UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CÂMPUS DE BOTUCATU
RESPOSTA DE CULTIVARES DE FEIJÃO COMUM À ADUBAÇÃO
NITROGENADA
BRUNO CORRÊA AIRES
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP - Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Agricultura).
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CÂMPUS DE BOTUCATU
RESPOSTA DE CULTIVARES DE FEIJÃO COMUM À ADUBAÇÃO
NITROGENADA
BRUNO CORRÊA AIRES
Orientador: Prof. Dr. Rogério Peres Soratto
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP - Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Agricultura).
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP - FCA - LAGEADO - BOTUCATU (SP)
Aires, Bruno Corrêa, 1989-
A298r Resposta de cultivares de feijão comum à adubação nitro- genada / Bruno Corrêa Aires. – Botucatu : [s.n.], 2014 ix, 61 f. : grafs., tabs.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2014
Orientador: Rogério Peres Soratto Inclui bibliografia
1. Feijão – Produtividade. 2. Feijão – Qualidade. 3. Ni- trogênio na agricultura. 4. Genótipo. 5. Nutrição mineral.
I. Soratto, Rogério Peres. II. Universidade Estadual Pau-
lista “Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botucatu). Fa-
DEDICATÓRIA
Aos meus avós Benedito Corrêa e Juraci Mantovani, pelo amor incondicional,
dedicação, orações e incentivo que sempre passaram.
Aos meus pais José Aires e Aparecida D. Corrêa, por todo apoio, ensinamentos,
confiança, honestidade e exemplo de vida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, pela vida, saúde, força e fé que me concede todos os dias.
À minha avó, Juraci Mantovani, por todas as orações, dedicação, amor e toda
preocupação e de sempre ajudar nas horas mais difíceis da minha vida.
Ao meu avô, Benedito Corrêa, por ser um grande amigo e meu porto seguro,
exemplo de vida, honestidade e trabalho.
Aos meus pais, José Aires e Aparecida D. Corrêa, pelo investimento e confiança na
minha formação, sem o apoio de vocês esse sonho seria impossível. Todo o esforço, amor
e disciplina que me passaram as pessoas mais importantes da minha vida.
À toda minha família, pelo apoio, amor, carinho e incentivo na minha carreira.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Rogério Peres Soratto, por toda paciência, atenção e
suporte para realização do meu trabalho. Grande exemplo de vida, honestidade, trabalho e
amizade, serei eternamente grato por trabalhar com o senhor e de receber seus valiosos
ensinamentos.
Ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC), ao Instituto Agronômico do Paraná
(IAPAR) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), pelo
fornecimento das sementes utilizadas no presente estudo.
A grande família de amigos da república Ratoeira, Ewerton Gasparetto, Jader
Nantes, Fabio Tanamati, Fernando Guidorizzi, Thiago Catuchi, Alexandrius de Moraes,
William Takata, Diógenes Martins e a nossa querida e amada Cris, que é como uma mãe
para todos. Nos momentos mais difíceis e nos mais alegres, todos estavam sempre do meu
lado me ajudando a enfrentar as barreiras da vida.
Aos meus grandes amigos Jayme Ferrari, Danilo Almeida, Mauricio Mancuso,
Matheus Palhano, Claudio Costa, Renake Teixeira, Rubiana Rossi, Camila Aquino e
Gabriella Ferraz por todo companheirismo, amizade, e de tornar muitos momentos
inesquecíveis na minha vida.
Aos grandes amigos Antonio Carlos Carmeis Filho, Juan Piero, Tailene Kotz,
Laércio Pivetta, Laerte Pivetta, Adalton M. Fernandes, Juliano Calonego, pelo apoio e
A valiosa amizade, companheirismo e ensinamentos do velhinho Dorival Arruda,
grande exemplo de caráter e honestidade muito obrigado.
Aos Professores Carlos Alexandre Costa Crusciol e Ciro Rosolem, pela amizade,
ensinamentos, incentivo e dedicação.
A todos os amigos da pós-graduação e graduação pela convivência e amizade.
A todos os funcionários do departamento de Agricultura e Melhoramento Vegetal,
Vera Lúcia, Eliane Gonçalves, Célio Mariano, Casimiro Alves e demais funcionários por
estar sempre prontos a me ajudar e colaboram com meu trabalho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
SUMÁRIO
1. RESUMO ...1
2. SUMMARY ...3
3. INTRODUÇÃO ...5
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...7
5. MATERIAL E MÉTODOS ... 12
5.1 Localização e caracterização edafoclimática da área experimental ... 12
5.2 Delineamento experimental e tratamentos ... 14
5.3 Descrição dos cultivares de feijoeiro ... 14
5.4 Condução dos experimentos ... 18
5.5 Avaliações realizadas ... 20
5.5.1 Massa de matéria seca, N acumulado e relação C/N da cobertura vegetal ... 20
5.5.2 Índice relativo de clorofila (IRC) e teor de nutrientes nas folhas ... 20
5.5.3 Florescimento e ciclo ... 21
5.5.4 Massa de matéria seca da parte aérea ... 21
5.5.5 Teor e quantidade acumulada de N na parte aérea ... 21
5.5.6 Componentes da produção... 21
5.5.7 Produtividade de grãos ... 22
5.5.8 Classificação do tamanho dos grãos (peneiras) ... 22
5.5.9 Teor de proteína nos grãos... 23
5.5.10 Eficiência de utilização do nitrogênio aplicado ... 23
5.6 Análise estatística ... 24
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 25
7. CONCLUSÕES ... 53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Atributos químicos do solo, na profundidade de 0 a 0,20 m, antes da
instalação do experimento, nas safras “das águas” e“da seca”... 13
Tabela 2. Características das cultivares de feijão comum (com grão carioca) utilizados no experimento. ... 17
Tabela 3. Massa de matéria seca, quantidade de N acumulado e relação C/N nas coberturas vegetais presentes na superfície do solo, coletados um dia antes da semeadura do feijão comum, nas safras "da seca" e "das águas". ... 25
Tabela 4. Número médio de dias da emergência até o florescimento pleno e da emergência até a maturação de cultivares de feijão comum, nas safras "da seca" e "das águas". ... 26
Tabela 5. Índice relativo de clorofila (IRC) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio, na safra "da seca" e "das águas". ... 27
Tabela 6. Teor de nitrogênio (g kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio, na safra "da seca" e na "das águas". ... 29
Tabela 7. Teor de fósforo (g kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 30
Tabela 8. Teor de potássio (g kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 31
Tabela 9. Teor de cálcio (g kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 32
Tabela 10. Teor de magnésio (g kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". .... 34
Tabela 11. Teor de enxofre (g kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". .... 35
Tabela 12. Teor de cobre (mg kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". .... 36
Tabela 13. Teor de ferro (mg kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 37
Tabela 15. Teor de zinco (mg kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". .... 39
Tabela 16. Massa de matéria seca da parte aérea (g planta-1) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 40
Tabela 17. Matéria seca da parte aérea (kg ha-1) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". .... 41
Tabela 18. Quantidade de nitrogênio acumulada na parte aérea (kg ha-1) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 42
Tabela 19. População final (mil plantas ha-1) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 43
Tabela 20. Número de vagens por planta de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 45
Tabela 21. Número de grãos por vagem de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 46
Tabela 22. Massa média de 100 grãos (g) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 47
Tabela 23. Produtividade de grãos (kg ha-1) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 48
Tabela 24. Eficiência de utilização do nitrogênio aplicado (g ha-1 da produtividade incrementada / kg ha-1 de N aplicado) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 49
Tabela 25. Produtividade relativa de grãos retidos em peneiras (PRGP) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 50
Tabela 26. Rendimento de peneiras (%) de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio em cobertura, na safra "da seca" e na safra "das águas". ... 51
LISTA DE FIGURAS
1. RESUMO
A busca de novas cultivares de feijão, mais produtivas, com menor
custo de produção e adaptadas aos novos sistemas de produção agrícola, tem se
intensificado. Para obtenção de elevada produtividade de grãos, o fornecimento de
nitrogênio (N) à cultura do feijão é fundamental, pois é o nutriente absorvido em
quantidades mais elevadas pelo feijoeiro e, pelo fato de aproximadamente 50% do N total
absorvido ser exportado para os grãos, a sua deficiência é a mais frequente. Apesar disso,
muitas vezes falta informações sobre a demanda e necessidade deste nutriente para
diferentes cultivares de feijão comum, bem como sobre a resposta dessas cultivares a
adubação nitrogenada. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar a resposta de
cultivares de feijão comum, recentemente lançadas no mercado, a doses do fertilizante
nitrogenado. Para tanto, foram conduzidos dois experimentos no ano agrícola de 2013,
durante as safras "da seca" e "das águas". O experimento foi conduzido em um Nitossolo
Vermelho distroférrico, no município de Botucatu-SP. O delineamento experimental foi de
blocos casualizados, em esquema fatorial 7 x 4, com quatro repetições. Os tratamentos
foram constituídos pela combinação de sete cultivares de feijão comum, do grupo
comercial carioca (Pérola, BRS Ametista, BRS Notável, IPR Campos gerais, IPR Tangará,
IAC Formoso e IAC Imperador) e quatro doses de N (0, 35, 70 e 140 kg ha-1), aplicadas
em cobertura (estádio V4), utilizando como fonte o nitrato de amônio. Independentemente
da dose de N utilizada, as cultivares BRS Notável e IAC Imperador apresentaram
florescimento mais precoce e menor ciclo que as demais. As cultivares apresentaram
diferenças quanto ao índice relativo de clorofila nas folhas, bem como diferentes respostas
incrementaram o índice relativo de clorofila das cultivares de feijão comum. As respostas
das cultivares à adubação nitrogenada variaram em função da época de cultivo. Na safra
“de seca”, com clima mais quente na fase vegetativa, as cultivares Pérola e IPR Campos Gerais apresentaram redução da produtividade de grãos em função do aumento das doses
de N e cultivares de porte mais ereto e ciclo precoce, como a IAC Imperador e IPR
Tangará, apresentaram incremento na produtividade em resposta a adubação nitrogenada.
Na safra “das águas” praticamente todas as cultivares aumentaram a produtividade de grãos em resposta às doses de N. Houve diferenças entre as cultivares quanto ao tamanho
dos grãos, porém, independentemente da cultivar, a adubação nitrogenada aumentou o
tamanho dos grãos colhidos. Independentemente da dose de N, a cultivar IPR Tangará
apresentou maior produtividade de grãos e grãos de maior tamanho nas duas safras de
cultivo do feijoeiro.
RESPONSE OF COMMON BEAN CULTIVARS TO NITROGEN FERTILIZATION.
Botucatu, 2014. 61 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Agricultura) - Faculdade
de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.
Author: BRUNO CORRÊA AIRES
Adviser: ROGÉRIO PERES SORATTO
2. SUMMARY
The search of new and more productive common bean cultivars,
with lower production costs and adapted to new cropping systems has been increased.
Aiming higher grain yield, supply the common bean crop with nitrogen (N) is critical due
to be the nutrient which is uptaken in largest amounts by common bean, and because about
50% of the total N absorbed is exported by the grain, its deficiency is the most observed.
Nevertheless, lack of information about the demand for this nutrient by new cultivars is
frequent, as well as the response of these cultivars to N fertilization. Thus, it was aimed to
evaluate the response of recently launched to the market common bean cultivars to N rates.
Hence, two experiments were carried out in 2013, during the “drought" and "rainy" growing seasons. The experiments were carried out in a clayey-textured red dystrophic
Nitosol, in Botucatu-SP. The experiment was in a randomized complete block design, in a
7 x 4 factorial scheme, with four replications. The treatments were a combination of seven
carioca-type common bean cultivars (Pérola, BRS Ametista, BRS Notável, IPR Campos
Gerais, IPR Tangará, IAC Formoso, and IAC Imperador) and four N rates (0, 35, 70, and
140 kg ha-1), applied at topdressing (stage V4), using ammonium nitrate as the source.
Regardless of N rate, the cultivars BRS Notável and IAC Imperador presented earlier
flowering and shorter cycle than the others. These cultivars showed different relative
chlorophyll index in leaves, as well as different response of this variable as to N
fertilization, but, in general, the N rates increased the relative chlorophyll index of
common bean cultivars. The cultivars responses to N fertilization differed depending on
the growing season. In the "drought" growing season, with warmer weather in the
to higher N rates, and cultivars more upright and with earlier cycle, as IAC Imperador and
IPR Tangará, presented the higher grain yield due to N fertilization. However, in the
"rainy" growing season, almost all cultivars responded similarly to N rates. There were
differences among cultivars for grain size, but regardless of cultivar, N fertilization
increased the grains size. Regardless of N rate, cultivar IPR Tangará presented higher grain
yield and larger grains in both growing season.
3. INTRODUÇÃO
O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é a espécie mais cultivada entre as demais do gênero Phaseolus. Nos últimos anos, o Brasil tem ocupado o primeiro lugar no consumo e na produção mundial de feijão comum, apesar da redução de 22% na
área cultivada na safra 2012/2013, em relação à safra 2010/2011 (CONAB, 2014). O feijão
comum, juntamente com o arroz, são os componentes mais importantes na dieta da
população brasileira, uma vez que é uma excelente fonte de proteína e um dos produtos
agrícolas de grande importância econômica e social, pois é cultivado tanto em grandes
áreas, com a utilização de alta tecnologia, como em pequenas áreas de agricultura familiar,
onde quase todo o manejo da cultura é realizado com a mão de obra dos agricultores.
O feijoeiro é cultivado em todos os estados brasileiros, nas mais
variadas condições de clima, manejo e em diferentes épocas de semeadura. Por isso, essa
cultura compõe desde sistemas agrícolas com baixo uso tecnológico, com objetivo
principal de subsistência, até sistemas agrícolas intensivos irrigados, altamente
tecnificados.
Os programas brasileiros de melhoramento genético do feijoeiro
comum têm dado maior ênfase à obtenção de cultivares do grupo comercial Carioca, pela
grande demanda do mercado (LEMOS et al., 2004). A melhoria do desempenho produtivo
da cultura do feijão está associada à obtenção de novas cultivares com características
agronômicas desejáveis, o que evidencia maior preocupação com a interação entre
genótipos e ambientes, com as diferenças no comportamento das cultivares em diversos
locais e condições de cultivo (CARBONELL; POMPEU, 2000), o que envolve diferenças
O nitrogênio (N) é fundamental para o bom desenvolvimento da
cultura do feijão comum. Este é o nutriente mais absorvido pela cultura, além de ser um
elemento de alta mobilidade no solo, que pode ser perdido facilmente por lixiviação ou
volatização, além de representar elevado custo para o produtor. Embora o feijoeiro possa
suprir parte da sua demanda de N, cerca de 20 a 30%, pela associação com bactérias do
gênero Rhizobium, a quantidade fornecida por esse processo normalmente é insuficiente. Assim, a adubação nitrogenada é considerada uma das principais práticas para se obter
altas produtividades do feijoeiro, especialmente quando cultivado em áreas com uso de alta
tecnologia (VIEIRA, 2006).
Pelo alto custo energético que se tem para a obtenção dos adubos
nitrogenados e o seu manejo inadequado com aplicação de doses excessivas, que além de
aumentar o custo econômico pode causar sérios riscos ao meio ambiente, e quando
utilizado em doses insuficientes pode limitar o potencial produtivo da cultura. Com isso, o
manejo preciso da adubação nitrogenada é de fundamental importância por beneficiar o
ambiente, aumentar a lucratividade do produtor e altos níveis de produtividade da cultura
(SANTOS et al., 2003).
Desse modo, o presente projeto teve as seguintes hipóteses: a)
podem existir diferenças entre as cultivares de feijão comum recentemente lançadas no
mercado quanto à necessidade e eficiência na utilização do N aplicado; b) as cultivares de
feijão comum recentemente lançadas respondem de maneira diferente a adubação
nitrogenada de cobertura.
Objetivou-se com este trabalho avaliar a resposta de cultivares de
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O feijoeiro comum é a espécie mais cultivada no mundo entre as
demais do gênero Phaseolus, sendo o Brasil o maior produtor e consumidor mundial desta espécie. Considerando todas as espécies de feijão, a produção anual brasileira de feijão,
nos últimos dez anos, tem ficado entre 2,8 e 3,7 milhões de toneladas (CONAB, 2014).
De acordo com levantamento realizado pela Assessoria de Gestão
Estratégica, do Ministério da Agricultura, as safras de feijão tem uma taxa anual de
crescimento projetada de 1,77%, na safra de 2012/13 a área plantada no país foi de 3,1
milhões de hectares, com uma produtividade média de 913 kg ha-1, e uma produção total
de 2,8 milhões de toneladas (CONAB, 2014).
Típico produto da alimentação brasileira, o feijão é um dos mais
importantes constituintes na dieta da população, por ser uma excelente fonte de proteínas,
carboidratos, rico em Fe e fibras (BORÉM; CARNEIRO, 2006). Isso estimula o interesse
em se estudar novas técnicas de manejo e o desenvolvimento de novas cultivares de feijão,
no intuito de se aumentar a produtividade e obter grãos com melhor qualidade (SORATTO
et al., 2005).
No país, o feijoeiro é cultivado em diferentes épocas de semeadura;
geralmente essas épocas se concentram em três períodos, denominados: feijão das águas
ou(1ª época),com semeadura entre os meses de agosto a outubro e colheita entre os meses
de novembro e janeiro; feijão das secas ou (2ª época), com semeadura entre os meses de
janeiro a março e colheita entre os meses de abril e junho, feijão de inverno ou (3ª época),
com semeadura entre os meses de abril a julho e colheita entre os meses de julho a outubro.
cultivo solteiro ou consorciado com outras culturas, em pequenas propriedades como uma
cultura de subsistência ou em grandes propriedades rurais que utilizam alta tecnologia
como a irrigação por pivô central e colheita mecanizada (STONE; SARTORATO, 1994).
O feijoeiro comum é uma planta altamente exigente em nutrientes
e, por ser de ciclo curto e ter um sistema radicular não tão vigoroso, que fica confinado nas
primeiras camadas de solo, necessita que os nutrientes estejam prontamente disponíveis
nos momentos de demanda, para não limitar a produtividade (SILVA; SILVEIRA, 2000).
Dentre os elementos essenciais para o desenvolvimento das plantas,
o N é o mais requerido, pois está envolvido em processos vitais da planta como
fotossíntese e respiração, proporcionando um maior crescimento da parte aérea e do
sistema radicular (OLSON; KURTZ, 1982; TAIZ; ZEIGER, 2004). Ele atua na planta
como constituinte de moléculas de proteínas, enzimas, coenzimas, ácidos nucléicos e
citocromos, além de possuir importante função como integrante da molécula de clorofila
(TAIZ; ZEIGER, 2004).
Quando as plantas se encontram com deficiência de N, funções
fisiológicas vitais para seu desenvolvimento são afetadas como: a divisão e expansão
celular, área foliar e taxa de fotossíntese menor (TAIZ; ZEIGER, 2004). A difusão do CO2
é afetada quando a planta se encontra com deficiência de N, isso é causado em virtude do
aumento da resistência do mesófilo foliar e com menor intensidade nos estômatos (RYLE;
HESKETH, 1969), alterando a síntese e atividade da ribulose, o que provoca redução nas
taxas fotossintéticas (COSTA et al., 1988), causando consequências no desenvolvimento e
produtividade da cultura.
O feijoeiro comum é uma planta exigente em nutrientes, dentre os
quais o N é absorvido em quantidades mais elevadas e, pelo fato de mais 50% do N total
absorvido ser exportado para os grãos, a sua deficiência é a mais frequente (OLIVEIRA et
al., 1996; SORATTO et al., 2013b).
O N pode ser disponibilizado para as plantas de várias maneiras. O
nutriente pode ser fornecido pela matéria orgânica, adubos nitrogenados de origem mineral
ou orgânica, resíduos culturais de culturas antecessoras e, no caso das leguminosas, pelo ar
atmosférico, mediante a fixação mediante simbiose com bactérias do gênero Rhizobium
(KLUTHCOUSKI et al., 2005; SOUZA et al., 2011). Segundo Malavolta (1979), para o
pleno crescimento, aumento da área foliar e sementes com um alto teor de proteínas nas
decomposição da matéria orgânica do solo, disponibilizando alimento as comunidades
microbianas do solo. Mas quando esse nutriente tem seu fornecimento em desequilíbrio,
em relação aos outros, as plantas ficam suscetíveis ao ataque de pragas e doenças e podem
atrasar seu ciclo vegetativo (MALAVOLTA, 2006). O N na cultura do feijão tem grande
importância em todos seus estádios vegetativos, mas é nas fases de florescimento e
enchimento de grãos que sua demanda é maior, pelo fato de se ter vagens e grãos se
desenvolvendo ao mesmo tempo (PORTES, 1996; SORATTO et al., 2013b). Segundo
Soratto et al. (2013b), absorção de N ocorre praticamente durante todo o ciclo da cultura,
mas a época de maior exigência, quando a velocidade de absorção é máxima, ocorre dos 35
aos 60 dias após a emergência (DAE) da planta, coincidindo com a época do florescimento
e formação das vagens. Neste período, a planta absorve de 2,0 a 3,0 kg de N ha-1 dia-1
(SORATTO et al., 2013b).
Por tratar-se de uma leguminosa, uma parte do N que a cultura
demanda é suprida pela associação com bactérias do gênero Rhizobium, porém, em sistemas de produção que possibilitam altas produtividades a quantidade de N
disponibilizado por esse processo é insuficiente, necessitando de ser complementada
(SILVEIRA et al., 2003; BRITO et al., 2011).
Existem vários trabalhos na literatura que apontam a aplicação de
N em cobertura como mais eficiente para a cultura do feijão comum; no entanto,
ressalta-se que as respostas do feijoeiro, diante destas doressalta-ses, é dependente de vários fatores, como
as condições físicas, químicas e biológicas do solo, da fonte e forma de aplicação, bem
como do genótipo utilizado. Em trabalho desenvolvido por Oliveira et al. (2010),
verificou-se que a maior produtividade do feijoeiro foi alcançada aplicando-se a dose de
100 kg ha-1 de N, na forma de uréia. Cunha et al. (2011), estudando a aplicação de N em
cobertura, recomendaram a aplicação de 150-160 kg de N ha-1, para a máxima
produtividade de grãos. Sob sistema plantio direto, Soratto et al. (2001), Carvalho et al.
(2003), Kaneko et al. (2010) e Soratto et al. (2014) verificaram aumento linear da
produtividade da cultura do feijão comum até as doses máximas de N testadas, ou seja,
100, 140, 180 e 180 kg ha-1, respectivamente.
Crusciol et al. (2003) observaram que as doses de (12,5 e 25,0 kg
ha¹) de N na semeadura influenciou no número de grãos por plantas, em relação a
testemunha. Esse resultado se assemelha aos obtidos por Carvalho et al. (2001), onde as
planta significativamente superiores à testemunha. Para os dois casos anteriores, a
aplicação de doses de N na semeadura pode estimular o aumento do número de vagens por
planta, elevando, assim, o número de sementes por planta (CARVALHO et al., 2001).
Com o fornecimento adequado de N na cultura foi observado aumento no teor de proteínas
dos grãos (SORATTO et al., 2005).
Além da aplicação de fertilizantes e corretivos para minimizar os
problemas nos aspectos nutricionais, manejo e produção da cultura, outra estratégia seria
identificar e explorar o uso de diferentes genótipos desta cultura para eficiência na
absorção e utilização do N, assim reduzindo os gastos com a utilização deste fertilizante
(LANA et al., 2006; SANTOS; FAGERIA, 2007).
No contexto atual da agricultura brasileira, é cada vez maior a
demanda por cultivares altamente produtivos, que apresentem produtos de elevada
qualidade e aceitação comercial (CARBONELL, et al., 2010; CRESTANI et al., 2010). No
Brasil, o tipo de grão carioca ocupa mais de 80% do mercado e a qualidade nutricional e
características do grão são muito exigidas pelos consumidores e a indústria empacotadora,
tendo um desenvolvimento de maior número de cultivares do grão tipo carioca
(CHIORATO et al., 2007).
O melhoramento genético foi responsável por aumentos na
produtividade da cultura do feijão nos últimos anos (CHIORATO et al., 2010). Dentre
outras coisas, isso ocorreu também pela identificação de mecanismos que influenciam a
nutrição mineral existentes em genótipos e pela obtenção de novas cultivares mais
eficientes no uso de nutrientes (SARIC, 1987). Assim, a absorção e utilização de nutrientes
pelos cultivares é um processo controlado geneticamente (CLARK; DUNCAN, 1991),
porém, a grande dificuldade é identificar o controle genético da eficiência de utilização
nutricional das culturas (DUNCAN; CARROW, 1999).
As cultivares de feijão comum podem diferir quanto à eficiência no
uso de N. Santos e Fageria et al. (2007) verificaram que a cultivar BRS Pontal, cultivado
em várzea tropical, foi a mais produtiva e apresentou maior eficiência em uso de N que as
cultivares BRS Grafite, BRS Valente, Pérola, BRS Radiante e Jalo Precoce.
No entanto, atualmente os programas de melhoramento genético
têm dado pouca importância ao desenvolvimento de cultivares com maior eficiência na
absorção e utilização dos nutrientes, sendo a maioria dos experimentos realizada em
as cultivares disponíveis no mercado, quanto a demanda e necessidade por nutrientes pode
contribuir para otimizar o manejo da cultura.
5. MATERIAL E MÉTODOS
5.1 Localização e caracterização edafoclimática da área experimental
O presente estudo foi conduzido durante as safras “da seca” e “das
águas” do ano agrícola de 2013, na Fazenda Experimental Lageado, pertencente à Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP, Campus de Botucatu, localizada no município de Botucatu-SP, latitude 22o51 S, longitude 48o26 W e altitude de 740 m.
Segundo a classificação climática de Köeppen, o clima
predominante na região é do tipo Cwa, caracterizado pelo clima tropical de altitude, com
inverno seco e verão quente e chuvoso (LOMBARDI NETO; DRUGOWICH, 1994). Os
dados climáticos registrados durante a condução dos experimentos estão contidos na
Figura 1.
Mediante levantamento detalhado realizado por Carvalho et al.
(1983) e utilizando-se o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (EMBRAPA, 2006),
o solo da área experimental foi classificado como Nitossolo Vermelho distroférrico. Antes
da instalação do experimento, em cada safra de cultivo, foram coletadas amostras de solo
na camada de 0 a 0,20 m de profundidade, para realização de análises químicas (RAIJ et
Figura 1. Precipitação ( ), irrigação ( ), temperaturas máximas ( ) e temperaturas mínimas ( ) registradas na área experimental durante os períodos de condução dos experimentos: (A) nos meses de fevereiro a maio (na safra "da seca") e (B) nos meses de agosto a novembro (safra "das águas"), do ano de 2013. Botucatu-SP.
Tabela 1. Atributos químicos do solo, na profundidade de 0 a 0,20 m, antes da instalação
do experimento, nas safras “das águas” e “da seca”.
Safra pH(CaCl2) M.O. P(resina) H+Al K
+
Ca2+ Mg2+ SB CTC V
g dm-3 mg dm-3 ___________________ mmolc dm-3 ___________________ %
Seca 5,8 30 61 27 5,1 54 27 86 113 76
Águas 4,8 25 38 45 6,2 36 11 47 100 46
0 20 40 60 80
Fev. Mar. Abr. Mai.
P re ci p it aç ão e I rr ig aç ão ( m m d ia -1 ) 0 10 20 30 40 T em p er at u ra ( o C) 0 20 40 60 80
Ago. Set. Out. Nov.
5.2 Delineamento experimental e tratamentos
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao caso em
esquema fatorial 7 x 4, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos por sete
cultivares de feijão comum, do grupo comercial carioca (Pérola, BRS Ametista, BRS
Notável, IPR Campos Gerais, IPR Tangará, IAC Formoso e IAC Imperador) e quatro doses
de N (0, 35, 70 e 140 kg ha-1), aplicadas em cobertura, utilizando como fonte o nitrato de
amônio. As doses de N utilizadas corresponderam a 0, ½, 1 e 2 vezes a dose recomendada
por Ambrosano et al. (1997), para a cultura do feijão comum em área de alta resposta
esperada ao nutriente e elevado potencial de produtividade.
Cada parcela foi constituída por quatro fileiras de 6 m de
comprimento, com espaçamento de 0,45 m entre fileiras. Para as avaliações foram
consideradas as duas linhas centrais desprezando-se 0,5 m nas extremidades de cada fileira
de avaliação.
5.3 Descrição das cultivares de feijoeiro Pérola
A cultivar Pérola é proveniente de trabalho de seleção de linhas
puras da cultivar Aporé, realizado pela Embrapa Arroz e Feijão. As características da
planta são: hábito de crescimento indeterminado (entre os tipos II e III); porte semi-ereto;
com ciclo completo da emergência a maturação fisiológica de 95 dias e média de 46 dias
para o pleno florescimento, considerado um ciclo normal (Tabela 2). Possui flor branca;
vagem verde, levemente rosada, na maturação; e vagem amarelo-areia na colheita.
Classificado no grupo comercial carioca, o grão do cultivar Pérola é de cor bege-clara, com
rajas marrom-claras, brilho opaco e massa de 100 grãos de aproximadamente 27 g. Tem
uma ótima aceitação do mercado pelo tamanho de grão, excelente visual e bom tempo de
cocção em torno de 28 minutos. Resistência à ferrugem, ao mosaico-comum e à antracnose
possui resistência à raça alfa-brasil, moderadamente resistente à murcha de Fusarium e à mancha angular (YOKOYAMA et al., 1999).
BRS Ametista
O desenvolvimento da cultivar BRS Ametista foi à busca de um
cultivar com resistência a doenças e boa aceitação de mercado. A cultivar de feijão BRS
trabalho de melhoramento genético da Embrapa Arroz e Feijão que se iniciou no ano de
1993. As características da planta são: hábito de crescimento indeterminado (tipo III);
porte semi-ereto; com ciclo completo entre a emergência a maturidade fisiológica de cerca
de 94 dias e média de 46 dias para o pleno florescimento, considerado um ciclo normal
(Tabela 2). Possui flor branca; vagem verde, levemente amarelas, na maturação, e
amarelo-areia na colheita. Classificado no grupo comercial carioca, o grão da cultivar BRS
Ametista é de cor bege com rajas marrons, não são brilhantes e massa de 100 grãos de
aproximadamente de 30 g. A cultivar apresenta resistência à antracnose, crestamento
bacteriano, ferrugem, mosaico comum e tolerância à murcha de Fusarium. Os grãos apresentam tamanho superior a maioria das cultivares encontrados no mercado, com cerca
de 23% de proteína e um tempo de cocção por volta de 26 minutos (MELO et al., 2012).
BRS Notável
A cultivar BRS Notável originou-se do cruzamento entre as
linhagens A769/4/ A774 /// A429 / XAN 252 // V 8025 / G 4449 /// WAF 2 / A 55 // GN
31 / XAN 170 realizado no ano de 1990, no Centro Internacional de Agricultura Tropical
(CIAT). A Embrapa Arroz e Feijão recebeu do CIAT a população na geração F4 e a partir
daí as demais etapas de seleção foram realizadas. As características da planta são: hábito
de crescimento indeterminado (Tipo II); porte semi-ereto e tem boa resistência ao
acamamento, sendo adaptada a colheita mecanizada; seu ciclo é considerado semi-precoce
entre 75 a 84 dias, da emergência à maturação fisiológica (Tabela 2). Possui flores brancas
e na maturação fisiológica as vagens são amarelas e amarelo-areia na colheita. Seus grãos
são classificado no grupo comercial carioca, o grão da cultivar BRS Notável é de cor bege
com rajas marrons, não são brilhantes, com cerca de 23% de proteína, tempo de cocção por
volta de 31 minutos e massa de 100 grãos de aproximadamente 26 g. A cultivar apresenta
resistência a antracnose, murcha de fusário, crestamento bactéria no comum e murcha de
curtobacterium (PEREIRA et al., 2013).
IPR Campos Gerais
A cultivar IPR Campos Gerais, originou-se de cruzamento
realizado em casa de vegetação do IAPAR, em Londrina, em 1996, entre a linhagem
melhorada desenvolvida pelo IAPAR, LP91-22, posteriormente recomendada em 1997,
introduzida no IAPAR em 1996. As características da planta são: hábito de crescimento
indeterminado (Tipo II); porte ereto favorecendo a colheita mecânica direta; seu ciclo é
considerado semi-precoce com 88 dias, da emergência à maturação fisiológica (Tabela 2).
Possui flores brancas maturação fisiológica as vagens são amarelas e amarelo-areia na
colheita; Seus grãos são classificados no grupo comercial carioca, o grão da cultivar IPR
Campos Gerais é de cor bege-clara com listras marrom-claras, com cerca de 19% de
proteína, com tempo médio de cocção de 22 minutos e massa de 100 grãos de
aproximadamente 24 g. A cultivar apresenta resistência ao vírus do mosaico comum do
feijoeiro, ferrugem e oídio e moderada resistência a antracnose, crestamento bacteriano
comum e murcha de curtobacterium e suscetível a mancha angular (IAPAR, 2014).
IPR Tangará
A cultivar IPR Tangará foi desenvolvido pelo IAPAR. As
características da planta são: hábito de crescimento indeterminado, porte ereto com guias
longas; seu ciclo é considerado semi-precoce com 87 dias, da emergência à maturação
fisiológica (Tabela 2). Possui flores brancas e na maturação fisiológica as vagens são
amarelas e amarelo-areia na colheita. Seus grãos são classificados no grupo comercial
carioca, sendo de cor bege-clara com listras marrom-claras e massa de 100 grãos de
aproximadamente 29 g. Apresenta tolerância intermediaria a altas temperaturas e à seca
ocorridas durante a fase reprodutiva. Possui resistência ao mosaico comum, murcha de
curtobacterium, murcha de Fusarium e ferrugem e resistência moderada ao oídio e mancha angular e suscetibilidade a antracnose e crestamento bacteriano comum (IAPAR, 2014).
IAC Formoso
A cultivar IAC Formoso, se originou de um trabalho de
melhoramento genético realizado desde o ano 1996, no Instituto Agronômico de
Campinas. Através da seleção da linhagem (Gen C2-1-3). As características das plantas
são: hábito de crescimento indeterminado (Tipo II); porte semi-ereto seu ciclo é
considerado semi-precoce com 85 dias da emergência à maturação fisiológica (Tabela 2).
Possui flores brancas maturação fisiológica as vagens são amarelas e amarelo-areia na
colheita. Seus grãos são classificados no grupo comercial carioca, o grão da cultivar IAC
Formoso é de cor bege-clara com listras marrom-claras, com cerca de 23% de proteína,
g. A cultivar apresenta tolerância ao vírus do mosaico dourado do feijoeiro e a Fusarium
solani. Resistência á antracnose e a mancha angular (CARBONELL et al., 2010).
IAC Imperador
A cultivar IAC Imperador, linhagem Gen P5-4-3-1, é originário do
cruzamento múltiplo [(IAC Carioca Eté x Carioca Precoce) x IAC Carioca Eté] x 60 Dias,
realizado no Instituto Agronômico em Campinas, nos anos entre 1999 e 2005. As
características das plantas são: hábito de crescimento determinado (Tipo I); porte de planta
semi-ereto, apresenta ciclo precoce, sendo que da emergência à maturidade fisiológica dura
em torno de 70 a 75 dias (Tabela 2). Possui flores brancas maturação fisiológica as vagens
são amarelas e amarelo-areia na colheita. Seus grãos são classificados no grupo comercial
carioca, o grão da cultivar IAC Imperador é de cor bege-clara com listras marrom-claras,
com cerca de 21% de proteína, com tempo médio de cocção de 27 minutos e massa de 100
grãos de aproximadamente 27 g. A cultivar apresenta resistência a antracnose e murcha de
Fusarium (CHIORATO et al., 2012).
Tabela 2. Características das cultivares de feijão comum (com grão carioca) utilizadas no experimento.
Cultivares Ciclo
(Dias)
Ano de
lançamento Porte de planta Região de adaptação
Pérola Normal
(95) 1994 Semi-ereto SP, PR, MG, SC, GO, MT
BRS Ametista Normal
(94) 2011 Semi-ereto
GO, DF, BA, SP, MS, MT, PR, SC, RS, MA, PE, SE,
AL, CE, PB, PI
BRS Notável Semi-precoce
(85) 2011 Semi-ereto
GO, DF, BA, SP, MS, MT, PR, SC, RS, MA, PE, SE,
AL, CE, PB, PI
IPR Campos Gerais Semi-precoce
(88) 2011 Ereto PR, SP, RS, SC
IPR Tangará Semi-precoce
(87) 2008 Ereto PR, SP
IAC Formoso Semi-precoce
(85) 2010 Ereto
SP, SC, PR, GO, MT, RS, MS, MG, BA, TO, DF
IAC Imperador Precoce
(75) 2012 Ereto
5.4 Condução dos experimentos
Safra “da seca”
A instalação do experimento foi em sistema plantio direto, em área
anteriormente ocupada pela sucessão aveia-preta/milheto. A área se encontrava em sistema
plantio direto há mais de dez anos. O manejo químico da área foi realizado no dia
05/02/2013, com a utilização do herbicida glifosato, na dose de 2.160 g ha-1 do i.a. No dia
15/02/2013, foi realizado o manejo dos restos culturais da cultura do milheto, com
utilização de um triturador de palha (Triton 2500), visando à uniformidade dos restos
culturais na área.
A semeadura foi realizada no dia 20/02/2013, com utilização de
uma semeadora-adubadora de parcelas tratorizada modelo SHP 249, marca Semeato,
regulada com espaçamento de 0,45 m entre fileiras e 16 sementes por metro. As sementes
foram tratadas com o fungicida carboxin + tiram (60 + 60 g do i.a por 100 kg de sementes),
com o inseticida tiametoxan (140 g do i.a por 100 kg de semente) e cobalto e molibdênio
(4,5 + 45 g por 100 kg de sementes). A adubação mineral de semeadura constou da
aplicação de 150 kg ha-1 do fertilizante formulado NPK 08-28-16, seguindo as
recomendações de Ambrosano et al. (1997). A emergência das plântulas ocorreu no dia
25/02/2013.
A aplicação dos tratamentos (doses de N em cobertura) foi
realizada no dia 13/03/2013 (16 DAE), para as cultivares IAC Imperador e BRS Notável, e
no dia 18/03/2013 (21DAE), para as demais cultivares, quando as planta encontravam-se
no estádio V4 (terceira folha trifoliolada totalmente expandida) em uma única aplicação.
Para o controle das plantas daninhas, foi realizada aplicação dos
herbicidas fluazifope-p-butílico + fomezafem (125 + 250 g ha-1 do i.a.) no dia 07/03/2013.
Para o controle de pragas, foram relaizadas aplicações dos inseticidas tiametoxam +
lambda-cialotrina (35,2 + 26,5 g ha-1 do i.a.), nos dias 07/03/2013, 09/04/2013 e
09/05/2013, acefato (450 g ha-1 do i.a.), nos dias 15/03/2013, 27/03/2013 e 26/04/2013,
flubendiamida (33,6 g ha-1 do i.a.), nos dias 09/04/2013 e 26/04/2013, e metomil (107,5 g
ha-1 do i.a.), nos dias 15/03/2013 e 09/05/2013. Para o controle de doenças, foram
realizadas aplicações dos fungicidas azoxistrobina (50 g ha-1 do i.a.), no dia 15/03/2013,
tiofanato-metílico + clorotalonil (400 + 1.000 g ha-1 do i.a.), nos dias 27/03/2013 e
26/04/2013, hidróxido de fentina ( 300 g ha-1 do i.a.), no dia 09/04/2013, fluazinam (750 g
Utilizou-se o sistema de irrigação por aspersão convencional para o
atendimento das necessidades hídrica da cultura, com uma lâmina de 6 mm em cada
período de irrigação, de acordo com a necessidade da cultura.
Safra “das águas”
A instalação do experimento foi em sistema plantio direto, em área
anteriormente ocupada pela cultura do milho. Está área também já sem encontrava em
sistema plantio direto havia mais de dez anos. O manejo químico da área foi realizado no
dia 31/07/2013, com a utilização do herbicida glifosato, na dose de 2.160 g ha-1 do i.a. No
dia 12/08/2013, foi realizado o manejo dos restos culturais da cultura do milho, com
utilização de um triturador de palha (Triton 2500), visando à uniformidade dos restos
culturais na área.
A semeadura foi realizada no dia 15/08/2013, com utilização de
uma semeadora-adubadora de parcelas tratorizada modelo SPH 249, marca Semeato,
regulada com espaçamento de 0,45 m entre fileiras e 16 sementes por metro. As sementes
foram tratadas com o fungicida carboxin + tiram (60 + 60 g do i.a por 100 kg de sementes),
com o inseticida tiametoxan (140 g do i.a por 100 kg de semente) e cobalto e molibdênio
(4,5 + 45 g por 100 kg de sementes). A adubação mineral de semeadura constou da
aplicação de 150 kg ha-1 do fertilizante formulado NPK 08-28-16, seguindo as
recomendações de Ambrosano et al. (1997). A emergência das plântulas ocorreu no dia
26/08/2013.
A aplicação dos tratamentos (doses de N em cobertura) foi
realizada no dia 12/09/2013 (17 DAE), para as cultivares IAC Imperador e BRS Notável, e
no dia 18/09/2013 (23 DAE), para as demais cultivares, quando as plantas de feijão
encontravam-se no estádio V4 (terceira folha trifoliolada totalmente expandida).
Para o controle das plantas daninhas, foi realizada aplicação dos
herbicidas fluazifope-p-butílico + fomezafem (125 + 250 g ha-1 do i.a) no dia 06/09/2013.
Para o controle de pragas, foram realizadas aplicações dos inseticidas acefato (450 g ha-1
do i.a.) nos dias 19/09/2013 e 10/10/2013, tiametoxam + lambda-cialotrina (35,2 + 26,5 g
ha-1 do i.a.), no dia 10/10/2013, flubendiamida (33,6 g ha-1 do i.a.), no dia 31/10/2013. Para
do i.a.), nos dias 19/09/2013 e 10/10/2013, tiofanato-metílico + clorotalonil (400 + 1.000 g
ha-1 do i.a.) ,no dia 31/10/2013, e azoxistrobina (50 g ha-1 do i.a.), no dia 06/11/2013.
Utilizou-se o sistema de irrigação por aspersão convencional para o
atendimento das necessidades hídrica da cultura, com uma lâmina de 6 mm em cada
período de irrigação, de acordo com a necessidade da cultura.
5.5 Avaliações realizadas
5.5.1 Massa de matéria seca, N acumulado e relação C/N da cobertura vegetal
Um dia antes das semeaduras do feijão, foram coletadas amostras
de cobertura vegetal presentes sobre o solo com o auxílio de um quadro com (0,25 m2 de
área interna). As coletas foram realizadas em diferentes pontos da área experimental
manualmente, utilizando uma tesoura de poda, retirando-se toda palha contida na área
interna do quadro. As amostras foram acondicionadas em sacos de papel e secas em estufa
de circulação forçada de ar a 60 oC, por 72 h. E em seguida realizou-se a pesagem do
material para determinação da massa de matéria seca (MS). Posteriormente, uma parte do
material foi moído, em moinho tipo Wiley, para realiazação do teor de N (MALAVOLTA
et al., 1997) e teor de C (TEDESCO et al., 1995), e em seguida realizou-se o cálculo da
quantidade de N, expressa em kg ha-1 e da relação C/N.
5.5.2 Índice relativo de clorofila (IRC) e teor de nutrientes nas folhas
No estádio R6 (florescimento pleno), foi determinado o índice
relativo de clorofila (IRC), utilizando um clorofilômetro portátil, modelo SPAD-502 (Soil
and Plant Analysis Development) da Minolta Co., Osaka, Japão (1989). Antes de realizar
as leituras, o aparelho foi calibrado com o verificador de leitura (“reading checker”) de
acordo com as recomendações do manual. Foi tomado o cuidado de não amostrar plantas
com sintomas de doenças ou ataque de pragas e fora do padrão da parcela. As
determinações do IRC foram realizadas sempre no período da manhã, amostrando-se dez
plantas por unidade experimental, sendo que em cada planta realizou-se uma leitura por
folíolo da última folha trifoliolada completamente desenvolvida, evitando-se as nervuras,
Após as leituras, as folhas foram coletadas, secas em estufa a 60
o
C, por 72 horas, em seguida foram moídas e analisadas quimicamente para determinação
dos teores de nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, Cu, Fe, Mn e Zn), seguindo a metodologia
descrita por Malavolta et al. (1997).
5.5.3 Florescimento e ciclo
Número de dias transcorridos da semeadura ao florescimento pleno
de 50% das plantas unidade experimental e maturidade de 90% das plantas da unidade
experimental.
5.5.4 Massa de matéria seca da parte aérea
Esta avaliação foi realizada por ocasião do florescimento pleno
(R6), coletando-se dez plantas sequenciais por unidade experimental, submetidas à lavagem
com água destilada, sendo posteriormente colocadas para secagem em estufa de ventilação
forçada de ar a 60-70 oC, por 72 horas, e posteriormente pesadas. Os dados foram
expressos em g planta-1 e kg ha-1. A quantidade de MS acumulada por hectare foi estimada
mediante a contagem do número de plantas em 3 m de duas fileiras da área útil de cada
unidade experimental.
5.5.5 Teor e quantidade acumulada de N na parte aérea
O material utilizado para determinação da MS foi submetido à
análise para determinação dos teores de N, segundo os métodos descritos por Malavolta et
al. (1997). De posse desses resultados, foram estimadas as quantidades de N absorvidas por
área, multiplicando-se o teor pela quantidade de MS em kg ha-1.
5.5.6 Componentes da produção
- População final de plantas
A determinação da população final foi realizada na véspera da
colheita, em 3 m nas duas fileiras de feijão de cada unidade experimental, sendo os
resultados convertidos em plantas ha-1.
Foi determinado mediante a contagem do número total de vagens
com pelo menos um grão por planta, avaliado em 10 plantas coletadas dentro da área útil
de cada área experimental.
- Número de grãos por vagem
Foi determinado mediante a relação entre número total de grãos e o
número total de vagens, avaliados em 10 plantas coletadas dentro da área útil de cada área
experimental.
- Massa de 100 grãos
Foi determinada mediante a pesagem de quatro amostras, de 100
grãos cada uma, em cada unidade experimental. Os dados obtidos foram corrigidos para
13% de umidade.
5.5.7 Produtividade de grãos
Para esta avaliação foram colhidas, manualmente, as plantas
contidas em duas fileiras de 3 m de comprimento na área útil de cada unidade
experimental. As plantas, após serem arrancadas, foram secas ao sol e, posteriormente
trilhadas mecanicamente. Os grãos, após abanação, foram pesados e posteriormente foi
calculada a produtividade em kg ha- 1, corrigida para 13% de umidade (base úmida).
5.5.8 Classificação do tamanho dos grãos (peneiras)
Os grãos colhidos em cada unidade experimental foram
classificados em peneiras com furos oblongos de número 10 (3,97x19,05mm), 11
(4,37x19,05mm), 12 (4,76x19,05mm); 13 (5,16x19,05mm); 14 (5,56x19,05mm) e 15
(5,95x19,05mm) para a determinação da produção de grãos retidos em cada peneira. Com
o objetivo de obter uma classificação de cada parcela para posterior comparação, o peso
dos grãos retidos em cada peneira foi submetido a uma escala de pesos/notas, em que, para
a peneira 10, foi estipulado peso 1; para a peneira 11, peso 4; para a peneira 12, peso 6;
para a peneira 13, peso 10; para a peneira 14, peso 10; e para a peneira 15, peso 6
(CARBONELL et al., 2010). Essas medidas de peso/nota foram estabelecidas em função
da exigência da indústria empacotadora e do mercado consumidor. Por meio dos resultados
15 14 13 12 11 10 ) 6 15 ( ) 10 14 ( ) 10 13 ( ) 6 12 ( ) 4 11 ( ) 1 10 ( P P P P P P xPeso P xPeso P xPeso P xPeso P xPeso P xPeso P PRGP
em que PRGP: Produção Relativa de Grãos retidos em Peneiras; P10: peso (g) retido na
peneira de furo oblongo de número 10; P11: peso (g) retido na peneira de furo oblongo de
número 11; P12: peso (g) retido na peneira de furo oblongo de número 12; P13: peso (g)
retido na peneira de furo oblongo de número 13; P14: peso (g) retido na peneira de furo
oblongo de número 14; e P15: peso (g) retido na peneira de furo oblongo de número 15.
Também foi determinado o rendimento de peneira (RP%),
conforme a fórmula:
Fundo P P P P P P P P P P RP 15 14 13 12 11 10 15 14 13 12
% x 100
em que RP%: rendimento de peneira; P10: peso (g) retido na peneira de furo oblongo de
número 10; P11: peso (g) retido na peneira de furo oblongo de número 11; P12: peso (g)
retido na peneira de furo oblongo de número 12; P13: peso (g) retido na peneira de furo
oblongo de número 13; P14: peso (g) retido na peneira de furo oblongo de número 14; e
P15: peso (g) retido na peneira de furo oblongo de número 15 (CARBONELL et al., 2010).
5.5.9 Teor de proteína nos grãos
Uma amostra de grãos de cada unidade experimental foi seca em
estufa com circulação forçada de ar a 45 oC, durante 24 h. Em seguida, os grãos foram
moídos e submetidos à análise para determinação do teor de N, segundo Malavolta et al.
(1997). O teor de proteína foi determinado mediante a multiplicação do teor de N pelo
índice 6,25 (AOAC, 1990).
5.5.10 Eficiência de utilização do nitrogênio aplicado
Foi determinado mediante a relação kg ha-1 da produtividade
incrementada / kg ha-1 de N aplicado em cada tratamento, em relação à testemunha (sem
5.6 Análise estatística
Os dados obtidos em cada safra foram submetidos à análise de
variância. As médias das cultivares serão comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na safra "da seca" havia menor quantidade de MS de cobertura
vegetal na área do que foi observado na safra "das águas", o que, provavelmente, se deveu
à menor produção e maior velocidade de decomposição da palhada do milheto, pois está
palhada apresentou menor relação C/N (Tabela 3) e o clima no início de fevereiro foi mais
favorável à ação dos micro-organismos decompositores (Figura 1). Assim, verificou-se que
na safra "da seca" a quantidade de N acumulada na palhada de cobertura do solo foi maior
que na safra "das águas", na qual o feijoeiro foi semeado em sucessão à cultura do milho,
que proporcionou maior quantidade de palhada e com relação C/N ligeiramente maior. A
maior quantidade de N acumulada no milheto e a menor relação C/N desta palhada,
provavelmente, proporcionou maior disponibilidade de N no solo no experimento
conduzido na safra "da seca".
Tabela 3. Massa de matéria seca, quantidade de N acumulado e relação C/N nas coberturas vegetais presentes na superfície do solo, coletados um dia antes da semeadura do feijão comum, nas safras "da seca" e "das águas".
Safra MS da
cobertura vegetal
N acumulado na
cobertura vegetal Relação C/N
__________________________
kg ha-1 __________________________
Seca 3.882 61 26
Águas 4.253 46 31
Na safra “da seca”, com semeadura em fevereiro de 2013, o número médio de dias para o florescimento das cultivares de feijão comum foi menor que
às menores temperaturas registradas na fase inicial do desenvolvimento da cultura na safra
“das águas” (Figura 1), o que pode ter ocasionado prolongamento da fase vegetativa e assim aumentou o ciclo da cultura na safra "das águas". A germinação das cultivares
também foi mais lenta na safra “das águas”, com 11 dias entre a semeadura e emergência das plântulas, do que na safra “da seca” com apenas 5 dias entre a semeadura e emergência das plântulas.
As cultivares BRS Notável e IAC Imperador, considerados de ciclo
semi-precoce e precoce, respectivamente (Tabela 2), apresentaram comportamento
semelhante, com menor tempo entre a emergência e o florescimento e encerraram o ciclo
aos 74 DAE na safra “da seca” e aos 81 DAE na “das águas” (Tabela 4). Ambas as
cultivares apresentaram aumento de 7 dias no ciclo na safra “das águas”, em comparação à
safra “da seca”, o que representou, no caso da cultivar IAC Imperador, aumento de 6 dias no seu ciclo, em comparação do relatado por Chiorato et al. (2012), que é entre 70 e 75
dias. As demais cultivares, consideradas de ciclo semi-precoce ou normal, encerraram o
ciclo aos 82 DAE, na safra “da seca” e aos 91 DAE, na safra “das águas”. Assim o florescimento, na safra “das águas”, o ciclo das cultivares foram ligeiramente maiores do que na safra “da seca” (Tabela 4). O ciclo das cultivares em média foi 10 dias menor na safra “da seca”, onde ocorreu às temperaturas mais elevadas, principalmente, durante o início dessa safra (Figura 1).
Tabela 4. Número médio de dias da emergência até o florescimento pleno e da emergência até a maturação das cultivares de feijão comum, nas safras "da seca" e "das águas".
Cultivar Dias até o florescimento Dias até a maturação
Safra "da seca"
Pérola 42 82
BRS Ametista 42 74
BRS Notável 36 82
IPR Campos Gerais 42 82
IPR Tangará 42 82
IAC Formoso 42 82
IAC Imperador 36 74
Safra "das águas"
Pérola 48 91
BRS Ametista 48 91
BRS Notável 40 81
IPR Campos Gerais 48 91
IPR Tangará 48 91
IAC Formoso 48 91
Quanto ao índice relativo de clorofila (IRC) nas folhas das
cultivares de feijão comum, houve interação significativa entre as doses de N e as
cultivares nas duas safras (Tabela 5). Especialmente na ausência e nas menores doses de N
em cobertura, os maiores valores de IRC foram observados na cv. Pérola, nas duas safras.
Os menores valores foram observados na cv. IAC Imperador, na safra “da seca”, e cv. BRS Notável, safra “das águas”. Com exceção da cv. Pérola, na safra “das águas”, todas as demais cultivares, tiveram o IRC incrementado pelo aumento das doses de N, apesar de
diferirem quanto à intensidade da resposta. A ausência de efeito na cv. Pérola pode ser
explicada por uma característica genética da cultivar com uma folha de coloração mais
verde ou pela disponibilidade e liberação de N decorrentes da mineralização dos resíduos
vegetais presentes na área. Para Busato (2007), além da disponibilidade do N, o fator
cultivar pode influenciar no teor de clorofila das folhas. O IRC observados são semelhantes
aos encontrados por Teixeira et al. (2004) e Sant'ana et al. (2010).
Tabela 5. Índice relativo de clorofila (IRC) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio, na safra "da seca" e "das águas".
Cultivar Nitrogênio (kg ha
-1 )
Média Equação de regressão R2
0 35 70 140
Safra "da seca"
Pérola 50,0a 49,5a 56,0a 52,0ab 51,9a y = 49,0 + 0,117**x -0,0006*x2 0,50
BRS Ametista 37,2cd 44,5b 50,2b 54,7a 46,7b y = 37,2 + 0,243**x -0,0008**x2 0,99
BRS Notável 33,2d 41,7bc 45,5c 53,7a 43,6c y = 33,7 + 0,219*x -0,0005*x2 0,99
IPR C. Gerais 42,7b 44,0b 48,5bc 52,7ab 47,0b y = 42,4 + 0,075**x 0,94
IPR Tangará 33,0d 41,2bc 47,5bc 51,5ab 43,3c y = 32,9 + 0,279**x -0,001**x2 0,99
IAC Formoso 41,0bc 40,5bc 45,2c 48,7b 43,9c y = 40,1 + 0,061**x 0,90
IAC Imperador 35,2d 38,7c 44,0c 50,2ab 42,1c y = 35,4 + 0,108**x 0,99
Média 38,9 42,9 48,1 51,9 y = 38,6 + 0,159**x -0,0005**x2 0,99
CV(%) 4,9
Safra "das águas"
Pérola 46,9a 45,2a 50,2a 47,0a 47,3a -
BRS Ametista 35,2bc 40,0b 45,5ab 47,2a 42,0b y = 34,9 + 0,195** x -0,0007**x2 0,99
BRS Notável 30,7cd 37,0b 39,7c 44,2ab 37,9c y = 31,0 + 0,170**x -0,0005**x2 0,99
IPR C. Gerais 40,0b 40,0b 43,7bc 47,7a 42,9b y = 39,2 + 0,060**x 0,94
IPR Tangará 30,0d 36,7b 43,5bc 45,5ab 38,9c y = 29,7 + 0,263**x -0,001**x2 0,99
IAC Formoso 38,5b 35,7b 39,2c 41,0b 38,6c y = 37,1 + 0,025*x 0,49
IAC Imperador 33,0cd 35,2b 38,7c 45,2ab 38,1c y = 32,6 + 0,089**x 0,99
Média 36,3 38,6 43,0 45,4 y = 36,0 + 0,11**x -0,0001**x2 0,97
CV(%) 6,0
As cultivares IAC Imperador e BRS Notável que apresentaram os
menores valores de IRC, na safra “da seca” e “das águas”, respectivamente, foram as cultivares que apresentaram menores ciclos (Tabelas 4 e 5). As duas cultivares também
apresentaram os menores teores de N na folha, de maneira geral (Tabela 6). Estes
resultados indicam, que apesar de haver variação entre cultivares, o IRC nas folhas
apresenta uma correlação positiva entre o IRC e o teor de N nas folhas (SORATTO et al.,
2004; BARBOSA FILHO et al., 2008, 2009), independentemente da cultivar de feijão
comum utilizado.
Na safra “da seca”, o teor de N nas folhas sofreu influência apenas da cultivar e da dose de N aplicada, não havendo interação entre os fatores estudados
(Tabela 6). A cv. IPR Campos Gerais apresentou teor de N significativamente maior que a
cv. IAC Imperador. A adubação nitrogenada incrementou de forma linear o teor de N nas
folhas do feijoeiro comum, independentemente da cultivar. Na safra “das águas”, a cultivar, bem como a interação entre os fatores influenciaram o teor de N nas folhas. Na
ausência da aplicação de N em cobertura não houve diferença entre as cultivares. Na
presença das demais doses de N também houve diferença entre as cultivares, porém com
grande variação, dependendo da dose. De maneira geral, as cultivares Pérola e IPR
Campos Gerais apresentaram maiores teores de N, porém, diferenciando apenas das
cultivares BRS Notável e IAC imperador, justamente aqueles que apresentaram também
menores valores de IRC nesta safra (Tabela 5). Por outro lado, nenhum dos cultivares
apresentou variação no teor de N nas folhas com a aplicação do nutriente em cobertura.
Contudo, destaca-se que todas as cultivares estudadas, em todas as doses de N,
apresentaram teores foliares de N dentro da faixa considerada por Ambrosano et al. (1997),
como adequada para a cultura do feijão comum (30-50 g kg-1), o que provavelmente está
relacionada com disponibilidade de N no solo, proveniente dos resíduos culturais e matéria
orgânica em decomposição, já que as áreas se encontravam sob sistema plantio direto a
longo tempo, e/ou devido à eficiente fixação simbiótica do N2.
Vale destacar que, na safra "das águas", de maneira geral, o teor de
N nas folhas do feijoeiro na ausência da aplicação de adubação nitrogenada de cobertura
foi menor do que na safra "da seca" (Tabela 6), o que provavelmente está relacionada à
maior relação C/N da palhada de milho, cultivado anteriormente à cultura do feijão na
Tabela 6. Teor de nitrogênio (g kg-1) nas folhas de cultivares de feijão comum em função de doses de nitrogênio, na safra "da seca" e na "das águas".
Cultivar Nitrogênio (kg ha
-1 )
Média Equação de regressão R2
0 35 70 140
Safra "da seca"
Pérola 46,8 47,7 44,1 45,2 45,9ab -
BRS Ametista 41,8 44,7 44,1 45,7 44,1ab -
BRS Notável 45,4 41,1 44,2 43,7 43,6ab -
IPR C. Gerais 44,0 44,6 44,1 53,1 46,5a -
IPR Tangará 45,2 45,1 49,7 43,4 45,9ab -
IAC Formoso 38,7 43,1 46,9 49,4 44,5ab -
IAC Imperador 41,4 39,2 41,1 45,1 41,7b -
Média 43,3 43,6 44,9 46,5 y = 43,1 + 0,0241*x 0,97
CV(%) 10,4
Safra "das águas"
Pérola 43,5a 38,3ab 40,7ab 46,9a 42,4a -
BRS Ametista 42,3a 39,2ab 42,4a 40,1ab 40,1ab -
BRS Notável 38,4a 41,5a 34,1b 39,2ab 38,3bc -
IPR C. Gerais 44,5a 37,3ab 43,6a 45,3a 42,7a -
IPR Tangará 40,5a 42,1a 42,3a 43,9ab 42,2ab -
IAC Formoso 41,1a 42,2a 41,4ab 40,4ab 41,3ab -
IAC Imperador 39,8a 32,8b 37,9ab 36,7b 36,8c -
Média 41,4 39,1 40,3 41,8 ns
CV(%) 9,2
Médias seguidas de mesma letra na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ns é não significativo. * e ** são significativo a 5 e 1% de probabilidade pelo teste t, respectivamente.
Os teores foliares de P não foram influenciados pelos fatores
estudados na safra "da seca" (Tabela 7). Na safra "das águas" houve efeito da cultivar e da
interação entre os fatores estudados no teor de P nas folhas, sendo que na ausência da
aplicação de N em cobertura, a cv. IPR Campos Gerais apresentou teor superior aos teores
das cultivares BRS Notável e IPR Tangará. Já com a aplicação da maior dose de N, a cv.
Pérola se destacou, apresentando teor de P superior as cultivares IPR Campos Gerais e IAC
Imperador. A cv. Pérola teve o teor foliar de P incrementado pela aplicação de N em
cobertura, enquanto a cv. IPR Campos Gerais apresentou redução dos valores. As
diferenças entre as cultivares pode ser decorrente de variações na eficiência de absorção e
utilização de P. A maior eficiência de um cultivar é atribuída, principalmente, à
retranslocação eficiente e reutilização do P armazenado nas plantas (CAVATTE et al.,
2012). De acordo com Silva et al. (2014), que estudou genótipos de feijão comum, as
cultivares mais eficientes na absorção e utilização de P foram aquelas com o menor teor de