QUE
DEVE
SUSTENTAR
PERANTE
EM
B0@VBDia99&@ E>E 03©g>GERMANO RODRIGUES
\ÀZ
JIMOR
MOTMX
M
8B8K& MtòTONBA
paira
(diíwibiekd®aiÃ<D
alemedecln,pltis nu:'tout autre,milparcrtle
rha-riiéchretienue sidnuceclsiblenfaisanteaus
malhe-rcux, étend son minislére avcc lamémc sollicituda
auxpauvres qu'auxríclics.
S'il ne peut,que soulageretimnguérir,Uconsota
tt enirelientavcc menageinent unlégerrayon d'es-poirdansleccrurdu rouladeeldesesamis. »
( Cii\Rvoy, devoirsduMedecin. )
TYPOGfUPHIA
POGGETTl
DE TOURINHO
&
C.»FACULDADE
DE
MEDICINA DA
BAHIA.
DIRECTOR
O
J£òc.'-noS»u:
Canse!
fteia'&SSb:Jfoão
IgfigptásttKiios .Itejos»1
O
Ex.m0
Snr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães.OSSIIS.nOUTOIlBS l.'ANNO. MATRMASQUB LECCIONAM
, , ,,- -, phvsica emgeral,e particularmentecm suas
Gons.Vic nlcFerreirade Magalhães. ,í àpoHeaçõi-s a Medicina.
PranciscoRodrigues daSilva ' Chimicae Mineralogia.
AdrianoAlvesde LimaGordllho . . . Analomindcscriptiva.
•j."ANNO. Antoniodc( Pinto Uiimicaorgânica.
JcronymoSodré Pereira Physiologia.
António Mariano doBomnro BotânicaeZoologia.
AdrianoAlvesde LimaGordllho. . . . Repetiçãode Analomiadcscrlpllva. 5." ANNO.
EliasJoséPcdroza Anatomiageral c pathologlea. Joséde GóesSiqueira Palhologlageral.
JeronymoSodré 1'erciia Physiologia.
k.°ANNO.
Cons.ManoelLadislaoAranhaDantas. . Palhologla externa.
iiotandri»JosédeOueiroz Palhologiainterna.
Aicxanurcjose
w
l»^«™*Partos, moléstiasde mulherespejadascde meninos
Malhias MoreiraSampaio > rcccmnascldos. B.«ANNO.
AlexandreJosédeOueiroz ContinuaçãodePalhologlainterna.
loaauimAnloaind'OllveiraBotelho . . Matériamedicaetherapeutica. .
joaquuuAiu
Anatomia topographica, Medicinaoperatória,e JoséAntónio de1-reilas $ appareliios.
G.°ANNO,
António Jos(^07orio Pharmacia.
Salusliano FerreiraSouto .
...
Medicinalegal.DomingosRodrigues Seixas Hygiene,eHisioriada Medicina.
AntónioJosé Alves Clinicaexternado3.*c4.°nnno.
ioJanuáriodeFaria Clinica internado5.°e0.* anuo,
<D©S<D325P©2&3§» Rozcniio Aprigio PereiraGuimarães. .\
lgnacio JosédaCunha (
PedroRibeirodeAraújo / Secção Aeeessona.
I jnaciodeDanosPimentel. • -\ VirgílioClymaco Damazio )
José AiTonso Paraizode Moura, . . a
Augusto Gonçalves Martins /
DomingosCarlosdaSilva [Secção Cirúrgica.
DemétrioCyriâcoTourinho (
i.ni/. Alvares dos Santos \ SecçãoMedica.
João Pedro daCunhaValle
\
O
Kr.£>r.Cincininito PintodaSilva. {iTOlMHtM 3>ii 53B31!Bíâ-J13i\
O
Sr* Sír.Thomaz dMquino
Gaspar.wsmaais&Ê-DIAGNOSTICO DIFFEBEVCIAL
ETRACTAMES1T0 DAS MOLÉSTIAS
DO
CORAÇÃO.
Savoir observor »t leplus prccicux talenl diiMédécin, puisque nolrcarl esllapvesque
toule enlièrc.
fj. Ar>oii.i».)
3WTRO»UCÇâO.
SCOLHENDQ
este ponto para dissertarmos, não nos atcmorisonl muito a sua difficuldadc, c nem nos incendeu a gloria
de
parti-t3 Iharmosa queda nobre das emprezas árduas, porquanlo mais que
ludo ávido de aprendermos,alim de podermos prestarojjossj^ontiiHjcnte no serviço da humanidade, tivemos
cm
mira a importanciaxías moléstias do co-ração,c a sua utilidade na practica da profissãoque temos de exercer.Antes de encetarmos, porém, a nossa tarefa, queé bastante árdua,
entre-mos
cm
considerações preliminares; digamos, acompanhando ura vulto daScicncia:— AMedicina, si não possuísse o conhecimentoprévio e rigoroso das funeções, tivesse eila a experiência clinica a mais consummada, não daria
um
passo que não fosse ao acaso. Certamente, a investigação dos actos do<ty-namismo vital, a observaçãoseria cattcnlamente repelidados phenomenos que
se pa.sam normalmente no organismo, a comprehensão cmtim dos riitferentes
processos, que a Natureza emprega para rcajir contra o mal, por isso que
. cila éeminentementereparadora c mcâicalriz, nos fornecem dados
preciosos,
que são indispensáveis à pratica da verdadeira medicina, da medicina racio-nal
—
a Medicina physiologica—da Eschola Ecléctica.Em
abono da verdade, quanta veza Natureza reagindo impotente contraum
mal 6 anciosa pela mão certeira do medico?c se amãoempírica é queni lhe
ministra os soccorros, cila não faz senão umas vezes agradecer os successos ao acaso, outrasporémlançar uma analliema sobre a cabeça do Empírico no
profundostcrlorde suas agonias!
A
importância, pois, destas considerações, o assumpto grave de nossadis-sertação, o qnal implicauma explicação, qne deve ser a verdadeira e real do trabalho funccional do coração, e aindaos progressosda Physiologia moderna,
nos impõemo imperioso dever deexaminarmosseriamente as questões
cardio-physiologicas, de fazermos meditações calmas, que importarão á practica, ao futuro da scicucia e ao da humanidade cmGm. Pelo qne dividiremoso nosso trabalho
em
três partes do modo porque se seguem.PRIMEIRA
PARTE.
CORAÇÃO NO
SEI
ESTADO
NORMAL,
EXPLICAÇÃO
DOS
SEIS RlIDOS
E A
YERDADEIRA
THE0R1A
DO
RYTHXO.
E
a Physiologia auxilia á Patologia e áTherapeuti-ca, não há a contestar
—
aAnatomia
c o estudo de queo physiologista não pode prescindir, ella é o olho da
Medicina,
como
muitobem
disse o Snr. Cons. Dr. Jonathas.Comecemos
por tanto por fazer algumas considerações ana-tómicas, que julgamos aqui indispensáveis.Centro do apparelho circulatório o coração é
um
orgaõ contractilcomposto de quatro cavidades, duas superiores as aurículas, e
infe-riormente os dois ventrículos.
Uma
membrana
serosa forrainterna-mente
as cavidades, e os seusorifíciosde communicação. Envoltono
sacco fibro-seroso do pericárdio, collocado no mediastino anterior, e
repousando sobre odiaphragma, o coração éseparadodo sterno pelos
bordos dos lobos superior e médio do pulmão direito, e superiordo
pulmão
esquerdo. Sua base, eseus dousorifícios ventriculo-arleriaes,dos quacs o direito é
munido
da válvula tricúspideou triglochina, e oesquerdo da válvula bicúspide ou mitral, correspondem á
um
pontovisinho do bordo superior da terceiracostella,e áarticulação
sterno-chondral.
O
ventrículo esquerdo coberto pelopulmão
corresponden-te, excepto na ponta, é superior ao ventrículo direito, e correspondeá 4.a e 5.a costellas perto de sua articulação
com
as cartilagens, esygmoidéas. ventrículo direito, livrenasua maior parte,
correspon-de immediatamente á metade inferior do sterno, e ás cartilagensdas
4." 5.a c G.a
costellas esquerdas, e expelle o sangue pela artéria
pulmonar,
munida
também
de suas válvulas sygmoidéas ousimiluna-res.
A
aurícula direita alojada, por assimdizer,no
pulmão
direito seextende ã* direita do sternopor detrás das cartilagens costaes, erecebe
o sangue das veias cavas e coronária.
A
aurícula esquerda collocadaimmediatamente á esquerda do sterno recebe o sangue das veias
pul-monares. Pelo que levamos dito se comprehende, que o íim dos
ventrículos é receberem osangue das aurículas, e expellirem-no pelas artérias aorta e pulmonar; c o fim das aurículas receberem o san•
gue das veias eexpellirom-no pelasaberturas auriculo-ventriculares.
A
ponta do coração bate noquarto espaço intercostal c raramente no quinto para baixo e para dentro domamillo,com
distancia de 3a 4centi.netros,
como
fazbem
observar Iíaele. Pela percussão osom
macisso normal limita-se conforme Bouillaud de
4
até 6 centímetros quadrados. Pela escutaeãose percebeuma
espécie detic-tac normal;o lie é o primeiro ruido, surdo, profundo e inferior, que
tem
o seumáximo
de intensidade entre a 4.a e a 5.a costella para dentrodo
mamillo; o (uc éo segundo ruido, claro, superficial e superior,
que
tem o seumáximo
de intensidadeum
pouco para cima e para dentrodo mamilloenlre a 3.a
e 4." costella.
II.
As
geraçõesatravessam os séculos, as ideias sublimam-sc, ohomem
pasma
hoje do que vê,amanhã
trabalha e se esforça, c suagloriaúni-ca, verdadeira e real é odescobrimento das verdades que
devem
ful-gurar no sanctuario da Sciencia. Piadiante de luzes e de esperanças
para a humanidade foi
sem
duvida a epocha do descobrimento dacir-culação por Harvey.
O
Synchronismo do choque do coraçãocom
asystole dos ventrículos foi
um
dos bellos fruetos dos seus assazonadosestudos; foi a verdade emillida pelo Génio, que não
tem
achado échoem
Corrigan, Burdach eBeau,mas
quetem
sido abraçada até nós por&
Bouillaud, Cruveilhier, Skoda, Parchappe, Gavarret, os comités de
Dublin e Londres, &c.
Fallemos acerca dos ruidos do coração, das principaes theorias que
tem dominado
os espíritosmédicos,—
atheoria deBeau
e a de Rouanet.Theoria de Bcau.
—
FazrepousarBeau
asua doutrina,emit-tida desde 1835, no poder que elle suppõe terem as válvulas mitral e tricúspide, de supportar o peso do sangue das aurículasde
modo
áim-pedir de cahir gotta de liquido nos ventrículos, na direcção
justa-mente
em
que as válvulas se abrem; poder, cuja cessaçãocom
asys-tole das aurículas
dá
lugar áqueda brusca do sangue nos ventrículos,produzindo o primeiro ruido na diástole ventricular. Esta hypothese,
que
Beau
estabeleceucomo
uma
verdade, éum
erro hoje e grave;porque se sabe que no
momento
da systole auricular os ventrículoscontém
jásangue, cercade?
/3í e por conseguinte
*/
5 d'elle só, que
en-tra para acabar de enchel-os, não produz senão
um
ruido mui poucosensível; porquesesabe maispor
uma
bella experiênciadoSnr.Chau-veau que as válvulas auriculo-ventriculares sãorepellidaspara a
cavida-dedosventrículosno
momento mesmo
em
que cessa a systoleventricu-lar, e que portanto a passagem do sangue não é interrompida entre as aurículas e os ventrículos, senão durantea systole d'estes
com
adiástoled'aquellas.
Faz repousar
Beau
ainda asua doutrina no poder, que elleattri-bue
a sphincteres das veias cavas, coronária e pulmonares, defe-charem
hermeticamente durante sua contracção as aurículas,por cujadilatação produz-se aqueda bruscado sangue nas suas paredes, dando
lu^ar ao segundo ruido na diástole auricular. Ora, o orifício da veia
coronária, dizem lodosos Anatomistas abalizados, é provido de
uma
válvula semilunar muitodelgada—
válvulathabesiana—
quetem
sua razão diversa de existência.A
veiacava inferiorapresentauma
dobramembranosa,
conhecida pelonome
de válvula de Eustachio, muitopouco desenvolvida, de
modo
que não pôde taparsenãoincompleta-mente
o orifício. Quanto ás veias cava superior e pulmonares, dizGavarret
—que
ninguém
jamais encontrou o menorvestigio de válvulas,e que todos osAnatomo-physiologistasestão deaccordo
em
reconhecerque
a communicação nãoèinterrompida entre asaurículas e o systemavenoso Sc vê pois que estas ideiasde
Beau
não são sustentáveis.o
Sua doutrina cahe por terra perante a demonstraçãorigorosa pelas
leis da Hydrodynamiea, perante a concordância das experiências de
Alfort, e os traços cardiographicos de
Chauveau
e Marcy, e perante atheoria clássica habilmente defíendidapelos práticos os maisencanes-eidosdaFrança.
Poderá alguém porventura sustentar mais hoje,
como
Beau, que aaurícula é oagentecentral da circulação
—
o coração propriamente dito—
que o ventrículo não é senão ocomeço
do tubo arterial, por que,diz elle: Uoreillctleet le ventricule ont
apeu
prés laméme
epaisseur, et lamême
force?quando
deuma
parte Bouillaud nos diz—
quea es-pessura da aurícula direita é deuma
linha, e adoventrículo direitode duas linhas e zjh; ede outra as experiênciasrigorosas deChauveau
eMarey
nosdemonstram
que a potencia contractildoventrículo direitoó dez vezes, e a do ventrículo esquerdo cincoenta e
uma
vezesmaisconsiderável, que a da aurícula direita? Decerto que não; o contrario
seria negar a evidencia dos factos, recusar osprogressosda Scieneia, repellir,
cm uma
palavra, os aperfeiçoamentos modernos, que grandespráticos eexperimentadores tem apresentado aoséculo, sanecionando
altas verdadesjá proclamadas
em
outraseras.Vfieoria
«leBouanct.
—
Primeiro ruído—
contracção brusca dasparedes dosventrículos,endireitamento dasválvulas auriculo-ventri-culares, syslole.Segundo
ruído—
endireitameutodas válvulassygmoidé-as, diástole. Depois
—
grande silencio. Rouanet admittindocomo
causaprincipal a tensão súbita das válvulasauriculo-ventriculares,
eventri-culo-arteriaes, admitte
com
Bouillaud, Barth,Rogcr
e outros,como
causas secundarias dos ruídos
—
o choque dos ventrículos contra apa-role anteriordo thorax, eo attrito das partículassanguíneas.
Eis a lheoriados ruídos docoração acceitavel por todososprincípios
de observação, deexperiência, e do raciocínio, e da qual Bouillaud
disse : a// est impossible avec les sens
normaax
elxme lêle saine de nepas admeitre cetle theorie.»
III.
Debaixodas influencias
—
excitante do grande sympathico, econs-titueni
uma
evolução cardíaca completa, que no estado normalrepete-se
60
a80
vezes por minuto, e o que sechama
rythmo do coração.No
rythmo
temos a considerar os tempos quemarcam
as phases decada evolução.
Vejamos
como começa
a funccionar o órgão parad'ahi partirmos ádivisão dos tempos.
ChauveaueMareygalvanisaram
ospneumogastricose virama parada do
movimento
do coração na systole auricular, osventrículos ficando suspensos
em
sua contracção; logo depoiscessaram a galvanisação, e o trabalho funccional do órgãocomeçou
pelacon-tracção ventricular. See, nas suas lecções de Physiologia Clinica diz:
« Les forces suspensives rósidentprincipalement datis Voreilletle. Pen~
dant le repôs unecertaine quantitédeforce saccumule dans le centre
nerveux du ventricule, laquelie finit
par
fairepender
la balance en faveur du mouvement. »O
trabalhodo órgão, pois,começa
com
asys-tole ventricular, e não,
como
querem Beau
e Faivre,com
asystoleauricular.
Segundo
Beau, o primeirotempo
compõe-se da systoleau-ricular, da systole e dyastole ventriculares; e segundo Faivre, elle é constituído pela systole auricular aphona, pelo que Faivrecolloca no
segundo
tempo
o primeiro ruido; incoherencias estas, de que resultaa confusão nas discussões clinicas, e talvez erros que
podem
ser fa-taes. Nós, pelo que acabamos ha pouco de expor, diremos que opri-meiro ruido, coincidindo
com
asystole ventricular, se dá no primeirotempo.
Quanto
aosphenomenos
subsequentes á systole ventricular,veja-mos
o que dizemChauveau
eMarey
emuma
das suas conclusões: «La
diástole
du
ventriculesuccèdeimmèdiatement à la systole; elle se operesous 1'influence dela chufe toute passive du sang de la cavité venlricu-laire.
La
conlractiondeVoreilletle nintervientquà
la fin de cette diás-tole,pour
completerl'ampliation et la réplélion du ventricule. »Diz ainda A. Gomte: <r
On
a observe que la dyastole était trois fois pluslongue que la systole. » Estabelecidos estes princípios
como
invariá-veis ecom
osdados deuma
das conclusões enunciadasultimamente áAcademia
de Medicina de Pariz por Bouillaud, na qual elle diz: « Lesmêmes
methodes d'exploration, jointes á 1'auscultation, demonstremquune
révolulion complete du emir se compose de quatre temps*
que par conséqueni la durée de cette rêvolution n'csl
pas
une mesure á(róis temps
—
procuremos saber por quephenomenos
cadaum
dosqua-tro tempos é caractarisado.
Depois de aturados estudos, e meditações calmas,
chegamos
ácom-preheusão verdadeira e real do rylhmo do coração, cuja synopsis
pas-samos a apresentar para sero pharol da cardiopathologia.
Systolevenricular Diástole auricular i.° ruído. 1.°Tempo. Diástoleventricular Distensão auricular 2.° ruído. 2.°Tempo. Distensão ventricular Repleção auricular Repleção ventricular Systole auricular GRANDE SILENCIO 3.°Tempo. 4.°Tempo.
i.°
Tempo*
—
Os
ventrículos completamente cheios, nãopoden-do mais supportar a distensão de suas paredes, entram
em
systole;as válvulas auriculo-ventriculares se fecham, e as arteriaes se
abrem
para dar passagem aosangue; seproduz ahi o primeiro ruido
no
mo-mento
mesmo
em
queum
phenomeno
inversotem
lugarnas aurículas,o dasua diástole, (*) porquanto asua systole poucoantes tivera lugar.
£.°
Tempo.
—
As
aurículas que estavamem
relachamento, eque continham pouco sangue,
começam
agora á distender-se,re-cebendo-o mais; ao
mesmo
tempo
os ventrículos se relacham, euma
certa porção de sangue se derrama nas suas cavidades.É
n'estetempo
quetem
lugar a colisão do sangue arterial contra a parte superior das válvulas sygmoidéas, concorrendocom
o estalo d'ellas a produzir osegundo ruido.
3.°
Tempo.
—
Os
ventrículos que estavamem
diástole,come-çam
a distender-se, e as aurículas, que estavamem
distensão nãomuito adiantada, agora repletam-se. Aqui
nenhum
movimento
senãopassivo do órgão, pelo que elle parece repousar assim
com
a distensãoventricular e a repleção auricular.
É
este o tempo, que se costumacom
rasãochamar
—
principio dogrande silencio; é
um
tempo
á partee distincto do que se vai seguir.
(*) Empregamosaqui a palavra
—
diástole—
para exprimiro principiodadila-tação das cavidades do coração, [le relachement propriamente),
em
quanto queparaosoutrosperíodos dadilatação,hemos por conveniente precisar os
9
4.°
Tempo.
—
Seacham
agora os ventrículosem
uma
distensão forçada, ou melhorem
sua repleção—
que pela systole auricular queaqui tem lugar tende a desmanchar-se afim de dar lugar aos primeiros
phenomenos
que constituemuma
nova phase da evolução cardiacaiEste quarto
tempo
é considerado por Faivre o primeiro, e faz parledoprimeiro longo e complicadode Beau.
Eis aquiquatro temposdistinctos, á cujaconvicção ainda nos arrasta
o terceiro traçado cardiographico (**) de
Chauveau
eMarey,em
que sevê
bem
—
que o espaço que vai desde que a diástole ventriculartem
lugar no segundo
tempo
até que se dá a distensão ventricular, (aindanão repleção) corresponde á
um mesmo
espaçoem
que no traçado pelos ventrículos duas curvas iguaes sãobem
clarae destinctamentedescriptas; de sorteque entre a diástole ventricular e a sua repleção
um
phenomeno
intermédiotem
lugar, o qual dividindo o espaço quevai desde o
começo
da distenção das aurículas até asuasystoleexclusi-vamente, constituepor sua duração
um
tempo, quedever-se-hachamar
o terceiro.
Para qualquer ouvido, que escuta a região precordial de
um
indivi-duo no estado de saúde, há somente trez tempos
em uma
revoluçãocardíaca, que são: o do primeiroruido, o do segundo, e o do grande
silencio. Para o
homem
daSciencia, porem, que não sedeve contentarcom
superficialidades;paraa intelligenciadoClinico Physiologistacons-ciencioso, queprocura dar aos factossua significação e importância, e
queattenta
bem
para osphenomenos
ainda os mais recônditos door-ganismo; para Bouillaud e outros, que deffenderam habilmente na
Academia
de Medecina de Paris as conclusões verdadeiras, brilhantese irrecusáveisdo trabalho importantíssimo de
Chauveau
e Marey; para estes, diremos—
há quatro tempos distinctos, que se pode contar emedir
com
extrema facilidade, supprindo então mentalmente os doisruidos que faltam no grandesilencio para completar ocompasso
qua-ternário, ou por outra os dois tempos, que no estado anormal ora se
passam
lenta e morosamente, oratãorápidos e fugazescomo
opensa-mento.
Gazcttc desHopUaux dcPariz de 19 ilcJuillolde 1864.
IO
Digamos, terminando a primeira partedo nossotrabalho: tal era o
ardor da convicção de Bouillaud
quando
peremptoriamente sustentouas ideias lumininosas
do
importante trabalhodeChauveaue
Marcy, talera a auetoridade de suas palavras, tal era, é forçozo diser, o poderda
verdade danova doutrinado
rythmo
do coração, que ellanão podehojedeixar de ser acceita por todos aquclles que se dedicam seriamente ao
estudodaCardiopathologia.
Convém
descriminarbem
as cousas quan-do cilasimportam
a saúde da humanidade.SEGUNDA
PARTE.
DIAGNOSTICO
DIFERENCIAL
DAS
MOLÉSTIAS
DO
CORAfíO,
Lcdecernement du caraclércpropre de cliaquc penredemnladicetdeses diUercntes espéces esl
lasource des indlcations curalivcs.Sans un
dia-gnosticexactetprecislalheorie esttoujours en
dc-faul,cl lapratiquesouventinlidéle.
(Louis:Memoircs surles tumeura fungueux dela
duremete)
Quando
as attençõessefatigavamem
revolver oquadro dossympto-rnas funecionaes para descobrir a sede, e conhecer a natureza das
mo-léstias do coração, dous progressos não se tinhamrealisado—
aAna-thomia Pathologica tinha pouco andado,e os methodosphysicos de
ex-ploraçãonão prestavam ainda suasbrilhantes luzes. Foi no serviço
cli-nico de Bouillaud
em
1853, que Racle assim pronunciou: « Plushereux que nos devanciers nous possedons aujour dliui des moyens
d
%exploration qui permetent d'arriver aune grande precision dans 4e
diagnostic deses affections; seulement il faut apporíer dans leuremploi une attention souíenue, beacoup dliabilude, et une conaissance
appro-fondie delapalhologie. II est difficile
quen
faisantVusage convenable on narrivepas aindiquer la nalure, le degré, et 1'etendue des lesionsf 3
Com
os progressos que a Anatomia palhologicalem
feito,com
osmeiosde exploração, que hoje possuímos
—
a inspecção, a apalpação, apercussão, a escutação, a mensuração,
ác
, podemos, pois, dizer queem
geral não é difficil o diagnostico clinico relativamente a'estacon-quista dostempos
modernos
—
a cardiopathologia.
O
diagnostico differencial torna-se entretanto difficil quando asmo-léstias docoração senos apresentam por signaes
em
pequenonumero
e duvidosos;
quand
os doentes nãosabem
ou nãopodem
informar-nos da historia pregressa; quando complicam ás moléstias docoraçãoasbronchites, as congestões pulmonares indo alguma vez até a
apo-plexia, a congestãodofígado, e osderramamentos nas serosas;
quando
complicam o estado adynamico, a albuminúria, a cyrrhose do ligado,
e
uma
complicação ainda mais rara—
a gangrena deum
membro,
(por embolia)
Em
fim, moléstias do coração podendo existirsem
dar lugar á signaes dealgum
valor, e ao inverso—
signaes de algum valorpodendo
existirsem
que haja lesão cardíaca, constituemparticularida-des excepcionaes, que embaraçando o pratico, fazen-o ser reservado
no seu diagnostico, para o qual tem elle necessidade de redobrar a
attençãonosexames, e estudar
bem
todos ossignaes até osanamnesti-cos, que, muita vez são os dados mais fortes para a solução do
pro-blema, que se reputava diíficilimo.
As
lesões cardíacaspodem
ser de trez ordens: vitaes, orgânicas efunecionaes.
É
debaixo d'estcs trezpontos de vista que asconsidera-mos.
De
uma
maneirageralpodemos
dizer entrandojá no assumptoda segunda parte de nossa dissertação; quando se prova
um
tremidovibratório mais ou
menos
rude,uma
impulsão exagerada docoração,e quesua ponta bate
em uma
região affasladapara fora epara baixo domamilto, si pela escutação se prova
um
ruido de sopro mais oumenos
áspero,
um
ruido musical ou deraspa, de serra, de lima,&c;
e queá estes signaes se addicionam muitos ou alguns dos signaes geraes
ou
racionaesseguintes: odecúbito
com
acabeçaelevada,ainjecçãodaface,aeyanose, a intumcsccnciadas pálpebras,oenchimentoeas pulsaçõesdas
veias jugulares, a peqenhez do pulsoarterial, sua frequência
sem
febre, e muitas vezes sua irregularidade, o resfriamento das extremidades, oedema
dosmembros
inferiores, a anasarca, o sentimento de pôzoi*
a>hemorragias visceracs, sobretudo as do pulmão, os batimentos do
coração alterados
em
seu rylhmo, e a fácies cardíaca, pode-se dizerque existe
uma
moléstia docoração, que não sepoderá confundircom
as perturbações funccionaes simplesmente nervosas,
com
a anemia,nem com
a chlorose.As
lesões propriamente cardíacas, quepodem
ser reconhecidas ouao
menos
suspeitadasdurante a vida, são: a pericardite,aendocardite,as concrecções fibrinosas, as lesões das válvulas e dos orifícios, as placas leitosas, as adherencias geraes do coração ao pericárdio, a
hy-pertrophia, adilatação, e o hydro-pneumo-pericardio.
A
atrophia do coração, seosaneurismas parciaes, suadegenerescên-ciagordurosa e suasroturas se nos apresentam por signaes duvidosos.
A
atrophia do orgam, affecção problemática, é suspeitada apenascm
uai individuo de magreza extrema, assimcomo
a degenerescência gordurosao é nos indivíduos obesos.-O
hydropericardio e o hemopericardio se nos apresentamcom
osmesmos
signaes physicos deum
derramamento
seroso.Os
signaesan-teriores, ou os que
accompanham
amarcha
da moléstia nos auxiliamaqui muito no diagnostico differeneial, que torna-se tanto mais fácil
estabelecer-se quanto
sabemos
que o hemopericardio, resultado deuma
rotura do coração da origem da aorta, ou da artéria pulmonar,se nos apresenta
com
ossymptomas
deuma
hemorragia porexcellen-cia, que ó logoseguidade morte fulminante.
Os
descollocamentos docoração,convém
saber, (para o diagnosticodiffereneial)
tem
logar: para cimapelos derramamentos abundantes dopericárdio, ou pela elevação do diaphragma resultante da distensãoda
parte superior do
abdómen;
paradireitaou paraesquerda portumoresvolumosos, e mais frequentemente por
derramamentos
pleuriticos,oceupando o lado do peitoopposto á aquelle
em
quese faz orecalca-mento.
A
asystolia é consideradaporBeau
um
estado prothopatico; nóscom
a maior parte dos auetores a consideramos
uma
complicação dasmo-léstias do coração, semelhante a
adynamia
nas febres graves.A
apo-plexiado coração, os abcessos, os tubérculos, o cancro, as hydatidcs,
agangrena, a cardite propriamente dita, as ulcerações, a induração,
13
Woillezcompletamentelatentes. Acardite propriamente dita não tendo
symptomas
próprios, e não podendoser distinctada endocarditecomo
faz ver Bouillaud, nada diremos d'ella
com
especialidade, e somente acomprehendercmos
no diagnostico da endocardite.L23ÚE3
©S
©BDSM
V0TAL.Aendocarditee pericardite são as duas formas ordinárias de
phleg-masia do coração.
Raramente
primitivas ellas se desenvolvem as maisdas vezesno curso de
um
rheumatismo articular.A
pericarditeentre-tanto pode apparecer no curso de
uma
pleuro-pneumonia, pode seruma
complicação das moloslias orgânicas do coração.Aran
eBurrows
tem
signalado os tubérculoscomo
uma
causa de pericardite;tem
sidoainda observada, dizem elles, no curso ou
em
consequência de certoscxanthemas, noestado puerperal, c
em
consequência de penetração deum
corpo estranho vindo doesôphago.Quando
a pericardite é primiti-va, ella é quasisempredevida, conforme Bouillaud, áum
resfriamentosúbito, e segundo outros
também
aos excessos, principalmente os alcoólicos, aos violentos exforços, aos trabalhosfatigantes, ásimpres-sões moraes vivas,causas estas, que
nem
sempre sepodeapprehender.Signaes de endocardite apresentam-se algumas vezes no
começo
dafebre typhica, o que induz os Pathologistas á pensarem—
que a in-toxicação typhicatem
por origemuma
endocardite ulcerosa.A
endo-cardite pode apparecer depois de
uma
pneumonia, e mais raramenteno
curso das febres eruptivas, da phlebite, da grangrena,da nephrile,de
um
abcessodoabdómen,
edeuma
phtysicatuberculosa.Úteis para o diagnostico differencial não devem, pois, ser despreza-das estas considerações, ou por outra, as condições para o
appareci-mento
das phlegmasias do coraçãodevem
estar sempre presentes aoespirito doclinico.
Aguda
e franca apresenta-se-nosuma
phlegmasia do coração,em
que
há omovimento
febril mais oumenos
intenso; displicência; dorprecordial, que quasi sempre não passade
um
simplesencommodo,
e14
queoutrasvezes torna se violentaao ponto de levar-nos a'suspeitaf ou
crer
emuma
complicação de pleuresia; cephalalgia;raramente tonturas; vertigens; zunido de ouvido; dispertarem
sohrc-sallo, precedendo aosaccessos nocturnos de palpitação, e rarameute syncopc; há
irregula-ridade notável do pulso; agitação geral
com
traços apanhados;pali-dez ou por vezes cyanose da face; suor frio; arde espanto;
convul-çôes; delírio; e
edema
dosmembros
inferiores. Estesúltimossympto-mas
graves, prenuncio deum
termo fatal, fazem-nos suspeitar queconcrecções fibrinosas se
tem
formado no coraçãocom
o endocardioin-ílammado; e as probabilidades aqui
augmentam, quando
ouvimosum
ruido de sopro simples ou sibilante no primeiro ou nos dois primeiros
tempos da evolução cardíaca,
quando
notamosum
pulso miserável,irregular, intermittente, congestões venosas, e resfriamento das
ex-tremidades; e temos certeza se de repente
vemos
o pulso tornar-se frequentíssimo. (150 a 180 pulsações por minuto).A
formação- doscoalhos, seja aqui dito,
tem
logartambém
nas lesões orgânicas,em
que ha a stase sanguínea.
Os symptomas
geraes de febre e displicência; oencommodo oudôr
precordial; a acçãoexagerada dos vasosdo pescoço, contrastando
com
aacção enfraquecida dos outros vasos do corpo, signal este estabelecido
por Stokcs,emencionado naobra deGraves por Jaccoud; aausência de
moléstias do pulmão; tudo isto nos levaapensar que se tractade
uma
das formas de cardite,sobretudoseo doente
tem
anteriormentesoífridode rheumathismo. Se há maliteznãopyriforme, seosruidosdocoração
são profundos,e hásopro intracardiaco
bem
perceptívelimposiçãono-risontal, ou
um
sopro mais oumenos
rudee persistente na base ou napontado coração, diagnosticaremos
uma
endocardite. Sese percebeuma
espécie de froã—
froã cxtracardiaco, sensível por veses áappli-cação da mão, ou
um
ruido de attrito mais oumenos
rudeprincipal-mente
na posição assentada,synchronocom
osmovimentos
docoração,somos
levados á crer quese tracta deuma
pericard te semderrama-mento, ou
cm
que elle ó aindaem
mui
pequenaquantidade.O
diagnostico differencial da pericardite com deramamento,lor-na-se fácilpelos ruidosprofundos, impulsão fracaounulla, bossa
cres-cente edecrescente
com
o derramamento, e pela matitez de base in-ferior ou pyriforme.Em
certos derramamentos, disem Barthe Rogcr,se ouve
um
ruido de soproquando
oindividuo está deitado, oqualpo-de desapparecer na posição assentada; o que dá-se quando o
derra-mamento
é pouco abundante.Muitas vezes nas pericardites ha
uma
dor viva no epigastro; ellafoi notada por
Mayne
(Uobert) dez vezes sobre onze,eem
cinco casoselle vio ador precordial ser substituídapor assim dizerpeladôr no e-pigastro.
É
portanto este maisum
signal importante no diagnosticodifferencial da pericardite.
A
pericarditechronica se nos apresenta quasi semprecom
derrama-mento. Esta affecção pode assimser confundida
com
ohydropericar-dio (não inflammatorio) ;distimgue-se entretanto, porque no
hydro-pcricardio, moléstiararamenteactiva para uns, e para outros,
como
Lebert, de essencialidadeduvidosa, faltam muitos ouos
symptomas
principaes da pericardite
com
derramamento;e principalmenteporquehá no hydropericardio concomitância
com
outrosderramamentosvisce-raes, entretidos poroutras moléstias docoração, do ligado, dos rins, etc.
Quando
a pericardite é seccaossignaes para conhecel-a são osmes-mos
que osdapericarditeantesouquando
não há maisderramamento.A
pericardite pode ainda ser diagnosticadaquando o seuderrama-mento
é reabsorvido, vistocomo
desigualdades, bridasouadherenciaspodem
existir na superfícieinterna do pericárdio, e dar lugar á certosphenomenos,
como
sejam: o ruido defrôlement, decraqiiemeut, e deraclemenl; ruídos estes synchronos
com
osmovimentos
do coração;que
mudam
algumas vesesde lugar; quepodem
mudar
denatureza, tornando-se muitas vezesem
um
attritodoce,simulandoum
ruido intra-cardiaco, doqual o ouvido exercitado perfeitamente destingue; eque
ainda
podem
desapparecerse oderramamento
vem
a apresentar-se denovo.
Deixemos
para fallarespecialmente das adherencias quandotra-ctarmosdas lesões orgânicas.
No
decursodeuma
pericardite pode haver, ainda queexcepcional-mente, formação de
uma
certaquantidade de gazes, que, de misturacom
uma
certa porção de liquido, se denuncia pelos signaes que nosfazem diagnosticar
um
—
hydro-pneumo-pericardio simples; estessig-naes são os seguintes: sonoridade anómala da região precordial,indo
itt
(los ruidos
normaes
do coração; exageração dos ruidos de aitrilopre-existentes; e gargarejo de timbre metallico.
O
ruido de roda demui-nho, indicado por Bouillaud, se produz toda vez que os líquidose os gazessão
mui
abundantes.O
diagnosticodifferencialentreohydro-pneu-mo-pericardio simples e o hydro-pneumo-pericardio, que se produz por
uma
ulceraçãoíislulosa, é o seguinte: nohydro-pneumo
pericárdio por perforação por exemplodeum
abcesso do ligado,etc.ha
de parti-cular—
um
tinnido metallico brilhante ácada batimento do coração,e os
symptomas
subjectivos, que indicam o instante precisoem
quese deuaperforação,
como
sejam:palpitações violentas, euma
dormui-to viva naregião do coração.
Pela ausência dos siçnaes de
uma
affeccão intrathoracicaninguém
confundirá a pleurodynia
com
as duas formas de cardite.A
pleuresia esquerdacom
derramamento, pelamatitez nãopyrifor-meque
apresenta, não podetraser-nos confusãono diagnosticoda peri-carditecom
derramamento.Além
d'isto amarcha
da pleuresia, a ausência n'esta moléstia dosphenomenos
mórbidos do coração, quejá vimos nos tiram de todaa duvida.
Um
tumor intrathoracico poderásimularuma
pericarditecom
der-ramamento;
mas, os ruidos do coração ouvidosaffastadosdolugar damatitez, e reforçados muitas vezes pela existência do turnôr, e
so-bretudo a forma pyramidal da matitez pericardina, não nos
permit-lem
mais duvidar.II.
A
causa primeira das lesões orgânicas é as mais das vezes orheu-matismo, e oponto departida o maisordinário d'ellasé a endocordite;
sua
marcha
é essencialmente chronica, equando
ellas se patenteiam,está sellado o coraçãoe imprimido do dedo fatal, que tarde ou cedo
vem
roubara vidado pacienle resignado.Os
progressos daidade, e a dyathese cardíaca sobretudo, admittida hoje e sustentada pelo illustre Bouillaud, são por assimdiscr ascau-sas predisponentes individuaes da maior importância. As causas pro-vocadorassão:
um
rheumatismo articular agudo, o abuso do tabaco, a intoxicação alcoólica, e as lesõesdocorarão deordem
vital de quejátratamos.
Entrevistas por Bicliat, e confirmadas depois por muitos
observa-dores, as lesões orgânicas mais
eommuns
sãoasdo coração esquerdo,em
quanto que são raras as docoração direito. Corvisart pensaque édevido isto á que ha mais tecido fibrosonos orifícios eválvulas
esquer-das. Bouillaud attribue ás qualidades mais estimulantes do sangue. Cruveilhicr crê ser devido aos choques, attritos e trações, a que está sujeito o apparelho valvular pela força maior do ventrículo esquerdo.
Nós, que pertencemos a eschola ecléctica, conciliamos estas diversas
ideias de accordo
com
a opinião de Hoppe.Dissemos já
em
que casos as lesões orgânicasem
geral podiamsersuspeitadasou diagnosticadas; cumpre-nosagora tractar
em
particulardecada
uma
destaslesões principaes.lesões
tioapparelho valvular.—
As causas asmais or-dinárias, queimpedem
as válvulas de preencherem exactamenteasfuneções á que são destinadas, são: seo espessamento, sua induração, sua transformação fibro-cartilaginosa, óssea ou petréa, a destruição
parcialdo seobordo livre; sua perforação; sua ruptura mais ou
menos
considerável, quer na parle central, quer nabase; e as vegetações
emíim. Todas estascausas dão
em
resultadouma
insuficiência,insuf-íicienciaque geralmente coincide
com
um
estreitamento, cujaexpli-cação se deprehcnde da naturesa das lesões á cima.
O
diagnostico differencial exacto e preciso é impossível aquisem
a producção dos ruidos de sopro, percebidos pela escutaçào nas condições dequalida-de, de tempo, desede, e de intensidade. ruido de sopro ora
bran-do, ora de raspa, de serra, de lima, sibilante, c musical,ele, denota
o graudelesão material do apparelho valvular, e se o percebe tanto
no
primeirocomo
nos outros tempos,emquanto
que independente deuma
lesão orgânica o sopro se produz somente no primeirotem-po, e é mais ou
menos
brando.A
marcha
damoléstia, pois, édeum
grandevalorpara o diagnostico daslesões do apparelho valvular.É
á medida que astransformaçõesgraduaes ahi
tem
logar, que os sopros vão setornando mais rudes c19
ásperos.
Quando
numa
lesão organicaháo ruido de sopro, batimentostumulluozos e precipitados,
convém
empregar a dedaleira parademo-rar e regularisar os
movimentos
docoração, á fim depodermos
firmaro nosso juizo.
O
exame
do pulso aomesmo
tempo
que seescuta é omelhor meio de
bem
determinarotempo
da evolução cardíacaem
queseouve o sopro.
Quando
finalmente o coração esquerdo está doente é a região epigastrica o logar onde seouve melhor, segundo Rayer, ocoração direitosão.
SstreitaasACBito
c
isBsufíicieaiciaclosorifiâeiossmri-JCiilo-ircBitricuIarcs iniOnfl
c
ta'iciBS|iide.—-Apresenta-seum
doentecom
ossymptomas
geraesdeembaraço da circulação, dysp-néa, <fec. quetem
soffiido de rheumalismo articular agudo, porexem-plo; ou melhor que antes tenha tido
uma
endocardite franca,em
cujaregião precordial nãose nota sopro na base,
más
sim intensona ponta do coração e noprimeiro tempo, diremos: háuma
insuficiênciaauri-eulò-ventricularsimples.
Convém
notar: a insufficienciaauriculo-ven-tricular pode ser devida á
uma
adherencia geral do pericárdio pelamudança
na forma dos ventrículos, áalterações valvulares, á dilataçãodo coração, &c.
O
exame
attento do medico decidirá mais oumenos
todas estas questões.
Se o sopro da pontaseproduz noquartotempo, isto c, antes do
pri-meiro ruido, sobretudo se a aurícula está hypertrophiada, se elle se
produz no segundo
tempo
e aindano terceiro, o queé muito raro,di-remos
haum
esIrei(amento auriculo-ventricular.Há
um
signal, que óconsiderado por Bouillaud patognomonicod'este estreitamento; é o
desdobramento do segundo ruido.
O
falso passo docoração,ou por outra a sua contracção ventricular,que se faz por assim dizer no vasio; os batimentos confusos e
tumul-tuosos e de
uma
maneira permanente, são circumstancias muitocom-muns,
dizem Barth e Roger, nos casosdeestreitamento considerável,e ordinariamente do orifício auriculo-ventricular esquerdo.
O
grande silencio é muitas vezes allongado nos estreitamentosau-ricuio-ventriculares.
A
ausência de sopro intracardiaco não é rasão bastante pararepellir-seaideiadeum
estreitamento,tanto maisquan-to é de observação queoestreitamento auriculo-ventricularé de todas
mórbida;pelo que muilo nossorvempara o diagnostico d'este
estreita-mento
ossymptomasgeraes
deuma
aíTecoão orgânicado coraçãocom
difíiculdade da circulação:
com
palpitações, dyspnéa, pequenhez dopulso,
edema
dosmembros
inferiores, etc.E
assim que, dizem Barthe Roger, temos diagnosticado mais de
uma
vez o estreitamentoauricit-lo-ventricular cuja existência a autopsia tem demonstrado.
A
sede dosopro á direita ou á esquerda nos limites inferiores daregião precordial determina a sede dalesão.
Convém
estarmos prevenidos: amaiorintensidadedo sopro auriculo-ventricular deum
lado, que do outro pode muitas vezes nosinduzir aoerro, quando há hepatisaçãodo bordo anterior do pulmão, ou
descollo-camento do coração portumores que o
comprimem,
circumstanciasque
podem
reforçarum
ruido anómalo deum
lado e enfraquecer dooutro.
As
pulsações arleriaes são mais segura e profundamente modifica-das nas lesões do coração esquerdo que nasdo coração direito.As-sim, nas lesões do orifício auriculo-ventricular esquerdo, o pulso apresenta-se pequeno, fraco, irregular, intermittente, desigual;
em-quanto que naslesões do coração direito o pulso radial pôde não ser
alterado.
Toda
lesão, quetem
por effeito demorar o cursodosanguenas cavidades direitas, apresenta os enchimentos venosos; mas, as pulsações venosas
tem
logar sobretudo noscasos de estreitamento, ede insufliciencia do orifício auriculo-ventricular direito. Assim, pois,
quando
o refluxo precederão pulso earotidiano, isto é, noquarto tem-po da evolução ou na occasião da systole auricular, opinamos paraum
estreitamento auriculo-ventricular direito 011 tricúspide; quando o re-fluxo coincidir
com
apulsação carotidiana diagnosticaremosuma
insu-ficiência auriculo- ventriculardireita; insufficiencia e estreitamentotri-cúspidese as pulsações das jugularesse manifestarem no primeiro emj
quarto tempo. Por exclusão daslesões direitas, pela frequência das
le-sões esquerdas, pelo caracter do pulso,
como
já vimos,diagnostica-remos
uma
lesão no orifício esquerdo, insuficiência, estreitamento, ouinsuficiência com estreitamento, conforme ossignaes de estreitamen-to c insufliciencia, quejá fizemos conhecer.
O
rythmodo
estreitamen-to mitral é representado por Durozier assim: fout-ta-ta-roú.piilmo-njir.—
Um
ruido desopro mais oumenos
áspero duranteo primeirotempo, ouvido na base do coraçãoe se propagando
um
pouco á uireitapara o terceiro espaço interchon Irai, denota
um
estreitamentoaór-tico. sopro na base, porém, se prolongando para cima á esquerda da aorta e por baixo do sterno indica
um
estreitamento pulmonar.O
estreitamento aórtico se denunciaainda por
um
pulso pequeno, duroe ás vezes vibrante. Forget considera signal culminante do
estreita-mento
aórtico—
a dilataçãodo ventrículo esquerdo, a qual existe, dizelle, quasi necessariamente
com
a hypertrophia. Racletambém
adinit-tea hypertrophia providencial deBeau no
estreitamento aórtico.O
engorgilamento das veias do pescoço, e
um
sopro percebido ao longodaartéria pulmonar,
sem
propagação nascarótidas, nosfazemdiagnos-ticar
um
estreitamento ventriculo-pulmonar.Uma
cousa há a notaremlim
no diagnostico d'estas lesões, e é que a coloração da face, e oedema
das extremidadesaccompanham
mais frequentementeoestrei-tamento aórtico, do que as outras lesões valvulares.
Iiisafíflcieaicisi
aórtica e
iieilaiiosiai'.—
Um
sopro,per-cebido na base do coração, faz-nos distinguir estasduas afleeções dos estreitamentos e insuííiciencias auriculo -ventriculares, cujo soprojá
vimos ser na ponta.
sopro lendo logar no 2.°
tempo
faz-nosdistinguir asinsuficiên-cias dos estreitamentos aórtico c pulmonar, cujos soprosjá vimos
se-rem
no 1.° tempo.leisuffíciencia aórtica.
—
diagnostico differencial dain-suficiência das válvulas aórticasé de
uma
importância grande na pra-tica.As
lesões d'estas válvulas são as causas mais frequentesde mortesúbita, diz
um
grande pratico, (Trousseau,) e ellassão as quemenos
vezes são accompanhadas do cortejo de phenomenos, que constituem
os
symplomas
mórbidos geraes das moléstias do coração.A
insuííiciencia aórtica pode se estabelecer de repente depois deum
esforço, deuma
pancadaviolenta, pelo despedaçamento dasválvu-las sygmoidéas.
Os
individuos quetem
uma
insufficiencia aórtica sãoem
geralpallidos, deapparencia essencialmentechlorotica. Nestalesãohasopro nos vasos do pescoço, onde aspulsasões arteriaes
podem
ser visíveis, e apresentar flexuosidades.A
artéria radial apresentaam-pio, mais ou
menos
molle, veloz, ondulante muitas vezes;augmentan-ilo de volume e deeerta agitação, quando obraço é erguido
perpendi-cularmente.
O
sopro da base do coração pôde prolongar-se pelo ter-ceiro e quarto até o primeirotempo
exclusivamente.Quando
accom-panha
a esta lesãouma
hyperlrophia consideráveldocoração, o pulsoé vibrante, e há algumas vezes o tremido gitarío apreciável nas arté-riascarótidas, subclávias e axillares.
Na
insuficiência aórtica se nota ainda, queum
intervallo mais oumenos
sensível pode separar os batimentos do coração dos dasarté-rias; cque porvezes os batimentos dasartériasdos
membros,
mesmo
durante a sua elevação, são visíveis.
Segundo
Durozier,um
diplo sopro inlermillentecriiral, que sepro-duz se se apoia gradualmente o stethoscopo até quasi obliterar a ar-téria, e que se acha, diz elle, constantemente, é
um
signal unívoco dainsuííiciencia aórtica.
O
sopro nos vasosdopescoço ea amplidão do pulsopodem
nãoexis-tir na insulíiciencie aórtica, quando ha ao
mesmo
tempo
uma
insuííi-ciencia mitral.Na
insu/fteiencia da artéria pulmonar o ruido de sopro da base docoração no segundo tempopropaga-se na direcção do ventrículo e ar-téria pulmonar, e se o percebe
bem
no segundo espaço interchondral esquerdo. pulso aqui não apresenta quasi nadade notável.São frequentes n'estas duas espécies de lesões de que accabamos de
faltar as differentes complicações pulmonares, a turgencia das veias julgulares, eo pulso venoso.
Estreitamento
coei»insufflciencia aórtica
c
Isy-pertronhia
do
ventrículo esquerdo.
—
Esta triplicocom-binação mórbida, muito
commun
entre as lesões orgânicas, sedenun-cia pelos signaesseguintes; duplo ruido anormal noprimeiroe no
se-gundo
tempocom
omáximo
de intensidade no terceiro espaçointer-chondral direito, e porção contigua do sterno, se propagando para a
base do coração, e pela aortaascendente; ruido anormal das artérias;
pulsações arteriaes pouco apparentes; pulso frequente,
menos amplo
que na insufíiciencia simples, molle, ás veses pequeno, se
desenvol-vendo
com
aelevação dobraço, e hú alem d'isto os signaes dehyper-tronhia de que mais adiante nos oceuparemos.
O
diagnostico differencial entre o estreitamentocom
insufficieneia aórtica eo aneurisma da crossa, lesões que somente se poderiamcon-fundir pelo sopro ouvido no primeiro e no segundo tempo, é fácilde
estabelecer-se pela sede do
máximo
dos sopros anómalos nosaneuris-mas
para fora dos pontosem
que se ouve os das affecções cardíacas.Placas
leitosas.
—
Os
indivíduos que soffreram depleuresiaou derheumathismo, ou melhor ainda de pericardite, são estesque se
podem
apresentará nossa observaçãocom
os signaes locaes de placasleitosas, que são os seguintes: ruido de altrito leve, superficial,
seme-lhante ao de pergaminho, ou de sopro diffuso e não cylindrico, tendo sua sede na parte media do coração
com
caracter permanente, eaug-mentando
de intensidadepela posição assentada. São, porém, signaesestes que nos fasemdiagnosticaLV-placas-leitosas na superfície anterior
do coração, por quanto na superfície posterior ellasnãonos fornecem
signalalgum.
Adhercncias
do coração ao
pericárdio.
—
As
adherencias parciaes froxas, molles, cellulosas são impossíveis de se
diag-nosticar.
As
adherencias geraesdo pericárdio se denunciam, conformeAran, peladiminuição , e
mesmo
desapparição quasi completa dose-gundo
ruido quer naregião precordial, quermesmo
em
todo opeito; epeladiminuição de intensidade do primeiro ruido, o qual é
um
poucoprolongado, assim
como
o intervallode silencio.A
ponta docoração dáuma
sensação de ondulação, antes que de choque: se destaca mal na diástole, e não se descollocaquanda se faz deitar o doente sobre olado direitoouesquerdo.
Alem
d'estes signaesháum,
que é admillido por Bouillaud e Barth, e que é consideradopatognomonico porSan-ders
—
éuma
depressão limitada á região precordial apparecendoem
cadasyslole docoração.
Esta lesão orgânica é considerada pelos praclicos
com
o terceirográo,
ou
uma
das terminações da pericardite.Com
aadherencia geral do coraçãopodem
existir signaes de dila-taçãocom
insufficieneia mitral, havendo somente alteração nasdi-mensões do orifício, e portanto nas funções simplesmente da válvula.
H
ypertrophia
tiocoração.—
A
hypertrophia raramenteé
uma
lesão primitiva do coração; constitue quasisempre
uma
lesãoOs
estreitamentos, a insufficiencia dos orifícios, as adherencias ge-raes do perieardio, ocmphysema
pulmonar,como
causas quepodem
ser, nos fornecem algumas luses para o diagnosticodahyperlrophia
do coração. Quanto aos estreitamentos considerados causas de
hyper-lrophia,dizCruveilhier
em
sua Anat. Path:—
As cavidades do coração,que estão a*
quem
do estreitamento, isto é queoprecedem naordem
da
circulação, ditatam-se esuas paredes hjperlrophiam-se, e as que ficam
alem doestreitamento, istoé que o seguem, estreitam-se esuas paredes
alrophiam-se.
A
hypertrophia do coraçãotemcomo
elementos do seo diagnostico palpitaçõeshabituács; dyspnéaporintervallos, spontanea, ouprovocada porum
excesso qualquer; oppressão; ausência de dôr ao nivel do cora-ção; impulsão manifestamente exagerada,bem
apreciável até pelains-pecção,bossapersistente; matitez precordial resistenteeextensa, aqual
pode ter 10 á 12 centímetros de diâmetro; ruidos do coraçãosurdos, abafados, e ordinariamente prolongados; pulso regular, largo e forte;
frequentes congestões daface,
com
ousem
perturbações geraes da cir-culação; batimentos da ponta dacoraçãoum
pouco para fora ouqua-si na direcçãovertical domamillo, podendo entretanto ser mais para
esquerda ou para direita quando há
um
tumor, ouum
derramamento
pleuritico, circunstancias,
que convém
bem
observar.O
gráo maisou
menos
adiantado da hypertrophiaestáem
relaçãocom
a extensãodamatitez, da impulsão, e doaffastamento da pontado coração.
Quanto á suas formas ou ás trez espécies de hypertrophia
admitti-dasconformea capacidadede suas cavidadesseconservaa
mesma
(sim-ples),
augmenta
(aneurismas de Corvisart), ou diminue (concêntrica),não são sempre fáceis de se distinguir entresi, senão quando o
aneu-risma activo de Corvisart, ou a hypertrophia concêntrica são
bem
pro-nunciados; pelo que na hypertrophia excêntrica osom
macissoé maisextenso, a ponta do coração bate para fora e muitoá baixo do
mamil-lo, osruidos são percebidosem
maiorsuperfície, e o pulso é vibrante;em
quanto que na hypertrophia concêntrica (affecção rara) osom
ma-cisso
tem
menor
extensão, os ruidos do coração são surdos, abafadose prolongados, e o pulso é pequeno e forte.
Há uma
hypertrophiavalvular, na qual seouve o ruido de3
1
Tractemos agora deestabelecer o diagnostico diífereneialentre a
hy-pertrophia e as afíecçõcsque a
podem
simular.Um
signal importante,leito conhecer porGubler, permittc dcslinguir
com
facilidade ahyper-Irophia de
um
derramamento
pericardino; é que na hypertrophia a ponta do coração ésentidaao nivelmesmo
da matitez,em
quanto queno
derramamento
o choqueda pontatem lugar mais alto, de sortequeabaixo deste ponto se acha a matitez produzida pela accumulação do
liquido no cone inferiordo pericárdio.
A
matitez considerável da re-gião precordial deum
individuo cuja obesidadegeral é exagerada nãonos leva a diagnosticar
uma
hypertrophia, porissoque antesdevemos
crer
em
uma
degenerescência gordurosa docoração.A
região precordialde indivíduos,que soffremdeanemia, ou depa-peira exophtalmica, podeapresentarsignaes, que simulem
uma
hyper-trophia;
mas
o diagnosticodifíerencial aquié fácil tendo-secm
conside-raçãoossignaesda anemia, a saliência dos glóbulos oculares, odesen-volvimentodaglândulatyroide, eosoutrossignaes da moléstia de
Gra-ves.
A
hypertrophia,convém
aqui notar, que senota algumas vezesnacaquechia exophtalmica, é
uma
hypertrophia curavelcomo
ada pre-nhez.SByuertrojphia
do
ventrículo
esquerdo.
Reconhecidauma
hypertrophia docoração, tracta-se desaber si do ventrículoes-querdo
ou
direito. Aqucllalesão émais constante, porisso que asalte-rações do orifício esquerdo dão-se mais frequentemente. Nota-se na
hypertrophiado ventrículoesquerdo
um
ruído surdo abaixo e parafo-ra do mamillo, e
um
ruído normal eclaro no epigastro; pulso forte,desenvolvido, vibrante; face corada; baforada de calor; vertigens;
cc-phalalgia habitual; epistaxis; disposição áhemorragias cerebraes, e
predisposição ás inflamações.
Hywertronnia
«loventrículo
direito.
Ouve
se otic-facnormaldascavidades esquerdas, há
som
macisso, ebossadebaixo daparteinferiordo sterno; choque e ruidos anormaes
no
mesmo
ponto,e noepigastro; engorgitamenlo sanguíneo do pulmão, hemoptisia
se-gundo
algunsauetores, e segundo Piorry—
presença habitual deli-quidonos bronchios.
Hypertrophia
das
aurículas.
Si as hypertrophiasprecedentemente estabelecido, são raramente isoladas, diremos da hypertrophia das aurículas que quasi nunca ella existe só.
Os
bati-mentos que se manifestampara a basedo coração
devem
indicar, pois,que existehypertrophia da aurícula concomitante
com
a hypertrophiade
um
ou dos dois ventrículos.Dilatação
do
coração.—
O
diagnosticoda dilataçãodo cora-ção nãooíTerece senãoprobabilidades, porisso quesendo ellaordinaria-mente
ligada áhypertrophia, os seus signaes sãodominados pelos d'es-talesão. Todavia, quando a dilatação existe somente, ossymptomas
quea fazem suspeitar são os seguintes: os ruidosdo coração são mais
seccos e maisclaros que noestado são, sobre tudoo primeiroque
mui-to seapproxima assim dosegundo; a impulsão é fraca, molle
edá uma
espécie de ondulação; a pontado coração batepara baixo e para fora
do mamillo; há poucabossa; há matitez
como
a da hypertrophia,di-minuindo pelas sangrias; há palpitações frequentes, surdas, dolorosas;
opulso éfraco, molle, e fácil de deprimir-se; há
demora
da circula-ção, difficuldade na respiração; stase venosa e suas consequências;e segundo
Kennedy,
de Doublin,uma
impulsão mais longa que noestadosão, e
menos
forte quea dahypertrophia.Dilatação das cavidades
csqaacrrias.
—
Pulso molle c fraco, ruidosclaros e fracos da quinta á septima costella esquerda, de-baixo do mamillo, ouvidostambém
nodorso; temperatura baixa,ex-tremidadesfrias e gangrenafácil.
Dilatação das cavidades
direitas.—
Matitez debaixoda parte inferiordosterno, stase sanguínea nas veias, pulso venoso,
cyanose extrema da face, resfriamento, dyspnéa forte, c diathese
se-rosa.
III.
ILUSÃO
Fyfia©©B@lMAIi.Apenas
se descobre os rudimentos do embrião é o coração que sevê nascer, é
opunctum
saliens d'Harvey.No
silencio quasiabsoluto detodas asfunecões o coração
começa
elle só primeiro sua acção, que seprolonga ale a idadesenil. IS'estc longo inlcrvallo quantas pulsações*
quantas vezes elle não
tem
soflrido a influencia das profissões, das e-dades, das idyosincrasias, das moléstias, e sobre tudo das febres detodaa espeeie? Quantas vezes de outro lado o coração não
tem
sido a-gitado pelodelíriodo amor, pelosembates das paixões?As
paixõesmi-seráveis e crimináes,triste apanágio dacondicção
humana,
não nosad-miram
tanto,más
sim poruma
fatalidade deplorável as paixões as maisnobres, osmais bellos sentimentos, que
reagem
sobre o coração e operturbam na sua acção; tal é o amor,
gérmen
plantadono
coraçãodo
primeiro
homem,
principio universal daharmonia
da creação, forçamysteriosa, que
emanando
do Creador, fez que elle viesse ser avic-tima do Golgotha.
Deixando estas divagações, entremos
em
matéria; consideremospri-meiroas perturbações nos ryllunosdocoração. Elias
podem
se darsem
que haja lesãomaterial doórgão,
como
a autopsiatem
já algumasve-zes demonstrado; entãoa ausência decyanose, de
edema
dasextremi-dades, de ruido de sopro, etc.,longe de fazer-nos suspeitar
uma
lesãoorgânica, ao contrario nos
encaminha
paraum
diagnostico muito pro-vável e talvez certo de lesão funccionalem
que somente a inervação cardíaca seacha affeetada, demodo
<]ue orythmo
não é normal.O
diagnostico diíTerencialaqui
em
relação a alteração do rithmo tornas-se fácil, quer hajauma
disposição congénita ou adquirida, pelainter-mitência e inlercadenciado pulso; por quanto
n'uma
lesão orgânica aalteração do
rythmo
é deum
modo
constante e permanente.A
exageraçãoda acção docoração, disem os Auctores, podedepen-der decertos estados mórbidos
do
cérebro,como
sejam as aífecçõescerebraes inflamatóriasou congestivas,
com
tendência ao coma, etc.Perguntaremos nós, o inverso não podeterlugar? não se poderá
tam-bém,
ou melhorexplicar asaflecções cerebraes congestivas einflama-tórias, admittindo
como
causaprincipal aexageração da acção doco-ração? não
vemos
queem
geral nas congestões cerebraes a sangrianãoaproveita, por quanto ahi está
sempre
o stimulo de Andral,que
leva aimpulsão do coração, a qualcessa as mais das vezes por
influen-cia da dedaleira, cujo
emprego
nas congestões cerbraesofferecemaio-res vantagens, do que as sangrias preconisadas por alguns práticos?
33
viegenerale el la vie individuellede chaque organe,dechaquepartle, est
dam
la dependance necessairedela meeide Vactiondu cceur, troublezevite actwn, ceIrouble doit relenlirpar lout dans l'ecomonie.r>
As
palpitações nervosas são agora o objecto especial do nossoas-sumpto, ellassão as lesões funecionaesdo coraçãoas mais frequentes,
são
também
chamadas
palpitações essenciaes ouinorgânicas, parades-tinguirem-se daspalpitações symptomaticas ou orgânicas.
O
diagnostico differencial entre as palpitações essencialmentener-vosas e aquellas symptomaticas da anemia se faz por exclusão dos
symptomas
d'esta moléstia, e por certos signaes que são próprios áspalpitações nervosas,
como
sejam: a suamarcha
intermittente, a sua concomitânciacom
a hysleria,com
a hypochondria, o estado de exci-tação nervosacom
erethismo, as-dores vagas, e a diurese aquosa,so-bretudo se o individuo é moço.
Nas
palpitações nervosas não se nota o descollocamenlo da pontado coração
com
afastamento das costellas, signal queacompanhando
a hyperlrophiatorna-seaqui pela sua ausênciaum
caracter differencial.As
palpitações, queconstituemum
signalimportante natriadasym-ptomaticada moléstia de
Graves—
a papeira exophtalmica—
pelosou-tros signaes, de cujoconjuncto resalta a physionomia d'esta moléstia
não nos deixam duvida no diagnostico differencial.
As
palpitações da pericardite tem por caracter virem por accessos.O
diagnostico differencialentre as palpitações nervosas e as lesõesorgânicas noseo
começo
é muito dilíicil, entretanto importa para o tractamento estabelecerse as suas differenças.No
diagnostico differencial das palpitações nervosastira-sealgum
partido das propriedades dadedaleira, e da influenciade alguns outros
meios detractamenlo, que são: as emissões sanguíneas, que
augmen-tam
a irritabilidade, o o estado chlorolico do individuo; a dedaleiraque tem pouca influencia sobre as palpitações nervosas,e que ao con •
trario mitiga
com
uma
rapidez maravilhosa as palpitações orgânicas; eo tractamento tónico que acalma as palpitações nervosas, ao passo
que
exagera as outras.A
syncope étambém uma
lesão íunccional docoração; ha n'cllauma
suspensãosúbita e