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O impacto da empatia na avaliação dos custos numa relação de ajuda

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Academic year: 2020

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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

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Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condi-ções não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho.

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho Atribuição-NãoComercial-SemDerivações

CC BY-NC-ND

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Agradecimentos

Agradeço a todos os que directa ou indiretamente ajudaram a tornar esta tese possível, especialmente, às minhas colegas do grupo de investigação, ao meu orientador, aos meus amigos, aos meus pacientes e aos meus filhos.

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O impacto da empatia na avaliação dos custos numa relação de ajuda

Resumo

Estudos têm mostrado que a empatia é uma característica importante a ter em conta quando se observa e avalia um processo de relação de ajuda. No entanto, a literatura parece ser escassa relativamente ao estudo da relação entre empatia e comportamento de ajuda, em função dos custos de ajudar e custos de não ajudar, à luz do modelo de Custo-Recompensa de Piliavin (Dovidio, Piliavin, Schroeder, & Penner, 2006; Piliavin & Piliavin, 1972; Piliavin, Rodin, & Piliavin, 1969). O presente estudo tem como principal objetivo analisar o impacto da empatia na avaliação destes custos numa relação de aju-da. A amostra foi constituída por 439 participantes, na sua maioria mulheres, sem limi-tes de idade definidos. Foi utilizado o IRI-Índice de Reactividade Interpessoal (Davis, 1980) para avaliar a empatia. Para avaliar o comportamento de ajuda, em função dos custos de ajudar e de não ajudar foi elaborado, um questionário com um conjunto de vinhetas desenvolvidas com base no modelo de Custo-Recompensa de Piliavin. Os resultados mostraram que o tipo de resposta mais frequente, perante todas as vinhetas, foi a ajuda direta, seguida da ajuda indireta, sendo estas últimas mais frequentes quando o custo de ajudar era alto e o custo de não ajudar era baixo. Os resultados relativos a diferenças ao nível de dimensões da empatia em função do tipo de resposta diferiram de acordo com as vinhetas em análise. Estes resultados são discutidos à luz do modelo de Custo-Recompensa de Piliavin.

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The impact of empathy in the assessment of costs in a helping relationship

Abstract

Studies have been showing that empathy is an important characteristic to consider when we observe and assess the process of a helping relationship. However, the literature seems to be scarce as to the study of the relation between empathy and helping behav-ior, considering the costs of helping and costs of not helping, in light of the Cost-Reward model, by Piliavin (Dovidio, Piliavin, Schroeder, & Penner, 2006; Piliavin & Piliavin, 1972; Piliavin, Rodin, & Piliavin, 1969). The present study aims to analyze the impact of empathy in the assessment of costs, in a helping relationship. The sample was constituted by 439 participants, mostly women, no age limits defined. We used the IRI-Interpersonal Reactivity Index (Davis, 1980) to assess empathy. To assess helping be-havior, according to the costs of helping and the costs of not helping, we elaborated a questionnaire composed by a set of vignettes, developed based on Piliavin’s Cost-Reward model. Results showed that the most frequent type of helping behavior, in all of the vignettes, was the direct help, followed by indirect help, the latter more frequent when the cost of helping was high, and the cost of not helping was low. Results regard-ing differences in empathy dimensions between types of helpregard-ing behavior differed in accordance with the vignettes in analysis. These results are discussed in light of Piliavin’s Cost-Reward model.

Key-words: costs, empathy, helping relationship

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Índice Agradecimentos ……….. iii Resumo ………... v Abstract ………..……… vi Introdução ………..……….. 8 Método ……….……….. 13 Participantes ……….………... 13 Instrumentos ……….……….. 13 Procedimento ……….. 15

Procedimentos de Análise de dados ……….. 16

Resultados ……… 16

Discussão ……….………. 32

Conclusão ……….……….… 34

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Introdução Empatia

No século XX, a empatia foi aclamada como o principal meio para obter o conhecimento de outras mentes e como um método exclusivamente adequado para as ciências humanas (Stueber, 2008). Atualmente, não há uma definição universalmente aceite para empatia, e os diferentes construtos e definições que surgem, permanecem discutíveis (Batson 2009). Embora os investigadores concordem que a empatia é impor-tante, muitas vezes discordam sobre o porquê dessa importância, sobre quais os seus efeitos, sobre a sua origem e até, sobre o que é (Decety & Ickes 2009). Salienta-se que a empatia deve ser conceituada como um construto multidimensional e multifacetado, mas diferenciado de construtos relacionados, tais como a teoria da mente, o contágio emocional, a compaixão, o mimetismo emocional, e a tomada de perspetiva (Zurek & Scheithauer, 2017).

Psicologicamente, a empatia pode ser considerada como uma experiência indire-ta de uma emoção que é próxima da emoção vivida por outra pessoa (Eisenberg & Mil-ler, 1987). Segundo Davis (1983) empatia compreende, assim, duas dimensões distintas, mas relacionadas: empatia cognitiva, a capacidade de compreender as emoções de outras pessoas, e a empatia emocional, a capacidade de partilhar as emoções de outras pessoas.

A empatia cognitiva pode ser considerada um subcomponente específico da teo-ria da mente, que os indivíduos usam para explicar e prever o seu próprio comportamen-to e o comportamencomportamen-to dos outros, atribuindo-lhes estados mentais (Decety & Jackson, 2004).

Rankin, Kramer e Miller (2005) consideram que a empatia cognitiva também depende de processos cognitivos básicos, como a atenção e a memória de trabalho, e que esses processos são muito importantes para observar e processar situações numa interação social. É importante referir que a empatia cognitiva implica também a capaci-dade de reconhecer e interpretar as expressões faciais, a prosódia da voz, a saliência social dos movimentos e as expressões da região dos olhos (Baron-Cohen, Wheelw-right, Hill, Raste, & Plumb, 2001). Assim, a empatia cognitiva é dividida em duas dimensões: tomada de perspetiva e fantasia (Davis, 1983). Davis (1983) define a toma-da de perspetiva como a capacitoma-dade de adotar espontaneamente o ponto de vista

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psico-lógico dos outros, e a fantasia como a capacidade de se transpor imaginativamente para os sentimentos e as ações dos outros.

Por outro lado, a empatia emocional carateriza-se pela capacidade de detectar imediatamente o estado emocional de outra pessoa. Preston e de Waals (2002) salienta-ram que observar o comportamento de outra pessoa induz automaticamente uma ativa-ção das próprias representações desse mesmo comportamento. A empatia emocional depende do sistema de excitação emocional e da capacidade emocional básica da pessoa (Rankin et al., 2005). Da mesma forma que a empatia cognitiva, a empatia emocional é diferenciada em duas dimensões: preocupação empática e angústia pessoal. A preocu-pação empática é definida como a disposição para ter sentimentos de simpatia orienta-dos para outras pessoas em dificuldade, e a angústia pessoal como a disposição para ter sentimentos de ansiedade pessoal auto-orientados em situações interpessoais (Davis, 1983).

Esta compreensão da empatia foi a base para o desenvolvimento do Índice de Reatividade Interpessoal (Davis, 1980). Este índice assenta numa concepção multidi-mensional de empatia, e baseia-se em quatro subescalas: tomada de perspetiva, preocu-pação empática, desconforto pessoal e fantasia.

Segundo Vignemont & Singer (2006), a empatia desenvolve um sentimento de pertença ao outro, estreitando desta forma laços relacionais. No que diz respeito às fun-ções mentais, a empatia fornece uma compreensão geral dos estados mentais, ajudando a prever o comportamento e emoções do outro, afetando desta forma a tomada de deci-são em contextos interpessoais (Redmont,1989). Além disso, a empatia aumenta as emoções mais positivas na interação com as outras pessoas, o bem-estar subjetivo geral, estando também relacionada com a constituição do autoconceito através do “ver-nos nos outros” (Eisenberg & Strayer, 1987).

Batson et al. (1991) sugerem que a função comportamental mais importante da empatia é o desenvolvimento de várias formas de comportamento prosocial e altruísta. Ainda neste contexto, considera-se que a empatia afeta a tomada de decisão em contex-tos interpessoais, em especial decisões e julgamencontex-tos éticos (Mencl & May, 2009).

Investigações recentes sugerem também que a empatia, especialmente a dimen-são cognitiva, pode ser usada para manipular o outro, ajudando a aumentar o benefício do próprio às custas do outro (Galinsky, Maddux, Gilin, & White, 2008). É importante perceber também que um alto nível de empatia emocional pode também provocar um grande sofrimento, que pode desencadear conflitos relacionais (Eisenberg, 2002).

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Avaliação de custos no comportamento de ajuda: O modelo Custo-Recompensa

O modelo de Custo-Recompensa de Piliavin (Dovidio, Piliavin, Schroeder, & Penner, 2006; Piliavin & Piliavin, 1972; Piliavin, Piliavin, & Rodin, 1975; Piliavin, Rodin, & Piliavin, 1969) assume o princípio de que a pessoa que assiste a uma emer-gência pesa os custos relativos a ajudar e não ajudar através de um processo de tomada de decisão que visa maximizar as recompensas e minimizar os custos. Assim, após a análise dos custos relevantes, a pessoa pode reagir de quatro formas distintas a uma situação - não ajuda, ajuda diretamente, ajuda indiretamente, procura uma forma de eva-são ou distorção cognitiva (Piliavin et al., 1975).

Este modelo assenta em vários pressupostos (Piliavin et al., 1975). Em primeiro lugar, a pessoa que está no lugar de observador de uma emergência é ativada, quando observa uma situação de emergência (arousal), ativação que é acompanhada por sinais físicos (e.g., acelerar do batimento cardíaco, dores de estômago, falta de ar) e cogniti-vos e emocionais (e.g., empatia, nojo, curiosidade, sentimento de obrigação de ajudar, percepção de perigo). A intensidade deste estado de ativação pode variar em função das características da situação observada, tornando-se progressivamente mais desagradável à medida que vai aumentando a ativação, aumentando assim também a motivação do indivíduo para a reduzir, intervindo. Neste sentido, o observador vai optar pela resposta que reduz a sua ativação, o mais completa e rapidamente possível, incorrendo no míni-mo de custos possíveis (diferença entre custos e recompensas).

No entanto, há dois tipos de potenciais custos que serão ponderados pelo obser-vador, no processo de tomada de decisão: os custos de ajudar, e os custos de não ajudar. Os custos de ajudar são aqueles que estão envolvidos na intervenção do observador, como por exemplo perda de tempo, exposição ao perigo e a situações desagradáveis, bem como o esforço envolvido nessa intervenção. Por outro lado, os custos de a vítima não receber ajuda incluem duas categorias, de acordo com Dovidio e colaboradores (2006): custos pessoais para o observador, devidos a não ajudar, e os custos empáticos por a vítima não receber ajuda. Os custos pessoais incluem por um lado o custo associa-do ao prolongamento da ativação associa-do observaassocia-dor, que é desagradável, e os custos rela-cionados com o não agir, tais como sentimentos de culpa, vergonha, condenação social, e a perda de recompensas que estariam relacionadas com o ajudar, como aumento da autoestima, reação de agradecimentos por parte da vítima, e possíveis elogios. Os custos empáticos estão relacionados com a consciência por parte do observador de que a vítima

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continua numa situação de distress, envolvendo por isso a internalização do seu sofri-mento e necessidades, e ainda sentisofri-mentos de preocupação com a vítima.

Perante a análise e ponderação destes custos, em condições em que o custo de ajudar é baixo e o custo de não ajudar é elevado, a resposta mais eficaz por parte do observador seria a ajuda direta. Por outro lado, em condições em que o custo de ajudar é elevado e o custo de não ajudar é também elevado, o observador fica com duas possibi-lidades: pode optar por ajudar indiretamente, procurando a intervenção de outra pessoa ou entidade ou redefinir a situação, de modo a reduzir o custo associado à não ajuda da vítima. Esta redefinição pode passar por entender a situação como não sendo uma emergência, estimar que a vítima não merece ajuda, ou que há outras pessoas que estão tão ou mais qualificadas para ajudar (difusão de responsabilidade). De acordo com o modelo, se o observador for bem-sucedido na redefinição da situação, diminui os custos percebidos de não ajudar e pode assim abandonar a situação. A redefinição parece ser de facto a forma mais frequente de resolver estas situações de elevado custo de ajudar e elevado custo de não ajudar (Dovidio et al., 2006).

Perante situações em que o custo de ajudar é elevado e o custo de não ajudar é baixo, a resposta mais frequente por parte do observador é abandonar o local. Por fim, em situações em que o custo de ajudar e o custo de não ajudar são ambos baixos, parece ser mais difícil de antecipar qual será a resposta do observador, pois tornam-se mais relevantes os efeitos de variáveis como a personalidade do indivíduo, o tipo de relação que tem com a pessoa que precisa de ajuda, e as normas sociais implicadas na situação (Dovidio et al., 2006; Piliavin et al., 1981).

De referir ainda que o modelo faz a ressalva de que, perante circunstâncias parti-culares, ou tipos de personalidade específicos, o indivíduo pode reagir de forma impul-siva, ajudando ou fugindo à situação, sem fazer qualquer tipo de avaliação de custos ou recompensas.

Fatores relacionados com o comportamento de ajudar do observador: O papel da empatia

Estudos realizados por Piliavin e colaboradores (Piliavin & Piliavin, 1972; Pilia-vin et al., 1969), nos quais a vítima era visível durante a emergência, não encontraram evidências de difusão de responsabilidade, sugerindo que a visibilidade da vítima pode-ria ser um desses aspetos a influenciar o comportamento do observador. Estes

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investi-gadores compararam também a tendência dos observadores para ajudar uma pessoa apa-rentemente inválida com a tendência para ajudar uma pessoa que aparentasse estar sob efeito de álcool (Piliavin et al., 1969), e ainda com a tendência para ajudar uma pessoa que aparenta ser inválida, mas que, ao cair, deitava sangue pela boca (Piliavin & Pilia-vin, 1972). Para além de características da situação, e de características da vítima pode-rem ter um efeito na resposta de ajuda do observador, a investigação tem também mos-trado que características do próprio observador podem influenciar a forma como este responde, perante estas situações. Neste contexto, a investigação nesta área tem procu-rado perceber o papel das emoções empáticas, e empatia, no comportamento de ajuda, seguindo a linha teórica do modelo empatia-altruísmo, proposto por Batson e colabora-dores (Batson, 1987, cit in Dovidio, Allen, & Schroeder, 1990), que sugere que o teste-munho de uma situação em que outra pessoa precisa de ajuda resulta em preocupação empática, que por sua vez conduz a um desejo altruísta de reduzir a perturbação da pes-soa que precisa de ajuda. Assim, vários estudos têm obtido evidências que suportam este modelo, sugerindo que sentir mais empatia em relação a uma pessoa está associada com uma tendência para ajudar mais essa pessoa (Coke, Batson, & McDavis, 1978; Dovidio et al., 1990; Eisenberg & Miller, 1987; Krebs, 1975; Manner & Gailliot, 2007; Paciello, Fida, Cerniglia, Tramontano, & Cole, 2013). Manner e Gailliot (2007) suge-rem ainda que a relação entre empatia e o comportamento de ajuda pode ser influencia-da pelo contexto do relacionamento no qual surge a necessiinfluencia-dade de ajuinfluencia-da. Assim, os autores verificaram que a empatia era preditora do desejo de ajudar, quando se tratava de um familiar a precisar de ajuda. Por outro lado, o mesmo não se verificou quando a pessoa a precisar de ajuda era um estranho para o observador.

O presente estudo

O objetivo desta investigação é estudar diferenças ao nível da empatia em fun-ção do tipo de resposta, na avaliafun-ção dos custos numa relafun-ção de ajuda. Este impacto será medido a partir do cálculo das várias dimensões do IRI-Índice de Reatividade Interpessoal e da análise dos valores dos diferentes tipos de resposta, face a uma relação de ajuda. A hipótese em estudo é de que participantes que oferecem mais ajuda direta apresentariam mais empatia. A empatia é capaz de nos aproximar cognitivamente e emocionalmente da experiência do outro, por essa razão, esperamos, que as pessoas que

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apresentam valores mais elevados sintam uma maior identificação com a vítima, e que por isso estão mais aptos a ajuda-la diretamente.

Método Participantes

A amostra do presente estudo é constituída por 439 participantes, 268 (61.0%) mulheres e 171 (39.0%) homens. Em termos de idades, a maioria dos participantes tinham idades compreendidas entre os 25 e 45 anos (n = 210, 47,8%), 43 (9.8%) tinham idades entre os 18 e 25 anos, 171 (39.0%) entre 45 e 65 anos, apenas 9 (2.1%) tinham menos do que 18 anos e 6 (1.4%) tinham idades superiores a 65 anos. No que respeita às habitações literárias, a maioria tinha a licenciatura (n = 182, 41.5%). 53 (12.1%) tinham habilita-ções inferiores ao 12º ano, 128 (29.2%) tinham o 12º ano, 58 (13.2%) completaram o mestrado e 18 (4.1%) tinham o doutoramento. Em relação à nacionalidade, a maioria era portuguesa (n=416%, 94,8%). 14 (3,2%) era brasileira, 2 (0,5%) era angolana, 2 (0.5%) era espanhola, 2 (0,5%) era francesa, 1 (0,2%) era romena, 1 (0,2%) era bolivia-na e 1 (0,2%) tinha dupla bolivia-naciobolivia-nalidade portuguesa e brasileira.

Instrumentos

Para o presente estudo foi utilizado o IRI-Índice de Reatividade Interpessoal constituído por Davis (1980), validado por T. Limpo, R. A. Alves, & S. L. Castro (2010) para a população portuguesa e um questionário desenvolvido tendo por base o modelo de Custo-Recompensa de Piliavin (Dovidio, Piliavin, Schroeder, & Penner, 2006; Piliavin & Piliavin, 1972; Piliavin, Piliavin, & Rodin, 1975; Piliavin, Rodin, & Piliavin, 1969) para aferir o tipo de resposta (ajuda) dada por cada participante.

Em relação ao Índice de Reatividade Interpessoal (Davis, 1980), trata-se de um questionário que visa avaliar a empatia. É constituído por 24 itens, aos quais os partici-pantes respondem numa escala de likert de 5 pontos, entre “Não me descreve Bem” e “Descreve-me muito bem” usando os números 0 a 4, respetivamente, e 1, 2 e 3 para avaliações intermédias. Estes itens estão organizados em quatro dimensões, calculadas através da média dos itens que as constituem: Tomada de Perspetiva (itens 2, 7, 9, 17, 21, 24), Preocupação Empática (itens 1, 3, 8, 12, 16, 18), Desconforto Pessoal ( itens 5,

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11, 14, 15, 20, 23) e Fantasia (itens 4, 6, 10, 13, 19, 22). A cotação é feita somando estes valores por subescala e fazendo a média. Em termos de características psicométri-cas, o questionário apresentou uma boa consistência interna, no estudo de validação para a população portuguesa (Limpo, Alves, & Castro, 2010), com valores de alfa de Cronbach para as subescalas a variarem entre .74 (Tomada de Perspetiva) e .83 (Fanta-sia).

Para avaliar os comportamentos de ajuda, foram desenvolvidas 12 vinhetas con-cebidas tendo por base o modelo de comportamentos ajuda de Piliavin. Cada vinheta descrevia uma situação de crise com custo de ajudar (alto ou baixo) e custo de não aju-dar (alto e baixo). Foram apresentadas 12 vinhetas com as respetivas situações de crise a metade da amostra, com um estimulo subliminar neutro (imagem marca d´água de uma floresta) e a outra metade da amostra foram apresentadas 12 vinhetas com as mesmas situações de crise, porém com um efeito subliminar que poderia sugerir aos participan-tes que estavam a ser observados (imagem marca d´água de um par de olhos).

Das 12 vinhetas, foi apresentada a cada participante seis em que o custo de aju-dar era alto (e.g., vai atrasado para o trabalho, a caminho de uma consulta médica urgente, vai em cima da hora para o comboio), e seis em que o custo de ajudar era baixo (e.g., está a passear, a caminho do ginásio, vai comprar pão). Para os custos de não aju-dar foram criadas situações, mais ou menos complexas, em que se pede ao participante para imaginar que ele próprio tem um custo alto de não ajudar (vê uma criança perdida e assustada, um invisual tropeça e cai mesmo à sua frente, uma senhora idosa pede-lhe ajuda para atravessar a rua) e um custo baixo de não ajudar (um turista pede-lhe indica-ções de um bom local para comer, um colega pede-lhe para entregar uns documentos num departamento bastante afastado, um familiar pede-lhe para ver se tem alguma carta no correio).

Assim, as vinhetas associam os custos de ajudar altos e baixos com os custos de não ajudar altos e baixos (CA/CA; CA/CB; CB/CA; CB/CB), sendo apresentadas a cada participante três situações de crise de cada situação (CA/CA; CA/CB; CB/CA; CB/CB), numa ordem aleatória.

Cada vinheta questionava ao participante que tipo de ajuda que daria à vitima, entre sete tipos de respostas criadas no questionário, tendo por base o modelo de com-portamentos de ajuda de Piliavin. As respostas possíveis foram:

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2. alertava outra pessoa ou entidade para ajudar

3. continuava o meu caminho uma vez que havia mais pessoas no “ local”

4. continuava o meu caminho porque acho que a “vitima” muito provavelmente não precisava de tanta ajuda quanto parecia

5. continuava o meu caminho porque considero que a “vitima” pode ser responsável pela situação

6. ignorava a “vítima” e seguia o meu caminho

7. Outra resposta, onde o participante descrevia outros comportamentos que poderia tomar nesta circunstancia e que não estão previstos nas respostas anteriores.

Após responderem às 12 vinhetas, foram colocadas duas questões aos partici-pantes, perguntando de que forma foi preenchido o inquérito (no computador ou no telemóvel), e se tinham reparado na imagem que se encontrava por detrás de cada ques-tão (efeito subliminar). Aqui as respostas possíveis foram: não tinha nenhuma imagem, olhos, veículos, árvores e cidade.

Por fim, é de referir que foram também colocadas algumas questões relativas a dados sociodemográficos, relativos ao sexo, idade, habitações literárias e nacionalidade de cada participante. Todo o inquérito está redigido na língua portuguesa.

Foram validados todos os participantes que responderam na totalidade ao IRI assim com às 12 vinhetas apresentadas.

Procedimento

O inquérito, foi realizado online, na plataforma virtual Quartics, um inquérito a passar à amostra. Antes da resposta ao inquérito era perguntado a cada participante se aceitava participar na experiência. Participantes que responderam negativamente não respondiam ao inquérito.

Após a recolha dos dados, estes foram exportados para o programa informático Excel, e analisados também utilizando o programa IMB SPSS, versão 24.

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Procedimentos de análise de dados

Começou por se recodificar os valores das respostas onde há redefinição da situação de crise por parte do participante, que originou a junção de três tipos de respos-ta (continuava o meu caminho uma vez que havia mais pessoas no “ local”, continuava o meu caminho porque acho que a “vitima” muito provavelmente não precisava de tanta ajuda quanto parecia, continuava o meu caminho porque considero que a “vitima” pode ser responsável pela situação) em apenas numa, denominada de “distorção cognitiva”. Assim, ficámos nesta fase com quatro categorias de ajuda, direta, ajuda indireta, “dis-torção cognitiva” e ignorar.

De seguida, os dados foram analisados, apenas considerando as respostas de ajuda direta e a ajuda indireta. Esta decisão foi tomada porque a frequência das respos-tas da “distorção cognitiva” e de ignorar eram extremamente baixas em relação às res-postas diretas e indirectas.

Para analisar diferenças ao nível da empatia, em função do tipo de comporta-mento de ajuda foi utilizado o teste t para amostras independentes.

Resultados

Diferenças no tipo de resposta (ajuda) em função do custo de ajudar e não ajudar

A Tabela 1 apresenta as medidas descritivas e análise de diferenças relativas ao tipo de resposta, em função do custo de ajudar e do custo de não ajudar. No que diz res-peito ao custo de ajudar, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em termos das respostas de ajuda direta (p < .001), ajuda indireta (p < .001) e distorção cognitiva (p = .003). Assim, observa-se que houve significativamente mais participantes a responder que ajudam diretamente quando o custo de ajudar era baixo (87.0%) do que quando era alto (59.1%). Por outro lado, verifica-se que houve significativamente mais participantes a responder que ajudavam indiretamente quando o custo de ajudar era alto (22.7%) do que quando era baixo (4.6%). Em relação às respostas que implicam distor-ção cognitiva, um tipo de resposta que foi no geral menos frequente, houve significati-vamente mais participantes a adotar esta estratégia quando o custo de ajudar era alto (8.8%) do que quando era baixo (2.8%).

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Relativamente ao custo de não ajudar, foram encontradas diferenças estatistica-mente significativas em todos os tipos de resposta (todos p < .001). Observa-se que houve significativamente mais participantes a responder ajudar diretamente nas condi-ções de custo alto de não ajudar (87.0%) do que nas condicondi-ções de custo baixo de não ajudar (59.1%). Por outro lado, verifica-se que significativamente mais participantes referiram ajudar indiretamente, usaram distorção cognitiva ou ignoraram quando o custo de não ajudar era baixo (18.7%, 10.0% e 5.3%, respetivamente) do que quando era alto (8.6%, 1.6% e 0.3%, respetivamente).

Tabela 1

Tipo de resposta em função do custo de ajudar e de não ajudar

Ajuda direta n (%) Ajuda indireta n (%) Distorção cognitiva n (%) Ignorava n (%) Custo de ajudar Custo alto 1558 (59.1) 597 (22.7) 231 (8.8) 97 (3.7) Custo baixo 2292 (87.0) 122 (4.6) 74 (2.8) 52 (2.0) p < .001 < .001 .003 .299 Custo de não ajudar Custo alto 2292 (87.0) 226 (8.6) 42 (1.6) 9 (0.3) Custo baixo 1558 (59.1) 493 (18.7) 263 (10.0) 140 (5.3) p < .001 < .001 < .001 < .001

Medidas descritivas relativas ao comportamento de ajuda

A Tabela 2 apresenta as medidas descritivas relativas ao tipo de ajuda, em fun-ção das vinhetas apresentadas, do custo de ajudar e de não ajudar. Observa-se que, em todas as vinhetas a maioria dos participantes respondeu que ajudaria diretamente, à

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exceção da vinheta CA/CB colega, na qual se observa o oposto, a frequência de ajuda indireta foi superior (n = 180, 67.7%). Destaca-se ainda a vinheta CA/CB Familiar, na qual houve também um número mais elevado de participantes a responder que ajuda-riam indiretamente (n = 133, 48.0%).

Tabela 2

Medidas descritivas relativas ao comportamento de ajuda, por vinheta Ajuda direta n (%) Ajuda indireta n (%) CA/CA Criança 368 (87.6) 52 (12.4) CA/CA Invisual 398 (93.9) 26 (6.1) CA/CA Idosa 312 (76.8) 94 (23.2) CA/CB Turista 250 (69.1) 112 (30.9) CA/CB Colega 86 (32.3) 180 (67.7) CA/CB Familiar 144 (52.0) 133 (48.0) CB/CA Criança 380 (90.7) 39 (9.3) CB/CA Invisual 423 (98.1) 8 (1.9) CB/CA Idosa 411 (98.3) 7 (1.7) CB/CB Turista 410 (96.9) 13 (3.1) CB/CB Colega 251 (83.4) 50 (16.6) CB/CB Familiar 417 (98.8) 5 (1.2)

Nota. CA/CA custo alto de ajudar/custo alto de não ajudar; CA/CB custo alto de aju-dar/custo baixo de não ajudar; CB/CA custo baixo de ajuaju-dar/custo alto de não ajudar; CB/CB custo baixo de ajudar/custo baixo de não ajudar

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Medidas descritivas relativas à empatia

A Tabela 3 apresenta as medidas descritivas relativas às quatro dimensões da empatia. Observa-se que as pontuações obtidas em todas as dimensões parecem ser mui-to semelhantes, sendo a média ligeiramente superior ao nível da Tomada de Perspetiva (M = 3.72, DP = .57).

Tabela 3

Medidas descritivas relativas à empatia

M (DP) Min-Máx

Preocupação empática 3.51 (.51) 1.00-5.00

Tomada de perspetiva 3.72 (.57) 1.17-5.00

Desconforto pessoal 3.04 (.56) 1.00-5.00

Fantasia 3.02 (.65) 1.00-5.00

Diferenças na empatia em função do tipo de ajuda

As tabelas 4 a 6 apresentam os resultados das análises de diferenças ao nível das quatro dimensões da empatia, em função do tipo de ajuda, direta e indireta, para cada vinheta nas condições em que o custo de ajudar e o custo de não ajudar eram altos (CA/CA).

No que diz respeito à vinheta CA/CA criança (Tabela 4), foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao nível da preocupação empática, t(418) = 2.41, p =.016 e da tomada de perspetiva, t(418) = 2.72, p =.007. Assim, participantes que referiram ajudar diretamente apresentaram pontuações mais elevadas nestas duas dimensões.

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Tabela 4

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CA/CA Criança) Ajuda direta (n = 368) M (DP) Ajuda indireta (n = 52) M (DP) t (418) Preocupação empática 3.54 (.50) 3.35 (.58) 2.41* Tomada de perspetiva 3.74 (.57) 3.51 (.56) 2.72** Desconforto pessoal 3.05 (.55) 3.07 (.60) -.29 Fantasia 3.04 (.66) 2.94 (.59) 1.10 * p < .05; ** p < .01

Relativamente à vinheta CA/CA invisual (Tabela 5), não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao nível da empatia, entre participantes que responderam ajudar diretamente e participantes que responderam ajudar indiretamente (todos p > .05).

Tabela 5

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CA/CA invisual) Ajuda direta (n = 398) M (DP) Ajuda indireta (n = 26) M (DP) t (422) Preocupação empática 3.50 (.51) 3.60 (.49) -.91 Tomada de perspetiva 3.73 (.57) 3.58 (.60) 1.29 Desconforto pessoal 3.04 (.56) 3.12 (.60) -.72 Fantasia 3.02 (.65) 3.13 (.68) -.83

Da mesma forma, no que se refere à vinheta CA/CA idosa (Tabela 6), não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao nível da empatia em função do tipo de ajuda (todos p > .05).

(23)

Tabela 6

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CA/CA idosa) Ajuda direta (n = 312) M (DP) Ajuda indireta (n = 94) M (DP) t (404) Preocupação empática 3.50 (.51) 3.53 (.48) -.41 Tomada de perspetiva a 3.75 (.55) 3.72 (.64) .37 Desconforto pessoal 3.04 (.54) 3.05 (.60) -.11 Fantasia 3.04 (.64) 2.92 (.64) 1.63 a

homogeneidade de variâncias não cumprida, gl = 137.41

As tabelas 7 a 9 apresentam os resultados das mesmas análises de diferenças em termos de empatia, para as vinhetas nas quais o custo de ajudar era alto e o custo de não ajudar era baixo (CA/CB).

Como pode verificar-se na tabela 7, no que diz respeito à vinheta CA/CB turista, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em termos de empatia (todos p > .05).

Tabela 7

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CA/CB turista) Ajuda direta (n = 250) M (DP) Ajuda indireta (n = 112) M (DP) t (360) Preocupação empática a 3.55 (.47) 3.43 (.62) 1.82 Tomada de perspetiva 3.78 (.55) 3.70 (.60) 1.29 Desconforto pessoal b 3.03 (.52) 3.05 (.66) -.16 Fantasia 3.04 (.66) 3.02 (.69) .24

(24)

a

homogeneidade das variâncias não cumprida; gl = 170.29; b homogeneidade das variâncias não cumprida; gl = 175.29

Em relação à vinheta CA/CB colega (Tabela 8), foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre participantes que referiram ajudar diretamente e participantes que referiram ajudar indiretamente, ao nível da preocupação empática, t(264) = 3.60, p < .001, tomada de perspetiva, t(264) = 3.09, p = .002 e fantasia, t(264) = 2.78, p = .006. Participantes que indicaram dar ajuda direta apresentaram pontuações superiores nestas três dimensões.

Tabela 8

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CA/CB colega) Ajuda direta (n = 86) M (DP) Ajuda indireta (n = 180) M (DP) t (264) Preocupação empática 3.69 (.54) 3.44 (.54) 3.60*** Tomada de perspetiva 3.93 (.52) 3.69 (.62) 3.09** Desconforto pessoal 3.16 (.62) 3.03 (.58) 1.68 Fantasia 3.21 (.72) 2.97 (.64) 2.78** ** p < .01; *** p < .001

No que diz respeito à vinheta CA/CB familiar (Tabela 9), foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em função do tipo de ajuda apenas ao nível da preocupação empática, t(275) = 2.92, p = .004. Participantes que responderam dar ajuda direta apresentaram pontuações superiores nesta dimensão, quando comparados com participantes que responderam ajudar indiretamente.

(25)

Tabela 9

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CA/CB familiar) Ajuda direta (n = 144) M (DP) Ajuda indireta (n = 133) M (DP) t (275) Preocupação empática 3.64 (.53) 3.46 (.47) 2.92** Tomada de perspetiva 3.83 (.54) 3.74 (.58) 1.29 Desconforto pessoal 3.12 (.61) 3.01 (.58) 1.56 Fantasia 3.11 (.64) 3.03 (.63) 1.14 ** p < .01

As tabelas 10 a 12 apresentam os resultados das análises de diferenças em ter-mos de empatia para as vinhetas nas quais o custo de ajudar era baixo e o custo de não ajudar era alto (CB/CA).

Como pode verificar-se na tabela 10, no que diz respeito à vinheta CB/CA crian-ça, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em termos de empatia, de acordo com o tipo de ajuda (todos p > .05).

Tabela 10

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CB/CA criança) Ajuda direta (n = 380) M (DP) Ajuda indireta (n = 39) M (DP) t (417) Preocupação empática 3.52 (.50) 3.43 (.52) 1.06 Tomada de perspetiva 3.73 (.58) 3.67 (.49) .67 Desconforto pessoal 3.05 (.56) 3.09 (.58) -.45 Fantasia 3.04 (.65) 2.92 (.58) 1.09

(26)

Da mesma forma, em relação à vinheta CB/CA criança (Tabela 11), não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em termos de empatia, em função do tipo de ajuda (todos p > .05).

Tabela 11

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CB/CA invisual) Ajuda direta (n = 423) M (DP) Ajuda indireta (n = 8) M (DP) t (429) Preocupação empática 3.51 (.51) 3.67 (.33) -.88 Tomada de perspetiva 3.72 (.57) 4.02 (.47) -1.49 Desconforto pessoal 3.04 (.56) 3.13 (.79) -.41 Fantasia 3.02 (.65) 3.29 (.58) -1.18

Relativamente à vinheta CB/CA idosa (Tabela 12), foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre participantes que responderam ajudar diretamente e participantes que referiram ajudar indiretamente, apenas em termos da dimensão Fanta-sia, t(7.55) = -3.32, p = .011, sendo que participantes que afirmaram dar ajuda indireta apresentaram pontuações mais elevadas nesta dimensão.

(27)

Tabela 12

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CB/CA idosa) Ajuda direta (n = 411) M (DP) Ajuda indireta (n = 7) M (DP) t (416) Preocupação empática 3.52 (.50) 3.74 (.32) -1.16 Tomada de perspetiva 3.73 (.56) 3.86 (.56) -.61 Desconforto pessoal 3.04 (.55) 3.45 (.71) -1.95 Fantasia a 3.02 (.63) 3.33 (.24) -3.32* a

homogeneidade de variâncias não cumprida, gl = 7.55

*

p < .05

Por fim, as tabelas 13 a 15 apresentam os resultados das análises de diferenças em termos de empatia para as vinhetas nas quais o custo de ajudar era baixo e o custo de não ajudar era também baixo (CB/CB).

Relativamente à vinheta CB/CB turista (Tabela 13) não foram encontradas dife-renças estatisticamente significativas em termos de empatia, em função do tipo de ajuda (todos p > .05).

(28)

Tabela 13

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CB/CB turista) Ajuda direta (n = 410) M (DP) Ajuda indireta (n = 13) M (DP) t (421) Preocupação empática 3.51 (.50) 3.51 (.59) -.00 Tomada de perspetiva 3.73 (.56) 3.68 (.62) .29 Desconforto pessoal 3.03 (.55) 3.24 (.83) -1.34 Fantasia 3.01 (.64) 3.08 (.42) -.36

No que se refere à vinheta CB/CB colega (Tabela 14), foram encontradas dife-renças estatisticamente significativas em função do tipo de resposta, apenas em termos da dimensão Tomada de Perspetiva, t(299) = 2.07, p = .040. Participantes que afirma-ram dar ajuda direta apresentaafirma-ram pontuações mais elevadas nesta dimensão do que participantes que responderam ajudar indiretamente.

Tabela 14

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CB/CB colega) Ajuda direta (n = 251) M (DP) Ajuda indireta (n = 50) M (DP) t (299) Preocupação empática 3.57 (.50) 3.49 (.51) 1.09 Tomada de perspetiva 3.80 (.55) 3.63 (.52) 2.07* Desconforto pessoal 3.09 (.56) 3.12 (.62) -.37 Fantasia 3.12 (.63) 3.03 (.65) .92 * p < .05

(29)

Em relação à vinheta CB/CB familiar (Tabela 15) não foram encontradas dife-renças estatisticamente significativas em termos de empatia, em função do tipo de ajuda (todos p > .05).

Tabela 15

Diferenças na empatia, em função do tipo de ajuda (CB/CB familiar) Ajuda direta (n = 417) M (DP) Ajuda indireta (n = 5) M (DP) t (420) Preocupação empática 3.52 (.48) 3.77 (.48) -1.14 Tomada de perspetiva 3.73 (.56) 3.80 (.61) -.29 Desconforto pessoal 3.05 (.54) 3.40 (.82) -1.44 Fantasia 3.03 (.64) 3.23 (.35) -.72

Associação entre comportamento de ajuda de acordo e primação

As tabelas 16 e 17 apresentam os resultados das análises de associação entre o comportamento de ajuda em cada vinheta e a primação, isto é, se o participante foi exposto à imagem dos olhos ou à imagem das árvores, para as condições de custo alto e de custo baixo de ajudar, respetivamente.

Como pode verificar-se na tabela 16, não foram encontradas associações estatis-ticamente significativas entre o tipo de ajuda e a primação recebida (todos p > .05).

(30)

Tabela 16

Associações entre comportamento de ajuda (custo alto de ajudar) e primação Olhos n (%) Árvores n (%) Χ 2 (1) CA/CA Criança Ajuda direta 184 (87.6) 184 (87.6) .00 Ajuda indireta 26 (12.4) 26 (12.4) CA/CA Invisual Ajuda direta 194 (91.9) 204 (95.8) 2.70 Ajuda indireta 17 (8.1) 9 (4.2) CA/CA Idosa Ajuda direta 164 (79.6) 148 (74.0) 1.80 Ajuda indireta 42 (20.4) 52 (26.0) CA/CB Turista Ajuda direta 125 (69.1) 125 (69.1) .00 Ajuda indireta 56 (30.9) 56 (30.9) CA/CB Colega Ajuda direta 43 (35.2) 43 (29.9) .88 Ajuda indireta 79 (64.8) 101 (70.1) CA/CB Familiar Ajuda direta 74 (55.2) 70 (49.0) 1.09 Ajuda indireta 60 (44.8) 73 (51.0)

(31)

Como pode verificar-se na Tabela 17, foi encontrada apenas uma associação estatisticamente significativa entre o tipo de ajuda e a primação recebida, na vinheta CB/CA Invisual, Teste de Fisher, p = .036. Observa-se que tanto a maioria dos partici-pantes que receberam a primação olhos como os que receberam a primação árvores aju-daram diretamente (n = 207, 96.7% e n = 216, 99.5%). Em relação aos participantes que referiram dar ajuda indireta, observa-se que a maioria recebeu a primação olhos (n = 7, 3.3%), sendo que apenas 1 (0.5%) recebeu primação árvores.

(32)

Tabela 17

Associações entre comportamento de ajuda (custo baixo de ajudar) e primação Olhos n (%) Árvores n (%) Χ 2 (1) CB/CA Criança Ajuda direta 188 (91.3) 192 (90.1) .16 Ajuda indireta 18 (8.7) 21 (9.9) CB/CA Invisual Ajuda direta 207 (96.7) 216 (99.5) Teste de Fisher* Ajuda indireta 7 (3.3) 1 (0.5) CB/CA Idosa Ajuda direta 195 (97.5) 216 (99.1) Teste de Fisher Ajuda indireta 5 (2.5) 2 (0.9) CB/CB Turista Ajuda direta 202 (95.7) 208 (98.1) 2.01 Ajuda indireta 9 (4.3) 4 (1.9) CB/CB Colega Ajuda direta 117 (83.6) 134 (83.2) .01 Ajuda indireta 23 (16.4) 27 (16.8) CB/CB Familiar Ajuda direta 212 (99.1) 205 (98.6) Teste de Fisher Ajuda indireta 2 (0.9) 3 (1.4) * p < .05

(33)

De referir ainda que, quando questionados sobre a imagem que tinham visto durante a resposta às vinhetas, a maioria dos participantes (n = 324, 75.2%) referiu não ter visto nenhuma imagem, 52 (12.1%) responderam ter visto olhos, 34 (7.9%) afirma-ram ter visto árvores, e os restantes participantes indicaafirma-ram ter visto outras imagens (i.e., veículos e cidades).

(34)

Discussão

O presente estudo teve como objetivo estudar o impacto da empatia na avaliação dos custos numa relação de ajuda.

Quando analisado o tipo de ajuda dada pelos participantes consoante as vinhetas apresentadas, observa-se que a maioria dos participantes respondeu que ajudaria direta-mente em todas as situações apresentadas, à exceção da vinheta CA/CB colega, na qual se observa o oposto, a frequência de ajuda indireta foi superior. Destaca-se ainda a vinheta CA/CB Familiar, na qual houve também um número mais elevado de partici-pantes a indicar que ajudariam indiretamente, ainda assim, em numero inferior àqueles que ajudaram directamente.

Quando analisada a empatia em função do tipo de ajuda, o principal objetivo deste estudo, se observarmos as vinhetas que tiveram valores significativos ao nível da empatia (CA/CA criança, no CA/CB colega, no CA/CB familiar, CB/CA idosa e CB/CB colega) e as vinhetas onde não foram encontradas nenhuma diferença ao nível da empatia (CA/CA invisual, CA/CA idosa, CA/CB turista, CB/CA criança, CB/CA invisual, CB/CB turista e CB/CB familiar), não encontramos uma relação com um par de custos de ajudar e de não ajudar e a significância ao nível da empatia, à excepção do par CA/CB colega e CA/CB familiar. Disto isto, podemos ver a titulo de exemplo, a situação CA/CA criança, com valores de empatia significativos e a situação CA/CA invisual, com valores de empatia não significativos e nas quais o tipo de ajuda dada à vitima é muito equivalente. Ao analisarmos o único par idêntico de custos (de ajudar e não ajudar) onde os valores da empatia são significativos - caso CA/CB colega (com valores significativos na dimensão preocupação empática, tomada de perspectiva e fan-tasia) e o caso do CA/CB familiar (com valores significativos na preocupação empática) - podemos verificar que diferenças na empatia resultam em diferenças no tipo de ajuda dada à vitima. No caso em que temos mais dimensões de empatia (CA/CB colega) os participantes optam mais pela ajuda indireta. Repare-se que as dimensões que fazem a diferença são a tomada de perspectiva e a fantasia pois ambas as vinhetas têm valores significativos ao nível da preocupação empática, repare-se também que ambas as vinhe-tas têm médias superiores de empatia na ajuda directa. Davis (1983) define a tomada de perspetiva como a capacidade de adotar espontaneamente o ponto de vista psicológico dos outros, e a fantasia como a capacidade de se transpor imaginativamente para os sen-timentos e as acções dos outros. Podemos supor que os participantes na situação CA/CB

(35)

colega podem ter confiado mais na ajuda indirecta por causa da sua maior capacidade de adotar espontaneamente o ponto de vista psicológico do outro e mais facilmente podem imaginar a ajuda do outro à vitima, ficando mais à vontade para lhes pedir auxi-lio para esta.

No que se refere à principal hipótese deste estudo, de que participantes que ofe-recem mais ajuda direta apresentariam mais empatia, verifica-se que esta não foi sempre verificada, como se pode ver no caso da vinheta CB/CA idosa, na qual foram os partici-pantes que referiram ajudar indiretamente que apresentaram pontuações mais elevadas em termos de dimensões da empatia, como desconforto pessoal e fantasia. Verificamos também o caso do CA/CB colega em que os participantes pontuaram de forma significa-tiva em mais dimensões empáticas e a sua ajuda foi superior na ajuda directa. Por outro lado, em algumas vinhetas não foram encontradas diferenças em termos de empatia e a resposta mais dada também foi a ajuda directa. Estes resultados sugerem outros factores relevantes no tipo de ajuda para além da empatia, como por exemplo os factores men-cionados no modelo por Dovido et al. (2006) e Piliavin et al. (1981) como a personali-dade do indivíduo, o tipo de relação que tem com a pessoa que precisa de ajuda, e as normas sociais.

Em relação à variável independente estímulo subliminar não se encontraram diferenças significativas à excepção do caso CB/CA invisual. A maioria dos participan-tes respondeu que não viu imagem alguma. À pergunta se responderam ao inquérito no telemóvel ou no computador, a maioria disse que respondeu no telemóvel, o que pode ter influenciado no facto da imagem não ser tão percebida.

Este estudo apresenta algumas limitações, nomeadamente o facto das situações de emergência serem apenas imaginadas e não serem de facto situações reais, o que pode certamente enviesar o tipo de resposta dada pelo participante. A escolha do inqué-rito para aferir as respostas dos participantes, apesar de ter por base um modelo concei-tuado, pode ser vista como uma limitação, uma vez que se partiu também da criativida-de para a escolha das vitimas e das situações criativida-de ajuda com custo criativida-de ajudar (alto e baixo) e de não ajudar (alto e baixo).

(36)

Conclusão

A nossa hipótese não foi totalmente corroborada, uma vez que participantes que referiram ajudar indiretamente apresentaram pontuações mais elevadas em termos de dimensões da empatia. Como também verificamos em algumas vinhetas não foram encontradas diferenças em termos de empatia e a resposta mais dada também foi a ajuda directa. Toda via, encontramos vinhetas em que podemos verificar alguma influencia da empatia no tipo de ajuda dada à vitima. Os resultados do estudo demonstraram con-gruência com o modelo de Custo-Recompensa de Piliavin.

(37)

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