Maria
L
Uisa Ro
l
dao M. Mour
a
(CoordiA mosca-da-azeitona.
Bactrocera o/eae
(Gmelin). no Planalto
Miran-des: cicio biologico e imporrancia economica
Albino
A.
Bento
'; Susana
Pereir
a
'
;
Ignacio
Armendariz
2&
Jose
A.
Pereira
1 I Instituto Polltecnic de BI'agan,a. ESAB. ClMO, Apartado I172,5301,855
Bragan,a. bento@pb.pt 2 Instituto Tecnologico Agrario de Castilla Y Leon .. Ctra de Burgos Km. I19
,
Finca Zamadueiias,47071
Val'ado'id
Resumo
Em Portugal 0 olival para produ<;:ao de azeltona de mesa representa 4.0% da superficie olivlcola.
Tras-os-Montes concentra aproximadamente metade da
area
nacional e mais de 55% da pmdu<;:ao.Um
dos
principalse
n
traves
a
produ<;aod
i
z res
p
e
it
o a
os
pl-ejurZQS.d
e
n
at
u
reza
qua
n
titat
iv
a e qu
a
li
tativa
.
provocados peles inimigos da cultura. Entre estes inimigos assume particular relevo amosca-da-191
azeitona, Bactrocera aleoe (Gmelin) que constitui a praga chave da cultura no
(a
nju
nto
dosp
arses
da baci
a d
o
Mediterraneo.Com 0 presente estudo pretendeu-se contribuir para 0 conhecimento do cicio biologico da mosca-da-azeitona, Baclfocero oleQe (Gmelin), e sua impol-tanCia econ6mica em azeitona de mesa na regiao do Planalto Mil"andes. Assim, entre 2005 e 2007, em dois olivais maiol-ital-iamente da cultivar Negrinha de Freixo procedeu-se ao tra~ado da curva de voo dos adultos pela captul-a em al"madilhas tipo McPhail e em armadilhas cromotropicas com feromona sexual e ao acompanhamento dos estados imaturos pela observa«;ao de amostras de frutos. A importancia econ6mica do insecto foi estudada atraves da evelu<;ae da percentagem de frutos atacados.
Fei ebservado um comportamento similar nos difel"entes anos em estudo.O voo prolongou-se ate inkio de Novembm, cOITespondendo ao final da col he ita da azeitona. Observaram-se dois picos de voo, 0 maior no inicio de Outubro, em media ent,'e 0.33
±
0,58
e2,67
±
1
,53
capturas/a,'madilha McPhail/semana e4,67
±
5m
e36,67
±
1
8.72
capturas/armadilha cromotopica com feramona sexual/ semana, respectivamente em 2007 e 2006.0 numero de frutos atacado atingiu entre 1,0±
2, I%
e 77,2±
16,9%,0 que evidencia a importanCla economlca da praga na reglao em estudo.Abstract
Tltle:The olive fl'uit fly,
Boctrocero oleoe
(Gmelin), in the Planalto Mirandes I'eglon: life cycle andeconomic impol-tance
In Portugal the al-ea occupied
b
y
olive trees for table olive production represents 4.0% of thenational olive production area. Tras-os-Montes I'egion represents about a half of the national al'ea
and mOI'e than 55% of the production, One of the major problems of the production of this kind of olives is associated to the losses, quantitative and qualitative, caused by olive tree enemies, The most
serious 31"e caused by the olive fruit fly,
B
o
ct
roce
ro ole
o
e
(Gmelin), a key olive pest in Mediterraneancountries.
The p,'esent study aimed to contrrbute for the knowledge of the life cycle of the olive fruit fly,
B
oc
trocero
oleoe
(Gmelin), and its economic importance in groves for table olives production In the PlanaltoM
i
r
andes
I-egion.ln this context, between 2005 and 2007, in two olive gmves mainly fmm the Negrinha de Frelxo variety, the flight curve by adult catches on McPhail traps and on yellow sticky trapswith sexual phemmone and the inspection of immature stages on fruit samples wel'e studied.
A similar behavior was observed in the three years of study The flight occurred until begin of
192 November, that corresponds to the crop harvesting.Two flight maximums were observed, with the
greatest number In the beginning of Oelobe" With avel'age numbers from 0.33
±
0.58 and 2.67±
1.53 adult catches/McPhail trap/week and from 4.67
±
5.03 and 36.67±
18.72 adult catches/yellowsticky tl'ap with sexual pheromone/week respectively in 2007 and 2006.The number of attacked frUits reached 77.2
±
16.9% that confirm the economic importance of the olive fl'uit fly in the PlanaltoMirandes region.
Keywords: table olive, Boct.rocera o/eoe, flight curve, infestation level.
Introduc;:ao
A oliveira, send a uma cultura com grande jmportancia econ6mica, social e paisagfstica em Por
-tugal, encontl'a-se sobretudo nas I'egioes mais intel'jores do Pais, que coincidem com as zonas mais
desfavol'ecidas.O olival para pmdu<;ao de azeitona de mesa representa 4,0% da superiicie oIjvfcola
nacional. correspondendo a cerca de I 3 500 ha. A area de produ<;:ao centra-se maiorital'iamente
em tres pcSlos:Tras-os-Montes que representa 46, I
%
da area e 56,7% da produ<;ao; Alentejo com25,4% da area e 23,8% da produ<;ao e a Beira Interior que representa 22.1% da area e 15,6% da
't'
A colheita da azeilona de mesa representa. par vezes, mais de 50% do valor da
produc;:ao,
sendo urn dosfadores
limitativos ao desenvolvimento da cultura a pal' dos problemas sanitcirios. De entre as inimigos da (ultura, a mosca-da-azeitona,Boctrocero oleoe
(Gmelin) assume particulal' relevo (Torres, 2007). Os pl'elullos causados pela pl'aga pod em sel' de natureza quantitativa (queda antecipada) equalitativa (desvaloriza<;ao comercial em resultado das picadas de postura).A gravidade dos prejulzos
causados pelo Insecta depende da intensidade do atoque reglstada que par sua vel Mere entre anos e regioes em func;:ao das condi<;6es agroclimMicas. De acordo com autol-es como Dell-io (1983), Broumas et 01. (1983.2002) e lannotta
(2002).
na ausenm de medldas de pmteccao. a intensidade do ataque, em alguns locais e anos, pode atingir 80% da produc;:ao, nas cultivares destinadasa
obtenc;:aode azeite e 100%. nas destinadas a azeitona de mesa. Na regiao da Ten-a Quente Transmontana Bento
ef 01. (1997a. 1997b). referem valores de ataque situados entre 5.0 e 80.0% de azeltona atacada em cultivares destinada
a
pmdu~ao de azeiteNa regiao do Planalto Mirandes, onde a variedade dominante
e
a"N
eg
rinho de
Frei
xo",
os conheCl -mentos sobre 0 cicio biologico da mosca-da-azeitona e sua impartancia economica sao praticamenteinexistentes.Tal facto constitui um entrave
a
pratica da pmdu(ao integrada ea
obtenc;aa de produtos de qualtdade.Nesta perspectiva, com 0 presente trabalho pretende-se contribuir pal-a 0 conhecimento das aspectos mencionadas, no que respeita ao cicio biologica do insecto e sua impartanCia economica na regiaa.
Material e
metodoso
estudo decon'eu enll'e meadas de Junha de 2005 e a final de Novembm de 2007 em daisolivais nao irrigados, localizado um na freguesia de Vilarinho dos Galegos (Mogadoum) e outm, localizado na fl-eguesia de Campo de Vlboras (Vimioso). Os olivais encontram-se instalados a um
compasso de cerca de 8 x 8 metms. e sao constitu(do maiol-itariamente pela cultivar Negrinha de
Freixo
Com vista a conhecer 0 cicio biologico da mosca-da-azeitana. por um lada acompanhou-se a evoluc;ao dos adultos por captul-as peri6dicas em armadilhas alimentares do tipo McPhail e armadilhas cmmotropicas amarelas com femmona sexual. Pal- outro lado, procedeu~se
a
obsel-vac;ao Visual de amostras de frutos, para acompanhar 0 desenvolvimento dos estados imaturos.As armadilhas,Tipo McPhail em numero de tes foram colocadas nos campos experimentais no
inlcio de Junho. mantendo-se ate
a
colheita - inlcio de Novembro. Estas flcaram afastadas umas das outras em cerea de 50 metros e a I ,5 a 2,0 metros do solo, sob a copa das arvores. Como194
atractlvo utilizou-se fosfato de amenlo a 4% e borax a I %. As observac;6es e 0 registo de capluras
foram efectuados semanalmente. As armadilhas cromotreplCas amarelas com feromona sexual, em numero de tes foram colocadas nas condic;:6es das antenores, no extenor da copa das arvores. As
observac;:6es e
a
reglsto de capturas foram efectuados semanalmente.Para a evoluc;ao dos estados imaturos observaram-se amostras de seleccionadas aleatariamente na
pal-cela. No laboratario procedeu-se
a
observa,ao e registo do numem de avos, larvas e pupas.A avaliac;ao da Intensidade do ataque analisou-se atraves da amostragem de frutas,
a
razao de 20 frutas por arvore em 20 al-vol-es seleccionadas aleatoriamente na parcela. No labol-atGI-io pmcedeu-sea
obs€l-vac;ao e registo do numero de fl-utos atacados.Resultados e discussao
De uma manella geral, 0 inlcio de captura de adultos da mosca-da-azeitona teve lugar em meados de Julho, cerca de um mes apes a instalac;:ao do campo expenmental prossegulndo ate
a
colhelta(Flgul"aS I e 2).
A analise da curva de voo de B.
oleoe
mostra urn trac;ado identico nos diferentes anos em estudoenos dois campos experimentais (Figura
I
).
Observa-se a existenCla, em geral, de dois picos, 0 malsimportante
em
meados de Outubro com capturasa
atingirem valol-es da ol-dem dos35
indivlduos media POI" armadilhalsemana, nas armadilhas cmmotropicas amarelas com feromona sexual.As primeiras posturas reglstal-am-se
a part
ir de inlcio de Setembro, coincidindo 0 maximo de posturas viaveis coma
primell"a quinzena de Outubro. as estados larvares observam-se a partir de meados de Setembl'Oe
as pupas encontram-se maiol-itariamente em Outubro (Figura3).
A intensidade do ataque variou de ano para ana e entre olivais amostrados, com maior Inten
sl-dade de ataque no olival de Campo de Vlboras (Figura
4). Em
qualquer dos anos e oliva IS, 0 ataquereglStado superou a valol- considerado de nivel econcimlco de ataque (Gomes & Cavaco, 2003),
para azeltona de mesa. Esta situac;:ao pode Invlabillzar a comercializac;ao da produ~ao para azeltona
de mesa acarretando prejuizos elevados.
Agradecimenros
o
p,-esente trabalho foi nnanCiado no ambito do prolecto: Interreg IIIA,"MOABEPE - fdenvfrcQClonde
los ogemespm
oge
n
os
y
benef,closos de los pnnClpoles culrivos de las reg/ones fronterizos Tr6s as•
p
rotecci6n in
t
egrodo
y
r
e
cur
s
o
s
(l
t
o
g
en
e
t
lc
o
s
enc
u
l
U
v
o
s
cradlCionolesde
lo
s
regJonesde
T
ros
asM
o
nt
es
y
Castillay
L
eon
"
Referencias
Bento. A,Torres. L .. Sismelro. R. & Lopes, J 1997a A contribution to the knowledge of Bactrocera oleae (Gmcl) In Tras-os-Montes region (Northeastem Por-tug<ll): phenology, losses and control.Acta HOI'tlculturae, 174 (2): 541-544.
Bento.A;Torrcs. L.; Sismelro, R: Lopes.].. I 997b.A mosca da azcilona, Bactrocera oleele (Gmelln) em Tr-as-os-MonlC5 (Nordeste de Portugal): CIcio biologlcQ, Importancil dos prCJuizos c estimatlva do riSCO. Aetas de Hortlcuitura. 15: 138-1-1,1. Broumas,T.. Haniotakis. G .. Llaropoulos. C.,Tomazou, t & Ragoussis, N. 2002 The efficacy of an Improved form of the
mass-trapping method, for the control of the olive fruit fty. Bactrocera oleae (Gmehn) (O,pt..Teph,itidae): pllot·scale feasibility
studles.J.Appl EnL. t 26. 2 I 7-223.
Broumas.T. Liaropoulos. C. t"1.. Katsoyannos. P.Yamvnas. C .. Hanlotakls. G .. & Strong. F. I QB3. Control of the olive fruit fty In a
pest management tl'lJI In olive culture. In: Cwalloro. R. (ed.). Fruit Fires of Economic Importance Proceed, of the CEO
IOBC International Symposium. Athens. Greece, 10-19 November 1982: 584-592.
Delno. G. 1985. Biotechnlcal methods for olive pest control. In: Cwalloro, R. & CrovetLl, A. (Eds). Integrated Pest Control In Olive Groves. Proceed. of the CEOFAOilOBC International JOint Meeting. Pisa. 3-6 Apnl 1984: 394-410.
Gomes. HH. & Cav?co. M. 2003. Proteo;Jo Integrada da oliveira. Lista dos produtos fitofarmaceuticos. NlvelS economlCos de ataque. Minlst\~no da Agncullura. Desenvolvlmento Rural e Pescas. Dlreo;ao Geral de Proteo;ao das Culturas. 55 pp
lannotta. N. 2002 LoUa contro Bactrocera oleae (Gmel.) com alcunl pnnopl attlVl ammessl In coltivaZlone biologlca. Convegno
Internazionalc dl Olivicoltura. 5poleto. 22-23 Apnl: 433-438.
Torres. L .. 2007. A mosca·da-azeltona, Bactrocera (Daculus) oleae (Gmelln). In:Ton es, L (Ed.). 11anual de protecc;ao Integrada
do olival. Joao Azevedo Editor: Mir;mdela: 177-202
~ I 196 Oi-"S ' l
Quadros e figuras
60,0 Vilarinho dos Galcgos ~ 55,0"
5
50,0 ~'"
45,0:g
E 40,0j
35,0-g
30,0 0 ~ 25,0 0 ] 20,0 E E 15.!)E
Z
IO,n 5,0 (j,n Data 0 0 60,0 Campo de V[hams 0 55,0 ~g
50,0 'is 45,0"
§ 40,0 ~~
35,0 ] 30,0 0 'is 25,0 0 E 20,0 2 ~ 15,0 .;:i"
10,0 5,0 0,0 Dat<lFigura I -Adultos de 8aciIocerc! oleoe (Gmelin) capturados em armadilhas cromotroplcas com feromona sexual (media de tres arrmdilhas ± erro padrao).
6,0 D~I., 15.u w.n 11.'1 ~ ~ t ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ & & ~ ,,~5"\' ~' ~.,:" ~~' ci'~"'" ,;>5'''
J
~f( . -d:""" ,j"" ... ,;;" ;:?-~..,. " ' .... o;:,fl' <;,~",Figura 2 Adultos de Baclrocera oleae (Gmehn) capturados em armadllhas tipo McPhail com rosrato de amenlO (media de tres armadllhas ± erro padrao)
Adultos
Ovos
larvas
Pupas
Mar. Abr. Maio JUI!.
- - -- -
-Ago. Set Our.
Figura 3 - Cicio blologico de &ctrocera oleae (Gmehn) em azeitona de mesa no Planalto Mlfandes.
Nov. Dez.
198
B 1 1 If'IIMIGOS OJ. 1-01 T JPNi
0,20
~ Vibrinho dos GaI~gos
1
I
g 0,15I
<EOI
~ ~ 0,10 :1)I
OJ!5T
T
T
T
0,00"'
~b"l
,&b ,&' ,..,.§''\ &'~~ ~
"
.g,~ ,~:.,,,'
,'1''' ~",,'"
,
,,';'-;; ~~ b~,
~~"
,CS,,
>
Data ~'"
:9 a,SO]
Campo de VIlJoras ~ 0 0,60 S ,-"r
0 ~I
I
~ §' 0.'10j
r
020 OJJO~~, ,~ ~b &b &b &' &' &'
,CO
""
,,'"
,,'" ~co~'"
,,'" ~';;,(' ,5',
,,'
"vIS\:') ~,
"
o~ "v"::' Data ~,
'"
Figurd 4 - Percentagem de frutos atacados por Boarocero oleae (Gmelln) (± erro padrao), nas dlferentes data5 de amostragem e anos,