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Determinação de Passivos Ambientais na Microbacia de Mato Escuro - Município de Palmeira- SC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Determinação de Passivos Ambientais na Microbacia de Mato Escuro -

Município de Palmeira- SC

Aaron Ferreira de Oliveira

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de graduação em Agronomia, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Prof. Dr. Paulo Cesar Poliseli. Co-orientador: Geógrafo Valci Francisco Vieira.

Florianópolis – SC Novembro/2015

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Aaron Ferreira de Oliveira

Determinação de Passivos Ambientais na Microbacia de Mato Escuro -

Município de Palmeira- SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de graduação em Agronomia, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: prof. Dr. Paulo Cesar Poliseli Co-orientador: Geógrafo Valci Francisco Vieira

Florianópolis – SC Novembro/2015

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Sumário 1. Introdução ...5 2. Material e Métodos ...6 3. Resultados e Discussões ...9 4. Conclusões ... 13 5. Referências Bibliográficas... 14

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Determinação de Passivos Ambientais na Microbacia de Mato escuro - Município de Palmeira- SC

Aaron Ferreira de Oliveira (1), Paulo Cesar Poliseli (2) *, Valci Francisco Vieira (3) (1)

Acadêmico do Curso de Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal de Santa Catarina, Rod. Admar Gonzaga, 1346, Bairro Itacorubi, Caixa postal 476, CEP 88034-000, Florianópolis, SC, Brasil.

(2) *

Professor Adjunto IV do Depto de Engenharia Rural, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina. Rod. Admar Gonzaga, 1346, Bairro Itacorubi, Caixa postal 476, CEP 88034-000, Florianópolis, SC, Brasil.

(3)

Analista de Pesquisa e Extensão Rural do Epagri/Ciram, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Diretoria Executiva, Ciram Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia. , Rodovia Admar Gonzaga, Itacorubi, 88034901 - Florianópolis, SC - Brasil - Caixa-postal: 502 Telefone: (48) 3665-5187.

*

Autor correspondente – e-mail: paulo.poliseli@ufsc.br

Resumo

Esse trabalho teve como objetivo confrontar o uso da terra com a legislação vigente do código florestal, visando identificar passivos ambientais na microbacia Mato-Escuro, localizada no município de Palmeira em Santa Catarina. Foi utilizada a base cartográfica oriunda do trabalho de Chanin et al (2005), com ênfase para os mapas do uso da terra e da hidrografia. Para a geração do modelo digital do terreno (MDT) se utilizou os dados proveniente do projeto SRTM (Shuttle Radar Topograph Mission), com resolução espacial de 30 m, processados em softwares de Sistema de Informação Geográfica (SIG). A partir da base cartográfica, foi gerado o mapa temático das Áreas de Preservação Permanente (APP), à luz do novo Código Florestal Brasileiro, o qual foi confrontando com o mapa do uso da terra, para então gerar o mapeamento e quantificação dos passivos ambientais. Os resultados indicaram que, para a área estudada, não há APP por topo de morro, nem por declividade maior que 45º. Dos 4.726 ha (área total da microbacia), 16,5% estão em APP pelo critério relacionado à hidrografia e, destes, 56% são passivos ambientais. Em relação às nascentes, 60% delas deverão ser recuperadas, por estarem comprometidas por passivos ambientais, fundamentalmente pela ausência de cobertura florestal.

Palavras-chave: Código Florestal Brasileiro, passivos ambientais, geoprocessamento.

Determination of Environmental Liabilities in the Mato Escuro Micro-Basin in the Municipal District of Palmeira- SC

Abstract

This study aimed to compare land use with current legislation of the forest code, to identify environmental liabilities in Mato-Escuro basin, located in municipal district of Palmeira, Santa Catarina. It used the base map derived from the work of Chanin et al (2005), with emphasis on the maps of land use and hydrography. For the generation of digital elevation model (DEM) is used the data from the project SRTM (Shuttle Radar Mission Topograph), with spatial resolution of 30m, processed in Geographic Information System (GIS)

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5 software's. From the base map was generated thematic map of the Permanent Preservation Areas (PPA), under the new Brazilian Forest Code, which was confronted with the map of land use, and then generate the mapping and quantification of environmental liabilities. The results indicated that, for the studied area, there APP by hill top, even for slope greater than 45º. Of the 4,726 (total area of the watershed), 16.5% are in APP by criteria related to hydrography and of these, 56% are environmental liabilities. With regard the headwaters, 60% of them should be recovered because they are compromised by environmental liabilities, mainly due to lack of forest cover.

Keywords: Brazilian forest code, environmental liabilities, geoprocessing. 1. Introdução

A região do Planalto Sul de Santa Catarina, também conhecida como Campos de Altitude Catarinense, tem grande importância cultural e econômica. Sob o ponto de vista da história de ocupação da região, destaca-se o movimento dos tropeiros, que levavam gado do Sul do Brasil, para ser comercializado em São Paulo, levando a criação de várias cidades da região. Atualmente a região possui o maior rebanho de gado para corte do estado, tendo a pecuária como uma das principais atividades econômicas. Cerca de 70% deste território está acima de 900 m de altitude, chegando a 1800 m, onde estão as maiores altitudes do estado (NUNES, 2011).

O município de Palmeira possui 28.929.700ha, sendo 6.820ha de propriedades com atividade agropecuária, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,671 e a população residente é 2.373 pessoas (IBGE, 2010). Segundo IBGE (2013) para as culturas vegetais se destaca o milho, que é cultivado em 500 ha, rendendo R$ 1.200.000. Já dos cultivos animais segundo IBGE (2014), o rebanho principal é de bovinos com 10.195 cabeças, e dos produto derivados de animais, leite e mel (IBGE, 2014).

Segundo Chanin et al (2005), a Microbacia de Mato Escuro, localizada no município de Palmeira, foi umas das sete microbacias piloto do Projeto PRAPEM/Microbacias 2, por ser representativa do planalto lageano em caráter de solo, clima, cultivos, entre outros. O Programa de Recuperação Ambiental e de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (PRAPEM), nasceu para complementar o Microbacias 2, devido ao reducionismo do primeiro projeto, assim o PRAPEM tinha como objetivo diminuir a pobreza no meio rural (SIMON, 2003).

A primeira vista uma APP pode parecer apenas como um fator inviabilizador de áreas hoje exploradas pela agricultura familiar, diminuindo o potencial de terras produtivas do território. Porém seus benefícios compensam qualquer possível desvantagem. Skorupa

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vento nas áreas de cultivo; impedimento da compactação do solo em torno das nascentes, possibilitando drenagem de água para o lençol freático, além de servir como filtro de partículas de solos e substâncias tóxicas; abrigo para predadores, parasitas e parasitoides de pragas; abrigo para polinizadores; abrigo para os demais animais terrestres e animais aquáticos; corredor ecológico.

No Brasil a definição de APP é dada pelo Código Florestal,- Lei Nº 12.651, de 25 de Maio de 2012 onde, em capítulo I, artigo 3º, inciso II, especifica:

II – Área de Preservação Permanente – APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Nesta lei, também são fornecidos os parâmetros para a delimitação de uma APP, conforme seu capítulo II, que foram utilizados como referência para esse trabalho.

Quando se encontra uma área que deveria ser APP e seu uso atual não corresponde, caracteriza-se conflito de uso e um passivo ambiental, e está sujeito às implicações legais. Porém é possível a remediação antes de qualquer processo legal, para tanto é preciso identificar tais passivos. Podendo ser feito in situ, o que tornaria o processo oneroso e demorado, ou ex situ, tornando-se mais simples, através de dados de sensoriamento remoto, seja por sobrevoo ou por satélite, que indicam o uso atual. Devendo serem confrontados com mapas temáticos, gerados em ambiente de Sistema de Informação Geográfica, assim permitindo a interpretação dos passivos ambientais. Contudo deve-se atentar à escala das imagens e dos mapas, para não induzir a uma interpretação errônea, como foi apontado por Victoria (2014).

O geoprocessamento segundo Calijuri (1993) é definido como: “o resultado da integração de tecnologias de tecnologias de informática, mapeamento e sensoriamento remoto”. Onde primeiramente se monta o banco de dados geográficos obtidos através do sensoriamento remoto, entre outros, para serem trabalhados no SIG.

Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi confrontar o uso atual da terra com a legislação vigente, visando identificar passivos ambientais na microbacia Mato-Escuro no Planalto Sul de Santa Catarina.

2. Material e Métodos

O estudo foi desenvolvido na microbacia de Mato-Escuro, localizada no município de Palmeira, SC (figura 1). Localizada no retângulo envolvente com as

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7 seguintes coordenadas, no sistema de projeção Universal Transverso de Mercator - UTM, DATUM WGS 84: E1=584.000 m.; N1=6.940.000 m.; E2=596.000 m.; N2=6.956.000 m. A escolha desta área se deu devido à existência de material cartográfico temático com ênfase para os mapas do uso da terra e da hidrografia, oriundo do trabalho de Chanin, et al (2005), onde agregou-se um aspecto não abordado, qual seja, os conflitos de uso em relação à legislação ambiental.

Figura 1: Localização da Microbacia de Mato-Escuro em vermelho, no município de

Palmeira/SC, em verde.

Fonte: autor. Figura meramente ilustrativa, sem escala definida.

Este material cartográfico temático foi obtido em formato digital, dispensando pré-tratamento, como georreferenciamento das imagens, apenas foram reprojetados do DATUM SAD-69 para o DATUM SIRGAS-2000, atual referencial geocêntrico para a América do Sul. Os dados cartográficos foram processados nos softwares QUANTUM GIS, também conhecido como QGIS, na versão 2.8.3, e no software ArcGIS 10.2.

Iniciou-se a formação do banco de dados com a importação do Modelo Digital do Terreno (MDT) dos dados produzidos pela Shuttle Radar Topograph Mission – SRTM (NASA, 2015), referente ao projeto conjunto entre a agência americana (NASA) e a agência de inteligência geoespacial (NGA), entre várias fontes, estão também disponíveis em EPAGRI (2015). Foram utilizados os dados com resolução espacial de 30 metros.

Com o Modelo Digital do Terreno (MDT) do SRTM, foram gerados três mapas temáticos, o primeiro de declividade em formato matricial ou “raster”, sendo reclassificados em duas categorias, utilizando a ferramenta “plug-in Slice”¹ no software QUANTUM GIS 2.8.3, quais sejam: a) uma abaixo de 25 graus de declividade e; b) outra acima de 25 graus. A ferramenta “Slice” reclassifica uma camada matricial por classes pré-estabelecidas, fazendo que todos os píxeis pertencentes a uma das classes, assumem o

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valor desta classe, em seguida estas classes são transformadas em polígonos em uma nova camada. Para a elaboração do segundo mapa, partiu-se da altitude máxima e mínima para calcular o terço superior, nesse caso reclassificado em duas classes, uma para altitudes equivalentes ao terço superior e outra para inferior. Assim, as APP’s do primeiro e do segundo mapa, acima de 25 graus e do terço superior, respectivamente, foram interseccionadas para formar o mapa de APP em topo de morro. Também foi feito um mapa temático para altitudes maiores que 1800 metros, utilizando a função “Slice” diretamente no MDT, produzindo duas classes, acima de 1800 metros configurando APP e abaixo de 1800 metros.

Também foi utilizado o mapa de declividade para classificar áreas acima e abaixo de 45 graus de declividade, o que permite separar as áreas de preservação permanente que tenham mais do que 100% de declividade.

Para estabelecer a APP de rios, açudes e nascentes, foi adotado o critério mais geral do Código Florestal Brasileiro, devido à escala do trabalho, não permitindo analises em nível de propriedades e agricultura familiar, logo foi desconsiderado as regras e exceções pertinentes. No caso do rio Canoas, por toda sua extensão dentro da bacia, foi constatado que possui, em média, 40 metros de largura, desta forma, utilizando o software ArcGIS 10.2, foi criado um mapa de distâncias, também conhecido como “buffer”, referindo-se a uma faixa de 50 metros no entorno do curso do rio. Para os demais cursos d’água foi utilizado uma faixa de 30 m. Para as APP's localizadas no entorno das nascentes, foi gerado um buffer de 50 metros. No caso dos açudes maiores que um hectare, foi utilizado 50 metros. Com a união destes “buffers”, obteve-se a APP de hidrografia.

Em seguida as APP foram unidas em uma única camada, para assim ser interseccionada com o uso da terra feito por Chanin et al (2005) (Figura 2), através do comando “intersection”, obtendo desta forma o mapeamento das áreas preservadas e dos passivos ambientais. Para o uso da terra se utilizou as mesmas categorias, que o material de origem, sendo considerado que a categoria campo é sinônimo de pastagem.

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Figura 2: Uso da Terra da Microbacia Mato Escuro

Fonte: Chanin et al (2005) 3. Resultados e Discussões

No mapa temático de Áreas com inclinação superior a 25° (Figura 3), podemos observar que não há APP por topo de morro. Uma vez que mesmo tendo áreas que atendem um dos pré-requisitos para topo de morro, com morros superiores a 100 m entre o cume e o ponto de sela, olho d’água ou planicie mais próximo, os morros não possuíam declividade média acima de 25 graus, o que legalmente não configura área de preservação permanente. Também não houve identificação de áreas com declividade acima de 45º, APP por áreas de encosta.

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Figura 3: Áreas com inclinação superior a 25°

Fonte: Autor.

Restando para análise, as APP’s dos recursos hídricos, como rios, nascentes e açudes. É possível observar no mapa temático “ÁREAS DE APP’s E PASSIVOS

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11 AMBIENTAIS” (Figura 4), onde estão as áreas de APP, onde estão os conflitos de uso e os passivos ambientais.

Figura 4: Mapa Temático de APP's e Passivos Ambientais

588000,000000 588000,000000 592000,000000 592000,000000 596000,000000 596000,000000 6 9 4 4 0 0 0 ,0 0 0 0 0 0 6 9 4 4 0 0 0 ,0 0 0 0 0 0 6 9 4 8 0 0 0 ,0 0 0 0 0 0 6 9 4 8 0 0 0 ,0 0 0 0 0 0 6 9 5 2 0 0 0 ,0 0 0 0 0 0 6 9 5 2 0 0 0 ,0 0 0 0 0 0 6 9 5 6 0 0 0 ,0 0 0 0 0 0 6 9 5 6 0 0 0 ,0 0 0 0 0 0

ÁREAS DE APP's E PASSIVOS AMBIENTAIS

Legenda Áreas de APP's Conflito Sem Conflito Com Conflito Perimetro Microbacia

Microbacia: Mato Escuro - Municipo: Palmeira/SC (Área: 4.726 ha) 584000 584000 588000 588000 592000 592000 596000 596000 6 94 40 0 0 6 94 40 0 0 6 94 8 00 0 6 94 8 00 0 6 95 2 00 0 6 95 2 00 0 200000 200000 300000 300000 400000 400000 500000 500000 600000 600000 700000 700000 800000 800000 68 10 0 00 68 10 0 00 6 90 00 0 0 6 90 00 0 0 69 9 00 0 0 69 9 00 0 0 7 0 80 0 00 7 0 80 0 00 7 17 0 00 0

³

0 500 1.000 2.000 3.000 Meters Escala

Basa Cartográfica IBGE -Folha Lages SG-22-Z-C-II Projeção Universal Transversa de Mecartor Datum Horizontal convertido para SIRG AS 2000

Localização da área de estudo Localização da área de estudo no estado de Santa Catarina

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A partir da figura 3, podemos extrair os dados referentes a área de APP e de conflito, estes condensados na Tabela 1:

Tabela 1: APP em cada uso da terra, relacionadas com a área total de APP e a área total da

microbacia. Com o a descriminação do total de passivos, também relacionado com o total de APP e o total da microbacia.

Uso da terra em APP

Área (ha) Área uso x APP % Área da bacia x

APP % Açude 6,963 0,883 0,147 Campo 306,709 38,885 6,490 Culturas anuais 14,548 1,844 0,308 Floresta nativa 340,408 43,158 7,203 Reflorestamento 120,121 15,229 2,542 Total de APP 788,750 100,000 16,690 Total da Microbacia 4726,000 Total de passivos 441,379 55,959 9,339 Fonte: Autor.

Observa-se que, cerca de 56% das áreas de APP’s, estão comprometidas por passivos, em sua maioria campo, compreensível pelo perfil produtivo da região. Porém, além de não permitir os benefícios de uma APP, já citados anteriormente, o gado, através do pisoteio, aumenta a incidência de erosão diretamente, ao desagregar o solo e, indiretamente, ao enfraquecer a pastagem, pelo efeito do pastejo seletivo, que por sua vez desagrega o solo, aumentando a carga de partículas lixiviadas do solo, agrotóxicos e nutrientes químicos. Em complemento, segundo Merten e Minella (2002), as APP’s geralmente são ocupadas pela pressão econômica ao produtor, sendo mais grave em áreas ecologicamente frágeis, como nascentes e margens de rios, que é exatamente onde se encontram as APP deste estudo.

Segundo Merten e Minella (2002), as APP estão propensas a maior erosão hídrica, intensificando o carreamento de partículas do solo e nutrientes, o que incide negativamente na produção da pastagem, levando o produtor a aumentar o fornecimento de agroquímicos, que acabarão sendo lixiviados também para os rios. Este aspecto ajuda a explicara maioria dos índices de poluição da água encontrados por Back et al (2009), próximos ao limite estabelecido pela Resolução 357/2005 do CONAMA, sendo que todas as amostras excederam o limite de coliformes e, somente 22% das amostras, estiveram dentro do limite para fósforo, os autores relacionaram este excesso com o uso de agrotóxicos e fertilizantes. O que demonstra a falta do efeito filtrante das APP’s nas matas ciliares

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13 Ao analisar a tabela 2, pode-se observar que mais de 60% da área das nascentes estão desprotegidas e, como observado por Pinto (2004), a vulnerabilidade da nascente e seu entorno pode compactar o solo, dificultando a recarga do lençol freático, levando ao desaparecimento da nascente e, consequentemente, a redução da vazão de água em toda microbacia, além de promover a entrada de partículas de solo e agrotóxicos nas nascentes.

Tabela 2: Confronto do uso da terra nas áreas de nascente. E descriminação das áreas de

passivos ambientais.

Uso da terra em nascentes

Área (ha) Área (%)

Floresta nativa 37,255 36,393 Campo 38,985 38,083 Reflorestamento 20,628 20,151 Culturas anuais 5,499 5,372 Total 102,368 100 Total de passivos 65,113 63,61 Fonte: Autor

A recuperação da área é possível e recomendada, a fim de evitar as penalidades legais previstas na Lei Nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981, e para aproveitar os benefícios proporcionados pelas áreas preservadas, fundamentais para a apicultura, importante atividade para região, vide tabela 2, desempenhando funções como quebra vento e, principalmente, para fornecimento de florada. Além de não impactar tanto a principal atividade da região, pois as APP’s no uso da terra “Campo” ocupam apenas 16,5% deste uso.

4. Conclusões

Este estudo pode constatar, segundo a base cartográfica utilizada, que a microbacia possui 4.726 ha. Destes, 788,75 ha são APP, onde 56 % são passivos ambientais, passando para 60% ao analisar somente as APP de nascentes. A maioria das ocorrências dos passivos está localizada nas áreas onde o solo é utilizado com campo. Pode-se observar que não há APP de topo de morro, nem APP por declividade maior que 45º.

Os passivos ambientais em APP's de rios, nascentes e açudes, pode aumentar a erosão, que por sua vez promoverá a poluição e degradação dos corpos hídricos. Nessa ótica, é recomendado e necessário a remediação dos passivos, para evitar as implicações legais e, principalmente, se beneficiar de todas as vantagens promovidas pelas APP's.

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geoprocessamento, contribuem para a análise ambiental, permitindo o mapeamento e quantificação dos conflitos de uso, favorecendo a tomada de decisão e implantação de políticas públicas voltadas para a regeneração ambiental.

Para o aprimoramento deste trabalho, recomenda-se o uso de uma base cartográfica mais atualizada e precisa, sendo imprescindível o trabalho de campo para validar o modelo ambiental.

5. Referências Bibliográficas

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