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Alguns perfis de praticantes de atividade física no concelho de Évora

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Academic year: 2021

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Alguns perfis de praticantes de atividade f´ısica no

concelho de ´

Evora

Lu´ısa Carvalho

Departamento de Matem´atica, ECT - Universidade de ´Evora, carvalh.luisa@gmail.com

Paulo Infante

Centro de Investiga¸c˜ao em Matem´atica e Aplica¸c˜oes e Departamento de Ma-tem´atica, ECT - Universidade de ´Evora, pinfante@uevora.pt

Anabela Afonso

Centro de Investiga¸c˜ao em Matem´atica e Aplica¸c˜oes e Departamento de Ma-tem´atica, ECT - Universidade de ´Evora, aafonso@uevora.pt

Palavras–chave: atividade f´ısica, curva ROC, raz˜ao das changes, regress˜ao log´ıstica.

Resumo: Tˆem sido reconhecidos os efeitos ben´eficos da atividade f´ısica na qualidade da vida das popula¸c˜oes, principalmente na ´area da sa´ude. Assim, tem-se verificado um aumento ao incentivo da pr´atica de atividade f´ısica por parte dos profissionais da educa¸c˜ao, sa´ude e respons´aveis pol´ıticos. Este trabalho tem como objetivo definir os perfis mais prov´aveis do praticante de caminhada/pedestrianismo, do praticante de BTT/ciclismo/cicloturismo e do utilizador da ecopista. Com base nos dados de um inqu´erito realizado no concelho de ´Evora, constru´ıram-se modelos de regress˜ao log´ıstica. Para avaliar a capacidade discriminativa de cada um dos modelos, procedeu-se `

a an´alise da curva ROC, constatando-se que os modelos apresentam boa capacidade discriminativa.

1

Introdu¸

ao

Nos ´ultimos anos, tem-se verificado a existˆencia de uma rela¸c˜ao muito es-treita entre a sa´ude e a atividade f´ısica. Desta forma, tˆem sido v´arias as organiza¸c˜oes, como a Organiza¸c˜ao Mundial de Sa´ude (OMS) e Uni˜ao Euro-peia (UE), que recomendam a pr´atica de atividade f´ısica. As recomenda¸c˜oes dirigem-se aos decisores em todos os n´ıveis (europeu, nacional, regional e local), quer do sector p´ublico quer do privado, visando o aumento da ati-vidade f´ısica. Ao mesmo tempo que confirmam a abordagem definida pela OMS, procuram definir passos importantes para ajudar a traduzir os objeti-vos em a¸c˜oes. Neste sentido, o envolvimento e o apoio das autarquias locais s˜ao pr´e-requisitos essenciais para o desenvolvimento e a sustentabilidade das iniciativas e dos programas que levam a popula¸c˜ao ao aumento da pr´atica

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de atividade f´ısica [5, 7, 9].

Em parceria com a Cˆamara Municipal de ´Evora, elabor´amos um estudo com o objetivo de caracterizar o comportamento dos habitantes do conce-lho de ´Evora perante a atividade f´ısica. Este estudo permitiu evidenciar as preferˆencias dos residentes no concelho de ´Evora em termos de atividade f´ısica, real¸cando o contexto dessa atividade, seja ela praticada de forma n˜ao competitiva e informal, ou praticada mais formalmente ao n´ıvel competi-tivo. As caminhadas/pedestrianismo (41%), atividades fitness (18,2%) e BTT/ciclismo/cicloturismo (15%) s˜ao as atividades com maior preferˆencia entre os inquiridos. Foram ainda identificadas as principais raz˜oes da n˜ao pr´atica de atividade f´ısica. A ecopista ´e o equipamento desportivo municipal que apresenta a maior taxa de utiliza¸c˜ao. O perfil do praticante de atividade f´ısica no concelho de ´Evora ´e algu´em do g´enero masculino, jovem, trabalha-dor por conta pr´opria, conhecedor de iniciativas desportivas do munic´ıpio e satisfeito com a oferta desportiva do concelho [1, 3].

Neste trabalho pretendemos tra¸car o perfil dos praticantes de duas das ati-vidades mais praticadas no concelho de ´Evora e dos utilizadores do equipa-mento municipal mais utilizado. Estruturalmente, na sec¸c˜ao 2 encontra-se a descri¸c˜ao da metodologia utilizada na an´alise estat´ıstica, e na sec¸c˜ao 3 s˜ao apresentados os resultados dos perfis mais prov´aveis do praticante de caminhada/pedestrianismo, BTT/ciclismo/cicloturismo e do utilizador da ecopista. Finalmente, na sec¸c˜ao 4 tecem-se algumas considera¸c˜oes finais.

2

Metodologia

Entre 24 de Junho e 11 de Agosto de 2011 foram realizadas entrevistas telef´onicas junto da popula¸c˜ao residente no concelho de ´Evora, com 15 ou mais anos e possuidora de telefone fixo. Em Afonso et al. [1] e Carvalho et al. [3] podem ser consultados mais detalhes sobre o processo de amostragem. Para identificar os fatores que contribuem ou condicionam a pr´atica de ca-minhada/pedestrianismo, a pr´atica de BTT/ciclismo/cicloturismo, e a utili-za¸c˜ao da ecopista, constru´ımos modelos de regress˜ao log´ıstica, uma vez que as caracter´ısticas que se pretendem explicar (vari´aveis resposta) s˜ao vari´ a-veis dicot´omicas nominais (i.e. assumem apenas dois valores que indicam a verifica¸c˜ao ou n˜ao de um dado evento).

Na constru¸c˜ao dos modelos verificou-se a existˆencia de um grupo de poss´ı-veis covari´aveis explicativas comuns aos trˆes perfis: idade, g´enero (feminino ou masculino), zona de residˆencia (freguesias do concelho de ´Evora), grau de instru¸c˜ao (1o ciclo ou inferior, 2o ciclo, 3o ciclo, secund´ario, superior) e situ-a¸c˜ao perante o trabalho (reformado, estudante, desempregado, trabalhador por conta pr´opria, trabalhador por conta de outrem).

No c´alculo do n´umero de vari´aveis explicativas a utilizar teve-se em conside-ra¸c˜ao as recomenda¸c˜oes de Agresti [2] e Peduzzi et al. [8], tendo-se verificado

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cuidadosamente as frequˆencias das categorias das vari´aveis envolvidas na re-gress˜ao, bem como a existˆencia de problemas de multicolinariedade.

A sele¸c˜ao das covari´aveis a integrar os modelos foi realizada de acordo com a metodologia proposta por Hosmer e Lemeshow [4]: 1) o modelo inicial foi composto pelas covari´aveis que individualmente apresentaram significˆancia estat´ıstica inferior a 0,20; 2) de seguida foi aplicado o m´etodo de backward, no qual foram retiradas por ordem descrescente dos valores p as covari´ a-veis que apresentaram significˆancia estat´ıstica superior a 0,10; 3) de seguida incluiram-se as covari´aveis que n˜ao entraram no modelo inicial, ficando no modelo as significativas; 4) foi analisado o pressuposto da linearidade das covari´aveis cont´ınuas com o logit e avaliada a possibilidade de jun¸c˜ao de categorias; 5) foram testadas intera¸c˜oes entre as covari´aveis presentes no modelo e que faziam sentido neste contexto, tendo sido consideradas sig-nificativas as intera¸c˜oes que atingiram a significˆancia estat´ıstica inferior a 0,05; 6) verificou-se a existˆencia de valores at´ıpicos e observa¸c˜oes influentes, atrav´es do c´alculo e representa¸c˜ao gr´afica da desviˆancia residual, pontos de alavanca, distˆancia de Cook generalizada e os res´ıduos dfBetas; 7) avaliou-se a bondade do ajustamento do modelo pelo teste do Hosmer e Lemeshow [4] e a capacidade discriminativa do modelo atrav´es da curva ROC.

Na valida¸c˜ao do modelo final, opt´amos por realizar uma valida¸c˜ao cruzada por bootstrap, tendo sido ajustados modelos de 10 amostras aleat´orias cons-titu´ıdas por 90% dos indiv´ıduos da amostra original, registando-se os va-lores estimados por cada modelo para os 10% de indiv´ıduos que ficaram de fora em cada modelo, e registando-se tamb´em os valores das estat´ısticas qui-quadrado do teste de ajustamento realizado a cada modelo. Para al´em desta, realiz´amos outros tipos de valida¸c˜ao, nomeadamente a usual valida¸c˜ao cruzada com 70% da amostra para treino e 30% para teste, tendo-se obtido resultados idˆenticos.

Todas as an´alises foram realizadas com o programa R project, vers˜ao 2.15.3.

3

Resultados

As caracter´ısticas gerais da amostra estudada j´a foram descritas em estudos anteriores [1, 3]. Resumidamente, a amostra ´e constitu´ıda por 653 indi-v´ıduos, com idades compreendidas entre 15 e os 90 anos, na maioria s˜ao do g´enero feminino, trabalhadores e possuem instru¸c˜ao ao n´ıvel do ensino secund´ario.

3.1 Perfil praticante BTT/ciclismo/cicloturismo

Para definir o perfil de um residente que pratica BTT/ciclismo/cicloturismo (referido daqui em diante apenas por ciclismo) foi considerada a totalidade da amostra recolhida (n = 653). A carater´ıstica a explicar foi codificada como: 1 - pratica ciclismo; 0 - caso contr´ario (c.c.).

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Al´em das covari´aveis referidas na sec¸c˜ao anterior foram ainda consideradas as vari´aveis dicot´omicas (n˜ao ou sim): conhecimento dos equipamentos des-portivos oferecidos pelos munic´ıpio, satisfa¸c˜ao com a oferta desportiva, co-nhecimento das iniciativas da autarquia, utiliza¸c˜ao da ecopista e pr´atica de duas atividades.

Este modelo revelou um bom ajustamento aos dados (χ28 = 4,97; valor p = 0,76), apresenta uma excelente capacidade discriminativa (AU C = 0,86; IC95% =]0,82; 0,91[), com uma sensibilidade de 75% e uma especificidade de 83% para um ponto de corte igual a 0,129. Na fase de valida¸c˜ao, o valor m´edio do qui-quadrado para os 10 modelos foi igual a 4,1 com um m´ınimo de 2,3 e um m´aximo de 5,5, tendo-se obtido AU C = 0,84.

S˜ao fatores potenciadores da pr´atica de ciclismo: ser utilizador da ecopista, praticar outra atividade desportiva, n˜ao ser estudante, ter menos de 65 anos, ser do g´enero masculino, ser habitante de uma freguesia rural e estar satis-feito com a oferta desportiva do concelho de ´Evora (Figura 1).

Figura 1: Raz˜ao das chances (RC: Odds ratios) e respetivos intervalos de confian¸ca a 95%, para o modelo de regress˜ao log´ıstica estimado para o pra-ticante de ciclismo.

Admitindo fixas as restantes covari´aveis do modelo podemos retirar as se-guintes conclus˜oes:

1. Um utilizador da ecopista tem quase 10 vezes mais chances de praticar ciclismo quando comparado com um n˜ao utilizador deste equipamento; 2. Para um indiv´ıduo que pratique duas atividades desportivas, a chance de ser praticante de ciclismo aumenta 6 vezes relativamente a quem n˜ao pratique duas atividades;

3. Um indiv´ıduo que n˜ao seja estudante tem quase 5,5 vezes mais chance de praticar ciclismo do que um estudante;

4. Um mun´ıcipe com menos de 65 anos tem 5 vezes mais chance de pra-ticar ciclismo do que uma pessoa com 65 ou mais anos;

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5. Um indiv´ıduo do g´enero masculino tem cerca de 4 vezes mais chance de ser praticante de ciclismo que um indiv´ıduo do g´enero feminino; 6. Um morador de uma freguesia rural tem 3 vezes mais chances de

pra-ticar ciclismo relativamente a um morador de uma freguesia urbana; 7. Um indiv´ıduo que esteja satisfeito com a oferta desportiva do concelho

tem 2 vezes mais chance de praticar ciclismo relativamente a algu´em n˜ao satisfeito.

3.2 Perfil praticante caminhada/pedestrianismo

Na defini¸c˜ao do perfil do praticante de caminhada/pedestrianismo (referido daqui em diante apenas por caminhada) foi considerada a amostra truncada aos praticantes de atividade f´ısica que praticam exclusivamente caminhada. A carater´ıstica a explicar foi codificada como: 1 pratica caminhada; 0 -c.c.

Al´em das covari´aveis referidas anteriormente foram ainda consideradas as vari´aveis: pratica sozinho (sim ou n˜ao), utiliza a ecopista (sim ou n˜ao), tempo de pr´atica, motivo da pr´atica (sa´ude, divers˜ao, controlo de stress, perder peso, socializa¸c˜ao, est´etica, ou outros), quem incentivou a pr´atica (pr´oprio, amigos, fam´ılia, m´edicos, professores, ou outros), espa¸co onde rea-liza a pr´atica (equipamentos municipais, equipamentos privados, escola, ou outros), or¸camento da pr´atica, n´umero de vezes que realiza a pr´atica por semana, n´umero de minutos por sess˜ao e anos de pr´atica desta atividade. O modelo revelou um bom ajustamento (χ2

8 = 4,12; valor p= 0,85), po-dendo tamb´em concluir-se que tem uma muito boa capacidade discrimina-tiva (AU C = 0,81; IC95% =]0,77; 0,85[) com uma sensibilidade de 67% e uma especificidade de 79% para um ponto de corte igual a 0,272. Na fase de valida¸c˜ao, o valor m´edio do qui-quadrado para os 10 modelos foi igual a 6,8 com um m´ınimo de 3,2 e um m´aximo de 9,5, tendo-se obtido AU C = 0,79. S˜ao fatores potenciadores da pr´atica de caminhada: n˜ao ser estudante nem trabalhador por conta pr´opria, praticar mais de trˆes vezes por semana e em sess˜oes com dura¸c˜ao inferior a 60 minutos, ser do sexo feminino, ser utilizador da ecopista e ser mais velho (Tabela 1). Note-se que as ´ultimas trˆes caracter´ısticas referidas resultam da interpreta¸c˜ao das intera¸c˜oes que envolvem as vari´aveis g´enero, idade e utiliza¸c˜ao da ecopista, como veremos em seguida.

Admitindo fixas as restantes covari´aveis do modelo podemos retirar as se-guintes conclus˜oes:

1. Um indiv´ıduo que realize pr´atica desportiva mais do que 3 vezes por semana tem cerca de 6 vezes mais chances de ser praticante de cami-nhada que um indiv´ıduo que realize menos vezes por semana;

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Tabela 1: Estimativas dos parˆametros ( ˆβ) e respetivos desvios-padr˜ao (SE( ˆβ)), valores p associados, raz˜ao das chances (RC) e respetivos inter-valos de confian¸ca a 95% (IC95%), do modelo de regress˜ao log´ıstica para o praticante de caminhada/pedestrianismo de entre os praticantes de ativi-dade f´ısica.

Vari´avel βˆ SE( ˆβ) valor p RC(IC95%)

Sem intera¸c˜ao

N´umero de minutos por sess˜ao:

<60 minutos 1,00

≥60 minutos -1,41 0,36 0,000 0,24 (0,12-0,49) Situa¸c˜ao perante o trabalho:

Outras situa¸c˜oes 1,00

Estudante ou trabalhador por conta pr´opria

-1,57 0,49 0,002 0,21 (0,08-0,55) N´umero de vezes que realiza a pr´atica por semana:

At´e 3 vezes 1,00 Mais de 3 vezes 1,78 0,35 <0,001 5,92 (3,01-11,65) Com intera¸c˜ao Idade: -0,01 0,02 0,859 -G´enero: Feminino 1,00 Masculino -2,78 1,04 0,008 -Utiliza ecopista: N˜ao 1,00 Sim -1,46 1,00 0,146 -G´enero*Idade 0,04 0,02 0,057 -Utiliza ecopista*Idade 0,05 0,02 0,024 -Constante -0,19 0,83 0,822

2. Um indiv´ıduo que n˜ao seja estudante nem trabalhador por conta pr´ o-pria tem aproximadamente 5 vezes mais chances de praticar caminhada do que um estudante ou um trabalhador por conta pr´opria;

3. Um indiv´ıduo que realize atividade f´ısica durante menos de 1 hora tem 4 vezes mais chances de ser praticante de caminhada que um indiv´ıduo que pratique atividade f´ısica durante mais tempo.

4. Ser utilizador da ecopista aumenta as chances de ser praticante de ca-minhadas, acentuando-se a importˆancia desta vari´avel com o aumento da idade. Por exemplo, para pessoas com 50 anos, caso seja utilizador da infraestrutura tem 2 vezes mais chances enquanto que aos 70 anos as chances aumentam para cerca de 5,5 vezes. De observar que at´e aos 47 anos as diferen¸cas entre utilizadores e n˜ao utilizadores n˜ao s˜ao

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significativas (Figura 2a);

5. Um praticante de 20 anos do g´enero feminino tem cerca de 7 vezes mais chances de praticar caminhada do que um praticante do g´enero masculino com a mesma idade, aos 40 anos as chances diminuem para um pouco mais de 3 vezes e a partir dos 54 anos as diferen¸cas entre os g´eneros deixam de ser significativas (Figura 2b).

6. De entre os utilizadores da ecopista, quanto maior a diferen¸ca de idades maior a chance do mais velho ser praticante de caminhadas relativa-mente ao mais novo. Apesar da diferen¸ca entre idades ser significativa para ambos os g´eneros, a sua influˆencia ´e muito maior no g´enero mas-culino do que no feminino. Por exemplo, comparando duas pessoas com diferen¸cas de 15 anos de idade, a mais nova tem 3,5 vezes mais chances de praticar caminhada do que a mais velha se ambas forem do g´enero masculino, diminuindo as chances para menos de 2 vezes se ambas forem do g´enero feminino (Figura 3). Para os n˜ao utilizadores da ecopista o aumento da idade n˜ao ´e significativo.

(a) Raz˜ao das chances (OR) do utilizador da ecopista relativamente ao n˜ao utilizador em fun¸c˜ao da idade.

(b) Raz˜ao das chances (OR) do g´enero masculino relativamente ao feminino em fun¸c˜ao da idade.

Figura 2: Raz˜ao das chances (linha cont´ınua) e intervalos de confian¸ca a 95% (linha descont´ınua), para o modelo de regress˜ao log´ıstica estimado para o praticante de caminhada/pedestrianismo. A linha vertical marca a zona de significˆancia.

3.3 Perfil praticante utilizador da ecopista

Para definir o perfil de um utilizador da ecopista foi considerada a totalidade da amostra recolhida (n = 653). A vari´avel resposta foi definida como: 1 -utiliza a ecopista; 0 - c.c.

Al´em das covari´aveis referidas na sec¸c˜ao anterior foram ainda consideradas as vari´aveis dicot´omicas (n˜ao ou sim): conhecimento de equipamentos des-portivos oferecidos pelo munic´ıpio e satisfa¸c˜ao com a oferta desportiva.

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Figura 3: Raz˜ao das chances (OR) para v´arias diferen¸cas de idade para cada g´enero e utilizadores da ecopista, para o modelo de regress˜ao log´ıstica estimado para o praticante de caminhada/pedestrianismo.

O modelo revelou um bom ajuste aos dados (χ2

8= 5,3; valor p = 0,73), apre-senta uma boa capacidade discriminativa (AU C = 0,75; IC95%=]0,71; 0,79[) com uma sensibilidade de 67% e uma especificidade de 70% para um ponto de corte igual a 0,499. Na fase de valida¸c˜ao, o valor m´edio do qui-quadrado para os 10 modelos foi igual a 5,6 com um m´ınimo de 2,7 e um m´aximo de 9,1, tendo-se obtido AU C = 0,73.

Foram identificados como fatores potenciadores para um indiv´ıduo ser uti-lizador da ecopista: ter idade inferior a 65 anos, ter instru¸c˜ao ao n´ıvel do 3o ciclo, ser trabalhador por conta pr´opria, por conta de outrem ou estudante, estar satisfeito com a oferta desportiva do concelho e viver nas freguesias junto `a ecopista (Figura 4).

Figura 4: Raz˜ao das chances (RC: Odds ratios) e respetivos intervalos de confian¸ca a 95%, para o modelo de regress˜ao log´ıstica estimado para o uti-lizador da ecopista.

Admitindo fixas as restantes covari´aveis do modelo podemos retirar as se-guintes conclus˜oes:

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1. Um mun´ıcipe com menos de 65 anos tem 2,5 vezes mais chances de utilizar a ecopista do que uma pessoa com 65 ou mais anos;

2. Para algu´em satisfeito com a oferta desportiva do concelho as chances de utilizar a ecopista s˜ao 2 vezes superior relativamente a quem n˜ao est´a satisfeito;

3. Para os que tˆem uma forma¸c˜ao ao n´ıvel do 3o ciclo, as chances de ser utilizador da ecopista s˜ao aproximadamente 2 vezes superior a quem tem outra forma¸c˜ao;

4. Um trabalhador por conta pr´opria, um trabalhador por conta de ou-trem ou um estudante tem quase 2 vezes mais chances de utilizar a ecopista do que um indiv´ıduo desempregado, reformado ou com outra situa¸c˜ao de trabalho;

5. Um indiv´ıduo que viva nas freguesias junto `a ecopista tem cerca de 9 vezes mais chances de ser utilizador da ecopista do que um habitante numa freguesia rural ou em Santo Ant˜ao, tem cerca de 4 vezes mais chances de ser utilizador da ecopista do que um morador da Horta das Figueiras, e tem cerca de 3 vezes mais chances de ser utilizador da ecopista do que um habitante da Malagueira ou de S. Mamede.

4

Considera¸

oes Finais

Com o presente trabalho identific´amos as principais carater´ısticas dos pra-ticantes das duas atividades f´ısicas mais praticadas no concelho de ´Evora e, ainda, dos utilizadores do equipamento municipal mais utilizado, a ecopista. O perfil mais prov´avel do praticante de caminhada/pedestrianismo, de entre os praticantes, distingue-se por ser do g´enero feminino, n˜ao estudante nem trabalhador por conta pr´opria, que pratica mais de 3 vezes por semana em sess˜oes inferiores a uma hora e utilizador da ecopista no caso de ser mais idoso.

O perfil mais prov´avel do praticante de BTT/ciclismo/cicloturismo, de entre os residentes, ´e algu´em do g´enero masculino, morador numa freguesia rural, com menos de 65 anos, utilizador da ecopista, n˜ao estudante, satisfeito com a oferta desportiva do concelho e que pratica uma outra atividade desportiva. O perfil mais prov´avel do utilizador da ecopista ´e algu´em que vive numa das freguesias junto `a ecopista, com menos de 65 anos, empregado ou estudante, com uma forma¸c˜ao ao n´ıvel do 9o ano e satisfeito com a oferta desportiva do concelho.

As limita¸c˜oes deste estudo s˜ao inerentes aos m´etodos utilizados, sendo de salientar de entre as mesmas o facto de as entrevistas abrangerem apenas a popula¸c˜ao residente em ´Evora, `a data dos contactos e com telefone fixo,

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ainda que, segundo os dados do INE de 2011, a taxa de cobertura de telefone fixo no concelho seja elevada (82% da popula¸c˜ao).

Agradecimentos

Os autores agradecem `a Divis˜ao de Desporto da Cˆamara Municipal de ´Evora, em especial `a Dr.a Teresa Engana, toda a disponibilidade e dedica¸c˜ao ao longo deste trabalho.

Anabela Afonso e Paulo Infante s˜ao membros do Centro de Investiga¸c˜ao em Matem´atica e Aplica¸c˜oes (CIMA-UE), centro de investiga¸c˜ao apoiado financeiramente pela Funda¸c˜ao para a Ciˆencia e Tecnologia (FCT).

Referˆ

encias

[1] Afonso, A., Infante, P., Carvalho, L., Engana, T.. A Atividade f´ısica no con-celho de ´Evora. Cˆamara Municipal de ´Evora, ´Evora.

[2] Agresti, A. (2007). An Introdution to Categorial Data Analysis, 2nd Edition. Wiley.

[3] Carvalho, L., Infante, P., Afonso, A. (aceite). ´Evora residents and sports acti-vity. Actas do XIX Congresso da Sociedade Portuguesa de Estat´ıstica. [4] Hosmer, D., Lemeshow, S. (2000). Applied Logistic Regression, 2nd Edition.

Wiley.

[5] IDP (2009). Orienta¸c˜oes Europeias para a Actividade F´ısica - Pol´ıticas para a Promo¸c˜ao da Sa´ude e Bem-Estar. Instituto do Desporto de Portugal. Acedido em 30 de mar¸co de 2013. Dispon´ıvel em

http://www.idesporto.pt/ficheiros/File/Livro_IDPfinalJan09.pdf. [6] McCullagh, P., Nelder, J.A. (1989). Generalized Linear Models, 2nd Edition.

Chapman & Hall.

[7] Observat´orio Nacional da Actividade F´ısica e do Desporto (2011). Livro Verde da Actividade F´ısica. Instituto Desporto Portugal. Acedido em 30 de mar¸co de 2013. Dispon´ıvel em

http://observatorio.idesporto.pt/Multimedia/Livros/Actividade/ LVerdeActividadeFisica_GERAL.pdf.

[8] Peduzzi, P., Concato, J., Kemper, E., Holford, T.R., Feinstein, A.R. (1996). A simulation study of the number of events per variable in logistic regression analysis. Journal of Clinical Epidemiology 49:1373-1379.

[9] WHO (2010). Global recommendations on physical activity for health. World Health Organization. Acedido em 30 de mar¸co de 2013. Dispon´ıvel em http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789241599979_eng.pdf.

Imagem

Figura 1: Raz˜ ao das chances (RC: Odds ratios ) e respetivos intervalos de confian¸ca a 95%, para o modelo de regress˜ao log´ıstica estimado para o  pra-ticante de ciclismo.
Tabela 1: Estimativas dos parˆ ametros ( ˆ β) e respetivos desvios-padr˜ao (SE( ˆβ )), valores p associados, raz˜ ao das chances (RC ) e respetivos  inter-valos de confian¸ca a 95% (IC 95% ), do modelo de regress˜ao log´ıstica para o praticante de caminhad
Figura 2: Raz˜ ao das chances (linha cont´ınua) e intervalos de confian¸ca a 95%
Figura 4: Raz˜ ao das chances (RC: Odds ratios ) e respetivos intervalos de confian¸ca a 95%, para o modelo de regress˜ao log´ıstica estimado para o  uti-lizador da ecopista.

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