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Mapoemas: territórios ao vinho

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Academic year: 2021

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MAPOEMAS: TERRITÓRIOS AO VINHO

Raquel Elisandra Burtet Branco

RESUMO

Este texto trata da pesquisa artística “Mapoemas: territórios ao vinho”. Nela, foram

exploradas ideias como território, mapas, palavras/texto a partir da apropriação de elementos do cotidiano, de livros e de imagens artísticas; ressignificando suas funções e possibilitando novos sentidos, tendo como referência o conceito de mestiçagem. Procedimentos como pintura, fotografia, bordado e interferência, foram usados para materializar as ideias e potencializar concepções referidas à arte contemporânea. O conjunto dessa pesquisa foi apresentado em uma exposição individual, em 2012.

PALAVRAS-CHAVE: pesquisa em artes visuais; arte contemporânea; territórios;

mestiçagem; criação; poética;

1. INTRODUÇÃO

Este texto trata da pesquisa artística realizada durante o ano de 2012, nos componentes curriculares Ateliês VI e VII - do curso de Bacharelado em Artes Visuais da Unijuí - ministrados pela professora Maria Regina Johann. Esse processo resultou em uma exposição denominada “Mapoemas: territórios ao vinho”, que foi apresentada na Sala de Exposições Java Bonamigo1. Nessa pesquisa, foram exploradas ideias como território, mapas, cartografias, palavras/texto, inspirada numa história fictícia sobre lugares e, também, nos poemas que eram citados nessas histórias. Outra referência importante para essa pesquisa foi a pintura “Os Embaixadores” de Hans Holbein, que

Pesquisa realizada no curso de Artes Visuais durante o ano de 2012, nos componentes de Ateliê VI e VII, sobre a orientação da professora e mestre Maria Regina Johann, que culminou com a exposição individual denominada “Mapoemas: territórios ao vinho”.

 Acadêmica do curso de Bacharelado em Artes Visuais da Unijuí -Universidade Regional do Noroeste

do Estado do Rio Grande do Sul.

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2 apresenta o tema das navegações e das conquistas de novos territórios em meados do Século XIV, na Europa. Com ela, foi criada uma releitura criando intertextos entre os objetos usados na pesquisa e os apresentados na pintura de Holbein. Também, foram explorados objetos que remetem ao universo do vinho, tanto, sobre seus utensílios, quanto, sobre as histórias e mitos em torno do vinho na cultura ocidental. Todos esses materiais foram descontextualizados e ressignificados no contexto da pesquisa “mapoemas: territórios ao vinho” e, inter-relacionados, ganharam novos contornos e referências e, assim, possibilitaram, também, novos sentidos.

Nessa perspectiva, os procedimentos contemporâneos de criação, como a apropriação, por exemplo, gerou a necessidade de uma referência conceitual para subsidiar o que se estava fazendo em termos de criação e, dessa forma, encontramos em Icléia Cattani o conceito de mestiçagem e, com ele, referenciamos a maioria dos procedimentos realizados e, em Edith Derdik, compreendemos os movimentos complexos da criação, de como se configura uma pesquisa em arte. Destacamos que, além de Cattani e Derdik, outros autores foram pesquisados para dar consistência teórica ao trabalho. Com o conceito de mestiçagem, foram realizados procedimentos como: pintura, fotografia, bordado e interferência, usados para materializar as ideias e potencializar concepções referidas à arte contemporânea.

CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA

O processo de pesquisa artística que culmina na Série de Mapoemas inicia-se a partir de uma experiência realizada há uns dois anos durante experimentos com papéis, garrafas e vinhos; o que resultou numa obra denominada “Palavras ao Vinho” e, que basicamente consta de folhas de um dicionário antigo de família, inseridas em garrafas de vinho. Esse trabalho, ressignifica ditos populares e poetiza práticas culinárias; metamorfoseando receitas que são feitas a partir do vinho, daí, a denominação, “palavras ao vinho” que, também, remete ao dito “jogar palavras ao vento”. Além disso, é possível outra referência, ou seja, a prática de lançar aos mares uma garrafa contendo mensagens, que faz parte da literatura e do imaginário dos navegadores, por exemplo.

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Figura 1: Palavras ao Vinho, 2011

Na obra acima, foram usadas garrafas de vinho com folhas de livros/dicionários imersas em diferentes tipos de vinhos. A mesma foi exposta na Sala de Exposições Java Bonamigo durante o Salão Universitário 2011 em que alcançamos o Prêmio de Menção Honrosa2. A partir disso, foi necessária uma nova exposição e, para essa, continuamos trabalhando o objeto “garrafa de vinho” e, como ideia/conceito, explorou-se o sentido de “elo perdido”, de um território desconhecido onde encontramos apenas vestígios, de um lugar que não se sabe ao certo qual é e, nem, onde encontrá-lo.

Figura 2: "Elo Perdido" 2012, instalação

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O prêmio Menção Honrosa é concedido durante o Salão universitário aos três melhores trabalhos inscritos na mostra. Consta como reconhecimento uma exposição coletiva aos premiados.

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Figura 3: "Elo Perdido" 2012, instalação.

Essas duas obras foram consideradas enquanto ideia em potencial para continuar investindo. Assim, a pesquisa que tratamos nesse artigo dá continuidade a esse tema, direcionando a investigação plástica na perspectiva de mapas e territórios, apostando na materialidade básica do vinho e seus referentes.

COMO SE CONFIGUROU A PESQUISA: CONCEITOS, PRESSUPOSTOS, MATERIALIDADES, PROCEDIMENTOS E METODOLOGIA

A pesquisa Mapoemas: territórios ao vinho investigou conceitos como mapas, territórios, texto visual, navegações, cartografias. Também apostamos nas ideias como, territórios imaginários, pigmentos de vinho, história de aventuras nas quais os autores brincam com o imaginário do leitor, criando lugares fantásticos, riquíssimos em detalhes ao ponto de confundir-se com a realidade3. Enquanto materialidades, potencializamos tecidos de algodão, diferentes tipos de vinho, rolhas usadas, páginas de

3 No período em que se desenvolveu a pesquisa fui bastante influenciada pelos livros que estava lendo

como o Senhor dos Anéis do escritor, professor e filólogo britânico J. R. R. Tolkien. Onde ele cria seres fantásticos que habitam a Terra Média, lugar este, inventado por ele, em tamanha riqueza de detalhes que nos faz viajar por ele, o autor chega a criar mapas deste lugar e idiomas próprios dos seres que habitam lá, mexendo com nossa imaginação. Essa é uma das referências para a poética desenvolvida, no que trata da questão de territórios imaginários. Outra fonte é a série de filmes da Disney, Piratas do Caribe, que nos influenciou pelas suas viagens em missões impossíveis, com personagens fantásticos que vivem suas aventuras a bordo de navios excêntricos, tripulados por seres ainda mais incomuns. A tentativa de remeter ao passado e o elo com os navegadores, na pesquisa, também veio dos livros 1808 e 1822, do escritor e jornalista Laurentino Gomes, em que, esse relata em tom de humor a vinda e permanência da corte portuguesa no Brasil.

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5 um livro4 e fragmentos de poemas5. Já, como procedimentos de criação, exploramos a costura e o bordado, a pintura/mancha, a apropriação de objetos, a fotografia, o vídeo e o desenho. Por fim, como metodologia, optamos pela pesquisa teórico-prática que articulou a investigação matérica com ideias e conceitos inspirados na arte contemporânea, como, por exemplo: mestiçagem, apropriação, desconstrução e ressignificação. Com isso, objetivamos construir uma pesquisa com coerência plástica, que se configurasse em uma linguagem visual e, que, fundamentalmente, estivesse encharcada poeticamente. Para dar sustentação teórica à pesquisa, nos referenciamos, principalmente, em artistas como Mira Schendel6, Alex Flemming7, a também a artista e professora Edyth Derdyk, a estilista Greice Antes, e a historiadora e crítica de arte Icléia Borsa Cattani.

Mira Schendel é uma artista referência que venho estudando há bastante tempo e, me interessa o uso plástico que ela faz de letras e palavras. Nesse sentido, foi criado um vínculo pelo modo como ela utiliza a caligrafia, dando sentido à sua produção e eternizando as palavras com seu gesto, deixando para o expectador o desafio de, não necessariamente identificar o sentido do texto presente, mas sim de entendê-lo como forma, como elemento compositivo. Sobre seu trabalho Marques analisa que:

Há nas ‘Monotipias’ uma convocação ao léxico, à verbalidade. O uso de elementos textuais, como letras e alfabetos, tangencia os domínios da linguística e da plástica, uma questão também posta pela poesia concreta, que por sua vez solicita a materialidade, o aspecto plástico do poema. (2001, p. 31)

4 Livro encontrado casualmente em um sebo, a princípio foi adquirido por sua aparência envelhecida,

após analisa-lo e estuda-lo melhor suscitou várias questões pertinentes à pesquisa desenvolvida. Em sites da internet descobri que o verdadeiro autor de Sombra do Arco-íris não se tratava realmente de Malba

Tahan, e sim, Julio César de Melo e Sousa, o autor criou um nome fictício para publicar esse

romance-novela, o fato de ser uma história contada através de poemas e envolvida nesse mistério em relação ao escritor instigou várias questões na pesquisa.

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Foram incluídos 870 poetas brasileiros e mais de 100 poetas estrangeiros no livro de Malba Tahan, estes poemas foram utilizados nas obras, ora por escritos sobre os tecidos, outras vezes as próprias folhas do livro foram agregadas aos trabalhos. Também, utilizamos poemas de escritores citados no livro que não fazem parte do mesmo.

6 A artista Mira Schendel, veio para o Brasil em 1948, com trinta anos fugindo das perseguições e de uma

Europa destruída pela guerra, natural de Zurique/Suíça, encontra refúgio em Porto Alegre onde inicia sua carreira como artista plástica. Faleceu em 1988 deixando uma obra imensa.

7 Alex Flemming é artista brasileiro nascido em 1954, natural da cidade de São Paulo e viajado pelo

mundo, hoje vive entre São Paulo e Berlim. Artista de renome Internacional, fez faculdade de economia, estudou arquitetura e curso livre de cinema, até optar pelas artes.

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6 Ao confrontar aspectos da minha pesquisa com a obra de Schendel, talvez encontremos elos pelo uso da grafia, porém, há no trabalho da artista, uma mística e um silêncio que o envolvem que não podemos deixar de considerar no todo da obra, isto é, algo que também foi buscado em Mapoemas: criar um ambiente, cujo expectador, pudesse navegar pelo seu imaginário, por meio de seus sentidos.

Outro artista que explora as palavras como elementos plásticos em sua poética é Alex Flemming, de um modo bem diferente de Schendel; ele cria seus próprios “tipos gráficos”, característicos no conjunto de seu trabalho pelas cores vibrantes, que também sugere crítica social. Cochiarele8 comenta o trabalho do artista: “A aplicação de texto tem sido uma constante na obra de Alex Flemming. Ao utilizar-se de novos suportes para sua expressão plástica, como roupas, animais empalhados, móveis, o artista aplica textos retirados de anúncios de jornais.”

Na Série “Body-Builders”, são os mapas que sobrepõem à figura – corpo humano. As zonas de conflito estão gravadas sobre a pele humana, fazendo parte de seu corpo, quando não deveria fazer. As cores vibrantes disfarçam o tom dramático das imagens que remetem às zonas de conflitos, tais como, por exemplo, a Faixa de Gaza. Sobre o trabalho “Israel”, da série mencionada, Arruda9 coloca que:

A região da barriga é a trabalhada em computador, com o qual o artista insere mapas como se fossem tatuagens, que representam países ou regiões em conflito como a Bósnia, Israel, Chiapas etc. Esta série erótico-política vem ainda acompanhada de citações bíblicas pintadas com máscaras ou até canções do repertório internacional. A obra soa como um grito contra a guerra e contra a manipulação de pessoas inocentes no jogo de poder das grandes potências e dos pequenos ditadores.

Ao referenciar-nos em Flemming, encontramos afinidades em suas grafias, mas também, na poiética que aborda os conflitos sociais, quando o artista retrata tais questões em seu trabalho, trazendo questionamentos a respeito do tema, entre eles, os territórios/divisas; causadores de conflitos por séculos. O artista nos faz refletir, o que é realmente um território? Destacamos que nada mais é do que uma linha imaginária traçada sob um desenho/mapa. Portanto, se uma linha imaginária é capaz de suscitar

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in Barbosa (2002, p. 110)

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7 tantas catástrofes, porque não criar linhas que despertem a imaginação e os sentidos das pessoas, que sugiram mundos imaginários?

Durante o desenvolvimento do trabalho Mapoemas, encontramos outra referência para o mesmo; o trabalho de uma jovem estilista gaúcha, Greice Antes, que cria uma coleção de roupas a partir de peças manchadas com vinho, durante uma performance10, cujo o título é “Vinho Mancha?...”, com isso, a estilista busca estamparias para poder desenvolver suas peças; e nós, buscamos formas para explorar artisticamente.

Apesar de serem dois objetivos diferentes os caminhos muitas vezes se cruzam. Para o desenvolvimento de minha pesquisa, também usamos da linguagem da performance. O que é interessante pensar são esses cruzamentos inesperados, entre ideias, obras e linguagens.

No site do Jornal Zero Hora (2012) foi realizada uma entrevista com a estilista e, segundo ela, o trabalho se deu da seguinte maneira:

Camisas, vestidos e blusas foram trabalhadas na bebida em um método nada convencional. A estilista convidou cerca de 50 amigos para passar a tarde no Terroir Aurora, em Pinto Bandeira, na Serra, e estendeu em um varal de 30 metros as peças em tons nude. Para responder a pergunta que dá título a coleção, intimou os presentes a jogar taças cheias de vinho nas roupas. É o que Greice define como aceitar o acaso na vida e no processo criativo. O objetivo era justamente provocar o descontrole e ultrapassar os limites. Sim, vinho mancha. E sim, a roupa - que teve o tingimento natural fixado

10 Definição: Forma de arte que combina elementos do teatro, das artes visuais e da música. Nesse

sentido, a performance liga-se ao happening (os dois termos aparecem em diversas ocasiões como sinônimos), sendo que neste o espectador participa da cena proposta pelo artista, enquanto na performance, de modo geral, não há participação do público. A performance deve ser compreendida a partir dos desenvolvimentos da arte pop, do minimalismo e da arte conceitual, que tomam a cena artística nas décadas de 1960 e 1970. A arte contemporânea, põe em cheque os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, abrindo-se a experiências culturais díspares. Nesse contexto, instalações, happenings e performances são amplamente realizados, sinalizando um certo espírito das novas orientações da arte: as tentativas de dirigir a criação artística às coisas do mundo, à natureza e à realidade urbana. Cada vez mais as obras articulam diferentes modalidades de arte - dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc. Fonte:<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto &cd_verbete=3646> acesso em janeiro de 2012

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8 com pedra-ume e recebeu estampas do tatuador Beto 70 no final - pode desbotar um pouco quando lavada pela primeira vez.11

Já, Edyth Derdyk, tece conexões entre suas obras: o ato criador, a costura e o tempo. Em seu livro, “linha de costura”, a artista poetiza o processo de criação de seus trabalhos. Ela é uma das maiores referências na pesquisa, pois encontramos nela várias preocupações que também eram nossas, como o brincar com a ideia de tempo e lugar, a linha que se desdobra em várias outras coisas, e a costura, que, no nosso caso, era o bordado. Sobre isto ela reflexiona, mencionando que:

Costurar me torna regente, criando um tempo inaugural. É clara a presença de um sentimento de onipotência aliada à terrível condição humana de falta de controle do curso das coisas. A fresta que se abre deste desencontro é o campo de possibilidades. A possibilidade só é possível porque é um talvez. A incerteza me mobiliza, apesar da ação ser absolutamente corriqueira, previsível e plena de certeza. (DERDYK, 1997, p.37)

Através do movimento de eleger uma linha, um contorno, uma mancha, desencadeamos ligações reais e imaginárias, a partir de uma forma que pode ter diferentes cores, texturas e formatos. Com essas formas criadas, inicialmente pelo artista, e, logo após pelo público, tecemos cruzamentos de informações e imagens, tanto no ato de criação, quanto de apreciação. Também, Catanni (2007, p.29), descreve que; “Incerto-informe-transgressão: múltiplos cruzamentos produtores de novos signos que mantêm em seu interior tensões irresolvidas, sempre em vir a ser, marcas de pulsões internas e de aberturas ao devir, que constituem as mestiçagens na arte contemporânea.”

Todo esse processo de criação pode ser analisado como uma grande mestiçagem, visto que utilizamos diferentes materiais, procedimentos, estéticas e referências, buscando expressar, através de uma poética, uma visão pessoal e plástica das coisas que trazemos em nosso inconsciente. Ao tecer essa rede de diferentes tendências e

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9 procedimentos, damos origem há algo que, ate então, não existia do modo como é proposto, sendo assim, estabelecemos interfaces com a arte contemporânea.

ELEMENTOS MATÉRICOS DA PESQUISA: VINHO, TERRITÓRIOS, MAPAS E SUAS INTERFACES

O Vinho

O vinho é mantido nessa pesquisa como ideia, porém, ganha novas dimensões enquanto matéria para pintura e, objetos para ressignificação. No conjunto da obra, se evidencia o modo como foi trabalhado enquanto elemento plástico e, também, elemento de cultura. Ao recuperar a memória da pesquisa, principalmente em relação aos ateliers anteriores, constatamos que o vinho não foi um material escolhido intencionalmente, mas, ao longo da trajetória ele se mostrou, se impôs, se fazendo presente por si mesmo. Assim, aos poucos, ele foi tomando conta do trabalho, contaminando-o com suas cores e aromas próprios, diferentes espaços e objetos.

Com a decisão de manter o vinho, potencializando-o - pois, até então, estava dentro de garrafas como uma metáfora para conservar as palavras nele contidas - fomos estudar um pouco mais sobre o mesmo, e encontramos inúmeras possibilidades de exploração. Iniciamos então, uma análise de diversas formas de experimentação artística.

Trabalhamos o vinho como pigmento e a mancha como pintura. Desse modo, analisamos as marcas criadas ao acaso, observando as formas desenhadas sobre o tecido e, encontramos formas similares que remetiam a mapas, continentes, territórios. Como a ideia de lugares/espaços/territórios já estava presente em outros trabalhos, mesmo que de modo indireto, tomamos então, essas formas inconscientes e casuais como ideia a ser explorada plasticamente. Assim, inicia-se uma nova etapa, e com ela, algumas perguntas que ao longo da pesquisa buscamos responder: como explorar tais manchas sem fugir do que já vínhamos trabalhando e, ampliando suas potencialidades, sem se limitar a acidentes estéticos?

Nessa perspectiva, recorremos à Edith Derdyk (2001, p. 50), que menciona sobre a complexidade das coisas que nos afetam.

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Imerso no mundo dos fenômenos sensoriais o corpo reage, o espírito aponta, a alma absorve, o corpo desanima, a mente planeja, o espírito nega, o corpo ativa: caldeirão de eventos internos disputando lugar ao sol. Como escolher, como recortar, como selecionar uma direção, um vetor, um sinal, um sentido?

A autora descreve plenamente as angústias do ato criador e, assim, então, sem muita certeza de como será o resultado de nossos próximos atos seguimos trabalhando e “ouvindo o que a obra quer nos dizer”. Passamos, então, a fazer vários experimentos sobre as manchas de vinho em diferentes suportes; e a partir daí tratá-la como pintura.

Porém, como trabalhar com o vinho sem ser afetada e, até distraída, pelos aromas, cores e história? Luciana Freire aborda o uso dos cinco sentidos de nosso corpo para melhor apreciar o vinho, que por si, já nos instiga por completo. Ao inseri-lo à obra, estamos também despertando tais sentidos, pois conforme Freire12: o vinho é uma bebida na qual devemos usar todos os sentido antes de bebê-la: o tato (ao segurar a taça de vinho); a visão (ao olhar a taça de vinho); o olfato (ao cheirar o vinho); o paladar (ao beber o vinho). Destaca, inclusive, que “só faltava a audição, foi daí que originou-se o ato de bater os copos, para completar a lista dos 5 sentidos com a audição”.

Outra curiosidade sobre o vinho é que ninguém sabe ao certo como, onde e quando surgiu. Existem várias histórias, mitos e verdades sobre o mesmo, mas ninguém, até hoje, descobriu esse mistério, o que se pode afirmar é que, é uma bebida universal e mística, que em cada garrafa carrega cores, odores e um “corpo” próprio. Em um site especializado em vinhos, encontramos uma tentativa de explicar a origem da bebida.

O vinho, ao contrário de outras bebidas, foi certamente criado de forma casual, pois trata-se de uma evolução natural do líquido da uva. [...] Segundo uma lenda da Pérsia antiga quem descobriu o vinho foi uma princesa da corte que tinha perdido a preferência por parte do rei e perante esse facto tentou envenenar-se a si própria com algumas uvas de mesa “derramadas” numa jarra. [...] Acredita-se que o berço do vinho terá sido na zona circundante do Mar Cáspio e na Mesopotâmia, onde actualmente se situam os países da Geórgia, Arménia e Irã, por volta de 8000 A.C. segundo alguns historiadores

12 Informações disponíveis no Blog da sommelière. <http://sommelierenarede.blogspot.com>

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e entre 5400-6000 segundo outros historiadores.

Em termos escritos é consensual que a primeira referência a vinhos é feita no Antigo Testamento quando é mencionado que Noé, criador da famosa Arca de Noé, plantou vinha e produziu vinho13.

Sendo o vinho uma bebida de tantos valores e facetas, em nosso trabalho plástico, ele ocupa, não só o lugar de pigmento, mas, também, de “objeto” próprio, uma vez que possui um corpo e uma história. Em um dos objetos instalados na exposição provocamos o público, instigando seus sentidos, faltando apenas a audição, pois, não tínhamos o som das taças – como sugere a Sommelière. Estas sensações foram provocadas através da obra que ilustramos a baixo denominada altar do vinho.

Figura 4: detalhe da exposição.

Ao analisar a presença do vinho na exposição, podemos considerar que ele ocupa todos os espaços da mesma, quer seja pela sua coloração predominante, ou, pelas suas marcas e formas desenhadas nos tecidos, ou ainda, pelo seu aroma contagiante e afrodisíaco. Podemos sugerir vários lugares onde ficam esses territórios, como são, e o que acontece lá, mas, não podemos ter certeza de nada, pois tudo isso é muito pessoal. A única coisa que encontramos nesse lugar desconhecido é muito vinho!

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Os Mapas/ Territórios/Cartografias

A partir dos mapas “encontrados” nas manchas de vinho desenvolveu-se a ideia de explorar esses territórios imagéticos a partir de suas formas, contornos e limites, mas não sabemos em que lugares se encontram, propondo assim um ato lúdico, no qual o expectador deve investigar, a partir de sua própria imaginação e referências, o lugar que ocupa.

Como nesse trabalho estão presentes páginas do livro “A Sombra do Arco-íris” de um autor fictício chamado Malba Tahan - que em sua história cria um lugar em meio ao deserto onde se desenvolve o romance-novela - nos apropriamos, também, dessa ideia de invenção de um lugar que, muitas vezes, parece realmente existir. Sendo assim, se existe a forma de um mapa, podemos supor que ele existe em função de um lugar.

O autor Ítalo Calvino, em seu livro “Cidades Invisíveis”, cria um enredo em que o famoso viajante Marco Polo, descreve ao amigo Kuban Khan várias cidades por onde, ele, supostamente, teria passado. As histórias contadas por Marco Polo são tão ricas em detalhes que muitas vezes não é possível distinguir se são verdadeiras ou, fruto da imaginação do mesmo; em uma das conversas entre as personagens, Marco Polo descreve ao amigo como cria as cidades imaginárias:

– Eu também imaginei um modelo de cidade do qual extraio todas as outras – respondeu Marco. – é uma cidade feita só de exceções, impedimentos, contradições, incongruências, contra-sensos. Se uma cidade assim é o que há de mais improvável, diminuindo o número de elementos anormais aumenta a probabilidade de que a cidade realmente exista. (CALVINO, 1990, p. 67)

Desse modo, criando imagens de mapas que nos remetem a formas reais de cartografias, aumentamos as chances de que o expectador traga o mapa para a realidade e, a partir daí, possa fazer associações de forma que, realmente, existem, fazendo com que o mesmo tenha uma experiência pessoal com a obra.

Outra referência para o trabalho foi à obra “Os embaixadores” de Hans Holbein, nela, o pintor retrata os navegadores em seu ambiente de trabalho, cercados por seus materiais, mas também, por suas dúvidas e incertezas com relação ao desconhecido,

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13 poderiam saber onde ficava o lugar para o qual iam navegar e sua rota de viagem, porém ninguém tinha certeza do que realmente os esperava no outro lado do oceano.

Figura 5: “Os embaixadores” de Hans Holbein, 1533.

Quando se trabalha com arte, de certo modo, é como se fossemos também embaixadores em busca do desconhecido, sem certeza nenhuma, somente sabemos que queremos chegar. Nesse processo, que envolveu mapas imaginários de territórios desconhecidos, nos fizemos embaixadores, propondo aos expectadores uma experiência com seu próprio imaginário, sobre o qual cada um pode traçar seu roteiro e cartografia.

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Figura 6: detalhes da exposição.

A partir da obra de Holbein, propomos uma releitura em forma de instalação, assim como no quadro, os objetos de trabalho dos navegadores encontram-se sobre uma mesa, também, dispomos sobre uma, os materiais utilizados durante o processo de criação da exposição. A colcha faz uma referência direta à obra. Sobre ela, há um livro com a pintura “Os Embaixadores”, que dialoga com os objetos que fazem parte da pesquisa e, que outrora, se encontravam nos bastidores. Os mapas, feitos apenas com as marcas do vinho, encontram-se à disposição do expectador para interação e apreciação, juntamente com a bússola, que aponta para qualquer direção. Nessa perspectiva, podemos, também, inter-relacionar com a bússola quebrada do Capitão Jack Sparrow, do filme “Piratas do Caribe”, visto que, muitas vezes, ela parece não fazer sentido, já que não se sabe para o que (ou onde) está indicando. O livro, do qual foram utilizadas as folhas e poemas, é trazido como fonte e vestígio dos trabalhos, a linha, a agulha e o bastidor trazem consigo a trajetória de cada ponto bordado nas “telas”. Já, as garrafas são a origem de tudo, sinalizam o ponto de partida e de chegada; e quando lançadas ao mar, avançam e retornam. O compasso, tanto remete à cartografia, quanto aos círculos;

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15 formas que foram repetidamente referidas no trabalho. Nessa releitura, estabelecemos um intertexto entre imagens de arte e objetos do cotidiano. Trazemos e dispomos ao público tudo que fez parte e, que é a essência da pesquisa realizada. Assim, todos os objetos estão carregados de significados que se cruzam e tramam, tanto com “Os Embaixadores”, quanto os demais elementos que fazem parte da exposição. Dessa forma, a releitura da obra de Holbein, foi articulada na perspectiva da traduzibilidade do texto em direção ao tema da pesquisa e, em relação ao olhar sensível para com os objetos que compõem o conjunto dessa obra.

Territórios Imaginados: a poética das palavras/imagens e das manchas de vinho

Quando jogados na superfície do tecido, os vinhos ganham corpo produzindo formas que nos lembram de mapas e territórios. Nessa perspectiva, foi à ação, o gesto espontâneo de jogar vinho no tecido que possibilitou a configuração das formas14 e, a partir disso, a produção de pensamento e conhecimento. Ou seja, antes era o vazio e o silêncio; agora o cheio e a possibilidade de palavras. Mais uma vez Derdyk (1997, p.5), ajuda a compreender esses fenômenos, pois menciona que: “A linha é contorno, é carne, é ossatura. Qual é o corpo da linha? A linha empresta o contorno ao mundo, caminha pela superfície das coisas. Sismógrafo neuromotor, remarcando os territórios. A linha sugere proximidade e afastamento, tônus afetivo. Unidade dupla: portadora do sensível e mental. A linha positiviza a ausência, é sempre afirmativa.”

Figura 7: detalhes de obra da exposição.

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Ao trabalharmos com o vinho utilizamos uma ação de performance para “desenhar” as formas do vinho no tecido, registramos as imagens em forma de vídeo.

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16 Através da linha os contornos ganham limites/divisas formam um novo corpo, que limitam as formas marcadas pelo vinho. A linha também constitui as palavras que se inserem a obra como tatuagens, uma incorporada à outra, o texto têm os mapas, assim como, os mapas as possuem. Os poemas são a metáfora viajante que nos leva para esse lugar, habitado pela nostalgia e pelos poemas, criando assim um espaço onde fluem pensamentos romanceados; que convidam o viajante a adentrar nesse mundo imaginário, a experimentar e vivenciar suas emoções mais profundas.

Figura 8: detalhe de obra

Ao nos apropriarmos das palavras, textos visuais, os poemas deixam de funcionar apenas como escritos, e ganham potência de criar imagens mentais no público, no momento em que os leem e absorvem a mensagem para si, se apropriando dela. Eles também funcionam como um elemento visual, que compõem a obra, tendo o mesmo valor e peso de uma imagem.

Com essas formas, podemos pensar em como se constitui uma realidade criada (artisticamente), uma ação humana que gera um ser, um outro, que passa a habitar o mundo humano, tanto na perspectiva da linguagem, quanto da materialidade artística. A arte é uma linguagem forjada na inquietude do artista, do desejo de dizer-se de maneira distinta das palavras, por exemplo. Por isso, ela guarda nuances e potências de expressão que extrapolam os modos convencionais de comunicação humana. Nessa pesquisa, constatamos que o artista cria mundos e inscreve no mundo dos homens um ser, que é a obra.

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17 Também, constatamos que na criação existem elementos que nos escapam, pensamentos e ações que parecem não nos pertencer, mas que compõe a totalidade do que nos constitui, talvez inscritas na dimensão do inconsciente, que vem ou saltam, como que das profundezas, ou de dimensões desconhecidas. Para Derdyk, (2001, p. 15)

A experiência atravessa todos os sentidos corporais. O corpo é nosso primeiro instrumento, meio e fim, absorvendo e refletindo as informações do mundo para o mundo. Corpo-receptáculo e corpo espelho em moto contínuo. O nosso corpo é matéria permeável entre uma interioridade e uma exterioridade, ponte possível para a fabricação de outros sentidos. O corpo habitado por um mim, imerso neste leque quase infindável de eventos perceptíveis e fugazes, é bombardeado a todo instante.

Ao absorver as mensagens subliminares contidas na obra, o corpo reage a esses impulsos, criando relações entre a imagem e suas próprias experiências, desencadeando seu lado emotivo e pessoal; em cada indivíduo a experiência é única, uma vez que, suas vivências são algo subjetivo e pertencente somente a ela. Por mais que a imagem seja a mesma, o modo como cada um vai apreciá-la vai depender também de sua abertura à mesma, é preciso deixar-se atravessar pela obra em um movimento de entrega e abertura diante dela.

Figura 9: obra da exposição.

Corpo capaz de ação, pensamento e criação. Nesse sentido, elaboramos ideias, produzimos pensamento e também, fizemos ligações inesperadas, tanto na feitura da

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18 obra, como ao observá-la. Muitas vezes, o trabalho se desdobra e cria rizomas inesperados entre si mesmo, e entre referências inconscientes; desejos guardados que afloram durante a construção plástica, poética e reflexiva da obra. Criando assim, ligações/diálogos inesperados entre diferentes obras e elementos, um reforçando o outro no desenvolvimento de uma poética consistente, impregnada de sentidos e conexões.

A surpresa é sempre uma possibilidade posta na pesquisa, mas para que ela aconteça é preciso agir, brincar, experimentar, se permitir combinações e/ou ações inusitadas e fora da normalidade, como transformar os objetos do cotidiano em arte, ou o vinho em tinta. Com isso, apontamos que uma atitude aberta e atenta às coisas do entorno é fundamental para um pesquisador, ainda mais, quando ele for ligado às artes. Nesse contexto, vale mencionar a ideia de Jorge Larrosa15 (2002), de que quando algo nos atravessa foi porque vivemos uma experiência. Nesse caso, a arte pode possibilitar experiências não somente a quem a realiza, mas também, aquele que a aprecia, desde que esteja “desinteressado”, conforme sugere Kant, na crítica do Juízo16.

Ainda, podemos encontrar em Derdyk um argumento importante para entender como se dá a relação entre os “corpos” de pesquisa; entre o criador e a obra, entre a obra e o outro que lhe configura sentidos.

[...] E é com este corpo entusiasmado que a tecelagem da criação fia na matéria dos tempos e dos espaços seus outros futuros instantes e durações. E quando em nosso corpo – híbrido, mestiço, mixado pelos infindáveis dentros e foras – uma potência criadora se firma, liberando e desdobrando ânimos até então irreconhecíveis, algo em nós se confirma. Algo incomum saído de nós, ou para nós convertido, se faz. (DERDIK 2001, p.16)

Desse modo, ao desenvolver uma poética traçamos caminhos e fazemos conexões com linguagens e poéticas já desenvolvidas por outros artistas, e dessa mistura surgem resultados inesperados e surpreendentes. Ao resultado desses experimentos e

15

BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras. Educ. [online].

2002, n.19, pp. 20-28. ISSN 1413-2478. Disponível em

<http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/rbde19/rbde19_04_jorge_larrosa_bondia.pdf>, acesso em janeiro de 2013.

16

Estar desinteressado para Kant significa estar aberto à arte, sem interesse de controlar a relação com ela e, assim, podendo viver uma experiência.

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19 poéticas, que se apropriam, remontam e reinventam obras e situações, denominamos mestiçagem; sobre este procedimento Catanni (2007, p. 30) explica que:

– Apropriações e justaposições: muitas obras atuais apresentam modalidades diversas de apropriações de elementos do cotidiano ou de fragmentos de outras obras. Esses se justapõem, de modo geral, criando sobreposições de sentido que ocorrem, não nos elementos em si, mas entre os mesmo. As obras abrem-se, assim, às infinitas possibilidades do entre. Muitas vezes, os sentidos mestiços escorregam nos entremeios dos objetos e formas, sempre móveis e mutáveis, nunca fixos, jamais definitivos. Algumas dessas obras, ainda, ao justapor componentes de diferentes origens, resignificam as relações de espaço-tempo: elas os atualizam, comprimindo-os num presente único, o da obra.”

Figura 10: detalhe de obra.

É com esses elos, criados nas obras, e entre elas, que todos os elementos se comunicam, uns dão sentido aos outro, fazendo com que ganhem vida e habitem um espaço que é só delas. A obra não pertence ao artista, ele é o meio pelo qual ela se manifesta e ganha forma; muitas vezes é preciso parar e fazer um movimento de escuta para saber o que a obra está querendo. Dominamos os processos até um determinado ponto, porém, em alguns momentos ela vai se impondo: vai se dando a nós, se tivermos sensibilidade e paciência de ouvi-la.

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Para continuar pensando em arte e com arte: o que fica dessa experiência poética?

Uma pesquisa que envolve poética jamais se encerra, ela não possui um fim, pois está em movimento contínuo; quando encerramos uma etapa, logo, surgem outras inúmeras possibilidades de continuidade, é como se tecesse uma teia que vai, a cada dia, abrindo uma nova linha. O artista nunca se satisfaz com o término de um trabalho, ele sempre quer mais; talvez seja pelo fato de que a cada trabalho surjam novas ideias e possibilidades. E, que na realidade, o trabalho nunca tem um fim, talvez apenas uma etapa.

Podemos analisar o processo de pesquisa poética como algo que possui vida própria, mas, uma vida regida pelas mãos do artista. Assim, Derdyk (2001, p.52) sugere que “A imagem em si carrega esta potência vivificadora. Experimentar o gosto da mobilidade e da fugacidade da imagem suscita uma afinidade com a natureza geradora e mobilizadora do ato criador.”

Sendo assim, uma pesquisa jamais se encerra, mas possibilita que se amarre um ciclo de perguntas e provisórias respostas. Por estar em constante movimento, o artista e sua obra possuem essa “energia de vida”, que está sempre se renovando. Quando se tem uma experiência de criação, acontece interiormente, uma vontade incontida de extrapolá-la e pôr para fora, materializando-a através da arte.

Ao concluir esta pesquisa intelectual e poética, encerramos um ciclo, mas não encaramos com um final; pois se a possuímos, também ela nos possui, e coloca diante de nós infinitas possibilidades de exploração. É um movimento contínuo, uma possibilidade, e me apropriando mais uma vez de Derdyk (1997, p.35), encerro usando suas palavras que definem que “[...] a possibilidade só é possível porque é um talvez. A incerteza me mobiliza, apesar da ação ser absolutamente corriqueira, previsível e plena de certeza.”

REFERÊNCIAS

ARRUDA, T. de. “Alex Flemming: corpos e cadáveres”. In: BARBOSA, A. M. (org.).

Alex Flemming. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. p. 129-144.

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21 CATANNI, Icléia Borsa. “Mestiçagem na Arte Contemporânea: conceitos e desdobramentos”. In: CATANNI, I. B. (org.). Mestiçagem na Arte Contemporânea. Porto Alegre: editora da UFRGS, 2007. p. 21-34.

COCCHIARALE, F. “A transmutação da superfície pictórica”. In: BARBOSA, A. M. (org.). Alex Flemming. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. p. 101-106.

DERDYK, Edith. Linha de Horizonte: por uma poética do ato criador. São Paulo: Escuta, 2001.

DERDYK, Edith. Linha de costura. São Paulo: Editora Iluminuras, 1997.

Referências

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