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Saúde no Amanhã:um museu interdisciplinar promotor de saúde, bem-estar e qualidade de vida/ Health in Tomorrow:an interdisciplinary museum promoting health, well-being and quality of life

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53954- 53966 jul. 2020. ISSN 2525-8761

Saúde no Amanhã:um museu interdisciplinar promotor de saúde, bem-estar e

qualidade de vida

Health in Tomorrow:an interdisciplinary museum promoting health,

well-being and quality of life

DOI:10.34117/bjdv6n7-878

Recebimento dos originais:08/06/2020 Aceitação para publicação:31/ 07/2020

Matheus Henrique de Abreu Araujo

Especialista em Movimento Humano pela Universidade Estadual de Goiás (UEG - ESEFFEGO) Instituição: Universidade Federal de Jataí

Endereço: Rua: Bálsamo; Quadra 138, Lote 45, Sobrado 2 – Setor: Santa Genoveva, Goiânia – GO, Brasil

E-mail: matheushenrique03@yahoo.com.br Arícia Mota

Acadêmica de Medicina

Instituição: Universidade Federal de Jataí

Endereço: Rua F-17, Quadra 107, Lote 01 - Setor Faiçalville, Goiânia – GO, Brasil E-mail: ariciamota@gmail.com

Maria Beatriz Ruy

Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca - FIOCRUZ Instituição: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal

Endereço: SHIN CA 5 Bloco I Apto 510 Lago Norte, Brasília/DF, Brasil E-mail: beatrizruy@gmail.com

Edlaine Faria de Moura Villela

Doutora em Epidemiologia pela Faculdade de Saúde Pública da USP Instituição: Universidade Federal de Jataí

Endereço: UFJ - Campus Jatobá (Cidade Universitária José Cruciano de Araújo) | BR 364 km 195 - Setor Parque Industrial nº 3800, Jataí - GO, 75801-615

Email: edlaine@ufg.br

RESUMO

Introdução Historicamente, os museus constituem espaços de preservação de memórias, fatos e histórias de um indivíduo, povo ou nação. Contemporaneamente, esse espaços tem sido reformulados com novas reflexões, como: ressocialização de idosos, redução de exclusão social, questões ambientais, saúde e qualidade de vida, associando assim a arte, a cultura e a saúde. Objetivo Identificar as percepções de visitantes de um museu inovador de ciências no Brasil – Museu do Amanhã – sobre como a visita ao museu contribuiu para seu bem-estar e qualidade de vida durante e após a visita. Material e Métodos Foi realizada uma pesquisa exploratória de abordagem quantitativa a partir de um questionário no “Google Forms” e respondido por visitantes no Museu do Amanhã no Rio de Janeiro no mês de agosto de 2019, totalizando 80 participantes. Previamente

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ao questionário, o individuo assistia um vídeo interativo questionando o indivíduo sobre seu grau de conhecimento a respeito do que é qualidade de vida e mostrando a individualidade do conceito e, posteriormente ao formulário, assistia um vídeo final com uma breve explicação do que seria realmente qualidade de vida e das múltiplas vertentes que essa possui. As três etapas da pesquisa foram didaticamente explicadas em banner exposto no museu. Para cada “passo” foi criado um QR Code específico que direcionava o participante ao conteúdo produzido pelo grupo. Resultados e Discussão Dos 80 participantes, a maioria era do sexo feminino (67,5%); idade entre 21-40 anos, predomínio dos estados civis: solteiros (48%) e casados(40%) e de origens diversas nacionais e internacionais, com um predomínio da região sudeste. Quanto ao aspecto econômico, parece haver uma relação direta com o poder aquisitivo e escolaridade, apresentando um menor número a partir de 10 salários mínimos e também de pós-graduados, refletindo menor alcance populacional à esses patamares. Grande parte dos indivíduos visitavam pela primeira vez o museu (78,5%), permaneciam entre 1-3 horas no museu (61,3%), não acompanhavam a programação (80%), achavam o espaço muito aconchegante (55,%) e aconchegante (41,3%) e apontaram o espaço com boa metodologia de interação entre faixa etárias (51%), apresentando boa satisfação por eles. No entanto, quando perguntados sobre o tema Ciências da Saúde, 84,2% relataram nunca ter participado de exposições com o tema e 65% demonstraram não participar de oficinas e cursos de qualidade de vida e bem-estar, demonstrando o limite de acesso ao assunto. Contudo, a maior parte dos participantes mostraram efeito positivo para suas vidas quando 89,7% demonstraram que visitar o Museu do Amanhã pode mudar a forma como eles se enxergam e se inserem para sua saúde e para o seu dia-dia e 60,8% disseram haver mudanças pessoais na vida, bem como a geração de sensação de bem-estar (85%), tranquilidade/calma (76,5%), alegria (16%), redução de estresse (32,1%), ansiedade (39,5%), possibilidade de aumentar a criatividade (42%) e fomentar a socialização (18,5%) com a visita ao Museu do Amanhã. Além disso, os participantes deram sugestões de melhorias/mudanças no espaço para gerar sensação de bem-estar, como: 25,9% responderam mais áreas verdes, 14,8% praça de alimentação, 18,5% local exclusivo para música, 8,6% local para interação entre os visitantes e 43,2% outros; sugestivos de novas pesquisas. Conclusão Visitas em museus tem uma grande tendência a promover mudanças nos indivíduos, seja pelo choque da realidade, pela conscientização, pela aquisição de novos conhecimentos, reconhecimentos, interação social, entre outras contribuições. Refletindo um ambiente de aprendizado e interação ativa entre arte, cultura e saúde pelos estudantes, pesquisadores e população em geral no Museu do Amanhã

Palavras-chave: interdisciplinaridade, promoção da saúde, bem-estar e qualidade de vida.

1 INTRODUÇÃO

Originalmente, os museus são espaços constituídos para a preservação da memória, fatos e história de um indivíduo, povo ou nação, como o Museu Nacional do Brasil que desde seu início, como “Casa dos Pássaros”, já se preocupava com a conservação da história do país. Quando há uma quebra ou lacuna entre o passado e o presente e se perde essa memória, como o incêndio ocorrido nesse museu em 2018, a identidade desse povo fica comprometida (DE SÁ; SÁ; LIMA, 2018). Nesse sentido, a ampla divulgação de mostruário, de pesquisas e do ensino nesses locais, por meio físico ou digital, torna-se fundamental para a manutenção desta identidade (DE OLIVEIRA; DE ANDRADE; MIGUEL, 2015).

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Para além de um local constitutivo de memória, atualmente, os museus têm sido alvo de novas perspectivas de ações e pesquisas, fazendo-se uma releitura da função desses espaços. Dentre os novos olhares destaca-se a mudança de comportamento, seja: na ressocialização entre os idosos (TODD et al., 2017); na redução da exclusão social (APARECIDA, 2018); nas discussões de questões ambientais (PARKER; COCKERHAM; FOSS, 2018) e de saúde [(ZANTO et al.(2011); BRAITHWAITE (2008)].

Nesse sentido a relação entre arte, cultura e saúde tem-se dada de maneira mais intrínseca e integrada na contemporaneidade, transpassando uma barreira de exclusão socioeconômica e se adaptando às necessidades hodiernas imprescindíveis para o desenvolvimento humano [LIMA et al. (2015); LIMA et al.(2009)]. Como exemplo, temos a exposição do papel das mulheres parteiras e médicas na medicina brasileira, grupo socialmente marginalizado e excluído (APARECIDA, 2018); a promoção por mudanças de hábitos saudáveis [(BUNCE et al. (2009); ZANTO et al. (2011)]; a expressão da cultura e saberes de tribos nas cidades e seu modo de viver (LOPES; VALENTM; BUELAU, 2015); no tratamento de pacientes, sobretudo, crianças com a palhaçoterapia (CATAPAN; OLIVEIRA; ROTTA, 2019), na prevenção de doenças como demência (FANCOURT; STEPTOE; CADAR, 2018); entre outras.

Dessa maneira, acompanhando essa tendência mundial, esse artigo teve o objetivo de identificar as percepções de visitantes de um museu inovador de ciências no Brasil – Museu do Amanhã – sobre como a visita ao museu contribuiu para seu bem-estar e qualidade de vida durante e após a visita.

Nesse viés, ao buscar a definição de qualidade de vida adotada pela Organização Mundial de Saúde, é possível encontrar que QV é “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Cláudia Benedita dos Santos, pesquisadora e professora associada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, cita que na área da saúde a QV pode ser conceituada como “o estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Doenças crônicas nas mais diversas faixas etárias têm sido bastante estudadas, já que podem vir a comprometer o desenvolvimento físico, psicológico, social, emocional e cognitivo do indivíduo.

É nesse contexto que o Museu do Amanhã despertou o interesse do Observatório de Epidemiologia e Serviços de Saúde, mais conhecido como EPISERV. O Museu do Amanhã é um museu de ciências aplicadas que explora as oportunidades e os desafios que a humanidade terá de enfrentar nas próximas décadas a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência.

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O Museu do Amanhã foi visto como um espaço incrível para realização de um projeto de pesquisa que dá voz ao sujeito: um breve inquérito epidemiológico sobre como o museu ajuda e/ou influencia na melhoria da qualidade de vida e bem-estar de tantas pessoas que passam por ele ao longo do tempo. Este museu apresenta-se como um espaço cultural que pode promover qualidade de vida e bem-estar, tanto para seus visitantes como para as comunidades que residem no seu entorno.

O maior ganho para o museu foi o fruto da pesquisa realizada em seu espaço, ou seja, ter acesso garantido a dados quantitativos e qualitativos que revelaram suas influências na comunidade. Com os resultados dessa pesquisa, o Museu do Amanhã tem sua importância na promoção da saúde reconhecida não somente como espaço de cultura, mas também como espaço de saúde e educação.

Diante do impacto social conquistado com a realização desta pesquisa por meio do Programa Amanhã em Pesquisa, o Museu do Amanhã passa a ter uma base científica sólida para propor novos programas na área da saúde, qualidade de vida e bem-estar, garantindo ações transformadoras cada vez mais inclusivas, levando saúde e bem-estar por meio da arte e cultura para todos.

2 OBJETIVO

Identificar as percepções de visitantes de um museu inovador de ciências no Brasil – Museu do Amanhã – sobre como a visita ao museu contribuiu para seu bem-estar e qualidade de vida durante e após a visita.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizada uma pesquisa exploratória de abordagem quantitativa a partir de um questionário no “Google Forms” e respondido por visitantes no Museu do Amanhã no Rio de Janeiro no mês de agosto de 2019, totalizando 80 participantes. A pesquisa visou avaliar o perfil demográfico dos visitantes; identificar os benefícios das atividades do museu para a melhoria da qualidade de vida e para a saúde mental da população; quantificar os sentimentos e emoções proporcionadas pelo Museu do Amanhã tanto para seus visitantes como para os “Vizinhos do Amanhã” e incentivar exposições e demais atividades direcionadas à promoção da saúde, qualidade de vida e bem estar com caráter de inclusão social. Cabe mencionar que esta pesquisa foi financiada, em 2019, pela chamada do Programa Amanhã em Pesquisa, promovida pelo Museu do Amanhã.

A aplicação da pesquisa foi pautada em 3 etapas, didaticamente explicadas em banner exposto no museu. Para cada “passo” foi criado um QR Code específico que direcionava o participante ao conteúdo produzido pelo grupo.

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O primeiro código carregava um vídeo interativo questionando o indivíduo sobre seu grau de conhecimento a respeito do que é qualidade de vida e mostrando a individualidade do conceito. Em seguida, era aplicado um questionário na plataforma “Google formulários”, composto por 21 perguntas, sendo 6 destes referentes à identificação do participante e o restante sobre a relação do indivíduo com o Museu do Amanhã, suas interações com o lugar e impressões acerca do impacto que o museu poderia provocar na qualidade de vida de cada um. Por fim, o último código conduzia o participante ao vídeo final, uma breve explicação do que seria realmente qualidade de vida e das múltiplas vertentes que essa possui.

4 RESULTADOS

A aplicação da pesquisa foi finalizada em 80 respostas, tendo-se destacado os seguintes resultados:

67% dos participantes se identificaram como do sexo feminino e enquadraram-se na faixa etária de 20 a 40 anos. Quanto à origem das pessoas, a maioria era oriunda de diferentes regiões do país, sendo a prevalência da região sudeste, com visitantes do Rio de Janeiro e São Paulo capitais e de cidades do interior desses estados e de Minas Gerais. As demais regiões estão presentes em menor participação, seja de capitais e cidades interioranas. Além dos visitantes brasileiros, cerca de 5% dos participantes têm origem de outros países, como Chile, Itália e Argentina. Além disso, quase metade dos participantes possui ensino superior completo, sendo seguidos pelos que têm ensino médio completo e 15% com pós-graduação, mestrado ou doutorado concluídos.

A respeito de suas relações com o museu, 78,5% deles estava visitando-o pela primeira vez, não tendo o hábito de acompanhar a programação do lugar (Figura 1).

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Figura 1. Frequência de visitas ao museu por nº de participantes

As impressões gerais destacadas pelos participantes envolvem a tranquilidade emanada pelo museu e os bons sentimentos decorrentes da visita (Figura 2). A maior parte dos participantes relata sentimentos como tranquilidade/calma (77,5%), seguidos de alegria (15%) ao visitarem o museu. Ainda que exista menção a ansiedade e estresse provocada pela experiência, essa quantidade é ínfima em relação ao todo (10%).

Figura 2. Percepção dos participantes quanto às sensações proporcionadas pelo museu

Acreditam, também, que a visita foi capaz de mudar sua visão de mundo e articular novas ideias: mais de 80% dos participantes ressaltam benefícios provocados pela visita ao museu em sua

0 10 20 30 40 50 60 70

Alegria Tranquilidade/calma Ansiedade e estresse Nenhuma das

anteriores N º d e p ar ticip an tes

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saúde e vivência social, destacando-se a redução de estresse e ansiedade, possibilidade de aumentar a criatividade e fomentar a socialização. Apenas 8,77% não percebem alterações decorrentes da visita (Figura 3).

Figura 3. Percepções sobre os impactos do museu por número de participantes

Ademais, 74,35% dos participantes referem não ter tido a oportunidade de participar de exposições, palestras, cursos ou oficinas que abordem a área de Ciências da Saúde e a vertente da qualidade de vida e bem estar, mas acreditam na capacidade que essas atividades teriam em impactar positivamente suas vidas, tanto no dia a dia, quanto em na saúde geral (Tabela 1).

Tabela 1: Percepções gerais sobre a relação dos entrevistados com o Museu do Amanhã

Sim Não

Você tem o hábito de acompanhar a programação do museu? 20% 80%

Já teve a oportunidade de visitar uma exposição sobre Ciências da Saúde? 15,6% 84,4%

Já participou de cursos e/ou oficinas que têm como enfoque a qualidade de vida e bem-estar?

34,6% 65,4%

Você acredita que cursos e/ou oficinas que têm como enfoque a qualidade de vida e bem-estar impactaram positivamente os seus hábitos de vida?

*pergunta válida para resposta positiva ao questionamento anterior

33,8% 62,5%

Você acredita que visitar o Museu do Amanhã pode mudar a forma como você se enxerga e como você se insere no mundo, levando consequências para sua saúde e para o seu dia-a-dia?

89,9% 10,1%

Ao final da sua visita, estar presente no Museu do Amanhã fez você se sentir melhor, sentindo um maior bem-estar?

85,2% 14,8%

Você considera que saiu da visita ao museu diferente de como você entrou, permitindo articular novas perspectivas e ideias?

92,6% 7,5% 0 5 10 15 20 25 30 35 Não percebo alteração Reduzir a ansiedade Reduzir o estresse Aumentar a criatividade Aumentar a socialização N º d e p ar ticip an tes

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Foram entrevistados 80 indivíduos com 54 (67,5 %) representantes do sexo feminino e 26 (32,5%) masculino. Isso corrobora com os achados de BUNCE et al. (2009) que mostram a maioria do público feminino visitante em museu 55,1% (225) versus público masculino 40,1% (160), bem como o estudo de ZANTO et al. (2011) que também aponta um predomínio de mulheres - 60% (571) - nesses espaços. Dessa forma, a maioria feminina nas pesquisas pode ser explicada por uma caraterística populacional intrínseca local ou uma afinidade das artes por esse público.

A idade do público analisada no Museu do Amanhã variou de 11 a 60 anos com predomínio da faixa de 31-40 anos seguida de 21-30 anos. Esse fato difere dos dados de BUNCE et al. (2009) que apresenta a maioria com 11 anos devido à pesquisa ter sido realizadas com jovens do ensino fundamental e médio com idades entre 10-18 anos. Ademais, outros estudos diferem desta faixa encontrada, como o de ZANTO et al. (2011) que aponta um predomínio aleatório de 45-64 anos ou de TODD et al. (2017) com uma intervenção em um grupo de idosos previamente selecionado. Assim, a variação da faixa etária encontrada pode ser em parte evidenciada pela escolha do objeto de estudo prévio ou pelo acesso das pessoas aos museus.

Quanto ao Estado civil, o público analisado era composto basicamente por solteiros (48,8%) e casados (40%), restando 5% de viúvos, 3,7% de união estável e 2,5% de outros. Isso pode ser relacionado com o predomínio dos indivíduos na faixa etária entre 21-40 anos nessa população estudada.

Quanto à origem dos participantes, a maioria é oriunda de diferentes regiões do país, sendo a prevalência da região sudeste, com visitantes do Rio de Janeiro e São Paulo capitais e de cidades do interior desses estados e de Minas Gerais. As demais regiões estão presentes em menor participação, seja de capitais e cidades interioranas. Além dos visitantes brasileiros, cerca de 5% dos participantes têm origem de outros países, como Chile, Itália e Argentina. Esse fato pode ser corroborado com a pesquisa de BUNCE et al. (2009) com pessoas de origens ou etnias diferentes, mesmo apresentando um predomínio de caucasianos – 55, 2% (220) seguido de hispânicos 17,3% (52). Essa diversidade pode ser explicada pelo tipo de colonização/imigração histórica do país ou ser um local turístico, bem como a facilidade de acesso a esses locais.

Em relação à renda familiar parece haver uma relação direta entre o aumento do poder aquisitivo e visitas em museus, apresentando uma pequena redução de visitas a partir de 10 salários mínimos. Fato esse que provavelmente está vinculado a um menor número absoluto de pessoas com alto poder monetário, como demonstrado na figura 4. Essa tendência pode ser vista também em relação à escolaridade havendo apenas redução no último nível escolar, dado também possivelmente

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devido ao pequeno número do alcance populacional em programas de pós-graduação/mestrado/doutorado no país, visto na figura 5. Esses dados também são confirmados por PARKER; COCKERHAM; FOSS (2018) que mostram que embora 87% dos visitantes possuam ensino médio, apenas 24,5% relatam ter diploma universitário, bem como por LIMA et al. (2009) que discute haver uma relação direta entre a redução do acesso aos museus e populações menos favorecidas socioeconomicamente, desenvolvendo projetos como o Programa Permanente Composições Artísticas e Terapia Ocupacional – o PACTO para a população em desvantagem social. Embora novas releituras desses espaços seja algo presente e com intuito de gerar mudanças de comportamento, assim como promover maior acessibilidade [GLOWICZ (2017); BUNCE et al. (2009); ZANTO et al. (2011); DE OLIVEIRA; DE ANDRADE; MIGUEL (2015)], há ainda maior frequência de classes mais favorecidas nesses espaços (Figuras 4 e 5).

Figura 4. Distribuição de participantes de acordo com renda pessoal.

Figura 5. Distribuição de participantes de acordo com escolaridade.

1% 9%

32%

30% 28%

Até 1 salário mínimo De 1 a 3 salários mínimos De 3 a 6 salários mínimos De 6 a 9 salários mínimos 10 ou mais salários mínimos

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Referente ao número de visitas no Museu do Amanhã, a maior parte dos participantes apontaram ser a primeira (78,5%), seguido de 2 visitas (11,4%) e traços com 3 ou mais (figura 1). Em relação ao tempo de permanência ou que costuma permanecer no museu, 61,3% disseram ficar entre 1 a 3 horas, 32,5% entre 30 minutos e 1 hora, 5% mais de 3 horas e 1,3% menos de 30 minutos. Embora haja maior tendência em permanecer por mais tempo no museu, sugestivo de boa atratividade ou por ser a primeira visita da maior parte dos entrevistados, impressionados com o museu e a exposição, esses dados não foram contemplados nos artigos analisados para fim de comparação.

Quanto ao hábito de acompanhar a programação do museu, 80% dos indivíduos disseram que “não” acompanham e 20% respondeu que “sim”. Isso pode estar relacionado ao fato de ser a primeira visita em museus da maior parte dos entrevistados, não possuindo o hábito de frequentar esses ambientes. Dados não verificados nas bibliografias consultadas.

Sobre o museu, 55% dos participantes responderam ser um espaço muito aconchegante, 41,3% aconchegante, 2,5% pouco aconchegante, 1,2% desconfortável. Dados esses positivos que estão de acordo com o bem-estar dos frequentadores desses espaços com possibilidades de ressignificar valores e reconectar socialmente, divergindo de ideais antigos de que os museus são espaços de exclusão socioeconômica, tornando na atualidade, espaços mais acessíveis e culturalmente significativos para promover interação social, saúde e bem-estar. (TODD et al., 2017)

Com relação à metodologia didática de interação com diferentes faixas etárias adotada pelo Museu do Amanhã, 51% dos visitantes relatou que há grande oportunidade de interação para várias faixas etárias, enquanto 7% afirmou não haver preocupação com de forma alguma com as faixas etárias (Figura 6).

Figura 6. Percepção dos participantes sobre a capacidade de interação do museu com as diferentes faixas etárias

7%

18%

18% 51%

6%

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A satisfação apresentada pelos diversos públicos avaliados em diferentes pesquisas, bem como neste referido estudo, induz acreditar que as novas leituras e possibilidades de vivências nesses espaços tem se dado de forma satisfatória na compreensão da proposta nesses espaços. [BUNCE et al. (2009); LIMA et al. (2009); ZANTO et al.(2011); PARKER; COCKERHAM; FOSS (2018); GLOWICZ (2017); TODD et al. (2017);DE OLIVEIRA; DE ANDRADE; MIGUEL (2015)]

Referente à pergunta sobre oportunidade de visitar uma exposição sobre Ciências da Saúde, 84,2% responderam não ter tido e 15,8% sim. Essa diferença constitutiva pode estar relacionada ao fato de ser a primeira visita de 78,5% dos participantes e devido à especificidade do tema, não muito comum ainda à ideia de museu em geral. Quando o assunto é qualidade de vida e bem-estar, abordados em oficinas e/ou cursos, embora ainda predomine também uma não participação (65%), há uma maior vivência entre os visitantes - 35%. Isso deve estar ligado a um maior número ou acessibilidade de oficinas e/ou cursos em outros ambientes mais comuns, como escola, feira de ciências, empresas, internet/ambiente virtual. Assim, quando se considera os indivíduos que vivenciaram tanto exposições sobre Ciências da Saúde quanto oficinas/cursos referentes à qualidade de vida e sobre o impacto positivo disso nas suas vidas, tem-se que: 33,8% disseram haver, 3,7% não e 62,5%, a grande maioria, não participou das duas vivências. Isso sugere, que a oportunidade de experiências como essas, apresentam maior tendência de promover mudanças positivas na vida das pessoas. Isso é confirmado quando a grande maioria (89,7%) dos indivíduos da pesquisa relataram acreditar que visitar o Museu do Amanhã pode mudar a forma como eles se enxergam e se inserem para sua saúde e para o seu dia-dia e 10,3% não; e, quando 60,8% dos entrevistados disseram haver muitas mudanças pessoais, 31,6% poucas e uma minoria de 7,6% não, permitindo articular novas perspectivas e ideias.[LIMA et al. (2009); GLOWICZ (2017); TODD et al. (2017); PARKER; COCKERHAM; FOSS (2018); ICKOVICS (2013); ZANTO et al. (2011); BUNCE et al. (2009)]

Quando questionados ao final da visita sobre a sensação de bem-estar neste espaço, 85% disseram se sentir melhor e 15% não perceberam alteração. Somado a isso, quando perguntados sobre o que poderia ter no museu para promover maior bem-estar, teve-se: 25,9% responderam mais áreas verdes, 14,8% praça de alimentação, 18,5% local exclusivo para música, 8,6% local para interação entre os visitantes e 43,2% outros. Informações sugestivas de melhorias futuras e não analisadas nos artigos pesquisados.

Quanto aos efeitos promovidos pela exposição, a maioria dos participantes relataram sentimentos positivos, como tranquilidade/calma (76,5%) e alegria (16%), uma ínfima parcela

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mencionou ansiedade e estresse provocados pela experiência (9,9%) e o restante disseram não apresentar nenhuma das anteriores (6,2%). Dados esses confirmados mais precisamente quando mais de 80% dos participantes destacam benefícios provocados pela visita ao museu em sua saúde e vivência social, destacando-se a redução de estresse (32,1%) e ansiedade (39,5%), possibilidade de aumentar a criatividade (42%) e fomentar a socialização (18,5%) e apenas 12,3% não percebem alterações decorrentes da visita ao museu. Dessa forma, os resultados corroboram com os estudos de TODD et al. (2017); CATAPAN; OLIVEIRA; ROTTA (2019); LOPES; VALENTM; BUELAU (2015) e LÓPEZ OLIVARES; CAMARGO; PIMENTEL (2017) que apontam para a mudança de humor positivamente dos participantes.

Isso leva a crer que visitas em museus tem uma grande tendência a promover mudanças nos indivíduos, seja pelo choque da realidade, pela conscientização, pela aquisição de novos conhecimentos, reconhecimentos, interação social, entre outras contribuições.

6 CONCLUSÕES

Este estudo surgiu com o intuito de permitir que o Museu do Amanhã conheça o seu papel enquanto gerador de qualidade de vida e bem-estar para os seus visitantes e para a comunidade no seu entorno. Ademais, contribuiu para o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes de medicina envolvidos na elaboração do questionário para realização da pesquisa e na criação de vídeos a serem apresentados no espaço físico do museu.

Os visitantes não somente receberam de forma passiva as ações do projeto, mas trouxeram para a pesquisa, proativamente, seus saberes populares e valores sociais, garantindo assim uma rica troca de experiências entre academia, serviço e comunidade que, com certeza, refletirá na implementação de novos programas no Museu do Amanhã e em outros museus nacionais, com o intuito de continuar investindo no bem-estar e qualidade de vida dos brasileiros.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53954- 53966 jul. 2020. ISSN 2525-8761 REFERÊNCIAS

APARECIDA, Luciana. Gênero, história e medicalização do parto: a exposição “Mulheres e práticas de saúde”. [s. l.], p. 1039–1061, 2018.

BATISTATOU, A. et al. The introduction of medical humanities in the undergraduate curriculum of Greek medical schools: challenge and necessity. Hippokratia, v. 14, n. 4, p. 241-243, 2010. BUNCE, Arwen E. et al. Educating youth about health and science using a partnership between an academic medical center and community-based science museum. Journal of Community Health, [s. l.], v. 34, n. 4, p. 262–270, 2009.

BRAITHWAITE, Kisha. Health is a human right, right? American journal of public health, [s. l.], v. 98, n. 9 Suppl, p. 163–177, 2008.

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