PRÊMIO PROFESSOR ALFABETIZADOR: UMA EXPERIÊNCIA EM
AVALIAÇÃO, NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DE
TERESINA/ PIAUÍ /2009
Marilene de Oliveira Araujo Elenita Maria Dias de Sousa Aguiar Hostiza Machado Vieira
Introdução
É fato notório que as discussões sobre avaliação
atual-mente fazem parte do cenário da educação, esta prerrogativa
abre espaço para a discussão de práticas de avaliação da
apren-dizagem em alfabetização. A exemplo disso cita-se a edição
do “Provinha Brasil” no ano de 2007, que tem como objetivos,
avaliar o nível de alfabetização dos alunos/turmas nos anos
ini-ciais do Ensino Fundamental, bem como, diagnosticar possíveis
insufi ciências das habilidades de leitura e escrita.
Pretende-se neste trabalho discutir uma experiência em
torno de práticas avaliativas com caracterização externa
de-senvolvida na área de alfabetização, no âmbito da Rede
Munici-pal de Ensino de Teresina.
A prática de “avaliação externa”, no que concerne ao
“Prêmio Professor Alfabetizador” iniciou em 2002, com o
obje-tivo de identifi car, valorizar, reconhecer e divulgar experiências
de ensino /aprendizagem de boa qualidade entre professores
(as) alfabetizadores (as) da rede Pública Municipal de Ensino
de Teresina. Para tanto foram defi nidos os seguintes objetivos
específi cos:
Valorizar e reconhecer o trabalho docente de boa
qua-lidade no âmbito da alfabetização;
Traçar um perfi l consistente da alfabetização dos
alu-nos das séries iniciais;
Produzir informações diagnósticas para
acompanha-mento da aquisição da leitura e da escrita no decorrer
do ano letivo;
Fundamentar decisões relativas ao planejamento,
for-mação de professores e intervenção na sala de aula.
Como forma de valorizar e reconhecer os professores
(as) o prêmio traduz-se em uma ação motivadora do processo
de alfabetização que é consolidado por uma premiação
reali-zada mediante a aferição dos conhecimentos dos alunos do 2º
período da Educação Infantil, do 1º e 2º anos do Ensino
Fun-damental e do Projeto Se Liga, por meio de uma avaliação
externa de desempenho, em Língua Portuguesa. Entretanto,
o objetivo formador expressado nos objetivos específi cos visa
gerar informações sobre o nível de alfabetização de cada
tur-ma. Nesse sentido há um direcionamento às contribuições
for-mativas que este “prêmio”, subsidiado por uma avaliação, tem
proporcionado à Rede Municipal de Ensino de Teresina, dentre
essas se destacam as políticas que atendem as especifi cidades
caracterizadas pelos resultados do prêmio, ações de formação
a professores e gestores, acompanhamento dos alunos (as) de
acordo com a defi nição dos alcances nas habilidades
trabalha-das, dentre outras.
Assim, os resultados desta avaliação em larga escala,
permitem, além de reconhecer e valorizar boas práticas
pe-dagógicas, realizar a troca de experiências e a elaboração de
estratégias que visem reforçar a aprendizagem dos alunos nos
anos seguintes.
Objetivo Geral
Socializar experiência desenvolvida em avaliação da
aprendizagem no ano de 2009, na área de alfabetização, na
Rede Municipal de Ensino de Teresina.
Metodologia
O prêmio professor alfabetizador tem dois períodos de
realização, no início e no fi nal do ano e consiste em algumas
ações que constituem a sua metodologia. Inicialmente é defi
-nida uma comissão de acompanhamento do “prêmio professor
alfabetizador”. Esta comissão é responsável pela elaboração
do regulamento e implementação das demais etapas a serem
desenvolvidas para concretização do prêmio, as quais são:
Sensibilização; desenvolvimento no processo (prétestagem; defi
-nição do instrumento defi nitivo (prova); aplicação, correção e
produção dos relatórios); Divulgação e tomada de decisão.
Na etapa de sensibilização são realizadas as seguintes
ações:
Discutir Proposta Curricular, Projeto Político
Pedagógi-co e planos da esPedagógi-cola, verifi cando as metas e ações da
alfabetização;
Realizar reuniões com diretores (as), coordenadores
(as), professores (as) para explicar os propósitos e o
regulamento do prêmio;
Divulgar a avaliação para a comunidade escolar
(ofí-cios, folders, calendários, cartazes)
Divulgar internamente a avaliação (reuniões, horários
pedagógicos, planejamento)
Promover ciclo de estudos sobre avaliação.
Posterior a etapa de sensibilização segue a de
desenvol-vimento do processo, que consiste no planejamento e coleta
de dados — nessa etapa faz-se reuniões com professores (as)
e formadores (as) da área para defi nir e socializar a matriz de
referência, tendo como base o regulamento e matriz
curricu-lar da educação do município. Defi nida a matriz de referência
inicia-se as ofi cinas de elaboração de itens e da tabela de
es-pecifi cação e de correção, com os formadores da
alfabetiza-ção e técnicos da divisão de avaliaalfabetiza-ção, em seguida
desenvolve--se a pré-testagem, análise e montagem do teste defi nitivo.
A construção da prova, só é efetivamente consolidada após a
validação dos especialistas em avaliação e alfabetização. Esse
instrumento é constituído de duas categorias: leitura e
escri-ta, considerando as habilidades já defi nidas no regulamento, as
questões de leitura segue o tipo múltipla escolha, as de
produ-ções proposta de escrita de palavras, frases e texto.
As atividades de aplicação, correção e produção de
re-latórios são realizadas de forma externa, através de uma
em-presa licitada. Esta é responsável pelos referidos processos,
mas acompanhada e supervisionada pelos técnicos de
avalia-ção da Secretaria Municipal de Educaavalia-ção — SEMEC. A aplicaavalia-ção
é realizada por avaliadores externos, contratados para esses
serviços, mas atendendo às exigências do processo licitatório
que apresenta os seguintes critérios para esse profi ssional: ser
habilitado em Pedagogia, ter experiência em sala de aula e não
ter nenhum vínculo com as escolas da Secretaria. Esses profi
s-sionais passam por treinamentos especializados. O processo de
correção dar-se através de uma equipe constituída de profi
ssio-nais com experiência na área de alfabetização e correção de
texto, que recebem treinamento para esse fi m.
Para a elaboração dos relatórios faz-se a validação das
correções anteriormente e em seguida realiza-se o processo de
digitalização dos dados, esse acompanhado pela equipe de
ava-liação, com conferencia e análise dos dados, verifi cando sua
coerência para a produção dos relatórios fi nais.
A última etapa do prêmio é a divulgação e tomada de
decisão. Essa etapa consiste nas ações de discussão, análise,
apresentações dos resultados e propostas de intervenções para
o processo de alfabetização da Rede Municipal de Ensino de
Teresina. Para tanto são realizadas reuniões com técnicos,
ges-tores, professores com o objetivo de:
Defi nir intervenções baseadas no diagnóstico para os
diversos níveis: gestores da Rede de ensino, gestão da
escola, gestão da sala de aula.
Analisar o percentual de domínio das habilidades
den-tro de cada categoria, traçando o perfi l da turma.
Refl etir sobre o percentual de domínio das habilidades
de escrita, observando se há um distanciamento entre
elas.
Refl etir junto aos professores acerca de uma
interven-ção pedagógica efi caz na dinâmica de acompanhar o
processo de alfabetização dos alunos, fazendo-os
evo-luir (valor agregado).
Discutir as situações didáticas que melhor desenvolvem
essas habilidades, refl etindo sobre o trabalho de
alfa-betização e letramento.
Além desses propósitos o prêmio promove a refl exão na
construção de diretrizes para formação continuada dos
profes-sores alfabetizadores. O momento da culminância dar-se na
premiação, evento realizado no inicio do ano subseqüente, que
destaca aos professores (as) a relevância do seu trabalho em
prol da condição de ser o professor (a) mediador (a) no ato de
alfabetizar.
Sobre os Participantes e Critérios de Premiação
De acordo com o regulamento do Prêmio Professor
Alfabe-tizador/ 2009 (anexo A), com exceção do 2º período, que os
alu-nos são submetidos somente à avaliação de saída, são aplicados
dois testes em cada ano letivo: um de entrada, no início do ano,
e outro de saída, realizado ao fi nal do ano. Os testes mensuram
as habilidades de leitura e escrita. São constituídos de questões
de múltipla escolha, escrita de palavras, frases e produção
tex-tual, conforme estabelecem os critérios de classifi cação.
Concorrem ao prêmio os professores (as) de 2º período
da Educação Infantil, do 1º e 2º anos do Ensino Fundamental
e do Projeto Se Liga
1, por meio de uma avaliação externa de
desempenho, em Língua Portuguesa. Para efeito de premiação,
das turmas do 2º período da Educação Infantil, estabelecem-se
como critérios que 60% dos alunos das turmas deverão, ao fi nal
do ano letivo, escrever as letras do alfabeto em situações
solici-tadas e 50% devem escrever palavras usando escrita alfabética.
Quanto ao 1º ano do Ensino Fundamental, exige-se que 80% dos
alunos das turmas devem adquirir, na avaliação de saída, pelo
menos uma habilidade a mais em relação à avaliação inicial e
70% dos alunos das turmas devem escrever palavras usando
es-crita alfabética. No que se refere às turmas do 2º ano do Ensino
Fundamental, é estabelecido que 80% dos alunos das turmas
de-vem adquirir, na avaliação fi nal, pelo menos uma habilidade a
mais em relação à avaliação inicial; 90% devem atingir, na
ava-liação fi nal, a habilidade de escrever palavras usando escrita
alfabética e 70% devem atingir, na avaliação fi nal, a habilidade
de escrever frases usando escrita alfabética.
Quanto ao Projeto Se Liga do Ensino Fundamental,
exige--se que 90% (noventa por cento) dos alunos da turma deverão
atingir, na Avaliação Final, a habilidade de escrever palavras
usando a escrita alfabética e 70% (setenta por cento) dos alunos
das turmas de 2º Ano do Ensino Fundamental e Projeto Se Liga
deverão atingir, na Avaliação Final, a habilidade escreve frases
usando a escrita alfabética.
Apoio Teórico, Análise e Discussão dos Resultados
A avaliação do processo de alfabetização permite
veri-fi car o desempenho dos alunos da educação infantil e do
en-sino fundamental na categoria de leitura e escrita tendo com
referência as habilidades da matriz (das diretrizes
curricula-res) curricular da rede municipal. Tem por fi nalidade prover os
professores (as), gestores e formadores de informações acerca
do processo avaliado, para que possam tomar decisões. Nesse
sentido, caracteriza-se cumprir adequadamente com a função
social que permeia o ensino e a aprendizagem da língua, visto
que, na perspectiva de Weisz; Sanchez (2002) se faz importante
a socialização do conhecimento, especialmente no que se
refe-re ao domínio não apenas do código alfabético, mas da leitura
e da escrita em diversos contextos reais.
Os dados que confi guram este relato são parte dos
rela-tórios produzidos na avaliação realizada no ano de 2009,
espe-cifi camente no que se refere ao 1º ano e 2º ano. Os relatórios
são instrumentos que servirão de base a este estudo. Partindo
desses princípios destaca-se alguns dos resultados, em forma de
gráfi co e tabelas, seguida de uma análise com abordagem
des-critiva acerca do processo de alfabetização da Rede Municipal
de Ensino de Teresina. A opção por esta abordagem se justifi ca
por concordar-se com Triviños (1990) que esta possibilita a
bus-ca da compreensão dos fatos e esclarecimento dos mesmos, o
que neste relato é feito a partir das relações existentes entre
o desempenho real e o desempenho esperado a ser alcançado
pelos alunos que participam desta experiência.
Seguindo uma lógica de prioridade apresenta-se os
da-dos por categoria e forma comparativa da-dos dois momentos de
avaliação. Os relatórios produzidos além de permitir conhecer
o desempenho dos alunos nas referidas habilidades, permitem
ainda verifi car que habilidades o aluno agregou a partir da
en-trada no ano escolar até o fi nal deste, assim como identifi car os
estágios de evolução da escrita.
Ferreiro e Teberosky (1999) defi nem os estágios
sucessi-vos que permitem identifi car a evolução do conhecimento da
criança na aquisição da língua escrita até compreender as
re-gras que geram o sistema alfabético, classifi cando-os em:
pré--silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.
Na categoria de “Leitura” foram avaliadas habilidades
consideradas básicas no processo de alfabetização.
Apresen-tamos as mesmas observando as séries envolvidas no prêmio
professor alfabetizador:
1º ano — Identifi ca informações
rele-vantes do texto, reconhece a unidade temática, faz relação
fonema e grafema na leitura de palavras; 2º ano/ Projeto se
Liga — identifi ca informações relevantes do texto, reconhece
a unidade temática, identifi ca as características textuais do
gênero, indicadores de suporte e de autoria do sentido
atribu-ído ao texto; Apresenta-se a seguir gráfi cos que demonstram
os resultados alcançados no ano de 2009 pelos alunos da rede,
seguidos de suas respectivas análises.
1º Ano — LEITURA
H1- Identifi ca informações relevantes do texto H2- Reconhece a unidade temática
H3- Faz relação fonema e grafema na leitura de palavras
No que concerne a análise destes dados pode-se inferir
que na habilidade identifi car informações relevantes do texto
houve um crescimento pouco representativo se analisado do
ponto de vista quantitativo, entretanto há um acréscimo na
habilidade de unidade temática que pode ser considerado signifi
-cativo, visto que trata-se de uma capacidade de trabalhar com
as idéias do texto com mais profundidade alcançadas por esses
(essas) alunos (as), pois a identifi cação de informações
relevan-tes revela a capacidade que os alunos têm apenas de localizar
elementos no texto para compreender a leitura.
No aspecto que tange à 3ª habilidade percebe-se que em
maio as crianças já demonstram certo domínio ao realizarem a
relação fonema/grafema na leitura de palavras. Por se tratar
de uma habilidade que inicia o processo de codifi cação do
sig-no, torna-se mais presente no contexto da sala de aula. Pode-se
afi rmar ainda que ao fi nal 85,2% dos alunos lêem palavras, mas
apenas 55, 3 % iniciaram o processo de leitura de textos.
Depreende-se assim que a expressividade do índice da
habilidade 3 em relação às habilidades 1 e 2 deve-se a
concen-tração do trabalho do professor quanto aos aspectos da
consci-ência fonológica, uma vez que este ano escolar utiliza as
orien-tações teórico-metodológicas do método metafônico.
2º Ano — LEITURA
H1- Identifi ca informações relevantes do texto H2- Reconhece a unidade temática
H3- Identifi ca as características textuais do gênero, os indicadores de suporte
e de autoria ao sentido atribuído ao texto.
No 2º ano visualiza-se que 72,0 % dos alunos (as) já
con-solidaram a habilidade “identifi ca informações relevantes do
texto”. A habilidade 2 apresenta um percentual de
aproxima-damente 10% de aumento entre etapa inicial da avaliação e a
fi nal, fato este que pode estar relacionado ao nível de
com-plexidade da habilidade ano a ano, bem como aos gêneros
tex-tuais trabalhados no contexto escolar, que de repente podem
não ter coincidido com os contemplados na prova do prêmio
(gêneros).
A habilidade 3 tem ganho substantivo em se tratando do
valor agregado. Esse dado revela que já existe um trabalho com
a diversidade de gêneros textuais, infere-se que professores
(as) aumentam o nível de conscientização quanto a exploração
das características textuais, não limitando alunos e alunas ao
manuseio de textos. Os PCNs sugerem um trabalho voltado para
a diversidade de gêneros textuais, visto que
[...] se a escola pretende converter a leitura em
objeto de aprendizagem deve preservar sua
natu-reza e complexidade, sem descaracterizá-la. Isso
signifi ca trabalhar com a diversidade de objetivos
e modalidades que caracterizam a leitura, ou seja,
os diferentes para quês. ( BRASIL, 2001, p.54)
Nesse sentido, por meio do trabalho com o texto é que se
poderá garantir a refl exão sobre a relação de dependência
exis-tente entre o código e o signifi cado, ou seja, entre o conteúdo
de Português e as idéias a serem veiculadas. Desse modo,
quan-to maior a diversidade textual, maior competência lingüística
será propiciada aos alunos.
A seguir apresenta-se os dados encontrados para a
cate-goria de escrita, proceder-se-á a análise no mesmo formato da
categoria leitura.
1º Ano — ESCRITA
H2- Escreve palavras usando a escrita alfabética H3- Escreve frases usando a escrita alfabética H4- Produz texto usando a escrita alfabética H5- Mantém a coerência no sentido geral do texto
H6- Desenvolve texto considerando as características do gênero começo,
meio e fi m
A escrita de texto é uma atividade que exige do aluno o
domínio do código, o que vai consolidar o processo de
alfabeti-zação, portanto no 1º ano se manifesta de forma graduada, pois
conforme Ribeiro (2203), “A alfabetização é o processo pelo
qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de
utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio de tecnologia
— do conjunto de técnicas — para exercer a arte e ciência da
escrita.” (RIBEIRO, 2003, p.91).
No que mostra os dados pode-se afi rmar que em todas as
habilidades houve um crescimento signifi cativo, especialmente
nas habilidades consideradas de maior complexidade da
escri-ta, como manter a coerência que cresceu em 20,5%. Esse dado
revela a ênfase dada nessa habilidade no trabalho com o texto
e ainda pode-se perceber que dos 34,97 dos alunos que
produ-zem texto somente 24,1 estão escrevendo-os com coerência,
algo que ainda necessita avançar.
2º Ano — ESCRITA
H1- Escreve palavras usando a escrita alfabética H2- Escreve frases usando a escrita alfabética. H3- Produz texto usando a escrita alfabética. H4- Mantém a coerência no sentido geral do texto.
H5- Desenvolve texto considerando as características do gênero começo, meio e fi m.
H6- Segmenta o texto respeitando os espaços entre as palavras H7- Utiliza adequadamente os sinais de pontuação.
As habilidades de escrita do 2ª ano compõem um
conjun-to de construconjun-tos cognitivos a serem desenvolvidos através das
estratégias de ensino. De acordo com os dados apresentados no
gráfi co percebe-se que embora tenha havido uma evolução
sig-nifi cativa em todas as habilidades, algumas delas apresentam
fragilidades no que diz respeito ao desenvolvimento do texto,
a segmentação e ao uso da pontuação adequada. Esse dado é
importante para que se possa analisar a escrita do texto. À
me-dida que se vai evoluindo na construção do texto as habilidades
mais complexas vão exigir do aluno mais desempenho.
Conside-rando que nesse ano escolar (2º ano) o aluno ainda encontra-se
em fase inicial da escrita, as habilidades mais complexas da
produção ainda estão sendo consolidadas e podem até
continu-ar evoluindo. Nesse contexto é importante destaccontinu-ar produção
de texto “[...] como ponto de partida de todo o processo de
ensino /aprendizagem da língua e sobretudo porque no interior
do texto o sujeito apresenta seu trabalho de produção de
dis-cursos.” (GERALDI, 1997, p.135).
Outro dado interessante é que a quantidade de alunos
que escrevem palavras é bem próxima dos que escrevem frases,
pode-se inferir que o trabalho da escrita na sala de aula, não
parte exclusivamente da palavra, mas da frase e do texto.
Em geral os resultados demonstram que houve a presença
de um esforço mobilizador pelo trabalho da produção de texto
na sala de aula especialmente na habilidade que se refere à
capacidade do aluno de conseguir produzir texto (60,8 %) e de
manter a coerência geral no texto (52,4%).
Considerações
A apropriação do código alfabético supõe o
conhecimen-to das letras e dos sons que representam, no entanconhecimen-to, nesse
processo, é fundamental a busca de sentido, a compreensão
do que está escrito. Conforme Tfouni (1995, p.20) “Enquanto
a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um
indiví-duo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos
sócio-históricos da aquisição de uma sociedade.”
Neste sentido os textos confi guram uma possibilidade
interessante, para enfocar as facetas do processo de
apren-dizagem e contribuem com os processos de alfabetização e o
letramento.
É possível dizer que na Rede Municipal de Ensino de
Teresina vem sendo consolidada uma cultura de avaliação em
que os sujeitos se sentem como co-participes, no caso da
alfa-betização tem sido uma grande contribuição para a melhoria
dos indicadores de qualidade do ensino, na medida em que,
proporciona rever as condições de aprendizagens de alunos
e alunas, no sentido de pensar programas de formação que
sejam orientadores para a formação de professores e
profes-soras, pois o desenvolvimento da alfabetização tem a
neces-sidade de “pensar a prática pedagógica” e conforme
Vascon-celos (2000) requer buscar os alicerces epistemológicos do
processo, cabe ao professor a dupla tarefa de pesquisar, sobre
o processo de construção de conhecimento, bem como
conhe-cer sobre o objeto específi co de sua área de ensino. Nesse
sentido os resultados da avaliação proporcionam condições de
alicerçar o “caminho” tendo por base a refl exão em torno das
práticas alfabetizadoras.
É importante estabelecer metas pedagógicas para a rede
de ensino, e a prática de avaliação externa pode e “deve”
con-tribuir com as condições curriculares, como norteadores aos
planos de cursos, á formação continuada e estabelecimento de
medidas que garantam melhores condições de
acompanhamen-to dos processos de ensino e aprendizagem, com a intenção de
desenvolver ações imediatas que visem a correção de possíveis
distorções verifi cadas com o objetivo de buscar a melhoria da
qualidade e redução das desigualdades de ensino.
Nota
1 Projeto se Liga (Programa de correção de fl uxo) — atende alunos
do Ensino Fundamental com defasagem idade /série, e problemas de analfabetismo objetivando alfabetizá-los e promovê-los para o Projeto Acelera.
Referências
BRASIL, estabelece os Parâmetros Curriculares Nacionais em
Língua Portuguesa, 2001.
FERREIRO, E; TEBEROSKY, A.
Psicogênese da língua escrita.
GERALDI, J. W.
Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
RIBEIRO, V. M. (org.).
Letramento no Brasil. São Paulo: Global, 2003.
TFOUNI, L. V.
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1995.
TRIVIÑOS, Augusto N. S.
Introdução à pesquisa em Ciências
Sociais. São Paulo: Atlas, 1990.
VASCONCELLOS. C. dos S.
Construção do conhecimento em
sala de aula. 11. ed. São Paulo: Libertad, 2000.
WEISZ, T; SANCHES, A.
O diálogo entre o ensino e a
aprendiza-gem. 2 ed. São Paulo: Ática, 2002.
PROGRAMA CINCO MINUTOS DE VALORES HUMANOS PARA A
ESCOLA: RELATOS E AVALIAÇÃO DE EXPERIÊNCIA EXITOSA
Maria do Socorro de Sousa Rodrigues Saara Nousiainen