Materiais e sua propriedades
2ºQ - 2017
Prof
a. Dr
a. Vânia Trombini Hernandes
Determinação da estrutura cristalina
Histórico
Os Raios X foram descobertos em 8 de novembro de 1895, pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen, quando realizava experimentos com os raios catódicos o que lhe deu o Nobel de Física em 1914. No Brasil as primeira radiografias foram obtidas em meados de março de 1896 na antiga escola Politécnica do Rio de Janeiro pelo Prof. Henrique Morize.
Em 1912 Von Laue, utilizando a teoria eletromagnética da luz previu teoricamente que os raios X podiam se difratados pelos cristais.
Em 1915 os Bragg receberam Nobel de Física pela determinação experimentalmente o reticulado cristalino do NaCl, KCl.
Raios -X
Espectro de radiação eletromagnética
Produção dos Raios X
Difração de raios X
Interação de elétrons com átomo, ilustrando o aparecimento de Raios X característicos do átomo
Produção dos Raios X
Porque usar raios X para estudo de
estruturas atômicas
Cristal típico
5 - 15Å
Emissões dos tubos de Mo e Cu
Mo (
=~0,7 Å) e Cu (
=~1,5 Å)
Material
Materiais cristalinos
(rede cristalina)
d = 5 – 15 Å
Radiação Incidente
Raios X
≈ 0,5 a 3,0 Å
Exemplo
Difração ocorre devido aos espaçamentos atômicos dos sólidos
serem da ordem do comprimento de onda da radiação X
Comprimento de onda dos raios X: 0,1-100 Å -
usual na análise de
DRX~0,5-3,0 Å
Usualmente é um parâmetro experimental fixo
(radiação incidente usada na análise)
Comprimento de onda da radiação -
Difração de raios X
Espalhamento de raios X por elemento não cristalino
Difração por um cristal: arranjos periódicos
de átomos (estruturas cristalinas) causam
interferência construtiva dos raios X em
algumas direções
Interação de raios X com a matéria
Em um arranjo aleatório de átomos, os
espalhamentos causados pelos átomos causam
interferência destrutiva e não há reflexões de
raios X
O fenômeno de difração ocorre quando uma onda encontra uma série de
obstáculos espaçados entre si de maneira regular, que:
(1) são capazes de espalhar a onda e (2) o espaçamento entre eles é comparável
em magnitude ao comprimento de onda.
Difração de raios X
Interferência construtiva
Difração de raios X
Diferença trajetória = n inteiro de ½ Fora de fase Amplitudes anulam Interferência destrutiva Interferência destrutiva
Raios -X
Quando um feixe de RX incide sobre um material sólido, uma fração desse
feixe se espalha em todas as direções pelos elétrons que estão associados a
cada átomo ou íon que se encontra na trajetória do feixe.
Difração de raios X e a Lei de Bragg
Planos átomos paralelos A-A’ e B-B’ (mesmos índices de Miller hkl) Separados por espaçamento interplanar (dhkl)
1 e 2 incidindo com ângulo dispersos pelos átomos P e Q
Se trajetória (1-P-1’ e 2-Q-2’) = n inteiro de = interferência construtiva (difração)
Difração de raios X e a Lei de Bragg
Difração de raios X e a Lei de Bragg
Lei de Bragg
n
= 2 d
hklsen
• n
– ordem de difração (número inteiro: 1, 2, 3 ...)
•
– comprimento de onda da radiação
• d
hkl– espaçamento interplanar de um determinado plano (hkl);
•
– ângulo de Bragg
Condição necessária, mas não suficiente, para ocorrência de feixe
difratado
Se ocorre feixe difratado, as condições satisfazem a Lei de Bragg
Se as condições satisfazem a Lei de Bragg, não necessariamente
Informações básicas que podem ser obtidas
de um difratograma
Intensidade relativa dos picos de difração Estrutura cristalina da fase
Distância interplanar do plano (hkl) que gerou o pico de difração
Parâmetros de rede da fase cristalina
Distância entre dois planos atômicos paralelos adjacentes, i.e.,
com os mesmos índices de Miller
Onde ao é o parâmetro de rede e h, k, l são os índices de Miller do
plano
Para estruturas cúbicas,
d
hklé dado por:
Distância ou espaçamento interplanar - d
hkla l + k + h = d 1 2 2 2 2 2 c l + a k + h = d 1 2 2 2 2 2 2 c l + a k + hk + h 3 4 = d 1 2 2 2 2 2 2 ) cos 2 + cos 3 -(1 a ) cos -cos hl)( + kl + 2(hk + sen ) l + k + h ( = d 1 3 2 2 2 2 2 2 2 2 c l + b k + a h = d 1 2 2 2 2 2 2 2 c l + b sen k + a h sen 1 = d 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 S h +S k +S l +2S hk+2S kl+2S hl V 1 = d 1 13 23 12 2 33 2 22 2 11 2 2 CÚBICO TETRAGONAL HEXAGONAL ROMBOÉDRICO ORTORRÔMBICO MONOCLÍNICO TRICLÍNICO V = Volume da célula; S11=b2c2sen2 S 22=a2c2sen2 S33=b2c2sen2
S12=abc2(cos cos - seng)
S23=a2bc(cos cos - sen)
S13=ab2c(cos cos – sen)
Distâncias interplanares
Exemplo de padrão de difração
(difratograma)
Câmara de Debye Scherrer
Difração de raios X
Diagrama de um Goniômetro
(difratômetro de raios-X)
AMOSTRA CÍRCULO DO DIFRATÔMETRO FENDA TUBO DE RAIOS-X ALVO EIXO FENDA RAIOS-X CONTADOR Computador + Software Raios-X de rotaçãoDifração de raios X
Difratômetro de raios-X
Difratômetro de Raios-X
Difratômetro de Raios-X
Exemplos de Aplicação da Análise de Difração
de raios-X
Identificação de fases cristalinas presentes no material,
incluindo polimorfos
Determinação quantitativa ou semi-quantitativa das fases
presentes
Cálculo das dimensões da cela unitária
Determinação de tensão residual no material
Determinação de orientação cristalográfica preferencial
(textura)
Determinação do tamanho dos cristalitos (cristais
nanométricos)
Identificação de fases em misturas de pós
Composto não for cristalino...
Banda larga
Polimorfos
da sílica
(SiO
2)
Difração de raios X
Exemplo de ficha de padrão de DRX
International Center for Diffraction Data (ICDD) – http://www.icdd.com/ Nitreto de silício (ficha parcial)
Fator de estrutura (F)
Estrutura Reflexões possivelmente
presentes Reflexões necessariamente ausentes (F = 0) Cúbica simples - CS Todos os planos (100), (110), (111), (200), (210), (211), (220), (300), (221), (310), (311), (222), (320), (321), (400), (410), (312), (411), (330), (331), (420) ... Nenhum plano Cúbica de corpo centrado - CCC (h + k + l) pares (110), (200), (211), (220), (310), (222), (321), (400), (411), (330), (420) ... (h + k + l) ímpares (100), (111), (210), (300), (221), (311), (320), (410), (312), (331) ... Cúbica de face
centrada - CFC h, k e l não misturados (111), (200), (220), (311), (222), (400), (331), (420) ... h, k e l misturados (100), (110), (210), (211), (300), (221), (310), (320), (321), (410), (312), (411), (330) ...
Difração de raios X
CS
CCC
CFC
S
S = h
2+ k
2+ l
2Indexação de padrões de cristais cúbicos
Estrutura S = h2 + k2 + l2 CS 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 ... CCC 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 ... CFC 3, 4, 8, 11, 12, 16 ...
2
d
hklsen
hkl 2 2 2 l k h a d 2 2 2 2 2 2 2a
4
S
sen
)
l
k
h
(
sen
2 2 2l
k
h
S
cte
a
4
2 2
+
ExemploDifração de raios X
EXERCÍCIO
Análise do padrão de difração de um metal com
estrutura cúbica
Raios X incidente de Cu (Kα):
= 0,154 nm
i) Plotar o difratograma em uma planilha Excel (Intensidade versus 2);
Cu = 0,154184 2 L mm Ir % 39 45 58 44,6 78 100 65,3 33 42 78,9 15 19 82,6 42 54 98,7 14 18
(ii)
i) Determinar o ângulo 2 e a intensidade relativa de cada pico dedifração (normalizar pelo pico mais intenso);
Cu = 0,154184 2 L mm Ir % sen dhkl 39 45 58 19,5 0,334 0,231 44,6 78 100 22,3 0,379 0,203 65,3 33 42 32,65 0,540 0,143 78,9 15 19 39,45 0,635 0,121 82,6 42 54 41,3 0,660 0,117 98,7 14 18 49,35 0,759 0,102
Difração de raios X
ii) Determinar o ângulo e calcular sen e dhkl = /2 sen
Cu = 0,154184 2 L mm Ir %
sen dhkl sen2() SCS sen2()/SCS
39 45 58 19,5 0,334 0,231 0,111 1 0,111 44,6 78 100 22,3 0,379 0,203 0,144 2 0,072 65,3 33 42 32,65 0,540 0,143 0,291 3 0,097 78,9 15 19 39,45 0,635 0,121 0,404 4 0,101 82,6 42 54 41,3 0,660 0,117 0,436 5 0,087 98,7 14 18 49,35 0,759 0,102 0,576 6 0,096
iii) Determinar o ângulo e calcular sen2 e sen2/S
estrtura
2 I (mm) Ir (%) sen() dhkl (nm) sen2() S CS sen2()/SCS SCCC sen2()/S C CC SCFC sen2()/SCFC (hkl) (h2+k2+l2)1/2 a (nm) 39,0 45 58% 19,5 0,334 0,231 0,111 1 0,111 2 0,0557 3 0,0371 (111) 1,73 0,400 44,6 78 100% 22,3 0,379 0,203 0,144 2 0,072 4 0,0360 4 0,0360 (200) 2,00 0,406 65,3 33 42% 32,7 0,540 0,143 0,291 3 0,097 6 0,0485 8 0,0364 (220) 2,83 0,404 78,9 15 19% 39,5 0,635 0,121 0,404 4 0,101 8 0,0505 11 0,0367 (311) 3,32 0,402 82,6 42 54% 41,3 0,660 0,117 0,436 5 0,087 10 0,0436 12 0,0363 (222) 3,46 0,405 98,7 14 18% 49,4 0,759 0,102 0,576 6 0,096 12 0,0480 16 0,0360 (400) 4,00 0,406 Sequência
incorreta Sequência incorreta Sequência correta média 0,404
Estrutura CFC desvio-padrão 0,002
Ouro (Au): CFC
a = 0,40786 nm
Fonte: Cullity, Elements of X-ray diffraction, 2 ed.
Raios X incidente de Cu (Kα): = 0,1541838 nm