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ÍNDICE A definição de Hermenêutica e termos relacionados Por que a Bíblia não pode ser considerada um clássico?

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO

1.1. O sentido profundo do texto 1.2. Minúcias sobre a Bíblia Sagrada 1.3. A questão da autoria

1.4. Ataques contra a Bíblia

1.5. A definição de Hermenêutica e termos relacionados 1.6. Funções da Hermenêutica

2. A BÍBLIA SAGRADA

2.1. Particularidades sobre a Bíblia

2.2. Por que a Bíblia não pode ser considerada um clássico?

2.3. Por que a Bíblia não caiu no esquecimento?

2.4. As consequências da Bíblia 2.5. O poder transformador da Bíblia 2.6. Dois axiomas sobre a Bíblia 3. O ESPÍRITO SANTO E A BÍBLIA

3.1. Restrições acerca da interpretação da Bíblia

3.2. A participação do Espírito Santo na interpretação bíblica 4. O ESTUDO NA INTERPRETAÇÃO

4.1. Questões complementares acerca da leitura da Bíblia 4.2. A Bíblia pode ser entendida?

5. A PRÁTICA DA HERMENÊUTICA 5.1. O Salmo 23

5.2. Os nomes de Deus

6. A TRANSPOSIÇÃO DOS ABISMOS 6.1. Os muitos abismos

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6.3. O abismo geográfico 6.4. Abismo linguístico 6.5. O abismo gramatical

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INTRODUÇÃO

O sentido profundo do texto

E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro;

e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, Assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; E quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus.

Atos 8:30-35

Esses versículos formam uma das histórias mais hermenêuticas da Bíblia Sagrada, de forma que quando começamos a perceber os detalhes e desdobramentos dos termos, entendemos que há muitos cristãos que estão perdidos em suas leituras, tal qual o eunuco..

Numa primeira leitura, o texto pode parecer conter pouco sentido, mal passando de um relato desimportante. Porém observemos alguns pontos sobre a leitura do texto de Isaías:

1. A mera leitura das palavras da página de uma Bíblia não significa necessariamente que o leitor compreenderá seu significado. A hermenêutica vem para suprir esse abismo entre nós e a Bíblia.

2. O episódio do evangelista mostra que uma orientação adequada ajuda as pessoas a interpretarem o que lêem na Bíblia Sagrada. Nesse caso, Filipe age como um hermeneuta para o eunuco.

A pergunta é “compreendes o que vens lendo?” Isso indica a possibilidade de o leitor não estar entendendo, mas também a possibilidade de que entenda.

Quando o tesoureiro pede que ele o explique, reconhece que não consegue interpretar as Escrituras sozinho, necessitando de auxílio. A partir disso, podemos entender que Deus tem dado graça a alguns de seu servos para suprir nossas dúvidas sobre as Escrituras

3. Uma terceira lição que pode ser tirada do texto é esta: é necessário que reconheçamos que precisamos de ajuda para entender texto, pois

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sozinhos não temos condições de aprender e decifrar esse conjunto de histórias.

4. Há ainda um quarto ponto: devemos sempre nos atentar aos seis abismos presentes nos textos da narrativa Bíblica.

I. Abismo cronológico;

II. Abismo geográfico;

III. Abismo cultural;

IV. Abismo linguístico;

V. Abismo literário;

VI. Abismo sobrenatural;

Esses abismos estão posicionados entre nós e a Bíblia Sagrada. Para conhecermos o texto precisamos da hermenêutica que funcionará como a ponte de ligação entre o leitor e um livro escrito há muitos anos atrás, num lugar, cultura e língua estranhas a nós e sob influência divina.

Minúcias sobre a Bíblia Sagrada

O que é a Bíblia? Por que na nossa Bíblia há o termo Bíblia Sagrada? Sagrado deriva do latim “Sacratu”, e refere-se a algo que merece veneração ou respeito religioso. A palavra “bíblia” significa “coleção de pequenos livros”, de forma que o que a torna especial é a palavra “sagrada”.

A origem da Bíblia Sagrada:

A origem da Bíblia está agregada à história de uma planta muito comum na ribeiro do rio Nilo (Egito) chamada papiro (derivada do latim “PAPYRUS”). No Egito, o papiro chegava a crescer até a altura de quatro metros.

Poderá o papiro crescer senão no pântano? Sem água cresce o junco? Mal cresce e, antes de ser colhido, seca-se, mais depressa que qualquer grama.

Jó 8:11,12

O que é Papiro?

É uma matéria prima usada na fabricação do papel. Eles cortavam seu caule e, a partir dele, faziam tiras que virariam folhas de papel. Esse papel tornou-se algo tão especial que a elite do império romano usava-o para seus escritos, portanto tratava-

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● É daí que veio a palavra “Bíblia”, porque essa película (ou folha) tirada do caule do papiro chamava-se “biblos” (palavra grega que significa “livro”).

O plural de “Biblion” em grego é “Biblia”. Bíblia significa, portanto, “os livros” ou

“coleção de livros”.

● Do Egito, o papiro passou para a Síria, Sicília e Palestina, que é a terra onde foi escrita a Bíblia.

A questão da autoria

Sendo Deus seu verdadeiro autor, a Bíblia foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo. Cerca de 40 diferentes autores que representavam 19 diferentes ocupações (pastores, fazendeiros, pescadores, cobradores de impostos, médicos, reis, etc.) que viveram num período de cerca de 1600 anos.

Ataques contra a Bíblia

A Bíblia está traduzida em 2565 idiomas diferentes. Desde 1816 até hoje calcula-se que já foram vendidas mais de 6 bilhões de Bíblias. Foi o primeiro livro a ser impresso por Gutemberg (1440) e até hoje existe uma cópia desta edição nos EUA.

A definição de Hermenêutica e termos relacionados

O que exatamente vem a ser hermenêutica? Em que ela difere da exegese ou da exposição? A palavra hermenêutica é oriunda do grego “hermeneu” e do substantivo

“hermeneia”, palavras associadas à mitologia grega, mais precisamente ao deus Hermes, o mensageiro de pés alados. Hermes tinha a função de transformar o entendimento.

Afirma-se que foi Hermes quem descobriu a linguagem verbal e escrita, tendo sido o deus da literatura e eloquência. Dentre outras coisas, era mensageiro e intérprete dos deuses, principalmente de seu pai, Zeus. Assim, o verbo “hermeneu” passou a significar o ato de levar alguém a compreender algo em seu próprio idioma.

Em nossa língua, o verbo “interpretar” às vezes é empregado com sentido de explicação e, em outras, tradução. Nas 19 vezes em que o termos “hermeneu” ou

“hermeneia” aparece, o sentido quase absoluto é de tradução. Assim, o papel da hermenêutica é pegar um conteúdo do grego ou hebraico e trazê-lo para o português.

Assim sendo, a diferença se dá no seguinte:

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● Hermenêutica: tem a função de apurar o sentido do texto;

● Exegese: tem a função de verificar o sentido do texto;

● Exposição: tem a função de transmitir o texto;

● Homilética: tem a função de transmitir o sentido do texto sob a forma de pregação;

● Pedagogia: tem a função de aplicar o texto sob forma de ensino;

Funções da Hermenêutica

A Hermenêutica é uma ciência e, como tal, enuncia princípios, investiga as leis do pensamento e da linguagem e classifica seus fatos e resultados. Como arte, ensina- nos como esses princípios devem ser aplicados e comprova a validade deles, mostrando o valor prático que tem na elucidação das passagens mais difíceis.

Portanto, a arte da Hermenêutica desenvolve e constitui um método exegético válido.

Em que consiste, então, a exegese e a exposição? A exegese pode ser definida como a verificação do sentido do texto bíblico dentro de seu contexto histórico e literal.

A exposição é a transmissão do significado do texto e de sua aplicabilidade ao ouvinte moderno. Enquanto a exegese é a interpretação propriamente dita da Bíblia Sagrada, a hermenêutica consiste nos princípios pelo quais se verifica o sentido das passagens.

● A primeira função da hermenêutica é compreender o ambiente histórico e cultural do texto;

● A segunda, explicar o real sentido do texto utilizando de todos os recursos linguísticos, históricos, culturais e geográficos substituindo-se de todos os recursos explicativos passíveis;

● A terceira função é transpor os abismos existentes entre o leitor e o texto original;

● A quarta função é auxiliar o leitor a compreender o conteúdo dos escritos;

A Hermenêutica apresenta três etapas:

● Observação

● Interpretação

● Aplicação

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A observação pode ser assemelhada a um cirurgião abrindo uma região do corpo afetada por algum mal. Ao investigar, ele verifica a presença de um tumor, uma hemorragia, um tecido com pigmentação anormal ou talvez algum tipo de obstrução.

A averiguação sucinta algumas perguntas: O que significa isso? Como pode ser explicada essa ocorrência? Que tipo de tumor deve ser esse? Observando o que vemos no texto bíblico, devemos então manejá lo corretamente:

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

2 Timóteo 2:15

Há dois termos a serem analisados aqui: Manejar (orthotomoulta) e Aprovado (dokumo). Dokumo carrega os significado de uma moeda, dessa forma percebemos que o apóstolo Paulo assemelha o pregador a uma moeda que soa legitimamente.

O verbo manejar remete à construção de tendas, onde o corte da pele do animal deve ser perfeito para que haja a costura. Orthotomoulta é a combinação de “reto” (ortho) e “cortar” (tomeo).

Como Paulo fabricava tendas, é possível deduzimos que o apóstolos estivesse empregando um termo relacionado a seu ofício. Quando fazia tendas, Paulo fazia uso de determinados moldes daquela época, de forma que e as tendas eram feitas de retalhos de peles de animais costurados uns aos outros.

Cada pedaço deveria ser cortado de tal forma que se encaixasse bem com as outras peças. Assim podemos perceber que Paulo estava dizendo que se os pedaços não forem bem cortados, o todo ficará desconjuntado. O mesmo ocorre com as Escrituras:

se as diferentes partes não forem interpretadas corretamente, a mensagem como um todo pode resultar em erro.

Quer seja no estudo da Bíblia Sagrada, quer seja na sua interpretação, é dever do cristão ser preciso, minucioso e exato em suas empreitadas. Ao ler a Bíblia, muitos saltam diretamente da observação para a aplicação, passando por cima da etapa essencial da interpretação..

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A BÍBLIA SAGRADA

Particularidades sobre a Bíblia

● Ela tinha tudo para fracassar;

● Sua sobrevivência é espantosa;

● Tem sérios problemas editoriais:

I. Literários: o grego Koiné é inferior ao grego erudito;

II. Pequenas contradições;

III. Frases incorretas;

IV. Histórias bizarras. Ex: não houve uma reunião de pauta, os 40 autores não se encontraram para que cada um soubesse o que iria escrever.

Por que a Bíblia não pode ser considerada um clássico?

Algumas razões:

Porque o escritor do clássico não pode ser do “povão”;

● O clássico tem que ter apelo estético e chamar atenção dos intelectuais;

● Tem que ter histórias que nos prendam (Mt 1 e Lc 3);

● O clássico também não pode ser escrito com gramática pobre ;

Por que a Bíblia não caiu no esquecimento?

● Segundo Voltaire (nascido em 1694 na França) afirmou em 1776, em 100 anos a Bíblia seria apenas uma peça de museu. No entanto, a Bíblia tem transformado países, sociedades e milhões de vidas através da história;

● Em 303 d.C., o imperador Diocleciano mandou queimar cada cópia da Bíblia Sagrada;

● Em 1199, o Papa Inocêncio III proibiu a tradução da Bíblia para a língua francesa e mandou matar que a lesse.

● Em 1564, o Papa Pio IV promulgou a lei que permitia a apenas algumas pessoas - os ricos - a leitura da Bíblia;

● O Papa Clemente VIII proibiu a Bíblia Sagrada;

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● O Rei Ferdinando II mandou queimar aproximadamente dez mil Bíblias na praça da cidade;

● Foi John Wycliffe quem traduziu a Bíblia Sagrada para o inglês. Em 1384, foi condenado por heresia. Mataram-no, enterraram seu corpo e tiraram seus ossos. Em 4 de maio de 1415, pegaram seus restos mortais e queimaram;

● A Bíblia foi proibida em vários países: Irã, Iêmen, Afeganistão, Arábia Saudita, China, Coreia do Norte, Uzbequistão.

● A arqueologia, a história, a filosofia e a ciência confirmaram a Bíblia. Nenhum outro livro inspirou tantos mártires como as Escrituras Sagradas.

As consequências da Bíblia

1. Se não fosse a Bíblia Sagrada, não haveria a Reforma Protestante. O pai desse movimento é Martinho Lutero. Ele publicou as suas 95 teses na porta da igreja em Wittenberg em 31 de outubro de 1597;

2. Se não fosse a Bíblia, tanto a ciência quanto a literatura tomariam um rumo completamente diferente;

3. Sem a Bíblia, Abraham Lincoln não teria libertado os negros em 1863. Ele disse: sem a Bíblia, eu jamais poderia saber o que é certo e o que é errado.

O poder transformador da Bíblia

● Jorge Lytton (1709 a 1773) era um barão nacionalista inglês, escritor e político.

Ele queria provar que a conversão de Paulo era uma novela e, estudando a Bíblia, acabou por se converter, passando a escrever sobre o apóstolo Paulo;

● William Ramsey era um especialista em História Romana. Ele quis investigar a história do apóstolo Paulo e acabou se convertendo no processo;

● Lew Wallace (1872 a 1905) queria redigir um livro para detonar a Bíblia, mas acabou se convertendo, tornando-se autor de Ben-Hur;

● Antony Flew era considerado o maior filósofo do século XX. Decidiu ler a Bíblia Sagrada e se converteu, acabando por escrever o livro “Um ateu garante: Deus existe”;

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Dois axiomas sobre a Bíblia

Um axioma é uma verdade evidente por si mesma. Isto é, é uma afirmação aceita sem que seja necessária a apresentação provas para demonstrar sua validade. Assim sendo, podemos destacar dois axiomas acerca das Sagradas Escrituras:

1. A Bíblia é um livro humano: embora a Bíblia seja uma obra sobrenatural de Deus, é sempre importante nos atentarmos ao fato de que ela também é um livro como qualquer outro.

As Sagradas Escrituras foram escritas em idiomas que permitissem a comunicação de conceitos aos leitores. Assim sendo, os sinais ou símbolos da Bíblia foram nela colocados por meio da ação de escritores humanos com o objetivo de comunicar uma mensagem a alguém.

Essa é, afinal, a finalidade da comunicação por escrito: ajudar os leitores a entenderem determinada coisa, isto é, transmitir uma ideia. A comunicação falada ou escrita sempre contém três elementos:

● Aquele que fala, isto é, que busca transmitir a ideia que tem em mente utilizando-se de símbolos linguísticos compartilhados por ele e seu interlocutor;

● A mensagem, isto é, a ideia do orador ou escritor codificada em forma de texto;

● Os ouvintes, isto é, os receptores da mensagem compartilhada por aquele que fala;

Este axioma apresenta as seguintes características:

● Cada palavra foi registrada em linguagem escrita obedecendo os sentidos gramaticais;

● Todo texto foi escrito para alguém que se encontrava num contexto histórico e geográfico;

● O escrito foi afetado pelo meio cultural em que cada autor o escreveu;

● Cada texto era entendido tendo em mente seu contexto;

● Cada escrito bíblico adquiriu o caráter do estilo literário específico;

2. A Bíblia é um livro divino

Na qualidade de veículo de comunicação, as Sagradas Escrituras são um livro tal como qualquer outro, onde as palavras foram registradas pelas mãos de pessoas com linguagem humana. Dessa forma, o primeiro axioma manda-nos

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No entanto, a Bíblia é também um livro singular, diferente de qualquer outro na história do universo, porque nos foi dado pelo próprio Deus, o que fica evidente por meio de suas próprias reivindicações de inspiração:

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;

2 Timóteo 3:16

Embora Deus tenha usado autores humanos para escrever as Escrituras, as palavras que registraram foram inspiradas por Ele. Assim sendo, inspiração é a obra sobrenatural do Espírito Santo por meio da qual Ele orientou e supervisionou os escritores bíblicos para que o que colocassem no papel fosse a palavra de Deus.

Essa supervisão dos escritos constitui uma ação verbal e completa. É verbal pelo fato de o Espírito Santo ter orientado a escolha das palavras (que não podem ser divorciadas dos pensamentos), e completa porque abrangeu todos as textos da Bíblia. A Bíblia é, portanto, infalível quanto à verdade é definitiva em autoridade.

A palavra grega para inspirado é “Teopneustia” cujo sentido é “soprado por deus”. Devido à sua origem de natureza divina, a versão original da Bíblia Sagrada se vê completamente livre de erros ou inconsistências.

A maneira como o Espírito Santo proporcionou sua inspiração é apresentada em 2 Pedro 1:21:

Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

2 Pedro 1:21

Os escritores registravam as palavra que Deus lhes dava a medida que eram movidos pelo agir do Espírito. Este orientava o que escreviam, como no caso de um veleiro que é conduzido com o vento. Pelo meio da inspiração, eles relataram por escrito as verdades que Deus revelou sobre Si mesmo aos autores.

O segundo axioma revela-nos, portanto, que:

● Pelo fato de ser um livro divino a Bíblia é inerrante;

● Sendo um texto de autoria divina, é fonte inesgotável de sabedoria;

● Na condição de literatura inspirada, apresenta total e perfeita unidade e coesão;

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● Por ser divina, a Bíblia Sagrada apresenta muitos mistérios.

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O ESPÍRITO SANTO E A BÍBLIA

Restrições acerca da interpretação da Bíblia

Todo aquele que não for regenerado não pode compreender totalmente o significado da Bíblia Sagrada, ou seja, quem não é salvo está cego espiritualmente para os mistérios revelados nas Escrituras.

Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.

2 Coríntios 4:4

Um dos primeiros obstáculos para a correta interpretação da Bíblia Sagrada é a regeneração. Um homem comum não tem esperanças de compreender o texto em seus sentidos mais profundos.

Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura;

e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

1 Coríntios 2:14

Evidentemente, isto não significa dizer que quem não é salvo não tem condições intelectuais de entender o que as o texto das Escrituras dizem. Antes, significa afirmar que tal indivíduo não possui a capacidade espiritual de receber e assimilar as verdades espirituais encontradas na Bíblia.

Martinho Lutero certa vez disse que os regenerados podem entender a gramática de João 3:16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, mas eles não agem em decorrência dos atos ali descritos.

É nesse sentido que são incapazes de conhecer as coisas do Espírito de Deus. Quem não é salvo não acolhe as verdades das Escrituras porque elas atingem em cheio a natureza pecaminosa.

A hermenêutica de 1 Coríntios 2:14 revela-nos que o verbo traduzido como “aceitar”

é “dechomai”, que significa “acolher”. Isso quer dizer que uma pessoa em quem o Espírito Santo não habita pode entender mentalmente o que a Bíblia diz, mas rejeita a mensagem e se recusa a assimilá-la. O termo é o mesmo usado nos seguintes versículos:

Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.

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E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo. De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na macedônia e Acaia.

1 Tessalonicenses 1:6,7

O primeiro obstáculo entre o leitor e o texto é que a natureza pecaminosa não consegue assimilar a verdade por estar num nível muito inferior a ela.

A passagem de 1 Co 2:14 também afirma que o irregenerado não entende as coisas espirituais. O verbo “compreender” não implica intelecto, mas sim a experiência de vida. O que não é salvo não é capaz de experimentar a palavra de Deus porque não acolhe suas verdades, pois apenas os regenerados possuem esse poder

É preciso mais que a regeneração, entretanto. Reverência e interesse por Deus também são fundamentais para a correta interpretação das Sagradas Escrituras. Uma atitude de apatia ou de arrogância em relação à Bíblia não colabora para o entendimento correto da verdade de Deus. As Escrituras são chamadas de Santas, devendo ser tratadas como tal..

Outros requisitos são o espírito de oração e humildade. O intérprete precisa sempre reconhecer que, ao longo dos séculos, outras leitores da Bíblia lutaram para compreender o sentido de muitas das mesmas passagens Bíblicas com as quais agora ele se depara, e por isso talvez tenham adquirido alto conhecimento sobre esses textos das escrituras.

Da mesma forma, nenhum intérprete é infalível, portanto ele precisa sempre estar disposto a admitir a possibilidade de sua interpretação de determinada passagem não estar certa.

Ao ler as escrituras, deve haver também a disposição de obedecê-las, e colocar em prática o que foi dito na Palavra de Deus. Quando uma pessoa verifica como o Senhor atuou na vida dos personagens bíblicos e compreende os preceitos das instruções bíblicas para a vida de cada um, ela deve se dispor a seguir tais exemplos e orientações. A não reverência pela palavra revela orgulho, relutância e falta de oração: empecilhos para o entendimento do que a Bíblia diz.

O intérprete também precisa depender do Espírito Santo, pois o Espírito bendito não é apenas o autor legítimo da palavra escrita, mas também seu expositor supremo e autêntico.

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A participação do Espírito Santo na interpretação bíblica

1. Sua participação não significa que as interpretações de alguém serão infalíveis. Inerrância, infalibilidade, essas são características dos manuscritos originais, não seus intérpretes.

2. A obra do Espírito Santo na interpretação não quer dizer que ele desvende para alguns intérpretes um sentido oculto diferente do sentido literal da passagem.

3. Como já dissemos, o cristão que esteja vivendo em pecado é suscetível de interpretar erroneamente a Bíblia, pois seu coração e mente não estão em harmonia com o Espírito Santo.

4. O Espírito Santo guia-nos a toda a verdade (Jo 16:13), o verbo “guiar” significa ir à frente ou conduzir ao longo de um caminho ou estrada. Jesus prometeu aos discípulos que o Espírito Haveria de esclarecer e expandir o que ele os havia dado.

Depois da ascensão de Cristo, o Espírito Santo desceu no Pentecostes para habitar nos fiéis e os discípulos entenderam então as passagens de Jesus com relação à si próprio, sua morte e ressurreição.

Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.

João 16:13

5. O papel do Espírito Santo na hermenêutica bíblica significa que ele não costuma conceder vislumbres intuitivos e repentinos sobre o sentido dos textos bíblicos. Muitas passagens podem ser entendidas à primeira vista, já o sentido de outras só é esclarecido gradualmente, depois de um estudo cuidadoso.

6. A participação do Espírito Santo na hermenêutica não pressupõe uma atuação misteriosa que não se pode explicar nem averiguar. O papel do Espírito Santo na interpretação indica que a Bíblia foi dada para que todos os crentes entendessem. Sua interpretação não pertence a uma elite minoritária de eruditos.

7. Entretanto, essas exigências espirituais não garantem automaticamente que qualquer interpretação da bíblia esteja correta. Estamos falando de pré- requisitos, não garantias.

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O ESTUDO NA INTERPRETAÇÃO

Questões complementares acerca da leitura da Bíblia

Além das questões espirituais, existem outros pontos que facilitam a leitura e o estudo da Bíblia. A vontade de estudar é fundamental. Pode-se incluir aí, entre outras coisas, o conhecimento dos textos bíblicos, da história da bíblia e da teologia.

As questões de ordem prática não podem ser resolvidas exclusivamente por meios espirituais: não se pode orar a Deus pedindo por informações sobre a autoria de Hebreus, por exemplo, e esperar que uma resposta clara venha do céu.

Semelhantemente, não cabe ao estudioso das Sagradas Escrituras dobrar seus joelhos em oração em busca de respostas especiais sobre outras questões elementares sobre a Bíblia e esperar por uma revelação exclusiva.

O estudante a Bíblia precisa aproximar-se das escrituras com equilíbrio e bom senso, procurando ser o mais objetivo possível, sem opiniões preconcebidas. Tudo isso quer dizer que a média dos leigos não tem condições de entender a Bíblia, precisando cursar uma escola bíblica ou um seminário para poder interpretar as Escrituras corretamente.

Evidentemente, isso não implica que as páginas da Bíblia Sejam restritas a uma minoria: o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus e é um ser racional, emotivo e volitivo. Ele possui a capacidade intelectual de compreender as Escrituras como revelação de Deus escrita nas línguas humanas.

Por outro lado, não podemos eliminar a necessidade de professores. Certas pessoas receberam o dom de ensinar, a exemplo dos quase 3.000 discípulos que receberam a salvação no dia do pentecostes e perseveravam na doutrina dos apóstolos.

Pedro e João entravam no templo e ensinavam, e continuaram a ensinar o povo todos os dias. Barnabé e Saulo ensinavam a numerosa multidão em Antioquia. Paulo permaneceu em Corinto por um ano e meio ensinando, e também o fez em Éfeso, publicamente e de casa em casa, foi acusado de ensinar todos em toda a parte, até mesmo quando estava preso em Roma.

Se cada crente fosse capaz de entender completamente as escrituras por conta própria, então por que os apóstolos estavam tão envolvidos na tarefa de ensinar os crentes? Além disso, por que o dom do ensino é dado a certas pessoas na igreja até os dias de hoje?

Esse ensinamento pode ser transmitido pessoalmente ou mediante instruções escritas nos comentários. A atitude de manter-se aberto para receber a direção do Espírito Santo por meio de outros pode ajudar o estudante da Bíblia a evitar alguns perigos já mencionados.

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A Bíblia pode ser entendida?

Os estudiosos da Bíblia referem-se às vezes à clareza das Escrituras, mas se a Bíblia é realmente clara, por que necessitamos de regras ou princípios de interpretação?

Por que um cristão que vá ler a Bíblia precisaria da ajuda de mestres ou de escritos como os comentários conforme acabamos de discutir?

Certas pessoas respondem que é impossível entender as Escrituras, elas se propõem a ler uma passagem bíblica decididas a desvendar seu significado, mas acabam descobrindo que este lhes foge ao alcance. Para elas, a Bíblia parece ser tudo menos cara.

Se as Escrituras são claras, pra que discutir a interpretação? Realmente há certas passagens da Bíblia que são difíceis de compreender. Acontece, entretanto, que sua mensagem é básica e suficientemente simples para que qualquer indivíduo possa compreender.

As Escrituras em si não são obscuras, e os ensinamento bíblicos não estão fora do alcance de uma pessoa comum, como já afirmamos. Da mesma forma, a Bíblia também não foi escrita para ser um quebra-cabeças, um livro de segredos e enigmas concebido de forma confusa e incompreensível.

O fato de a Bíblia ser um livro é sinal de que foi feita para ser entendida. Na qualidade de revelação escrita de Deus, ela revela-nos Seu caráter, planos e regras. Os autores humanos cujos escritos foram guiados pela inspiração do Espírito Santo pretendiam ser compreendidos, não fazendo uso de enigmas obscurantistas.

Como disse certa vez Martinho Lutero: o sacerdócio de todos os crentes significa que a Bíblia é acessível e pode ser entendida por todos os cristãos. Essa afirmação contrapunha-se à pretensa obscuridade da Bíblia sustentada pela igreja católica romana, que afirmava que somente a igreja poderia desvendar os significados das Sagradas Escrituras.

Mesmo assim, existem problemas de comunicação entre o escritor original e o leitor.

O que para o autor era nítido pode não ficar muito claro para o leitor imediato. Daí a necessidade de interpretação para remover os obstáculos à comunicação e ao entendimento. A exegese e a interpretação são, portanto, necessárias para ajudar a expor as clarezas que as Escrituras possuem em si mesmas.

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A PRÁTICA DA HERMENÊUTICA

O Salmo 23

O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.

Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Salmo 23

Há quem compreenda imediatamente o significado do texto, mas para aqueles que dedicam seu tempo esforçando-se para estudar as escrituras, novas camadas de entendimento se fazem manifestas.

Há leitores que encontrarão dificuldades na interpretação dessa passagem, é aí que se precisa entrar no estudo cuidadoso.

O termo “meu” em “O SENHOR é meu pastor”, por exemplo, funciona como pronome possessivo. O texto não afirma, entretanto, que Deus seja propriedade do salmista, uma vez que o radical hebraico carrega o significado de comunhão.

Os nomes de Deus

No Salmo 23, Davi fala sobre os vários nomes de Deus. No Velho Testamento, Deus se apresenta com uma miríade de nomes:

“O SENHOR é meu pastor” apresenta “Jeová-Raah”

“Nada me faltará” e “preparas uma mesa” é “Jeová-Nissi”, o Senhor que provê;

“Deitar-me faz em verdes pastos…” implica “Jeová-Shalom”, O Senhor é minha paz;

“Refrigera minha alma”, “Jeová-Rapha”, o Senhor que cura;

“não temeria mal algum, porque tu estás comigo” é “Jeová-Shammah”

Primeiro o autor fala de Deus, depois passa a dar algumas características das

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tranquilas e o vale da sombra da morte. A ovelha também não enxerga muito bem, de forma que deve ser guiada por seu pastor.

A observação desses fatores torna a leitura muito mais rica, demonstrando a importância da quinta observação acerca da participação do Espírito Santo na correta interpretação das Sagradas Escrituras:

“Muitas passagens podem ser entendidas à primeira vista, já o sentido de outras só é esclarecido gradualmente, depois de um estudo cuidadoso.”

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A TRANSPOSIÇÃO DOS ABISMOS

Os muitos abismos

A Bíblia está muito distante de nós, não sendo escrita na cultura, idioma, circunstância e geografia em que vivemos. Existe, portanto, um enorme abismo posicionado entre os leitores do século XXI e as Sagradas Escrituras. Para que eu possa aproximar-me da Bíblia, preciso transpor esses abismos com o auxílio da Hermenêutica.

O abismo cultural

Cultura é definida como o conjunto dos moldes de comportamento, crenças, instituições e valores espirituais e materiais característicos de determinada sociedade, de forma que a cultura envolve o que as pessoas pensam, crêem, fazem e produzem.

Estamos falando de suas crenças, formas de comunicação, costumes, hábitos e elementos materiais como ferramentas, habitações, armas, etc. A cultura de um indivíduo abrange vários níveis de relacionamento e influências: suas relações com outras pessoas e grupos, a função que exerce na família, classe social, nação e governo ao qual está sujeito, sua religião, preferências políticas, operações militares de seu Estado, suas leis, a arquitetura, agricultura, comércio, economia, geografia, literatura, etc…

Quando abrimos as escrituras, é como se estivéssemos entrando num país estranho.

Da mesma forma como ficamos confusos com a maneira de agir das pessoas de outros países, podemos ficar confusos com o que lemos na Bíblia. Assim, é importante conhecermos os personagens bíblicos, o que pensavam, no que acreditavam, o que diziam, faziam e produziam...

À medida em que procedemos assim, temos mais condições de compreender e transmitir essas informações com maior grau de exatidão. Se não nos atentarmos a essas questões culturais, podemos ser acusados de projetar na Bíblia nossos conceitos ocidentais no mundo oriental.

Transpor o aspecto cultural permite-nos conhecer o sentido literal e socialmente designado da palavra, expressão ou hábito. A expressão literal fica aleijada sem o estudo das culturas, como acontece com a história bíblica, as questões culturais não são pormenores.

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Política Religião Economia Daniel 5:7,16

Filipenses 3:20 Jonas 1 Rute 4:1

Êxodo 23:19 1 Reis 19 Colossenses 2:3

1 Coríntios 8

Jó 22:6 Rute 4:8,17

Leis Agricultura Vestimenta

2 Reis 2:9 Colossenses 1:15,

1 Samuel 12:17 Salmos 1:4

Amós 4:1 Jó 39:1 Lucas 13:32 Marcos 11:12-14

Provérbios 6:27 Jó 38:3

O abismo geográfico

Semelhantemente ao caso do abismo cultural, a Bíblia Sagrada foi escrita em condições geográficas que muito diferem das nossas. Através do estudo, entretanto, és possível que realizemos a leitura das Escrituras como uma forma de adentrar um mundo desconhecido, passando a compreender seus mistérios.

Vida Doméstica Geografia

Oséias 7:1 João 13:23 Tiago 5:14 Mateus 6:17

Lucas 7:46

João 4:4 1 Samuel 23:29

Lucas 10:30

Há certos princípios a serem observados para se descobrir o real significado dos costumes bíblicos. Às vezes fica difícil saber se devemos seguir ou continuar discutindo quando abordamos questões de costumes culturais, para tomar essa decisão, devemos nos atentar a esses pontos:

● Veja se o costume naquela cultura tem um significado diferente em nossa cultura;

● Se o costume tem significado diferente para nós, descubra o princípio permanente que o norteia;

● Verifique se esse princípio pode ser expressado num equivalente cultural;

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Abismo linguístico

Nossa Bíblias não foram originalmente escritas em nosso idioma. Isso é um fato.

Tanto a grafia hebraica quanto a grega são distintas. Os textos bíblicos foram escritos em hebraico, grego e algumas porções em aramaico.

Além de possuir diversos vocábulos derivados de outros idiomas do ramo semita, quando os hagiógrafos se comunicavam, faziam tanto pela palavra falada quanto pela escrita. Para que suas mensagens fossem entendidas em sua completude, precisar pelo menos coordenar sua fala e escrita de acordo com a gramática vigente.

Por sua vez, essa gramática é a língua pela qual as escrituras foram produzidas.

Como tal, possui sintaxe, morfologia, fonemas e estruturas diferentes da nossa, de forma que é quase impossível àqueles que não possuem conhecimento das línguas originais entender as escrituras em seu idioma de origem.

O Hebraico

O termo “hebraico” deriva-se do patriarca Heber, contemporâneo de Sem. Foi de Héber que o povo oriundo de Abraão recebeu o nome de Hebreus. O alfabeto hebraico é constituído de 22 letras consoantes, seu formato é quadrático e lê-se de trás para frente. Dentro do hebraico não há letras maiúsculas e minúsculas.

O Aramaico

O aramaico é uma língua dotada de semelhanças do hebraico. Possui o mesmo alfabeto do hebraico, diferindo nos sons e, do mesmo modo que o hebraico, não possui vogais. Geralmente as partes escritas em aramaico são mensagens de gentios a judeus, ou de gentios a gentios, jamais de judeus a judeus. São trechos significativos pronunciados nesse idioma do antigo testamento.

O Grego

O grego é a terceira língua que compõe as Escrituras Sagradas. O novo testamento foi escrito na língua grega. A única exceção foi o evangelho de Mateus, escrito em aramaico, mas que, por sua vez, foi traduzido para o grego Koiné.

O alfabeto grego consta de 24 letras, sendo a primeira Alfa e última, Omega.

O grego das escrituras neotestamentárias é denominado grego Koiné, uma variação falada por qualquer pessoa. Tornou-se uma língua universal principalmente depois das conquistas de Alexandre Magno no ano 330 a.C.

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Todo estudante deve sempre ter em mente que o Novo Testamento é escrito em grego, mas com mentalidade semita ou hebraica. Não basta apenas conhecer a língua para compreender o Novo Testamento, é também necessária empatia com a cultura hebraica.

O Antigo Testamento foi traduzido do hebraico para o grego Koiné em Alexandria no ano 280 a.C. por um grupo de eruditos judeus helênicos. Essa tradução foi reconhecida como a septuaginta.

Ela permitiu que a língua grega absorvesse a cultura hebraica enquanto essa assimilava a riqueza de vocabulário e a universalidade do idioma grego. Essa união sempre esteve em busca do enlace ou do divórcio, esta é a razão de muitos intérpretes procurarem explicar diversos texto bíblicos usando a cultura hebraica apesar de o texto estar no grego.

O Koiné foi tão universalmente difundido que Paulo escreve à igreja em Roma não em latim, mas em grego. O grego usado por Lucas e pelo autor de Hebreus é o mais literário, enquanto o de Apocalipse, o mais comum.

Toda a Bíblia foi escrita nessa três línguas por cerca de 40 escritores, muitos dos quais sendo responsáveis por escrever mais de um livro. Os autores possuíam as mais variadas funções possíveis, desde príncipes até pessoas simples como boiadeiros ou pescadores. Todos esses escritores, bem como a cultura de seu tempo, deixaram impressões nas Sagradas Escrituras

O abismo gramatical

Vários fatores destacam a importância de atentar para a gramática bíblica:

1. A natureza da inspiração: Se cremos que a Bíblia foi verbalmente inspirada como esclarecido em outros tópicos, então acreditamos que cada palavra nela contida é importante. Talvez nem todas as palavras e frases tenham a mesma importância, mas todas elas tem uma finalidade. Do contrário, por que Deus as teria incluído?

A interpretação gramatical é o único método que respeita integralmente a inspiração verbal das Escrituras. Se uma pessoa não acredita que a Bíblia foi verbalmente inspirada, seria uma contradição, e no mínimo estranho, se ela se preocupasse com os aspectos gramaticais.

2. O objetivo da exegese: o objetivo da exegese bíblica é descobrir o que o texto diz e quer dizer. E não atribuir-lhe outro sentido. João Calvino sempre dizia que a primeira preocupação do intérprete é permitir que o autor diga o que ele realmente disse em vez de lhe impor o que acha que ele deveria dizer.

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Os pensamentos são expressados por meio de palavras, que são os elementos que constituem as frases. Assim sendo, para descobrir os pensamentos de Deus, precisamos estudar Suas palavras e como elas são combinadas nas frases. Se negligenciarmos o significado das palavras e a maneira como são empregadas, não teremos como saber quais interpretações são corretas.

A afirmação de que é possível atribuir à Bíblia o sentido que se deseja só é verdadeira quando se despreza a interpretação gramatical.

3. O problema da comunicação: já se constatou que um cidadão comum usa aproximadamente 30.000 palavras por dia em conversas normais. Quanto mais uma pessoa falar, mais será a probabilidade e ser mal-interpretada.

Um orador ou escritor pode ser mal interpretado se os ouvintes ou leitores não souberem exatamente o que ele quis dizer com determinada palavra ou frase, por exemplo.

Às vezes numa conversa uma pessoa diz para a outra “pensei que estavas querendo dizer isso”. Dessa forma, fica mais fácil comunicar o que se quer dizer acrescentando outras palavras.

Nossa meta de estudo da hermenêutica é descobrir com a maior exatidão possível o que Deus quis dizer com cada uma das palavra e frases que colocou nas Escrituras.

Para muitos leitores, o problema agrava-se pelo fato de a Bíblia ter sido escrita em outras línguas. Como então conhecer exatamente o significado dos textos sem saber o hebraico, aramaico e grego?

Suponhamos que você abra uma Bíblia em alemão e tente ler. Se você não souber a língua e quiser conhecer o sentido das palavras, poderá empregar uma das seguintes opções: aprender a língua ou pedir que outra pessoa que saiba alemão traduza.

O mesmo acontece com a interpretação bíblica. Nosso objetivo é chegar o mais perto possível do sentido original, para tanto, precisamos aprender as suas línguas originais ou, se não for possível, recorrer a quem as conheça.

Não queremos dizer com isso que uma pessoa não pode conhecer, estimar e ensinar a Bíblia sem conhecer aquelas línguas. Deus já usou muitos expositores capazes que não sabiam hebraico, aramaico ou grego para pregar e ensinar. Da mesma forma, a vida espiritual de muitas pessoas que não conheciam as línguas originais já foi grandemente abençoada ao estudarem uma tradução da Bíblia em sua língua.

A questão, entretanto, é hermenêutica e consiste em ser possível alcançar uma precisão maior quando se conhece as línguas bíblicas. Como se descobre o sentido das palavras? Há quatro fatores que determinam o sentido das palavras:

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1. Examinar a etimologia das palavras. Etimologia diz respeito à origem e evolução das palavras. Os alvos dela são recuperar o sentido da palavra em questão e descobrir como ela evoluiu;

2. Descobrir o emprego das palavras. Como já dissemos, normalmente a etimologia de um termo não ajuda a esclarecer seu significado, portanto precisamos descobrir como o autor costuma empregá-lo.

A maneira como ele a empregou em seu contexto quase sempre ajuda a esclarecer o sentido. Isso tem uma importância especial quando certa palavra abrange sentidos diferentes dependendo de como é empregada.

3. Descobrir os significados das palavras semelhantes. Perceber a diferença entre uma palavra e seus sinônimos pode ajudar a reduzir o número de significados possíveis.

É importante não atribuir a determinada palavra o sentido de seus sinônimos, mas sim procurar descobrir como as palavras apresentam variações de sentido. Ás vezes essas variações não são claras, pois os sinônimos podem ter sido praticamente idênticos.

4. Examinar o texto. O exame do contexto é extremamente importante por três razões:

4.1. As palavras, locuções e frases podem assumir sentidos múltiplos, e o estudo de seu emprego em determinado contexto pode auxiliar-nos a distinguir qual dentre os vários sentidos é o mais provável;

4.2. Os pensamento normalmente são expressos por uma sequência de palavras ou frases, de forma que o sentido de qualquer termo específico é quase sempre determinado pelos elementos que o precedem e sucedem;

4.3. Desconsiderar o contexto normalmente acarreta em interpretações falsas. A interpretação bíblica deve sempre levar em conta os vários tipos de contextos.

Referências

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