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Mídias sociais: as motivações para adoção dos processos colaborativos abertos e seus reflexos

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Mídias socIaIs: as motivações para adoção dos processos colaborativos

abertos e seus retlexos

Marcos Henrique Facó

Superintendente de Comunicação e Marketing daFundação Getulio Vargas, éprofessor de Marketing da EbapejFGV, do MBA e doPós-MBA da FGV em Marketing Digital. Mestre em Administração de Empresas pela FGV com especialização em Marketing Digital pela Harvard

Business School, possui MBA pela PUC-RJ, pós-graduação em Engenharia Civil pela École Polytecnique Fédérale de Lausanne (EPFL - Suíça) e graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie. É ainda coautor dos livros Marketing Educacional em Ação -estratégias e ferramentas e Nos Bastidores da Educação Brasileira - a gestão vista por dentro.

Resumo

Espaço de expressão e de socialização constituido a partir da comunicação mediada por computador, as mídías socíais são hoje objeto de estudos interdiscíplinares dedicados a sistemas complexos. O uso progressivo de plataformas digitais de comunicação, por grupos de pessoas reunidas em torno de interesses comuns, pode ser constatado em todo o mundo.

Para entendímento desse fenômeno, é importante saber como esses grupos são constituídos e quais são as dinâmicas e as relações exercidas nesses espaços, hoje transformados em um campo para observação dos padrões de interação dos individuos e da formação de redes socíais.

Entre tantas abordagens importantes, este artigo trata das motivações que levam um número crescente de pessoas à adoção desse modelo de comunicação e mediação social, considerando suas implicações sobre as instituições de ensíno e a construção do conhecimento de forma geral.

Palavras-chave: redes sociais; motivações; informação e conhecimento.

Social media: the motivations for adoption of open collaborative

processes and their retlections

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A free forum of expression and socialization is sponsored by the web-based technologies. This social network is now the object of interdisciplinary studies aimed to understanding these complex systems. The progressive use of digital communication platforms by groups of people gathered around common interests can be seen worldwide.

To understand this phenomenon irs necessary to know how these groups are formed, what are the dynamics and relationships exercised in these forums, today transformed into a field to observe the interaction pattems of individuais and the formation of socia I networks.

Among many important approaches, this article discusses the motivations that lead to an increasing number of people adopting this model of communication and social mediation, considering its implications for educational institutions and the construction of knowledge in a whole.

Keywords: social networks; motivations; information and knowledge.

Introdução

Espaço de expressão e de socialização constituído a partir da comunicação mediada por computador, as mídias sociais são hoje objeto de estudos interdisciplinares dedicados a sistemas complexos. Entre tantas abordagens importantes, este artigo trata das motivações que levam um número crescente de pessoas à adoção desse modelo de comunicação e mediação social, considerando suas implicações sobre as instituições de ensino e a construção do conhecimento de forma geral.

O universo das mídias sociais compreende toda a aplicação baseada na internet que permite a criação e a troca de conteúdo entre os usuários, incluindo, nesse grupo, desde os pioneiros fóruns de internet,

weblogs eblogs

sociais atémicroblogs,

wikis,

redes sociais,

podcasts

,

e aplicativos para fotografias, mensagens instantâneas e compartilhamento de música e vídeo. (Kaplan e Haenlein, 2010). Hoje, entre os mais populares, estão os projetos colaborativos, como a

Wikipedia;

os microblogs, como o

Twitter;

as comunidades de conteúdo, como o

YouTube;

e os sites de redes sociais, como

oFacebook

e

oOrkut.

O uso progressivo dessas plataformas digitais de comunicação por grupos de pessoas reunidas em torno de interesses comuns pode ser constatado em todo o mundo. Pesquisa realizada pela ComScore', organização de medição das audiências

on-line,

apresenta o uso das

'Dados de outubro de 2011. Disponível

em:http://www.comscore.comIPress EventslPresen!ations Whitepapersl2011 li! is a social world tal' 10 need-to-knows about social networking. Acesso em:set. 2012.

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mídías socíais como a atividade on-line mais popular, atraindo 820J0 do universo global de usuários da internet, o que representa 1,2 bilhão de pessoas. Esse avanço foi observado em todas as regiões pesquisadas e caracterizaria as mídias sociais, quantitativamente, como veículo de comunicação de massa.

Para entendimento desse fenômeno, é importante saber como esses grupos são constituídos e quais são as dinâmicas e as relações exercidas nesses espaços, transformados em campo de observação dos padrões de interação dos indivíduos e da formação de redes sociais.

1. Entendendo o compartilhamento por meio das redes sociais

Segundo Lee Dong-Hun (2010), as mídias sociais proporcionam uma "janela" para satisfazer o desejo de expressão do usuário, que poderá chamar a atenção dos outros sobre si, mais facilmente e de forma mais amigável. Esses recursos também amplificam o universo das relações pessoais, ao permitir o encontro de pessoas, a criação de novos laços ou o reforço de laços já existentes. Muitos buscam uma forma de fugir de suas rotinas, seguindo os comentários e as publicações alheias.

Para Gilles Upovetsky, "o mais surpreendente nas midias sociais é o paradoxo do individualismo". Nota-se que, nas redes sociais, a individualidade é reforçada com a criação de perfis ou páginas pessoais. Mas, ao mesmo tempo, o usuário toma-se dependente da aceitação de seu circulo ao esperar que sua foto seja curtida, que sua publicação seja comentada, aprovada por seus amigos ou por seus seguidores. "Nas redes sociais, o indivíduo autônomo revela-se dependente do outro", diz Upovetsky em entrevista'.

No cenário das organizações, pode-se verificar que membros em diferentes niveis da estrutura são beneficiados pelas conexões externas, à medida que ganham acesso a novas informações, novos conhecimentos e novas ideias não disponíveis localmente. Além disso, eles podem interagir livres das barreiras das hierarquias e das regras (Wasko Et Faraj, 2005). Entretanto, apesar desse aumento do interesse pelas formas de cooperação on-line, surpreendentemente, existem poucos estudos sobre esses processos de comunicação e sobre como a participação nessas redes informais está relacionada ao compartilhamento do conhecimento (Un, 2001; Monge et

ai.,

1998).

A existência de tecnologia não é uma garantia de que o conhecimento será compartilhado (AI avi Et Leidner, 1999). Se os usos e as apropriações desses artefatos são

lEntrevista publicada na revista Isto É, ano 36, n' 2.231, ago. 2012. Disponível

em:http://www.istoe.com.br{assuntos{entrevjsta{detalhe{228717 O+BRASll EIRO+ TEM+PAIXAO+PEI 0+ I IJXO+. Acesso em: se\. 2012.

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definidos culturamente, o que leva uma pessoa a contribuir de forma voluntária, compartilhando conhecimento por meio das redes sociais?

Brown and Duguid (2000, 2001) sugerem que existem dois tipos de redes sociais essenciais para entendermos o aprendizado, o trabalho e os movimentos do conhecimento: as comunidades de prática e as redes de prática,

Uma comunidade de prática consiste em um pequeno e coeso grupo de pessoas engajadas em práticas comuns, que trabalham juntaspresencialmente, comunicam-se e negociam continuamente (Wasko 8 Faraj, 2005), Nesse tipo de comunidade, os laços interpessoais são fortes e existe uma grande reciprocidade entre os membros (Wenger, 1998),

Já as redes de prática são formadas por um grupo grande de indivíduos, dispersos geograficamente, engajados em uma prática comum para a qual não precisam necessariamente ter contato direto nem mesmo conhecer uns aos outros (Brown 8 Duguid, 2001),Aplica-se aqui a hipótese da "força dos laços fracos", em que os laços fracos tendem a formar pontes que ligam indivíduos a outros circulas sociais, onde poderão obter acesso a informações não disponíveis em sua rede (Granovetter, 1973), As redes de prática, geralmente, são auto-organizadas, criadas em torno de indivíduos que optam por fazer parte daquele grupo voluntariamente, Dessa forma, a existência das redes sociais de prática só é possível com a participação e as contribuições de seus membros (Wasko 8 Faraj, 2005),

Algumas pesquisas já postularam que a transmissão de conhecimento de forma gratuita pode causar ao transmissor a perda de seu valor único relativo ao grupo (Thibaut 8 Kelley, 1959), além de beneficiar todos os demais, exceto aquele que contribuiu (Thorn 8 Connolly, 1987), De acordo com Nahapiet 8 Ghoshal (1998), para participar, o indivíduo precisa saber que suas contribuições valerão seu esforço, que algum novo valor será criado, além de ter a perspectiva de receber algo de volta, Dessa forma, a expectativa de obter benefícios pessoais pode motivar o indivíduo a contribuir, mesmo na ausência de conhecimento pessoal, de similaridade ou da probabilidade de reciprocidade direta (Constant

ct ai"~ 1996), Wasko e Faraj (2000) sugerem que os indivíduos são intrinsecamente motivados

a compartilhar conhecimento com vistas à resolução de problemas, seja pelo desafio intelectual ou apenas porque as pessoas gostam da ideia de se ajudarem mutuamente,

2. As teorias da ação coletiva e do capital social

Teorias de ação coletiva ajudam a explicar as razões pelas quais as pessoas optam pela colaboração nos espaços de socialização promovidos pelas redes sociais. Olson (1999), em A

lógica

da

ação coletiva,

apresenta o conceito de bens coletivos como fator de estímulo para a formação de grupos. Na definição do autor, a principal motivação para a participação das

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pessoas decorre do fato de que os ganhos são maiores nas ações conjuntas do que nas individuais. A teoria da troca social (Blau, 1964) sugere que a motivação do individuo está na percepção de que ele será recompensado por sua participação ativa, recebendo a aprovação e o respeito do grupo, ativos importantes para manter sua reputação e seu status dentro de uma coletividade (Jones et ai., 1997). Construir uma boa reputação é um forte motivador para uma participação ativa nas redes sociais (Donath, 1999).

O conceito de capital social permite avançar na investigação sobre as formas de participação social e a constituição de redes sociais. Seu desenvolvimento é atribuido a Pierre Bourdieu (1986) e a James Coleman (1988) (Dika Et Singh, 2002).

Apesar de ter sua origem datada do início do século XX, o termo não aparece impresso antes de 1986, quando Pierre Bourdieu publicou As formas do capital. Bourdieu constrói o

conceito, a partir da definição de habitus (atitudes, concepções e disposições compartilhadas

pelos indivíduos), como um conjunto de recursos que pode ser identificado de três formas: o capital social, o capital econômico e o capital cultural. O capital social é um conceito confuso, como desenvolvido tanto por Coleman quanto por Bourdieu (Dika Et Singh, 2002). Entretanto, Bourdieu vê o capital social como um conceito aberto, desenhado para guiar pesquisa empírica ao invés de um modelo causal; enquanto Coleman (1988) entende que o capital socia I está na constituição das estruturas sociais e das relações entre as pessoas, não no indivíduo.

De acordo com essa compreensão estrutural, descrita por Coleman, o capital social pode ser transformado e operacionalizado em recursos que facilitem certas ações dos indivíduos. Sendo assim, o capital social depende da ação individual para a produção de um bem coletivo e apresenta-se como um componente primordial na produção de laços de confiança e reciprocidade dentro de grupos.

Na perspectiva de Putnam (1995), o capital social é entendido como um conjunto de características da organização social, tais como confiança, normas e sistemas, que facilitam a cooperação para benefício mútuo. Para Putnam, o conceito engloba o individua I e o coletivo. O aspecto individual está na motivação dos indivíduos em fazer parte do grupo. Já o aspecto coletivo pode ser percebido a partir da atuação do indivíduo influindo sobre o grupo.

Em outras contribuições, o capital social foi definido como um conjunto de "recursos incorporados a uma estrutura social, que são acessados e/ou mobilizados em uma ação intencional" (Un, 2001, p.29). O conceito também exibe uma dualidade: no nível do grupo, reflete a natureza afetiva e a qualidade das relações; enquanto que, no nível do indivíduo, facilitará uma ação de ator, refletindo o acesso aos recursos das redes (Coleman,

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Para entender como os indivíduos organizam suas ações em espaços de socialização promovidos pelas atuais mídias sociais, pesquisadores empregam três formas de capital social: o cognitivo, o estrutural e o relacional (Wasko Et Faral, 2005).

O capital cognitivo compreende um sistema de significados comum aos membros de uma rede, desenvolvido por meio da participação e do compartilhamento de normas, práticas e discursos. São códigos que tornam possíveis as interpretações conjuntas e orientam decisões e comportamentos. Uma troca de conhecimento requer, ao menos, certos códigos compartilhados entre as partes (Nahapiet Et Ghoshal, 1998). Esse entendimento pode ser adquirido por meio de experiências práticas ou de narrativas contadas ao longo do tempo. Algumas vezes chamadas de

"war stories"

ou

"workarounds",

essas narrativas fornecem dicas de como os membros encaram e resolvem problemas [Brown Et Duguid, 1991). Resumindo, o capital cognitivo provém tanto do conhecimento individual como da experiência obtida com a aplicação do conhecimento.

O capital relacional existe quando os membros possuem uma forte identificação com a coletividade (Lewicki Et Bunker, 1996), acreditam uns nos outros, reconhecem e aceitam as normas de cooperação (Putnam, 1995), sentem-se obrigados a participar (Coleman, 1990), ajudam-se uns aos outros, sem distinções dentro do grupo, simplesmente porque todos fazem parte do coletivo e todos possuem uma orientação para o mesmo objetivo (Wasko Et Faraj, 2000).

Comprometimento e reciprocidade são as duas dimensões do capital relaciona!. O primeiro surge da interação frequente e é representado pelo sentimento de pertencimento e de engajamento (Coleman, 1990). Uma norma básica para a reciprocidade é o senso comum de dívida. As pessoas participam de redes sociais por uma obrigação moral de retribuir (Wasko Et Faraj, 2000). Os indivíduos, usualmente, retribuem os benefícios que recebem dos outros, assegurando uma troca contínua ao longo do tempo (Shumaker Et Brownell, 1984). A reciprocidade generalizada ocorre quando a contribuição de um indivíduo não é retribuída pelo receptor da contribuição, mas por um terceiro.

A dimensão estrutural mostra aspectos dos relacionamentos entre membros da rede e pode ser analisada a partir de duas perspectivas: dos laços e da configuração da rede. A análise dos laços remete às maneiras como os membros estão relacionados, à proximidade da relação, à duração e à frequência de seus contatos. Já a análise que considera a configuração da rede verifica elementos de ligação entre seus membros, como centralidade, densidade, conectividade e hierarquia. Essa dimensão do capital social serve especialmente aos estudos voltados para as redes organizacionais(Nahapiet e Ghoshal, 1998).

As teorias da ação coletiva e do capital social propõem que as conexões entre os indivíduos ou a estrutura de

links,

criada pelas interações sociais na rede, são importantes

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previsores de ação coletiva (Putnam, 1995). Quanto mais indivíduos estão em contato regular, mais eles terão o hábito de desenvolver cooperação e agir coletivamente (Marwell 8: Oliver,

1988).

3. Como os jovens participam dos processos de comunicação abertos

Entre os chamados "nativos digitais"', a comunicação acontece, predominantemente,

pelas mídías sociais, e os dispositivos móveis, como smartfones e tab/ets, expandem essa prática. A empresa de telefonia móvel Virgin Mobi/e relata que quase a totalidade dos jovens americanos pesquisados possui celular com capacidade de envio de mensagens de texto e dois terços usam esse serviço diariamente. Hoje esses jovens têm, à disposição, uma dezena de aplicativos para comunicação móvel. Eles se comunicam com amigos, principalmente, por mensagens instantâneas. Utilizam as redes sociais para manter contato com os colegas de escola, para fazer planos para os finais de semana e para saber notícias de amigos que veem esporadicamente. O uso dessas ferramentas reforça os relacionamentos já existentes, sejam laços de amizade ou relações românticas, assim como ajudam a obter mais informações sobre novos amigos off-líne (Subrahmanyam 8: Greenfield, 2008).

Pesquisa recente' sobre os hábitos de uso das redes sociais revela que houve uma queda no uso do e-mail e dos aplicativos de mensagens instantâneas, em benefício das redes sociais, preferidas por essa nova geração. O relatório indica que é possível que as redes sociais, ou um aplicativo sucessor, tornem-se o canal de comunicação mais importante em todas as faixas etárias. A maioria dos usuários de dispositivos móveis acessam as redes sociais de seus aparelhos - 70% postam atualizações de status, enquanto 80% leem mensagens de pessoas conhecidas; menos de um terço fazem check-inpor meio de serviços baseados em localização; uma grande parte relata o uso de seus aparelhos para interagir com marcas, organizações e figuras públicas; mais de 40% leem as mensagens de celebridades e figuras públicas; um percentual um pouco maior lê mensagens sobre organizações, marcas e eventos.

As habilidades adquiridas nesses processos de comunicação apresentam implicações consideráveis no modo como os jovens aprendem, trabalham, participam de processos sociais, políticos, etc. Um estudo realizado entre jovens holandeses examinou a relação entre a

lNativo digital é aquele indivíduo que nasceu e cresceu com as tecnologiasdigitais, como videogames,

internet, celulares, MP3, iPod, presentes em seu cotidiano. São adolescentes e adultos jovens, na faixa entre 15 e 24 anos de idade.

"Com dados de outubro de 2011. Disponivel

em: http://www.comscore.com/Press_Events/Presentations_ Whi tepapersj 20 11 jiUs_a_so ci a L worl d_ top_

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comunicação on-line e a força dos laços de amizade (Valkenburg Et Peter, 2007). Entre os entrevistados, 80% relataram usar a internet para manter as amizades existentes. Os participantes que faziam uso corrente da comunicação on-line sentiam-se mais perto dos amigos. Entre as principais transformações no comportamento, podemos destacar a maior autonomia, o declinio da comunicação cara a cara, o fortalecimento das relações de grupos, em detrimento das relações com a família, e maior poder de escolha.

As midias sociais tornam possivel o compartilhamento de informações de forma rápida, global e com um grande número de individuos (Wasko Et Faraj, 2005). Veiculada dessa forma, a informação instantânea é compartílhada por grupos de interesse, tornando-se também relevante. Se o conhecimento é construido na troca de vozes - não nas vozes propriamente ditas, mas nos espaços entre elas -, o aprendizado cresce do diálogo, da participação, não do vácuo (Kitsis, 2008).

O uso desses sistemas instantâneos de comunicação e de intercâmbio de informação aponta para o surgimento do que o filósofo e pensador francês Pien}l Lévy chamou de cibercultura, fundada sobre "centros de interesses comuns [ ... ] o compartilhamento do saber, a aprendizagem cooperativa, os processos abertos de colaboração". Em sua concepção, a cibercultura deve ser orientada pelos princípios da interconexão, do desenvolvimento das comunidades virtuais e de um projeto de inteligência coletiva, que seria "sua finalidade última" (LÉVY, 2000, p. 127-131).

Para Lévy (2012), as principais revoluções realizadas pela humanidade decorreram de transformações nos processos de comunicação, que alteraram a maneira de transmitir a informação e, consequentemente, a forma de ensino e aprendizagem. Uma de suas premissas é a da transformação da informação em conhecimento, por meio de um processo colaborativo que redefine, marcadamente, o papel das instituições de ensino. A demanda por formação sofre uma mutação qualitativa, no sentido da diversificação e da personalização. Para atendê-la, é necessário ampliar os esforços pedagógicos, desenvolver práticas de levantamento de informações e de aprendizagem cooperativa (LÉVY, 2000, p. 169- 171).

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