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Existir, resistindo: A feira da agricultur familiar e a permanência no campo, no sudeste Paraense / To exist, resisting: The family agriculture fair and the stay in the field, in southeast Paraense

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Academic year: 2020

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Existir, resistindo: A feira da agricultur familiar e a permanência no campo, no

sudeste Paraense

To exist, resisting: The family agriculture fair and the stay in the field, in

southeast Paraense

DOI:10.34117/bjdv6n8-143

Recebimento dos originais: 08/07/2020 Aceitação para publicação: 12/08/2020

Marcelo Melo dos Santos

Mestre em Dinâmicas Territoriais e Sociedade (PDTSA/Unifesspa) Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) Endereço: R. Porto Colombo nº 12 - Vila Permanente - Tucuruí - PA - CEP: 68.455-695

Cristiano Bento da Silva

Doutor em Antropologia (PPGSA/ Ufpa)

Instituição: Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará Endereço: s/n, R. Constantino Viana - Centro, São Félix do Xingu – PA

CEP: 68380-000

E-mail: cristiano_mbatm@hotmail.com

RESUMO

Este trabalho analisou a “Feira da Agricultura Familiar”, conhecida popularmente como “Feira da Rua Sete de junho”, situada no município de Marabá, região sudeste do estado do Pará, com um recorte metodológico para o seu cotidiano. A pesquisa perpassou por levantamento bibliográfico sobre a temática e pela realização de trabalho de campo. A partir da observação e registro das interações sociais, bem como das maneiras de redefinição do espaço, pôde-se identificar as diferentes formas de “consumir” a feira. Verificou-se que naquele espaço há mais que uma relação de troca impessoal de mercadorias; trocam-se também amabilidades, cortesias e brincadeiras, de modo que a feira expressa um universo social, político e afetivo em que se organiza uma sociabilidade pautada nos encontros e nas dádivas. Por fim, “a Feira da Agricultura Familiar” representa uma das facetas primordiais do campesinato dessa região, e de seu modelo de desenvolvimento, que é a busca pela autonomia não só em termos de produção, mas também em termos da circulação de seus produtos.

Palavras-chave: Autonomia, Campesinato, Cotidiano. ABSTRACT

In this work it was analyzed the “Family Farming Fair”, popularly known as “Seven oj June Street Fair”, located in the municipality of Marabá, southeastern region of the state of Pará, with a methodological approach to your daily life. The research went through a bibliographic survey on the theme and field work. From the observation and recording of social interactions, as well as the ways of redefining the space, it was possible to identify the different ways of "consuming" the fair. It was found that in that space there is more than an impersonal exchange of goods: courtesies and games are also exchanged, so that the fair expresses a social, political and affective universe in

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represents one of the primordial facets of the peasantry in this region, and its development model, which is the search for autonomy not only in terms of production, but also in terms of the circulation of it’s products.

Keywords: Autonomy, Peasantry, Daily.

1 INTRODUÇÃO

As feiras camponesas da região Sul e Sudeste do estado do Pará significam a expressão de uma territorialidade que resiste à falta de políticas públicas para a agricultura familiar, e ao descaso do governo, o qual segue priorizando a agricultura de base patronal, centrada efetivamente na monocultura para exportação (KOLLING; MOLINA, 1999).

Não obstante isso, no cenário contemporâneo, tem sido cada vez mais urgente a discussão acerca da soberania alimentar. A agricultura familiar, afortunadamente, tem sido pedagógica para o mundo ao demonstrar o seu papel na construção de um cenário pautado em um ambiente soberano, no que se refere à alimentação. Para isso, mobiliza princípios agroecológicos os quais influenciam diretamente na produção de uma variedade de alimentos saudáveis e com preços mais acessíveis.

Questões como estas, relativas à soberania alimentar, estão vinculadas ao debate sobre a reforma agrária. Nesse sentido, podemos dizer que as ações protagonizadas pelo campesinato, na porção da Amazônia Oriental conhecida como sudeste paraense, em prol da luta pela terra evidenciam muitas facetas. Dentre elas, está a luta pela possibilidade de autonomia produtiva e de autonomia quanto à reprodução social das famílias camponesas.

Mais ainda, elas deixam evidente que a reforma agrária, e muito já foi dito em relação a este aspecto, não está atrelada somente à luta pela conquista de um pedaço de terra. Esse é o limiar de uma caminhada, no entanto, há que se observar a existência de outras nuances. A luta é pela existência, essa sim, multifacetada. Uma das pautas da permanência dos sujeitos do campo, no campo, é a educação. Mais propriamente, fala-se numa educação do campo, para o campo. Assim, não é casual a existência de um curso de Licenciatura em Educação do Campo, vinculado à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – Unifesspa – na região Sudeste do estado do Pará. Ele é, inequivocamente, "parte da luta pela Reforma Agrária"(SILVA; SOUZA; RIBEIRO, 2014, p. 11), assim como outras frentes que tem sido encampada.

Conforme especificou Silva; Souza; Ribeiro (2014, p. 11), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há uma estimativa de que 40 a 45% da população do sudeste paraense resida no campo "e/ou tenham atividades sociais, políticas e econômicas relevantes em sua vida e estrategicamente vinculadas à área rural". Nesse contexto de fronteira (MARTINS,

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2009), em que sujeitos de historicidades e trajetórias de vidas desencontradas convivem simultaneamente, o conflito é o elemento sociológico que tem dado a tônica das relações sociais.

Em decorrência disso, "a expansão capitalista na região foi e ainda é uma estratégia de territorialização de um grupo de atores hegemônicos e consequentemente de desterritorialização de assentados da Reforma Agrária, posseiros, colonos, indígenas, ribeirinhos, [mulheres] quebradeiras de coco babaçu e atingidos por mineração" (MALHEIRO; RIBEIRO, 2014, p. 26).

Apesar de viverem sob processos violentos de dominação, é possível dizer que tais sujeitos, tratados frequentemente como “subalternos”, não são meras vítimas e testemunhas da história e dos poderes dominantes (SAHLINS, 2007). Marshall Sahlins (2007, p. 516), com base em seus achados etnográficos, ressaltou que "embora possam estar na periferia do sistema mundial, as pessoas não são (...) seres acampados fora do universo. São seres sociais, conscientes de si como pessoas sociais de certos tipos". Afinal, "todos têm de construir sua existência em relação a condições externas, naturais e sociais, que eles não criaram nem controlam, mas que não podem evitar"(SAHLINS, 2007, p. 520). Dentro disso, evidentemente, "o principal, é claro, é sobreviver; é nisso que decididamente consiste a política"(SAHLINS, 2007, p. 524).

Olhando por esse prisma, os camponeses do sudeste paraense são agentes sociais que se pautam por processos de re-existência (PORTO GONÇALVES, 2001), através dos quais, e a despeito das forças capitalistas serem demasiadamente violentas, continuam a existir na mesma medida em que elaboram processos próprios de resistência.

Foi, portanto, nesse sentido que a feira da rua “Sete de Junho”, situada no município de Marabá (PA), e lócus empírico desse estudo, nos chamou a atenção. Ela é parte de um processo de luta pela terra e, do ponto de vista semântico, a luta pela terra tem um sentido mais amplo: porque é luta pela vida. Lutar pela vida é buscar ocupar os espaços essenciais que a possibilitam. Por isso, ter um espaço para a comercialização dos produtos advindos dos assentamentos da região significa mais um passo para a realização de uma reforma agrária que ofereça condições para que o camponês possa ter uma reprodução social autônoma, na medida em que ele próprio faça circular os seus produtos no mercado regional.

Essa necessária contextualização introduz, portanto, a intenção da pesquisa em tela, que foi a de estudar e analisar a feira da Agricultura Familiar (Feira da Rua Sete de junho) compreendendo- a a partir de uma perspectiva de redefinição do espaço urbano, do seu cotidiano, mas também como um acontecimento que expressa e reforça a territorialidade camponesa perante outros agentes sociais.

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2 O AMBIENTE DA PESQUISA: SIGNIFICADO HISTÓRICO E POLÍTICO

A feira da Agricultura Familiar está situada no bairro Velha Marabá, e tem a sua ocorrência ordinária aos sábados, "onde os feirantes se reúnem para comercializar seus produtos, troca de informações e sempre se tornando um ponto de encontro de amigos"(AMADOR, 2017, p. 51). Tudo se passa ali mesmo, na já famigerada Rua Sete de junho. O dia 11 de novembro de 2006 é o marco histórico da criação daquele ambiente, cuja principal característica parece ser a sociabilidade.

Os produtos que nela são comercializados derivam de vários assentamentos e ocupações da região Sudeste do estado do Pará. Dentre os assentamentos podemos citar o Projeto de Assentamento Belo Vale, Alegria, Iguaçú, Murajuba, Talismã, Padre Josimo, Escada Alta e Piquiá. Em meio às ocupações pode-se mencionar a fazenda Tibiriçá, ocupação Cabo de Aço e ocupação Área da Vale1.

A feira surge da motivação e articulação do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Marabá (STR) e da Cooperativa de Prestação de Serviços (COOPSERVIÇOS). Outros parceiros foram fundamentais tanto em sua fundação quanto no seu apoio, tais como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGRI), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Centro de Educação, Pesquisa e assessoria Sindical e Popular (CEPASP) e a Fundação Agrária do Tocantins Araguaia (FATA), mais conhecida como Escola Família Agrícola (AMADOR, 2017; LIRA, 2008):

Criar uma alternativa para escoamento da produção das várias famílias assentadas; possibilitar geração de renda às famílias de baixo poder econômico da zona rural; eliminar o atravessador no processo de comercialização dos produtos, resultando em agregação de valor e redução de preços para os consumidores finais; levar à sociedade produtos naturais, sem uso de insumos químicos, visando à melhoria da qualidade do alimento e da saúde dos consumidores; criar um espaço de socialização, valorização e comercialização para os produtos dos grupos de mulheres da região de Marabá; realizar cursos de capacitações e de trocas de experiência com as famílias, visando melhorar o atendimento aos consumidores e a qualidade dos produtos oferecidos, assim como gestão e gênero (COPSERVIÇOS, 2006, p. 48).

Inicialmente, o objetivo da feira era atender cerca de 40 agricultores advindos de 09 projetos de assentamentos do município de Marabá, principalmente alguns Projetos de Assentamentos Rurais, como: "PA alegria, PA Belo Vale, PA Boa Esperança do Burgo, PA José Pinheiro, PA Marajuba, PA Talismã, entre outros"(AMADOR, 2017, p. 52). Essa peculiaridade, isto é, a existência de uma feira em que predominam produtos oriundos da agricultura familiar faz tencionar e arrefecer a presença das pessoas mais conhecidas pelo epíteto de atravessadores. Os atravessadores

1 Informação verbal colhida junto ao senhor José Amujaci, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e

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comercializam produtos oriundos do trabalho alheio. Garantem, com isso, uma renda própria mesmo que não sejam os produtores direto do alimento.

Figura 1- sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Marabá

Foto: Marcelo Melo (2013).

A ocorrência da feira se processa em um espaço bastante simbólico, que é a rua na qual está situado o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Marabá. O sindicato, aliás, é o órgão que fiscaliza e organiza os procedimentos referentes ao bom andamento daquele evento (AMADOR, 2017). Além da motivação das entidades acima citadas, a feira surge da necessidade que os trabalhadores tinham de comercializar a sua produção, fugindo dos preços irrisórios pagos pelos atravessadores, e de atender, com produtos de qualidade e menor preço, a demanda alimentícia da população de Marabá.

Adjacente à necessidade de fazer circular uma produção alternativa de mercadoria está outro aspecto relevante, o qual marca a iniciativa de estruturar a feira. Ter um espaço para vender os produtos cultivados nos assentamentos e acampamentos circunvizinhos à cidade de Marabá faz parte de uma estratégia de fortalecimento político do campesinato regional (AMADOR, 2017). Essa possibilidade torna-se mais efetiva, na medida em que alia a autonomia da produção à autonomia da circulação criando, assim, condições para que o produtor, após retirar da terra o produto, não se veja alienado dele por terceiros.

São dois os principais sujeitos que conduzem o comercio na feira. O agricultor, cuja produção é derivada do assentamento ou ocupação em que ele vive, e o atravessador, que compra os produtos de assentamentos locais, ou mesmo de fora, e os vendem na feira. No caso da Feira da Agricultura Familiar os atravessadores representam uma pequena quantidade e são fáceis de serem reconhecidos, por andarem sempre em caminhões com imensa quantidade de produtos: pertence a eles o caminhão da melancia, da laranja, da uva e do abacaxi.

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O transporte dos produtos oriundos das áreas de assentamentos e ocupações que são vendidos na feira é feito por um ônibus que chega às 05h: 45 min da manhã, trazendo agricultores e mercadorias, como alface, farinha de puba, tapioca, tucupi, feijão verde, limão, galinha e etc. O ônibus pertence à cooperativa COOPERVANI, e cada agricultor paga em média 10,00 (dez reais) pela passagem. Segue, nos quadros 1 e 2, um apanhado dos principais produtos comercializados.

Quadro 1 – produtos de origem animal

Fonte: retirado de Amador (2017)

Quadro 2 – produtos de origem vegetal

Fonte: retirado de Amador (2017)

Nomenclatura popular Nomenclatura científica

1 Abacate Persea americana L.

2 Abacaxi Ananas comosus L. Merril.

3 Abóbora Cucurbita spp

4 Alface Lactuca sativa L.

5 Amendoim Arachis hypogaea L.

6 Banana Musa spp.

7 Batata Solanum tuberosum. L.

8 Beterraba Beta vulgaris L.

9 Cebola de cabeça Allium cepa L.

10 Cheiro verde Petroselinum crispum (Mill.) Nym.

11 Couve - flor Brassica oleraceae var. Botrytis L.

12 Cupuaçu Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.

13 Feijão verde Vigna unguiculata (L., Walp.)

14 Jiló Solanum gilo Raddi.

15 Laranja Citrus sinensis L. Osbeck.

16 Limão Citrus limon L.

17 Mandioca Manihot esculenta Crantz.

18 Maracujá Passiflora edulis Sims

19 Melancia Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum.

20 Pepino Cucumis sativus L.

21 Piquiá Caryocar villosum (Aubl.) Pers.

22 Pimenta do reino Piper nigrum P.

23 Pimentão Capsicum annuum L.

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O cotidiano da feira é marcado por múltiplas realidades imbricadas, pois este constitui um espaço em que pessoas do campo e da cidade se encontram e interagem, criando, inclusive, vínculos nessa relação. Escrevendo sobre a mesma temática, Vedana (2004, p. 228) relata que “o ato de ir à feira fazer as compras da semana associa-se com as aprendizagens cotidianas de certos sujeitos que atribuem um valor simbólico a este fazer”. A feira, no seu modo de ver, “apresenta-se como ela mesma um produto a ser consumido” (VEDANA, 2004, p. 229).

A feira, nesse sentido, é um espaço que é expressão de distintas territorialidades. Conforme sugere Vedana (2004, p. 59) o espaço "é produzido pelas operações humanas na sua relação com o meio, é dotado de um ritmo de existência nas trajetórias e ações dos sujeitos”. No sentido destacado, “o espaço é um lugar praticado” ou “fabricado” de acordo com a perspectiva de um determinado consumidor cultural (CERTEAU, 1994, p. 202 grifos do autor). São, portanto, as práticas e ações humanas de quem habita a feira no sábado, dia de seu acontecimento, que emolduram o seu espaço, tecendo um cotidiano permeado de interações, como brincadeiras, conversas, encontro entre amigos, trocas de amabilidades e fortalecimento dos laços, características estas aparentemente imprevistas em um cotidiano marcado pela intensa circulação de dinheiro.

3 OCUPANDO O ESPAÇO E PROJETANDO SENTIDOS: UMA ESTÉTICA DO COTIDIANO

A Feira da Rua Sete de junho tem a capacidade de incitar os sentidos. Tratando de feiras de um modo em geral, Moraes (2011, p. 4) ressalta que “Na polissemia da feira os signos orais, visuais e verbais estimulam e aguçam os sentidos na medida em que nos aproximamos do conglomerado de gente e dos produtos expostos”. Por conta disso, um dia de feira representa, na mesma medida, um convite aos sentidos.

Todos esses elementos, conversas, brincadeiras, performances de quem está interessado em vender seus produtos e também dos compradores desses produtos, a disposição dos produtos, a estética da rua (que se modifica no dia da feira), parecem concorrer para uma sociabilidade muito própria.

A Feira da Agricultura Familiar representa movimento, troca, dinamicidade. O ritmo é frenético. As atividades iniciam às 05 horas da manhã, sempre aos sábados, e a partir das dez horas começa o desarme das barracas. O fluxo de pessoas é intenso. Por conta dessa dinamicidade e do fluxo avolumado de pessoas o espaço físico chega a ser insuficiente para o armazenamento das mercadorias trazidas pelos feirantes.

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A Rua Sete de junho é uma via de mão dupla, com uma calçada entremeando e separando uma via da outra. A calçada é arborizada e nela há muitas gramíneas: formato estético predominante nos dias em que não acontece a feira. Na manhã de sábado essa paisagem é modificada, para atender a valores estéticos outros, mais em conformidade com o acontecimento que o dia da feira representa. De fato, ela começa a se modificar a noite, pois o espaço começa a ser redefinido muito antes do acontecimento da feira. Pela manhã, as mudanças são intensificadas. As barracas são dispostas em apenas uma via (uma de frente para a outra) de modo que o conjunto delas forma um pequeno corredor (no formato de outra rua) para possibilitar o deslocamento.

Figura 2 – A feira e a sua dinâmica sócioespacial

Foto: Marcelo Melo (2013).

No dia em que ocorre a feira, o trânsito de carro, ou de qualquer outro veículo, é interrompido. Não se vê ou se escuta reclamação alguma relacionada à interdição. Parece um código compreendido por quem, nos outros dias da semana, transita por ali. Os pedestres se acotovelam antes mesmo de surgir o dia. O trânsito é mesmo só de pessoas, naquele pequeno trecho reservado justamente para esse fim.

No outro lado da rua não há barracas montadas, porém, uma mesa em frente a uma casa e, sobre ela, alguns frangos caipiras abatidos chamam a atenção. A senhora que reside na casa próxima é quem toma de conta das vendas. Os frangos, ainda vivos, são retirados de uma espécie de gaiola que está posta em cima da calçada. A senhora parece apreciar mais este outro lado da rua, que é deserto em termos de barracas de feira, para conduzir a sua atividade.

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Em geral, as pessoas utilizam esse lado da rua como estacionamento de carros, motos e bicicletas. Os dois últimos tipos de transportes são os mais utilizados pelos frequentadores da feira. Os carros aparecem, com mais constância, quando trazem mercadorias ou feirantes dos assentamentos.

A calçada que delimita os lados da Rua Sete de junho foi apropriada e, agora, cumpre uma função distinta daquela que, corriqueiramente, se expressa nos outros dias da semana. Esse entremeio que separa os dois lados da rua ocupa uma posição de destaque na realização da feira. Ele é utilizado como uma espécie de depósito, onde ficam dispostas mercadorias de diversas naturezas. Nele há um cercado para manter galinhas – como já mencionado – e patos ainda vivos, frutas e verduras ainda encaixotadas. Observa-se também o seu uso para sentar e conversar e para apoiar as bicicletas, dentre vários outros.

Isso tudo mostra outra perspectiva de apropriação do espaço, que remete a uma experiência perceptiva muito própria ao homem comum (CERTEAU, 1994). Nesse caso, uma experiência estética2 pode ser identificada. Esta experiência estética.

[...] proporciona aos sujeitos expandir seu olhar diante da realidade, transcendendo os esquemas perceptivos que condicionam nosso olhar cotidiano, quase sempre mediado por preconceitos e crenças limitadoras. [...] Essa abertura à diferença, ao novo, é essencial para que os sujeitos reconheçam a possibilidade de mudança e qualquer transformação social começa por uma mudança de perspectiva, um esforço individual e coletivo para enxergar possibilidades mais satisfatórias de construir nossas próprias vidas, nossas relações sociais, nosso trabalho, nosso presente e nosso futuro (REIS, 2011, p. 78).

Essa parece ser uma tática utilizada pelo homem ordinário (CERTEAU, 1994) para habitar o lugar, imprimindo as suas marcas nele. E o que ele faz com esses espaços deve ser levado em conta na análise. Conforme aponta (CERTEAU, 1994, p. 03 grifos do autor):

[...] a análise das imagens difundidas pela televisão (representações) e dos tempos passados diante do aparelho (comportamento) deve ser completada pelo estudo daquilo que o consumidor cultural “fabrica” durantes essas horas e com as imagens. O mesmo se diga no que diz respeito ao uso do espaço urbano, dos produtos comprados no supermercado ou dos relatos e legendas que o jornal distribui.

Usar o espaço urbano, nesse caso específico, significa ao mesmo tempo (re) fabricá-lo. O homem ordinário da Feira da Agricultura Familiar “consome” o espaço de um modo próprio,

2Conforme especifica Reis (2011, p. 77), “A experiência estética, portanto, desenvolve-se através da percepção de um

sentido imanente ao sensível, acessível não pelo discurso em um trabalho do pensamento, mas experimentado no nível mesmo da sensibilidade”. Por esse motivo nos pareceu que, ao (re) fabricar o espaço da feira (CERTEAU, 1994), os

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depositando ali algo mais além da mercadoria, mas o seu modo de conceber o espaço, e de como ele pode lhe ser útil na atividade em que desenvolve.

Este aspecto do cotidiano da feira demarca um lugar social, que é não só o do feirante, mas expressa a territorialidade camponesa e também mostra que é possível viver a cidade com base em outra perspectiva, “a partir destas práticas de rua” (VEDANA, 2004, 49). O homem ordinário desse cotidiano, ao se apropriar desse espaço, ao (re) fabricá-lo, deixa evidente uma experiência estética própria, uma maneira sua de experiência- lo.

4 A EXPERIÊNCIA DE “CONSUMIR” A FEIRA: RELAÇÕES DE TROCAS NÃO MONETARIZÁVEIS

Estudar a Feira da Rua sete de junho significa não perder de vista as relações humanas que ela encerra. São estas relações que dão um contorno peculiar às diferentes maneiras de (re) fabricar e de consumir aquele espaço. Como ensina (RODRIGUES; SILVA, 2011, p. 02).

[...] nesse espaço de mobilidade em que as feiras livres se inscrevem, ergue-se uma rede educativa não formal, uma dinâmica que não está somente na atividade de vender produtos ou de seduzir fregueses pela amabilidade, há algo a mais que o capitalismo não conseguiu, ao longo de sua soberania, derrubar: as relações sociais pautadas em cordialidade, respeito, olho no olho e atenção com os fregueses, tratando-se de um costume de feirante.

Ao adentrarmos o cotidiano da feira, munidos do caderno de campo e de olhares e ouvidos atentos, além da paisagem redefinida pelos feirantes, identificamos e registramos um conjunto de interações sociais interessantes. Às 05 horas da manhã do dia 16 de junho de 2013 a pesquisa foi iniciada, e teve duração de 04 sábados.

Nas visitas de campo procuramos não ficar em evidência. Sentamos em pontos diferentes da feira, onde a visão fosse panorâmica e, a partir de então, começamos a capturar a dinâmica daquele cotidiano, percebendo os diferentes comportamentos adotados por seus frequentadores.

Observamos, logo de início, os trabalhadores montando suas barracas, algumas já estavam erguidas, porque há feirantes que residem em Marabá ou dormem na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, por isso se organizam mais cedo.

Dentre os feirantes, as mulheres se destacam, pois, representam a maioria absoluta. Alguns ligam o som do carro, aqueles que possuem transporte próprio, e erguem as barracas no embalo de uma seleção musical padrão: música Sertaneja de Raiz, Brega e Carimbó, estes últimos são ritmos do Pará. Essa atitude parece ser bem aceita por quem está presente. Este aspecto também é interessante, afinal, a aparência comercial da feira livre mascara sua importância na manutenção da

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cultura popular. Ainda que imerso no discreto dia a dia desse evento, as noções de identidade, comunidade, hábitos, relações e comunicação aparecem fortemente durante toda a sua duração (GUIMARÃES, 2010).

Nas manhãs de sábado, as primeiras interações que se desenham ocorrem entre os próprios feirantes. Presenciamos um ato de solidariedade no erguimento das barracas. Uma senhora precisou do auxílio de outras pessoas para carregar algumas peças de ferro que são componentes da sua barraca. De imediato, todos se dispuseram a ajudá-la, o que traduz o caráter coletivo daquela atividade, a despeito de que, mais tarde, sempre haverá uma disputa pela atenção dos clientes. Durante as quatro vezes em que estivemos em campo essa prática foi recorrente.

Por volta de 06:00 horas da manhã começam a chegar os primeiros consumidores, que aproveitam para interagir com quem está ali presente: conversar e incitar brincadeiras com os mais íntimos. Muitas pessoas se dirigem à feira não só para comprar os produtos postos à venda. As pessoas criam ou já tem algum tipo de laço com os vendedores e, desse modo, aproveitam para “prosear e pôr o papo em dia”, conforme eles mesmos se referem. As conversas são muitas vezes regadas a gargalhadas e sorrisos que prendem a atenção de quem passa.

Em um desses momentos, dois senhores, um aparentando ter 60 anos e outro de mais ou menos 50 ficaram cerca de 20 minutos em frente a uma barraca que vende peixe, porém de costas para ela. O que conversavam? Não se sabe. Sabe-se que dialogavam alegremente. Após este instante, ambos circularam pela feira por diversas vezes. Mas o destino final sempre era a barraca em que ocorria a venda do pescado. Um detalhe curioso é o fato de que ambos pareciam já ter feito às compras, pois carregavam sacolas. Ainda assim, “consumiam” a feira de outro modo.

Boa parte do público que visita a Feira da Agricultura Familiar é composto por adultos e idosos. Pouco se nota a presença de jovens participando do cotidiano da feira, seja vendendo ou consumindo algum produto. O único jovem que visualizamos atuando na feira vendia títulos de capitalização, conhecidos popularmente como “Carajás da Sorte”. Outras vezes uma jovem aparentando ter pouco mais de vinte anos também apareceu vendendo esse mesmo produto, mas não era tão evidente como o garoto. Este por sua vez parecia íntimo dos feirantes e dos outros sujeitos daquele espaço.

Em alguns desses momentos estávamos sentados próximos a um senhor que cuida do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Marabá, e o garoto que vendia o tal “Carajás da Sorte” passou por ali e brincou com ele. De imediato o senhor pediu a nossa atenção e contou que não gostava do garoto, porque ele sempre “tirava brincadeira de mau gosto com todos”. Sobre esse aspecto, Vedana (2004, p. 63 grifos da autora) ressalta que “As formas de “fazer a feira” se

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constituem também por pequenas cenas e interações, por encontros fortuitos entre vizinhos e por brincadeiras de feirantes com seus fregueses”. Nesse caso, entre quem não é feirante e nem freguês, mas faz parte desse cotidiano, e também o “consome” de alguma maneira.

Dentre a diversidade de sujeitos presentes na Feira Livre da Rua Sete de junho está o atravessador. Na organização interna da feira, percebemos que os produtores rurais possuem lugar definido. Os seus produtos ocupam, via de regra, o centro da feira. Aos atravessadores é permitida a venda dos produtos, mas a eles o lugar destinado é o início ou final da feira.

Esta parece ser uma regra que demarca muito bem a sociabilidade (não tão pacífica assim) entre os produtores que vem do campo e os atravessadores de mercadorias. Portanto, “consumir” a feira não é uma prática desprovida de códigos. Há regras que devem ser cumpridas. Uma simbologia que deve ser entendida e incorporada.

Naquele cotidiano quase não se ouve feirantes gritando a plenos pulmões a fim de atrair a atenção dos clientes. Essa performance é pouco utilizada, pois parece que ir à feira já se tornou parte da dinâmica da vida de quem passa por lá todos os sábados. Os feirantes contam com uma espécie de fidelidade de seus clientes.

De fato, nos quatro sábados em que estivemos em pesquisa, observamos que algumas pessoas frequentam a feira quase que religiosamente. Estão sempre lá no dia do acontecimento. Ainda que haja a presença garantida dos frequentadores daquele espaço, um garoto que vendia legumes em sua barraca, destoando da conduta da maioria dos feirantes, utilizava a voz para anunciar os seus produtos. Ele é um atravessador. Um senhor, presenciando a apresentação performática evidenciada pelo garoto, resolve investigar o preço dos produtos que estavam sendo anunciados. Retruca e sai dizendo, “O negócio tá caro aqui”.

É importante pensar a feira também por esse prisma, pois o som faz parte desse cotidiano e “no caso da feira-livre evoca não só a oralidade dos personagens em cena, como também a sonoridade das práticas cotidianas ali presentes nos gestos dos fregueses e feirantes”. (VEDANA, 2004, p. 68). O garoto anuncia os seus produtos e o cliente discorda do que está sendo anunciado.

Observamos também um senhor caminhando por diversas vezes pela feira, e falando com diversas pessoas. Outro homem, que aparentava ter 40 anos de idade, vendo aquele caminhar repetidas vezes retrucou em tom de brincadeira: “tu não és fiscal rapaz, pra ficar rodando de um lado pro outro”. Ambos sorriram, falaram algo e o que estava parado seguiu em direção ao final da feira.

A feira aparece como a primeira atividade do dia de alguns que a “consomem”. Em um dos momentos de observação, presenciamos a chegada de um homem em sua bicicleta. Levou cerca de

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vinte minutos para comprar o que necessitava. Acomodou as mercadorias na bicicleta, esboçou um sorriso e disse a uma pessoa próxima: “vou tomar uma cachaça, agora, já”, e foi embora. Além disso, muitos sempre se posicionam ao redor de uma modesta barraca cujo produto principal é o frango caipira, oriundo do assentamento. É um furor. O frango caipira, cozido no próprio assentamento e destinado à venda na feira, atrai muitas pessoas. Sobretudo aquelas que ainda permanecem em estado ébrio, após transcorrerem a noite em atividades festivas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme explicitado ao longo desse trabalho, a Feira da Agricultura Familiar possui um cotidiano muito próprio centrado tanto na comercialização de produtos oriundos do campo, como na troca de amabilidades e na estruturação de uma sociabilidade peculiar. De modo que, no dia de sua ocorrência, sempre aos sábados, o espaço urbano é redefinido. O que era rua no correr da semana vira um lugar de trânsito apenas de pedestres, e passa a comportar também a diversidade de feirantes que vive em seus respectivos assentamentos e outras dimensões do campo.

O espaço é (re) fabricado no intuito de atender aquela demanda, que é de compra e venda de produtos, mas também de estabelecimento de relações sociais. Mais do que isso, uma estética diferente é impressa naquele ambiente, mais em conformidade com as experiências e com a lógica de vida de seus ocupantes.

O cotidiano da feira expressa, além dos elementos acima referidos, uma territorialidade camponesa. Aliás, a região Sul e Sudeste do estado do Pará tem a particularidade de comportar diferentes territorialidades, cujos modos de expressão são bastante variados. A feira, no nosso modo de compreender, dá proeminência a essas territorialidades, na medida em que é um espaço de afirmação para aqueles agentes sociais, pensado, estruturado e conduzido por eles próprios. Ademais, a feira reforça a assertiva de que a reforma agrária não se encerra na luta pela terra. Ao contrário, ela a excede na medida em que outras frentes precisam ser travadas para que haja, enfim, a autonomia do modo de produção camponês. E isso explica em parte a luta por uma educação do campo, pela soberania alimentar e por mais espaços de circulação da produção regional, como esse da Feira da Agricultura Familiar.

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REFERÊNCIAS

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Imagem

Figura 1- sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Marabá
Figura 2 – A feira e a sua dinâmica sócioespacial

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