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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

GRADUAÇÃO

Alexandre Morais de Barros

Ijuí, RS, Brasil

2015

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Alexandre Morais de Barros

Relatório do Estágio Curricular Supervisionado apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária, Área de Suinocultura, da Universidade Regional

do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como

requisito parcial para obtenção do grau de

Médico Veterinário.

Orientadora: Profª Méd. Vet. Drª Maria Andréia Inkelmann

Supervisor: Méd. Vet. Luís Gustavo Goulart do Nascimento

Ijuí, RS, Brasil

2015

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Rio Grande do Sul

Departamento de Estudos Agrários

Curso de Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

elaborado por

Alexandre Morais de Barros

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médico Veterinário

COMISSÃO EXAMINADORA:

___________________________________ Maria Andréia Inkelmann

(Orientadora)

___________________________________ Denize da Rosa Fraga

(Banca)

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Gostaria inicialmente de agradecer a Deus, que em sua infinita bondade permitiu que chegasse a este momento.

Aos meus familiares que estiveram sempre presentes nos momentos em que mais precisei de apoio.

Aos professores da UNIJUÍ, pela dedicação, apoio e amizade e pela multiplicação de conhecimentos.

Aos profissionais da Cosuel/Dália Alimentos pela oportunidade de realização do Estágio.

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Relatório do Estágio Curricular Supervisionado

Curso de Medicina Veterinária

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

EM MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE SUINOCULTURA

AUTOR: ALEXANDRE MORAIS DE BARROS ORIENTADORA: MARIA ANDRÉIA INKELMANN

Data e Local de Defesa: Ijuí, dezembro de 2015

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos. A realização do estágio aconteceu na Cosuel/Dália Alimentos - Cooperativa do Suinocultores de Encantado - RS. Ocorreu no período de 13/07/2015 à 28/08/2015 totalizando 150 horas de atividades. A supervisão por parte da empresa ficou a cargo do Médico Veterinário Luis Gustavo Goulart do Nascimento e orientação da professora Doutora Maria Andréia Inkelman. O desenvolvimento do estágio teve como objetivo a aplicação na prática de conteúdos teóricos adquiridos ao longo da graduação, bem como troca de experiências e vivências interpessoais com produtores e colaboradores da Cooperativa, por meio do acompanhamento das rotinas diárias nas granjas produtoras de suínos. As atividades desenvolvidas serão contextualizadas em forma de tabelas, sendo nelas especificadas a rotina estabelecida durante o estágio como acompanhamento de partos, detecção de cio em marrãs e multíparas, inseminação artificial, arraçoamento de gestação e maternidade, vacinações em matrizes e leitões, anotações de partos que constam número de nascidos vivos, natimortos, mumificados e nascidos totais, manejo de cortinas, pesagem de leitões desmamados, higienização diária das instalações de gestação e maternidade, limpeza e desinfecção das salas de maternidade após retirada dos leitões desmamados e das matrizes, coleta de sangue e aplicação de tuberculina para renovação dos certificados GRSC em Upls e terminações, leitura da tuberculinização com o Médico Veterinário do Serviço Oficial, medicação de fêmea pós-parto e gestantes que tiveram metrites, artrites, cistites, contusões e realização de diagnóstico ultrassonográfico de prenhez. A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária proporcionou

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bibliográfica sobre Reprodução em Suinocultura.

Palavras-chave: Produção de Suínos. Reprodução em Suínos. Inseminação Artificial Pós-Cervical

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Tabela 1 – Atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, referentes à Área Reprodutiva unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015... 10 Tabela 2 – Atividades desenvolvidas na Unidade de Produção de Leitões

Granja Colinas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015... 11 Tabela 3 – Atividades desenvolvidas junto às Granjas GRSC durante o

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015... 11 Tabela 4 – Atividades desenvolvidas junto às Granjas GRSC durante o

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, referente ás Atividades Clínicas, unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015... 11 Tabela 5 – Atividades desenvolvidas junto às Granjas GRSC durante o

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, referente ás Atividades de Manejo e Preventivas, unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015...

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Anexo A – Pirâmide sanitária: sistema de produção Cosuel/Dália Alimentos. 31

Anexo B – Sistema BEAR (Boar Exposure Area) de exposição ao macho... 32

Anexo C – Reagrupamento de leitoas após diagnóstico de estro... 33

Anexo D – Fêmea com diagnóstico positivo de cio... 34

Anexo E – Protocolo tradicional de inseminação artificial... 35

Anexo F – Local de deposição do sêmen na IAPC... 36

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 DESENVOLVIMENTO ... 12

2.1 Atividades desenvolvidas no Estágio curricular supervisionado em medicina veterinária ... 12

3 DISCUSSÃO ... 16

3.1 Reprodução ... 16

3.2 Manejo de leitoas após a puberdade ... 22

4 CONCLUSÕES ... 30

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 31

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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária constitui-se em uma oportunidade para que os aprendizados teóricos e práticos vivenciados durante a graduação sejam aplicados na rotina diária da empresa, sendo de suma importância para complementar a formação acadêmica e profissional do estudante.

A Cosuel/Dália Alimentos, foi fundada em 15 de junho de 1947 por um grupo de 387 suinocultores, pela necessidade que os produtores tinham na época com relação à aquisição de insumos necessários à sua produção, bem como agregar valor aos seus produtos através do beneficiamento. Com este intuito em 6 de junho de 1948 foi lançada a pedra fundamental do frigorífico, iniciando suas atividades em 1950, abatendo 150 suínos e 15 bovinos por dia. No primeiro ano foram abatidos 19,4 mil animais. Cinco anos mais tarde a capacidade de abate foi ampliada para 250 suínos/dia, devido ao aumento da produção dos associados (Informativo mensal da Cooperativa dos Suinocultores de Encantado Ltda). Passados os anos, a Cooperativa cresceu e solidificou-se baseado no espírito cooperativista de seus idealizadores, passando por mudanças estratégicas de gestão ao longo dos anos para superar as crises e diferentes desafios.

Destes desafios surgiu a necessidade de expandir os negócios da empresa, seguindo as aptidões produtivas da região onde a cooperativa está inserida e as necessidades de mercado. Neste contexto, a aquisição e a industrialização do leite ingressou no portfólio da empresa, o que culminou no surgimento de novas marcas e produtos.

Atualmente a Dália Alimentos dispõe de um plantel aproximado de 25.000 matrizes suínas produtivas, entre granjas próprias e sistema de comodato, além do frigorífico com capacidade para abater 2800 suínos/dia, CIAS (Central de Inseminação de Suínos) para 180 machos, fábrica de rações, lojas agropecuárias, supermercados e fábrica de leite em pó que beneficia mais de 400 milhões de litros de leite por ano. Sua produção é destinada ao mercado interno e exportação, estando presente no Uruguai na América do Sul; Hong Kong e Cingapura na Ásia; Egito e Angola na África;

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Geórgia nos Estados Unidos, Moldova, Azerbaijão, Armênia e Albânia na Eurásia. A empresa atua no Vale do Taquari, Rio Pardo, Serra Gaúcha e Centro Ocidental.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Atividades desenvolvidas no Estágio curricular supervisionado em medicina veterinária

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado com foco em Suinocultura, visando acompanhamento das atividades nas granjas multiplicadoras (Granjas de Reprodutores Suídeos Certificada - GRSC), bem como a parte sanitária e de produção com o médico veterinário sanitarista da empresa, por meio de visitas técnicas as propriedades, e acompanhamento de consultores externos. O resumo das principais atividades realizadas durante o Estágio estão especificadas na Tabela 1 e o detalhamento na Tabela 2 e Tabela 3.

Tabela 1 – Resumo das atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, referentes a Área Reprodutiva unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015,

Resumo das Atividades Reprodutivas Total %

Acompanhamento e anotação de partos 63 4,18 Inseminação Artificial 120 7,96 Detecção de cio em marrãs e multíparas 124 8,23 Diagnóstico de prenhez por ultrassonografia 1200 79,63

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Tabela 2 – Atividades desenvolvidas na Unidade de Produção de Leitões Granja Colinas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015

Atividades desenvolvidas Granja Colinas Total %

Acompanhamento e anotação de partos (Nascidos vivos, natimortos, mumificados, nascidos totais)

63 2,00 Detecção de cio em fêmeas desmamadas e marrãs 124 3,94 Inseminação Artificial 120 3,82 Arraçoamento fêmeas gestantes no período da manhã 228 7,25 Arraçoamento fêmeas maternidade no período da manhã e tarde 48 1,53 Vacinação de matrizes para Leptospirose, Erisipela e Parvovirose (10° dia de

lactação)

134 4,26 Medicação de fêmeas pós-parto para metrite (Oxitetraciclina) 12 0,38 Medicação de fêmeas gestantes para artrite (Pen Strep) 10 0,32 Medicação de fêmeas gestantes para cistite (enrofloxacina) 4 0,13 Vacinação de leitões preventivamente 1 dia antes do desmame para

Pneumonia por Micoplasma e Circovirose

1200 38,19 Pesagem de leitões desmamados enviados aos crecheiros 1200 38,19

Total 3143 100

Tabela 3 – Atividades desenvolvidas junto às Granjas GRSC durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015

Atividades desenvolvidas Granjas GRSC Total %

Sorologia para Peste Suína Clássica, Aujesky, Tuberculose, Brucelose e Leptospirose

600 46,15 Aplicação de Tuberculina Bovina e Aviária 600 46,15 Coleta de raspado cutâneo para exame parasitológico 100 7,69

Total 1300 100

Tabela 4 – Atividades desenvolvidas junto às Granjas GRSC durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, referente ás Atividades Clínicas, unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015

Atividades Clínicas desenvolvidas Total %

Coletas de Sangue 600 45,52 Tuberculinização 600 45,25 Coleta de raspado cutâneo para exame parasitológico 100 7,54 Medicação de fêmeas pós-parto e gestantes 26 1,96

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Tabela 5 – Atividades desenvolvidas junto às Granjas GRSC durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Produção de Grandes Animais, com ênfase em Produção e Clínica de Suínos na Cosuel/Dália Alimentos, referente ás Atividades de Manejo e Preventivas, unidade de Encantado, RS, no período de 13 de julho de 2015 a 28 de agosto de 2015

Atividades de Manejo e Preventivas desenvolvidas Total %

Arraçoamento gestação 228 8,11 Arraçoamento maternidade 48 1,71 Vacinação matrizes 134 4,77 Vacinação leitões 1200 42,70 Pesagem leitões desmamados 1200 42,70

Total 2810 100

2.1.1 Sistema de produção

O sistema de produção da Cosuel é composto por granjas próprias e integradas. As granjas próprias constam de quatro multiplicadoras GRSC e três comerciais. Em função de sanidade e biossegurança o sistema produtivo é baseado em pirâmides sanitárias (Anexo A), onde as granjas multiplicadoras situam-se no topo da pirâmide com rígido controle sanitário. A granja Santa Clara com capacidade para 130 matrizes é multiplicadora da linha macho, onde são produzidos os reprodutores para povoamento da CIAS, que por sua vez coleta e beneficia o sêmen destinado ao plantel comercial. As granjas Colinas e Guaporé com capacidade para 1100 matrizes cada, são multiplicadoras linha fêmea, objetivando produzir as matrizes F1 para povoamento das granjas comerciais. A granja Putinga que possui 260 matrizes produz as reposições do plantel das multiplicadoras linha fêmea.

As granjas comercias por sua vez, estão em sua maioria sob responsabilidade de integrados em sistema de comodato, onde a Cosuel é proprietária das matrizes. Os produtores são responsáveis pela construção e manutenção das instalações e manejo dos animais conforme orientação técnica da empresa. Por questões de rastreabilidade e padrão produtivo os integrados ficam obrigados a adquirir a ração produzida pela Dália para fornecer aos seus animais, bem como insumos necessários à produção, tais como vacinas e medicamentos. O integrado comercializa os leitões

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com peso médio em torno de 6,5 kg e 21 dias, que por força de contrato específico devem ser adquiridos pela Cosuel.

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3.1 Reprodução

3.1.1 Programa GRSC

O Ministério da Agricultura conta em sua estrutura com vários órgãos de assessoramento. A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) é um órgão que exerce o papel de unidade central do sistema de fiscalização da produção e comercialização de insumos agrícolas e pecuários; da inspeção higiênico-sanitário de produtos de origem animal e vegetal; da garantia de sanidade e da saúde animal; aos registros de estabelecimentos, produtos, subprodutos, derivados, resíduos de origem animal e vegetal, controle do trânsito interestadual e internacional de animais vivos e produtos de origem animal e vegetal, bem como a certificação sanitária agropecuária (BRASIL, 2002).

Entre os inúmeros programas sanitários brasileiros, é no Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS), que encontramos a IN 19, que tem como objetivo “manter um nível sanitário adequado nas granjas que comercializam, distribuem ou mantêm reprodutores suídeos para multiplicação animal, a fim de evitar a disseminação de doenças e assegurar níveis aceitáveis de produtividade”. Para isto torna-se obrigatório que a empresa disponha de um médico veterinário como responsável técnico do plantel GRSC, cumpra com normas de biossegurança por meio do controle de visitantes externos à granja, banho e troca de roupas quando necessário o ingresso nas dependências da granja, cercamento perimetral da pocilga, colocação de tela anti-pássaro e realização periódica periódica do monitoramento para as seguintes doenças: Leptospirose, Aujesky, Sarna, Brucelose, Tuberculose e Peste Suína Clássica.

A granja Santa Clara é responsável pela reprodução da linha macho, que irá povoar a CIAS. Esta por sua vez produz todo o sêmen destinado às granjas comerciais, responsáveis pela produção dos animais destinados ao abate. A granja

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Putinga destina-se à produção das leitoas para a reposição das multiplicadoras linha fêmea, que são a Granja Colinas e Granja Guaporé, ambas com 1100 matrizes cada uma. Estas são responsáveis pela produção da reposição do plantel comercial da empresa. Após o desmame os leitões são destinadas à produtores certificados GRSC para recria e crescimento. Aos 160 dias de idade em média as leitoas são selecionadas, e aquelas que atenderem aos critérios fenotípicos para reprodução, considerando aprumos, linha de lombo, profundidade de barriga, marcha e genitália externa, serão enviadas para o 4° sítio para que seja dada continuidade no processo de preparo reprodutivo. Os machos são enviados ao abate normal juntamente com as fêmeas descartadas da reprodução.

3.1.2 Seleção das leitoas

A maior produtividade na atividade suinícola exige que as marrãs, futuras reprodutoras, estejam bem preparadas para que se consiga atingir os resultados esperados, para isso sua introdução no plantel constitui-se em um momento importante. Um manejo adequado, que atenda as exigências nutricionais e sanitárias das fêmeas, que serão introduzidas no plantel melhora sua eficiência reprodutiva. Os animais selecionados para a reprodução devem chegar a puberdade com peso corporal adequado (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE SUÍNOS, 2014), aclimatadas, imunizadas, e com pelo menos um cio detectado. Quando bem preparadas estas fêmeas, contribuem para manter a estrutura de ordem de partos ideal, concentrando o maior número possível de matrizes na fase mais produtiva de suas vidas, que é entre 3 a 6 partos.

A seleção das fêmeas deve começar já na desmama, fase em que devemos realizar uma pré-seleção cujo alvo será entre 85% e 90% das leitoas, sendo a diferença descartada por possuir potencial inferior, sendo considerado problemas sanitários (Artrites, diarreias...), peso individual inferior a 4,5 kg (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE SUÍNOS, 2014). Em uma segunda etapa na saída de creche, devemos selecionar 80% a 90% das leitoas, descartando de 10% a 20% de baixo potencial. No final do processo de seleção chegamos com uma taxa de descarte de 20% a 35%, ingressando no plantel reprodutivo apenas aqueles animais

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(método Australiano de identificação individual, tendo como critério o dia do parto. Neste momento já são anotados em uma planilha o número de pares de tetas de cada animal, o que constitui-se em ferramenta de descarte já como primeira avaliação. Subsequentemente os critérios de avaliação são baseados em observações fenotípicas como aprumos, linha de lombo, profundidade de barriga, marcha e conformação da vulva (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE SUÍNOS, 2014).

3.1.3 Quarto sítio

A grande evolução da suinocultura nos últimos 20 anos proporcionou alternativas com diferenciação e especialização de atividades por categoria animal. Nesse sentido um maior rigor na categorização do rebanho de fêmeas e leitões pode aumentar os ganhos em produtividade. A infertilidade é um problema latente nos rebanhos suínos no Brasil, comprometendo a produtividade em função da inconstância produtiva. Estas perdas são evidenciadas pela diminuição no número de leitões vendidos. Em um segundo momento ocorre um efeito reverso, notado em granjas com maior controle de produção. Nessas granjas a experiência com perdas anteriores leva à tomada de decisões para minimizar lacunas decorrentes de falhas reprodutivas, levando muitas vezes a um excesso momentâneo de produção, pelo aumento no número de coberturas. Este tipo de situação pode levar à um estrangulamento nas instalações, descompasso na produção, levando à um risco sanitário principalmente pelas questões relacionadas ao fluxo de produção, limpeza/desinfecção, vazio sanitário e densidade (BRANDT, 2008).

Na maioria dos sistemas de produção tecnificados a taxa de reposição fica em torno de 35% a 55%, desta forma as leitoas assumem um papel de destaque, representando o maior percentual de parição (16 a 18%), sendo responsáveis por aproximadamente 13% dos leitões nascidos (WENTZ et al., 2007). Uma das alternativas atuais para conviver com estes desafios de produtividade e maior constância na produção é o sistema de produção em “Quarto Sítio”. Entre os diferenciais de sua utilização, uma de suas vantagens diretas é a possibilidade de

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readequação dos lotes de produção principalmente das perdas reprodutivas ocorridas até a sexta semana de cobertura, possibilitando a garantia do fluxo de produção estável pelo ingresso de matrizes já gestantes e na idade desejada no rebanho comercial (BRANDT, 2008).

Brandt (2008) cita como vantagem do sistema com utilização de Quarto Sítio a redução significativa de plantel quando comparado com introdução de leitoas pré-púberes em granjas comerciais, pela redução de ocupação de espaço físico na granja em até 10%, o qual que pode ser melhor aproveitado pelas multíparas ou até ser expandido para maternidade ou creche. O autor também salienta a melhora na taxa de parição e nos índices de produtividade, por tratar o plantel reprodutivo de maneira diferenciada a partir da 6ª semana de cobertura.

Sendo um modelo produtivo vantajoso, a empresa dispõe de duas granjas que cumprem a função de quarto sítio, cada uma com capacidade para 2200 matrizes. São granjas independentes certificadas GRSC com propósito exclusivo de preparar e realizar o manejo reprodutivo com as leitoas destinadas à reposição do plantel comercial. No quarto sítio são realizados todos os manejos com as leitoas, simplificando e desonerando as Upls (unidades produtoras de leitões) comercias deste propósito. Trata-se de um local especializado na preparação de leitoas considerando toda a fase de indução à puberdade, manejo nutricional e sanitário específicos.

3.1.4 Introdução das leitoas pré-púberes no quarto sítio

A taxa de reposição empregada na empresa é de 45 a 50% ao ano e para isto faz-se necessário a realização de um trabalho focado tanto na questão nutricional quanto sanitária, visando o máximo desempenho reprodutivo das fêmeas introduzidas nas granjas. As leitoas são introduzidas no Quarto Sítio em média com 160 dias de idade e 110 kg de peso vivo.

Wentz et al. (2007) enfatizam que a indução à puberdade deve acontecer a partir dos 150 dias de idade. Segundo Dial (1986 apud WENTZ et al., 2007) a exposição de leitoas ao macho antes dos 140 dias de vida, resulta em um intervalo maior de contato com o cachaço e idade avançada da puberdade, visto que a fêmea

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(2008), o modelo de produção da suinocultura moderna valoriza ou exige ações estratégicas que podem classificar a atividade como suinocultura de precisão.

O crescente avanço em programas genéticos, no mercado da produção de marrãs para reposição também têm contribuído sobremaneira numa maior atenção e dedicação de produtores e técnicos a este grupo de animais, antes relegado a um segundo plano. Outro aspecto a ser levado em consideração é a crescente demanda no mercado mundial por carcaças de melhor qualidade. Mesmo sabendo da diferenciação entre linhagens paternas e maternas, nos modernos programas de melhoramento genético, devemos ter consciência que mesmo nas linhagens maternas, onde a prioridade de seleção é voltada aos parâmetros de eficiência reprodutiva, houve uma significativa mudança também em suas características de carcaça, gerando fêmeas com menor reserva de gordura corporal (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE SUÍNOS, 2014).

Wentz et al. (2007) destacam que a longevidade das fêmeas, medida por meio da retenção média de parto, que refere-se ao percentual de matrizes produtivas ao longo de sua vida útil ou pela taxa de descarte, representa uma excelente oportunidade para criação de vantagem competitiva e valor agregado em alguns rebanhos suínos. Esta vantagem só será convertida em ganhos concretos pelas granjas, com melhor capacitação de equipes e visão ampla do processo produtivo. Torna-se fundamental, portanto, conhecer a fundo os fatores que influenciam a longevidade das matrizes e a maneira pela qual podem ser manipulados em benefício de uma maior vida produtiva das fêmeas suínas.

A puberdade nas leitoas representa o momento em que elas estarão aptas para a reprodução. Essa competência reprodutiva é justificada através dos sinais de primeiro cio ou estro, resultando de um processo interno de maturação do aparelho reprodutivo e de funcionamento de todo um sistema hormonal (eixo hipotalâmico-hipofisário).

As instalações que recebem as leitoas são previamente lavadas e desinfetadas, com ambiente arejado e com boa luminosidade, sendo alojadas em baias com capacidade para até 20 animais, respeitando-se um espaço por animal de 1,4 m². O quarto sítio proporciona o isolamento necessário dos animais, que segundo a empresa que comercializa genética, Genetporc deve ser em torno de 30 dias, proporcionando uma melhor aclimatação e melhora de imunidade.

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3.1.5 Exposição ao macho

A efetiva exposição ao macho representa a maneira mais comum de indução à puberdade na espécie suína. Em alguns sistemas de produção observamos falhas na indução da puberdade, pelo contato com o macho principalmente por deficiências de manejo em alguma das etapas da exposição.

Sabe-se que o estímulo realizado pelo macho, resulta da junção de efeitos olfativos, táteis, visuais e auditivos. O olfativo é comprovadamente o efeito primário, sem o qual os demais componentes não cumprirão com seu papel no processo de indução ao estro. A forma pela qual o estímulo olfativo interfere no status endócrino da fêmea passa pelos ferormônios encontrados na saliva do cachaço, bem como uma quantidade menor é encontrada na urina. Os dois principais ferormônios encontrados são a 5alfaandrosterona e o 3alfaandrostenol, produzidos principalmente pelas glândulas salivares submaxilares em resposta a excitação sexual do macho, considerando a idade mínima de 11 meses para produção destes ferormônios (MELLAGI, 2011).

Existem diversos manejos objetivando o “efeito macho”, como exposição ao macho através de “fenci-line” (portão), área de detecção (DMA), e BEAR (Boar Exposure Area) (Anexo B). No sistema fenci-line o macho é conduzido na frente das gaiolas das fêmeas, tendo então o contato focinho a focinho, enquanto no sistema tradicional conhecido como sistema baia, o macho é introduzido nas baias das fêmeas, tendo contato corpo a corpo. O sistema DMA é uma área para estimulação, detecção e cobertura, onde leitoas e porcas “desmamadas” são introduzidas em baias adjacentes às gaiolas dos machos, possibilitando o contato com mais de um macho. O sistema BEAR consiste em uma área central com quatro ou mais gaiolas para alojamento dos machos, com duas em ambos os lados, permitindo desta forma o contato prévio focinho a focinho e, posteriormente, o contato físico entre fêmeas e machos (BENNEMANN, 2008). Porém os estudos não comprovam diferença quanto ao número de leitões nascidos por leitegada.

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A hormonioterapia é uma ferramenta que podemos utilizar em leitoas que mesmo após um correto manejo de exposição ao macho e reagrupamento não manifestam naturalmente os sinais de cio. Há no mercado diferentes possibilidades de associações hormonais para uso, no entanto a mais conhecida é a associação de eCG (400 UI) e hCG (200 UI) (BENNEMANN, 2008). Seu uso deve ser realizado somente em leitoas que sabidamente nunca manifestaram os sinais de cio, pois existe o risco de efeitos adversos na atividade ovariana podendo levar a formação de cistos e, consequentemente a infertilidade. Na empresa preconiza-se iniciar o tratamento hormonal quando após 28 dias da chegada no quarto sítio a leitoa se mantém sem sinais de cio. Utiliza-se PG-600® ou Duogestal® na dose de 5 ml por fêmea em

aplicação única. Toda a fêmea que após transcorridos sete dias da hormonioterapia não manifestar cio será descartada.

3.2 Manejo de leitoas após a puberdade

A puberdade é o momento em que os animais estão fisiologicamente aptos à reprodução. Entretanto, fisicamente, ainda não estão preparados para o evento, em função de ainda estarem em crescimento. Nas fêmeas, a puberdade é o aparecimento do primeiro cio, ocorrendo entre o quinto e sexto mês de idade. Podemos citar a idade, o peso, a taxa de crescimento, a nutrição, o ambiente social, o clima e a genética como fatores que podem influenciar na indução da puberdade (FERREIRA, 2012).

Durante o período pré-puberal os ovários contêm inúmeros folículos pequenos (2 a 4 mm de diâmetro) e vários (8 a 15) de tamanho médio (6 a 8 mm). O útero responde ao aumento da atividade ovariana esteroidogênica durante os últimos estágios do período pré-puberal; o útero pesa de 30 a 60 gramas durante os estágios infantis e 150 a 250 gramas em marrãs pré-púberes. À medida que os folículos ovarianos desenvolvem-se nas marrãs pré-púberes existem aumentos correspondentes nos pesos ovarianos. A puberdade é caracterizada pelo primeiro cio,

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ovulação dos folículos de Graaf e liberação de óvulos aptos para serem fertilizados (HAFEZ, 1988).

3.2.1 O ciclo estral

Em fêmeas saudáveis, o ciclo estral completo dura em média 21 dias, podendo variar de 19 a 23 dias. Pode ser dividido fisiologicamente em duas fases que são a folicular e a luteínica. A fase folicular compreende o proestro, o estro e o metaestro e tem duração média de sete dias. A fase luteínica compreende o diestro com duração média de 14 dias. O proestro com duração média de dois dias, é a fase de crescimento a maturação dos folículos por ação do hormônio folículo estimulante (FSH). A fêmea encontra-se agitada, salta sobre as outras, vulva hiperêmica e edemaciada não deixando-se montar pelo macho. O estro ou cio tem duração média de 2 a 3 dias, ocorrendo a ovulação, por ação do hormônio luteinizante (LH). A manifestação de cio acontece pela ação do estradiol, produzido pelos folículos maduros. A fêmea em estro (Anexo C) deixa-se montar, apresenta reflexo de tolerância ao homem por pressão dorsolombar, com a vulva entumecida e hiperêmica, perde o apetite, produz grunhidos e movimento de orelha e apresenta micção frequente (FERREIRA, 2012).

O metaestro é a fase pós-ovulatória, com duração média de 2 dias. Os ovários caracterizam-se por apresentar inicialmente depressões correspondentes aos locais da ovulação, que darão origem aos corpos hemorrágicos e em um estágio mais avançado aos corpos lúteos (CAVALCANTI, 1987). Há predominância de progesterona, o útero perde sua tonicidade e a vulva apresenta-se menos edemaciada. O diestro é o período mais longo do ciclo estral com duração média de 14 dias, sendo a fase na qual os corpos lúteos produzem progesterona, e o útero prepara-se para receber os óvulos. Caso a matriz esteja gestante, os corpos lúteos persistem como o objetivo de reconhecimento da gestação e manutenção dos conceptos. Caso a fêmea não tenha sido inseminada, ou não esteja gestante por outro motivo, o endométrio produz prostaglandina (PGF2 alfa), que faz a lise dos corpos lúteos e um novo ciclo estral se inicia. O anestro é a ausência de cio em idade púbere e pode ser causado por persistência dos corpos lúteos ou pela deficiência na produção de FSH, não ocorrendo crescimento folicular. A ovulação caracteriza-se pelo

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horas após as primeiras manifestações de cio. A vida útil do ovócito é de aproximadamente 12 horas, já o espermatozoide pode sobreviver por até 36 horas no trato reprodutivo da fêmea (FERREIRA, 2012).

3.2.2 Tipos de estro

Em suínos podem acontecer cios em diferentes períodos fisiológicos. O cio normal é aquele em que a fêmea estará apta a conceber a manter a gestação. Normalmente ocorre após o desmame em multíparas e puberdade em nulíparas. O cio silencioso ocorre quando as fêmeas ovulam e não apresentam os sinais característicos de estro. No cio pós-parto a matriz demonstra sinais de cio de 2 a 3 dias após parir, sendo infértil, pois não há ovulação (CAVALCANTI, 1987). O cio falso, ocorre em cerca de 5% do rebanho e se manifesta por volta do 60° dia de gestação, também não deve ser aproveitado (FERREIRA, 2012).

3.2.3 Anotação e sincronização de estros

O tempo de exposição ao macho é um fator importante no desencadeamento da puberdade. Vários autores sugerem que a exposição diária por 30 minutos é efetiva, e em alguns casos é melhor do que a exposição contínua ao macho (DIAL; HILLEY; ESBENSHADE, 1986; HUGHES; PEARCE; PATTERSON, 1990 apud BENNEMANN; DALLANORA; BIONDO). Para evitar a possibilidade de que as leitoas se acostumem com a presença do macho, prejudicando desta forma o estímulo à puberdade é salutar que os machos não sejam alojados nas proximidades dos grupos de leitoas pré-puberes.

Bennemann (2008) destaca a importância do trabalho de anotação e sincronização de grupos de leitoas por ordem de estro. As leitoas com cio no mesmo

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dia ou em dias próximos (1 a 2 dias) serão realocadas em uma mesma baia de tal forma que manifestem o próximo estro de forma simultânea ou em dias próximos (Anexo D). É importante que as leitoas que não ciclem nas diferentes baias sejam reagrupadas com o objetivo de renovar o estímulo através da nova formação de hierarquia e a intensificação do manejo com a entrada do macho na baia.

A partir de então são acompanhados e anotados os cios das leitoas, sendo que elas estarão fisiologicamente aptas para a primeira cobertura a partir do 3° cio, com cerca de 220 dias de idade e 130 a 140 kg de peso vivo. Entre o 2° e o 3° cio (14 a 21 dias em média) as leitoas são transferidas para as gaiolas individuais para que se inicie o flushing com ração mais rica em energia, está sendo utilizada pela empresa ou ofertada uma quantidade maior que o preconizado para a fase, visando melhorar a capacidade e resposta reprodutiva da fêmea para sua primeira gestação, bem como toda sua vida reprodutiva. É feito detecção de cio duas vezes ao dia com um reprodutor experiente em sistema tradicional de colocação do macho em baias juntamente com as fêmeas. As leitoas que estiverem com reflexo de tolerância ao homem recebem a 1ª inseminação imediatamente à sua verificação, em função de possuírem um cio mais curto. Posteriormente as demais inseminações são realizadas de 12 em 12 horas, até a 4ª dose caso a fêmea ainda esteja em cio.

Os sinais manifestados pelas fêmeas suínas quando em cio incluem: edema, hiperemia e secreção mucosa da vulva, reflexo auricular, ou seja, orelhas eretas quando estimulada, reflexo de tolerância ao homem na presença do cachaço, onde a fêmea fica completamente parada na presença de um macho adulto.

3.2.4 Inseminação artificial (IA) em nulíparas e multíparas

A suinocultura moderna e tecnificada cada vez mais utiliza a IA como componente de manejo reprodutivo. Esta biotécnica na espécie suína trouxe melhora de performance produtiva e reprodutiva em função da rápida difusão de características desejáveis no rebanho, como a diminuição da conversão alimentar e aumento na velocidade de ganho de peso, menor deposição de gordura e rendimento de carcaça, melhor aproveitamento de machos superiores e custos de produção (BORTOLOZZO; WENTZ; DALLANORA, 2005).

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genéticas de machos terminadores, agregando às carcaças de seus descendentes as qualidades exigidas pela tipificação instituída na indústria de carnes, sendo a necessidade de diminuir o teor de gordura e melhorar a qualidade de carcaças, os principais motivos desta evolução. Desta forma a IA tornou-se uma prática indispensável em detrimento a qualificação da produtividade, possibilitando incremento nos índices reprodutivos e novas perspectivas tecnológicas à atividade (SERRET, 2005).

3.2.5 Protocolos de inseminação artificial em nulíparas e multíparas

Na prática existem vários protocolos (Anexo E) de inseminação em uso nas granjas, o que vai definir qual será utilizado será as condições de instalações, funcionários e manejo de cada estabelecimento. É comum a estratégia de utilizar três ou até quatro doses de sêmen por matriz em intervalos de oito a 16 horas após a detecção do cio (BENNEMANN, 2008). É natural que haja variabilidade significativa entre o início do estro, ovulação e viabilidade dos oócitos, e o principal objetivo da IA é conseguir fazer a deposição dos espermatozoides no tato reprodutivo da fêmea o mais próximo possível da ovulação.

O intervalo considerado ótimo para realização da IA em multíparas é de até 24 horas antes da ovulação, pois após este período há comprometimento na taxa de parto e tamanho de leitegada. No entanto este intervalo pode ser estendido até 28 horas antes e 4 horas pós-ovulação (BENNEMANN, 2008). Ainda não existe um meio seguro e comercialmente aplicável de determinar a hora exata da ovulação, o que impossibilita a realização de apenas uma dose inseminante por matriz.

A maioria dos protocolos de IA utilizados recomenda a aplicação da primeira dose no turno seguinte da detecção do cio, e as demais com 8 e 16 horas, ou seja, duas inseminações por dia. Em leitoas o recomendado é fazer a primeira dose na hora 0 pós-detecção de cio. O momento definido para realização da IA, é primordial para a obtenção de bons resultados de fecundidade e prolificidade, considerando que a ovulação tem sua ocorrência estimada na fêmea nulípara de 24 a 36 horas e nas multíparas de 33 a 39 horas após o reflexo de imobilização da fêmea (SILVEIRA;

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CESCONETO; ZANELLA, 2004), embora exista uma grande variação associada a este momento.

Segundo Nissen et al. (1997) e Soede et al. (1995) (apud SILVEIRA; CESCONETO; ZANELLA, 2004), para conseguir-se um melhor desempenho reprodutivo a IA deve ser realizada preferencialmente até 24 horas antes do momento da ovulação, sendo recomendado o uso de duas a quatro inseminações por estro. O uso de duas ou mais doses inseminantes por matriz em cada estro, decorre da duração relativamente curta ou longa com horário de ovulação variável.

3.2.6 Inseminação artificial pós-cervical (IAPC)

Com o intuito de reduzir o número de reprodutores nas centrais de inseminação, novas tecnologias têm sido estudadas para redução do número de espermatozoides por DI (dose inseminante). Com esse objetivo foram criadas técnicas diferenciadas de IA, que permitem a redução do número de espermatozoides, considerando a IAPC (Inseminação Artificial Pós-cervical) e a IAUP (Inseminação Intrauterina profunda) os principais exemplos. Em relação à aplicabilidade destas técnicas a IAPC é mais recomendada, tendo em vista que trabalhos com IAUP em granjas tiveram resultados pouco satisfatórios, devido ao maior cuidado que esta biotécnica exige (BENNEMANN, 2008).

Um aumento da automação e facilidade de aplicação de sêmen tem sido proposto com o desenvolvimento de novas pipetas, cintos e suportes para a IA e diferentes embalagens para armazenar as doses inseminantes, mudanças essas que promovem variações, tanto na intensidade da estimulação da fêmea, como diferenças substanciais no próprio procedimento tradicional de IA (FLORES et al., 2004).

Na inseminação tradicional com deposição cervical a (DI) na espécie suína, tradicionalmente contém de 2 a 4 bilhões de espermatozoides, em volume de 80 a 100 ml que podem ser armazenados até três dias à temperatura de 15 a 18° C. A necessidade de grande volume e número de espermatozoides na DI deve-se provavelmente às características anatômicas da cérvice e dos cornos uterinos da fêmea suína (DALLANORA et al., 2004). Os cornos uterinos com 50 cm de comprimento ou mais e a cérvice representam grandes barreiras fisiológicas para a

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percurso os espermatozoides estão sujeitos à ação fagocitária dos polimorfonucleares que aliada ao refluxo pode ser a principal forma de eliminação espermática do trato genital feminino. Há mais de 40 anos, estudos já haviam acontecido a fim de determinar o volume utilizado de sêmen e número de espermatozoides necessários para o bom desempenho reprodutivo com a deposição da dose intrauterina (HANCOCK, 1959; HANCOCK; ROVEL, 1961 apud DALLANORA et al., 2004). Porém a utilização de IA em suínos em grande escala foi alcançada com a deposição do sêmen na cérvice, sendo a forma tradicional de uso da biotécnica. A técnica com inseminação artificial cirúrgica confirmam a hipótese da diminuição do volume da DI com a deposição o mais próximo possível da junção útero-tubárica, no entanto, não é possível seu uso rotineiro nas granjas, por isso instrumentos capazes de depositar o sêmen em local que facilite ao máximo a fecundação foram desenvolvidos (Anexo F), de modo a possibilitar o uso de um número menor de espermatozoides bem como de volume de sêmen.

Dallanora et al. (2004) conduziram um experimento visando comparar o uso da inseminação tradicional com deposição cervical e deposição intrauterina de sêmen. Observou que foi possível a introdução do cateter em 97,4% das fêmeas no lúmen uterino das fêmeas submetidas a IA intrauterina. Provavelmente características individuais das fêmeas sejam responsáveis pela dificuldade ou facilidade de passagem do cateter. Os resultados zootécnicos obtidos com as duas biotécnicas foram semelhantes (Anexo G).

Na biotécnica de IAPC, o sêmen é depositado diretamente no corpo do útero, desta forma há menores perdas requerendo menos células espermáticas para obtenção de bons índices reprodutivos. Porém a técnica demanda alguns cuidados, pois não é facilmente feita em marrãs, é mais cara, requer treinamento de quem executa a técnica e pode lesionar a cérvice da fêmea se feito da maneira errada (GRIGOLETO et al., 2015). No entanto os benefícios que podem ser alcançados são enormes, pois diminui o tempo de IA, mais fêmeas podem ser inseminadas com um sêmen de um macho de melhor qualidade que atenda aos requisitos de mercado principalmente quanto a qualidade de carcaça, diminui o custo com mão de obra, aumenta o desempenho reprodutivo e aumenta o rendimento de carcaça nos animais ao abate, otimizado pelo uso de reprodutores geneticamente superiores (MICKVICIUS, 2012 apud GRIGOLETO et al., 2015).

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Na IA pós-cervical a pipeta é introduzida através da vagina da porca onde a mesma se fixa na cérvix, após é colocado um cateter por dentro da pipeta, deslizando até ultrapassar a cérvix, fazendo com que o sêmen seja depositado direto no corpo do útero (Anexo F). Já na técnica tradicional infracervical a pipeta é introduzida na vagina da fêmea deslizando até encaixar-se na cérvix, sendo o sêmen depositado neste local.

Grigoleto et al. (2015) conduziram experimento visando comparar os índices zootécnicos obtidos com IAPC e IA intracervical, onde concluiu por pequena margem de ganhos produtivos em favor da IAPC.

Na empresa as multíparas que são desmamadas na quinta-feira e estão aptas a continuar em reprodução são transferidas neste mesmo dia para a gestação e a partir do domingo começam a manifestar cio. A verificação de cio é feita duas vezes ao dia com o auxílio de um cachaço que é passado na frente da linha em que elas estão alojadas. A primeira inseminação nesta categoria de matrizes é realizada no turno seguinte após manifestarem reflexo de tolerância ao homem, pois possuem cio mais longo comparado às nulíparas. O protocolo segue com inseminações de 8 e 12 horas até a 4ª dose, caso ainda estejam em cio. Para as nulíparas o preconizado é fazer já a primeira dose no ato da identificação do cio, procedendo os demais intervalos de 8 ou 12 horas dependendo do turno em que a fêmea teve o cio detectado. Paras as multíparas é usado a técnica de IAPC e para as nulíparas intracervical.

A partir dos 18 dias de cobertura em multíparas e primíparas, começa-se a passar com o cachaço em frente às gaiolas uma vez ao dia (pela manhã), para verificação de possíveis retornos, os quais sendo regulares e a fêmea não apresentando nenhuma condição clínica desfavorável é coberta novamente. Caso ocorram retornos irregulares as fêmeas são descartadas.

A partir dos 25 dias de gestação até os 45 dias, é realizado exame de ultrassonografia transabdominal em 100% das matrizes que estejam nesta fase para que não fiquem fêmeas vazias no plantel, o que acarreta prejuízos em função da ocupação de espaço e consumo de ração sem estar gestando. Todas as fêmeas que forem consideradas vazias são descartadas do plantel.

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4 CONCLUSÕES

Com a crescente demanda de proteína animal por países importadores e pelo aumento no consumo interno, o Brasil tem evoluído e aumentado continuamente a produtividade de seu rebanho, visto que dispomos de farta disponibilidade de grãos para serem transformados em proteína animal, agregando valor a estes produtos primários.

Consequentemente faz-se necessário a busca por ferramentas eficazes e de fácil aplicabilidade a nível de campo para que o incremento de produção não implique em aumento de custos e dificuldade de manejo ao produtor. A ciência tem evoluído e buscado formas de aprimorar técnicas para que isto seja possível. Neste contexto a aplicação de biotécnicas avançadas de reprodução como a IAPC melhora a produtividade, diminui custo com sêmen pelo menor volume utilizado por DI e otimiza mão de obra, que torna-se cada vez mais escassa e onerosa ao sistema de produção. O correto preparo das marrãs, do nascimento até o momento da cobertura é de fundamental importância, pois disto depende o nível de produção e longevidade destas matrizes. Para isto é importante a observação dos manejos visando proporcionarmos as melhores condições possíveis de bem-estar animal, nutrição e sanidade para que os reprodutores consigam expressar todo seu potencial genético. Com a aplicação de manejos corretos e biotécnicas de reprodução adequadas o Brasil desponta como um grande produtor de carne suína, conquistando seu espaço tanto pelo volume produzido, como pela qualidade dos produtos ofertados aos consumidores.

O estágio propiciou a aplicação na prática de teorias vistas em sala de aula, proporcionando a correlação entre estes fatores, contribuindo de forma significativa para a formação acadêmica e vida profissional.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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G. SANTA CLARA CIAS 180 MACHOS G. PUTINGA 260 M. G. GUAPORÉ G. COLINAS 2200 M.

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G. GUAPORÉ G. COLINAS 2200 M. CRECHEIROS CRECHEIROS TERMINADORES TERMINADORES 4° SÍTIO ABATE 4° SÍTIO UPLs COMERCIAIS

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Anexo B – Sistema BEAR (Boar Exposure Area) de exposição ao macho

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Anexo D – Fêmea com diagnóstico positivo de cio

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Anexo F – Local de deposição do sêmen na IAPC

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