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Recurso de revista na falta grave cometida pelo empregado

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Academic year: 2021

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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

MILTON RODRIGUES DE LIMA

RECURSO DE REVISTA NA FALTA GRAVE COMETIDA PELO EMPREGADO

Ijuí (RS) 2017

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MILTON RODRIGUES DE LIMA

RECURSO DE REVISTA NA FALTA GRAVE COMETIDA PELO EMPREGADO

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador: MSc. Luiz Raul Sartori

Ijuí (RS) 2017

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Dedico este trabalho a todos que de uma forma ou outra me auxiliaram e ampararam-me durante estes anos da minha caminhada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus primeiramente por tudo que tem me proporcionado, acima de tudo, pela vida, força e coragem de seguir em frete em mais esta etapa em minha vida.

A meu orientador MSc. Luiz Raul Sartori

pela sua dedicação, paciência e

disponibilidade.

A todos que colaboraram de uma maneira ou outra durante a trajetória de construção deste trabalho, meu muito obrigado.

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“Ele supõe saber alguma coisa, e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que sabia o que não sei.” Sócrates

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica faz uma análise do recurso de revista na falta grave cometida pelo empregado, como se deu o surgimento do direito trabalhista e sua posterior evolução até chegar aos dias atuais. Discute-se brevemente do recurso de revista como forma extraordinária de garantia e segurança jurídica, buscando compreender a sua importância com ênfase ao direito do segundo grau de jurisdição, seu cabimento e pressupostos recursais, as divergências jurisprudenciais dos Tribunais do Trabalho, como se da à justa causa com referência à CLT e seu artigo 482, e na sequência a falta grave praticada pelo empregado com estabilidade, referência aos artigos 543, §3° e empregado decenal do artigo 492, ambos da CLT. A importância de abertura do inquérito judicial como forma de comprovação da falta grave, como garantia ao empregador, e finalizando como o Recurso de Revista surge de forma pacificadora na solução de conflitos entre os Tribunais nas decisões divergentes, esse recurso traça diretrizes uniformes e na sua discordância este aparece como medida única na satisfação do direito lesionado pela parte insatisfeita com tais decisões nos acórdãos.

Palavras-Chave: Recurso de Revista. Justa Causa. Divergência Jurisprudencial. Falta Grave do Empregado.

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ABSTRACT

The present work of monographic research makes an analysis of the appeal of the magazine in the serious misconduct committed by the employee, as the emergence of labor law and its subsequent evolution to the present day. The appeal of the journal is briefly discussed as an extraordinary form of guarantee and legal security, seeking to understand its importance with emphasis on the law of the second degree of jurisdiction, its appropriateness and recourse presuppositions, the jurisprudential divergences of the Courts of Labor, as it is given to the just cause with reference to the CLT and its article 482, and following the serious fault practiced by the employee with stability, reference to articles 543, §3 and decennial employee of article 492, both of CLT. The importance of opening the judicial inquiry as a form of evidence of serious misconduct, as a guarantee to the employer, and finalizing how the Review Resource arises in a pacific way in the resolution of conflicts between the Courts in divergent decisions, this resource draws uniform guidelines and in its disagreement appears as a single measure in the satisfaction of the right injured by the party dissatisfied with such decisions in the judgments.

Keywords: Journal Resource. Just Cause. Jurisprudential divergence. Severe Employee Lack.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS ... 11

1.1 Concepção de Recurso de Revista ... 12

1.2 Conceito de Recurso de Revista ... 13

1.3 Cabimento de Recurso de Revista ... 14

1.4 Requisitos para sua admissibilidade do Recurso de Revista ... 15

1.5 Análise Jurisprudencial acerca do Recurso de Revista ... 18

2 CONCEPÇÃO DE FALTA GRAVE PELO EMPREGADO ... 20

2.1 Conceito de justa causa ... 20

2.2 A falta grave cometida pelo empregado ... 21

2.3 Inquérito judicial ... 23

2.4 Concepção de Recurso de Revista na falta grave pelo empregado ... 25

2.5 As divergências dos Tribunais ... 26

2.6 Cabimento ... 26

CONCLUSÃO ... 29

REFERÊNCIAS ... 31

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INTRODUÇÃO

A presente monografia tem como objeto de estudo o Recurso de Revista na falta grave cometida pelo empregado no contrato individual da relação de trabalho. A importância deste tema reside no amparo do empregado com estabilidade e o empregado decenal, ambos detentores de um manto protetor contra arbitrariedade por parte do empregador quando da demissão na falta grave cometida pelo empregado.

Desta forma, as possibilidades desta ruptura contratual esta elencada no artigo 482 e alíneas da CLT, quando das infrações forem repetidas e quando a impossibilidade da continuação da relação de trabalho for insustentada ou fragilizada e que, o único meio é a abertura de inquérito judicial para a apuração desta falta ensejadora da demissão por justa causa sem ônus para o empregador.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico, a fim de enriquecer a coleta de informações e permitir um aprofundamento no estudo acerca do Recurso de Revista na falta grave cometida pelo empregado com estabilidade e empregado decenal, revelar a importância da abertura do inquérito judicial para a apuração de tais faltas, tornando assim a demissão pura e transparente sem ônus para o empregador.

Inicialmente, no primeiro capítulo, aborda-se a história de como surgiu as primeiras garantias do empregado com estabilidade, com a abertura do inquérito administrativo, o papel do estado na solução do impasse nas greves, depois a concepção de Recurso de Revista garantido pelo Constituição de 1988 em seu artigo 5º, inciso LV, sobre o duplo grau de jurisdição a qual todo Cidadão tem esse direito, na sequencia o conceito sobre o Recurso de Revista, o quando se dá seu cabimento elencado no artigo 896 e alíneas da CLT, quais os

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requisitos para sua admissibilidade tendo observância dos pressupostos objetivos e subjetivos, e finalizando o capitulo feita uma breve análise jurisprudencial acerca do Recurso de Revista.

No segundo capítulo, faz-se considerações da concepção da falta grave pelo empregado e a forma de extinção do contrato de Trabalho, o conceito de justa causa, a falta grave cometida pelo empregado como se caracteriza, o inquérito judicial como surgiu, aqui se faz referencia a Lei Eloy Chaves de 1923, posterior se aborda a concepção do Recurso de Revista na falta grave cometida pelo empregado o qual encontra amparo na Constituição Federal de 1988 sobre o duplo grau de jurisdição, faz-se ainda abordagem sobre as divergências dos Tribunais, e finalizando com o cabimento do Recurso de Revista, forma de garantir a justiça Trabalhista quando decisões sobre a mesma matéria de fato forem divergentes em TRTs.

A partir deste estudo verifica-se que o Recurso de Revista é o garantidor no direito Trabalhista quando ocorre decisões diversas nos Tribunais do Trabalho (TRTs) que vão em desencontro das orientações do TST que edita Súmulas para uniformizar as decisões na justiça do Trabalho.

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1 BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS

As lutas trabalhistas sempre foram marcadas de sofrimento e desvalorização tanto morais, quanto à dignidade do ser humano, na história se comparados com os dias atuais, eles não são diferentes, pois o valor econômico prevalece como barganha de exploração sobre os mais fracos. Inicialmente o trabalho era tido como atribuição dos escravos e dos servos, já os nobres não trabalhavam. Com a Revolução Industrial, à partir do momento e em que passaram a ser utilizadas máquinas na produção, começaram a surgir novas condições de trabalho.

O tear foi um elemento causador de desemprego na época, com isso houve um aumento de mão de obra disponível, causando em consequência, a diminuição dos salários pagos aos trabalhadores. A partir de então os trabalhadores começaram a se reunir para reivindicar novas condições de trabalhos e melhores salários, com isso surgindo os primeiros impassestrabalhistas, dando grande enfoque para os conflitos coletivos.

Para forçar para que tal reivindicação fosse aceita os obreiros paralisavam a produção, dando ali os primeiros passos a greve coletiva, isto apareceu como mecanismo de defesa da classe operária, conta a história que os operários só retornavam as atividades quando uma das partes cedesse suas reivindicações.

Num primeiro momento o Estado ordenava as partes para que chegassem a um acordo sobre a volta ao trabalho mediante conciliação obrigatória. Na atualidade este papel de conciliação é feita pelos sindicatos da categoria que viabiliza as negociações em prol dos trabalhadores.

O Estado cumpre um papel muito importante, pois através das Varas do Trabalho garante a todo trabalhador seus direitos embasado na Constituição 1988 e CLT, e quando esses conflitos acontecem e vão parar na esfera judicial de primeiro grau (Varas do Trabalho), e caso uma das partes não se conformar com tal decisão poderá buscar o segundo grau de jurisdição (TRTs) na esfera trabalhista, em sentido amplo garantido conforme preceitua o princípio do duplo grau de jurisdição artigo 5º, §2º da CF/88.

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Na Justiça do Trabalho quando das decisões dos TRTs contrariarem Súmulas ou jurisprudências, sobre o mesmo fato ou direito já julgadas pelos demais TRTs de outras regiões caberá Recurso de Revista ao TST (MARTINS, 2017).

Feitas essas primeiras colocações, esclarece-se que o presente capítulo tem por objetivo analisar o recurso de revista, a origem dos recursos, a qual todo cidadão tem direito ao segundo grau de jurisdição, pois encontra guarida na contextualização no sistema brasileiro, em especial na Constituição de 1988, e na CLT, a fim de possibilitar de sua eficácia nas atuais relações de trabalho, objeto deste estudo.

Finaliza-se este breve histórico passa-se ao próximo item concepção de Recurso de Revista.

1.1 Concepção de Recurso de Revista

Partindo da premissa do duplo grau de jurisdição (art. 5º, inciso LV da CF/1988) que a todos os cidadãos é assegurado esse direito, observadamente o Recurso de Revista não seria basicamente uma segunda opinião, mas sim, a garantia de que constando vício nas decisões ou acórdãos que violem dispositivos de lei ou norma constitucional.

Assim se manifesta Leite (2017, p. 1096):

[...] na verdade, o objetivo do recurso de revista consiste apenas em impugnar acórdão regional que contenha determinados vícios, como veremos á seguir. Noutro falar, a interposição do recurso de revista não exige o simples fato da sucumbência, tal como ocorre em outros recursos de natureza ordinária em geral. É certo que a revista, como todos os demais recursos, tem por objetivos aprimorar a excelência e a qualidade dos pronunciamentos judiciais em geral e rechaçar os arbítrios e ilegalidades que eventualmente possam ocorrer nas decisões proferidas pelos tribunais regionais. Mas é inegável que os objetivos específicos da revista repousam na supremacia do direito nacional [...].

No tocante, é correto afirmar que a garantia do Recurso de Revista tem por natureza objetiva corrigir as decisões arbitrárias ou divergências jurisprudenciais já pacificadas pelo TST ou pelo STF, esta uniformização é feita pelos TRTs como garantia jurídica e na falta desta cabe Recurso de Revista como forma de satisfazer a jurisdição.

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No mesmo sentido, explanando que o Recurso de Revista não vai ser uma forma de rever fatos e provas já apreciados, ou seja, prequestionados, mas sim de corrigir tal divergência entre os TRTs, e TST e ofensa a dispositivo de lei ou norma Constitucional.

Neste sentido contempla Martins, Sergio Pinto (2017, p. 617):

O Recurso de Revista não vai fazer um reexame geral da decisão do Tribunal Regional do Trabalho. É um apelo eminentemente técnico e extraordinário, estando sua admissibilidade subordinada ao atendimento de determinados pressupostos. Não será aplicada a regra da interposição do recursos por simples petição (art. 896 da CLT), ou seja, sem fundamentação, bastando a intenção de recorrer, que devolveria á apreciação do Tribunal ad quem o exame de toda á matéria. No Recurso de Revista, é mister que a parte demonstre divergência jurisprudencial, ou violação literal de dispositivo de lei ou da Constituição para seu conhecimento )art. 896, a e c, da CLT). Poderá demonstrar, também, interposição divergente de lei estadual, convenção ou acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento de empresa de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do TRT prolator (art. 896, b, da CLT).

Nesta linha não basta simplesmente querer recorrer, é preciso seguir alguns pressupostos para admissibilidade, por isso o Recurso de Revista tem caráter de recurso especial quando tal decisão violar dispositivo de lei e de caráter extraordinário quando violar norma constitucional, todavia quando à uniformização não for respeitada, dando caráter negativo à segurança jurídica, surge o Recurso de Revista como pacificador e como remédio jurídico.

No próximo item passa-se a compreender o conceito de Recurso de Revista.

1.2 Conceito de Recurso de Revista

O Recurso de Revista é tido como um recurso de natureza extraordinária, cumprindo ressaltar que, antigamente, o recurso de revista era chamado de recurso extraordinário, assim, havia a possibilidade de interposição de dois recursos extraordinários no Direito Processual do Trabalho, um para Tribunal Superior do Trabalho e outro para o Supremo Tribunal Federal (XAVIER, 2015).

Com a edição da Lei 13.015/2014, o recurso de revista passou a ser regulamentado pelos artigos 896, 896-A, 896-B e 896-C da Consolidação das Leis do Trabalho (LEITE, 2017).

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Neste sentido preceitua Leite (2017, p. 1097):

O Recurso de Revista é uma modalidade recursal que objetiva corrigir decisão que violar a literalidade da lei ou Constituição Federal e a uniformizar a jurisprudência nacional concernente à aplicação dos princípios e regras de direito objetivo (direito do trabalho, direito processual do trabalho, direito constitucional, direito civil, direito processual civil etc.) que guardem alguma vinculação com atividade jurisdicional da Justiça do trabalho.

Assim não poderá um juízo de primeiro grau ou acórdão violar direitos, ser mantido em desencontro com a uniformização dos tribunais, pois justamente tal entendimento foi criado propriamente para se desvincular qualquer erro ou arbitrariedade ao julgar, pois não poderá ao mesmo fato ou direito dar-se dois entendimentos, compreendendo-se uma afronta à segurança jurídica e ao princípio da isonomia.

Seguindo a doutrina na contextualização de conceito de Recurso de Revista, onde tal recurso surge na eminência garantidora, pois o “objetivo deste recurso é uniformizar a jurisprudência dos tribunais regionais por intermédio das turmas do TST.” (MARTINS, 2017, p. 617).

Portanto o Recurso de Revista tem por finalidade estabilizar os pronunciamentos dos TRTs, dando ênfase as garantias constitucionais e infraconstitucionais, Súmulas e jurisprudências, fazendo com que os TRTs se atenham as orientações Superior Tribunal do Trabalho, no caso TST e da normal constitucional protegida pela CF/1988, guarnecida pelo STF.

Assim, finaliza-se o conceito de Recurso de Revista, passa-se na sequência entender seu cabimento.

1.3 Cabimento do Recurso de Revista

O cabimento do Recurso de Revista, elencado no art. 896 da CLT segue algumas orientações para ter seu conhecimento, o qual deverá ser para a turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais do Trabalho (TRTs) segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

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Conforme CLT (2016, p. 995):

Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho

das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998). a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Lei nº 13.015, de 2014). b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a; (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998). Além do versa em seus parágrafos do 1º - 13º e seus incisos (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014).

Portanto é importante salientar que o recorrente poderá fundamentar o Recurso de Revista com base em uma alínea, duas alíneas ou três alíneas do art. 896 da CLT. Algo muito importante também deve ser observado é que tendo em vista a literalidade do caput do art. 896 da CLT, só caberá Recurso de Revista em decisão proferida em sede de Recuso Ordinário, assim conclui-se não ser possível, ou seja, incabível Recurso de Revista contra acórdão regional prolatado em agravo de instrumento conforme Súmula do 218 do TST (LEITE, 2017, p. 1113).

Finalize-se o cabimento do Recurso de Revista, abordar-se-á na sequência os requisitos para sua admissibilidade.

1.4 Requisitos para admissibilidade do Recurso de Revista

Para conhecimento do Recurso de Revista é exigido além dos pressupostos genéricos (objetivos e subjetivos) inerentes a qualquer recurso. Antes da lei nº 9.756/98 os pressupostos recursais específicos para interpor o recurso de revista teria que atacar decisões de última instância, isso significaria que a decisão recorrida não comportaria qualquer recurso, senão a revista. Também não importava para fins de recursais, a natureza contenciosa ou voluntária da decisão, nem o tipo do processo em que foi ela proferida (LEITE, 2017).

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Deste modo, a lei nº 9.756/98, deu nova redação ao art. 896, caput, da CLT, o recurso de revista passou a ser cabível apenas das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídios individuais, pelos Tribunais Regionais do Trabalho. (LEITE, 2017).

Segundo Martins, (2017, p. 618) “do acórdão que julga o incidente de uniformização de jurisprudência não cabe recurso, apenas embargos de declaração, por ser decisão interlocutória. Só do acórdão proferido pela turma é que caberá o recurso de revista.”

O Recurso de Revista é cabível da decisão da turma em dissídios individuais. Assim se manifesta Martins (2017, p. 618):

Se o juízo ad quo (TRT) admitir a revista apenas por um dos fundamentos alegados polo recorrente, não admitindo quanto ao outro, nada impede que o juízo ad quem (turma do TST) dele conheça por ambos os fundamentos, ou pelo fundamento diverso daquele em que foi conhecido pelo Tribunal Regional. Não cabe neste caso agravo de instrumento, pois não se está negando seguimento ao recurso. O fato de o juízo a quo entender que o recurso cabe quanto a violação literal do dispositivo de lei, não sendo possível quanto a divergência jurisprudencial, não vincula o TST. O Tribunal ad quem não está subordinado ao juízo de admissibilidade do Tribunal inferior, podendo conhece do recurso pelo motivo que este entender não ser possível, ou pelos dois motivos (divergência jurisprudencial e violação literal de dispositivo de lei. Não está o juízo a quo denegando seguimento ao recurso, por isso não cabe o agravo de instrumento, porque o TST poderá examinar integralmente o cabimento do apelo.

Sendo assim entende-se que só cabe Recurso de Revista do acórdão proferido pela turma do TRT, pois do acórdão que julga o incidente de uniformização de jurisprudência caberá embargos de declaração por se tratar de decisão interlocutória.

No ano 2014 o legislador deu ao TST a possibilidade de julgar múltiplos recursos de revista quando haver repetição de pedidos quanto a matéria de direito, em recursos extraordinário e especial repetitivos.

Também é importante a referência da Lei nº13.015/14 que trouxe alteração no artigo 896-B da CLT, que dispõe “aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos”. E, o dispositivo legal vem em função da repetição das mesmas controvérsias em questões de direito iguais que abarrotam a Justiça do Trabalho. Diante deste cenário, a Lei 13.015/2014 instituiu um procedimento especial

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adaptado do processo civil, especialmente dos artigos 543-B e 543-C do Código de Processo Civil de 1973, e artigos 1.049 a 1.054 do novo Código de Processo Civil (LEITE, 2017).

Quanto aos pressupostos, observa-se a necessidade de prequestionamento, ou seja, o fato da controvérsia já tenha sido apreciado, só não se exige prequestionamento quando a matéria em questão nascer na própria decisão recorrida.

Sendo assim é o que versa a Súmula 297 do TST:

297. Prequestionamento, oportunidade. Configuração (nova redação- Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.

II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.

III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração (VADEMECUM, 2016, p. 2110).

Pertinente à invocação do art. 1007 do CPC, quanto ao preparo que o recorrente no ato da interposição do recurso comprovará, quando exigido pela legislação pertinente o respectivo preparo, ou seja, o pagamento das custas processuais, inclusive a porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. Conforme o §2º que traz a insuficiência no valor do preparo, inclusive aporte de remessa e de retorno implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de ser advogado, não vier a suprir-lhe no prazo de 5 dias. Assim traz também o §7º o equivoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 dias (LEITE, 2017, p. 1112).

Quanto as custas, por força da Lei 10.537/02, “além das pessoas assistidas pela justiça gratuita, acrescentou o art. 790-A da CLT que passou à dispor que todas as pessoas jurídicas de direito público, bem como o Ministério Público do Trabalho estão isentas ao pagamento das custas” (LEITE, 2017, p. 1098).

A representatividade e a capacidade das partes traz um viés importante, pois ao que contraria o que preceitua o art. 791 da CLT, do jus postulandi para as Varas do Trabalho e aos Tribunais, o Recurso de Revista por ser uma modalidade recursal extremamente técnica, não

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permite o jus postulandi, fazendo referencia somente as Varas do Trabalho e aos Tribunais do Trabalho (CLT, art. 791). Aliás, a Súmula 425 do TST passou a exigir expressamente a subscrição dos recursos para o TST (e das respectivas contrarrazões, por óbvio) por advogado, a consequência da inobservância do referido verbete sumular é o não conhecimento do Recurso de Revista (LEITE, 2017, p. 1099).

Neste sentido, observa-se Corrêa, (2017):

Os pressupostos genéricos são aqueles intrínsecos a qualquer recurso. Conquanto, existem algumas especificidades no que concerne ao preparo do recurso de revista e à representatividade das partes. preparo do valor das custas processuais para a interposição do recurso de revista poderá ser alterado em virtude do resultado do julgamento do recurso ordinário. Se ocorrer esta alteração, a parte vencida fica obrigada a pagar as custas processuais, que independem de nova intimação (Súmula n. 25 do TST). Caso o acórdão seja omisso nesse sentido, cabe à parte interpor embargos de declaração para que o órgão julgador fixe o valor correspondente, sendo certo que nesta hipótese, o prazo para o pagamento das custas, conta-se da intimação do cálculo, Súmula n. 25 do TST.

Destarte, se ocorrer esta alteração, a parte vencida fica obrigada a pagar as custas processuais, que independem de nova intimação (Súmula n. 25 do TST). Caso o acórdão seja omisso nesse sentido, cabe à parte interpor embargos de declaração para que o órgão julgador fixe o valor correspondente, sendo certo que nesta hipótese, o prazo para o pagamento das custas, conta-se da intimação do cálculo (Súmula n. 25 do TST).

Finalize-se os requistos e admissibilidade do Recurso de Revista, aborda-se na sequência uma breve análise jurisprudencial acerca do Recurso de Revista.

1.5 Análise Jurisprudencial acerca do Recurso de Revista

Para Sergio Pinto Martins, as fontes indiretas são de muita importância, pois são aqueles retirados da jurisprudência, e que a doutrina e a jurisprudência são de muita importância na interpretação do direito processual do trabalho. A jurisprudência exerce um papel importante ao analisar as disposições processuais trabalhistas, mas a verdadeira fonte é a legislação, a jurisprudência não pode ser considerada como fonte do direito processual do trabalho, ela não configura como regra obrigatória, apenas o caminho predominante em que os tribunais entendem de aplicar lei, suprindo inclusive eventuais lacunas.

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Neste aspecto se fará uma análise de uma decisão do TRT da 9ª região onde deu parcial provimento ao reclamante, condenando o reclamado (Município de Vinhedo) ao pagamento de verbas rescisórias, pois, alega o reclamante hora recorrido, que tinha estabilidade sindical, quando foi exonerado do cargo, inconformado o Município recorrente, recorreu ao TST, através do Recurso de Revista alegando divergência a OJ nº 365, que tal decisão do TRT da 9ª região foi divergente à orientação jurisprudencial do TST.

Na primeira ementa o Recurso de Revista foi conhecido e provido, e na segunda ementa o Recurso de Revista não foi conhecido por não preencher os pressupostos para a sua admissibilidade, neste caso não vislumbrada ofensa ao artigo 46 da ADCT, não tal acórdão proferido ter sido em sentido contrário ao enunciado da Súmula do 304 do TST, por isso Recurso de Revista não conhecido.

Ementa: RECURSO DE REVISTA - ESTABILIDADE PROVISÓRIA

-DIRIGENTESINDICAL - MEMBRO DE CONSELHO FISCAL -

INEXISTÊNCIA. A garantia constitucional conferida aos dirigentes sindicais não abrange o s membros de Conselho Fiscal, cuja função se restringe à gestão financeira do sindicato, o que não pode ser confundido com os cargos de direção e representação da entidade sindical na defesa dos interesses e direitos da categoria. A discussão a respeito da matéria encontra-se superada com a edição da Orientação Jurisprudencial nº 365 do TST. Recurso de revista conhecido e provido (BRASIL, 2013).

Ementa: ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DIRIGENTE SINDICAL. EMPRESA

EXTINTA. Para o conhecimento do recurso de revista por divergência jurisprudencial é necessário que sejam observadas as determinações do Enunciado nº 337 do TST. Recurso de revista de que não se conhece. JUROS. Não vislumbro ofensa ao artigo 46 do ADCT nem contrariedade ao Enunciado nº 304 do TST, pelo simples fato de que a lide não envolve entidade sob intervenção ou em liquidação extrajudicial. Pelo mesmo motivo, não se caracteriza o conflito de teses com os arestos trazidos para cotejo, os quais afiguram-se inespecíficos. Revista não conhecido (BRASIL, 2013).

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2 CONCEPÇÃO DE FALTA GRAVE PELO EMPREGO

É a forma de extinção do contrato de trabalho por parte do empregador, quando o empregado incorre em algumas das formas elencadas no artigo 482 da CLT, sendo assim o empregador poderá dispensar o empregado motivado pela justa causa, esta pelo procedimento incorreto do empregado.

Assim contemplada o artigo 482 da CLT:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar. m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. (Incluído pelo Decreto-lei nº 3, de 27.1.1966)

Sendo assim, se o empregado vier a incorrer em uma dessas alíneas do referido artigo mencionado, será concedido ao empregador rescisão do contrato de trabalho sem ônus, isso pela prática ilícita do empregado que violou alguma obrigação legal ou contratual.

2.1 Conceito de justa causa

A CLT, tratando das infrações cometidas pelo trabalhador, refere-se ainda à noção de falta grave, e estipula que esta é constituída pela prática de qualquer dos fatos a que se refere o artigo 482, quando por sua repetição ou natureza representem séria violação dos deveres e obrigações do empregado.

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“A justa causa é o motivo relevante, previsto legalmente, que autoriza a resolução do contrato de trabalho por culpa do sujeito comitente da infração, no caso o empregado” (DELGADO, 2007, p. 1183).

2.2 A falta grave cometida pelo empregado

A falta grave é todo ato reinterado praticado pelo empregado, seja ele violando a legislação ou contrato, algo que torne insustentável a permanência do vínculo entre as duas partes na relação empregatícia, haja vista que o empregador deve logo após a infração suspender o empregado e abrir o inquérito judicial para a apuração de falta grave. O inquérito é exigido somente para empregados com estabilidade, ou empregados que não optaram pelo FGTS e possuam a estabilidade decenal. Caso o empregador não faça a abertura de inquérito imediatamente, ficará prejudicada a despedida por falta grave.

Assim é contemplada por Barros (2011, p. 702):

É mister que haja a atualidade entre a falta e penalidade máxima aplicada [..] configura-se a renúncia ou perdão tácito quando o empregador toma ciência do comportamento faltoso do empregado e mesmo assim permite que ele trabalhe por um lapso de tempo relativamente longo, não comprovando estivesse neste período aguardando investigação continua, cautelosa e criteriosa a fim de, depois, romper o ajuste.

A falta gravosa e a penalidade devem estar próximas quando fatos desta natureza ocorrem, sobretudo, não pode o empregador ao saber da infração do empregado deixar para depois averiguar, tornando-se aquele ato como se perdoado na inércia do empregador que pretendia a justa causa na falta grave do empregado com estabilidade.

A justa causa e a falta grave não são sinônimos, apesar de muito assim entender que sim, pois a primeira se refere ao empregado não estável que incorre no artigo 482 da CLT e alíneas, não há de se falar aqui em repetidas vezes, mas tão só ocorrendo as infrações, e não sendo possível o ato disciplinar forma de sanar este conflito, é aí, que o empregador poderá por ato administrativo, fazer o desligamento do empregado, comprovando as penalidades já aplicadas, desta forma, esta forma de resolução da relação trabalhista é sem ônus ao empregador. Já a segunda, refere-se ao empregado decenal artigo 492, ou com estabilidade sindical por eleição, artigo 543, §3º da CLT, neste caso é quando o empregado comete falta

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grave, ou seja, faltas reinteradas da seara laboral, e que sua permanência na relação empregatícia seria insustentável.

É o que dispõe os artigos 492 e 543, §3º da CLT:

Artigo 492 - O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de serviços na mesma empresa não poderá ser despedido se não por motivo de falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovadas.

Artigo 543, §3º - fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta consolidação.

Como se percebe há expressamente na legislação vedação para a dispensa de empregados nas modalidades supracitados, após apuração do inquérito judicial e a acusação a qual o empregado foi exposto for de declaração negativa o empregado, fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria direito no período da suspensão conforme artigo 495 da CLT, caso tenha sido, pois o artigo 494 dispõe que o acusado poderá neste caso facultativo a suspensão.

Não se sendo possível a sua reintegração, dada a incompatibilidade do resultado do dissídio, especialmente quando for empregador pessoa física, o Tribunal do Trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo 497 da CLT.

Artigo 497 da CLT:

Artigo 497 - Extinguindo-se a empresa, sem a ocorrência de motivo de força maior, ao empregado estável despedido é garantida a indenização por rescisão do contrato por prazo indeterminado, paga em dobro.

Portanto, se for a declaração do inquérito negativa frente a acusação do empregado estável e não mais possível sua permanência devido ao dissabor sofrido, lhe é devido o valor da rescisão em dobro.

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Assim é o entendimento de Delgado (2007, p. 1184):

[..] A referencia consta do capitulo celetista que trata da estabilidade decenal do empregado (por exemplo, arts, 492, 493, 494, 495, 499, §1º todos da CLT). O artigo 499, ilustrativamente, refere-se à falta grave em um de seus parágrafos (§1º), quando trata do estável decenal, mencionando, ao revés, a expressão justa causa quando se reporta ao empregado não estável (artigo 499, §2º, CLT).

Com isso, temos tal referência se faz no sentido de que o empregado decenal ou dirigente sindical, quando de sua dispensa. É preciso o empregador provar que o empregado incorreu em falta grave, que outra alternativa não seria sustentável, daí a justa causa para o rompimento do contrato unilateral e sem ônus para o empregador.

2.3 Inquérito Judicial

Na história de como surgiu o inquérito e posterior demissão de empregado, faz-se referencia a Lei Eloy Chaves de 24 de janeiro 1923, nesta época os ferroviários que tinham mais de dez anos no emprego não poderiam ser dispensados sem o inquérito administrativo que era presidido por um engenheiro.

Assim contempla Martins (2017, p. 711):

As origens do inquérito são encontradas na Lei Eloy Chaves (decreto 4.682 de 24 de janeiro de 1923), em que os ferroviários que tivessem mais de dez anos de trabalho para a mesma empresa ferroviária, não podiam ser dispensados, salvo mediante a instauração de inquérito administrativo, presidido pelo engenheiro, em que era apurada a falta grave cometida pelo trabalhador. Posteriormente, esse procedimento foi estendido a outras categorias, havendo necessidade de se fazer o inquérito administrativo, depositando-o na Secretaria de Junta ou no Cartório do Juízo que tivesse Jurisdição sobre o local de trabalho do empregado. Havia tentativa de conciliação perante a Junta e, após, esta proferida o julgamento. A CLT adotou inquérito para a apuração de falta grave nos arts. 853 a 855, passando o inquérito a ser judicial e não mais administrativo. Mais tarde, esse procedimento foi exigido em relação ao empregado que tivesse dez anos de trabalho para a mesma empresa e não fosse optante do FGTS.

Nota-se que a trajetória da apuração de falta grave, se dá mediante a abertura de inquérito administrativo para aqueles trabalhadores com muitos anos de trabalho ininterruptos a mesma empresa ferroviária, e que, a esses trabalhadores lhe era garantido momento de defesa e até de conciliação, e só depois era proferido o julgamento. Com isso havia uma valorização do trabalhador das empresas ferroviárias, coisa que as outras categorias da época

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não tinham isso, só ocorreu mais tarde onde outras categorias também aderiram a essa modalidade.

Posteriormente, com a promulgação da Constituição de 1988, esta estabilidade foi extinta dos trabalhadores, “poucos são os estáveis hoje em dia, embora algumas empresas públicas ou em entidades de direito Público possa ser encontrados empregados estáveis” (MARTINS, 2017, p. 711).

Encontra-se elencado no artigo 7º, inciso I da CF/88 a garantia de estabilidade decenal, (VADEMECUM, 2016, p. 10):

São direitos dos trabalhadores Urbanos e Rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I- relação de emprego protegida contra despedida arbitraria ou sem justa causa, nos termos de Lei Complementar, que preverá indenização compensatória, dente outros direitos.

Destarte, trabalhadores tanto Urbanos e Rurais percebiam esta vantagem, tipo uma garantia no emprego, desde é claro se não fosse optante do FGTS, neste caso, se fosse, tal estabilidade não existiria, pois quando se deu a promulgação da Constituição de 1988, os trabalhadores poderiam escolher, entre a estabilidade no emprego ou o FGTS, aqueles que optaram pela estabilidade tinham o chamado direito adquirido, ao qual só poderiam ser dispensados por falta grave elencados no artigo 482 da CLT, e isso se dava após a abertura de inquérito, ai agora não mais administrativo, mas sim, inquérito judicial que se encontra nos artigos 853 a 855 da CLT. Hoje quem detém esta estabilidade são os dirigentes sindicais, e suplentes mediante eleição, que ganham esta estabilidade logo após registro de sua candidatura até um ano após o termino de seu mandato.

“O empregado que contar com mais de 10 (dez) anos de serviço na mesma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovadas” (LEITE, 2017, p. 1579).

O termo inquérito deve-se ao fato de que justiça do trabalho, quando criada em 1939, “era um órgão de feição administrativa, porquanto vinculado ao poder executivo, daí as diversas expressões típicas do direito administrativo contidas na CLT.” (LEITE, 2017, p. 1578).

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A abertura para apuração de falta grave se faz necessário, pois o empregado com estabilidade tem um manto protetor dado sua condição frente aos demais empregados.

Assim se posiciona Martins (2017, p. 711):

Inquérito para apuração de falta grave é a medida judicial que tem por objetivo rescindir o contrato do empregado estável que incorreu em justa causa. É a ação apropriada para rescindir o contrato de trabalho do empregado estável, pois não pode ser despedido diretamente, dada sua estabilidade.

Desta forma, todo o empregado que tenha estabilidade, jamais poderá ser despedido de forma arbitraria, só mediante apuração de falta grave baseada no artigo 482 da CLT e seus incisos, de forma que seus direitos sejam preservados por lei. Esta estabilidade garante ao empregado nesta modalidade o retorno de suas atividades caso não seja comprovada a falta grave, com a devida reparação salarial desde o dia da suspensão do trabalho ou se não mais é possível sua reintegração ao berço laboral, o empregador deverá indeniza-lo em dobro, dado ao constrangimento experimentado pelo empregado.

2.4 Concepção de Recurso de Revista na falta grave pelo empregado

Os recursos apresentam muita importância no contexto do sistema processual trabalhista, com isso seu objetivo é que a parte inconformada com a decisão possa obter o reexame da matéria já debatida por determinado órgão judicial, isto é, proporcionar que a decisão prolatada em um processo seja revista, e possivelmente, reformada dentro da mesma relação processual, por um órgão hierarquicamente superior.

É pacífico o entendimento doutrinário de que a decisão de um órgão deve sempre ser impugnada por órgão superior sob pena de inexistir realmente um recurso, pois se o mesmo órgão reavaliar sua decisão não teremos um recurso e sim uma retratação, que em muitos casos se tem por embargos de declaração, neste, é feito no mesmo órgão julgador, o prazo é de cinco dias e não precisa de preparo.

O nosso sistema processual é o duplo grau de jurisdição, nada impediria que o nosso legislador tivesse adotado três ou quatro instâncias; mas não o fez. Adotou apenas duas instâncias ordinárias a de primeiro grau e a de segundo grau (MARTINS, 2017, p. 1096).

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Desse modo, feitas as considerações do Recurso de revista na falta grave cometida pelo empregado analisa-se na sequência as divergências dos Tribunais.

2.5 As divergências dos Tribunais

Para dar maior segurança jurídica aos julgados pelos TRTs, o TST edita Súmulas para organizar as decisões de forma a dar mais transparência jurídica e assim, dando maior garantia de que a divergência entre os TRTs afrontaria hierarquicamente o órgão superior (TST) por já ter se posicionado sobre tal entendimento, sendo assim ensejaria Recurso de Revista, de forma a regular a decisão contraria ao TST feita pelo TRT em sua decisão.

No Recurso de Revista é necessário que a parte inconformada demonstre divergência jurisprudencial, ou violação literal de dispositivo de lei ou da Constituição para seu conhecimento (art. 896, a e c, da CLT).

Requisito da demonstração da divergência. o art. 896, § 1º- a, I a III (redação pela lei 13.015), menciona ser ônus da parte, quando da formulação das razões do recurso de revista, sob pena de não conhecimento, indicar: (a) o trecho do acórdão recorrido que consubstancia o prequestionamento da controvérsia.( CLT, VADEMECUM, 2016, p. 995).

2.6 Cabimento

O acórdão recorrido, dá a idêntico dispositivo de norma jurídica (lei estadual, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial) de observância obrigatória, em hipótese de cabimento, visão geral fase de conhecimento empresarial) de observância obrigatória, em área territorial que exceda a jurisdição do tribunal regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente da que houver sido dada por outro TRT (pleno ou turma), ou a SDI, ou a Súmula ou OJ do TST ou súmula vinculante do STF.

A divergência jurisprudencial enseja cuidados na elaboração do Recurso de Revista, tese fática idêntica, tese jurídica divergente e atual a divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica,

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revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram (Súmula. 296, I).

É o que preconiza a Súmula 296, I do TST:

Recurso. divergência jurisprudencial. especificidade (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 37 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram. (ex-Súmula nº 296 - Res. 6/1989, DJ 19.04.1989).

O Recurso de Revista não seria cabível para apreciação de modo geral, mas sim para pontos específicos do conflito e que já tenha sido examinada antes pelo TRT, de modo que haja uma revisão sobre este ponto de discordância e ainda, o fato tem que ser atual, pois caso já tenha sido apreciada pelo TST não há a necessidade de novo Recurso de Revista já analisado pelo TST.

Defendida por Martins (2017, p. 617):

O Recurso de Revista não vai fazer um reexame geral da decisão do Tribunal Regional do Trabalho. É um apelo eminentemente técnico e extraordinário, estando sua admissibilidade subordinada ao atendimento de determinados pressupostos. Não será aplicada a regra da interposição do recurso por simples petição (art. 899 da CLT), ou seja, sem fundamentação, bastando a intenção de recorrer, que devolveria à apreciação do tribunal ad quem o exame de toda a matéria.

Destarte, como explica Martins, não basta só quer recorrer, deve seguir pressupostos para seu conhecimento e detalhadamente o ponto de divergência que se busca reversão da decisão, não bastando a simples petição.

Bem observado por Leite, (2017, p. 1097):

O Recurso de Revista é uma modalidade recursal que objetiva corrigir a decisão que violar a literalidade da lei ou da Constituição Federal e a uniformizar a jurisprudência nacional concernente à aplicação dos princípios e regras de direito objetivo (direito do trabalho, direito processual do trabalho, direito constitucional, direito civil, direito processual civil etc.) que guardem alguma vinculação com a atividade jurisdicional da justiça do trabalho.

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A possibilidade de revisar a decisão proferida pelo órgão julgador, dá uma certa garantia nas decisões jurídicas, assim nossos julgadores tentaram dar maior transparência em suas decisões de modo à exemplificar os seus pronunciamentos de forma geral, portanto, a chance de revisar, como se referem muitos doutrinadores seria uma extensão do duplo grau jurisdição, e que vai de encontro ao arbitramento e ilegalidades praticadas pelos julgadores que eventualmente possam decidir de modo diverso aos órgãos superiores ou que venham ferir a Constituição.

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CONCLUSÃO

O Recurso de Revista é um recurso processual trabalhista de caráter extraordinário, admitido contra acórdãos proferidos em sede de recurso ordinário, agravo de petição e tem por objetivo a uniformização da jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho, não podendo ser utilizado para discutir matérias de fato, sendo admissível inclusive nas ações submetidas ao rito sumaríssimo.

A pesquisa deste trabalho se mostrou muito eficaz e satisfatório, pois, pode-se de uma forma ampla ir à busca de respostas através da doutrina e outros meios disponíveis “como se opera o Recurso de Revista na falta grave pelo empregado”.

O Recurso de Revista tem o papel de corrigir eventualidade nas decisões dos Tribunais do trabalho (TRTs) divergentes sobre o mesmo dissídio, ou que contrarie dispositivo de lei estadual, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do tribunal regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea “a”, sentenças proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal, também é aceito nas ações submetidas ao rito sumaríssimo, nos termos artigo 896, §9º da CLT, mas somente nas hipóteses de contrariedade a Súmulas de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta à Constituição Federal. Tal recurso deverá ser apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão (art. 896, §1º da CLT).

Portanto quando o empregado com estabilidade ou empregado decenal for dispensado sem a abertura de inquérito judicial para a apuração de falta grave, ou seja, nos casos de faltas repetidas, que ensejaria tal demissão sem ônus ao empregador, aquelas em

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que não teria mais condições de prosseguir a seara laboral, e sem a devida observância do artigo 482 e alíneas da CLT, e com uma sentença favorável ao empregador e o tribunal confirmando a sentença proferida pelo rito ordinário, ou em agravo de petição e em casos especiais já mencionados no rito sumaríssimo de dissídios individuais, e o acórdão sendo divergente, com a mesma matéria de fato, de lei ou de Súmula, o Recurso Revista será sempre o pacificador e uniformizador da justiça, no sentido de garantia jurídica trabalhista, dando este amparo legal, se fará necessário pela instancia superior (TST).

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REFERÊNCIAS

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2011.

BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 6 jun. 2017.

______. Constituição Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 06 jun. 2017.

CORRÊA, Tobias.d. Curso de processo do trabalho. Disponível em:

http://www.cltlivre.com.br/downloads/curso-de-processo-do-trabalho>. Acesso em: 30 Abr. 2017.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 39. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017. NETO, Francisco Ferreira Jorge. Aspectos relevantes do Recuso de Revista. Disponível em: http://www.oab-sbc.org.br/jcm3/images/docs/mat_didatico/recurso_revista.pdf. Acesso em: 24 set, 2017.

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XAVIER, Matheus Daniel. A Lei 13.015/2014 e o novo no Recurso de Revista do Processo

do Trabalho. Disponível em:

<https://matheusdxavier.jusbrasil.com.br/artigos/268099666/a-lei-13015-2014-e-o-novo-no-recurso-de-revista-do-processo-do-trabalho>. Acessado em: 22 jun. 2017.

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