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A Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira : contribuições para a educação científica na rede municipal de ensino de Cariacica-ES

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CRISTIANE RAMOS TEIXEIRA

A ESTAÇÃO DE CIÊNCIAS MARGARETE CRUZ PEREIRA: CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO CIENTÍFICA NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE

CARIACICA-ES

Vitória 2015

(2)

A ESTAÇÃO DE CIÊNCIAS MARGARETE CRUZ PEREIRA: CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO CIENTÍFICA NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE

CARIACICA-ES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Educação em Ciências e Matemática.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Augusto Moscon Oliveira

Vitória 2015

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(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo) T266e Teixeira, Cristiane Ramos.

A Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira: contribuições para a educação científica na rede municipal de ensino de Cariacica-ES / Cristiane Ramos Teixeira. – 2015.

188 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Eduardo Augusto Moscon Oliveira.

Dissertação (mestrado) – Instituto Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática, Vitória, 2015.

1. Ciência – Estudo e ensino. 2. Educação – Métodos

experimentais. 3. Educação não-formal. 4. Inovações educacionais. 5. Professores – Formação. 6. Prática de ensino. I. Oliveira, Educardo Augusto Moscon. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título.

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Declaro, para fins de pesquisa acadêmica, didática e técnico-científica, que a presente dissertação pode ser parcialmente utilizada desde que se faça referência à fonte e à autora.

Vitória, 18 de dezembro de 2015.

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À minha família, meu tesouro precioso, pela compreensão dos momentos de ausência. À minha mãe Raquel e ao meu pai Adevaldo pela sabedoria ao me educar, me mostrando sempre o valor da educação e me ensinando a valorizar as pequenas coisas da vida; Aos meus irmãos Keyla, Welberth e Davi, e minhas sobrinhas Vitória e Melanie, presentes em minha vida; Ao meu esposo Carlos Roberto, pelo companheirismo, compreensão e amor em todos os momentos desta produção e por sempre colocar uma música para eu escutar nos momentos de aflição da escrita.

À Mara Regina Miranda (in memoriam), apoiadora incondicional deste trabalho, que soube viver sem ter a vergonha de ser feliz...

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz, Cantar, A beleza de ser um eterno aprendiz Eu sei Que a vida devia ser bem melhor e será, Mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita!”

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Ao professor Dr. Eduardo Moscon, meu orientador, pela atenção, disponibilidade, sensibilidade e sabedoria. Obrigada pelas reflexões, por me apresentar novos caminhos e por acreditar no meu trabalho.

Ao Grupo de Estudo e Pesquisa em Alfabetização Científica e Espaços de Educação Não-Formal, em especial às professoras Dra. Manuella Amado e Priscila Chisté, pelas reflexões durante o mestrado que tanto contribuíram para esta pesquisa. Obrigada por terem aceitado o convite de participarem da banca. Vocês realmente formam uma “parceria gêmea!!!”.

Ao professor Dr. Rogério Drago por ter aceitado o convite de participar da banca e pelas contribuições com este trabalho.

Ao programa Educimat pela formação que vem proporcionado a nós professores da educação básica.

Aos alunos e alunas da turma 2013/2 do Educimat por compartilharem tantos momentos ricos durante o curso.

Ao grupo de estudos e pesquisas em pedagogia histórico-crítica e educação escolar, da Ufes, com carinho especial a coordenadora Ana Carolina Galvão Marsiglia.

Aos amigos Robson, Luz Marina, Michele, Evandro, Thayana, Fabiano e Vânia pelo envolvimento na pesquisa e pela colaboração na formação/investigação.

A toda a equipe técnica, pedagógica e administrativa da Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, com um carinho especial agradeço à eterna diretora e amiga Mara Regina (in memoriam) que abraçou junto comigo esta pesquisa, viabilizando para que os momentos na Estação de Ciências fossem especiais.

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Aos professores da rede municipal de ensino de Cariacica-ES que participaram do curso. Agradeço pela dedicação aos estudos, envolvimento na pesquisa e por tornarem possível a realização deste trabalho. Meu muito obrigada!!

À amiga companheira de todas as horas, Maria Luiza, que compartilhou comigo todo o caminhar desta pesquisa, pesquisando junto. Considero-a como co-autora. Você é muito especial. Dividimos angústias, dúvidas, inseguranças, desafios e também multiplicamos alegrias, conhecimentos, experiências, aprendizados, descobertas. Como crescemos nesse pequeno período do curso.

À amiga Nardely e ao amigo Wellington que junto com Maria Luiza e eu formamos o grupo “Entre amigos”. Grupo de estudos, risadas, choros, angústias. Junto à vocês sei que estarei sempre “entre amigos”.

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar as potencialidades educativas da Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, visando a contribuir com a promoção de uma Educação Científica na rede municipal de ensino de Cariacica-ES numa perspectiva histórico-crítica, emancipatória, contextualizada, que leve em consideração a cultura e a historicidade do município. A investigação surgiu da inquietação de como a Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, no âmbito de suas potencialidades, pode contribuir para a Educação Científica desse município. Utilizando-se da pesquisa qualitativa, com procedimentos característicos da pesquisa-ação, a investigação foi realizada por meio da formação com professores da rede municipal de ensino de Cariacica-ES, sendo a pedagogia histórico-crítica a base teórico metodológica no processo de investigação e pesquisa/formação. A formação, desenvolvida com a mediação de professores formadores e a interação dos sujeitos e os espaços não-formais de Educação visitados, propiciou um estudo teórico-prático sobre Educação Científica na abordagem histórico-crítica, de modo interdisciplinar, articulando o ensino de Ciências aos espaços não-formais de Educação, com foco na Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, em Cariacica-ES. O ensino de Ciências com uma abordagem crítica e contextualizada desmitifica a ciência, caracterizando-a como atividade humana e cultural, necessária para a formação de todo cidadão. Os espaços não-formais de Educação dinamizam e ampliam o universo escolar, relacionando teoria e prática, podendo favorecer um olhar crítico sobre a realidade. A formação com os professores possibilitou a articulação entre as disciplinas envolvidas culminando com a elaboração de práticas pedagógicas a serem desenvolvidas na Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira em Cariacica-ES. Práticas essas que visam a aproximar ciência, cultura, tecnologia

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integral de sujeitos críticos e participativos. Também foi construído um produto educativo, como parte desta pesquisa, que consiste em um livro que apresenta a Estação de Ciências estudada, bem como as práticas pedagógicas elaboradas pelos professores.

Palavras-chave: Educação Científica. Espaço Não-Formal de Educação. Estação

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

ABSTRACT

This work aims to analyze the educational potential of Margarete Sciences Station Cruz Pereira, aiming to contribute to the promotion of science education in municipal Cariacica-ES teaching a historical-critical perspective, emancipatory, contextualized, that takes into account culture and historicity of the municipality. The investigation arose from caring as the Science Station Margarete Cruz Pereira, within its capabilities, can contribute to science education that municipality. Using qualitative research with characteristic procedures of action research, research was carried out through training with teachers of municipal schools of Cariacica-ES, and the historical-critical pedagogy methodological theoretical basis of the research process and research / training. The training, developed with the mediation of former teachers and the interaction of individuals and non-formal spaces visited Education, provided a theoretical and practical study of science education in the historical-critical approach, an interdisciplinary approach, linking science teaching to non-formal spaces of education, focusing on Margarete Sciences Station Cruz Pereira in Cariacica-ES. Science education with a critical and contextualized approach demystifies science, characterizing it as human and cultural activity, necessary for the formation of every citizen. Non-formal education spaces streamline and extend the school universe, linking theory and practice, which may favor a critical look at the reality. Training with teachers allowed the relationship between the disciplines involved culminating in the development of teaching practices to be developed in Margarete Sciences Station Cruz Pereira in Cariacica-ES. These practices that aim to bring science, culture, technology and environment to the interests of those involved, stimulating creativity, so as to come to contribute to learning and to the integral formation of critical and participative subjects. It also has built an educational

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Keywords: Science Education. Space Non-Formal Education. Science Station. Teacher Training.

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Figura 1 - Instituto Ricardo Brennand - Pernambuco... 34

Figura 2 - Espaço Ciência – Pernambuco ... 34

Figura 3 - Parque Estadual de Vila Velha - Paraná ... 35

Figura 4 - Museu Imperial – Rio de Janeiro ... 35

Figura 5 - Mapa da divisão político-administrativa de Cariacica-ES ... 90

Figura 6 - Foto do município de Cariacica-ES ... 90

Figura 7 - Aspectos naturais e culturais do município de Cariacica-ES ... 91

Figura 8 - Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira ... 96

Figura 9 - Trajetos de acesso à Estação de Ciências... 97

Figura 10 - Piscina e prédio com o refeitório e o laboratório de informática ... 98

Figura 11 - Refeitório ... 98

Figura 12 - Prédio com salas de aula, sala de professores e secretaria escolar ... 99

Figura 13 - Térreo do prédio das salas de aula ... 99

Figura 14 - Quadra de esportes ... 100

Figura 15 - Sala de aula organizada para atividade da Estação de Ciências ... 100

Figura 16 - Reservatório de água ... 101

Figura 17 - Visão do reservatório de água e de parte da Mata Atlântica ... 101

Figura 18 - Trabalho realizado pelos alunos da Escola do Campo sobre ervas medicinais e hortaliças ... 102

Figura 19 - Horta ... 102

Figura 20 - Telescópio do observatório astronômico ... 103

Figura 21 - Placa de homenagem e inauguração da Estação de Ciências ... 105

Figura 22 - Cartaz de divulgação do curso ... 107

Figura 23 - Blog da formação/investigação ... 113

Figura 24 - Abertura do curso ... 114

Figura 25 - Abordagem sobre história das Ciências ... 115

Figura 26 - Mediação do tema Educação Científica na perspectiva histórico-crítica ... 123

Figura 27 - Recepção dos professores na Estação de Ciências ... 126

Figura 28 - Início do circuito de visitação na Estação de Ciências ... 127

Figura 29 - Trilha até o mirante ... 128

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Figura 33 - Circuito Astronômico ... 135

Figura 34 - Circuito Cultural ... 135

Figura 35 - Circuito Recreativo ... 135

Figura 36 - Circuito Ambiental ... 135

Figura 37 - Circuito Agropecuário... 135

Figura 38 - Visita à Escola da Ciência – Biologia e História ... 137

Figura 39 - Continuação da visita à Escola da Ciência – Biologia e História ... 138

Figura 40 - Desenvolvimento da prática “Trilha com espelhos” ... 140

Figura 41 - Desenvolvimento da prática “Pegada ecológica”... 140

Figura 42 - Relógio solar e maquete do telescópio ... 141

Figura 43 - Desenvolvimento das oficinas do Circuito Astronômico ... 142

Figura 44 - Desenvolvimento do circuito agropecuário ... 144

Figura 45 - Desenvolvimento do Circuito Cultural ... 145

Figura 46 - Desenvolvimento das práticas do circuito recreativo ... 147

Figura 47 - Foto ao final do desenvolvimento das práticas na Estação de Ciências ... 148

Figura 48 - Plenária de apresentação dos textos dos circuitos ... 150

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Quadro 1 - Ações e objetivos da primeira fase da investigação ... 38

Quadro 2 - Ações e objetivos da segunda fase da investigação ... 39

Quadro 3 - Ações Estruturais Norteadoras da Educação em Cariacica-ES. ... 94

Quadro 4 - Estrutura do curso de formação/investigação ... 111

Quadro 5 - Planejamento da Visita à Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira ... 125

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Gráfico 1 - Local de trabalho em Cariacica ... 108

Gráfico 2 - Vínculo com o município ... 109

Gráfico 3 - Tempo de Serviço no Município ... 109

Gráfico 4 - Formação Acadêmica ... 109

Gráfico 5 - Nível de Ensino de Atuação... 109

Gráfico 6 - Função Exercida ... 110

Gráfico 7 - Índice opinião sobre Ciências como construções culturais humanas .... 117

Gráfico 8 - Índice opinião independência do cientista em relação às questões culturais ... 117

Gráfico 9 - Índice opinião de os estudantes aprenderem a ciência dos cientistas .. 118

Gráfico 10 - Índice opinião currículos privilegiam conhecimentos profundos e abstratos ... 118

Gráfico 11 - Realização de práticas pedagógicas fora do ambiente escolar... 119

Gráfico 12 - Dificuldade em realizar práticas pedagógicas fora do ambiente escolar ... 119

Gráfico 13 - Dificuldades encontradas na realização de práticas pedagógicas fora do ambiente escolar ... 120

Gráfico 14 - Percepção de falta de lugares em Cariacica para aula de campo ... 120

Gráfico 15 - Manifestação sobre os Espaços não-formais de Educação do município de Cariacica ... 121

(18)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 18

2 CAMINHOS PERCORRIDOS NO PROCESSO INVESTIGATIVO ... 29

2.1OESTUDO ... 29

2.2OLOCALDAPESQUISA ... 31

2.3 PROTAGONISTAS DA PESQUISA: PESQUISADOR COLETIVO ... 32

2.4AORGANIZAÇÃODASFASESEPROCEDIMENTOSPARAAPRODUÇÃO DOS DADOS ... 32

3 ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, CRÍTICA E CIDADÃ ... 41

3.1 A CIÊNCIA E O CONTEXTO HISTÓRICO SOCIAL ... 41

3.2 TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO DE CIÊNCIAS: DIFERENTES TENDÊNCIAS E NOVAS PERSPECTIVAS ... 45

3.3 A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA ... 50

3.4 A EDUCAÇÃO CIENTÍFICA NA ABORDAGEM HISTÓRICO-CRÍTICA E SEUS CONTEXTOS ... 64

3.5OSESPAÇOSNÃO-FORMAISDEEDUCAÇÃO:CENTROSEMUSEUSDE CIÊNCIAS ... 72

3.6OENSINODECIÊNCIASARTICULADOAOSESPAÇOSNÃO-FORMAISDE EDUCAÇÃO ... 81

4 A ESTAÇÃO DE CIÊNCIAS MARGARETE CRUZ PEREIRA NO MUNICÍPIO DE CARIACICA/ES ... 89

4.1CONHECENDOUMPOUCODASCARACTERÍSTICASEDAHISTÓRIADO MUNICÍPIODECARIACICA-ES ... 89

4.2 PANORAMA EDUCACIONAL DE 2005 A 2013 DA REDE DE ENSINO DE CARIACICA-ES ... 94

4.3 A ESTAÇÃO DE CIÊNCIAS MARGARETE CRUZ PEREIRA ... 95

5 O TRABALHO DE FORMAÇÃO/INVESTIGAÇÃO COM EDUCADORES DO MUNICÍPIO DE CARIACICA/ES ... 106

5.1 PERFIL PROFISSIONAL DOS EDUCADORES INSCRITOS NO CURSO ... 108

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6 A CONSTRUÇÃO DO PRODUTO EDUCATIVO A PARTIR DAS PROPOSTAS

E DAS PRÁTICAS DOS EDUCADORES ... 152

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 154

REFERÊNCIAS ... 159

APÊNDICEA – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 167

APÊNDICEB – CARTA PROPOSITIVA PARA REALIZAÇÃO DA FORMAÇÃO/INVESTIGAÇÃO ... 168

APÊNDICE C – FICHA DE INSCRIÇÃO DA FORMAÇÃO/INVESTIGAÇÃO ... 171

APÊNDICED – PRIMEIRO QUESTIONÁRIO RESPONDIDO PELOS PROFESSORES ... 172

APÊNDICE E – ATIVIDADE DO CURSO - ESTUDO DE CASO ... 174

APÊNDICE F – PLANEJAMENTO DA AULA DE CAMPO ... 176

APÊNDICE G – INSTRUMENTO DE ANÁLISE DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA A ESTAÇÃO DE CIÊNCIAS ... 177

APÊNDICE H – QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DOS MOMENTOS VIVENCIADOS DURANTE A FORMAÇÃO/INVESTIGAÇÃO ... 178

APÊNDICE I - CRONOGRAMA DA PESQUISA ... 179

ANEXO A - CARTA DE SOLICITAÇÃO DE REALIZAÇÃO DE PESQUISA ... 180

ANEXOB-CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA NA INSTITUIÇÃO... 181

ANEXOC-CARTA À SEME-VITÓRIA SOLICITAÇÃO AUTORIZAÇÃO PARA VISITA À ECBH ... 182

ANEXOD-E-MAIL DE RESPOSTA DA SEME-VITÓRIA ... 183

ANEXOE-FOLDER INFORMATIVO DO ANTIGO COLÉGIO CAMPO GRANDE E DO OBSERVATÓRIO ASTRONÔMICO ARISTARCO DE SAMOS ... 184

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho se insere na luta pelo direito à educação. E não é qualquer educação. É pela luta do direito de todos os cidadãos à educação escolar pública. Sendo assim, ao se referir à educação em uma sociedade verdadeiramente democrática esta deve ser ofertada a todos, sem distinção, com condições de acesso e permanência.

Marshall (1967) distingue os direitos em civis, políticos e sociais. Os direitos civis são aqueles relacionados ao exercício da liberdade individual, assim como o acesso aos instrumentos de defesa de todos os direitos. Nos direitos políticos incluem-se todos os direitos ligados à participação no poder político. Os direitos sociais correspondem ao acesso de todos os indivíduos no nível mínimo de bem-estar possibilitado pelo padrão da sociedade vigente. Nessa classificação, no Brasil a educação constitui-se como um direito social, público subjetivo, legislado pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394/1996.

Com efeito, a educação para além de se constituir em determinado tipo de direito, configura-se como condição sine qua non para o exercício de todos os direitos sejam eles civis, políticos, sociais, econômicos ou de qualquer outra natureza. grafia

Contudo, há uma grande distinção entre a proclamação de direitos e a sua efetivação. Em relação ao direito à educação escolar e no que se refere ao processo ensinoaprendizagem1 esse direito ainda está aquém do que se espera alcançar. Fatores como: o currículo, a gestão escolar, recursos para a educação, a participação da família no processo ensinoaprendizagem, a valorização do magistério, entre outros, podem influenciar na educação escolar, o que demonstra a necessidade de cumprimento de deveres pelo Estado, sociedade e pela família, para a efetivação do direito à educação escolar.

1

Adotamos neste trabalho a grafia ensinoaprendizagem por melhor expressar a síntese da relação das duas palavras.

(21)

Entre os fatores mencionados que podem interferir na educação escolar, encontra-se o currículo, esencontra-se muitas vezes, prescrito, pode encontra-se tornar fechado, encontra-sem visão crítica e reflexiva, o que pode levar ao desenvolvimento de práticas pedagógicas descontextualizadas e que pouco podem contribuir para a formação intelectual, social e crítica dos educandos. Um currículo construído numa perspectiva cidadã, não pode negar o acesso à Educação Científica2, uma vez que essa pode possibilitar ao sujeito que ele se torne um cidadão autônomo e participativo no processo da construção de cidadania.

O conhecimento científico não pode ser patrimônio de uma minoria. A escola deve ser um espaço democrático de acesso aos conhecimentos historicamente construídos. Sem acesso a esses conhecimentos, perde-se a reflexão crítica, a opinião argumentada, o poder de tomar decisões autônomas em diversas perspectivas e a rápida resposta às mudanças. O conhecimento científico pode contribuir para transformar as condições de vida das pessoas, possibilitando a construção de um mundo mais igualitário e justo (MERINO, 2005).

De acordo com autores como Krasilchik e Marandino (2007) e Chassot (2011), é por meio da Educação Científica que se promove a emancipação humana, a formação de sujeitos éticos, o desenvolvimento social e econômico, a compreensão dos direitos e deveres, a valorização e afirmação da vida, o reconhecimento da diversidade, a superação da exclusão social, enfim, o exercício da autonomia necessária para a vida social. Neste sentido, a Educação Científica representa na atualidade, uma área fundamental para o desenvolvimento integral dos alunos, tanto ao nível de funções cognitivas, como da preparação para a cidadania, e como uma via de progresso tecnológico e econômico das sociedades.

A partir desse entendimento, mudanças significativas vêm ocorrendo no ensino como o incentivo a projetos voltados para a Educação Científica e transformações curriculares que incorporem abordagens práticas e problematizadoras ao processo

2 Entendemos, a partir de autores como Vale (2013), Teixeira (2003) e Chassot (2003; 2011), que a

Educação Científica significa a apropriação de conhecimentos científico, social e cultural para participar ativamente de debates públicos sobre questões referentes à ciência, compreendendo seu processo contraditório e dialético no qual estamos envolvidos.

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ensinoaprendizagem, congregando efetivamente a prática e a reflexão científicas na vida escolar e social dos estudantes.

Nesse contexto, este trabalho apresenta como proposta a investigação de um espaço não-formal de Educação como locus para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que possam contribuir com a Educação Científica.

O interesse nessa investigação resulta da minha trajetória como professora e pedagoga do município de Cariacica-ES, inserida em ações educativas de fomento à participação coletiva, à gestão democrática, à cidadania, ao respeito à diversidade, à inclusão social, ao acesso ao conhecimento científico de forma crítica, contextualizada, transformadora e emancipatória. A percepção e a frustração da distinção entre o direito proclamado e o efetivo marcam o início da minha vida profissional nessa rede de ensino. Isso me conduziu a buscar alternativas para superar essa situação, o que me instiga hoje a investigar caminhos possíveis para uma Educação Científica, pois a entendo como promissora de cidadania, o que pode contribuir para a formação consciente de cada pessoa de seus direitos e obrigações, garantindo que estes sejam colocados em prática.

A preocupação e o engajamento na luta pelos direitos iniciam-se na minha adolescência e juventude com a participação em movimentos sociais ligados a comunidades eclesiais de base, se intensificando e inclinando à educação com o curso de Pedagogia, em 2002, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O curso de Pedagogia ampliou minha visão de mundo. Em busca de aprender mais participei intensamente da vida acadêmica, principalmente em seminários, congressos, grupos de estudos, grêmios estudantis, entre outros. A monitoria no colegiado acadêmico do Centro de Educação possibilitou ficar em tempo integral na universidade, dedicando-me ainda mais à vida acadêmica. Por meio da disciplina Perspectiva em Educação Popular, passei a conhecer a história da educação popular, o contexto em que surge no Brasil, a questão da luta de classes, compreendendo melhor e fundamentando teoricamente o meu engajamento em movimentos sociais.

(23)

No decorrer do curso passei a estagiar na área de gestão escolar em uma escola privada, de ensino médio e profissionalizante, no município de Vitória, e logo fui contratada. Essa experiência profissional na gestão escolar contribuiu para a definição da habilitação em Gestão Educacional no curso de Pedagogia.

Com a aproximação do encerramento da graduação em Pedagogia e percebendo que durante o curso poucas foram as atuações na docência, senti a necessidade de ampliar experiências nessa área, buscando acrescentar àquelas já vividas no mundo do trabalho. Iniciei estágio na docência em outra escola privada, também em Vitória, conciliando as atividades nas duas escolas.

No final de 2005 havia prestado concurso para ingresso no magistério da rede municipal de ensino de Cariacica, cidade onde moro. Fui convocada no final de 2006 para assumir a cadeira de professora dos anos iniciais do ensino fundamental nesse município, e trabalhei a partir de então apenas nessa rede pública. Assim iniciou minha história como professora da rede pública municipal de ensino de Cariacica e a paixão por esse município.

A percepção do hiato existente entre as duas redes de ensino, pública e privada, foi imediata. O atendimento prestado ao aluno, a garantia de seus direitos, o acesso ao conhecimento e suas respectivas experimentações e vivências, a utilização de tecnologias inovadoras, a metodologia de ensino, o compromisso dos professores, o número de alunos em sala de aula, a participação da família, a estrutura física das escolas, tudo era muito díspar. Para além dessas questões também chamava atenção o grande número de estudantes em distorção idade-série, o que representava nitidamente o quadro de desigualdade e injustiça social em que os alunos se inseriam.

Essa situação me levou a buscar alternativas para compreender melhor o processo ensinoaprendizagem de modo a orientar minha práxis3. Nessa busca, a

3

Entendemos práxis a partir das ideias de Marx, como atividade teórico-prática em que a teoria se modifica constantemente com a experiência prática, que por sua vez se modifica constantemente com a teoria, de modo que nem a teoria se cristaliza como um dogma e nem a prática se cristaliza numa alienação (KONDER, 1992).

(24)

Psicopedagogia foi minha opção de curso de especialização. No entanto, percebia na escola em que atuava que a maioria dos alunos era negra, marginalizada e que no processo ensinoaprendizado, outras questões mais amplas estavam envolvidas para além das possíveis dificuldades de aprendizado apresentadas pelos alunos. Foi então que decidi, como trabalho de conclusão desse curso, estudar a elaboração e a implementação da Lei Federal Nº 10.639/20034 e suas relações com o processo ensinoaprendizado.

Antes de concluir esse curso fui convidada a trabalhar na Gerência Administrativa da Secretaria Municipal de Educação de Cariacica (Seme), o que acabou por me distanciar da sala de aula, mas, por outro lado, oportunizou ampliar a visão sobre o sistema educacional do município, a conhecer as escolas que compõem a rede, bem como conhecer melhor o município em que habito.

Na secretaria de educação, em diálogo com outros colegas da Seme, organizamos o Grupo de Trabalho para Estudos Afro-brasileiros (GTAFRO). Foram 04 anos de inserção no grupo realizando estudos e pesquisas nessa área, ações junto às escolas, formação de professores, parceiras com os Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da Ufes e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).

Com esses estudos pude conhecer melhor a história do munícipio de Cariacica marcada até antes de 2005, pelo clientelismo e mandonismo na política e na educação. Apesar de sempre residir e estudar no município, a falta de criticidade no ensino ofertado na maioria das escolas não abordava as contradições que constituíram sua história e que acarretaram muitas das consequências negativas que o município vivencia hoje em diversas áreas, inclusive na educação.

Concomitante às ações no GTAFRO, trabalhei na assessoria da Gerência de Educação Cidadã e na Coordenação de Gestão Democrática e Política Educacional.

4

Essa lei inclui nos estabelecimentos oficiais de ensino o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

(25)

Com a realização desses trabalhos é que a educação foi se confirmando para mim como um fenômeno determinado pelo modo de produção capitalista, pela estrutura da sociedade, pela correlação de forças, pelo controle político exercido por meio da dominação e hegemonia, mas, por outro lado, a educação também foi se confirmando como um dos instrumentos de transformação social, o que me levou a compor o Conselho Municipal de Educação de Cariacica (Comec), onde fui eleita presidente, ampliando o compromisso de lutar por condições objetivas para uma educação emancipadora.

No Comec ampliei minha área de atuação na educação, agora na organização e fiscalização do sistema municipal de ensino. Como terceira presidente do Conselho, percebi ali minha grande responsabilidade com a educação municipal que iria muito além daquela primeira sala de aula. Envolvia agora toda uma rede de ensino.

A condução desse processo se deu por meio do diálogo, da participação coletiva dos diversos segmentos sociais que constituem o Conselho. Essa atuação me fez adentrar no campo das políticas públicas educacionais levando a participar do Fórum Municipal de Educação, das Conferências Municipal e Estadual de Educação, bem como a participar em âmbito nacional de ações em prol do fortalecimento dos conselhos municipais de educação e dos conselhos escolares.

Essas oportunidades de trabalho me enriqueceram profissionalmente e me fizeram compreender as diversas questões que são intrínsecas ao processo ensinoaprendizagem que vão para além da sala de aula, da relação professor-aluno.

Foi no desenvolver das atividades do Conselho que me aproximei das ações realizadas pela Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira em Cariacica-ES, ao atender ao Ministério Público Municipal quanto à solicitação de parecer do Comec sobre a pertinência dessa unidade de ensino para a educação do município.

Outro momento de aproximação foi quando a Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira sediou uma das bases para o desenvolvimento da

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pesquisa etnoarqueológica5 na comunidade de Roda D’Água, e, como membro do GTAFRO, acompanhei a pesquisa.

Estar naquele espaço e dialogar com membros da comunidade escolar me oportunizaram mais do que uma aproximação, pude vivenciar algumas das ações ali desenvolvidas que expressavam o prazer dos alunos em estudar naquela escola, a relação desses com o conhecimento científico, o engajamento dos professores, a riqueza cultural do município, o sentimento de pertencimento dos moradores por aquela região, o orgulho de terem no lugar em que moravam um espaço como aquele. Um local que traz uma mistura de ciência, tecnologia, cultura e natureza.

Em 2013 passei a trabalhar na assessoria da Subsecretaria Pedagógica, o que possibilitou acompanhar mais de perto a ECECMCP e a interessar-me em estudar aquele espaço em âmbito investigativo. Assim, ao conhecer a proposta do mestrado do Ifes, com o intuito de buscar meios para realizar a minha investigação, me inscrevi no processo seletivo.

O ingresso no mestrado possibilitou um aprofundamento teórico apontando caminhos em âmbito científico instigando-me ainda mais a estudar a Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira. Mas foi, sobretudo, durante as aulas de campo no mestrado, vivenciando os momentos pedagógicos, a interação entre os alunos e desses com o professor, a relação com o conhecimento científico e sua consolidação a partir da interação com os espaços e a mediação do professor, que se deu a concretização mental da importância dos espaços não-formais de Educação nos processos educativos, reafirmando meu interesse em investigar a Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, delimitando os estudos à Estação de Ciências, como local de possibilidades de aprendizagens científicas, que possam ser abordadas de forma crítica, contextualizada, refletindo sobre os fatores sociais, históricos, econômicos, culturais que os envolve, bem como a historicidade do município de Cariacica.

5

Esta pesquisa teve como objetivo identificar comunidades quilombolas e indígenas do município de Cariacica, suas manifestações culturais e modos de vida.

(27)

A partir desse momento, com a clareza do interesse em estudar a Educação Científica, os espaços não-formais de Educação em parceria com as escolas e a pedagogia histórico-crítica, visitei alguns espaços não-formais de Educação buscando me aproximar das atividades desenvolvidas pelos mesmos; realizei um levantamento de pesquisas desenvolvidas nessa área e ingressei em dois grupos de estudos e pesquisas que além de contribuírem com fundamentação teórica, me apontaram caminhos para o aperfeiçoamento da minha formação pedagógica.

No Grupo de estudos e pesquisas em pedagogia histórico-crítica e educação escolar, na Ufes, tive a oportunidade de cursar, como aluna convidada, a disciplina Dimensões Teóricas e Práticas da Pedagogia Histórico-Crítica, ministrada pelos professores Dermeval Saviani e José Claudinei Lombardi, na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, em parceria com o Programa Pós-graduação em Educação da Ufes, por meio de aulas presenciais e videoconferências.

O Grupo de Estudo e Pesquisa em Alfabetização Científica e Espaços de Educação Não-Formal (Gepac), no Ifes, me possibilitou discussões e aprofundamentos em conceitos a respeito das potencialidades educativas dos espaços não-formais de Educação, bem como um riquíssimo estudo teórico-prático em diversos espaços não-formais de Educação do Espírito Santo.

Esses estudos e vivências no mestrado me remeteram à seguinte questão de pesquisa: em que medida a Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, no âmbito de suas potencialidades, pode contribuir com a promoção de uma Educação Científica de perspectiva crítica na rede de ensino de Cariacica-ES?

A partir de diálogos iniciais com os professores da Estação de Ciências de Cariacica-ES e com técnicos pedagógicos da SEME, foi organizado um momento coletivo de estudo e investigação junto com professores da rede de ensino de Cariacica-ES sobre Educação Científica na perspectiva histórico-crítica, e práticas pedagógicas em espaços não-formais de Educação, com foco na Estação de Ciências de Cariacica-ES.

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Apresentando como ponto de partida o questionamento inicial de pesquisa, este trabalho de investigação coletiva teve como objetivo geral:

Analisar as potencialidades educativas da Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira visando a contribuir com a promoção de uma Educação Científica na rede de ensino do município de Cariacica-ES, numa perspectiva crítica, emancipatória, contextualizada, que leve em consideração a cultura e a historicidade do município.

Elencando como objetivos específicos:

a) Discutir a Educação Científica nos espaços não-formais de Educação no contexto de uma perspectiva histórico-crítica;

b) Identificar os diferentes contextos de ensinoaprendizado na Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, de Cariacica-ES;

c) Estabelecer diálogos com os professores da rede municipal de Cariacica por meio de formação/investigação com vistas a ampliar o conhecimento sobre práticas pedagógicas voltadas à promoção da Educação Científica;

d) Construir material didático com propostas de atividades pedagógicas que possam ser desenvolvidas na Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, de Cariacica-ES, de modo a auxiliar os professores em seus planejamentos pedagógicos.

É nesse espaço de diálogo, aspirações e anseios, que constituem as discussões deste trabalho, que pretendemos refletir a respeito de práticas pedagógicas em espaços não-formais de Educação como possibilidade de vir a contribuir para a Educação Científica no município de Cariacica-ES. Defende-se aqui que essas práticas educativas, desenvolvidas a partir de uma proposta pedagógica condizente, podem dinamizar e ampliar o ambiente escolar e o processo ensinoaprendizagem, relacionando teoria e prática, podendo favorecer um olhar crítico sobre a realidade.

Nesse contexto, o trabalho foi estruturado em seis partes. Na primeira parte é apresentado o percurso metodológico realizado para desenvolvimento da pesquisa,

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explicitando as escolhas durante o caminho. São expostos e discutidos os aspectos gerais da pesquisa, o fundamento e a abordagem, o local da investigação, os protagonistas da pesquisa, as fases, o processo na produção de dados e as técnicas utilizadas.

Na segunda parte intitulada de Espaços de Educação Científica, crítica e cidadã, são apresentados os referenciais teóricos que balizaram toda a pesquisa. Inicialmente buscou-se analisar o contexto histórico social da Ciência, visando a compreender a importância da promoção da Educação Científica e do conhecimento científico. Na sequência, são apresentadas as transformações ocorridas no ensino de Ciências, influenciadas pelo desenvolvimento científico e as novas perspectivas apontadas para o processo ensinoaprendizado.

Para compreender melhor o papel transformador da educação que se configura como condição essencial para o exercício de todos os direitos, recorremos aos fundamentos teóricos, filosóficos e pedagógicos da pedagogia histórico-crítica, que fundamenta todo o trabalho.

Neste contexto, discute-se a importância de uma Educação Científica a partir de uma dimensão histórica, democrática, emancipatória e crítica que considere os interesses populares, por meio de um ensino voltado para a socialização do conhecimento científico como ferramenta para o enfrentamento organizado das contradições sociais. Em seguida analisa-se como os diferentes contextos educacionais tem assumido esse compromisso, apontando para a necessidade e a relevância da parceria entre espaços formais e não-formais de Educação para a promoção da Educação Científica.

Essa questão levou a refletir acerca de possibilidades de desenvolvimento de práticas pedagógicas em espaços não-formais de Educação dinamizando o processo ensinoaprendizado de Ciências.

Toda essa discussão a respeito da fundamentação teórica nessa segunda parte, como poderá ser observada, foi permeada pela revisão bibliográfica e de literatura

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procurando compreender pesquisas e estudos realizados que abarcam essas temáticas. Essas pesquisas foram selecionadas do banco de teses e dissertações da Capes, de anais de eventos específicos da área e também do banco de dissertações do Programa Educimat/Ifes, principalmente as dissertações vinculadas ao Grupo de Estudos Gepac/Ifes, com o intento de conhecer as produções nessa área de estudo.

Na terceira parte, A Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira no município

de Cariacica/ES, é apresentado o estudo realizado do contexto da pesquisa,

discutindo a história do município de Cariacica, seu panorama educacional, além de uma discussão sobre a criação da Estação de Ciências de Cariacica-ES.

Na quarta parte é apresentada a fase de intervenção da pesquisa discutindo e analisando o trabalho de formação/investigação com educadores do município

de Cariacica/ES, a partir do referencial teórico.

Na quinta parte é apresentado o produto educativo desta pesquisa construído coletivamente pelos professores durante a formação/investigação, explicando sua composição.

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2 CAMINHOS PERCORRIDOS NO PROCESSO INVESTIGATIVO

2.1 O ESTUDO

A escola é uma instituição para onde se convergem expectativas no sentido de levar alunos e alunas à problematização da realidade, inserindo-os nos mecanismos de participação na sociedade e capacitando-os a intervir na dinâmica social. Nesse sentido, pensar educação sem pensar em emancipação é desconsiderar seu papel intrínseco de emancipação social, de educação transformadora. A educação deve, dentre outras coisas, levar o educando a uma reflexão crítica de sua realidade e a emitir opiniões argumentadas de modo a poder tomar decisões autônomas em diversas situações de sua vida e agir como sujeito ativo na construção de sua história. Nesse sentido, em função da natureza e do contexto investigativo que se propôs neste estudo, a abordagem qualitativa e os procedimentos característicos da pesquisa-ação se apresentaram como estratégias metodológicas mais apropriadas para a investigação, uma vez que envolve o sujeito em todo o processo, pesquisando com ele, numa perspectiva dialógica e democrática, coadunando com o referencial filosófico e pedagógico que orienta esta pesquisa, ancorados nos pressupostos da pedagogia histórico-crítica.

A pesquisa-ação, segundo René Barbier (2007, p. 14), exige um “implicar-se” por parte do pesquisador. Este percebe-se implicado pela estrutura social na qual está inserido e pelo jogo de desejos e interesses de outros, implicando também os outros por meio do seu olhar e de sua ação singular no mundo. Compreende que as ciências humanas são, essencialmente, ciências de interações entre sujeito e o objeto da pesquisa. Na pesquisa-ação não se trabalha “sobre” os outros, mas e sempre “com” os outros.

Nessa mesma perspectiva, Michel Thiollent (2011) afirma que na pesquisa-ação o pesquisador desempenha um papel ativo no equacionamento do problema encontrado, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função desse problema, exigindo uma estrutura de relação entre o pesquisador e as pessoas da situação investigada que seja de tipo participativo.

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É uma pesquisa pedagógica, social, política, emancipadora. Requer que os sujeitos “percebam o processo educativo como um objeto passível de pesquisa” (BARBIER, 2007, p. 60), exigindo uma ação ativa, colaborativa, crítica, reflexiva e democrática das pessoas envolvidas. A pesquisa-ação toma uma postura diferenciada diante do conhecimento, por isso optamos por realizar procedimentos que se aproximam da pesquisa-ação, já que nos permite, ao mesmo tempo, conhecer e intervir na realidade que pesquisamos.

Apesar de não ter um modelo único, Barbier (2007) aponta quatro temáticas centrais que devem ser examinadas quando se trata do método da pesquisa-ação:

- A identificação do problema e a contratualização. - O planejamento e a realização em espiral. - As técnicas de pesquisa-ação.

- A teorização, a avaliação e a publicação dos resultados (BARBIER, 2007, p. 118).

Na abordagem em espiral está a essência da pesquisa-ação, ou seja, o efeito recursivo em função de uma reflexão permanente sobre a ação. Assim, o método é um auxílio à estratégia e caracteriza-se por ser mais aberto, que se organiza e refaz constantemente no decorrer da investigação. É um processo que se modifica continuamente em espirais de reflexão e ação junto aos sujeitos da pesquisa.

O método da pesquisa-ação, inspirado em Lewin, é o da espiral com suas fases: de planejamento, de ação, de observação e de reflexão, depois de um novo planejamento da experiência em curso. O rigor da pesquisa-ação repousa na coerência lógica empírica e política das interpretações propostas nos diferentes momentos da ação (BARBIER, 2007, p. 60).

Foi nesse trilhar metodológico que se deu a busca de respostas para as inquietações iniciais referentes à Estação de Ciências de Cariacica, levando a investigar coletivamente a questão problema, qual seja, “em que medida a Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, localizada em Cariacica-ES, no âmbito de suas potencialidades, pode contribuir para a Educação Científica desse município?” A inserção no campo, a escuta sensível dos sujeitos, suas perspectivas, seus sentidos, possibilitaram condições de problematizar sua realidade, refletir sobre o

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seu contexto e propor ações conjuntas, enfatizando o caráter formativo e político dessa modalidade de pesquisa.

2.2 O LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvida na rede municipal de ensino de Cariacica-ES, tendo como locus da investigação a Estação de Ciências, que funciona juntamente com a Escola do Campo do município, denominada de Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, situada em Alto Roda D’Água, região rural do município de Cariacica-ES.

A delimitação da pesquisa ao município de Cariacica justifica-se pela relação de nossa história pessoal e profissional com o município, e também pelo fato de, assim como nas demais regiões do Brasil, Cariacica ainda necessita avançar em seu sistema de ensino, que possui algumas fragilidades decorrentes de seu contexto histórico, político e econômico, que devem ser evidenciadas como um problema que merece ser discutido e analisado.

A Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira foi escolhida como locus da investigação por ser aberta a toda rede municipal, sendo a única opção institucionalizada da rede municipal de Cariacica-ES, e por considerar que suas características podem contribuir para a compreensão da natureza da Ciência numa perspectiva cultural, crítica, contemplando aspectos históricos, ambientais, éticos, políticos, que circundam a prática social dos professores e estudantes, o que poderá favorecer na formação da Educação Científica.

A contextualização histórica, política, econômica e educacional do município de Cariacica-ES, bem como a caracterização da Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, serão abordados e analisados no capítulo 4.

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2.3 PROTAGONISTAS DA PESQUISA: PESQUISADOR COLETIVO

Como apontado, na pesquisa-ação exige-se uma implicação tanto por parte do pesquisador como dos demais envolvidos na pesquisa, numa interação na qual a pesquisa vai se desenvolvendo sempre com os outros e não sobre os outros, o que Barbier (2007) denomina de pesquisador coletivo.

Sendo um pesquisador coletivo, pressupõem serem ativos no processo da pesquisa, motivo pelo qual os sujeitos foram denominados neste trabalho de protagonistas da pesquisa.

Nesse escopo, os protagonistas da pesquisa são professores, coordenadores e pedagogos da rede municipal de ensino de Cariacica-ES, técnicos pedagógicos da Seme, além de dois alunos do mestrado do Ifes e um professor da rede municipal de Vitória.

2.4 A ORGANIZAÇÃO DAS FASES E PROCEDIMENTOS PARA A PRODUÇÃO DOS DADOS

Uma vez mais enfatizamos que a pesquisa-ação não se constitui apenas pela ação ou pela participação. Com ela é necessário produzir conhecimento, adquirir experiência, contribuir para a discussão ou fazer avançar o debate acerca das questões abordadas, assim seu planejamento é muito flexível e o processo de investigação transcorre em saltos (THIOLLENT, 2011).

O cuidado, a transmissão de confiança, a escuta sensível, o implicar-se, são extremante necessários ao pesquisador para definir nesse processo qual a técnica mais adequada a utilizar, articulando a pesquisa e a ação num vai e vem entre a elaboração intelectual e o trabalho de campo com os sujeitos envolvidos.

Com essa preocupação a pesquisa foi desenvolvida por meio da abordagem qualitativa, sendo os dados produzidos a partir de abordagens metodológicas que se

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aproximam da pesquisa-ação, utilizando-se de diversas técnicas tais como visita in loco, observação participante, diálogo e escuta sensível dos discursos e da vivência dos grupos, registros audiovisuais e em diário de campo, análise de documentos, questionários, grupos de formação/investigação, entre outros que foram se fazendo necessários no desenvolvimento da pesquisa.

A pesquisa inicia mais precisamente em março de 2014, e foi organizada em três fases:

a) Primeira fase: Considerada como exploratória e diagnóstica, essa primeira fase

foi o momento de delimitação do tema e da abrangência da pesquisa, levantamento e estudo teórico sobre o assunto, análise das informações iniciais, avaliação da investigação e de (re)formulação das estratégias de ações.

Delimitado o tema, alguns caminhos foram traçados na busca de elementos para subsidiar a investigação. Além dos levantamentos bibliográficos e de revisão de literatura, foi realizado um estudo da história do município de Cariacica e traçado o panorama atual da educação. Buscamos ainda uma aproximação com espaços não-formais de Educação institucionalizados que desenvolvem atividades junto a escolas.

Alguns desses espaços visitados com foco investigativo foram: os quatros centros de ciências mantidos pela prefeitura de Vitória: a Escola da Ciência - Biologia e História (ECBH), a Escola da Ciência – Física, o Planetário de Vitória e a Praça da Ciência; o Instituto Ricardo Brennand e o Espaço Ciência, em Pernambuco; o Museu Imperial, no Rio de Janeiro; o Parque Estadual de Vila Velha, no Paraná. Nessas visitas foi possível conhecer os acervos, a organização e a estrutura dos espaços, os procedimentos de visita mediada, as atividades desenvolvidas, dentre outros aspectos (Figuras 1 a 4).

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Figura 1 – Instituto Ricardo Brennand - Pernambuco

Fonte: Acervo da pesquisa, 2014. Figura 2 - Espaço Ciência – Pernambuco

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Figura 3 - Parque Estadual de Vila Velha - Paraná

Fonte: Acervo da pesquisa, 2014. Figura 4 - Museu Imperial – Rio de Janeiro

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Ainda na fase exploratória, durante todo o ano de 2014, foi realizado acompanhamento à formação continuada em serviço dos professores de Ciências da rede de Cariacica-ES. Momento no qual o acompanhamento ocorreu como orientadora pedagógica da formação, auxiliando no planejamento e no desenvolvimento da formação. O objetivo inicial desse acompanhamento era desenvolver a pesquisa junto a esse grupo de professores. Contudo, nos primeiros meses de formação, esse campo foi se apresentando limitado à investigação proposta, e foi necessário buscar outros caminhos. Por outro lado, a aproximação com os professores durante as formações oportunizou levantar suas impressões e informações a respeito da Estação de Ciências de Cariacica, observar suas práticas pedagógicas. Esse momento foi importante para delimitar o campo da pesquisa e ação, refletir e analisar a investigação proposta e elaborar novas proposições de ações.

Com as visitas investigativas realizadas à Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, diálogos foram acontecendo com os professores, coordenadora, pedagoga e diretora da escola, e uma relação de confiança foi se firmando e esses profissionais puderam relatar dificuldades na manutenção daquele espaço que iam desde recursos financeiros e materiais, como também necessidade de formação específica para desenvolver ações da Estação de Ciências, a divulgação do espaço, o planejamento pedagógico e a rotatividade de professores. Um grupo de professores, junto com a diretora, buscava caminhos para algumas dessas questões e firmaram uma parceria com o Planetário da Ufes.

Com um leque de informações levantadas, foi necessário avaliar o percurso e a investigação proposta e planejar novas estratégias. No decorrer dessa fase exploratória, a pesquisa tornou-se significativa para um grupo de pessoas que colaboraram ativamente com a investigação, levantando informações, avaliando o processo e reelaborando proposições de ações.

Esse grupo de pessoas, podemos considerar como os primeiros protagonistas da pesquisa. Foram três técnicos pedagógicos da SEME do setor de formação continuada; quatro professores da rede municipal de Cariacica, sendo três da

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Estação de Ciências; dois alunos do mestrado do Ifes e um professor da rede municipal de Vitória.

A composição desse grupo ocorreu pela aproximação de interesses na pesquisa se implicando no processo. Dos dez envolvidos, apenas dois não são professores do município de Cariacica.

Podemos considerar que o envolvimento dessas pessoas com a pesquisa é o movimento que Barbier (2007) explica de implicar-se com a pesquisa por parte do pesquisador, e este, percebendo-se implicado pela estrutura social na qual está inserido e pelo jogo de desejos e interesses de outros, implica também os outros por meio do seu olhar e de sua ação singular no mundo.

Nas discussões desse primeiro grupo de protagonistas da pesquisa, foi identificada a necessidade da realização de estudos teórico-práticos sobre Educação Científica na perspectiva histórico-crítica e espaços não-formais de Educação, para orientar as ações da investigação. Nesse sentido, foi planejada a segunda fase da pesquisa, com a proposta de um trabalho de formação/investigação ampliando a outros professores da rede de ensino de Cariacica. Esse grupo elaborou e mediou a formação/investigação.

As ações realizadas nessa primeira fase possibilitaram o levantamento das informações, a delimitação do tema e a colocação do problema de investigação, orientando novos caminhos para a pesquisa, um novo ponto de partida e chegada, dentro daquilo que Barbier (2007) define como efeito recursivo em espirais de permanente reflexão e ação junto aos sujeitos da pesquisa, convergindo para a segunda fase.

O Quadro 1 apresenta uma síntese dos procedimentos realizados nessa primeira fase da pesquisa e seus objetivos.

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Quadro 1 - Ações e objetivos da primeira fase da investigação

Ação Objetivo

- Levantamento e estudo de pesquisas desenvolvidas nessa área

- Situar a investigação dentro da área de pesquisa, contextualizando-a;

- Conhecer discussões, conceitos e resultados de pesquisas na área.

- Visitas a espaços não-formais de Educação com registro fotográfico e em diário de campo;

- Entrevistas semiestruturadas com funcionários desses locais;

- Levantamento e estudo bibliográfico.

- Aproximar dos espaços não-formais de Educação institucionalizados e conhecer atividades desenvolvidas com estudantes nestes locais;

- Conhecer e entender a organização e estrutura desses espaços;

- Identificar que tipo de espaço se constitui a Estação de Ciências de Cariacica-ES.

- Inserção nos grupos de pesquisas em Alfabetização Científica e Espaços de Educação Não-Formal, no IFES; e pedagogia histórico-crítica e educação escolar, na UFES.

- Delimitar e aprofundar o referencial teórico da pesquisa; - Delimitar o tema da pesquisa;

- Colaborar com estudos na área.

- Envio de documento à SEME de Cariacica. - Solicitar autorização para realização da pesquisa. - Levantamento e análise de documentos oficiais e

acervos institucionais da Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira e da SEME;

- Visita in loco a Estação de Ciências com registros fotográficos e em diário de campo; diálogo/entrevista semi-estruturada com a comunidade escolar;

- Conhecer e delimitar o campo da pesquisa e ação.

- Participação colaborativa na formação em serviço dos professores de Ciências da rede;

- Acompanhamento da visita dos professores de matemática e geografia da rede à Estação de Ciências.

- Levantar impressões e informações dos professores sobre a Estação de Ciências de Cariacica bem como sobre espaços-não formais de Educação e práticas pedagógicas;

- Delimitar o tema e o campo da pesquisa e ação; - Refletir e analisar a investigação;

- Elaborar proposição de ações; - Organização de um primeiro grupo colaborativo

composto por três técnicos pedagógicos da SEME, quatro professores da rede municipal de Cariacica, sendo três da Estação de Ciências, dois alunos do mestrado do IFES, um professor da rede municipal de Vitória, além da pesquisadora e do professor orientador.

- Dialogar sobre o interesse na pesquisa; Delimitar o tema e o campo de pesquisa e ação;

- Refletir, analisar e avaliar a investigação;

- Avaliar e reelaborar proposições de estratégias das ações para a investigação.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

b) Segunda fase: Nessa segunda fase, por entender que a pesquisa se realiza com

os sujeitos envolvidos e não sobre eles, foi realizado um momento coletivo de estudo e investigação sobre Educação Científica na perspectiva histórico-crítica, e sobre o processo ensinoaprendizagem articulado aos espaços não-formais de Educação, com foco na Estação de Ciências de Cariacica-ES. Esse momento foi desenvolvido por meio de formação continuada com professores, pedagogos e técnicos pedagógicos da rede municipal de ensino de Cariacica.

O Quadro 2 apresenta uma síntese das ações realizadas nessa segunda fase e seus objetivos.

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Quadro 2 - Ações e objetivos da segunda fase da investigação

Ação Objetivo

- Elaboração coletiva de proposta de

formação/investigação. - Constituir um grupo de pesquisadores coletivo. - Estudo teórico-prático sobre educação científica e

espaços não-formal de Educação na perspectiva histórico-cultural.

- Dialogar sobre as possibilidades de articulação dos espaços não-formais de Educação com o processo ensino e aprendizado dos conteúdos científicos com foco na Estação de Ciências de Cariacica-ES;

- Ampliar o conhecimento sobre práticas pedagógicas voltadas à promoção da Educação Científica.

- Visita in loco a Estação de Ciências com registros fotográficos e em diário de campo;

- Diálogo com professores e funcionários da Estação de Ciências;

- Estudar a constituição da Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira de Cariacica-ES, sua estrutura, gestão, história e memória;

- Identificar os diferentes contextos de ensino e aprendizado na Estação de Ciências;

- Estudo teórico-prático sobre educação científica e espaços educativo não-formal na perspectiva histórico-cultural;

- Visita técnica a outros espaços não-formais de Educação da Grande Vitória;

- Desenvolvimento na Estação de Ciências das práticas investigadas/elaboradas.

- Investigar práticas pedagógicas voltadas à promoção da Educação Científica que possam ser desenvolvidas na Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira de Cariacica-ES.

- Desenvolvimento na Estação de Ciências das práticas investigadas/elaboradas;

- Estudo teórico-prático sobre Educação Científica e espaços não-formais de Educação na perspectiva histórico-cultural;

- Plenária de discussões.

- Analisar e avaliar o desenvolvimento da investigação; - Reelaborar proposições de estratégias das ações para a investigação.

- Elaboração de portfólios.

- Construir material didático com propostas de atividades pedagógicas que possam ser desenvolvidas na Estação de Ciências de Cariacica.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

As investigações coletivas realizadas nessa segunda fase da pesquisa possibilitaram identificar as potencialidades educativas da Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira de Cariacica-ES e apontar possíveis caminhos para contribuir com a promoção da Educação Científica no município.

c) Terceira fase: A terceira fase foi o momento de organizar e analisar os dados da

pesquisa, sistematizando-a para a divulgação dos resultados.

Para as análises foram considerados os encontros de formação/investigação, a ficha de inscrição do curso, os questionários respondidos pelos professores, as postagens no Blog do curso, as práticas elaboradas e desenvolvidas pelos professores, bem como os portfólios dos grupos. Esses foram analisados quanto aos objetivos da pesquisa a partir do referencial teórico.

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Quanto à divulgação dos resultados, Barbier (2007) considera importante que haja um retorno aos envolvidos na pesquisa, ou seja, fazer conhecer seus resultados. O autor considera que esse retorno possibilita a tomada de consciência sobre o problema analisado e fornece aos participantes uma visão de conjunto, indicando um ciclo de ação e investigação.

Assim, nessa fase também foi sistematizado um produto educativo para divulgação dos resultados da pesquisa, em atendimento também ao regulamento do Programa do mestrado profissional Educimat/Ifes.

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3 ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, CRÍTICA E CIDADÃ

3.1 A CIÊNCIA E O CONTEXTO HISTÓRICO SOCIAL

Mudanças históricas, econômicas, culturais influenciam a relação da sociedade com as ciências. Uma dessas relações é a de certo encantamento e confiança que a sociedade tem com a ciência. No livro O que é ciência afinal?, Chalmers (1993) aborda esse assunto apresentando algumas afirmações que nos tempos modernos são tidas como concepções populares do conhecimento científico: “É o conhecimento verdadeiro; o conhecimento confiável porque é conhecimento provado objetivamente”. O autor discute que essas concepções dão um juízo de valor, conferindo certa autoridade à ciência, e questiona: “De onde vem essa autoridade, esse poder?” Segundo Chalmers (1993), essa grande consideração pela ciência se explica, sobretudo, pela crença no método indutivo que ela emprega com sucesso. Deriva diretamente da experimentação e da observação do comportamento da natureza.

Chalmers (1993) afirma que essa primeira visão tornou-se popular durante e como consequência da Revolução Científica que ocorreu principalmente durante o século XVII, levada a cabo por cientistas pioneiros como Galileu e Newton. Estimulados pelos sucessos dos “grandes experimentadores”, esses cientistas começaram cada vez mais a ver a experiência como fonte de conhecimento.

Do mesmo modo Chauí (2000, p. 354) afirma que “a ciência é a confiança que a cultura ocidental deposita na razão como capacidade para conhecer a realidade, mesmo que essa, afinal, tenha que ser inteiramente construída pela própria atividade racional”. A autora explica que a lógica que rege o pensamento científico moderno está centrada na ideia de demonstração e prova, a partir da definição ou construção do objeto do conhecimento por suas propriedades e funções e da posição do sujeito do conhecimento, por meio das operações de análise, síntese e interpretação.

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Pondera Chauí (2000) que a ciência contemporânea funde-se na distinção entre sujeito e objeto do conhecimento; na ideia de método como um conjunto de regras, normas e procedimentos gerais; nas operações de análise e síntese; na ideia de lei do fenômeno; no uso de instrumentos tecnológicos e não simplesmente técnicos; na criação de uma linguagem específica e própria, distante da linguagem cotidiana e da linguagem literária.

Assim, infere-se que a credibilidade posta na ciência deriva das atividades científicas que ela emprega: intelectuais, experimentais, técnicas, de comprovação, análise, observação; a partir de um método, seguindo procedimentos que visam a destacar o objeto estudado das relações com o sujeito, separando-o da experiência vivida cotidiana e construindo uma linguagem própria de identificação daquele objeto.

No entanto Chalmers (1993) considera que essa visão de ciência é equivocada e perigosamente enganadora. Isso porque, segundo o autor, há um espaço entre as percepções diretas, aquilo que chega aos sentidos, e o modo como interpreta essas percepções. O modo como se vê o mundo, impede que observações diretas dos fenômenos sejam acessíveis. Afirma Chalmers (1993) ser toda observação mediada por uma teoria, por uma linguagem, por uma expectativa fundada em uma cultura, na formação pessoal. O que torna perigoso acreditar que os fenômenos se apresentem objetivamente aos sentidos e objetivamente sejam interpretados.

A simbologia científica rompe com a simbologia da linguagem cotidiana construindo uma linguagem própria, universal. A ciência, diferentemente do senso comum, tem como base a pesquisa, a investigação metódica e sistemática, exigindo que as teorias sejam internamente coerentes (CHAUÍ, 2000). Olhar os objetos e os fenômenos com as lentes do senso comum diminui a visão de totalidade, expressa a subjetividade, exprimem sentimentos e opiniões pessoais ou de grupos, variando de acordo com as condições em que vivem.

Os conhecimentos advindos do senso comum por muitas vezes transformam-se em crendices que são passadas de geração em geração sem serem questionados. A

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Ciência, por sua vez, desconfia da veracidade das certezas, da adesão imediata às coisas, da ausência de crítica e de curiosidade (CHAUÍ, 2000).

Os fatos ou objetos científicos, como afirma Chauí (2000), não são dados espontâneos da experiência cotidiana, mas são “construídos” pelo trabalho da investigação científica, ou seja, pelo conjunto de atividades intelectuais, experimentais e técnicas, realizadas com base em métodos claros, que unificam fatos, criam e testam teorias, resultados e previsões, o que contribui para justificar a grande consideração da sociedade pela ciência.

Assim, Chassot (2011) afirma que, ao olhar a ciência, vive-se o paradoxo do encantamento e da impotência. Esses múltiplos olhares chamam a atenção para o fato de que a ciência ainda está em construção, que não caminha de modo linear, contínuo e progressivo, mas por saltos ou revoluções (CHAUÍ, 2000; CHASSOT, 2011).

Ao passar a fazer parte das forças produtivas da sociedade, a ciência torna-se parte integrante e indispensável da atividade econômica, influencia nos modos de organização do trabalho e dos serviços, cria e destrói profissões e ocupações. Dita a velocidade na produção de mercadorias, na sua distribuição e consumo, modifica estilos de vida (CHAUÍ, 2000). Passa, nesse sentido, a ser agente econômico e também político.

Não é por acaso [...] que governos criem ministérios e secretarias de ciência e tecnologia e que destinem verbas para financiar pesquisas civis e militares. Do mesmo modo que as grandes empresas financiam pesquisas e até criam centros e laboratórios de investigação científica, assim também os governos determinam quais as ciências que irão ser desenvolvidas e, nelas, quais as pesquisas que serão financiadas (CHAUÍ, 2000, p. 364).

Nesse sentido, é cada vez mais evidente o distanciamento da sociedade do campo científico. O uso das ciências é definido antes mesmo do início das próprias pesquisas e externo ao controle que a sociedade pudesse exercer sobre ele.

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