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Adequação das capitações do almoço em crianças dos 3 aos 10 anos

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Adequação das capitações do almoço em

crianças dos 3 aos 10 anos

Adequacy of food individual quantities at

lunch for children aged from 3 to 10 years old

João Pedro Marques Lima

Orientador: Prof. Doutora Ada Rocha

Trabalho de Investigação Porto, 2012

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Resumo

Introdução: A monitorização e avaliação dos aspetos qualitativos e quantitativos da refeição são importantes para melhorar a qualidade do serviço, controlo de custos, contribuindo para a promoção da saúde e das crianças, através do fornecimento de refeições escolares saudáveis.

Objetivo: Comparar as capitações de referência calculadas em função das necessidades nutricionais da população em estudo, com as quantidades servidas e as quantidades consumidas efetivamente pelos utentes.

Metodologia: O estudo foi realizado numa Instituição Particular de Solidariedade Social, em Águeda, onde foram avaliadas 48 crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos. Foram recolhidos parâmetros antropométricos, sociodemográficos e as porções servidas e consumidas, a partir dos restos, de 10 pratos selecionados.

Resultados: Não se verificaram associações entre sexo, classes de Índice de Massa Corporal e as quantidades servidas ou consumidas, nem influência da escolaridade dos progenitores no consumo alimentar.

Encontraram-se diferenças estatisticamente significativas entre a média de alimentos servidos e consumidos em relação ao valor de referência bem como entre a média de alimentos servida e consumida, para a componente proteica, fornecedor de HC e hortícolas, o que se traduz em inadequação das refeições escolares e desperdício alimentar.

Conclusões: Este trabalho demonstra a necessidade do cálculo e cumprimento das capitações adequadas às faixas etárias, bem como a formação dos colaboradores em relação às quantidades a servir, ponderando a aquisição de utensílios que facilitem o cumprimento das quantidades preconizadas.

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alimentar no sentido de promover o consumo de hortícolas.

Palavras-Chave: Capitações, Crianças, Refeições escolares

Abstract

Introduction: The evaluation and monitoring of school meals either in qualitative and quantitative terms is important to improve the quality of service, cost control, as well as promoting health and well-being of children.

Objetive: To compare food individual quantities served and consumed with recommended quantities, according to the nutritional needs of the population in question.

Methodology: The study was conducted in Private Institution of Social Solidarity, in Águeda municipality. 48 children aged from 3 to 10 years old were assessed. Anthropometric, sociodemographic data was collected as well the portions served and consumed, of 10 selected dishes at lunch.

Results: There were no associations between sex, Body Mass Index classes and the quantities consumed or served, or influence of the parents’ education in food consumption.

We have found significant differences between the average food served and consumed in relation to the recommended value and between the average food served and consumed, to the protein content source, carbohydrates and vegetables, which determines overfeed and food waste.

Conclusions: This study demonstrates the need to calculate food individual quantities and compliance to different age groups as well as the training of

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employees to quantities to be served, pondering the purchase of tools that facilitate compliance with the recommended amounts.

At the same time it is suggested the implementation of a nutrition education program to promote vegetables consumption.

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vi Índice Resumo ... i Abstract ... iii Índice ... vi Introdução... 1 Objetivos... 4 Materiais e Métodos ... 4 Resultados ... 8 Discussão ... 11 Conclusão... 15 Agradecimentos ... 16 Referências Bibliográficas ... 17

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Introdução

A Alimentação Coletiva é uma das áreas de excelência de atuação do Nutricionista, nomeadamente ao nível do planeamento, organização, gestão, direção, supervisão e avaliação de unidades de alimentação e nutrição(1), particularmente no serviço de refeições escolares.

A importância de atuação do nutricionista neste âmbito é reforçada pelas Resoluções n.º 67 e 68/2012, da Assembleia da República que recomendam ao governo, entre outras medidas, a criação da figura do Nutricionista Escolar(2) e a revisão, com subsequente padronização, dos conteúdos energéticos das refeições escolares, tendo em conta as melhores práticas de qualificação nutricional adaptadas à população em questão(3).

A maioria das crianças frequenta a escola durante pelo menos 10 anos, cerca de 9 meses por ano e 5 dias por semana, o que representa uma fração significativa do seu período de crescimento e desenvolvimento(4), pelo que este é um período crítico para a aquisição e prática(5) de comportamentos saudáveis. A escola representa, assim, uma valiosa oportunidade para influenciar a saúde através de políticas e medidas de educação e disponibilidade alimentar(6).

Refeições equilibradas e nutritivas durante a infância garantem benefícios imediatos em termos de saúde das crianças, bem-estar e desempenho académico, satisfazem as necessidades nutricionais das crianças durante os períodos críticos de crescimento e maturação, e reduzem os fatores de risco para doenças crónicas na vida adulta. Além disso, os bons hábitos alimentares adquiridos na infância tendem a persistir na idade adulta(7).

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Assente nestes pressupostos, a alimentação escolar é importante para desenvolver nas crianças a compreensão da necessidade de uma alimentação saudável e uma oportunidade para colocar o conhecimento em prática(5). O almoço, para além destas funções, contribui com uma ingestão energética na ordem dos 30-35% do valor energético diário constituindo uma fonte importante de nutrientes(4).

Parte da investigação realizada ao nível dos refeitórios escolares tem procurado determinar a adequação nutricional dos almoços, ou testar os efeitos no consumo alimentar de fatores como a idade, sistema de planeamento e preparação das refeições, bem como programas de educação alimentar/nutricional(8, 9).

Sempre que o serviço de alimentação escolar se baseia na oferta de uma única ementa, como é o caso de Portugal, o aconselhamento de um profissional e o planeamento da ementa deve ser garantido por forma a assegurar a adequação nutricional e a consistência com as orientações nutricionais(10). Deverão ainda ser incluídas informações referentes aos alimentos, baseadas em diretrizes, bem como os tamanhos das porções(11).

A monitorização e avaliação dos aspetos qualitativos e quantitativos da refeição são importantes para melhorar a qualidade do serviço e a sua contribuição para a promoção da saúde e bem-estar das crianças(12).

A situação económica e social que o país atravessa com as crescentes dificuldades económicas das famílias, tornam ainda mais imperativa a necessidade de assegurar às crianças uma refeição nutricionalmente completa e equilibrada ao almoço(13, 14), até porque muitas vezes esta é a única refeição completa do dia(14), particularmente no âmbito de atuação das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s).

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A relevância dos estabelecimentos de ensino no fornecimento de refeições tem sido reforçada pelo aparecimento de diversas diretrizes e referenciais, numa tentativa de dotar as escolas com serviços de refeições que cumpram as regras de uma alimentação equilibrada(15).

No concelho de Águeda (CA) existem 7789 crianças em idade escolar (0-14 anos), sendo que 35,5% destas são abrangidas pelas IPSS’s do concelho(16)

. Além disso, a Câmara Municipal tem protocolado com algumas IPSS’s o fornecimento de refeições ao 1.º Ciclo do Ensino Básico de algumas escolas do Concelho. Por esta razão, os refeitórios das IPSS’s assumem um papel primordial, tendo como responsabilidade proporcionar uma alimentação adequada às necessidades nutricionais dos seus utentes(17). O planeamento correto das ementas e capitações a oferecer são fundamentais para que haja um equilibrio dos nutrientes e as necessidades nutricionais dos utentes possam ser satisfeitas(18, 19).

As capitações são valores médios, sendo influenciados por vários fatores como os hábitos alimentares, o sexo, a idade, o estado de saúde e a atividade física dos utentes(20). A sua correta definição é um passo importante para uma boa gestão do serviço de refeições, tais como previsão de compras e cálculo do valor nutricional e custos, garantindo o equilibrio das ementas(18, 20), evitando assim a falta ou o excesso de alimentos produzidos, bem como o desperdício alimentar. Os cálculos e avaliação das capitações, bem como a quantidade de desperdício, são fundamentais para avaliar a adequação das refeições escolares servidas.

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Objetivos 1. Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo comparar as capitações de referência calculadas em função das necessidades nutricionais da população em estudo, com as quantidades servidas e as quantidades consumidas efetivamente pelos utentes, numa IPSS do CA.

2. Objetivos específicos

Foram definidos os seguintes objetivos específicos:

 Determinar a quantidade de alimentos servidos, o consumo dos alimentos e o desperdício resultante da não ingestão (resto) de cada utente;

 Verificar a adequação nutricional da ingestão alimentar;

 Analisar a relação do consumo alimentar com as características sociodemográficas.

Materiais e Métodos

O presente trabalho foi realizado numa IPSS associada da União Concelhia das IPSS’s do CA, cujo refeitório serve 38 crianças de Creche, 36 de Creche Familiar, 88 de Jardim de infância (JI) com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos, distribuídos por quatro grupos heterogéneos (idade, necessidades especiais e risco social) e 80 do Centro de Atividades de Tempos Livres (ATL), com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos. Optou-se pelas crianças de JI e ATL como grupo alvo, uma vez que o apoio à ingestão alimentar é menor, por parte dos técnicos e auxiliares de educação, diminuindo esta fonte de viés.

Antes de se proceder às avaliações, foi analisado o ciclo de cinco semanas de ementas, em vigor na instituição, e foram selecionados os pratos a avaliar: 5 de

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carne e 5 de peixe. Foram excluídos da avaliação os pratos compostos, pela dificuldade em separar os diferentes componentes do prato, no empratamento e na pesagem dos restos da refeição.

1. Cálculo das capitações

O cálculo das capitações para as várias faixas etárias (tabela 1) teve por base as recomendações para a ingestão energética diária da United States Department of

Agriculture, 2005(21), considerando a repartição do valor energético pelas

diferentes refeições, proposta pela United States Department of Health and

Human Services and United States Department of Agriculture, 2005(22) e pelo

Institute of Medicine, 2009(23). Assim, considerou-se 30% do V.E.T. diário, para o

almoço.

Tabela 1 – Necessidades energéticas em função das faixas etárias Faixa Etária (anos) V. E. T. diário (Kcal) V. E. T. almoço (Kcal)

3 – 6 1400 420

6 - 10 1640 492

Para a distribuição do V.E.T. pelos macronutrientes, assumiram-se as recomendações propostas pela Organização Mundial de Saúde, 2003(24). Utilizaram-se as percentagens de 15% para as Proteínas, 30% para as Gorduras e 55% para os Hidratos de Carbono.

Utilizando os valores médios de macronutrientes dos alimentos, propostos pela Tabela Clássica de Equivalentes(25), obtiveram-se as quantidades de alimentos para cada faixa etária, para a refeição.

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Foi considerada a utilização de 80g de batata e 100g de hortícolas crus para a sopa e o consumo de 1 peça de fruta, por criança. À refeição não há oferta de pão, pelo que as quantidades equivalentes foram incluidas no prato.

Na tabela 2 indicam-se as capitações cozinhadas, em parte edível, dos diferentes componentes do prato, para as faixas etárias avaliadas.

Tabela 2: Capitações dos diferentes componentes da refeição, por faixa etária Faixa Etária (anos) Quantidades de Alimentos

3 – 6

Carne/Pescado/Ovo 30 gramas ou 1 ovo Batata/Arroz/Massa 120 gramas de batata ou 60

gramas de arroz ou massa Hortícolas 25 gramas cozinhados ou 50

gramas em cru

6 - 10

Carne/Pescado/Ovo 30 gramas ou 1 ovo Batata/Arroz/Massa 160 gramas de batata ou 80

gramas de arroz ou massa Hortícolas 25 gramas cozinhados ou 50

gramas em cru

2. Recolha dos dados sociodemográficos e antropométricos

A recolha dos dados sociodemográficos foi feita através da ficha individual da criança, preenchida pelos encarregados de educação, no início de cada ano letivo. Os dados recolhidos foram: grau de escolaridade e situação face ao emprego dos pais e data de nascimento da criança.

A avaliação antropométrica (Peso e Altura) foi realizada utilizando uma balança SOEHNLE (máx=130Kg; d=1Kg) e estadiómetro de madeira, tendo sido calculado o Índice de Massa Corporal(26) e interpretado através das curvas recomendadas pela Direção Geral de Saúde(27, 28).

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3. Metodologia da avaliação das porções servidas às crianças, consumidas e o resto da ingestão

A recolha de dados decorreu no refeitório durante o período de refeição (11.30h – 13.30h), tendo os participantes no estudo sido previamente selecionados de forma aleatória. Foi obtido o consentimento informado dos encarregados de educação, onde foi explicado o objetivo do estudo.

Foram selecionadas 28 crianças de JI (58,3%), 7 de cada um dos quatro grupos heterogéneos (14,6%), com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos, e 20 crianças do ATL (41,7%), com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos. Foi pedido aos colaboradores que servissem as crianças participantes segundo o procedimento habitual.

Antes do início da refeição, os pratos das crianças foram pesados e marcados, por baixo, com o nome da criança. Cada componente foi empratado separadamente e pela mesma ordem, de modo a serem efetuadas pesagens sucessivas, para determinar o peso de cada componente servido, por subtração do peso do componente anterior e do peso do prato. Após a refeição, os pratos foram recolhidos e pesados os restos oriundos da não ingestão.

Através da diferença entre a dose servida e o resto derivado da não ingestão, de cada componente, obteve-se a porção efetivamente consumida pela criança. Atendendo à idade das crianças avaliadas, a componente proteica foi servida livre de peles, ossos ou espinhas.

4. Análise Estatística

Foi testada a normalidade das variáveis analisadas utilizando o teste não paramétrico Kolmogorov-Smirnov. As variáveis com distribuição normal foram analisadas com o teste t-student, para amostras independentes ou ANOVA (para

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mais de dois grupos) ou pelo teste t-student para amostras emparelhadas, tendo sido utilizada a correlação de Pearson para relacionar variáveis cardinais e a correlação de Spearman para relacionar variáveis cardinais e variáveis ordinais. Foi considerado o valor de p inferior ou igual a 0,05 como nível de significância crítico para rejeição da hipótese nula.

Resultados 1. Caracterização sociodemográfica

Os participantes do estudo apresentavam idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos (média 5,79±2,26), 24 do sexo masculino (50%) e 24 do sexo feminino (50%). Das crianças avaliadas, 1 tinha baixo peso (2,1%), 38 tinham peso normal (79,2%), 5 excesso de peso (10,4%) e 4 obesidade (8,3%).

Na tabela 3 apresenta-se a caracterização socioeconómica dos pais, em função da escolaridade e situação face ao emprego.

Tabela 3: Distribuição dos pais em função do grau de escolaridade completo e da sua situação face ao emprego

Grau de Escolaridade Mãe (n=48) Pai (n=43)

N.º % N.º %

< Ensino Superior 28 58,1 31 72,1

 Ensino Superior 20 41,7 12 27,9 Situação Face ao Emprego

Empregado 45 93,8 42 97,7

Desempregado 3 6,3 1 2,3

2. Avaliação das quantidades servidas e consumidas às crianças

Verificou-se que não existem diferenças estatisticamente significativas entre sexos em relação à média de alimentos servida e consumida às crianças em nenhum componente do prato.

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As classes de IMC não se correlacionaram com as quantidades médias servidas e consumidas de alimentos para qualquer componente do prato.

Em relação ao grau de escolaridade da mãe e do pai e a sua relação com a média de alimentos consumidos, não se verificaram diferenças estatisticamente significativas nem correlação entre as variáveis.

A média de alimentos servida de todos os componentes do prato e a média consumida de fornecedores de HC apresentam diferenças estatisticamente significativas entre as faixas etárias avaliadas (tabela 4).

Tabela 4: Comparação das quantidades servidas e consumidas por faixas etárias

Quando analisadas as diferenças das componentes servidas e consumidas entre salas de JI (para a mesma faixa etária), verificaram-se diferenças estatisticamente significativas para a média da componente proteica servida entre a sala 1 e a sala 3 e 4, assim como para a componente proteica consumida entre a sala 1 e a sala 3.

Na tabela 5 descrevem-se as correlações e nível de significância entre as médias de componentes servidos e consumidos, quando analisados entre si.

Quantidade Média de Componente Faixa Etária (anos) Média (d.p.) (g) p Servida Proteica 6 – 10 3 – 6 41,4 (12,4) 0,023 50,0 (12,6) Fornecedor de HC 3 – 6 95,5 (18,0) <0,001 6 – 10 139,0 (33,9) Hortícolas 3 – 6 8,5 (6,0) 0,016 6 – 10 12,8 (5,6) Consumida Proteica 6 – 10 3 – 6 38,6 (12,0) 0,263 33,9 (17,2) Fornecedor de HC 3 – 6 90,3 (20,1) 0,001 6 – 10 121,1 (38,5) Hortícolas 6 – 10 3 – 6 8,0 (5,8) 0,105 5,1 (6,0)

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Tabela 5: Correlação entre componentes servidos e consumidos

Legenda: R – Valor da Correlação; p – Valor de Significância

Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre todos os componentes do prato servidos e consumidos e o valor de referência considerado (tabela 6).

Tabela 6: Comparação entre a média de componentes servidos e consumidos em relação ao valor de referência

Quantidade Média de Componente Servida Consumida Fornecedor de HC Hortícolas Proteica Fornecedor de HC Hortícolas R p R p R p R p R p S e rvi d a Proteica 0,615** <0,001 0,464** 0,001 0,786** 0,001 0,631** <0,001 0,184 0,211 Fornecedor de HC 0,420 ** 0,003 0,258 0,077 0,951** <0,001 -0,014 0,923 Hortícolas 0,210 0,151 0,390** 0,006 0,743** <0,001 Con s Proteica 0,409** 0,004 0,225 0,124 Fornecedor de HC 0,048 0,744

Quantidade Média de Componente Média (d.p.) (g) Capitação de Referência / Média (d.p.)* (g) p S e rvi d a Proteica 45,0 (13,1) 30 <0,001 Fornecedor de HC Batata* 97,0 (36,6) 136,7 (19,9) <0,001 Arroz/Massa* 120,7 (35,5) 68,3 (10,0) <0,001 Hortícolas crus 7,3 (8,2) 50 <0,001 cozinhados 15,2 (8,7) 25 <0,001 Con su m ida Proteica 36,7 (14,4) 30 0,002 Fornecedor de HC Batata* 91,9 (38,3) 136,7 (19,9) <0,001 Arroz/Massa* 108,0 (33,2) 68,3 (10,0) <0,001 Hortícolas crus 6,4 (7,6) 50 <0,001 cozinhados 7,7 (6,6) 25 <0,001

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Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre a quantidade média de componentes servidos e consumidos para todos os componentes do prato (tabela 7).

Tabela 7: Comparação entre a média de componentes servida e consumida

Discussão

No cálculo das capitações são assumidos valores médios do V.E.T. para ambos os sexos(29), não tendo efetivamente sido encontradas diferenças estatisticamente significativas entre sexos, para qualquer dos componentes servidos e consumidos.

A capitação é um valor de referência que habitualmente é cálculado independente do estado nutricional da criança(29), sendo de esperar que não existam diferenças estatisticamente significativas em relação à quantidade servida, tal como se verificou no presente estudo. Em relação à quantidade consumida, seria expectável que crianças com sobrepeso ingerissem uma quantidade de alimentos significativamente maior. Tal não se verificou, ao contrário do descrito por Novaes et al(30), que indica haver uma maior ingestão de energia e de todos os macronutrientes, com diferenças estatisticamente significativas entre crianças com peso normal e com excesso de peso ou obesidade.

Quantidade Média de Componente Média (d.p.)

(g) p Proteica Servida 45,0 (13,1) <0,001 Consumida 36,7 (14,4) Fornecedor de HC Servida 113,6 (33,5) <0,001 Consumida 103,1 (32,7) Hortícolas Servida 10,3 (6,2) <0,001 Consumida 6,8 (6,0)

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Tikkanen(31) descreve a influência dos pais no consumo alimentar e escolhas dos filhos, nas escolas, ao passo que Moreira et al(32) destaca a importância da escolaridade materna no consumo alimentar das crianças, devido à influência que a educação pode ter na seleção de alimentos. Assim, esperava encontrar-se alguma associação entre a escolaridade e o consumo alimentar, o que não aconteceu para nenhum dos progenitores, o que poderá ser justificado pela influência predominante dos pares no momento da refeição. A criança adquire ou desenvolve preferências por determinados alimentos, entre outras formas, através da observação de outras crianças. A aprendizagem por observação do modelo (aprendizagem social) é, de resto, uma das formas mais frequentes pelas quais a criança diversifica o seu comportamento. A aprendizagem social das preferências e, também, do padrão de ingestão varia em função da idade da criança alvo e da idade do modelo(33). Verificou-se que quando uma criança com preferências estabelecidas é colocada com um grupo de crianças com preferências alimentares diferentes, após poucos dias de exposição a primeira passa a escolher os alimentos preferidos pelo grupo em detrimento dos que inicialmente escolhia(34).

No que se refere às quantidades servidas por faixa etária, verificou-se existirem diferenças estatisticamente significativas para todos os componentes do prato, quando, de acordo com as recomendações, só deveria existir para o componente fornecedor de HC. Em todos os componentes, como era expectável, a quantidade servida foi maior para a faixa etária superior.

Em relação às quantidades consumidas, verificou-se existirem diferenças estatisticamente significativas para o componente fornecedor de HC, o que vai de encontro à recomendação, sendo a quantidade consumida maior para a faixa

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etária superior, para este componente. A porção consumida do componente proteico e hortícolas foi superior na faixa etária mais jovem, no entanto as diferenças não foram estatisticamente significativas. O consumo superior de hortícolas na faixa etária mais jovem poderá ser explicado pelo facto destas serem expostas sistematicamente aos hortícolas, mesmo que em pequena quantidade, ao passo que para as crianças mais velhas, o fornecimento de hortícolas funciona em regime de self-service para os hortícolas crus, pelo que a maioria das crianças não os coloca no prato. Estes resultados vão de encontro ao descrito por Perry et al(35) que provou que intervenções ambientais nas escolas, como o aumento da disponibilidade e o acesso a alimentos saudáveis, como fruta e hortícolas, são eficazes no aumento do seu consumo.

Verificou-se que quanto maior a quantidade de alimentos servida, maior a quantidade consumida. Estes resultados vão de encontro ao descrito por Patrick H e Nicklas T(36), que referem que as crianças estão mais propensas a comer os alimentos que estão disponíveis e facilmente acessíveis, tendendo a comer mais quando são fornecidas quantidades maiores. Assim, mostra-se necessário garantir que as quantidades servidas sejam adequadas às necessidades das crianças, uma vez que se verifica uma associação entre o que é servido e o que é consumido. Verificou-se que a quantidade servida dos vários componentes parece ser proporcional.

Uma vez que para a mesma faixa etária a quantidade servida deverá ser a mesma, a existência de diferenças estatisticamente significativas entre salas da mesma faixa etária demonstra a inexistência de padronização da quantidade servida e a necessidade de formação ao nível do empratamento, por forma a padronizar as porções servidas.

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Analisando a média de componentes servidos e consumidos face à recomendação considerada, percebemos que a porção servida foi maior para todos os componentes, à exceção da batata e dos hortícolas, em relação à capitação de referência. Apesar da porção a servir de hortícolas crus dever ser maior do que a de hortícolas cozinhados, verificou-se o inverso. O mesmo aconteceu para os fornecedores de HC, onde foi servida maior quantidade de arroz/massa em detrimento de batata, contrariamente à recomendação.

As diferenças entre as quantidades servidas e consumidas e as recomendações revelaram-se estatisticamente significativas, o que revela a necessidade do estabelecimento de capitações, de acordo com a faixa etária, e a formação dos funcionários responsáveis pelo empratamento, no sentido de servirem as crianças com as quantidades adequadas.

Estes resultados não deixam de ser preocupantes uma vez que, como descrito na literatura, o sobredimensionamento das porções servidas contribui para um consumo energético elevado e excessivo, aumentando o risco de peso superior à normalidade(37).

Fisher et al(38), num estudo experimental realizado em 30 crianças em idade pré-escolar demonstrou que o tamanho médio do lanche oferecido às crianças se correlaciona positivamente, com significado estatístico, com o IMC das mesmas. Quando comparadas as médias de alimentos servidas e consumidas para o mesmo componente, verificou-se existirem diferenças estatisticamente significativas entre a média servida e a média consumida para todos os componentes, o que traduz o desperdício alimentar proveniente da não ingestão na instituição. A ocorrência de restos é inevitável, no entanto, um nível elevado constitui uma preocupação e um sinal de ineficácia do sistema produtivo ou de

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insatisfação do consumidor. A adaptação do tamanho das porções às necessidades das crianças assume-se como uma estratégia de redução do desperdício alimentar, mantendo os benefícios nutricionais e contribui para o controlo de custos da unidade(7).

Os resultados obtidos são consistentes com os encontrados por Dinis e Rocha(9), em escolas públicas portuguesas, da região centro, nomeadamente no que se refere ao fornecimento excessivo do componente proteico e ao baixo consumo de hortícolas.

Conclusão

Este trabalho veio demonstrar a necessidade do cálculo e cumprimento das capitações adequadas às faixas etárias às quais a instituição presta apoio, uma vez que se verificou que as praticadas atualmente são inadequadas. É também necessária a formação dos colaboradores em relação às quantidades a servir, ponderando a aquisição de utensílios que facilitem o cumprimento das quantidades preconizadas.

Paralelamente sugere-se a implementação de um programa de educação alimentar no sentido de promover o consumo de hortícolas.

A monitorização e avaliação são importantes para melhorar a qualidade do serviço, contribuindo para a promoção da saúde e bem-estar de toda a comunidade escolar.

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Agradecimentos

Agradeço a todos aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste trabalho, nomeadamente:

À Prof. Doutora Ada Rocha, pela forma como orientou a realização deste trabalho, pelo incentivo, boa disposição, disponibilidade e espírito crítico sempre presentes. Muito Obrigado.

A todos os colaboradores da instituição onde decorreu o trabalho, pelo apoio, preocupação e empenho demonstrados.

À Dra. Margarida Martins pelo apoio no tratamento estatístico.

Aos meus amigos pela força e palavras de incentivo…

Aos meus pais e irmão, por todo o apoio, e presença ao longo da minha vida, e em especial durante a realização deste trabalho.

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Tabela 2: Capitações dos diferentes componentes da refeição, por faixa etária  Faixa Etária (anos)  Quantidades de Alimentos
Tabela 3: Distribuição dos pais em função do grau de escolaridade completo e da  sua situação face ao emprego
Tabela 4: Comparação das quantidades servidas e consumidas por faixas etárias
Tabela 6: Comparação entre a média de componentes servidos e consumidos em  relação ao valor de referência
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