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Análise normativa e de desempenho dos meios de abandono em dois teatros de Curitiba

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO WILLE DANIEL DOS SANTOS

ANÁLISE NORMATIVA E DE DESEMPENHO DOS MEIOS DE

ABANDONO EM DOIS TEATROS DE CURITIBA

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

CURITIBA 2018

(2)

WILLE DANIEL DOS SANTOS

ANÁLISE NORMATIVA E DE DESEMPENHO DOS MEIOS DE

ABANDONO EM DOIS TEATROS DE CURITIBA

Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR.

Orientadora: Profa. M. Eng. Luciene Ferreira Schiavoni Wiczick

CURITIBA 2018

(3)

WILLE DANIEL DOS SANTOS

ANÁLISE NORMATIVA E DE DESEMPENHO DOS MEIOS DE

ABANDONO EM DOIS TEATROS DE CURITIBA

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, pela comissão formada pelos professores:

Orientadora:

_____________________________________________ Profa. M.Eng. Luciene Ferreira Schiavoni Wiczick

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

Banca:

_____________________________________________ Prof. MSc. Carlos Augusto Sperandio

Professor do CEEST, UTFPR – Câmpus Curitiba.

_____________________________________________ Prof. Dr. Adalberto Matoski

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

_____________________________________________ Prof. M.Eng. Massayuki Mário Hara

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

Curitiba 2018

(4)

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus pela vida, saúde e oportunidade de poder desenvolver e aprimorar os conhecimentos na área de segurança.

À minha família, especialmente, sou grato, pela paciência nos momentos que necessitei dedicar aos estudos, pelas ausências nas reuniões familiares e pelo apoio e motivação para conclusão desta monografia e curso. À esposa Josiane, os mais profundos agradecimentos, pois esteve ao meu lado sempre, solícita, paciente, corrigindo os trabalhos, mostrando os diversos pontos de vista sobre os temas estudados, compartilhando seu know-how sobre monografias e normas da ABNT, por segurar a barra nos momentos difíceis e principalmente por ser parceira de vida.

Aos meus pais, que sempre acreditaram que o estudo pode mover o ser humano a patamares mais elevados, contribuindo com a sua experiência de vida. Aos meus irmãos e seus cônjuges, sobrinhos e sobrinha, que com sabedoria e carinho souberam me incentivar.

Agradeço também em especial aos amigos Beto e Ednei, que trabalham na área e deram testemunhos pragmáticos e empolgantes a respeito do curso e da profissão; aos colegas da turma, que de certa maneira empática auxiliaram as aulas a passarem mais rapidamente, compartilhando suas experiências e vivências, que tornaram o curso mais rico e produtivo.

Aos professores, que compartilharam suas vivências e experiências, que contribuíram para o enriquecimento dos conhecimentos apresentados e me apoiaram durante todo o percurso que levou à concretização deste objetivo. Agradeço ainda à minha orientadora, Professora Luciene, pelo incentivo, paciência, apoio e motivação durante toda jornada, e principalmente por acreditar no tema do trabalho, me auxiliando a superar o imenso desafio de elaborar uma monografia com palavras, números e gráficos, e não somente desenhos, que é a linguagem que domino, sendo sempre ciente das minhas dificuldades, buscando supri-las. Como agradecimento especial, incluo ainda o Sr. Juarez Guimarães, que solicitamente forneceu as informações do Teatro Guaíra, que foi relevante para o desenvolvimento deste trabalho. Também não poderia deixar de mencionar o meu descontentamento com a instituição privada proprietária do Teatro Particular, que não manifestou nenhum interesse em prover dados e projetos da edificação para o melhor desempenho e desenvolvimento deste trabalho, sendo morosa em avaliar a minha solicitação quanto ao acesso às informações prediais e, de certa forma, prejudicou a evolução do meu estudo, agindo de forma contrária aos valores que esta instituição apregoa.

(5)

RESUMO

Um dos fatores mais importantes para a garantia da proteção da vida humana é o estudo de evacuação dos ocupantes de um determinado edifício, em particular nos locais de grande concentração de público. Sendo o estudo de segurança contra incêndios cada vez mais um fator de elevada importância para a proteção da vida humana e também da salvaguarda do seu patrimônio e respectivo ambiente, torna-se assim imperativa a investigação desta temática. O escopo do presente trabalho é abordar as estratégias passivas de segurança através dos meios de abandono (evacuação), podendo ser aplicada nas edificações já existentes e serem propostas e projetadas nas novas edificações, apresentando um estudo normativo (analise de leis e normas técnicas) através de cálculos aplicado em um espaço teatral, comparando dois teatros localizados em Curitiba, com diferença de tempo de construção entre eles de aproximadamente 50 anos, considerando a existência de uma situação de emergência e pânico, com fins de caracterizar a localização das suas saídas de emergência e das respectivas vias de evacuação que lhe dão acesso, de forma a determinar e simular o tempo final da evacuação dos seus ocupantes. Ao final foi possível determinar verificar se as normas técnicas foram aplicadas, o tempo de evacuação de cada edificação e sua eficácia.

Palavras-chave: velocidade de evacuação, meios de abandono, análise de desempenho, segurança.

(6)

ABSTRACT

One of the most important factors that guarantees the protection of human life is the study of evacuation of occupants of a particular building, in particular in those areas of the building with high concentration of people. As the study of fire safety measures has increasingly become a factor of great importance in the protection of human life, and consequently, in the safeguard of property and its respective environment, fire safety research therefore continuous to be a captivating subject area to investigate. The scope of the present work is to address passive safety strategies through abandonment (evacuation) and to propose how they can be applied in existing buildings and planned in new buildings. The research carried out and portrayed in this work aimed to present a set of study elements through abandonment in a theatrical space. To this end, the research compared two theaters located in Curitiba with difference in construction time between them of approximately 50 years. An emergency evacuation was simulated in both theaters to test their emergency exits and the respective escape routes that those theaters give access to those exits in order to determine the overall evacuation time of occupants.

(7)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tipos de auditório de arena... 16

Figura 2 – Teatro de Epidauro – Localizado em Peloponeso - Grécia – exemplo de teatro de arena... 16

Figura 3 - Características do palco italiano ... 17

Figura 4 - Teatro Guaíra um exemplo de teatro italiano ... 17

Figura 5 - Tetraedro do Fogo... 21

Figura 6 - Aparência do software Pathfinder efetuando a evacuação ... 29

Figura 7 - Síntese do Tempo Disponível para o Escape Seguro ... 39

Figura 8 - Setorização do teatro Guaíra para cálculo da NBR 9077/2001 ... 42

Figura 9 - Distância máxima a ser percorrida do 2º balcão até o pavimento térreo. ... 44

Figura 10 - Distância máxima a ser percorrida do 1º balcão até o pavimento térreo. ... 44

Figura 11 - Teatro Particular ... 47

Figura 12 - Método do dimensionamento da distância máxima a ser percorrida. ... 48

Figura 13 - Implantação do Teatro Guaíra com ocupação máxima calculada de 4113 ocupantes ... 53

Figura 14 - Vista do Foyer / Saguão e vista para as rotas de fuga. ... 54

Figura 15 - Vista do setor central do 2º Balcão com os seus usuários instalados. ... 54

Figura 16 – “Summary” - Relatório da Evacuação ... 55

Figura 17 - Gráfico que confronta o tempo de evacuação e o tempo remanescente. ... 56

Figura 18 - Fluxos de saída e gargalos nas circulações. ... 56

Figura 19 - Implantação do Teatro Particular, com ocupação máxima calculada de 2547 ocupantes ... 57

Figura 20 - Summary - Relatório da Evacuação ... 58

Figura 21 - Gráfico que confronta o tempo de evacuação e o tempo remanescente. ... 58

(8)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Modelo de análise preliminar de perigo ... 30

Tabela 2 - Categoria de Frequência ... 31

Tabela 3 - Categoria de Severidade ... 31

Tabela 4 - Matriz de riscos ... 31

Tabela 5 - Recomendações das planilhas de APP ... 32

Tabela 6 - Fatores de ocupação - 1999. ... 33

Tabela 7 - Valores de tempo de pré-movimento - 1999. ... 34

Tabela 8 - Velocidade de deslocamento em escadas – 1999. ... 34

Tabela 9 - Larguras de camada limite ... 34

Tabela 10 - Valores de tempo de pré-movimento - 1999. ... 35

Tabela 11 - Velocidade de deslocamento em escadas – 1999. ... 36

Tabela 12 – Tabela onde foi aplicada a ferramenta APP - 2018 ... 41

Tabela 13 - Legenda para as análises realizadas da NBR 9077/2001 realizadas em 2018. .... 42

Tabela 14 - Parâmetros do Teatro Público – Guaíra, análise realizada em 2018 ... 43

Tabela 15 - Síntese do cálculo dos acessos ao Guairão - 2018 ... 45

Tabela 16 - Síntese do cálculo das escadas do Guairão - 2018 ... 45

Tabela 17 - Quadro síntese do cálculo das portas do Guairão - 2018 ... 45

Tabela 18 - Quadro síntese do cálculo dos acessos do Guairinha - 2018 ... 45

Tabela 19 - Quadro síntese do cálculo das escadas Guairinha - 2018 ... 45

Tabela 20 - Quadro síntese do cálculo das portas do Guairinha - 2018 ... 45

Tabela 21 - Quadro síntese do cálculo do acesso do setor administrativo do Guaíra - 2018 ... 46

Tabela 22 - Quadro síntese do cálculo das escadas do setor administrativo do Guaíra - 2018 46 Tabela 23 - Quadro síntese do cálculo das portas do setor administrativo do Guaíra - 2018 .. 46

Tabela 24 - Quadro síntese dos cálculos do acesso do setor dos camarins / mini auditório Guaíra - 2018 ... 46

Tabela 25 - Quadro síntese dos cálculos das escadas e rampas do setor camarins / mini auditório Guaíra - 2018... 46

Tabela 26 - Quadro síntese dos cálculos das portas do setor camarins / mini auditório Guaíra - 2018 ... 46

Tabela 27 - Parâmetros do Teatro Particular às vistas da NBR 9077/2001 - 2018 ... 47

Tabela 28 - Quadro síntese dos cálculos do acesso teatro particular - 2018 ... 49

(9)

Tabela 30 - Quadro síntese dos cálculos das portas do teatro particular - 2018 ... 49

Tabela 31 - Quadro comparativo sobre as legislações pertinentes - 2018 ... 51

Tabela 32 - Resultados obtidos através da Norma BSI DD240/1999: - 2018 ... 52

Tabela 33 - Parâmetros adotados na utilização do Pathfinder - 2018 ... 53

Tabela 34 – Dados relevantes encontrados Teatro Particular - 2018 ... 57

Tabela 35 – Dados relevantes encontrados - 2018 ... 59

Tabela 36 – Comparativo dos resultados entre a norma BSI DD240 e o Pathfinder - 2018 .... 60

Tabela 37 – Comparativo entre o fluxo calculado entre a BSI DD240, NBR 9077, e Pathfinder: - 2018 ... 60

Tabela 38 - Cálculo dos acessos do Guairão - 2018 ... 68

Tabela 39 - Cálculo dos acessos do Guairão - 2018 ... 68

Tabela 40 - Cálculo dos acessos do 1º Balcão do Guairão - 2018 ... 68

Tabela 41 - Cálculo dos acessos da plateia – Guairão - 2018 ... 69

Tabela 42 - Cálculo dos acessos da sala de exposições - Guairão ... 69

Tabela 43 - Cálculo das escadas - Guairão - 2018 ... 69

Tabela 44 - Cálculo das rampas - Guairão - 2018 ... 70

Tabela 45 - Somatório das escadas e rampas - Guairão - 2018 ... 70

Tabela 46 - Cálculo das portas do 2º Balcão Guairão -2018 ... 70

Tabela 47 - Cálculo das portas do 1º Balcão - Guairão - 2018 ... 70

Tabela 48 - Cálculo das portas da plateia e palco - Guairão - 2018 ... 71

Tabela 49 - Cálculo das portas da sala de exposições - Guairão - 2018 ... 71

Tabela 50 - Cálculo dos acessos - Guairinha - 2018 ... 71

Tabela 51 - Cálculo dos acessos da galeria - Guairinha - 2018 ... 72

Tabela 52 - Cálculo das escadas e rampas da plateia - Guairinha - 2018 ... 72

Tabela 53 - Cálculo das portas plateia - Guairinha - 2018 ... 72

Tabela 54 - Cálculo das portas e galeria - Guairinha - 2018 ... 72

Tabela 55 - Cálculo dos acessos - subsolo Guaíra - 2018 ... 73

Tabela 56 - Cálculo dos acessos nível palco - setor administrativo - 2018 ... 73

Tabela 57 - Cálculo dos acessos nível plateia - setor administrativo - 2018 ... 73

Tabela 58 - Cálculo das escadas nível platéia - setor administrativo - 2018 ... 73

Tabela 59 - Cálculo das portas subsolo - setor administração - 2018 ... 74

Tabela 60 - Cálculo das portas no nível Palco – setor administrativo - 2018 ... 74

Tabela 61 - Cálculo das portas nível plateia - setor administrativo - 2018 ... 74

(10)

Tabela 63 - Cálculo dos acessos da rua Amintas de Barros - Setor Camarins - 2018 ... 75

Tabela 64 - Cálculo dos acessos - nível palco - Setor Camarins - 2018 ... 75

Tabela 65 - Cálculo dos acessos - nível platéia - Setor Camarins - 2018 ... 75

Tabela 66 - Cálculo das escadas - nível plateia - setor administrativo - 2018 ... 75

Tabela 67 - Cálculo das portas nível plateia - Setor Camarins... 75

Tabela 68 - Cálculo dos acessos plateia superior - 2018 ... 76

Tabela 69 - Cálculo dos acessos plateia inferior - 2018 ... 76

Tabela 70 - Cálculo dos acessos dos camarotes - 2018 ... 76

Tabela 71 - Cálculo das escadas e rampas - 2018 ... 76

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12 1.1 OBJETIVOS ... 12 Objetivo geral ... 12 1.1.1 Objetivos específicos ... 13 1.1.2 Delimitação da pesquisa ... 13 1.1.3 Justificativas ... 13 1.1.4 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 14

2.1 CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DE REUNIÃO DO PÚBLICO... 14

Teatro ... 15

2.1.1 Tipologia arquitetônica dos teatros ... 15

2.1.2 Diferença entre os teatros de arena x italiano ... 15

2.1.3 Os usuários do teatro ... 18

2.1.4 2.2 SITUAÇÃO DE PERIGO E RISCO ... 18

2.3 ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO (APP) ... 19

2.4 DESASTRES HUMANOS / SINISTROS ... 20

2.5 INCÊNDIO ... 21

2.6 COMPORTAMENTO HUMANO EM CASO DE INCÊNDIO ... 22

2.7 COMPORTAMENTO COLETIVO ... 23

2.8 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E ABANDONO DE EDIFICAÇÕES ... 25

2.9 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ... 27

3 METODOLOGIA ... 29

3.1 ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO (APP) ... 30

3.2 METODOLOGIA DE CÁLCULO ... 33

Metodologia de análise do desempenho (tempo de evacuação) das duas edificações . 33 3.2.1 3.3 CÁLCULO DO TEMPO DISPONÍVEL PARA O ESCAPE SEGURO - TDES ... 35

Procedimento 1 – determinação da velocidade em planos horizontais ... 36

3.3.1 Procedimento 2 – determinação da velocidade vertical... 36

3.3.2 Procedimento 3 – determinação do fluxo específico ... 36 3.3.3

(12)

Procedimento 4 – determinação do fluxo calculado ... 37

3.3.4 Procedimento 5 – determinação do tempo de passagem de um grupo de pessoas 37

3.3.5 Procedimento 6 – determinação do tempo de fluxo de escape necessário ... 38

3.3.6 Resultado: tempo que toda a população leva para deixar a saída ... 38

3.3.7 Determinação do Tempo Disponível para o Escape Seguro... 38

3.3.8 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 40

4.1 ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO: TEATRO PÚBLICO / TEATRO PARTICULAR ... 40

4.2 ANÁLISE NORMATIVA: TEATRO PÚBLICO – GUAÍRA ... 42

4.3 ANÁLISE NORMATIVA DE UM TEATRO PARTICULAR ... 47

4.4 COMPARATIVO ANALÍTICO DAS EDIFICAÇÕES COM BASE NAS NORMAS E LEGISLAÇÕES ... 49

4.5 ANÁLISE DE DESEMPENHO (TEMPO DE EVACUAÇÃO) DAS DUAS EDIFICAÇÕES ... 52

4.6 SIMULAÇÃO DE EVACUAÇÃO PATHFINDER ... 52

Simulação do Teatro Guaíra ... 53

4.6.1 Simulação do Teatro Particular ... 57

4.6.2 Comparação Entre Os Métodos Estudados ... 59

4.6.3 5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS ... 61

REFERÊNCIAS ... 63

ANEXO 1 ... 68

(13)

INTRODUÇÃO

1

O estudo da evacuação (meios de abandono) através do conhecimento da legislação em vigor e sua correta implementação em edificações ou recintos ao ar livre, é uma temática que cada vez mais tem sido estudada por caracterizar a proteção da vida humana em caso de perigo.

Com certa frequência é observado em jornais, revistas e internet notícias envolvendo incidentes em locais que reúnem grandes públicos, como por exemplo, estádios esportivos, cinemas, teatros, boates, entre outros, acarretando danos ao patrimônio e à vida humana.

Um incêndio ocorrido no interior da Boate Kiss, em 2013, evidenciou a necessidade de se discutir e implementar de maneira efetiva medidas de segurança e pânico tanto para combater e controlar um incêndio, bem como para a correta implementação de vias de evacuação, verticais e horizontais, que permitam os ocupantes abandonar o local de uma forma rápida, segura e intuitiva.

O presente estudo pretende abordar esta temática, considerando uma tipologia arquitetônica de um espaço teatral, comparando uma edificação antiga com uma construída recentemente, a partir da existência de uma situação de emergência e pânico em pleno dia de espetáculo e lotação máxima de público e equipe de trabalho.

Os resultados obtidos, através das análises realizadas ao final do estudo, permitirão verificar o cumprimento ou não da atual legislação e o seu desempenho em uma situação de evacuação dos seus ocupantes.

OBJETIVOS

1.1

Objetivo geral

1.1.1

O objetivo geral deste trabalho é analisar os meios de abandono de dois locais de reunião de público (espaço teatral) na cidade de Curitiba, considerando o seu funcionamento pleno em dia de espetáculo e lotação máxima de espectadores e equipe de trabalho.

(14)

Objetivos específicos

1.1.2

O objetivo específico deste trabalho é considerar a existência de uma emergência e pânico; caracterizar a localização das saídas de emergência e das respectivas vias de evacuação que lhe dão acesso e determinar a simulação do tempo final de evacuação dos seus ocupantes.

Delimitação da pesquisa

1.1.3

O trabalho abordará as estratégias passivas de segurança através dos meios de abandono aplicados em edificações teatrais já existentes, a partir da possível ocorrência de uma situação de emergência e pânico em pleno dia de espetáculo e lotação máxima de espectadores e equipe de trabalho, com intuito de analisar e verificar o cumprimento ou não da atual legislação e o seu desempenho em uma situação de evacuação dos seus ocupantes.

Justificativas

1.1.4

O clamor da sociedade por espaços que tenham medidas de segurança implantadas e funcionais após notícias recorrentes envolvendo incêndios em locais de reunião de público e situações de pânico trouxe a necessidade de discussão e implementação de medidas de segurança mais efetivas.

Diversos incêndios ocorridos nos últimos anos, como o caso da Boate Kiss em 2013, do Edifício Wilton Paes de Almeida em São Paulo, que ocorreu na madrugada de 1º de Maio de 2018, evidenciam a relevância de estudos sobre o tema, em especial sobre as vias de evacuação, que permitem os ocupantes abandonar o local de uma forma rápida, segura e intuitiva em situação de emergência.

Através de medidas passivas de segurança, e nesse caso, o meio de abandono, é possível preservar vidas numa situação de emergência.

Assim, o presente estudo pretende abordar os meios de abandono em espaços teatrais, fazendo um comparativo de uma edificação antiga com uma construída recentemente, a partir da existência de uma situação de emergência e pânico que necessitam de evacuação de local de reunião de público.

(15)

Os resultados obtidos através das análises ao final do estudo permitirão verificar o cumprimento ou não da atual legislação e o seu desempenho, de forma a determinar e simular o tempo final da velocidade em uma situação de evacuação dos seus ocupantes.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2

Este capítulo apresenta uma abordagem teórica sobre os conceitos mais relevantes na área de técnicas de evacuação de multidões, criando um embasamento teórico para apoiar o desenvolvimento do trabalho com base nas pesquisas realizadas.

Neste contexto, um dos fatores mais importantes para a garantia da proteção da vida humana é o estudo de evacuação dos ocupantes de um determinado edifício, em particular nos locais de grande concentração de público.

CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DE REUNIÃO DO PÚBLICO

2.1

Dentro da definição de espaço público se englobam características importantes. O espaço de reunião é um espaço de visibilidade generalizada, onde as atividades dos usuários estão submetidas à percepção dos demais, ou seja, é um lugar de encontro onde se estabelece distintas formas de relação cidadã, existindo liberdade de circulação e ocupação (CABEZAS, 2013) .

Pode-se considerar que os locais de reunião de público são aquelas edificações que se destinam aglomerar pessoas, ou seja, considera-se edificações de reunião de público, segundo Corpo de Bombeiro do Estado do Rio de Janeiro, em norma elaborada pelo Major BM Grigorovski,

“[...] aquelas destinadas à concentração de pessoas e às atividades de reunião de público, tais como estádios, ginásios, rodeios, arenas, centros esportivos, construções provisórias para público, casas noturnas (boates, casas de espetáculos e congêneres), centro de eventos e de exibição, arquibancadas e similares, podendo ser permanentes ou não, fechadas ou abertas, cobertas ou ao ar livre, e não necessariamente possuem público presente às mesmas” (CBMERJ, 2012, p. 14.).

Nessa conjectura se enquadram as edificações de um espaço teatral, objeto deste trabalho.

(16)

Teatro

2.1.1

A origem da palavra Teatro vem do grego “Theatrón” e pode ser definida como “lugar para contemplar” (PAULO, 2017).

Na Arquitetura, Teatro é considerado como um edifício no qual se representa teatro dramático e teatro lírico, entre outras versões teatrais.

Nesse contexto, muito embora nem sempre seja necessário um edifício para o teatro dramático, como ocorre no teatro de rua, a arquitetura para estas funções visa organizar os espaços de atuação e de audiência, bem como dar comodidade para a equipa técnica, os intérpretes e o público (MEUS DICIONÁRIOS, 2018).

Dessa forma, Serroni menciona que, quando se pensa em um edifício teatral, logo pensa-se em uma Casa de Espetáculos. A palavra „casa‟ tem um duplo sentido, o de abrigo e o de trabalho, ou seja, lugar para nela atuar e viver. É o edifício que abriga vidas fictícias em permanente renovação. Pertence à sociedade que abrange todas as motivações e as lógicas dos homens que lá moram (SERRONI, 2002).

Tipologia arquitetônica dos teatros

2.1.2

O que determina o tipo de um teatro é o conjunto do palco e plateia, ou seja, cada uma possui uma identidade que proporciona um contato do artista com o público, seja no centro, de lado, de frente, ao redor, em local aberto ou fechado (MARTINS e TAMANINI, 2005).

Pode-se dizer que a diferenciação se dá em função da relação de posicionamento que existe entre eles.

Palco: local onde ocorre a encenação.

Plateia: local destinado ao público que assiste às apresentações cênicas.

Os teatros se diferenciam entre eles conforme as características da plateia e do palco. Assim temos vários tipos de teatro de acordo com essas características, quais sejam, teatro elisabetano, teatro de arena, teatro de rua, teatro múltiplo e italiano (LAZULI, 2017).

Diferença entre os teatros de arena x italiano

2.1.3

Como já mencionado, os teatros se diferenciam entre eles basicamente em função do espetáculo a ser apresentado e sua plateia. Neste trabalho, o estudo relativo aos meios de

(17)

abandono em um espaço teatral faz um comparativo entre dois tipos de Teatro: Teatro de Arena e Teatro Italiano.

• Teatro de Arena

Nesse tipo de teatro, o palco está inserido no meio da plateia. A plateia é disposta em toda a circunferência do palco, podendo sua forma ser apresentada de forma circular, triangular, quadrada, trapezoidal (Figura 1), etc. Este tipo de configuração é muito comum ser instalada ao ar livre. Ao implantar as arenas neste tipo de espaço, deve-se sempre observar os ventos que dominam e os anteparos naturais, como árvores e montanhas, pois são estes elementos que definirão a melhor acústica (LAZULI, 2017).

Figura 1 - Tipos de auditório de arena Fonte:(CTAC, 1997, p. 1.)

Figura 2 – Teatro de Epidauro – Localizado em Peloponeso - Grécia – exemplo de teatro de arena Fonte: (TOUROPIA, 2017, p. 1)

(18)

 Teatro Italiano ou Proscênio

Esse tipo de Teatro se caracteriza pela disposição frontal da plateia ao palco, sendo o palco italiano o mais utilizado atualmente (Figura 3). Além dessa disposição frontal da plateia, outros elementos caracterizam o teatro italiano (Figura 4): palco delimitado pela boca de cena e sua consequente cortina e a presença da caixa cênica com urdimento, coxias e varandas (LAZULI, 2017).

Figura 3 - Características do palco italiano Fonte:(CTAC1, 1997, p. 1.)

Figura 4 - Teatro Guaíra um exemplo de teatro italiano Fonte: (BOLONHA, 2014, p. 1.)

(19)

Os usuários do teatro

2.1.4

O teatro é um espaço diversificado, onde os espectadores desfrutam variadas apresentações culturais tais como peças, musicais e danças preparadas e encenadas por diferentes profissionais tais como atores, músicos, dançarinos e seus preparadores diretores, cenógrafos entre outros, propiciando um ambiente capaz de fomentar a cultura e a expressão artística.

Nesse contexto afirma Albino Rubin: “Todos os cidadãos são potencialmente públicos da cultura [...]” (RUBIM, 1998, p. 9).

O Teatro é também um compromisso assumido por mais de 170 países através da Agenda 211, que assegura acesso ao universo cultural e simbólico em todos os momentos da vida aos indivíduos (MINISTÉRIO DA CULTURA - GOVERNO FEDERAL, 2017).

Além dos espectadores, considera-se usuários todos aqueles que se denominam como profissionais que, indireta ou diretamente, atuam na produção e montagem dos espetáculos tais como: produtores, diretores, dramaturgos, cenógrafos, aderecistas, técnicos, maquiadores, atores, músicos, etc. (BRITANNICA, 2017).

Portanto, o público formado nos auditórios é de certa forma heterogêneo, não tendo padrões de faixa etária, gênero e outros. Sabe-se que determinados tipos de espetáculos atraem determinados públicos, porém é indispensável saber que quando se trata de uma população em um teatro tem que se levar em conta a sua pluralidade heterogênea.

Diante disso, é importante considerar que, para se garantir a proteção da vida humana em auditórios que concentram grande público com pluralidade heterogênea, como é caso dos espaços teatrais, um dos fatores mais importantes que devem ser considerados é o estudo de evacuação dos ocupantes em situações de perigo.

SITUAÇÃO DE PERIGO E RISCO

2.2

Certamente os seres humanos estão expostos aos riscos e perigos inerentes às suas experiências pessoais e comportamentais. Entretanto, é primordial entender que a intensidade

1 A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades

sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - GOVERNO FEDERAL, 2018, p. 1)

(20)

da exposição é fator determinante na perda ou manutenção da vida. A OHSAS2 18001 estabelece um padrão internacional relacionados a Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional atuando no controle de situações de risco e perigo (ORGANIZAÇÃO PARA A PROTEÇÃO AMBIENTAL, 2012).

Conceitualmente o perigo pode ser definido como uma “[...] fonte, situação ou ato com um potencial para danos em termos de prejuízo humano ou doença, ou uma combinação destes” (BRITSH STANDARDS INSTITUTION, 2007, p. 6).

De outro lado o risco pode ser definido como uma “[...] combinação entre a probabilidade de ocorrência de um evento ou exposição perigosa e a gravidade da lesão ou doença que pode ser causada pelo evento ou exposição” (BRITSH STANDARDS INSTITUTION, 2007, p. 9).

Nesse sentido, Cátia Albuquerque frisa a abordagem dos perigos como estratégia para analisar, atenuar e retificar eventuais riscos. O perigo seria uma ou mais circunstâncias que podem proporcionar riscos, sejam eles positivos (oportunidades) ou negativos (ameaças), e o risco seria um fato que pode ocorrer a qualquer momento (ALBUQUERQUE, 2015).

É possível, através do reconhecimento dos perigos, criar indicadores que forneçam informações e que contribuam para tomar decisões e medidas corretivas, fazendo com que as atitudes seguras sejam implementadas continuamente.

ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO (APP)

2.3

Dentre as numerosas técnicas que existem para se avaliar situações anômalas, a Análise Preliminar de Perigo (APP) é uma técnica que auxilia na identificação quantitativa e qualitativa dos acontecimentos antecipadamente, e por meio de uma avaliação aponta prováveis riscos e sua frequência, oportunizando a tomada de ações de maneira a priorizar as mais emergenciais sem ignorar as menos importantes.

Claudio Luiz Ferreira de Souza define que:

a Análise Preliminar de Perigo (APP) é uma metodologia fundamentada na identificação dos perigos que podem ser causados através de eventos indesejáveis. A aplicabilidade desta metodologia abrange desde a fase de projeto como a de início de

2 OHSAS é um padrão internacional que estabelece requisitos relacionados à Gestão da Segurança e Saúde

Ocupacional, por meio do qual é possível melhorar o conhecimento dos riscos existentes na organização, atuando no seu controle em situações normais e anômalas. Este padrão é aplicável aos mais diversos setores e atividades econômicas, orientando tais organizações sobre como promover a melhoria contínua do desempenho de Segurança e Saúde Ocupacional (ORGANIZAÇÃO PARA A PROTEÇÃO AMBIENTAL, 2012).

(21)

operação de um sistema e, também na revisão geral de segurança de um sistema já em operação (SOUZA, 2012, p. 19).

Dentro da APP são primeiramente identificados os perigos que podem ocorrer através de fatos indesejáveis, elencando as possíveis causas. Em seguida, deve ser feita uma avaliação qualitativa do risco analisado em cada cenário do acidente, devendo considerar a frequência que ocorre o fato, classificando as causas da severidade de cada acidente.

Neste contexto, a ferramenta de APP possui grande importância e eficiência no apontamento dos perigos, uma vez que leva em consideração todos os perigos inerentes as edificações. Através dos critérios de classificação, é possível indicar aqueles riscos mais iminentes em gravidade, priorizando as medidas a serem tratadas imediatamente, e mantendo sob monitoramento as de menor relevância, para que sejam todas mitigadas e/ou eliminadas no decorrer do tempo (SOUZA, 2012).

DESASTRES HUMANOS / SINISTROS

2.4

Sabe-se que os desastres não são previsíveis, mas é possível estar preparado para agir quando eles ocorrerem, reduzindo as perdas materiais e salvaguardando as pessoas.

Para o Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil de Santa Catarina, “[...] os desastres humanos são aqueles gerados pelas ações e omissões humanas, como acidentes de trânsito, incêndios industriais e contaminações de rios” (CEPED, 2011, p. 1).

Entender como ocorrem os desastres, mais especificamente os chamados desastres tecnológicos, permite identificar previamente as potenciais causas do acidente, de forma a trabalhar preventivamente através das APP‟s. Assim, é possível elaborar preventivamente propostas para solução ou contingenciamento da ocorrência e, por fim, durante a ocorrência do sinistro (desastre) os cenários do acidente já foram previamente elaborados, apontando para qual seria a melhor atitude a se tomar dado o evento que está ocorrendo.

O departamento de Minimização de Desastres – SEDEC – MI, através do seu manual de desastres humanos, denominado CODAR-HT.IED/CODAR-21405, aborda os desastres relacionados com incêndios em locais com grandes densidades de usuários, e por intermédio desta classificação, direciona para as situações de maior recorrência, propiciando eficiência na aplicação do método das análises de perigo (CASTRO, 2003).

Diante de situações de emergência, é importante e necessário saber identificar as possíveis causas e entender como se dão as ocorrências e seus impactos quando acontecem

(22)

em centros esportivos, teatros, cinemas, entre outros, visto que podem acarretar perdas humanas, podendo ser agravado quando os sinistros ocorrerem nos momentos de pleno uso das instalações.

INCÊNDIO

2.5

Desde os tempos primordiais o fogo tem fascinado o homem. Com o passar do tempo, foi possível utilizá-lo em seu benefício, tanto para proteção do ser vivo, como também promover aquecimento de alimentos e usos científicos.

Por ser uma fonte de energia, o fogo apresenta um elevado potencial, e por isso é fundamental saber controlá-lo, uma vez que o seu descontrole pode provocar danos físicos e materiais de grande proporção.

O fogo desenvolve calor, que causa mudança substancial na temperatura ao seu redor, como resultado da transferência do calor das chamas e dos gases da combustão formados a altas temperaturas.

Nesse contexto, a definição mais direta do que é incêndio pode ser observada na NBR 13860/2017, como sendo um fogo fora de controle (SEITO, 2008).

O principal ingrediente do incêndio é o fogo, que apesar de vários estudos nesse sentido, não há unanimidade na definição exata, mas sabe-se que é a união de fatores que ocasionam a reação química, através da soma de fatores com que haja uma reação em cadeia e para o fogo se manter devem estar agindo simultaneamente (SEITO, 2008).

O gráfico (Figura 5) demonstra o funcionamento do fogo.

Figura 5 - Tetraedro do Fogo

(23)

As causas de um incêndio são realizadas a partir da análise do Tetraedro de Fogo, devendo ser considerados as condições de quantidade de materiais combustíveis, o volume de comburente (oxigênio/ar) e dos meios de ignição que desencadeiam a ocorrência do fogo (CASTRO, 2003).

Antônio Luiz Coimbra de Castro descreve, em seu Manual de Desastres Humanos, que a quantidade de material combustível é o que permite o tempo de incêndio ser maior ou menor. Já o volume do comburente está diretamente ligado à arquitetura do local de desastre em questão, visto que o ar aquecido tende a aumentar a velocidade do ar e facilitar a propagação do fogo. Em contrapartida, os meios de ignição ou de geração de calor possuem correlação direta com os riscos elétricos em razão de falta de manutenção das redes elétricas, incremento não planejado nas instalações e a falta de manutenção na rede de energia (CASTRO, 2003).

Assim, o perigo de incêndio é um dos mais severos riscos que se pode ter em edificações de reunião de público, devido às incertezas envolvidas, tais como determinação dos locais de ocorrência, a presença humana durante o evento, e demais consequências.

COMPORTAMENTO HUMANO EM CASO DE INCÊNDIO

2.6

No decorrer da História, vem se buscando entender as reações humanas ao se utilizar em favor da prevenção das fatalidades. Esses estudos datam do início do século XX, e desde então muito se desenvolveu após a segunda metade do século, em decorrência da análise de grandes incêndios ocorridos nesse período.

O comportamento humano pode ser um fator decisivo durante a ocorrência de um sinistro de incêndio, pois as suas decisões estão sob a influência dos eventos que estão se desenrolando, juntamente com suas consequências.

O engenheiro José Moacyr de Araújo afirma que “o estudo do comportamento das pessoas em incêndios é importantíssimo para a escolha dos procedimentos, do que fazer em caso de incêndio e o caminho a seguir até a rota de fuga e a saída em segurança” (SEITO, 2008, p. 93).

Já Marcos Valentin e Rosária Ono relatam que:

de uma forma geral, a pessoa tem um comportamento adaptativo, ou seja, consegue abandonar o edifício sem se afastar dos padrões normais de comportamento. Entretanto, em alguns casos, podem surgir alguns fenômenos que contribuam para

(24)

que o indivíduo passe a ter um comportamento não adaptativo” (VALENTIN e ONO, 2006, p. 3).

Em um primeiro momento, as pessoas podem agir segundo um fenômeno chamado “viés da normalidade” que significa a propensão do indivíduo supor que a situação está sob controle, e que por fim acaba não respondendo aos avisos e alarmes de segurança, mesmo que a situação de risco esteja efetivamente acontecendo. Isso ocorre através de uma dissonância cognitiva ao instinto de fugir ao perigo ao observar que algo que não está de acordo com a normalidade e permanecer estático (LUDOVICO, 2013, p. 1).

O médico Walter Cannon, nos anos de 1900 nos Estados Unidos, estudou o comportamento dos animais e comparou analogamente ao comportamento dos seres humanos em situação de risco, medo ou estresse. Com isso, descreveu que, em uma situação de perigo, a ação será de lutar ou fugir, ou seja, combater a emergência ou procurar um local mais seguro e proteger-se.

Com a evolução dos estudos nessa área, foram acrescentados a paralisia, que sugere que diante de ameaças o indivíduo pode permanecer extasiado e aumentar a probabilidade de sobrevivência, dado a um comportamento característico dos mamíferos de detectar objetos em movimento (LUDOVICO, 2011).

Esses estudos do comportamento humano são recentes, e ainda carecem de aprofundamento, com a finalidade de se discutir e aprimorar estratégias para salvaguardar a vida.

COMPORTAMENTO COLETIVO

2.7

Além do comportamento individual das pessoas, existem fenômenos que podem ser explicados quando estes indivíduos estão sociabilizando, e que passam por determinadas situações, podendo ser controladas ou não. O pânico, por exemplo, é um comportamento social que não é ordenado, se manifestando de forma inesperada, porém necessita de alguns fatores para o seu desencadeamento (JUNIOR, 2015).

Verifica-se que o comportamento coletivo é uma amplificação dos comportamentos humanos individuais que determinam muitas vezes o êxito ou perdas em situações de emergência.

(25)

Segundo a Sociologia o comportamento coletivo apresenta “[...] determinadas condutas das multidões, dos públicos ou das massas, motivadas principalmente por situações emotivas, delicadas ou de grande efervescência social” (SASSI, 2016, p. 1).

Algumas condutas coletivas podem ocorrer durante a evacuação em um incêndio, tais como:

[...] (1) Fenômeno de ir com a multidão: também conhecido como comportamento de pastoreio, esse fenômeno é caracterizado pelo fato de alguém desistir de seu próprio raciocínio para seguir as ações da maioria a sua volta. Esse fenômeno é frequentemente observado em um processo de evacuação real. Durante uma evacuação as pessoas podem perder a calma e a noção da localização de saídas seguras (principalmente em caso de incêndio em que a visibilidade é baixa) e tendem a seguir outras na esperança de que elas conheçam a localização das saídas. As pessoas que têm uma tendência severa de ir com a multidão podem ser facilmente afetadas por outras pessoas ao seu redor [...];

(2) Fenômeno de reunião: durante esse fenômeno as pessoas apresentam a característica de prevenção (ou seja, sentem que podem se proteger, psicologicamente, negando situações desagradáveis), e estão dispostas a permanecer próximas à multidão em uma emergência; o que pode resultar em recolhimento dos ocupantes no interior do edifício. Além disso, os ocupantes de um edifício frequentemente evacuam em grupos e reunir-se pode aliviar as suas ansiedades [...]. O efeito das pessoas se ajudarem mutuamente em casos de emergência é conhecido como efeitos de grupo [...];

(3) Retrocesso: pode ser entendido como o fato de retornar ao local de perigo para tentar salvar pertences, em busca de parentes ou até mesmo para informar ou ajudar outras pessoas [...];

(4) Comportamento de parentesco: comportamento muito popular durante a evacuação. É caracterizado pelo fato de que familiares tendem a se reunir durante uma evacuação de emergência ou até mesmo a retroceder ao local de perigo para salvar um membro da família [...];

(5) Arqueamento: Fenômeno reproduzido na saída. É causado pelo fato de todos os pedestres se moverem em direção à saída, formando um gargalo no fluxo de pedestres [...];

(6) Mais rápido é mais lento: caracterizado pelo fato de que quanto mais rápido as pessoas desejam se mover mais lenta pode se tornar a evacuação [...];

(7) Efeito não aventureiro: a maioria das pessoas costuma usar saídas familiares ao evacuar um ambiente [...];

(8) Pânico: caracterizado como uma reação psicológica na qual o indivíduo fica em um estado anormal de ansiedade ou estado comportamental de aceitação ao estímulo de desastre. A reação psicológica causada no desastre ambiental pode fazer a capacidade adaptativa e a capacidade de resposta ao ambiente diminuírem em pouco tempo. No pior caso, os indivíduos irão perder seus sentidos e afetar a fuga [...] (CARNEIRO, 2012, p. 15-17).

O professor Carlos Junior, da UFRJ, em seus slides de aula cita Proulx, quando afirma que, em uma situação de perigo, as vítimas agindo por instinto tendem a abandonar os locais de risco, e por estarem dominadas por um comportamento irracional agem descontroladamente, podendo sofrer esmagamentos e pisoteamentos durante o processo (JUNIOR, 2015).

(26)

Para Keating, o pânico é “um comportamento agressivo induzido pelo medo, que é irracional, inadaptado e antissocial que serve para reduzir as possibilidades de escape de um grupo como um todo” (KEATING, 1982, p. 57).

Entretanto, para que o pânico aconteça é imprescindível que algumas circunstâncias afetem os indivíduos, conduzindo para um estado anômalo de ansiedade e confirmação do iminente fracasso durante o sinistro. Para desencadear o sentimento do pânico é necessário que haja pelo menos três fatores:

 Sensação de enclausuramento – ter a percepção de que se está aprisionado.  Sensação de impotência – é a incapacidade ou impossibilidade para enfrentar

as situações.

 Profundo isolamento – não ter a consciência do que está ocorrendo, bem como sentir-se desamparado diante da emergência (JUNIOR, 2015).

Conforme observado acima, o comportamento humano é significativo e deve ser levado em consideração no momento de se dimensionar as estratégias e medidas de segurança, uma vez que a inobservância desse fator fará com que as medidas adotadas se tornem inúteis, sub ou superdimensionadas (LIMA, CESAR, et al., 2014)

Assim, os comportamentos humanos e coletivos possivelmente ocorrerão, em caso da necessidade de abandono das edificações, e devem ser levados em consideração em casos de evacuação em emergência.

SEGURANÇA

CONTRA

INCÊNDIO

E

ABANDONO

DE

2.8

EDIFICAÇÕES

É próprio do ser humano buscar um local seguro que ofereça acolhimento e proteção quando ocorrem intempéries, frio, calor e ameaças do ambiente externo. Por isso a necessidade de existir um conjunto de técnicas e métodos abordados dentro do conhecimento científico para garantir essa proteção, definição essa que se aplica à engenharia de segurança contra incêndio.

No entendimento de Seito, a segurança contra incêndio parte do estudo e criação de um conjunto de parâmetros que visam a prevenção, detecção e combate a um incêndio e sua

(27)

total extinção, dando importância à preservação da vida e, em segundo plano, os bens materiais (SEITO, 2008).

Os objetivos da segurança contra incêndio são abordados por José Sérgio Marcondes da seguinte forma:

 “[...] proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso de incêndio.

 Dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao patrimônio

 Proporcionar meios de controle e extinção do incêndio.

 Dar condições de acesso para as operações do corpo de bombeiros.

 Proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações e áreas de risco” (MARCONDES, 2017, p. 1).

Os parâmetros estão divididos em dois tipos de medidas a serem tomadas: as medidas passivas e ativas. As medidas passivas compreendem as vias de abandono, a adoção e escolha de materiais para as edificações, sua compartimentação interna e alternativas de proteção e reforço da estrutura. Já as medidas ativas compreendem equipamentos que permitem a detecção, alarme e extinção do fogo (MARCONDES, 2017).

O arquiteto Marcos Valentin, em reportagem para a revista Emergência, descreve a relevância dos sistemas de proteção passiva:

“Os sistemas de proteção passiva são de extrema importância, pois impedem a propagação generalizada do fogo, contribuindo, assim, para que as pessoas possam abandonar a edificação mais seguras e funcionam como um complemento para os sistemas de proteção ativos” (NERY, 2016, p. 1).

Após ocorrerem vários sinistros e incêndios, observou-se a necessidade da organização e criação de regras e leis que possam nortear os procedimentos e comportamentos a serem obedecidos, com o objetivo de assegurar segurança nas edificações não somente em momentos de emergência, mas durante a sua existência.

Internacionalmente, as primeiras inciativas surgiram em Londres, na Inglaterra no século XVII, com a implementação de códigos de prevenção de incêndios urbanos (ACCA, 2015).

Já nos Estados Unidos, no final do século XIX, surgiu a NFPA – “National Fire Protection Association”, que edita documentos informativos sobre segurança de incêndio (SEITO, 2008, p. 19).

No Brasil, antes de acontecer os grandes incêndios das décadas de 1960 e 1970, as regulamentações existentes eram apenas das empresas seguradoras que exigiam as medidas.

(28)

As legislações municipais e estaduais eram vagas e a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, nesse momento da História, apenas regulamentava a fabricação de dispositivos de proteção como extintores e hidrantes (SEITO, 2008).

Após a ocorrência dos grandes incêndios (Gran circo Norte-Americano - 1961, Edifício Andraus – 1972 e Edifício Joelma – 1972), surgiram comitês para estudos para prevenção e estratégias de combate de incêndios, fazendo com que o primeiro código de segurança contra incêndio e pânico fosse homologado no Rio de Janeiro em 1975 (SEITO, 2008).

No entanto, vários desastres ocorreram desde então, fazendo com que a legislação fosse continuamente implementada, modernizada, aprofundada e atualizada, no intuito de atender as demandas existentes e reduzir as perdas.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

2.9

Dentre a gama de legislações vigentes a respeito de prevenção e combate de incêndio, o escopo deste trabalho acadêmico se aterá aos temas referentes aos meios de abandono, rotas de fuga e às legislações vigentes na data da construção dos teatros, fazendo um comparativo com a legislação atual, analisando as normais pertinentes as saídas de emergência.

Em 1978, a NR-23 prescreveu que os empregadores têm que adotar medidas de prevenção de incêndios, e menciona que devem dispor de saídas suficientes, sinalizadas e disponíveis (abertas), claramente dando ênfase ao abandono da edificação em todas as suas particularidades (BRASIL, 2011).

Para permitir a análise da edificação do Teatro Guaíra será utilizada a NB 208/1974 (ABNT, 1974), entendendo que a legislação e os conhecimentos técnicos eram suficientes para assegurar os níveis mínimos de segurança para as pessoas e edifício.

As tecnologias de prevenção de incêndio, materiais de construção e as novas formas de projetar em conjunto com a legislação evoluíram com o passar dos tempos, porém alguns itens deixaram de ser atendidos, mas podem ser atenuados por outras medidas mitigadoras, como preveem os códigos e legislações atuais.

Importante ressaltar que a NB 208/1974 foi aprimorada e atualizada em 1993, se transformando na NBR 9077/2001, que subsidia os cálculos dos meios de abandono, bem como o dimensionamento de aberturas, passagens, rampas e escadas, através da capacidade de passagem de pessoas por unidade de tempo (ABNT, 2001).

(29)

A NBR 9077/2001 adequa-se para a análise das duas edificações, pois foi criada a partir da NB 208/1974, e ela é a fundamentada e exige a sua aplicação nos códigos de Incêndio no estado do Paraná, tanto na edição de 2001, quanto no CSCIP 2012 (PARANÁ, 2015).

No CSCIP3 2012, a NPT 002 prevê capítulos que tratam das adaptações das medidas de segurança em edificações antigas de forma a atualizar os seus sistemas de segurança, já na NPT 011 (PARANÁ, 2016) é abordado o dimensionamento das saídas de emergência.

Porém, no Brasil, não existe legislação que aborde o abandono das edificações. (MONTENEGRO, 2016) afirma que a maioria dos estudos existentes na área de evacuação de pessoas são feitos internacionalmente, e que no Brasil existem apenas estudos acadêmicos que fazem essa abordagem, bem como descreve que o abandono das edificações depende de diversos fatores, de ordem comportamental, locacional e também em função da localização do sinistro.

Para efetuar a análise dos tempos e meios de abandono procurou-se adotar a norma Inglesa (BSI DD240, 1999), com o objetivo de servir como parâmetro de comparação para o uso do software Pathfinder4 (Figura 6).

O software Pathfinder funciona como modelo de simulação de abandono e movimento em uma edificação [...]. Sua escolha para o presente trabalho se justifica devido a ele permitir a obtenção de informações quanto ao tempo total de escape, e por ser considerado como um modelos de abandono, o qual, além de prever o tempo necessário para os ocupantes abandonarem um edifício[..] (MONTENEGRO, 2016).

3 Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná

4 Elaborado pelo fabricante americano Thunderhead Engineering, o programa apresenta uma interface gráfica

que facilita o processo de modelagem e análise dos resultados, por meio de visualizações 2D e #d. Sua interface é de fácil compreensão e simples manuseio e seu uso foi disponibilizado por meio da licença de uso trial de 30 dias para o autor do trabalho mediante cadastro via e-mail.

(30)

Figura 6 - Aparência do software Pathfinder efetuando a evacuação Fonte: (AUTOR 2018)

METODOLOGIA

3

Para o estudo de caso escolheu-se dois teatros localizados em Curitiba, com capacidades similares e construídos em duas épocas distintas.

A edificação de reunião de público foi escolhida por reunir grande população em pleno dia de espetáculo e lotação máxima de espectadores e equipe de trabalho, com possibilidade de ocorrer algum sinistro envolvendo a estrutura física destas edificações, sendo necessário à sua evacuação como uma estratégia primeira antes de qualquer tomada de decisão.

A revisão bibliográfica adotada buscou conceituar e abordar os temas relevantes para fornecer subsídios que permitam reconhecer e analisar os temas abordados.

Para identificar o perigo mais iminente nas edificações teatrais buscou-se elaborar a técnica de Análise Preliminar de Perigos (APP) e com isso considerar qual é o risco predominante nas referidas edificações.

No presente estudo foi possível fazer uma análise normativa através da NB208/1974, NBR 9077/2001 e NPT011, verificando o atendimento aos quesitos de segurança, fazendo um comparativo entre as duas edificações através da Norma Inglesa BSI DD240/1999, com a finalidade de determinar o tempo de evacuação das mesmas.

(31)

Por fim, foi realizada uma análise quanto ao desempenho de evacuação das edificações, comparando os tempos obtidos em cada espaço teatral através da simulação computacional do software Pathfinder.

ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO (APP)

3.1

A Análise Preliminar de Perigo pode ser entendida, de forma simplificada, através das tabelas abaixo (Tabela 1,Tabela 2, Tabela 3,Tabela 4 e Tabela 5).

Tabela 1 - Modelo de análise preliminar de perigo

ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO

Local: Instalação: Data: Elaborado por: Data: Folha:

Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna 7 PERIGO CAUSAS DETECÇÕES EFEITOS CAT. FREQ. CAT. SEV. CAT. RISCO

Fonte: (SOUZA, 2012) 5

A tabela apresenta 7 colunas, que são preenchidas conforme as explicações mencionadas abaixo:

 Coluna 1: PERIGO - esta coluna se apresentam os perigos identificados relacionados aos eventos acidentais, com potencial de causar dano.

 Coluna 2: CAUSA – as causas de cada perigo são descritas nesta coluna, as mesmas podem envolver tanto as falhas intrínsecas de equipamentos quanto erros humanos de operação.

 Coluna 3: DETECÇÕES – os modos existentes para detectar o perigo ou a causa são indicados nesta coluna.

 Coluna 4: EFEITOS – são listadas nessa coluna as possíveis consequências geradas a partir dos eventos.

 Coluna 5: CATEGORIA DE FREQUÊNCIA DO EVENTO ACIDENTAL – esta coluna utiliza o critério de classificação na tabela 2. Cada evento de acidente é classificado, e fornecem uma indicação qualitativa da frequência esperada de ocorrência para os eventos identificados.

(32)

 Coluna 6: CATEGORIA DE SEVERIDADE DO EVENTO ACIDENTAL – os cenários de acidente são classificados em categorias de severidades, conforme a tabela 3.

 Coluna 7: CATEGORIA DE RISCO – pela combinação entre as categorias de frequência e severidade obtém-se uma Matriz de Riscos, conforme apresentado na tabela 4 (SOUZA, 2012)6.

Tabela 2 - Categoria de Frequência

CATEGORIA DESCRIÇÃO PROBABILIDADE

A Provável

Esperando ocorrer várias vezes

durante a vida útil da instalação P > 10-¹ B

Razoavelmente provável

Esperado de ocorrer pelo menos uma vez durante a vida útil da

instalação 10

-² ≤ P < 10-¹

C

Remota Pouco provável de ocorrer durante a vida útil da instalação 10-³ ≤ P < 10-² D

Extremamente remota

Teoricamente possível, porém extremamente pouco provável de ocorrer durante a vida útil da instalação.

P < 10-³

Fonte: (SOUZA, 2012)7

Acima consta tabela auxiliar que apresenta o critério de classificação para as Categorias de Frequência.

Tabela 3 - Categoria de Severidade

CATEGORIA DESCRIÇÃO

I

Desprezível Nenhum dano ou dano não mensurável II

Marginal Danos irrelevantes ao meio ambiente e as pessoas III

Crítica Possíveis danos ao meio ambiente causados por liberações de substâncias químicas tóxicas IV

Catastrófica

Impactos ambientais devido a liberações de substâncias químicas, tóxicas ou inflamáveis. Pode provocar mortes ou lesões graves às pessoas ou impactos ambientais com tempo de repercussão elevado.

Fonte: (SOUZA, 2012)8

Acima consta tabela auxiliar que apresenta o critério de classificação para a Categoria de Severidade.

Tabela 4 - Matriz de riscos

6 Trata-se de citação indireta adaptado pelo (AUTOR 2018). 7 Trata-se de citação indireta adaptado pelo (AUTOR 2018). 8 Trata-se de citação indireta adaptado pelo (AUTOR 2018).

(33)

MATRIZ DE RISCOS

FREQUÊNCIA

SEVERIDADE I

Desprezível Marginal II Crítica III Catastrófica IV A

Provável MODERADORM MODERADORM NÃO TOLERÁVEL RA NÃO TOLERÁVELRA B Razoavelmente provável RB TOLERÁVEL RM MODERADO RM MODERADO RA NÃO TOLERÁVEL C

Remota TOLERÁVELRB TOLERÁVELRB MODERADORM MODERADORM D Extremamente remota RB TOLERÁVEL TOLERÁVELRB RB TOLERÁVEL MODERADORM LEGENDA: SEVERIDADE I – Desprezível II – Marginal III – Crítica IV – Catastrófica FREQUÊNCIA A – Provável B - Razoavelmente provável C – Remota D – Extremamente remota RISCO RB – Risco Baixo RM – Risco Médio RA – Risco Alto Fonte: (SOUZA, 2012)9

Acima consta tabela auxiliar que apresenta o critério de classificação para categoria do risco.

Por fim podem ser feitas recomendações, serão utilizados para os eventos cujos os riscos são considerados como inaceitáveis, estas recomendações visam a redução da frequência e/ou a magnitude das suas consequências das hipóteses acidentais apresentadas.

Tabela 5 - Recomendações das planilhas de APP

RECOMENDAÇÕES DESCRIÇÃO R 01 R 02 R 03 R 04 Fonte: (SOUZA, 2012)10

Neste contexto, a ferramenta de APP possui grande importância e eficiência no apontamento dos perigos, uma vez que leva em consideração todos os perigos inerentes as edificações. Através dos critérios de classificação é possível indicar aqueles riscos mais iminentes em gravidade, priorizando as medidas a serem tratadas imediatamente, e mantendo

9 Trata-se de citação indireta adaptado pelo (AUTOR 2018). 10 Trata-se de citação indireta adaptado pelo (AUTOR 2018).

(34)

sob monitoramento as de menor relevância, para que sejam todas mitigadas e/ou eliminadas no decorrer do tempo.

METODOLOGIA DE CÁLCULO

3.2

Metodologia de análise do desempenho (tempo de evacuação) das duas

3.2.1

edificações

De acordo com norma internacional British Standart (BSI DD240, 1999) que estabelece o tempo disponível para o escape seguro, é possível constatar que essa análise é de grande importância, pois determina o tempo necessário para a evacuação segura do local sem danos ao indivíduo. Por outro lado, se for observada somente a legislação vigente, sem levar em consideração o tempo de escape proposto na norma internacional, poderá ocorrer o superdimensionamento das saídas de emergência e a localização de saídas em lugares inadequados e ineficazes.

Paula Etrusco, em seu artigo, põe em discussão

“[...] a formulação, dada na moderna normalização baseada em desempenho, do tempo necessário para o escape em edificações. Em paralelo, demonstra-se a necessidade de desenvolver ensaios nacionais que viabilizem o modelamento de incêndios no País, o que permitirá a determinação do tempo disponível para o escape seguro nas edificações brasileiras” (ETRUSCO, 2002).

Portanto, as conclusões mostram a necessidade de atuar nessas duas direções, para assegurar níveis aceitáveis de risco de incêndio nas edificações.

Da norma (BSI DD240, 1999) foram extraídas as tabelas logo abaixo que oferecem parâmetros para os cálculos do tempo de evacuação:

Tabela 6 - Fatores de ocupação - 1999.

TIPO DE OCUPAÇÃO FATOR DE OCUPAÇÃO (pessoas / m²)

Bares, danceterias, clubes, salas para

concertos 2,0

Fonte: (BSI DD240, 1999)

Na tabela (Tabela 6), no que concerne à ocupação, fornece valores do fator de ocupação em pessoas/m² oferecidos pela norma.

(35)

Na tabela o tempo de pré-movimento (Tabela 7), conforme o tipo de ocupação é dado para situações de evacuação iniciadas apenas pelo acionamento de alarme, orientada ou não pelo sistema de som interno com autofalantes.

Tabela 7 - Valores de tempo de pré-movimento - 1999.

OCUPAÇÃO TEMPO PRÉ MOVIMENTO (s) RÚIDO DE ALARME EVACUAÇÃO NÃO ORIENTADA EVACUAÇÃO ORIENTADA Locais de assembleias 300 180 120 Fonte: (BSI DD240, 1999)

Para deslocamentos em escadas os valores da tabela (

Tabela 8) devem ser utilizados. É importante salientar que nos locais em que as pessoas se movimentam vagarosamente deve-se assumir que a velocidade máxima seja a metade do valor máximo das pessoas capacitadas, ou seja 0,6m/s (BSI DD240, 1999).

Tabela 8 - Velocidade de deslocamento em escadas – 1999.

ESPELHO (m) PISO (m) CONSTANTE k

VELOCIDADE MÁXIMA St(m/s) FLUXO ESPECÍFCIO MÁXIMO Fs (pessoas / s*m) 0,17 0,30 1,15 1,00 1,10 Fonte: (BSI DD240, 1999)

Primeiramente, é importante fazer uma “analogia ao escoamento de fluidos, quando as pessoas se movimentam através de um corredor ou escada produzem uma camada limite. Em consequência a largura da camada limite deve ser subtraída da largura livre para dar a largura efetiva” (ETRUSCO, 2002).

Assim na tabela (Tabela 9) são dados os valores da camada limite:

Tabela 9 - Larguras de camada limite

ELEMENTO DA ROTA DE ESCAPE CAMADA LIMITE (m)

Escadas, paredes, ou lado do degrau 0,15

Guarda corpos, corrimãos 0,09

Assentos de teatros, arquibancadas, de estádios 0,00

Corredor, paredes de rampas 0,20

Obstáculos 0,10

(36)

Portas, arcos 0,15

Fonte: (BSI DD240, 1999)

CÁLCULO DO TEMPO DISPONÍVEL PARA O ESCAPE SEGURO -

3.3

TDES

Primeiramente, cabe esclarecer que o tempo de detecção da ocorrência de incêndio não há indicador estabelecido pela norma. Diante disso, para o presente estudo foi sugerido a utilização do valor de 0 segundos como indicador, no intuito de oferecer um cálculo com maior precisão.

O tempo de acionamento do alarme é extraído da tabela de valores de tempo de pré-movimento (

Tabela 10).

Tabela 10 - Valores de tempo de pré-movimento - 1999.

OCUPAÇÃO TEMPO PRÉ MOVIMENTO (s) RÚIDO DE ALARME EVACUAÇÃO NÃO ORIENTADA EVACUAÇÃO ORIENTADA Locais de assembleias 300 180 120 Fonte: (BSI DD240, 1999)

O tempo de reação do alarme até o primeiro movimento de saída também é extraído da tabela acima (

Tabela 10), sendo necessário que o projetista determine a maneira pela qual ocorrerá a evacuação, ou seja, se ela será a orientada (através de treinamentos ou da orientação de brigadistas) ou a não orientada (quando ocorre sem conhecimento das rotas de emergência).

(37)

Para executar o cálculo do é necessário seguir a norma (BSI DD240, 1999) com os seguintes procedimentos:

Procedimento 1 – determinação da velocidade em planos horizontais

3.3.1

De acordo com a norma (BSI DD240, 1999) para se calcular a velocidade máxima de deslocamentos em planos horizontais deve-se aplicar a equação abaixo, calculando inicialmente a densidade populacional e aplicando o valor obtido na fórmula de (velocidade):

(Equação 01)

Procedimento 2 – determinação da velocidade vertical

3.3.2

Para calcular a velocidade vertical dependerá da densidade populacional e da inclinação da escada, devendo buscar inicialmente a constante na tabela (

Tabela11).

Tabela 11 - Velocidade de deslocamento em escadas – 1999.

ESPELHO (m) PISO (m) CONSTANTE k

VELOCIDADE MÁXIMA St(m/s) FLUXO ESPECÍFCIO MÁXIMO Fs (pessoas / s*m) 0,17 0,30 1,15 1,00 1,10 Fonte: (BSI DD240, 1999)

Cálculo da velocidade máxima de deslocamento em escadas:

Procedimento 3 – determinação do fluxo específico

3.3.3

(38)

O fluxo específico é a taxa de pessoas que passam em um ponto de rota de escape por unidade de tempo e por unidade de largura efetiva (pessoas / m*s). Assim, temos:

(Equação 02)

Onde:

Procedimento 4 – determinação do fluxo calculado

3.3.4

O fluxo calculado trata-se da taxa total de pessoas que passam em um ponto na rota (pessoas /s): (Equação 03) Onde:

Procedimento 5 – determinação do tempo de passagem de um grupo de

3.3.5

pessoas

O tempo de escape para um grupo de pessoas que passa um certo ponto da rota é o período de passagem:

(Equação 04)

(39)

Procedimento 6 – determinação do tempo de fluxo de escape necessário

3.3.6

Determina-se o tempo de escape o tempo necessário para que, uma vez começado o movimento, todas as pessoas passem através de uma saída para um lugar de segurança.

(Equação 05)

Onde:

Resultado: tempo que toda a população leva para deixar a saída

3.3.7

É possível chegar ao resultado do aplicando o método e obedecendo os procedimentos elencados acima11.

Determinação do Tempo Disponível para o Escape Seguro

3.3.8

Para determinar o tempo disponível para o escape seguro, é necessário realizar a somatória dos tempos da detecção da ocorrência do incêndio, acrescido do tempo de acionamento do alarme de incêndio e do intervalo de tempo decorrido (tempo de

(40)

movimento ou reação ao alarme) entre o acionamento do alarme e do primeiro movimento em direção de uma saída de emergência (Figura 7).

TDES= + + + (Equação 06)

Onde:

TDES= Tempo Disponível para o Escape Seguro = Tempo de detecção da ocorrência do incêndio. = Tempo do acionamento do alarme.

= Tempo de Reação do alarme até o primeiro movimento de saída. = Tempo que toda a população leva para deixar a saída.

Figura 7 - Síntese do Tempo Disponível para o Escape Seguro Fonte: (BSI DD240, 1999)

Referências

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