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Meio Ambiente do Trabalho Equilibrado: qualidade de vida e rentabilidade

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homem passa maior parte da sua vida em seu ambiente de trabalho, local onde investe seu tempo, labor e conhecimento, constrói relações de competência e de convivência. E, embora seja lógica a necessidade de que seja este um espaço equilibrado, muitas vezes, as mudanças e exigências constantes do mercado de trabalho, a diversidade de recursos tecnológicos, a velocidade das informações, as relações pessoais e o próprio trabalho executado, podem trazer sobrecargas a este indivíduo. E o desequilíbrio deste ambiente pode afetá-lo direta e indiretamente, física, emocional e psicologicamente, prejudicando não só a produtividade e a qualidade de vida do trabalhador, mas, também, a rentabilidade do empregador.

Para mantermos o equilíbrio deste local e compreendermos esse contexto é preciso considerar este espaço como um lugar onde o ser humano habita, sim, de habitat. Na ecolo-gia, o termo habitat compreende o espaço e o ecossistema onde os animais se desenvolvem, dentro de uma comunidade. A definição da palavra pelo Dicionário corresponde à “designa-ção do clima, zona ou região onde vive e se desenvolve qualquer ser organizado”1. Ele pode

Resumo: o homem passa maior parte da sua vida trabalhando. É necessário que seja num local equilibrado. Pois, seu desequilíbrio pode afetá-lo consideravelmente, prejudicando sua saúde e produtividade, interferindo na rentabilidade do empregador. Identificar o meio ambiente do trabalho é considerar o habitat do trabalhador, compreender suas condições ideais e sua relação direta com a qualidade de vida e o lucro.

Palavras-chave: Meio ambiente do trabalho. Qualidade de vida. Rentabilidade. Trabalhador.

* Recebido em: 03.02.2016. Aprovado em: 23.03.2016.

** Especialista em Direito Ambiental e Agrário pela UFG. Advogada e Colaboradora do Programa de Orientação Acadêmica ao Aluno (PROA) da PUC Goiás. E-mail: eire.bomfim@gmail.com. Ver http:// www.priberam.pt/dlpo/habitat

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

EQUILIBRADO: QUALIDADE

DE VIDA E RENTABILIDADE*

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ser natural ou artificial, o último quando é construído pelo homem, como acontece com os zoológicos e abrigos para animais extinção. E, porque não sua casa e seu próprio local de trabalho?

Em outras palavras, habitat é o local que oferece as condições climáticas, físicas e alimentares ideais para o desenvolvimento de uma determinada espécie. Além disso, as ati-vidades e o modo como cada espécie vive, se desenvolve e se reproduz é chamado de nicho ecológico. No trabalho, o homem se desenvolve como ser de relações pessoais e sociais e a este habitat cabe lhe fornecer, basicamente, as condições: físicas, climáticas, interpessoais, psicoló-gicas e materiais suficientes para viver, desempenhar suas funções e se desenvolver.

Pensar no meio ambiente do trabalho é remeter o ser humano ao seu habitat, com-preender suas condições ideais e considerar o emprego como parte de seu nicho. Consideran-do, é claro, todas as partes da relação de trabalho, empregados em suas diferentes competên-cias e empregador. E como se trata de um ser social, insere-se nessa compreensão a análise da legislação aplicável, os aspectos que a permeiam e os meios de manter o seu equilíbrio o mais próximo de um habitat ideal à raça humana.

MEIO AMBIENTE E TRABALHO

O meio ambiente definido pela Constituição Federal, no caput do seu artigo 225, consiste em um “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo--se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes e futuras gerações”.

No próprio contexto jurídico, durante muito tempo, restringiu-se o conceito de meio ambiente basicamente à fauna e à flora, inclusive pela legislação vigente, tanto em ní-vel federal, estadual, quanto municipal. Essa generalidade também é perceptíní-vel ainda pelas abordagens relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente, de Desenvolvimento Susten-tável e à própria grade curricular de disciplinas mais específicas, como Direito Ambiental e Direito Agrário.

A Lei Nº 6.938/91, artigo 3º, inciso I, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente considera que o “meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e in-terações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Já as referências básicas existentes acerca do trabalho, pela etimologia da palavra, relacionam-se ao conjunto de atividades, sejam elas produtivas ou criativas, as quais o homem exerce para atingir um determinado fim ou desempenho. O trabalho costuma ser organizado por meio de atividade profissional realizada de forma regular, remunerada ou assalariada.

No Direito do Trabalho, no contexto das relações de trabalho, a preocupação com a saúde do trabalhador, presente no Capítulo V da Consolidação das Leis Trabalhistas (artigos 154 a 200), embora tenha natureza preventiva, restringe-se ao campo do próprio título do Capítulo: DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO.

Contexto onde também se concentram as normas de segurança do trabalho e as Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT)2, que regem as atuações dos

profissionais da Medicina do Trabalho, do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA). E todo este aparato e trabalho é acompanhado pelos órgãos do Ministério do

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Traba-lho e Emprego (MTE),(Superintendências Regionais e Conselhos) e Ministério Público da União (Ministério Público do Trabalho3).

Afunilar essa temática, meio ambiente e trabalho, consiste em tratarmos da espécie ser humano, no seu habitat trabalho, sob condições de qualidade e equilíbrio. No âmbito jurídico, consiste em reafirmar princípios constitucionais e ambientais, como o principio da dignidade humana e o princípio da prevenção e da precaução, por exemplo.

Para Vieira (2012, p. 1), o meio ambiente do trabalho:

é o local onde o trabalhador exerce suas funções laborativas e onde passa grande parte de sua vida. Não necessariamente o ambiente de uma empresa ou fábrica, mas o local onde se trabalha que pode ser externo como o caso dos agricultores ou em máquinas como carros e ônibus.

A legislação brasileira reconhece o meio ambiente do trabalho sadio como um direi-to de natureza fundamental do trabalhador, foi incorporado no próprio texdirei-to constitucional vigente, nos artigos 1º, 7º (XXII), 196, 200 (II e VIII) e 225. Podemos dizer que o Direito Ambiental do Trabalho visa resguardar um bem jurídico já tutelado, pois, justamente por tratar-se de direito fundamental constitucional, o meio ambiente do trabalho equilibrado, obrigatoriamente, deve ser adequado, seguro, hígido e salubre.

O Meio Ambiente do Trabalho é o espaço onde as pessoas executam/realizam to-das as suas atividades laborais (interno ou externo), sejam elas remunerato-das ou não, e, cujo equilíbrio encontra-se baseado na qualidade/saúde do meio e na ausência de agentes que possam comprometer a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentem.

O meio ambiente do trabalho, considerado também uma extensão do conceito de meio ambiente artificial, é o conjunto de fatores que ser relacionam às condições do ambiente laboral, como o local de trabalho, as ferramentas, as máquinas, os agentes químicos, biológicos e físicos, as operações, os processos e a relação entre o trabalhador e o meio físico e psicológico (FARIAS, 2009, p. 10 apud MENESES, 2015).

Nesse contexto, o princípio da dignidade humana se apresenta como moderador das condições mínimas de equilíbrio do meio ambiente trabalho, condições estas responsáveis pelo bom desempenho do trabalho, a ser desenvolvido de forma hígida e salubre, visando à incolumidade física e psíquica do trabalhador.

Por essa ótica, percebe-se que o conceito de meio ambiente do trabalho encontra--se além dos limites do espaço geográfico interno, do local destinado à execução das tarefas e às relações pessoais de trabalho, alcança também seu habitat casa e o próprio meio ambien-te urbano que faz a ligação desambien-tes espaços. Voltamos exatamenambien-te aos conceitos ecológicos, simula-se ou tenta-se simular espaços em que a espécie humana possa viver, se desenvolver e reproduzir.

Ao lembrarmos esse conceito é possível perceber que o cotidiano do trabalho, mui-tas vezes, torna-se algo mecânico, metódico, superficial de relações interpessoais e simples-mente voltado à produção, resultados e retornos econômicos imediatos, velha ditadura ainda herdada da Revolução Industrial.

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O rompimento dessa estrutura ainda encontra-se em passos lentos, muito se faz para a proteção da segurança e saúde do trabalhador, e só. Aspectos como sustentabilida-de voltada à preservação do trabalhador4, logística verde, gestão de pessoas voltada para

o capital humano, melhor aproveitamento de perfil para distribuição de atribuições5,

logística (material, pessoal, organizacional e layout de estruturas), são superficiais ou não existem.

Ao despertamos a atenção para estes aspectos, percebemos as diversas e complexas relações biológicas, psicológicas e sociais as quais o trabalhador está submetido, dentro e fora do ambiente do trabalho. Isso inclui os reflexos de sua genética, sua convivência familiar e social. O empregador com a visão do meio ambiente do trabalho deixa de ver seu empregado como uma mera engrenagem de produção.

Assim, a consciência deste meio tem como principal objetivo resguardar o traba-lhador, sua saúde, segurança, produtividade, bem-estar e de suas relações interpessoais. Ao fazermos isso, estamos garantindo seu desenvolvimento enquanto pessoa humana, amparado pelo valor social do seu trabalho, propiciando-lhe meios dignos para o máximo aproveita-mento do desempenho de suas funções, reconhecendo e aproveitando o capital humano6. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO, DA PRECAUÇÃO E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

No Direito Brasileiro, os princípios são fortemente reconhecidos como normas, consistem em uma de suas principais fontes. São responsáveis em fundamentar, orientar e preencher lacunas ainda existentes em nosso ordenamento jurídico.

No direito Ambiental, o princípio da prevenção e da precaução aplica-se direta-mente na relação ambiente e trabalho, no sentido de cuidado e proteção destinados ao tra-balhador:

Entendemos que a prevenção é gênero das espécies precaução e cautela, ou seja, é agir antecipadamente. Prevenção, como se pode notar, tem o significado de antecipar o fato. Já cautela significa a atitude ou cuidado que se deve ter para evitar danos ao meio am-biente ou a terceiros. O conceito de prevenção é mais amplo do que precaução ou cautela (SIRVINSKAS, 2008, p. 57, apud VIEIRA, 2012, p. 2).

No âmbito trabalhista, a prevenção aplica-se na proposta de segurança e saúde do trabalho, com ações de fiscalização dos ambientes e das condições de trabalho, buscar preve-nir acidentes e doenças do trabalho, protegendo a vida e a saúde dos trabalhadores. O ideal é que estas ações alcancem a saúde física, mental, emocional e psicológica do trabalhador, que podem ser afetadas por condições internas, externas e sociais. E eis aqui uma responsabilidade compartilhada tanto por parte do trabalhador quanto do empregador:

3. Dever do empregador e trabalhadores informar ao serviço de saúde sobre todo fator existente no meio ambiente de trabalho que possa afetar a saúde dos trabalhadores, assim como sobre todos os casos de doença entre os trabalhadores e ausências ao trabalho por motivos de saúde (CONVENÇÃO Nº 161 - SERVIÇOS DE SAÚDE NO TRABA-LHO – 1985).

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As principais funções dos serviços de saúde no trabalho estão relacionadas no teor da Convenção Nº 161 da OIT, ações norteadoras dos trabalhos realizados por SESMT’s e CIPA’s, consistem em:

• Identificação e avaliação dos riscos à saúde nos locais de trabalho;

• vigilância da saúde dos trabalhadores e dos fatores e práticas de trabalho que possam afetá-la;

• assessoria em matéria de saúde, segurança, higiene no trabalho e ergonomia, equipamentos de proteção individual e coletiva, assim como no planejamento e organização do trabalho; • participação em programas de melhorias nas práticas de trabalho e inspeções de novos

equipamentos;

• fomento da adaptação do trabalho aos trabalhadores;

• assistência na adoção de medidas de reabilitação profissional;

• colaboração na difusão de informações, na formação e educação em matéria de saúde e higiene no trabalho e ergonomia;

• organização dos primeiros socorros e atendimento de urgência;

• participação na análise de acidentes do trabalho e doenças profissionais.

Sabemos que muitas destas ações acabam ficando distantes, na prática. Seja pelo vo-lume de trabalhos, tamanho da empresa, quantidade de empregados. Além disso, estas ações são voltadas à prevenção e precaução, relacionadas à saúde e segurança do trabalhador. Mas, quando tratamos de dignidade da pessoa humana outros aspectos, além desses, encontram-se inseridos.

A Constituição Federal, em seu artigo 1º, inciso III, reconhece este princípio como “prerrogativa de todo ser humano em ser respeitado como pessoa, de não ser prejudicado em sua existência (a vida, o corpo e a saúde) e de fruir de um âmbito existencial próprio” (AWAD, 2006, p.113).

E, mesmo que o termo “dignidade” comporte vários significados, estes possuem uma mesma base comum. “Os limites dos significados diferem de uma sociedade para outra, de um espaço para outro, uma vez que são formados por influências religiosas, fi-losóficas e morais, embora todos procurem relatar uma mesma realidade” (AWAD, 2006, p. 114).

Este princípio é tão importante no Direito e para nós que é dele onde extraímos ou-tros direitos relacionados diretamente com a identificação do direito ambiental do trabalho, assim, respeitar a dignidade da pessoa humana, traz quatro importantes consequências: a) igualdade de direitos entre todos os homens, uma vez integrarem a sociedade como pessoas e não como cidadãos;

b) garantia da independência e autonomia do ser humano, de forma a obstar toda coação externa ao desenvolvimento de sua personalidade, bem como toda atuação que impli-que na sua degradação e desrespeito à sua condição de pessoa, tal como se verifica nas hipóteses de risco de vida;

c) não admissibilidade da negativa dos meios fundamentais para o desenvolvimento de alguém como pessoa ou imposição de condições subhumanas de vida. Adverte, com carradas de acerto, que a tutela constitucional se volta em detrimento de violações não somente levadas a cabo pelo Estado, mas também pelos particulares (NOBRE JÚNIOR, 2000, p. 4 apud AWAD, 2006, p. 115).

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O mercado de trabalho concentra-se na obtenção de valores econômicos, enquanto o meio ambiente do trabalho busca inverter os valores, concentrando-os no homem, tendo--o como principal responsável pela máquina economia. Desta forma, é possível potencializar a capacidade humana de contribuir à relação de trabalho e, por consequência, favorecer os resultados econômicos. Ao considerarmos essa inversão, mantemos os interesses de todos os envolvidos, a qualidade de vida do trabalhador e a rentabilidade do empregador.

CONDIÇÕES PARA MANUTEÇÃO DE EQUILIBRIO DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

A degradação irracional do meio ambiente não atinge apenas o meio natural, já está afetando a qualidade de vida do homem, gerando riscos e diversos problemas às presentes e futuras gerações. O meio ambiente do trabalho precisa sobressair em um mercado econômico voltado à obtenção de altas taxas de produtividade, respaldado por inovações tecnológicas, onde a obtenção do lucro é o principal foco, não importando, muitas vezes, que a dignidade da pessoa humana do trabalhador seja arbitrariamente sacrificada.

Diante dessa realidade, é preciso resgatar e realocar prioridades:

qualquer organização ou instituição, independentemente do seu setor, porte e natureza, pública ou privada, deve ter o propósito de transformar recursos em valor coletivo para a sociedade. Por recursos entende-se capital humano, natural, financeiro e valores morais, que devem ser transformados em entregas econômicas, sociais, ambientais e éticas. Se alguma entidade não é capaz de cumprir essa missão, a sua existência é desnecessária. Esse conceito se aplica, de forma abrangente e sem exceção, a organizações, instituições, países, estados, municípios e comunidades (SILVA, 2015, p. 1).

As ações de sustentabilidade geralmente estão focadas em aspectos relacionados ao meio ambiente natural: água, luz, papel, ar. Mas, existem outros aspectos que podem ser inseridos no contexto de um meio ambiente do trabalho equilibrado, como vimos através do direito à dignidade humana.

A Fundação Nacional de Qualidade (FNQ) realizou, em 2012, uma pesquisa, com a finalidade de analisar o Estágio da Sustentabilidade das Empresas Brasileiras, e, com o obje-tivo de definir a sustentabilidade, as organizações foram questionadas a respeito das seguintes ações7:

- operar com ética e transparência nos negócios;

- valorizar colaboradores e tratá-los com respeito e dignidade;

- trabalhar com os fornecedores/vendedores para assegurar que eles operem de forma ética e responsável;

- proteger o meio ambiente natural, identificando, tratando e mitigando os impactos ambientais e sociais decorrentes das atividades na oferta dos produtos e serviços;

- proteger consumidores;

- gerir e reportar as finanças precisamente;

- realizar marketing e propaganda dos produtos de maneira responsável; - promover benefícios aos colaboradores;

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as quais eles se preocupam e as quais afetam seu desenvolvimento e bem-estar;

- melhorar as condições da sua comunidade; - gerar valor para as partes interessadas;

- prover vagas de trabalho bem remuneradas, bem como o bem-estar de seus colaboradores; - gerar diversidade de colaboradores dentro da empresa;

- apoiar voluntariado entre os colaboradores;

- inovar na forma de gerir as organizações, a fim de buscar modelos mais enxutos, limpos e inteligentes e para trazer soluções para os problemas presentes e futuros.

Percebe-se que tais questionamentos foram realizados considerando adoção de me-didas sustentáveis, focadas no fluxo de atividades, na funcionalidade do local, público alvo, na logística, na contenção de gastos de energia, tempo e trabalho dos empregados e na pro-dutividade de qualidade.

Podemos citar exemplos de ações práticas e simples, como: o uso de garrafas de vidro ou plástico e de xícaras de café individuais. Incentiva o consumo de água, economiza--se com copos descartáveis ou água para lavar louças, remete o trabalhador a um ambiente receptivo e reduz-se custo com material de copa. E existem medidas mais complexas, carentes de uma equipe multidisciplinar – Psicólogo, Médico do Trabalho, Advogado, Administrador, Especialista em Logística, como práticas de Gestão Organizacional Sustentáveis, consultoria ambiental e de Excelência em Gestão de Qualidade, dentre outros profissionais:

O pressuposto é que, à medida que empresas e executivos entenderem que a realização de ações sustentáveis proporciona não só a perpetuação da empresa como também me-lhores resultados econômicos e financeiros, haverá maior incentivo a esses agentes para a promoção da sustentabilidade (Fundação Nacional de Qualidade – FNQ – Excelência em Gestão. E-Book #9 Gestão Sustentável. 2015, p. 18).

Nesse contexto, para que haja uma gestão sustentável, existem algumas atitudes que precisam ser incorporadas nas atividades realizadas pelas organizações, como mostra o Quadro 18:

Quadro 1: Atitudes que devem ser incorporadas nas atividades das organizações

Atitudes Ações/Atividades 1. I dentificar impactos negativ os ao meio ambiente

Mapear as atividades que podem gerar impactos negativos ao meio ambiente, para tratá-las de forma planejada, estabelecendo metas para eliminar, minimizar ou compensar tais consequências.

O consumo consciente de água, de energia elétrica e de combustível, bem como o descarte correto de sobras de produção, de lixo, de lâmpadas fluorescentes, cartuchos de impressora e embalagens.

2. P

rev

enir-se

Estar preparado para eventuais acidentes ou situações de emergência para evitar ou mitigar seus impactos no meio ambiente. Uma ação planejada e eficiente ajuda a conter esses imprevistos.

Recomenda-se realizar treinamentos de situações emergenciais, documentar e comunicar seus resultados para saber qual o nível de preparação da empresa para essas ocasiões.

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Atitudes Ações/Atividades

3. Comunicar a sociedade

de forma

transpar

ente

Informar com clareza os possíveis impactos ambientais de seus processos, produtos e instalações, assim como as políticas e resultados das ações empreendidas, a fim de ser transparente e responsável com a sociedade, gerando mais credibilidade.

Para isso, é preciso definir as informações que devem ser divulgadas, assim como os canais que serão adotados.

4. Conhecer a legislação vigente

É preciso estar ciente da legislação ambiental para a área onde está localizada. Para assegurar o atendimento às leis, é importante manter-se atualizado em relação às exigências legais aplicáveis aos seus serviços, produtos, processos e às instalações. Assim, torna-se mais fácil atuar de forma proativa, tratar pendências e evitar eventuais sanções. 5. Contribuir para o desenv olvimento sustentáv

el Empreender iniciativas sustentáveis, de forma voluntária, faz com que a organização se

destaque das demais e construa uma imagem positiva perante o mercado e a sociedade. Para isso, é interessante desenvolver parcerias para a implantação ou apoio de ações que contribuam para a solução de grandes problemas mundiais, como o aquecimento global, a redução da camada de ozônio, as mudanças climáticas, a preservação de ecossistemas, a minimização do consumo de recursos naturais, a reciclagem e reutilização de materiais, entre outros.

6. A

tuar de forma ética

A ética reflete o comportamento do ser humano, ação baseada em valores. Pressupõe que o comportamento humano seja dirigido para o bem comum. Em uma organização, deve-se considerar os valores da instituição, sem dissocia-los dos valores dos indivíduos, da sua atuação como empresário ou como colaborador. Os valores e a missão são essenciais para nortear as metas e a postura de todos, deixando clara a vocação das organizações de respeitar e beneficiar todos os públicos de interesse. A disseminação desses valores pode ser feita por meio de programas de compliance9 e também por comitês de ética.

7.

Ter lideranças transformadoras

Não basta ter líderes que atuem unicamente no dia a dia de seus

trabalhos sem perspectivas para a organização. É preciso que eles ajam de forma inspiradora, exemplar, realizadora e com constância de propósito, estimulando as pessoas em torno de valores, princípios e objetivos, explorando as potencialidades das culturas presentes, preparando líderes e interagindo com as partes interessadas. É importante que as lideranças sejam patrocinadoras e protagonistas da gestão sustentável dentro e fora de suas organizações.

8. O

lhar para

o futur

o

É primordial projetar e entender diferentes cenários e prováveis tendências e seus possíveis efeitos sobre a organização, seja a curto ou a longo prazos.

é preciso avaliar alternativas e estratégias apropriadas para a empresa.

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Atitudes Ações/Atividades

9. Considerar a cadeia de valor como um todo

É comum pensarmos a cadeia de valor de forma fragmentada, seja considerando a relação com fornecedores de maneira diferenciada ou desconsiderando a opinião de clientes e colaboradores, por exemplo. A cadeia de valor deve ser vista como um todo, ou seja, o conjunto de atividades realizadas pela organização deve ser entendido não em partes, mas, sim, como uma única operação do produto final.

Não devemos pensar a sustentabilidade apenas dentro da empresa. É importante que tanto os fornecedores como os stakeholders10 também sejam considerados no processo.

São ações incorporáveis no cotidiano do meio ambiente do trabalho, quando rea-lizadas conjuntamente com os envolvidos na relação laboral. Pois, assim como a responsabi-lidade em mantermos um meio ambiente saudável para as presentes e futuras gerações é um dever coletivo, também há solidariedade na manutenção do meio ambiente do trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Seria pretencioso esgotar o assunto, continuamente explorado e descoberto por especialistas e consultores da área. A intenção é despertar o estudo e aplicação destas ações, dessa visão mais ampla de meio ambiente. O objetivo é criar nortes e desvendar possibilidades de contribuir para um crescimento e desenvolvimento saudável das empresas, dos seus cola-boradores, do seu público, dos seus representantes.

É aperfeiçoar e desenvolver linhas de estudo, ações práticas para adaptação em nossos habitats. O ser empregado é muito mais do que uma ferramenta que fomenta a máquina eco-nômica e pode oferecer muito mais, além do básico labor. O aproveitamento racional, social, sustentável e econômico desse trabalho precisa ser feito de forma consciente pelo empregador.

Explorar isso, de forma efetiva e produtiva é o alvo do meio ambiente do trabalho, considerando o respeito a todos os envolvidos nesta relação, tanto empregados, empregador, como o público alvo das atividades. A criação de uma política ambiental, que envolva esse foco nas relações de trabalho, dentro das empresas, consiste em um estudo de perfil, porte, cargos, funções, atividade específicos de cada departamento, seção.

Em cada área da empresa existem peculiaridades e disponibilidades a serem con-sideradas. A constituição de uma equipe multidisciplinar é imprescindível, tendo em vista que a compreensão do habitat considera especificidades advindas de várias áreas. Tais como da psicologia, da biologia, da medicina e segurança do trabalho, do direito ambiental, da educação física, da nutrição, da administração e gestão de pessoas, da logística e da qualidade. Fora, é claro, outras que não puderam ser mencionadas aqui, cujas contribuições podem ser aproveitadas direta ou indiretamente.

Portanto, mais do que um “modismo”, pensar e agir o meio ambiente do trabalho é um investimento não só econômico, como de preservação e exploração consciente de todos os recursos disponíveis no habitat trabalho. É uma forma de socializar e humanizar as relações construídas neste ambiente, desenvolvendo as condições saudáveis e equilibradas necessárias para o desenvolvimento humano.

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ENVIRONMENT OF BALANCED WORK: QUALITY OF LIFE AND PROFITABILITY

Abstract: the man spends most of his life working. It is necessary his working place is balanced.

The working environment imbalance can affect him greatly, damaging his health and productivity and affecting the employer’s profitability. Identify the working environment is take in consideration the worker’s habitat, understanding its ideal conditions and its direct relationship to life quality and profit.

Keywords: Working environment. Quality of life. Profitability. Worker. Notas

1 Ver http://www.priberam.pt/dlpo/habitat

2 Convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT são tratados multilaterais abertos, de caráter normativo, que podem ser ratificadas sem limitação de prazo por qualquer dos Estados-Membros. A Convenção nº 148, de 1977 tratou do Meio Ambiente do Trabalho.

3 O Ministério Público do Trabalho (MPT) tem como missão defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis no âmbito das relações de trabalho. Uma instituição permanente e com autonomia funcional e administrativa, o MPT tem atuação independente dos poderes legislativo, executivo e judiciário.

4 Ações sustentáveis podem gerar preservação não só do meio ambiente natural, mas do trabalhador. Exemplo: adoção de comportamentos conscientes, aproveitamento de luz solar, do vento, uso de xicaras e garrafas individuais, uso de escadas, incentivo a realização de atividades físicas dentro ou fora do espaço, alimentação orientada por nutricionistas, fornecida em copas ou terceirizada, promoção de atividades solidárias, entre os próprios colaboradores, como a carona ou bazar de novos usados.

5 As empresas trabalham as ascensões de cargos reféns ao tempo de trabalho ou a níveis de escalonamento, dispensando o aproveitamento de perfis e currículos em atividades correspondentes, desperdiçando um melhor rendimento do funcionário ou gerando desestímulo de seus potenciais. Aproveitá-lo de forma satisfatória, melhora sua qualidade de vida e reverte-se, sem custo, em retornos econômicos da empresa. 6 Na economia existe a expressão “Capital humano” que consiste num conjunto de capacidade, conhecimentos,

práticas, competências e atributos de personalidade responsáveis em favorecer a realização de trabalho, produzindo valor econômico. E, nada mais são do que os atributos adquiridos por um trabalhador, através da educação, da perícia e de sua própria experiência – inclusive de outros ambientes.

7 A FNQ – Excelência em Gestão. E-Book #9 Gestão Sustentável. 2015, p. 6 - As questões acima fazem parte da pesquisa Estágio da Sustentabilidade das Empresas Brasileiras, de 2012, e foram complementadas de acordo com a 20ª edição dos Critérios de Excelência da Gestão da FNQ.

8 Fundação Nacional de Qualidade – FNQ – Excelência em Gestão. E-Book #9 Gestão Sustentável. 2015 - Tabela elaborada a partir do texto extraído da p. 15-17.

9 Um conjunto de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou estrangeira (Lei Anticorrupção - Lei 12.846/13 apud MENEZES, 2015).

10 Stakeholder significa público estratégico. Em inglês stake significa interesse, participação, risco. Holder significa aquele que possui. Assim, stakeholder também significa parte interessada ou interveniente. É uma palavra em inglês muito utilizada nas áreas de comunicação, administração e tecnologia da informação cujo objetivo é designar as pessoas e grupos mais importantes para um planejamento estratégico ou plano de negócios, ou seja, as partes interessadas. (In: http://www.dicionarioinformal. com.br/stakeholders/).

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Referências

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Referências

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