AD é uma prática inovadora, considerando-se a transição epidemiológica e demográfica do Brasil. No entanto, sugere-se o desenvolvimento de novas pesquisas para aprofundar as potencialidades da AD, buscando aperfeiçoar a prática existente para que o processo saúde-doença e morte sejam mais dignos, seguros e humanizados.4

Sendo assim, destaca-se que a elaboração do projeto está ancorada na seguinte questão de identificar o perfil sociodemográfico de pacientes do serviço de atenção domiciliar no município de Pelotas.

Palavras-chaves: atenção domiciliar, assistência domiciliar, serviços de atenção domiciliar, internação domiciliar.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Descrever o perfil sociodemográfico de pacientes do serviço de Atenção Domiciliar, que estejam inseridos nos programas PIDI ou Melhor em Casa, no período compreendido entre os meses de janeiro e dezembro do ano de 2019, na cidade de Pelotas.

3.2 Objetivos Específicos

● Conhecer o perfil dos pacientes assistidos pelo Serviço de Atenção Domiciliar, de acordo com variáveis sexo, idade, procedência e diagnóstico.

● Mapear a origem dos encaminhamentos dos pacientes para o PIDI, Melhor em Casa ou ambos até a chegada no serviço.

● Estabelecer o tempo de espera entre o encaminhamento e a internação na Atenção Domiciliar, bem como o tempo médio que os pacientes permaneceram internados.

● Relacionar as terapias mais utilizadas pelos pacientes assistidos.

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4 HIPÓTESES

● O serviço de AD é utilizado em sua maioria, por pacientes do sexo masculino.

● Já em relação à origem dos encaminhamentos realizados ao serviço de AD, destacam-se em maior número, os encaminhamentos realizados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

● O tempo de espera para a primeira avaliação dos encaminhamentos, geral mensal, é de 5 dias.

● A terapia mais utilizada pelos pacientes assistidos é o cuidado paliativo.

(20)

5 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão literária deu-se através da busca por artigos científicos relevantes ao tema de pesquisa, sendo utilizadas as seguintes bases de dados para a realização da mesma: Lilacs; Google Acadêmico; Scielo.

Fez-se a combinação de quatro descritores: atenção domiciliar, assistência domiciliar, serviços de atenção domiciliar, internação domiciliar, para todas as bases de dados consultadas.

Utilizou-se como limites para a busca a seleção de artigos mais específicos e recentes sobre os assuntos de interesse e ainda:

a) artigos publicados nos últimos dez anos;

b) artigos escritos em língua portuguesa e espanhol.

Na pesquisa no Lilacs foram encontrados 10 artigos. Foram excluídos 6 por título e 2 por leitura dos resumos, por estes não terem relação direta com a temática abordada, restando 2 com assuntos relevantes ao estudo.

Na pesquisa no Google Acadêmico foram encontrados 83 artigos, dos quais foram excluídos 64 por títulos e 56 por leituras de resumo, por estes não terem relação direta com a temática abordada, restando 8 com assuntos relevantes ao estudo.

Na base de dados Scielo foram encontrados 171 artigos, tendo sido excluídos 167 por títulos e 3 por leituras de resumo, por estes não terem relação direta com a temática abordada, restando 6 com assuntos relevantes ao estudo.

Foram combinados os descritores entre si, atenção domiciliar, assistência domiciliar, serviços de atenção domiciliar, internação domiciliar.

Encontrados Excluídos por título

Excluídos por leitura dos

resumos

Excluídos por

duplicidade Total

Lilacs 10 06 02 0 02

Google

Acadêmico 83 64 56 0 08

Scielo 4 1 0 1 2

0 12

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Após a leitura dos artigos supracitados, evidencia-se que o Serviço de Atenção Domiciliar no país tende a apresentar um crescimento. Estima-se que no país, a cada ano, cerca de 650 mil pessoas necessitem recorrer a essa modalidade de atenção, e 80% desse número corresponde à pacientes com câncer, segundo dados da Fundação do Câncer5, em 2014. Essa realidade vai exigir uma resposta mais qualificada da política de saúde brasileira, necessitando estar ancorada numa perspectiva de apoio global aos múltiplos problemas dos pacientes que se encontram na fase mais avançada da doença e no final da vida.6

Segundo Avelino et al.7, a expectativa de vida dos brasileiros vem apresentando um crescimento constante em decorrência da transição demográfica (queda da taxa de natalidade), onde de acordo com dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)8 em 2014, a taxa de fecundidade no Brasil caiu de 6,16 filhos por mulher para apenas 1,57 filhos, isso sendo em pouco mais de sete décadas, no período de 1940 a 2014, e considerando-se ainda que a expectativa de vida aumentou 41,7 anos em pouco mais de um século. Ainda no mesmo estudo, encontrou-se a informação de que de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), dentre de poucos anos, e pela primeira vez, o país terá a população com mais de 60 anos em maior número do que a de crianças com menos de 5 anos de idade.

Ainda, para Oliveira et al.9, o Programa de Atenção Domiciliar (PAD) é uma modalidade de atenção à saúde responsável por prestar assistência em saúde no domicílio aos usuários do SUS, os quais demandam cuidados de complexidade intermediária, evitando internações hospitalares. Em tal estudo, foi possível reafirmar que tal programa apresenta dentre outras propostas de AD, a função de reorganizar o processo de trabalho das equipes de diferentes serviços, reduzir a demanda por atendimento hospitalar, ampliar a autonomia dos usuários e de seus familiares, além de proporcionar a integralidade da atenção.

No que se refere ao perfil dos pacientes com câncer atendidos pelo Serviço de Atenção Domiciliar, na cidade de Pelotas, de acordo com estudo realizado em 2012 com população semelhante no mesmo serviço, dos 213 pacientes internados no programa no período de estudo, 56,0% eram do sexo masculino, 50,0% possuíam menos de 59 anos de idade e 41,0% se encontravam entre 60 e 70 anos. Quanto à cor da pele, 86,0% eram brancos. A maioria dos pacientes era alfabetizada: 55,0%

tinham estudo fundamental incompleto, 19,0% eram analfabetos e somente 1,0%

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apresentava ensino superior. Com relação à renda familiar, 44,0% recebiam até 1 salário mínimo e 40,0%, 2 salários mínimos.2

Ainda para mesmos autores2, observou-se em homens internados no PIDI maior prevalência de câncer de pulmão (24,0%), cabeça e pescoço (13,0%) e intestino (10,0%), enquanto nas mulheres, os locais mais prevalentes foram mama (22,0%), intestino (10,0%) e pulmão (9,0%).

Em outro estudo realizado no ano de 2018 sobre internação domiciliar e cuidado paliativo oncológico com dados secundários do Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema único de Saúde (SIA/SUS) disponíveis no sítio do Departamento de Informática do SUS (DATASUS)10, para o Brasil no período de 2013 a 2015, percebe-se que em todo o período houve uma predominância do sexo masculino em cuidados paliativos na atenção domiciliar, com aumento ao longo dos anos, chegando a representar 55% dos casos em 2015. Das principais neoplasias que demandaram cuidado paliativo no atendimento domiciliar em homens, a de próstata foi a mais prevalente, seguida pela neoplasia dos pulmões, em 2013 e 2015, e cólon e reto, em 2014. Para as mulheres, a mais frequente nos três anos foi neoplasia maligna de mama, seguida da de encéfalo, em 2013, e de cólon e reto, em 2014 e 2015.11

No que se refere à variável óbito no domicílio, apesar do predomínio do óbito hospitalar, diversos países têm buscado reduzir esta proporção por meio de políticas públicas específicas, tanto pela questão da qualidade do óbito quanto pelo custo envolvido. A partir da década de 80, principalmente os países mais desenvolvidos economicamente, apresentaram uma redução dos óbitos hospitalares, tanto para pacientes oncológicos (que são mais frequentemente encaminhados para receberem Cuidados Paliativos) quanto para os não oncológicos.12

Em pesquisa realizada em 201713, na qual realizou a caracterização do Serviço Melhor em Casa no Estado de Santa Catarina, observou-se que em relação aos diagnósticos dos usuários beneficiários desses programas, percebe-se a predominância de doenças neurológicas, agudas, com possibilidade de melhora do quadro clínico, para que assim seja realizada a alta do usuário do Programa.

Destacando ainda, que de acordo com os profissionais, o Programa precisa dessa rotatividade, oportunizando assim que mais pessoas possam utilizar esse atendimento.

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No estudo de Carnaúba et al14, no que se refere a via de alimentação dos pacientes internados na AD, verificou-se que a maior parte dos usuários se alimentava por via oral (64%). Sendo que ao analisar o serviço público e o serviço privado isoladamente, foi possível observar a divergência entre os resultados, sendo que no serviço público 88,3% se alimentavam por via oral e no serviço privado a maioria (52,4%) se alimentavam por via de sondas. Ainda neste mesmo estudo, foi possível perceber que ao comparar o uso de sondas entre os dois serviços, ocorreu a prevalência de SNE ou SNG é maior do que o uso de gastrostomia no serviço público, diferentemente do que ocorre nos serviços privados, onde o uso de gastrostomia é maior de que o uso de sondas nasais.

Em relação ao período de internação, Silva et al.15 demonstraram em seu estudo, que 25,5% dos pacientes foram atendidos pelo AD por um período de 5 a 8 meses, 22,8% pelo período de 9 meses a 1 ano e 13,2% pelo período de até 1 ano e 6 meses. Ao considerar a resolutividade clínica, 29,2% tiveram alta clínica com melhora do quadro na primeira internação, 21,9% foram a óbito e 16,4% foram encaminhados aos cuidados da atenção básica, através das UBS.

No que se refere a elegibilidade administrativa do paciente na AD, Paiva et al16,destaca que a presença do cuidador representa o quesito mais importante e complexo. O cuidador tem em seu papel, a responsabilidade de realizar todas as ações básicas para a manutenção da vida do paciente, tais como curativo, mudança de decúbito, administração e preparo de dieta e auxílio nas atividades da vida diária.

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6 METODOLOGIA

6.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo descritivo e transversal com o objetivo de conhecer o perfil sociodemográfico de pacientes assistidos pelo serviço público de Atenção Domiciliar, que estejam inseridos nos programas PIDI ou Melhor em Casa, no período compreendido entre os meses de janeiro e dezembro do ano de 2019, na cidade de Pelotas.

6.2 Local do Estudo

O estudo será desenvolvido entre pacientes atendidos pelos serviços de Atenção Domiciliar, denominados PIDI e Melhor em Casa, ambos com sede no Hospital Escola/UFPel/EBSERH, localizados na cidade de Pelotas no estado do Rio Grande do Sul. Esses programas têm como principal finalidade na AD, a desospitalização dos pacientes, levando atendimento médico às pessoas no domicílio, trazendo mais conforto para os usuários do serviço.

6.3 Sujeitos do Estudo

O estudo será realizado com pacientes que estejam em situação de internação domiciliar, assistidos pelo Serviço de Atenção Domiciliar, durante o período compreendido pela pesquisa, através do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), o qual atende somente pacientes com câncer em cuidados paliativos e do Programa Melhor em Casa, que atende aos pacientes clínicos, bem como também atende aos pacientes com câncer, onde ambos possuem como linha de cuidado: terapêutica, reabilitação e cuidados paliativos.

6.4 Critérios do Estudo

6.4.1 Critérios para Inclusão dos Sujeitos

Pacientes maiores de idade, internados em algum dos programas de AD, inseridos no PIDI ou Melhor em Casa, no período compreendido entre os meses de janeiro e dezembro do ano de 2019, na cidade de Pelotas.

Para cálculo da amostra foi utilizado Epi Info versão 7.2.3.1 com747 encaminhamentos e 95% de nível de confiança e 5% de margem de erro resultou em uma amostra de 254 pacientes para o estudo.

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6.4.2 Critérios para Exclusão dos Sujeitos

Serão excluídos do estudo, os pacientes que embora estejam internados em algum dos programas de AD, no período compreendido entre os meses de janeiro e dezembro do ano de 2019, na cidade de Pelotas, apresentem alguma inconsistência de dados na planilha utilizada para a coleta de dados.

6.5 Princípios Éticos

Após o projeto ser qualificado pela banca examinadora, o projeto será encaminhado ao Comitê de Ética da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), para a permissão da realização do mesmo. Após a aprovação, será encaminhada uma carta de apresentação ao Núcleo de Planejamento e Gestão da Qualidade Assistencial de Ensino e Pesquisa solicitando autorização do Hospital Escola/UFPel/EBSERH para realização do estudo.

6.6 Procedimentos para Coleta de Dados

Os dados serão coletados a partir de uma planilha padronizada desenvolvida no Excel, pelo médico responsável por uma das equipes do Serviço de Atenção Domiciliar, a qual foi criada no final de 2017 para qualificar e gerar indicadores do processo de trabalho antes inexistente. Tal instrumento é alimentado diariamente pelas equipes dos dois programas pertencentes a este serviço, gerando dados importantes para traçar um perfil de pacientes e atendimentos, melhorando o processo de trabalho.

6.7 Análise dos Dados

Será utilizado o programa STATA 14.2 para análise dos dados. As características da amostra serão descritas na forma de valores absolutos e frequência.

Será realizado o teste de qui-quadrado para testar a associação entre algumas variáveis de interesse com o gênero e faixa etária. Para todos os testes será considerado o valor p < 0,05 para significância.

6.8 Divulgação dos Resultados

Os resultados desta pesquisa serão divulgados na apresentação final do trabalho na UCPel. Do mesmo modo, será apresentado à Instituição onde ocorreu a

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coleta dos dados, para que os resultados sejam úteis e que possa promover ações para melhoria do serviço.

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7 RECURSOS PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO

7.1 Recursos Materiais

Material Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$)

Caneta 02 1,50 3,00

Xerox 120 0,30 36,00

Lápis 02 1,00 2,00

Folha A4 100 0,10 10,00

Impressão 150 0,50 75,00

Encadernação 03 2,00 6,00

Encadernação capa

dura 02 4,00 8,00

Total 140,00

Observação: Todas as despesas provenientes deste estudo serão custeadas pelos pesquisadores.

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8 CRONOGRAMA

ATIVIDADES 2019 2020

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Escolha do tema X

Revisão de literatura X X X X X X X X X X

Elaboração do projeto X X X X X

Qualificação do projeto X x x

Encaminhamento ao

Comitê de Ética X X

Coleta dos dados X X X

Análise dos dados X X X

Elaboração do artigo X X

Correção de português X

Defesa do artigo X

Encaminhamento do artigo para publicação

X

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REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2527, de 27 de outubro de 2011.

Redefine a Atenção domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). [acesso

em 2019 nov 04] Disponível em

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2527_27_10_2011_comp.html

2. Fripp JC. Caracterização de um programa de internação domiciliar e cuidados paliativos no Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil: uma contribuição à atenção integral aos usuários com câncer no Sistema Único de Saúde, SUS. Epidemiol Serv Saude 2012;21(1):69-78.

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PARTE II – ARTIGO

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Resumo

Objetivo: descrever o perfil sociodemográfico de pacientes do serviço de Atenção Domiciliar. Método: estudo descritivo e transversal, no qual foram coletados dados de uma planilha padronizada desenvolvida no Excel, pelo médico responsável por uma das equipes do Serviço de Atenção Domiciliar, de pacientes internados no Programa de Atenção Domiciliar, no ano de 2019, cidade de Pelotas/Rio Grande do Sul. A dupla digitação dos dados foi realizada no EpiData, com posterior validação. A análise dos dados foi realizada no software STATA versão 16.2.O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o número do Parecer: 3.849.892. Resultados: foi constatado que a maioria desses pacientes era do sexo feminino, tinham 60 ou mais anos de idade, viviam sem companheiros, se auto declararam de cor branca e referiam Ensino Fundamental incompleto como escolaridade. A origem dos encaminhamentos foi principalmente de hospitais e UBS. A mediana do tempo de espera foi de quatro dias [Intervalo interquartil (IIQ) = 1;13)], sendo significativamente menor para internação nos casos de neoplasia, com mediana de três dias (IIQ: 1;7) em relação a sete dias (IIQ: 1;17) nos demais diagnósticos. Os motivos oncológicos predominaram sobre os demais para internação (54,2%), tendo como neoplasias mais incidentes as neoplasias de brônquios e pulmão (15,2%) e mama (14,3%). Como tipo de terapia empregada, prevaleceram os cuidados paliativos (60,4%). Conclusão: Os achados do presente estudo podem fornecer subsídios para que sejam elaboradas medidas preventivas a enfermidades de maior ocorrência na população, bem como aperfeiçoamento do Serviço de Atenção Domiciliar. Estas medidas poderão promovera oferta de uma atenção integral, principalmente aos pacientes com neoplasias em estágio avançado ou terminal, que necessitam de cuidados paliativos.

Descritores: atenção domiciliar, assistência domiciliar, serviço de atenção domiciliar, internação domiciliar.

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Abstract

Objective: To describe the sociodemographic profile of patients assisted by the public home care service. Method: descriptive and cross-sectional study in patients admitted to the Home Care Program, in 2019, city of Pelotas /RS, in which data were collected from a standardized spreadsheet developed in Excel, by the physician responsible for one of the teams of the Home Care Service. Double data entry was performed in EpiData, with subsequent validation. Data analysis was performed using STATA software version 16.2. The Ethics Committee approved the Project under Opinion number: 3,849,892. Results: it was found that most of these patients were female, 60 years old or more, lived without partners, declared themselves white, and reported incomplete elementary school as schooling. The origin of referrals was mainly hospitals and Health Basic Unities. The median waiting time was four days [interquartile range (IQR = 1; 13)], being significantly lower for hospitalization in cases of cancer, with a median of three days (IQR: 1; 7) compared to seven days ( IIQ: 1; 17) in the other diagnoses. Oncological reasons predominated over the rest for hospitalization (54.2%), with bronchial and lung (15.2%) and breast cancer (14.3%) being the most common types of cancer. Palliative care was the most prevalent (60.4%) type of therapy used in this sample of patients. Conclusion: The results of the present study may contribute for the elaboration of preventive measures to diseases of higher occurrence in the population, and the Home Care Service´s improvement. These measures may promote the comprehensive care provision, especially to patients with cancer in advanced or terminal stage, who need palliative care.

Keywords: home care, home care service

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INTRODUÇÃO

A assistência domiciliar é um tema que vem apresentando um crescimento em grandes proporções no Brasil, sendo referenciado como uma alternativa que auxilia a redução dos custos elevados de assistência e internações prestadas no ambiente hospitalar, principalmente em instituições públicas, sendo sua principal finalidade evitar a internação hospitalar.

Para este tipo de serviço, denotamos o termo atenção domiciliar (AD), o qual compreende os serviços multidisciplinares que são realizados no domicílio, destinados ao fornecimento de suporte terapêutico do paciente. De acordo com a Portaria N. 825, de 25 de abril de 20161, considera-se AD a modalidade de atenção à saúde caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, paliação e promoção à saúde, prestadas em domicílio, com garantia da continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção à saúde. O mesmo documento define o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) como um serviço complementar ou substitutivo à internação hospitalar, responsável pelo gerenciamento e operacionalização das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e das Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP)1.

Outro fator importante que podemos observar é o envelhecimento populacional, que juntamente com as transições epidemiológicas, demandam cuidados integrais e melhora na qualidade da atenção, requerendo novas práticas, com novas estratégias e mecanismos para o cuidado. Com isso, em meados de 1947, a AD, cujo nome é derivado termo em inglês home care, surge apresentando-se como uma extensão do hospital, na tentativa de “desafogar” as instituições hospitalares.

Assim sendo, a AD efetivamente representa às famílias um benefício proporcionado tanto para o paciente quanto aos seus familiares, pela oportunidade de realizar seu tratamento com uma equipe multidisciplinar, no seu próprio domicílio, estando, portanto, próximo de seus familiares, num ambiente mais acolhedor e confortável.

Nesta modalidade de assistência à saúde são realizados os mais diversos serviços, como cuidados pessoais diários (higiene, alimentação, banho, locomoção e vestuário), controle e orientações ao uso de medicamentos, realização de curativos em caso de ferimentos, escaras ou ostomias, cuidados com a nutrição enteral, diálise e quimioterapia. Para a execução destes serviços, conta com as equipes

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multidisciplinares, que geralmente são compostas por médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros, além de uma rede de apoio através de laboratórios clínicos e de imagem, para auxiliar em diagnósticos e adoção de medidas terapêuticas.

O município de Pelotas teve um caráter pioneiro no Brasil no que tange à oferta de internação domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Vem sendo desenvolvido um trabalho de AD a pacientes oriundos do Pronto Socorro Municipal desde 2002, através do Programa de Internação Domiciliar (PID), sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Pelotas contando com 1 equipe de multiprofissionais com capacidade para atender 10 pacientes internados nesta modalidade.

No ano de 2005, o programa foi reformulado sob a responsabilidade do então Hospital Escola, instituição ligada à Universidade Federal de Pelotas, sendo então implementado o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), programa este destinando essencialmente ao atendimento de pacientes com câncer em cuidados paliativos2.

Em 2012, após a publicação da Portaria de nº 2527 de outubro de 2011, ocorreu a implementação do Programa Melhor em Casa. Com isso, o Serviço de Atenção Domiciliar na cidade de Pelotas, fornecido pelo SUS, passou a abranger novos perfis de necessidade de cuidados, não somente paliativos.

Desta forma, o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), permanece atendendo pacientes oncológicos em cuidados paliativos. Já o Programa Melhor em Casa, abrange pacientes oncológicos e clínicos, tendo como linhas de cuidado: terapêutica, reabilitação e cuidados paliativos. Com isso, a AD passou a contar com seis Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e uma Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP), totalizando 120 vagas para atendimento para a cidade.

Cada EMAD é composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e assistente social. Já a EMAP é composta por nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo.

O fluxo de inclusão das pessoas no SAD se dá através de encaminhamento por formulário próprio, preenchido pelo médico responsável pelo paciente, provenientes dos ambulatórios de quimioterapia e radioterapia, hospitais e unidades básicas de saúde. O primeiro contato é realizado por via telefônica por um dos profissionais da equipe com o responsável pelo paciente, ao qual se denomina

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cuidador, sendo marcada a primeira avaliação. As equipes assumem o atendimento ao paciente de forma integral, fornecendo inclusive os medicamentos prescritos e insumos necessários à assistência.

Quando houver programação de alta, um dos componentes da equipe faz o encaminhamento à unidade de referência. Em caso de óbito, o atestado é fornecido pelos médicos dos programas. Após a alta, é fornecido à pessoa um resumo clínico com relatório sumário de todo atendimento4.

Não há dúvidas de que a AD é uma prática inovadora, considerando-se a transição epidemiológica e demográfica do Brasil. No entanto, sugere-se o desenvolvimento de novas pesquisas para aprofundar as potencialidades da AD, buscando aperfeiçoar a prática existente para que o processo saúde-doença e morte sejam mais dignos, seguros e humanizados5.

Sendo assim, o objetivo deste estudo foi descrever o perfil sociodemográfico de pacientes do serviço de AD, que estejam inseridos nos programas PIDI ou “Melhor em Casa”, no período compreendido entre os meses de janeiro e dezembro do ano de 2019, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo e transversal realizado com dados secundários provenientes de prontuários e planilha de acompanhamento do SAD.

Este SAD é formado por dois programas: PIDI e “Melhor em Casa”, ambos com sede no Hospital Escola/UFPel/EBSERH, localizados na cidade de Pelotas no estado do Rio Grande do Sul. Esses programas têm como principal finalidade, a desospitalização dos pacientes, levando atendimento médico às pessoas no domicílio, trazendo mais conforto para os usuários do serviço.

Foram sujeitos da pesquisa os pacientes que estiveram internados no programa, assistidos pelo serviço em questão, durante o período de janeiro a dezembro de 2019. Foram incluídos tanto os pacientes assistidos através do PIDI, o qual atende somente pacientes com câncer em cuidados paliativos, como do Programa “Melhor em Casa”, que atende aos pacientes clínicos além de pacientes com câncer. Ambos os programas possuem como linha de cuidados a terapêutica,

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reabilitação e cuidados paliativos. Foi considerado critério de inclusão a idade igual ou superior a 18 anos.

Os dados foram coletados nos meses de março e abril 2020 a partir de uma planilha padronizada desenvolvida no Excel, pelo médico responsável por uma das equipes do SAD. Esta planilha foi criada no final de 2017 para qualificar e gerar indicadores do processo de trabalho antes inexistente, denominada Planilha de Produtividade Semanal. Tal instrumento é alimentado diariamente pelas equipes dos dois programas pertencentes a este serviço, gerando dados importantes para traçar um perfil de pacientes e atendimentos, melhorando o processo de trabalho.

Para a coleta de dados foi elaborado um questionário padronizado pela pesquisadora, para a coleta das seguintes variáveis: sexo, cor da pele, estado civil, idade, escolaridade, divisão geográfica das residências, origem dos encaminhamentos, data da chegada dos encaminhamentos e data da admissão, terapias, motivos para internação e período de internação. Além disso, foi verificado o código da Classificação Internacional de Doenças (CID10).

A análise dos dados foi realizada após dupla digitação no programa software EpiData, com posterior validação. Após verificação da consistência, os dados foram analisados por estatística descritiva, por meio do programa STATA 16.2. As variáveis categóricas foram descritas como frequência absoluta e relativa e as contínuas como média e desvio padrão ou mediana e intervalo interquartil (IIQ), dependendo da normalidade da sua distribuição. Foram testadas associações ou comparação de medidas de tendência central entre as variáveis para os pacientes com ou sem neoplasia maligna. Para os testes estatísticos, foi considerado um valor p de 0,05 como significante.

RESULTADOS

No presente estudo, foram encontrados 419 pacientes atendidos pelos programas PIDI e Melhor em Casa no ano de 2019. Destes, 10 eram menores de 18 anos e 18 com dados incompletos sendo assim, 391 foram considerados elegíveis ou válidos para este estudo.

A Tabela 1mostra os dados relativos às variáveis sociodemográficas em pacientes atendidos no SAD Pelotas HE-UFPEL-EBSERH no ano de 2019. Dos 391

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pacientes elencados para este estudo, 51,9% eram do sexo feminino, uma prevalência discretamente maior, porém não significativa.

A idade média dos pacientes foi de 64,4 ± 16,5 anos, sendo que a maioria (64,45%) tinha 60 anos ou mais. No que diz respeito ao estado civil, a maior parte dos pacientes (43,7%) eram casados ou viviam com companheiros. No entanto, computando a soma dos demais grupos (solteiro, viúvo, separado), verificou-se que a maioria dos pacientes não vive com companheiro. Quanto à cor da pele, 77,5% se auto declararam brancos. Em relação à escolaridade, a maioria era alfabetizada, sendo que 30,4%

tinham Ensino Fundamental I completo e II incompleto, e apenas 2,5% tinham nível Superior completo.

A cidade de Pelotas é dividida em três regiões: Norte, Sul e Leste. O presente estudo mostrou que a maioria dos pacientes (36,4 %) eram originados da Região Sul. A origem dos encaminhamentos encontra-se está apresentada na Tabela 2. Verificou- se que a maioria dos encaminhamentos provieram dos Hospitais (35,8%), seguidos das UBS (22,5%). Os hospitais que realizaram os encaminhamentos foram HE-UFPel- EBSERH, HUSFP, SCMP, HSPB, HMP, HEP e outros, sendo que a maioria (59,2%) foram provenientes do HE-UFPel-EBSERH.

Foi constatado que o tempo mediano de espera se constituiu em quatro (4) dias (IIQ:1;13). Quando comparados o tempo de espera entre os pacientes com ou sem neoplasia maligna, verifica-se que a mediana do tempo de espera foi significativamente menor para os pacientes com diagnóstico de neoplasia maligna (3 dias, IIQ:1;7), ao passo que para os pacientes sem neoplasia foi de sete dias (IIQ:1;17).

Na Tabela 3 apresentamos os motivos para internação. Foi constatado que o motivo oncológico prevaleceu sobre os demais, com 54,2% de pacientes encaminhados para internação domiciliar por este motivo. Também chama a atenção que quase 30% dos pacientes atendidos pelo SAD precisavam de cuidados domiciliares para lesões cutâneas

A mediana do tempo de internação foi de 37,5 dias (IIQ:14;81) sendo que as internações por lesões cutâneas (mediana: 50 dias; IIQ:20;111) e urgências (mediana:

62 dias; IIQ:21;127) tiveram internações significativamente maiores do que antibioticoterapia e oncológico.

Na análise geral dos diagnósticos, a maior frequência foi de 8,6% para sequelas de doenças cerebrovasculares, seguido de 8,4% para neoplasia maligna de pulmão,

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7,9% neoplasia maligna de mama e 7,6% para úlcera de decúbito. Na Tabela 4, apresentamos a distribuição dos pacientes atendidos de acordo com os diagnósticos do CID10. Agrupando as enfermidades por categoria verificou-se que a grande maioria dos pacientes (55,5%) apresentavam neoplasia maligna. Em segundo lugar, prevaleceram as doenças do aparelho circulatório, seguidas das doenças de pele e tecido subcutâneo.

A Tabela 5 apresenta os códigos do CID10 da neoplasia maligna presentes no pacientes atendidos. Verificou-se que as maiores incidências foram neoplasias malignas de brônquios e pulmão (15,2%). Com pequena diferença, em segundo lugar prevaleceu a neoplasia maligna de mama (14,3%). Foram analisadas também as terapias mais utilizadas durante o tratamento na AD, apresentadas na Tabela 6. A maioria dos pacientes assistidos necessitava de cuidados paliativos (60,4%), sendo que apenas 7,4% fizeram uso de reabilitação.

DISCUSSÃO

Mudanças no perfil demográfico e epidemiológico, não só no cenário brasileiro, como também internacional, levam à necessidade de adaptação do modelo de atenção em saúde, de modo a pensar na AD como um ponto de cuidado estratégico para a atenção em saúde, já que o perfil demográfico e epidemiológico coloca como missão o cuidar de múltiplas doenças crônicas em períodos contínuos6. Em se tratando de câncer, principalmente em fase avançada e sem perspectivas de cura, a assistência domiciliar tende a ser considerada o carro-chefe para atender aos usuários com essa enfermidade, já que necessitam de cuidados paliativos, indo ao encontro de suas necessidades4. Essa realidade exige uma resposta mais qualificada da política de saúde brasileira, necessitando estar ancorada numa perspectiva de apoio global aos múltiplos problemas dos pacientes que se encontram na fase mais avançada da doença e no final da vida7.

Nos resultados deste estudo, não houve diferença significativa entre a prevalência do sexo masculino e feminino. Estudos nacionais apontam característica semelhante em SAD estudados no País, como maioria de pacientes sendo mulheres8-

9. Outros estudos ainda relatam a chamada feminização do envelhecimento10-11, fator que justifica a prevalência de cuidados domiciliares em mulheres12-13. Todavia, em análise anterior (ano de 2012) com população semelhante no mesmo serviço, dos 213

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pacientes internados no programa, 56,0% eram do sexo masculino2. Ainda, num estudo publicado no ano de 2018 sobre internação domiciliar e cuidado paliativo oncológico para o Brasil no período de 2013 a 2015, com dados secundários do SIA/SUS disponíveis no sítio do DATASUS percebeu-se que houve uma predominância do sexo masculino em cuidados paliativos na atenção domiciliar, com aumento ao longo dos anos, chegando a representar 55% dos casos em 201514.

Em relação à idade a maioria dos pacientes neste estudo apresentava 60 anos ou mais. A expectativa de vida dos brasileiros vem apresentando um crescimento constante em decorrência da transição demográfica (queda da taxa de natalidade):a taxa de fecundidade no Brasil caiu de 6,16 filhos por mulher para apenas 1,57 filhos em pouco mais de sete décadas, no período de 1940 a 2014. Outro fator que justifica este achado é o aumento da expectativa de vida, em torno de 41,7 anos em pouco mais de um século, segundo dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 201415. Além disso, mencionando a Organização Mundial de Saúde (OMS), em poucos anos o país terá pela primeira vez a população com mais de 60 anos em maior número do que a de crianças com menos de 5 anos de idade15. No Brasil, o processo de envelhecimento populacional, acompanhado da mudança do perfil epidemiológico de morbimortalidade, vem resultando no aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis. Este fator constitui atualmente um grande problema de saúde, com alta carga de morbidade e principal causa de mortalidade, com mais de 70% dos óbitos16.

Quanto ao estado civil, a maior parte dos pacientes informou serem casados ou viverem com companheiros. Todavia, no somatório geral, verificou-se que, englobando os grupos dos solteiros, viúvos, ou separados, a maioria dos pacientes não vive com companheiro. O Programa de Atenção Domiciliar (PAD), inclui como estratégia a responsabilização das famílias através da exigência de um cuidador fixo para admissão e permanência do paciente no programa17, podendo ser qualquer familiar ou até mesmo um amigo, desde que faça o cuidado integral. Outrossim, em análise sobre a percepção dos enfermeiros acerca da participação do familiar na assistência em cuidados paliativos, concluiu-se que, para pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura, a família é um dos eixos estruturantes da assistência, vindo a ocupar posição de protagonista, sendo também integrada à equipe de cuidados18.No que se refere à elegibilidade administrativa do paciente na AD, a presença do cuidador representa o quesito mais importante e complexo19. O

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cuidador tem em seu papel, a responsabilidade de realizar todas as ações básicas para continuidade do cuidado, tais como curativo, mudança de decúbito, administração e preparo de dieta e auxílio nas atividades da vida diária. Portanto, mesmo que neste estudo a maioria dos pacientes não apresentava um companheiro (a), isso não influenciou na assistência prestada, visto que a exigência é de pelo menos um cuidador.

No que diz respeito à cor da pele, houve maioria autodeclarada branca. Este dado corrobora pesquisas anteriores, a primeira sobre o perfil dos pacientes com câncer atendidos pelo SAD, na cidade de Pelotas, o qual detectou 80% de pessoas que se autodeclararam brancos à época2, e a segunda sobre assistência domiciliar prestada a idosos brasileiros12, em 2016, referindo dois quintos dos entrevistados como autodeclarados brancos. Ainda, em um terceiro estudo, foi verificada maioria autodeclarada branca, justificando tal achado no fato de a pesquisa ter sido realizada na Região Sul do País, sendo que nesta região existe uma maioria de colonização europeia8.

Foi constatado que a maioria dos pacientes não completou o Ensino médio (73,4%). Em análise das características da pessoa idosa com necessidade de cui- dados paliativos da atenção básica, foi constatado que 65% das pessoas idosas entrevistadas eram analfabetas e 23,7% tinham baixa escolaridade, o que levou a perceber que o níveis de escolaridade encontrados podem ter influência ou ainda diminuir a percepção de saúde e autocuidado no idoso20. Além disso, pesquisa que objetivou analisar o perfil assistencial de um SAD vinculado a um hospital público localizado no município do Rio de Janeiro, bem como as correlações entre as variáveis sociodemográficas e de saúde dos usuários daquele serviço, verificou que a maioria dos usuários era idosa e com baixa escolaridade, o que exigia da equipe multiprofissional do SAD uma adaptação a este perfil, de forma a facilitar a comunicação e alcançar a satisfação das necessidades, por meio de adequação das ações21.

A origem dos encaminhamentos foi em maioria de hospitais e UBS. Estudo anterior também detectou que a procedência predominante dos pacientes assistidos no SAD foi de UBS/ESF, com 76%, destacando a existência de encaminhamentos também de Unidades de Pronto Atendimento – UPA (8,8%) e instituições hospitalares (14,2%)8. Nesse estudo, ainda se enfatizou que o SAD, composto por equipe multiprofissional especializada, permite um elo de cuidado entre o hospital e a rede

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básica, ou ainda tem caráter substitutivo às internações de baixa/média complexidade.

O Projeto Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar (2017) destacou que tais encaminhamentos configuram-se em uma potente “porta de saída” junto aos serviços de urgência/emergência, o que evita internações hospitalares desnecessárias8.

O tempo de espera também foi analisado, perfazendo mediana de quatro dias, sendo que, em relação aos casos de neoplasia, a espera foi de três dias, significativamente menor que para os demais casos (sete dias), não encontrando na literatura estudos sobre tempo de espera. No Caderno de Atenção Domiciliar, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, está prevista a possibilidade de a demanda ser maior que a capacidade do SAD de absorvê-la, sendo que muitos serviços de Saúde convivem com filas na porta e com a insatisfação dos usuários.22.

O motivo oncológico teve maior prevalência sobre os demais motivos de encaminhamento ao SAD Pelotas. Este achado é compreensível, visto que este é o principal problema de saúde pública no mundo, figurando entre as quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria dos países. O câncer têm tido nos últimos anos incidência e mortalidade crescente, devido ao envelhecimento e crescimento populacional, além da mudança na distribuição e na prevalência dos fatores de risco de câncer, especialmente aqueles associados ao desenvolvimento socioeconômico23. No município de Pelotas, o PIDI tem como objetivo prestar AD aos usuários com diagnóstico de câncer de modo a complementar o ciclo de cuidado integral4. Nesse sentido percebe-se que a demanda de pacientes oncológicos ultrapassa a capacidade das equipes dos PIDI, sendo absorvida pelas equipes do Melhor em Casa. De um modo geral, são pacientes com muitos sintomas da doença e/ou tratamento, podendo ficar mais tempo internados, demandando maior atenção e frequência de visita pelas equipes.

Já dados de um “Melhor em Casa” no Estado de Santa Catarina em 201724. Mostraram que em relação aos diagnósticos dos usuários beneficiários desses programas, havia uma maior prevalência de doenças neurológicas agudas, com possibilidade de melhora do quadro clínico, permitindo assim a alta do usuário do Programa. De acordo com os profissionais deste serviço, isto possibilita uma rotatividade que é necessária neste tipo de tratamento, oportunizando assim que mais pessoas pudessem utilizar.

A mediana do tempo de internação no Programa foi de 37,5 dias. O tempo de permanência nos programas varia de acordo com cada protocolo do município. Em

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Jaraguá do Sul os usuários beneficiários chegam a ficar até 63 dias, enquanto no município de Chapecó e Joinville ficam entre dois e três meses24.

Quanto aos diagnósticos, sequelas de doenças cerebrovasculares e neoplasia maligna foram maioria nos achados. Como primeiro cenário do perfil de saúde da população brasileira, condicionado por diferentes contextos socioambientais, há predominância de doenças cardiovasculares e neoplásicas, considerando a tendência do envelhecimento da população, condições genéticas, de vida e de trabalho, além de, principalmente, exposição a poluentes ambientais25.

Foram analisadas ainda a localização das neoplasias, conforme o CID10, sendo as de maior número as de pulmão e mama. O Instituto Nacional do Câncer divulgou em 2020 a estimativa de que no Brasil, para cada ano do triênio 2020/2022, serão registrados 625 mil novos casos de câncer23.Conforme a publicação, câncer de pele não melanoma, mama, próstata, cólon e reto, além de pulmão e estômago serão os tipos mais incidentes. Tais informações são importantes subsídios para monitorar e avaliar ações, podendo ser utilizada no apoio à implementação de ações de prevenção e controle do câncer23.

Em estudo já mencionado de 20122, observou-se em homens internados no PIDI maior prevalência de câncer de pulmão (24,0%), cabeça e pescoço (13,0%) e intestino (10,0%), enquanto nas mulheres, os locais mais prevalentes foram mama (22,0%), intestino (10,0%) e pulmão (9,0%).

Pesquisa realizada no ano de 2018 verificou que, das principais neoplasias malignas que demandaram cuidado paliativo no atendimento domiciliar em homens, a de próstata foi a mais prevalente, seguida pela neoplasia dos pulmões, e para as mulheres, a mais frequente foi neoplasia maligna de mama, seguida da de encéfalo14. Nosso estudo detectou ainda que a linha de cuidado mais utilizada durante o tratamento na AD foi o cuidado paliativo. Este achado pode ser explicado pelos motivos de internação, nos quais o oncológico é maioria. Os cuidados paliativos são possíveis de serem realizados no domicílio pela equipe de saúde e/ou ainda por um cuidador capacitado5.A Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), instituída pela Portaria N. 874, de 16 de Maio de 201326, tem por objetivo reduzir a mortalidade e a incapacidade causadas por esta doença e ainda a possibilidade de diminuir a incidência de alguns tipos de câncer. O documento inclui a AD como um ponto de atenção importante na prestação dos cuidados paliativos.

Referências

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